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Governança e governamentalidade: relação e relevância de dois conceitos científico-sociais proeminentes na educação comparada.

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Academic year: 2017

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G o v e r n a n ç a e g o v e r n a m e n t a lid a d e : r e la ç ã o e

r e le v â n c ia d e d o is c o n c e it o s c ie n t ífic o - s o c ia is p r o e m in e n t e s

n a e d u c a ç ã o c o m p a r a d a

Karin Amos

Universität Tübingen

R e s u m o

Cont rapondo- se ao ret rospect o da exist ência de uma relação volát il ent re o Est ado e “ seu” sist ema educacional, est e t rabalho enf oca dois conceit os que podem ser empregados como f errament as de an ál i se para est u dar as t ran sf orm ações em cu rso. O t erm o “ governança” est á mais relacionado a aspect os t écnicos: t rat am- se de inst rument os e modos, procediment os e at ores, além de suas const elações e f ormas de cooperação. Ele concent ra a pesquisa em quest ões como: quem of erece serviços educacionais, qual é a rela-ção ent re ensino público e privado et c. Ele t ambém é ext remamen-t e úremamen-t il na invesremamen-t igação da relação enremamen-t re os diversos níveis de análise e provou- se part icularment e import ant e para a compreensão t eóri-ca adequada do papel das organizações int ernacionais na f ormula-ção de polít icas educacionais. A sociologia e a ciência polít ica são duas disciplinas cuja associação se most ra mais not ável na elabora-ção do conceit o sob diversas perspect ivas. “ Governament alidade” , por sua vez, apesar de compart ilhar muit as caract eríst icas com governança, é um t ermo f oucaut iano dedicado à geração de sub-jet ividades dist int as por meio de t écnicas e modos de regulação e condut a em sent ido lat o. Assim, governament alidade inclui inves-t igações do nexo inves-t ipicameninves-t e f oucauinves-t iano conhecimeninves-t o/ poder. Consideramos ambas as perspectivas em conjunto para discutir suas implicações para a educação comparada.

P a la v r a s - c h a v e

Govern an ça — Govern am en t al i dade — Pol ít i ca edu caci on al — Foucault — Governança educacional.

Correspondência: Prof. Dr. Karin Amos

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G o v e r n a n c e a n d g o v e r n m e n t a lit y : r e la t io n a n d

r e le v a n c e o f t w o p r o m in e n t s o c ia l s c ie n t ific c o n c e p t s fo r

c o m p a r a t iv e e d u c a t io n

Karin Amos

Universität Tübingen

A b s t r a c t

Agai nst t he backgrou n d of a chan gi n g rel at i on bet w een t he st at e an d “ i t s" ed u cat i o n syst em , t h e p resen t co n t ri b u t i o n f ocuses on t wo concept s t hat can be used as analyt ical t ools in order t o analyze t he current t ransf ormat ions. “ Governance" is m ore con cern ed w i t h t echn i cal issu es: w i t h i nst ru m en t s an d modes, procedures and act ors, wit h t heir const ellat ions and f orms of cooperat ion. It f ocuses research on quest ions such as: who provides educat ional services, what is t he relat ion bet ween public and private education etc. It is also very useful in investigating the relat ion bet ween t he various levels of analysis and has proven part icularly usef ul f or an adequat e t heoret ical underst anding of t he role of int ernat ional organizat ions in shaping educat ional po-licies. Sociology and polit ical science are t he t wo disciplines most prominently associated with elaborating the concept under various perspect ives. Govern m en t al i t y, on t he ot her han d, al t hou gh sharing many charact erist ics wit h governance, is a Foucauldian t erm concerned wit h t he generat ion of dif f erent subject ivit ies t hrou gh t echn i qu es an d m odes of ru l i n g an d gu i di n g i n an encompassing sense. Government alit y t hus includes invest iga-t ions of iga-t he iga-t ypical Foucauldian knowledge/ power nexus. Boiga-t h perspect ives are brought t oget her t o discuss t he implicat ions f or comparat ive educat ion.

K e y w o r d s

Governance — Government alit y — Educat ion policy — Foucault — Educat ional governance.

Contact:

Prof. Dr. Karin Amos Universität Tübingen

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karin.amos@uni-Governança e governament alidade deno-t am dois conceideno-t os originados em deno-t radições dis-ciplinares e int elect uais dist int as que compart i-lham uma quest ão cent ral: a problemát ica de direcionar, regulament ar, governar, conduzir et c. na sociedade moderna – t endo em vist a os in-divíduos, as organizações, os sist emas, o Est ado e a própria sociedade como um t odo.

O debat e sobre governança é provenien-t e da ciência políprovenien-t ica e das ciências sociais e f oca as mudanças ligadas às novas const ela-ções das relaela-ções do Est ado com os int eresses soci ais n o sen t i do m ais am pl o possível . Sob essa perspect iva, governança adquiriu o st at us de novo t ermo para analisar essas mudanças t ant o no cont ext o int erno de um Est ado- na-ção como no âmbit o das relações int ernacio-nais.

Uma explicação sucint a da origem e do desenvolviment o do t ermo nas respect ivas dis-ci pl i n as acadêm i cas, i .e., n a sodis-ci ol ogi a e n a ciência polít ica, f oi of erecida em um curt o ar-t igo por Renaar-t e M aynar-t z (2004; 2009). Nele, a aut ora esboça cada perspect iva e caract eriza os dist int os cont ext os disciplinares ref let idos nas dif erenças ent re os sent idos cent rados no at or e aqueles cent rados na inst it uição; ela enf at iza, ainda, que “ governança” e “ direcionament o” não são conceit os idênt icos. A aut ora reit era que a governança é mais ampla, englobando n ão só q u est õ es est r i t am en t e d e di reci on am en t o, m as t am bém qu est ões m ais complexas de regulament ação. A discussão so-bre governança t ambém est á ligada às volát eis relações ent re os níveis nacional e int ernacional, porém a adoção do t ermo governança nas re-lações int ernacionais segue t radições disciplina-res p ró p ri as. Um m arco d o em p reg o d e g overn an ça n esse co n t ex t o é, sem d ú vi d a, Govern an ce w i t hou t govern m en t : o rder an d change in world polit ics (Governança sem go-verno: ordem e t ransf ormação na polit ica mun-d i al , Brasíl i a, Emun-d i t o ra Un B, 2 0 0 0 ), o b ra mun-d e Rosenau e Czempiel publicada em 1992; ela gerou uma preocupação generalizada com as quest ões de governança global. Nesse cenário,

a Teoria do Regime Int ernacional deve ser men-cionada (Rit t berger 1993; Hasen cl ever et al., 1997), assim como suas apropriações pela edu-cação comparada (Parreira do Amaral, 2007; Radt ke, 2006).

