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Análise de fundo de fundos: um estudo para o caso brasileiro

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Academic year: 2017

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(1)

“ANÁLISE DE FUNDO DE FUNDOS:

UM ESTUDO PARA O CASO BRASILEIRO”

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

ESCOLA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA – EPGE

MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM FIANÇAS E ECONOMIA

EMPRESARIAL

2006.1

(2)

LILIANA DE MAGALHÃES CASTRO LEUSIN

“Análise de Fundos de Fundos: Um Estudo para o Caso Brasileiro”

Dissertação apresentada ao Mestrado em

Finanças e Economia Empresarial da

Escola de Pós Graduação em Economia

da EPGE como requisito parcial para a

obtenção do grau de mestre.

Avaliação:

Banca Examinadora:

_____________________________________

Orientador: Marco Antônio Bonomo, Prof. EPGE

_____________________________________

Renato Fragelli Cardoso – EPGE/FGV

_____________________________________

(3)

RESUMO

Este trabalho avalia o desempenho dos fundos de fundos (FICs) no mercado brasileiro, com

foco nos fundos de hedge funds. Foram construídos FICs hipotéticos utilizando estratégias

duas estratégias: investir nos fundos que performaram melhor/pior no período anterior.

Comparou-se o retorno desses FICs com o IFMM, com o CDI, com o Ibovespa e com a média

arimética dos retornos, brutos e líquidos, dos FICs existentes no mercado doméstico. Como

instrumento mais robusto para avaliação das estratégias de fundo de fundos acima esse

trabalho avaliou a persistência de performance, por meio de testes paramétrico e não

paramétrico desenvolvidos por AGARWAL E NAIK (2000). Utilizou-se o retorno dos fundos

no período de janeiro de 1999 a dezembro de 2005. A amostra foi formada por 516 fundos,

incluindo os que surgiram e desapareceram ao longo do período analisado. Encontrou-se

relativa evidência de persistência de performance de fundos multimercado com renda variável

e com alavancagem para janelas trimestrais. Concluiu-se também que os fundos de fundos

multimercado existentes agregaram valor ao investidor, no entanto o efeito da sobre taxa

(4)

INDICE

1. I

NTRODUÇÃO

... 5

1.1.

Motivação e Contribuição ... 5

1.1. Objetivo ... 7

1.2. Organização ... 10

2. A

MOSTRA

... 11

3. P

ERSISTÊNCIA DE

P

ERFORMANCE

... 15

3.1. Revisão

Bibliográfica ... 17

3.2.

Metodologia e Resultados ... 19

3.2.1.

Teste não Paramétrico ... 20

3.2.2. Teste

Paramétrico ... 23

4. E

STRATÉGIAS DE

F

UNDO DE

F

UNDOS

... 26

5. C

ONCLUSÃO

... 31

6. R

EFERÊNCIAS

B

IBLIOGRÁFICAS

... 33

A

NEXO

2:

R

ESULTADO

T

ESTES

P

ARAMÉTRICO

... 44

A

NEXO

3:

M

ETODOLOGIA DO

P

ACTUAL

IFMM ... 60

A

PÊNDICE

1:

A

MOSTRA DE

F

UNDOS

M

ULTIMERCADO COM

R

ENDA

V

ARIÁVEL E

A

LAVANCAGEM

... 64

(5)

1.

Introdução

1.1.

Motivação e Contribuição

O setor do mercado financeiro voltado para a gestão de recursos vem apresentado um

crescimento acentuado nos últimos anos, principalmente depois da estabilização monetária

obtida com a implementação do Plano Real. Em dezembro de 1993 existiam apenas 91 fundos

de investimentos no país, dois anos depois, em dezembro de 2005, esse número saltou para

4.780, além disso, seu patrimônio em termos reais multiplicou por cinco, atingindo 738

bilhões de reais segundo dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimentos

(ANBID). Esses números colocam o Brasil na 12

a

posição mundial em termos patrimoniais.

