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Schistosoma mansoni: evolução de vermes oriundos de cercárias irradiadas a nível de sistema porta, no camundongo.

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Academic year: 2017

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R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l

2 2 ( 4 ) : 1 9 9 - 2 1 0 , O u t - D e z , 1 9 8 9 .

S C H I S T O S O M A M A N S O N I : E V O L U Ç Ã O D E V E R M E S O R I U N D O S D E C E R C Á R I A S

I R R A D I A D A S A N Í V E L D E S I S T E M A P O R T A , N O C A M U N D O N G O .

G ile n o d e S á C ardoso^ e P a u lo M a rc o s Z e c h C o e lh o 2

O i t o g r u p o s d e c a m u n d o n g o s a l b i n o s (Mus musculus), n ã o i s o g ê n i c o s , f o r a m i n ­

f e c t a d o s t r a n s c u t a n e a m e n t e c o m c e r c a d e 4 5 0 c e r c á r i a s ( d a s c e p a s L E e S J d o S. man- soni), i r r a d i a d a s c o m 3 K r a d , 2 0 K r a d e 4 0 K r a d d e r a d i a ç ã o g a m a p r o v e n i e n t e d e c o b a l t o - 6 0 , e n ã o i r r a d i a d o s ( g r u p o s - c o n t r o l e ) . O s v e r m e s p r o v e n i e n t e s d e c e r c á r i a s i r ­

r a d i a d a s c o m 2 0 e 4 0 K r a d s ó f o r a m e n c o n t r a d o s e m q u a n t i d a d e s i n s i g n i f i c a n t e s n o

s i s t e m a p o r t a . V e r i f i c o u - s e q u e o s v e r m e s i r r a d i a d o s c o m 3 K r a d , q u e a l c a n ç o m o s i s t e ­

m a p o r t a , m o s t r a m n í t i d o r e t a r d o n o d e s e n v o l v i m e n t o e v o l u t i v o q u a n d o c o m p a r a d o s

c o m o s g r u p o s - c o n t r o l e s n ã o i r r a d i a d o s . O s v e r m e s d a c e p a S J ( i r r a d i a d o s o u n ã o ) t ê m

e v o l u ç ã o m a i s l e n t a d o q u e o s d a c e p a L E .

Palavras-chaves: S c h i s t o s o m a m a n s o n i . Cercárias irradiadas. Radiação gama.

Schistograma.

Barbosa e cols1, com o objetivo de investigar quantitativamente o assincronismo que ocorre no desenvolvimento do S c h i s t o s o m a m a n s o n i , utiliza­ ram pela primeira vez o método do schistograma, pelo qual se determinam as porcentagens relativas de vermes caracterizados morfologicamente, em seis es­ tádios evolutivos diferentes, de acordo com o desen­ volvimento do tubo digestivo desses vermes durante a sua evolução no sistema porta de camundongos.

No presente estudo, utilizou-se pela primeira vez o método do schistograma com a finalidade de quantificar as alterações devidas à radiação gama no processo evolutivo de vermes provenientes de cercá­ rias irradiadas com 3, 20 e 40 Krad, recuperados do sistema porta de camundongos infectados transcuta­ neamente com cerca de 450 cercárias, das cepas LE e

SJ do S. m a n s o n i . Com isso, pretendeu-se observar se

havia alteração no desenvolvimento evolutivo dos vermes, com relação à cepa do parasito e à dose de irradiação recebida.

M ATERIAL E MÉTODOS

Hospedeiros e parasitos. Camundongos albinos ( M u s m u s c u l u s ) , não isogênicos, fêmeas, com cerca de 30 dias de nascidos, foram infectados transcuta­

neamente com cerca de 450 cercárias de S . m a n s o n i

1. Departamento de Parasitologia, Universidade Federal de Sergipe, 2. Departamento de Parasitologia, Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federa! de Minas Gerais (UFM G).

Trabalho realizado pelo Grupo Interdepartamental de Estudos sobre Esquistossomose (G IDE) em colaboração com o Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nu­ clear (CDTN) e com as Empresas Nucleares Brasileiras S.A. (Nuclebrás). Apoio financeiro do CNPq., FIN EP e CPq - UFM G.

Recebido para publicação em 26/05/89.

da cepa LE de Belo Horizonte mantida no G ID E em B i o m p h a l a r i a g l a b r a t a há mais de 25 anos e da cepa SJ de São José dos Campos - SP mantida no ICB em B . g l a b r a t a com repassagens sucessivas em B i o m p h a ­

l a r i a t e n a g o p h i l a há mais de 10 anos.