Assim como é possível esboçar uma def i-nição geral de governança, t ambém podemos est abelecer uma dist inção ent re seu sent ido am-plo e seu sent ido est rit o. Em sent ido amam-plo, governança ref ere- se aos dif erent es mecanismos empregados para conf erir ordem à população de at ores, por adapt ação, negociação, ordem e obe-diência; em sent ido est rit o, governança ref ere- se às dif erent es f ormas de ação resolut a volt ada a preocupações colet ivas (M aynt z, 2009, p. 8). As est rut uras em f orma de rede da governança e a área movent e das const elações específ icas de at ores na polít ica social e educacional levaram ao levant ament o de diversas quest ões volt adas, por exemplo, a aspect os da legit imidade e aut orida-de (veja t ambém Radt ke nest a edição).

A razão que levou governança a se t or-nar um t ermo import ant e na polít ica e na pes-quisa educacional est á ligada a mudanças pro-f undas na área da educação. Essas mudanças envolvem especif icament e os inst rument os e os meios de direcionament o, as novas f ormas de proporci on ar e organ i zar os servi ços edu ca-cionais e o surgiment o de novos at ores na po-lít ica educacional.

Em um cont ext o ext remament e dif erent e, posicionado nos interstícios de diversas disciplinas típicas de sua obra, o termo “ governamentalidade” f oi cunhado por Michel Foucault (1991) e post e-riormente assumiu um campo interdisciplinar que se t ornaria conhecido como est udos de gover-namentalidade, um rico e ramificado empenho in-t elecin-t ual inin-t ernacional de in-t eorização e pesquisa (para uma panorâmica crítica, veja Lemke 2007, p. 47- 64; para uma panorâmica descrit iva, veja Fimyar, 2008).

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as crianças – t endo em vist a t ant o a colet ivi-dade como cada indivíduo, que pode ser sub-met ido a t écnicas aut oaplicáveis. Sua origem como t ermo f oucault iano já indica que “ gover-nabilidade” possui raízes f ilosóf icas e hist óri-as muit o amplóri-as e ricóri-as; esse é um t ermo de m et a- an ál ise qu e pode ser em pregado para ref l et i r cri t i cam en t e sobre os resu l t ados da pesquisa sobre governança.

Fou cau l t n os of erece u m a def i n i ção sucint a de governament alidade:

1 . O co n j u n t o f o rm ad o p el as i n st i t u i çõ es, procediment os, análises e ref lexões, os cálcu-los e as t át icas que possibilit am o exercício de sua f orma assaz específ ica, embora com-plexa, de poder, que t em por alvo a popula-ção, por principal f orma de conheciment o a economia polít ica e por meio t écnico essen-cial os aparat os de segurança. 2. A t endência q u e, p o r u m l o n g o p er ío d o e em t o d o o mundo ocident al, t em levado sucessivament e à su p er i o r i d ad e d esse t i p o d e p o d er, q u e pode ser den omin ado govern o, sobre t odas as out ras f ormas de poder (realeza, disciplina et c.), result ando, por um lado, na f ormação de uma série complet a de aparat os governa-ment ais específ icos e, por out ro lado, no de-sen vol vi m en t o de u m com pl exo i n t ei ro de salvaguardas. 3. O processo, ou melhor, o re-su lt ado do processo, pelo qu al o Est ado de Just iça da Idade M édia t ransf ormou- se no Es-t ado adminisEs-t raEs-t ivo duranEs-t e os séculos XV e XVI e t ornou- se gradualment e “ governalizado”. (Burchell/ Gordon/ M iller, 1991, p. 102- 103)

A hist ória desse conceit o f oucault iano é bem conhecida: as conf erências no Collège de France em 1977 e 1978 f oram enf im publicadas na França em 2004 — a versão alemã surgiu t ambém em 2004 com o t ít ulo Government alit y I e II; a versão inglesa surgiu em 2007 com um t ít ulo elaborado, mas, t ambém, mais ambíguo: Securit y, t errit ory, populat ion (Segurança, t erri-t ório, população), palavras presenerri-t es no erri-t íerri-t ulo em f rancês. Com a publicação dessas conf

erên-cias, f icou bem claro que Foucault não havia f eit o apenas algumas poucas e esparsas ref e-r ên ci as ao el ab o e-rae-r seu n eo l o g i sm o gouvernement alit é, mas delineou sist emat ica-ment e um campo de invest igação. É caract e-ríst ico da abordagem de Foucault uma concep-ção da soci edade e de su as i nst i t u i ções qu e relacion a o domín io polít ico ao su bjet ivo. O t erm o g overn am en t al i d ad e é o el o p erd i d o ent re os dois principais projet os de Foucault após Vigiar e punir: o primeiro é a genealogia d o Est ad o m o d er n o , e o seg u n d o en vo l ve qu est ões ét i cas, u m a gen eal ogi a do su j ei t o. Com esse projet o, ele alcança o cerne da rela-ção ent re pedagogia e polít ica.