Com o crescimento da indústria de fundos, surgem, também, algumas questões

relacionadas a sua forma e viabilidade, tais como: Como escolher os melhores fundos de

investimentos? Fundos que apresentaram melhor performance no passado são as melhores

opções de investimento no futuro? Fundo de Fundos cumprem bem o papel de escolha e de

diversificação entre fundos?

A produção acadêmica nacional há muito tempo vem analisando as características dos

fundos de investimento, no entanto, a parcela que estuda especificamente os hedge funds

1

ou

fundos multimercados

2

, ainda é pequena, no entanto a importância desses fundos é cada vez

maior. Em dezembro de 2005 a participação desses fundos na indústria de fundos de

investimento doméstica era de 39,68% em termos de número de fundos e 17,66% em termos

de patrimônio.

1

Hedge Funds, ao contrário do que o nome sugere, não busca proteção e sim retorno absoluto através de posições especulativas assumidos nos

mais diversos instrumentos financeiros e mercados.Os fundos domésticos que mais se assemelham aos hedge funds são os fundos

multimercado, de acordo com a classificação ANBID.

2

(6)

Esse trabalho terá como foco a análise de fundos de hedge funds como instrumento

alternativo de investimento. Os hedge funds vêm ganhando a atenção de investidores privados

e institucionais nos últimos anos, ao provarem ser um instrumento bastante útil de

diversificação de portifólio e de preservação de riqueza, revertendo a reputação de

investimento não seguro. No entanto, investidores que resolvem investir diretamente em

hedge funds encontram alguns desafios: grande número de fundos, diversidade de estratégias

utilizadas e de objetivos, flexibilidade dos mesmos na utilização de instrumentos financeiros

sofisticados, dentre outros.

Ao colocar vários hedge funds juntos em um veículo de investimento, os fundos de fundos

parecem ser uma boa solução para os desafios encontrados pelo investidor, citados acima.

Eles combinam uma gestão profissional de asset allocation com diversificação de risco. No

entanto, será que na prática os fundos de hedge funds são capazes de agregar valor para o

(7)

1.1.

Objetivo

A dissertação terá por objetivo avaliar a performance dos fundos de fundos no mercado

brasileiro, com foco nos fundos de hedge funds. A idéia é analisar se os FICs (fundos de

investimento em cotas) são capazes de agregar valor para o investidor.

Serão construídos FICs hipotéticos utilizando duas estratégias:

1

a

) FICs que fazem revisão de portfolio a cada período, reinvestindo sempre nos fundos que

performaram mais no período anterior, acreditando que há persistência no retorno dos fundos.

2

a

) FICs que fazem revisão de portfolio a cada período, reinvestindo sempre nos fundos que

performaram menos no período anterior, acreditando que há reversão à média.

Dessa forma, comparar-se-á o desempenho de uma carteira que carrega os fundos que

estão no pior decil contra uma que contem os fundos que estão no melhor decil. Como o

objetivo é o de medir a consistência dos retornos, os fundos são classificados em um período e

seu desempenho medido no período seguinte. Desta forma, construir-se-á duas carteiras

baseadas na rentabilidade do período anterior, uma com os 10% melhores fundos e outra com

os 10% piores. O desempenho delas é medido pelo período seguinte. Feito isto, as carteiras

são redefinidas de acordo com seu desempenho neste período para recomposição da

performance no período seguinte. Isto é feito sucessivamente até a última janela do período

analisado.

Na comparação será incluído também o IFMM, índice de fundos multimercado

(8)

carregada pelo CDI do período, o Ibovespa, uma média dos fundos multimercado utilizados e

o IFIC, que é a médias arimética do retorno de todos os FICs do mercado doméstico. Uma

alternativa seria utilizar o ponderado dos FICs do mercado domésticos pelo volume, no

entanto a indústria de fundos de fundos está bastante concentrada em alguns poucos players

com destaque para os bancos de varejo. Dessa forma, ao ponderar pelo volume o resultado

seria bastante viesado, o que empobreceria a análise.