Os planorbídeos foram infectados seguindo-se a técnica descrita por Pellegrino & Katz^, nascidos e criados em laboratório, segundo técnica de Freitas3. Irradiação das cercárias. Oito grupos experi­ mentais foram definidos utilizando-se cercárias não irradiadas (grupos-controles) e irradiadas com 3 Krad, 20 Krad e 40 Krad, das duas cepas.

As amostras de cercárias a serem irradiadas eram transportadas para o CDTN da Nuclebrás, onde eram expostas à radiação gama proveniente de bomba de cobalto-60, sendo a dose de irradiação equivalente ao tempo de exposição das cercárias a essa fonte de radiação.

Infecção dos camundongos. Seguiu-se a técnica descrita por Barbosa e cols1.

Recuperação de vermes do sistema porta. Do 8p

dia após a infecção até o último dia de observação de cada grupo 47? (grupos, controles), 90? (grupos de 3 Krad), 40? (grupos de 20 Krad) e 11? (grupos de 40 Krad), para ambas as cepas, foram recuperados os vermes do sistema porta, de acordo com a técnica de Pellegrino & Siqueira5.

Classificação dos vermes do sistema porta.

Como era de interesse quantificar a evolução do S .

m a n s o n i em função do tempo, os vermes foram classificados em seis estádios evolutivos, de acordo

com Barbosa e cols1 cuja classificação se baseia na

forma dos cecos gástricos.

Análise dos resultados. Na análise estatística dos resultados foi utilizado o método da análise de variância, trabalhando-se com proporções baseadas no rendimento cercárias/vermes, ajustadas pelo méto­ do da transformação angular ou do arco-seno, de acordo com Snedecor & CochraiA

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C a r d o s o G S , C o e l h o P M Z . Schistosom a mansoni: e v o l u ç ã o d e v e r m e s o r i u n d o s d e c e r c á r i a s i r r a d i a d a s a n í v e l d e s i s t e m a p o r t a , n o c a m u n d o n g o . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 2 : 1 9 9 - 2 1 0 , O u t - D e z , 1 9 8 9 .

RESULTADOS

Nas Tabelas de 1 a 8 estão representados todos os valores do schistograma e as porcentagens médias de recuperação de parasitos do sistema porta oriundos

de cercarias, das cepas LE e SJ do S. m a n s o n i , não

irradiadas e irradiadas com 3 Krad, 20 Krad e 40 Krad de radiação gama proveniente de Co-60.

As porcentagens médias de recuperação de parasitos do sistema porta são calculadas em relação à carga infectante, enquanto que os valores do schisto­ grama são calculados em relação ao total de vermes recuperados do sistema porta.

Os resultados são a média de recuperação de parasitos obtida em seis camundongos sacrificados a cada dia dos experimentos, levando-se em conta os tempos de infecção.

N as Figuras 1 e 2 estão representados os schistogramas obtidos a partir da recuperação de parasitos do sistema porta oriundos de cercárias, das

cepas LE e SJ do S . m a n s o n i , não irradiadas e

irradiadas com 3 Krad de radiação gama proveniente de Co-60.

A análise de variância desses resultados mos­ trou que houve uma diminuição estatisticamente signi­ ficativa (P > 0,01) nas taxas de recuperação dos

grupos de vermes irradiados com 3 Krad em relação aos controles, de ambas as cepas. Observou-se tam­ bém que houve um aumento estatisticamente significa­ tivo (P > 0,01) nas taxas de recuperação dos estádios mais evoluídos da cepa LE, em relação aos da SJ, nos primeiros dias em que foram detectados no sistema porta.

Os vermes oriundos de cercárias, das cepas LE

e SJ do S . m a n s o n i , irradiadas com 20 Krad e 40 Krad

somente foram detectadas em quantidades residuais no sistema porta, conforme consta nas Tabelas 3 e 4 (cepa LE) e 7 e 8 (cepa SJ), não sendo por esse motivo feita a representação gráfica do schistograma para esses grupos de vermes.

DISCUSSÃO

O uso de cercárias irradiadas como modelo de imunização na esquistossomose tem sido extensamen­ te feito em pesquisas recentes2.

Pela primeira vez foram quantificadas as alte­ rações no processo evolutivo das formas irradiadas de S . m a n s o n i que alcançam o sistema porta, Para tal objetivo, foi utilizada a técnica do schistograma, visando investigar se havia diferenças no desenvolvi­ mento evolutivo dos vermes no sistema porta, tanto

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C a r d o s o G S , C o e l h o P M Z . Schistosom a mansoni: e v o l u ç ã o d e v e r m e s o r i u n d o s d e c e r c a r i a s i r r a d i a d a s a n í v e l d e s i s t e m a p o r t a , n o c a m u n d o n g o . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a . T r o p i c a l 2 2 : 1 9 9 - 2 1 0 , O u t - D e z , 1 9 8 9 .

com relação às doses de irradiação recebidas como a cepa do parasito utilizada.