Como pri mei ro passo, bast a di zer qu e t an t o govern an ça com o govern am en t al i dade t êm por den om i n ador com u m o Est ado e a “est at i- cidade” , ainda que os t ermos est ejam seridos em t radições e áreas de enf oque dist in-t as. Uma úlin-t ima, porém imporin-t anin-t e, observação preliminar é que governança, principalment e no sent ido assumido nas relações int ernacionais, considera o surgiment o e a inf luência do nível i n t ern aci on al ou t ransn aci on al i n di cat i vo de t ransf ormações signif icat ivas no ent relaçamen-t o dos Esrelaçamen-t ados e as respecrelaçamen-t ivas implicações des-sas novas conf igurações em áreas t radicional-ment e consideradas f ocos de t aref as e obriga-ções primordiais do Est ado. Wolf gan g M it t er (2 0 0 6 ) cu n h o u o p reci so t er m o Nat i o n al e Bildung- ssouveränit ät , i.e., soberania educaci-o n al d a n açãeducaci-o , p ara d est acar essa rel açãeducaci-o . Fo u cau l t f al eceu b em n a ép o ca em q u e o s impact os e ef eit os dessas mudanças começa-ram a se t orn ar evi den t es e passacomeça-ram a ser objet o de análises sociocient íf icas. Assim, em-b o ra Fo u cau l t est i vesse p reo cu p ad o co m a const it uição específ ica do Est ado moderno e das sociedades modernas, ele não t ranscendeu o nível da nacionalidade enraizada e não f ocou o nível int ernacional como algo digno de con-sideração por si só.

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rans-f ormações em curso. A t ese principal consist e na int ersecção ent re as perspect ivas da governança e da governament alidade no pont o em que a cor-respon dên ci a en t re as est ru t u ras de direcionament o e governo do Est ado e a condu-t a individual condu-t ornam- se aparencondu-t es. De modo mais específ ico, como discut iremos adiant e, os meca-nismos regulat órios se t ornam mais rígidos por cont a de ambos: dos sist emas e dos níveis indivi-duais.

A E d u c a ç ã o e o E s t a d o : u m n e x o

m o d e r n o

A relação ent re a educação e o Est ado é vit al em nosso cont ext o. Ao pensar nas re-lações educat ivas modernas, especialment e na f o r m a d o s si st em as ed u caci o n ai s, é o neoinst it u- cionalismo sociológico que propor-ciona alguns dos mais prof undos insight s para o ent endiment o da relação ent re o Est ado e “ seu” sist ema educacional. Em out ras palavras, é i n egável o m éri t o do n eoi nst i t u ci on al ism o macrossocio- lógico, f enomenológico, ao int ro-duzir aspect os das est rut uras relacionais ent re a polít ica, i.e., o Est ado- nação, e a pedagogia. Da mesma f orma que se pode dizer que o Es-t ado- nação segue um modelo, ou seja, que ele é caract erizado por cert as f eições universais, os sist emas educacionais t ambém podem ser des-crit os como algo ext remament e padronizado (veja M eyer et al., 1997). Dos diversos elemen-t os a lembrar nesse caso, os seguinelemen-t es merecem ser en f at i zad o s: acesso u n i ver sal à escolarização, dif erenciação das séries e pro-moção de u ma séri e para ou t ra, cert i f i cados educacionais, aprendizado, mat erial didát ico e t reinament o dos prof essores padronizados et c., sendo t odos esses element os cont rolados e f i-n ai-n ci ados pel o Est ado; equ i pe de edu cação prof issionalizada e uma organização burocrá-t ica da educação pública — incluindo os ser-vi ços soci ais (vej a M eyer; Row an , 1978) são out ros exemplos da disseminação de um modelo u n i versal i zad o . Em u m a p er sp ect i va neoinst it ucional, o isomorf ismo dos sist emas

educacionais — i.e., sua t endência a t ornarem-se cada vez mais parecidos em uma série de aspect os, o qu e n ão qu er di zer qu e el es se t ornem cópias ou at é mesmo idênt icos — est á rel aci on ado ao compart i l hamen t o da mesm a cult ura cognit iva. Ent re as f eições em comum est ão m o d el o s d e f i l i ação , p r i n cíp i o s d e racionalidade, conceit os modernos de individu-al i dade, de aperf ei çoam en t o i n di vi du individu-al e de progresso social por meio da educação.

Nesse pont o, parece apropriado ret omar Foucault , pois os t eóricos neoinst it ucionalist as f ocam primeirament e o f at o de que as colet i-vi dades e os i n di vídu os são produ zi dos por meio da educação e não t ant o como isso acon-t ece, quais são as acon-t écnicas empregadas e como a t ensão ent re as t écnicas de individualização e colet ivização é administ rada. Out ra dif eren-ça ent re as duas perspect ivas é o f at o de que embora os neoinst it ucionalist as e Foucault re-conheçam a cent ralidade do Est ado ao analisar as relações sociais modernas — dent re as quais a educação assume papel de dest aque —, eles dif erem ent re si porque os neoinst it ucionalist as não t eorizam sobre o Est ado, mas pressupõem sua exist ência, ao passo que Foucault prioriza a genealogia do Est ado moderno. Torna- se, as-si m , cl aram en t e i den t i f i cável u m pon t o em com u m en t re as t eori as da govern an ça e da governament alidade por um lado, mas t ambém uma dif erença, por out ro lado, que consist e em princípio na opção por mant er ou rejeit ar uma “ cent ralidade inst it ucional”.

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di-versas áreas: como governar a si próprio, como governar as almas, como governar os f ilhos e como os príncipes deveriam governar os Est a-dos. Essa sú bi t a con f l u ên ci a de aspect os de governança é ident if icada como algo relacio-nado às t ransf ormações que result aram nos Es-t ados com ampla exEs-t ensão Es-t erriEs-t orial, colonial e administ rat iva. Como já discut ido em Vigiar e punir, havia uma presença disseminada de t écnicas disciplinares em t oda a sociedade, nas escol as, n a prisão, n as f ábri cas, n o exérci t o et c., e elas produziam subjet ividades específ i-cas. Pensar na sociedade como um organismo governável, mut ável, disciplinável e organizável era a base para pensar no Est ado como uma espécie de união de administ ração ou, como o t erm o em al em ão i n di ca, com o u m a Zweckgemeinschaft1. Outras duas trajetórias

tam-bém são import ant es para compreender essa t ransf ormação do Est ado f eudal medieval: a dis-persão religiosa e a condensação e int ensif icação das relações que geraram o Estado moderno. Três modos de governança em especial, relaciona-dos a t rês áreas do conheciment o, t ornaram-se import ant es: a art e de governar- ornaram-se com a moral, a art e de governar a f amília com a eco-n om i a e a art e de govereco-n ar o Est ado com a polít ica. Foucault conclui sua conf erência com uma t ipologia das sociedades ocident ais, sen-do o últ imo t ipo designasen-do “ Est asen-do governa-m en t al ”. El e basei a esse t i po derradei ro n o co n cei t o d e p o p u l ação , en t en d en d o e complement ando, assim, seu f oco nos ef eit os das t écnicas disciplinares na f ormação das sub-j et i vi d ad es. As con f erên ci as sobre governament alidade f ocam a dinâmica ent re as tecnologias de individualização e totalização, sen-do a primeira f undament al para a f ormação das subjet ividades e a segunda volt ada às populações como grandes colet ividades. As duas áreas não se conf undem, mas est ão int imament e int er- relaci-onadas; há correspondência ent re a modelagem das subjet ividades e o Est ado moderno.