Ao final serão retiradas do IFIC as taxas de administração e de performance, para

analisarmos o quanto e se a dupla incidência de taxas é prejudicial para os fundos de fundos.

Como instrumento mais robusto para a avaliação das estratégias de FICs citadas acima,

esse trabalho avaliará primeiramente, por meio de testes paramétrico e não paramétrico, se há

persistência na performance de hedge funds, mais especificamente dos fundos multimercados

com renda variável e com alavancagem que, conforme mencionado no seção 2, são os mais

semelhantes aos hedge funds internacionais. Esse segmento representava 92% da indústria de

fundos multimercados em termos de número de fundo e 31,34% em termos de PL, em

Dezembro de 2005. A análise de persistência no retorno de hedge funds por si só é de vital

importância uma vez que estudos comprovam que o investidor aloca seus recursos baseado na

performance passada dos fundos

3

.

As análises feitas nesse trabalho são de fundamental importância tanto para o gestor de

recursos e investidores em geral quanto para o meio acadêmico. Para os primeiros a

relevância se dá pela necessidade de se alocar recursos eficientemente entre fundos tendo em

vista o crescimento da industria de asset allocation no Brasil. Para o segundo, análise tem

importância a medida que se analisará persistência de performance dos hedge funds em um

(9)

ambiente de taxas de juros voláteis, uma vez que esse estudo já foi feito em um ambiente de

(10)

1.2.

Organização

Esse trabalho está organizado da seguinte forma:

A próxima seção apresenta a amostra utilizada nos testes e análises desse trabalho, as

premissas para construção da mesma e os critérios de exclusão. A terceira seção trata da

persistência na performance de hedge funds, estando dividida em duas sub-seções: revisão

bibliográfica e metodologia e resultados. A revisão bibliográfica identifica algumas linhas de

pesquisa, sendo que o artigo de AGARWAL e NAIK (2000) responde pela base dos testes

aqui efetuados. No entanto, todos os outros artigos citados servem de forma direta ou indireta

para melhor definir a base de dados, os testes e os aspectos relevantes deste trabalho. A seção

quatro compara a performance dos fundos de fundos hipotéticos, criados utilizando as duas

estratégias enunciadas na introdução desse estudo, com o IFMM, o IFIC, o CDI, o Ibovespa e

a média de retorno dos fundos multimercado utilizados. Nessa seção analisa-se também o

efeito da duplicidade taxas sobre a performance dos FICs. A idéia é verificar se os fundos de

hedge funds são capazes de agregar valor ao investidor. Por fim a última seção apresenta as

(11)

2.

Amostra

A ANBID tem procurado agrupar e classificar os fundos segundo seus objetivos e riscos.

Atualmente existem 10 grupos e um total de 30 subgrupos, sendo que pela definição, os

fundos multimercados com alavancagem e renda variável são os que mais se assemelham com

a definição de hedge fund, e por este motivo este será o universo de fundos utilizado neste

trabalho, guardadas as devidas divergências conforme detalhamento a seguir.

O ponto de maior diferença diz respeito à periodicidade de cotas, liquidez e benchmark.

Os fundos multimercados com renda variável e alavancagem divulgam diariamente as cotas,

têm como benchmark o CDI e possuem elevada liquidez, em geral até 30 dias corridos. Ao

contrário, os hedge funds americanos divulgam as cotas mensal ou bimensalmente,

apresentam liquidez restrita, maior do que um mês com penalidades e buscam retorno

absoluto (quando possuem benchmark geralmente é um índice de bolsa). Observa-se que a

indústria de fundos multimercados doméstica está caminhando em direção à americana no

sentido de reduzir a liquidez de resgate. Há poucos anos 100% dos fundos multimercado

disponibilizavam os resgates de seus cotistas no dia seguinte à solicitação. Atualmente,

cientes da possibilidade de dificuldades de liquidez quando do encerramento, mesmo que

parcial das posições das suas carteiras, alguns gestores têm colocado algum tipo de carência

para resgate dos fundos. Não obstante, a liquidez de divulgação de cotas permaneça a mesma

sem sinais claros de mudança.