Os vermes irradiados com 20 Krad foram detectados em quantidades residuais no sistema porta durante todo o período de observação, que foi do 8? ao 33? dia após a infecção, e evoluíram somente até o 3? estádio, em ambos os experimentos com as cepas LE e SJ (Tabela 3 para a cepa LE e Tabela 7 para a cepa SJ). Com relação aos vermes irradiados com 40 Krad, somente um verme (da cepa LE) foi detectado no sistema porta (8.° dia após a infecção) o qual era do 1 ? estádio (Tabela 4 para a cepa LE e Tabela 8 para a cepa SJ). Por isso, não foram representadas nos schistogramas (Figura 1 para a cepa LE e Figura 2 para a cepa SJ) as porcentagens de recuperação desses parasitos.

Assim, a única dose que permitiu o desenvolvi­ mento dos vermes até a fase adulta foi a de 3 Krad. Analisando os resultados obtidos nas Figuras 1 e 2, verificou-se uma diferença estatisticamente signi­

ficativa nas taxas de recuperação dos grupos de vermes irradiados com 3 Krad, em relação aos contro­ les não irradiados, de ambas as cepas.

Pode-se concluir, então, que os vermes irradia­ dos com 3 Krad tiveram uma evolução significativa­ mente mais lenta do que os controles não irradiados, em ambas as cepas.

Com a finalidade de observar as diferenças na

evolução das duas cepas de S . m a n s o n i , irradiados e

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C a r d o s o G S , C o e lh o P M Z . Schistosoma mansoni: e v o lu ç ã o d e v e r m e s o r i u n d o s d e c e r c á r ia s ir r a d i a d a s a n í v e l d e s i s t e m a p o r t a , n o c a m u n d o n g o . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 2 : 1 9 9 - 2 1 0 , O u t - D e z , 1 9 8 9 .

SUMMARY

E i g h t g r o u p s o f o u t b r e d a l b i n o m i c e w e r e

i n f e c t e d t r a n s c u t a n e o u s l y w i t h c e r c a r i a e o f S . manso­ ni ( s t r a i n s L E a n d S J ) i r r a d i a t e d w i t h e i t h e r 3 , 2 0 o r 4 0 K r a d , o f g a m m a r a d i a t i o n f r o m a c o b a l t - 6 0 b o m b

a n d a c o n t r o l n o n i r r a d i a t e d g r o u p . C e r c a r i a e i r r a ­

d i a t e d w i t h 2 0 o r 4 0 K r a d f a i l e d t o d e v e l o p i n t h e p o r ­

t a l s y s t e m a n d 3 K r a d r e t a r d e d d e v e l o p m e n t . W o r m s

o f t h e S J s t r a i n d e v e l o p e d m o r e s l o w l t t h a n t h e L E s t r a i n .

Key-words: Schistosoma mansoni. I r r a d i a t e d

c e r c a r i a e . G a m m a i r r a d i a t i o n . S c h i s t o g r a m .

AG RA D ECIM EN TO S

Os autores agradecem a Adelino Ferreira, Al­ berto Geraldo dos Santos, Alice Neni Faria, Atenà- goras Nascimento Silva, Maurício Viricimo da Costa e Zenir de Souza pela assistência técnica.

REFER ÊN C IA S BIBLIOGRÁFICAS

1. Barbosa MA, Pellegrino J, Coelho PMZ, Sampaio IBM.

Quantitative aspects of the asynchronism S c h i s t o s o m a m a n s o n i migration and evolutive in mice. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, 20:121- 132, 1978.

2. Dean DA. Schistosoma and related genera: acquired resistance in mice. Experimental Parasitology 5 5:1 -104, 1983.

3. Freitas JR. Ritmo de crescimento da B i o m p h a l a r i a g l a b r a t a (Say, 1818). Padronização da técnica de cria­ ção. Tese de Doutorado, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1973.

4. Pellegrino J, Katz N. Infection of baby mice with S c h i s t o s o m a m a n s o n i : some biological aspects in con­ nection with experimental chemotherapy. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene 63:568-575, 1969.

5. Pellegrino J, Siqueira AF. Técnica de perfusão para colheita de S c h i s t o s o m a m a n s o n i em cobaias experi­ mentalmente infestadas. Revista Brasileifa de Malario- logia e Doenças Tropicais 8:589-597, 1956.

6. Snedecor GW, Cochran WG. Two Way Classification. I n : Snedecor GW, Cochran W G (ed). S t a t i s t i c a l M e t h o d s . End edition, The Iowa State University Press, p. 327-329, 1971.

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