O Est ado e o est at ismo f oram concebi-dos por Fou cau l t com o o pon t o de vist a da sociedade, como o ef eit o das prát icas sociais e

das t ecnologias de governo. Dessa f orma, ele invert eu a quest ão. Seu int eresse não recaía no Est ado como objet o, mas sim na análise das t écnicas de governança que const it uem o Es-t ado. Sob essa perspecEs-t iva o EsEs-t ado Es-t orna- se um explanandum em vez de um explanans. Em vez de simplesment e aceit ar as respost as como dadas, el e pergu n t a: com o u m con j u n t o de inst it uições e processos polít icos pode t ornar-se um Est ado? Quais são as relações ent re o Est ado e a sociedade civil, como essa just apo-sição se dá em um primeiro moment o?

De acordo com Lemke (2007a), três aspec-t os devem ser desaspec-t acados para enaspec-t endermos as perspect ivas f oucault iana. Em primeiro lugar, ela pert ence àqueles t eóricos que desont ologizam o Est ado. Perspect ivas sociológicas t ão díspares como o neoinstitucionalismo e a teoria da diferen-ciação compartilham essa visão desontologizante, observando o Est ado como algo correlat o das prát icas sociais int eressadas naquilo que é discu-t ido adiscu-t ualmendiscu-t e como regimes de conhecimendiscu-t o: como os diversos t ipos de conheciment o f ormam os sist emas de conheciment o que criarão um re-gime de represent ação capaz de abrir espaços e t ornar a realidade compreensível e calculável, de modo que seja possível estruturar e interferir para, ent ão, direcionar e regulament ar. Esse conheci-ment o é compost o por áreas dist int as que englo-bam t ant o o conheciment o habit ual cognit ivo como o af et ivo, prof undament e inseridos nas ro-t inas de ação e na orienro-t ação normaro-t iva. Essa vi-são ext remament e ampla de Est ado inclui os co-nheciment os produzidos nas ciências sociais, t ais como as oposições ent re est rut ura e ação, ent re indivíduo e Estado. Tudo isso f az part e da cons-t icons-t uição do escons-t acons-t ismo, pois esses elemencons-t os cri-am a inf r est rut ura simbólica na qual o Est a-do est á posicionaa-do e o moa-do como os sujei-t os def i n em su a rel ação com o Essujei-t ado. Essa visão é, ao mesmo t empo, parecida e dif erent e do ant irrealismo neoinst it ucionalist a. Em últ ima inst ância, o f oco int enso e quase exclusivo

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b re o s sím b o l o s e m i t o s caract eríst i co s d o neoinst it ucionalismo não ref let e o conceit o de Foucault .

Foucault discut e com vigor a t ecnologia em rel ação à g over n an ça. Su a an ál i se d a governança preocupa- se com o modo como as f ormas de subjet ividade, os est ilos de vida e os regimes de gênero são produzidos pela prát i-ca. Essas prát icas incluiriam a disciplina f ísica, m as, t am b ém , t ecn o l o g i as p o l ít i cas e t ecnologias de individualização. Est as permit em aos indivíduos inf luenciar seus próprios corpos, suas almas, seus pensament os, seus comport a-ment os. É aqui, na int ersecção ent re essas di-f erent es t ecnologias, que o elo ent re a hist ória da subjet ividade moderna e a hist ória do Est a-do t orna- se evident e.

As t ecnologias polít icas ref erem- se a um complexo de procediment os prát icos, inst ru-ment os, programas, cálculos, medidas e apara-t os para m odel ar disposi ções, pref erên ci as e m odos de agi r de acordo com det erm i n adas met as. Ao rejeit ar uma visão det erminist a da t ecn ol ogi a, Fou cau l t i n egavel m en t e en f at i za com f irmeza o papel das t ecnologias ao con-f erir sent ido e est abilidade às inst it uições.

Por f im, há a dimensão do Est ado como ef eit o, inst rument o e campo de est rat égias polí-t icas. A ação do Espolí-t ado é um ef eipolí-t o das espolí-t rapolí-t é-gias, pois ela não pode ser at ribuída a um at or único e coerent e, mas sim como o result ado de prát icas de governança conf lit ant es e compet it i-vas. Bob Jessop (1990) concorda com essa pers-pect iva ao t ambém enf at izar o carát er relacional e, port ant o, t emporário dos “ projet os do Est ado”. Sit uar o Est ado em uma rede de relações de governança não implica considerar o Estado nada mais do que uma cat egoria secundária — muit o pelo cont rário; o Est ado assume uma posição es-t raes-t égica nas relações sociais. O Eses-t ado é, ainda, inst rument o de ação est rat égica por est ar envol-vido na criação de um t errit ório limít rof e no qual dist inções f undament ais ent ram em ação: nat ivo e est rangeiro, privado e público, onde as decisões são t omadas a respeit o de quem é prot egido pelo Est ado e quem não é, as condições de acesso aos

recursos públicos et c. O Est ado t ambém é um campo que privilegia alguns at ores e ignora ou-t ros, proporcionando a alguns inf raesou-t ruou-t uras organizacionais e negando- as a out ros.