Outro ponto importante a ser destacado é a origem oposta dos fundos. Os hedge funds

americanos derivam dos fundos de renda variável, dessa forma eles buscam retornos

(12)

fundos multimercados derivam dos fundos de renda fixa, propondo retornos maiores do que

esta associados a um risco também maior.

Além das diferenças mencionados acima, cabe ressaltar que os hedge funds possuem

bastante liberdade em termos regulatórios e operacionais. Existem poucas restrições aos tipos de

investimentos efetuados, o foco não é o limitar as operações do fundo, mas o de restringir seus

cotistas a um universo de pessoas que tenham entendimento e condições financeiras suficientes

para aplicarem seus recursos nesse tipo de instrumento. Os fundos multimercado com

alavancagem e renda variável são regulados pela CVM e por isso apresentam restrições aos

tipos de investimento relativamente mais severas que os hedge funds americanos. As restrições

se tornam mais flexíveis quando o público alvo do fundo forem investidores qualificados

4

, indo

de acordo com a idéia de restringir os cotistas.

Uma idéia alternativa a utilizar a categoria multimercado com renda variável e

alavancagem seria fazer uma análise de estilo dos fundos

5

que permite avaliar a exposição de

qualquer carteira de investimento. No entanto optou-se por utilizar a classificação da Anbid

na medida em que se trata de uma instituição com respaldo e entendimento da indústria

suficientes, e que vem aprimorando seus parâmetros ao longo dos anos. Além disso, existem

alguns artigos que criticam aquele ferramental para análise do perfil dos fundos. DOR e

JAGANNATHAN (2002), por exemplo, defendem a importância da utilização de

classificações para fundos por verem a análise por estilo como limitada. Segundo eles o

método de análise demora a detectar mudanças no estilo, e às vezes nem é capaz de fazê-lo.

Isto se torna muito prejudicial especificamente no caso dos hedge funds que possuem

estratégias dinâmicas e mutáveis ao longo do tempo. Nesta linha, CHISTOPHERSON (1995)

4

Investidores qualificados são, de acordo com a instrução 409, instituições financeiras, companhias seguradoras e sociedades de capitalização,

entidades abertas e fechadas de previdência complementar, pessoas físicas e jurídicas que possuam investimentos financeiros em valor superior

a R$300.000,00 (trezentos mil reais).

5

(13)

conclui que mesmo a técnica mais apurada de identificação de estilo de um fundo não é capaz

de prever melhor seu perfil do que a simples consulta às informações fornecidas pelos

administradores, por empresas especializadas ou órgãos reguladores.

A indústria de fundos apresenta viés de sobrevivência a medida que fundos que têm

rendimentos ruins tendem a acabar ou serem fundidos em um curto período de tempo. Isso

tende a viesar para o lado positivo a performance da amostra de fundos como um todo, pois

no longo prazo apenas os vitoriosos sobrevivem.

Com o objetivo de reduzir o viés de sobrevivência, utilizou -se o retorno dos fundos do

período de janeiro de 1999 a dezembro de 2005. A amostra foi formada por 516 fundos,

incluindo aqueles que sugiram depois de janeiro de 1999 e os que desapareceram antes de

término de 2005. Ao fazer um breve acompanhamento da história dos fundos derivativos

6

no

Brasil, observa-se uma taxa de mortalidade muito baixa, sendo que o encerramento dos

fundos se dá por basicamente três motivos: desempenho extremamente ruim, fusão entre

instituições financeiras ou mudança de legislação

7

. Em janeiro de 1999, a desvalorização

cambial provocou fortes prejuízos em alguns fundos, que acabaram encerrando suas

atividades no início do mesmo ano e por isso não constam na base de dados desse trabalho.

Desde então, o único evento que causou perdas acentuadas foi o episódio de marcação a

mercado, com os fundos afetados permanecendo na base de dados.

As tabelas abaixo mostram as particularidades da amostra, incluindo dentre outras

informações, a quantidade de fundos efetivamente utilizados (que existiam no período em

questão), assim como os fundos criados e extintos no período.

6

Antecessores aos fundos mulimercados

(14)

Período

# Total de

Fundos

# Fundos

Extindos

# Fundos

Criados

1o tri 1999

40

N/D

N/D

2o tri 1999

41

0

1

3o tri 1999

49

0

8

4o tri 1999

63

0

14

1o tri 2000

78

0

15

2o tri 2000

90

0

12

3o tri 2000

101

0

11

4o tri 2000

127

0

26

1o tri 2001

136

0

9

2o tri 2001

140

8

12

3o tri 2001

162

0

22

4o tri 2001

175

4

17

1o tri 2002

181

10

16

2o tri 2002

190

10

19

3o tri 2002

187

18

15

4o tri 2002

192

9

14

1o tri 2003

215

3

26

2o tri 2003

233

7

25

3o tri 2003

252

7

26

4o tri 2003

263

10

21

1o tri 2004

279

5

21

2o tri 2004

287

10

18

3o tri 2004

302

11

26

4o tri 2004

297

13

8

1o tri 2005

291

18

12

2o tri 2005

299

10

18

3o tri 2005

303

14

18

4o tri 2005

313

5

15

TOTAL

172

445

Retornos Trimestrais

VIDA MÉDIA: 10,24 TRIMESTRES

Separou-se também os fundos de investimento em cotas de fundos multimercado, que

serão utilizados apenas na fase final desse trabalho ao acompanharmos o desempenho dos

FICs efetivos com o dos FICs hipotéticos que utilizam estratégias de investimentos

quantitativas específicas. Dessa amostra excluíram-se os FICs espelhos (que aplicam em

apenas um hedge fund).

A base de dados utilizada foi a do sistema Quantum Axis e da Anbid, para os fundos

existentes para os encerrados, respectivamente.

Uma lista com o hedge funds utilizados e com os fundos de hedge funds encontram-se,

respectivamente, nos apêndices 1 e 2 desse trabalho.

Período

# Total de

Fundos

# Fundos

Extindos

# Fundos

Criados

1o sem 1999

40

N/D

N/D

2o sem 1999

49

0

9

1o sem 2000

78

0

29

2o sem 2000

101

0

23

1o sem 2001

128

7

34

2o sem 2001

158

3

33

1o sem 2002

171

18

31

2o sem 2002

178

24

31

1o sem 2003

208

9

39

2o sem 2003

242

15

49

1o sem 2004

269

13

40

2o sem 2004

289

19

39

1o sem 2005

281

28

20

2o sem 2005

298

18

35

TOTAL

154

412

Retornos Semestrais

VIDA MÉDIA: 4,83 SEMESTRES

Período

# Total de

Fundos

# Fundos

Extindos

# Fundos

Criados

1999

40

N/D

N/D

2000

78

0

38

2001

125

6

53

2002

147

29

51

2003

193

21

67

2004

250

21

78

2005

263

38

51

TOTAL

115

338

Retornos Anuais

(15)

3.

Persistência de Performance

É de conhecimento geral que estratégias ativas tradicionais, como investir em mutual

funds, na média, apresentam performance inferior a estratégias passivas de investimentos. Os

poucos gestores de mutual funds que conseguem superar a estratégia passiva tentem a mover a

gestão para estratégias alternativas de investimentos, abrindo o seu próprio hedge fund. Isso fez

com que muitos investidores que seguiam uma estratégia ativa/passiva considerassem substituir

a parte ativa do seu portifólio por estratégias alternativas de investimentos.