A perspect iva geral disso t udo est á muit o próxima da noção neoinst it ucionalist a de const i-t uição t op- down (i.e., descendent e) dos at ores modernos: Estados, organizações e indivíduos. Os at ores são const it uídos pelos modelos univer-salizados que seguem e não por aut ocriação. O indivíduo moderno é um fenômeno da sociedade, e não um f enômeno subjet ivo.

A E d u c a ç ã o e o E s t a d o :

c a r a c t e r ís t ic a s d e u m a r e la ç ã o m o d e r n a

O que o nexo dest acado acima signif i-ca mais especif ii-cament e?

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cami-n h o p ar t i cu l ar ” ) al em ão d a Gei st esw i -ssenschaf t liche Pädagogik (t radução livre: “ pe-dagogia hu man íst ica” ), a relação sist emát ica pode ser i den t i f i cada em di versos con t ext os dist int os, sejam quais f orem as modif icações específ icas. Para corroborar essa af irmação, eu gost aria de cit ar Cult ure and t he St at e (1998), de David Lloyd e Paul Thomas, uma obra que invest iga a correlação ent re as t eorias da cul-t ura e as cul-t eorias do Escul-t ado no f inal do século XVI I I . El as eram apresen t adas pel as f i gu ras past oris, que assumiam papel de dest aque nos escrit os de Wordswort h e Coleridge. O que est á em quest ão aqui não é uma dif erenciação in-t erna enin-t re a porção jovem da população em vári o s seg m en t o s, m as u m a assi m i l ação d e t odos eles como f ut uros cidadãos. Essa assimi-lação se dá por meio da represent at ividade e da exem- plaridade. O conheciment o das t radi-ções cult urais, assim como as prát icas de uni-f i cação e hom ogen ei zação, en t ram em ação nesse nível de não dif erenciação. A f orma de conheciment o respect iva seria aquela da crian-ça universal ou do pupilo sem origem social, sexo ou cor. Seu conceit o- chave é Bildung (t ra-dução livre: f ormação) ou, como Heinz- Diet er M eyer (2006) af irmou de modo convincent e, a common school americana é um exemplo de inst it uição desse t ipo.

No ent ant o, a pedagogia est á igualmen-t e envolvida na igualmen-t endência de dividir a popula-ção como colet ividade em segment os e ent ão clas- sif icá- los de acordo com as int ervenções pedagógicas às quais est ão pot encialment e su-jeit os. Nesse sent ido, a pedagogia apresent a re-lação com a análise da est at íst ica moral (1986) de Ian Hacking. Essa ref erência ao surgiment o da est at íst ica moral é import ant e porque essa área, t ambém, est á int imament e relacionada às rel ações de govern an ça. Produ z se con heci -ment o pedagógico sobre a relação ent re as dis-posições e capacidades pessoais e a respect iva int ervenção educacional em paut a. Assim, as f ormas e prát icas de conheciment o pedagógi-co são m u t u am en t e pedagógi-co n st i t u t i vas. As t ecnologias aplicadas na governança de

crian-ças em qualquer f orma de int ervenção peda-gógi ca — i nst ru ção, assist ên ci a, ori en t ação, aco n sel h am en t o — cam i n h am j u n t o co m o conheciment o correspondent e do grupo part i-cu l ar q u e t ai s i n t er ven çõ es t êm p o r al vo . M arianne Bloch, Thomas Popkewit z e alguns de seus col egas vêm most ran do em di versos est u d o s co m o g r u p o s p ar t i cu l ares são const ruídos pedagogicament e para ser submt i dos a i n submt erven ções parsubmt i cu l ares, f requ en submt e-ment e com result ados paradoxais. A pedagogia não const rói conheciment o soment e ao lidar com indivíduos, o “ eu” moderno, para cit ar o que Popkewit z (2008) diz sobre John Dewey, m as t am bém ao l i dar com as col et i vi dades, crianças carent es, crianças “ comuns” , crianças em si t u ação de risco, cri an ças su perdot adas et c. Frank- Olaf Radt ke e alguns de seus colegas most raram como uma criança ét nica e cult ural-ment e dif erent e, das M igrant enkind (t radução livre: o f ilho de imigrant e), é produzida, pois, por def inição, ela não é um indivíduo, mas um en t e i so l ad o d e u m g ru p o co l et i vo (vej a Bommes; Radt ke, 1993; Höhne; Kunz; Radt ke, 1999; Gomolla; Radt ke, 2009). Eis a razão de sua crít ica à educação int ercult ural: ela at ribui posições ao sujeit o de modo a t alhar programas educacionais, porém a posição do sujeit o não é def inida pela individualidade, e sim pela cole-t ividade. Esse é o dilema da educação especial, a qual, como out ros programas e procedimen-t os é planejado para auxiliar a criança. O ideal past oril t ambém ent ra em ação aqui; bast a pen-sar na obra de Thomas Popkewit z publicada em 1998: St ruggling f or t he soul: t he polit ics of schooling and t he const ruct ion of t he t eacher (t radução livre: Lut ando pela alma: a polít ica de escola- rização e a const rução do prof essor).

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edu-cacional Bernd Zymek (2000) enf at izou com precisão a divisão hist órica ent re uma inst ân-cia superior e out ra inf erior do sist ema educa-cional médio alemão, criando dif erent es t ipos de subjet ividade. O projet o de polít ica educa-cional naeduca-cional visava libert ar os indivíduos — ment al e socialment e — de suas relações inf le-xíveis, t radicionais, f amiliares, religiosas e pro-f issionais e socializá- los de acordo com prin-cípi os u n i versais em um sist ema educacional est rut urado de f orma que eles pudessem t ornar-se Landeskinder (t radução livre: nat ivos) e cida-dãos (Zymek, 2000, p. 93). Não obst ant e, as t radições da inst ância inf erior do sist ema edu-cacional — que apresent a uma nat ureza muit o m ai s reg i o n al , p ara n ão d i zer l o cal , m ai s direcionada para a inserção dos indivíduos em est rut uras econômicas e religiosas localment e preest abelecidas do que para o cosmopolit ismo e a universalização — persist iram at é o século XX. Em especial, o aut or af irma que soment e as inst it uições de ensino superior orient avam- se por princípios universalizant es correspondent es ao ideal humaníst ico da Bildung, uma adesão aos padrões prof issionais e cient íf icos para cri-ar uma elit e de t rabalhadores civis, advogados e of iciais do alt o escalão milit ar, ao passo que os est rat os mais baixos da população recebiam, l i t eral m en t e, u m a “ ed u cação p o p u l ar” o u volkst ümlich. A inst rução era imediat a e a vida orient ada pela prát ica. Nenhuma das relações u n i versai s t i n h a d e ser m ed i ad a, m as si m inserida nos laços da ordem local. Em um art i-go recent e, M art in Baet hge (2008) f ala sobre a persist ência daquilo que chama cisma edu-caci on al al em ão — ref eri n do- se à di f eren ça en t r e o en si n o m éd i o vo caci o n al o u g en eral i st a. De m o d o p areci d o co m Ber n d Zymek, ele ident if ica na persist ent e divisão um f enômeno pré- indust rial em uma era pós- in-dust rial. De modo relat ivament e súbit o, essa prát ica de longa dat a que sobreviveu a diver-sas eras de ref orm a edu caci on al f i n al m en t e parece t er- se t ornado inef icient e e obsolet a.

O E s t a d o , a p e d a g o g ia e a

e s c o la

A escola pública, como inst it uição- cha-ve do Est ado- nação, decha-ve ser descrit a não só como um modelo burocrát ico, ela t ambém pode ser analisada como uma inst it uição dedicada ao processament o de pessoas. Novament e, é nessa perspect i va do n eoi n st i t u ci on al i sm o qu e as especif icidades organizacionais das escolas t êm sido enf ocadas (M eyer; Rowan, 2006; M eyer; Rowan, 1977).

Ao comparar as escolas a out ras inst it ui-ções, os pesquisadores descobriram duas “ ano-malias” : em primeiro lugar, a f alt a de relações f irmes na hierarquia das organizações, aspec-t o p ara o q u al f o i cu n h ad o o aspec-t erm o l o o se coupling (t radução livre: vinculação inst ável) e, em seg u n d o l u g ar, a f al t a d e u m n ú cl eo t ecnológico (M eyer; Scot t ; Deal, 1983). Em re-lação às escolas, isso sign if ica qu e o n ú cleo t ecnológico, i.e., os processos de aprendizado e ensino nas salas de aula, não corresponde de modo est rit o às expect at ivas ext ernas at ribuí-das à escola. Os pesquisadores concluíram que as chamadas organizações inst it ucionalizadas, t ais como as escolas, report am- se em primei-ro lugar a seu próprio ambient e e empregam de modo cerimonioso expressões como ideias, imaginações, noções et c. “ da casa”. É a conf or-midade com o ambient e inst it ucional que con-f ere l egi t i m i dade à organ i zação. Port ant o, o enraizament o das expect at ivas ext ernas pode ser def inido como um f at or vit al ao explicar a du-rabilidade das organizações educacionais que deve ser levado muit o mais a sério do seria de se supor por cont a de sua real ef icácia (M eyer; Rowan, 1977). O t ermo legit imidade deve assu-mir um sent ido abrangent e para englobar não só as crenças, mas t ambém as razões da legit i-midade.

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pareçam t er sido just os e coerent es com a ideia-chave das soci edades m odern as, i .e., a merit ocracia.

Um a i n di cação prel i m i n ar do col apso dessa lógica f oi o surgiment o dos moviment os de ef icácia da escola e de aprimorament o da esco l a n o s Est ad o s Un i d o s n as d écad as d e 1 9 6 0 e 1 9 7 0 . Esse t am b ém f o i o i n íci o d a govern an ça edu caci on al , cham ada ai n da de governança escolar. Isso t em como pont o de part ida a organização burocrát ica das escolas e só ent ão se pergunt a sob quais condições, com quais const elações de at ores et c. a ef icá-cia escolar poderá ser ampliada e, em t ermos gerais, como as escolas poderão ser aprimora-das. Assim, a pesquisa sobre a ef icácia da esco-la anglo- americana debat e as vant agens e des-vant agens do cont role comunit ário, do cont role da administ ração municipal ou das clássicas de-legacias de ensino, os ef eit os da liderança esco-lar e o envolviment o dos pais, isso para menci-onar apenas alguns poucos aspect os. Na econo-mia da educação, o problema da governança escolar deve ser enf ocado como um problema do principal- agent e (sobre a t eoria econômica do pri n ci pal - agen t e, vej a Ei sen hardt , 1989; Grossmann; Hart , 1983) — novament e, relaciona-da à est rut ura burocrát ica clássica do sist ema educacional. “ Como os ‘diretores’, os ministros da educação e as secret arias de educação podem exercer impact o sobre os agent es, i.e., os prof es-sores responsáveis por colocar em prát ica os cur-rículos e out ros const rut os da polít ica adot ada?” seria uma boa quest ão post ulada sob essa pers-pect iva.

Nas di f eren t es t raj et óri as da crít i ca — sej am el as sob a f orm a de pesqu isa sobre a avaliação, como ocorre nos Est ados Unidos, ou da noção de que os arranjos t radicionais come-çam a se t ornar inef icient es, como ocorre na Alemanha —, os diagnóst icos são muit o simi-lares, e é isso que discut iremos na próxima se-ção.

O d e s a f io e d u c a c io n a l d a

a t u a lid a d e e s u a r e la ç ã o c o m a

g o v e r n a n ç a

É aqu i qu e n os si t u am os n os di as de hoje. Cada vez mais as f ormas ant igas se t or-nam inef icient es, pois os t ipos de subjet ivida-de produzidos não corresponivida-dem mais ao t ipo de sociedade na qual vivemos.

Para elucidar ainda mais as implicações dessas observações, eu gost aria de cit ar uma nar-rat i va m et af óri ca apresen t ada por Thom as Rauschenbach (2005). Ele indica que o at ual de-saf io educacional consist e não só no domínio de uma quant idade cada vez maior de inf ormações, f at os e conheciment o, mas simult aneament e em aprender a dominar as oport unidades e os riscos de um — permitam- me empregar o termo alemão — Lebensführung (tradução livre: conduta de vida) individualizado, portanto, próximo ao nosso tema de aut ogoverno:

An t i gam en t e, as pessoas podi am em barcar diret ament e nos t rens, que iam e vinham ao l o n g o d e t ri l h o s q u e t o rn avam o cam i n h o i n vari ável — e el as ai n da segu i am a ordem das classes e dos est rat os sociais na hora de subir — agora, elas t êm de conduzir suas vi-das por cont a própria em um emaranhado de ruas com diversos ent roncament os e at alhos com ai n da m ais t rânsi t o. Hoj e, as pessoas t êm opções muit o melhores para det erminar a direção e o rit mo de sua viagem por cont a própria, porém, isso t ambém aument a o risco de que se percam, errem o caminho ou sim-plesment e não consigam chegar ao seu des-t i n o. Essas m u dan ças n a con du ção da vi da são u m d esaf i o n ovo e i n d ep en d en t e co m ref lexos nos processos de educação e apren-dizado das crianças. (p. 89)

Barack Obama, president e dos Est ados Unidos, af irmou sucint ament e em um discur-so discur-sobre a escola em 8 de set embro de 2009:

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que o futuro deste país. O que você aprende na escola hoje determinará se a nossa nação conse-guirá superar nossos maiores desafios daqui em diant e. (Obama, 2009)

Isso ref l et e a m u dan ça das prát i cas e dos arran jos sociais, assim como das f ormas colet ivas de at ribuição de sent ido a essas t rans-f ormações, sejam elas relacionadas ao conhe-ciment o ou à inf ormação, aos serviços ou ao empresariado ou, ainda, às met as da educação e à mudança na governança.

O t ermo governança educacional pode ser em pregado para desi gn ar o con j u n t o de medidas para garant ir a qualidade educacional nas escolas. Uma orient ação- chave nesse sent i-do é proporcionada pela mudança de paradigma que consist e em part ir do direcionament o int er-no para o ext erer-no. Uma part e signif icat iva da au t on om i a escol ar, a i n t rodu ção de padrões educacionais e a inclusão de novos at ores, t ais como os econômicos e sociais, são t raços adi-ci on ai s da n ova t en dên adi-ci a. Espera- se qu e a governança educacional t raga novos at ores, in-serindo suas at ividades e o domínio no qual exercem inf luência em uma est rut ura analít ica coerent e: a escola e sua administ ração, os at o-res polít icos, mas t ambém os “ novos” at oo-res, incluindo os int ernacionais.

Vi n do de en con t ro a esse hist óri co, a com paração i n t ern aci on al n a edu cação n ão f oca mais soment e as relações de t roca ent re os países com base na dist inção ent re nações “ doadoras” e “ recept oras” , ent re “ credores” e “ devedores” , ent re “ import adores” e “ export a-dores” , ent re “ polít icas educacionais” de um país e su a “ apropri ação” e “ adapt ação” por out ro país. Ela é mult irrelacional e mult ilat eral no sent ido propost o por M undy (1998) como mult ilat eralismo educacional e post eriorment e discut ido por Jones e Coleman (2005) com a indicação de que os sist emas educacionais não devem mais ser est udados em um cont ext o de Est ado- nação, mas sim como part e de uma rede mais ampla de quest ões de governança global. O t ermo “ governança global” , como

emprega-do por M undy e out ros comparat ist as que ilus-t ram o conceiilus-t o de governança de acordo com os post ulados das relações int ernacionais em ab o rd ag en s d a ci ên ci a p o l ít i ca (Ro sen au ; Czempiel, 1992) relaciona- se de modo diret o a uma abordagem do sist ema- mundo. As at uais abordagens do sist ema- mundo aplicadas à edu-cação, por sua vez, são caract erizadas pela at ri-buição de um papel import ant e às organizações int ernacionais na modelagem das polít icas edu-cacionais. Embora organizações como a União Europeia, a Unesco, a OCDE e o Banco M undi-al t enham sido at ivas na polít ica educacionundi-al desde o período pós- Segunda Guerra M undial, seu papel é muit o mais import ant e nos dias de hoje do que f oi nas últ imas décadas (Reinalda; Verbeek, 1998). Tendo em vist a o cont role da mídia a int ensidade da inf luência, além da f ir-meza das int erações, os comparat ist as chegam cada vez mais à conclusão de que as organi-zações int ernacionais não est ão apenas execu-t ando as políexecu-t icas educacionais em um nível mais alt o, mas sim criando suas próprias agen-d as e co m eçan agen-d o a co n st i t u i r u m n ível t ransnacional na educação. Uma das quest ões principais nesse cont ext o é o est udo das t rans-f ormações que dist inguem as rans-f ormas t radicio-nais de gover- nança educacional em um con-t ex con-t o b u ro cr ácon-t i co d as n ovas f o r m as d e governança mais orient adas pelo mercado ou que se esf orçam para cont rolar os result ados educacionais por meio da avaliação. No con-t excon-t o europeu, um projecon-t o empírico denomina-d o Reg u l at i o n an denomina-d Edenomina-d u cat i o n (Reg u l edenomina-d u c) (M aroy, 2004; 2009) most ra de modo convin-cent e a implement ação dessas novas f ormas de governança.

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Pode- se dizer que a maior part e da li-t erali-t ura especializada dedicada à “ governança” envolve uma análise das t ecnicidades da regu-lament ação. Em sent ido cont rário ao hist órico esboçado acima, t rês áreas em especial af et am o set or da educação: os modos de regulação, as f orm as de provi m en t o e dist ri bu i ção dos serviços educacionais e o surgiment o de novos at ores, t ais como as organizações int ernacio-nais, que são de especial relevância com rela-ção às quest ões da educarela-ção comparada.

Em resumo: a pesquisa sobre governança educacional preocupa- se com os at ores, suas const elações e os modos de coordenação ent re os diversos níveis de análise — os níveis local, nacional e int ernacional; as f ormas de of ere-ciment o da educação e dos programas educa-cionais; e os modos de governança (M art ens; Rusconi; Leuze, 2007; Jakobi, 2009; Chabbot t , 2 0 0 3 ; Al t r i ch t er ; Br ü sem ei st er ; Wi ssi n g er, 2007). E são os modos de governança que t êm recebido at enção redobrada na educação des-de que f oram t razidos à t ona pela primeira vez sob o nome de “ nova administ ração pública” (new public management ) na década de 1980. O objet ivo das est rat égias da nova administ ra-ção pública não é apenas ot imizar a qualida-de da perf ormance, mas t ambém inf luenciar qualida-de modo posit ivo o cust o- benef ício. A ef icácia e a ef iciência da perf ormance baseada em evi-dências t ornaram- se os t ermos- chave.

G o v e r n a n ç a t r a n s n a c io n a l

A seção ant erior ilust rou o f at o de que as n ovas f orm as de govern an ça edu caci on al não podem ser analisadas de modo sat isf at ório no cont ext o de um Est ado- nação. Em vez dis-so, a reinserção do Est ado no cont ext o de uma população nacional e de f ront eiras t errit oriais precisa ser considerado de f orma que a com-plexidade das relações que modelam os sist e-mas educacionais e a polít ica da educação não seja art if icialmen t e simplif icada. A discussão que eu gost aria de apresent ar aqui não se ocu-pa com quest ões sobre a desint egração, o

en-f raqueciment o ou o desapareciment o do Est a-do, volt ando- se à ilust ração de que as novas f ormas de regulament ação só se t ornam com-plet ament e evident es quando observadas em ampla perspect iva.

Em sua int rodução à Transnational Gover-nance (2006), as edit oras M arie- Laure Djelic e Kerst in Sahlin- Andersson concent raram- se na const it uição polít ica da ordem e regulament ação. Elas enf at izaram que a t ransf ormação at ual no enraizament o da educação não deve ser conf un-dida com desregulament ação, enf raqueciment o, f alt a de ordem e est rut ura, mas, ao cont rário, aquilo que elas discut em com t ant a proprieda-de proprieda-deve ser proprieda-denominado f ormas t ransnacionais, e n ão g l o b ai s (D j el i c; Sah l i n - An d er sso n , 2006, p. 3- 5), de regulament ação — que se in-t ensif icam em vez de enf raquecer, e essa inin-t en-sif icação est á diret ament e ligada a uma diminui-ção da conf iança no sent ido t radicional.

Com rel ação a est u dos rel evan t es n o campo da governança t ransnacional, Djelic e Sahlin- Andersson (2006) sugerem que:

O aument o do monit orament o e das at ividades de audit oria est ão associados ao declínio da conf iança. A audit oria e o monit orament o re-velam e deixam as coisas às claras. Em vez de erigir conf iança, a t ransparência pode, de f at o, miná- la ainda mais, levando a novas solicit a-ções de audit oria e monit orament o. Isso é par-t icularmenpar-t e verdadeiro em relação a processos de au t o- regu l am en t ação propensos a quest ionament os. Dessa f orma, a aut o- regula-ment ação t ende a ser subst it uída ou t ransf or-m ada eor-m u or-m a f oror-m a regu l aor-m en t ada e esquemat izada, se não cont rolada, de aut o- re-gulament ação. (p. 13)

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a t aref a de desenvolver capacidades individuais e preparar a geração jovem para part icipar de f or-ma bem- sucedida na sociedade deu origem à pesquisa sobre avaliação na década de 1960. Essa t endência, uma f ont e import ant e de expert ise baseada em evidências, t em sido reit erada pelo f oco t ran sn aci on al para al i n har os si st em as educacionais com as dinâmicas demandas so-ciais, que não são mais consideradas algo com-parável com a si t u ação n a década de 1960, quando as sociedades baseavam- se no regime de produ ção f ordist a e eram m arcadas pel a divisão nas esf eras de inf luência de duas su-perpot ências, assim como as relações de de-pen dên ci a en t re o “ pri m ei ro” e o “ t ercei ro” mundo eram capazes de est abelecer e expan-dir seus sist emas de bem- est ar social. Em con-t rascon-t e com essas condições, o mundo con-t ornou-se global, com respect ivo aument o da compe-t ição e uma incompe-t ensif icação das incompe-t erações em seu início. Quando a pesquisa com orient ação baseada na governança pode nos dizer muit o sobre os m ecan ism os e redes, as f orm as, os meios e as mídias de inf luência, os at ores e as áreas, ela não est á preocupada com a quest ão cent ral da obra de Foucault : como o nexo de su bj et i vi dade en t re t rans- Est ado e edu cação pode ser descrit o e analisado? Lidarei com a quest ão na part e f inal dest e t rabalho.

E d u c a ç ã o e t r a n s - E s t a d o : u m

n e x o m o d e r n o

Como f icou evident e no t ít ulo acima, os dois t ermos são problemát icos. Como designar o re- enraizament o do Est ado — que, sem dúvi-da, permanece sendo um at or poderoso, senão o ú n i co — e com o f al ar de m odo adequ ado sobre n osso at u al con t ext o soci al ? O t erm o t rans- Est ado f oi escolhido porque parece ser o que melhor represent a as implicações em ques-t ão. Ele é mais preciso que “ global” e, ao mes-mo t empo, indica que algo no cenário at ual dif ere da simples replicação das at ividades do Est ado em um nível superior. Riscar o t ermo moderno segue aqui a prát ica semiót ica pós-

es-t rues-t uralises-t a e indica que ele se es-t ornou proble-mát ico. Zygmunt Bauman (2007) elaborou a dist inção ent re modernidade sólida e líquida, qu e vai ao en con t ro do qu e qu erem os di zer aqui. O t ermo adquiriu pref erência em relação a t ermos alt ernat ivos que t ambém designam t ransf ormações em curso passíveis de menção. O pós- modernismo e a pós- modernidade assim como lat e modernit y seriam candidat os plausí-veis. Em conjunt o, essas inseguranças e a bus-ca por uma t erminologia adequada são um si-nal claro de que est amos no meio de algo que signif ica, de f at o, t ransf ormações signif icat ivas, porém ainda é muit o cedo para def inir o nome de cada coisa. Por ora, as apropriações são a melhor alt ernat iva.

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Recebido em 28.09.09 Aprovado em 03.02.10

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