A inclusão de hedge funds no portifólio podem resultar em melhores trade-offs

risco/retorno devido à baixa correlação entre o retorno de hedge funds e o retorno classes

tradicionais de ativos como ações, títulos e moedas

8

. No entanto a questão que surge é se os

hedge funds são capazes de, consistentemente, gerar valor para o investidor. Essa é uma questão

particularmente importante no contexto de hedge funds, pois muitos destes apresentam

condições de resgate diferenciado, o que de certa forma obriga os investidores a permanecerem

nesses instrumentos de investimento por mais tempo. Assim, o investidor precisa ter informação

suficiente sobre a performance no longo prazo desses fundos antes de aplicar neles.

Na prática determinar se existe persistência na indústria de hedge funds significa dizer que

alguns fundos apresentam consistentemente retornos superiores a outros. Mais ainda, que

alguns fundos conseguem oferecer aos investidores retornos acima da média de mercado, o

8

Veja Fung e Hseid (1997), Agarwal e Naik (2000

a

(16)

que coloca em xeque a Hipótese de Mercado Eficiente (HME)

9

, base da teoria moderna de

finanças.

9

(17)

3.1.

Revisão Bibliográfica

Há diversos artigos na literatura que examinam a persistência na performance de hedge

funds. BROW, GOETZMANN e IBBOTSON [1999] estimam a performance de hedge funds

offshore utilizando o retorno bruto, o retorno ajustado pelo risco utilizando o CAPM e o

excesso de retorno sobre o benchmark dos fundos. Eles encontraram pequena persistência na

performance relativa entre gestores. Ao contrário, AGARWAL e NAIK (2000a) e

AGARWAL e NAIK (2000b), utilizando hedge funds onshore e offshore, encontraram

evidência de persistência significativa em bases trimestrais, isto é, gestores com retornos

relativamente altos no trimestre corrente tentem a apresentar retornos relativamente altos no

próximos trimestre. Eles utilizaram, como medida de performance, o excesso de retorno de

um hedge fund em relação ao retorno médio de todos os fundos que seguem a mesma

estratégia

10

. Eles utilizaram testes paramétrico e não paramétrico para testar a persistência da

performance. No caso deles a persistência da performance foi guiada principalmente pelos

perdedores. EDWARDS E CAGLAYAN [2001b] consideraram um modelo de oito fatores

para avaliar a performance de um hedge fund. Eles também encontraram evidência de

persistência de performance em horizontes de um e dois anos. Eles também mostram que

persistência ocorre tanto entre “ganhadores” quanto entre “perdedores”.

Mais recentemente, BARES, GIBSON E GYGER [2003] aplicaram um teste não

paramétrico aos fundos individualmente e um modelo APT com oito fatores e concluíram que

há persistência de performance com horizontes de um a três meses. CAPOCCI E HUBNER

[2004] seguiram a metodologia de CARHART [1997], não encontrando evidência de

(18)

persistência na performance dos melhores e piores fundos, mas encontraram ligeira evidência

para fundos que pertencem aos decis medianos. BOYSON E COOPER [2004] não

encontraram evidência de persistência na performance quando apenas o risco sistemático e

fatores de estilo são utilizados na estimação, mas encontram persistência trimestral quando

estilo de gestão é levado em consideração. BAQUERO, TER HORST E VERBEEK [2005]

concertaram-se na contabilidade da self-selection look-ahead bias ao avaliar a performance de

um hedge fund. KOSOWSKI, NAIK AND TEO [2005] utilizaram um modelo de sete fatores

e aplicaram um procedimento bootstrap, assim como medidas Baysianas para estimar a

performance de hedge funds. Considerando um ranking de performance, eles encontraram

evidência de persistência na performance no horizonte de um ano. Finalmente,

JAGANNATHAN, MALAKHOV E DMITRY [2006], utilizando um procedimento GMM,

que lida com a mensuração de erros e self selection bias simultaneamente, encontraram

persistência na performance dos fundos relativamente aos benchmarks específicos de cada

estilo. O resultado mostra que metade da performance superior ou inferior durante um

(19)

3.2.

Metodologia e Resultados

Como o objetivo do trabalho é testar se fundos de fundos que utilizam estratégia de

investir nos hedge funds que apresentaram melhor performance no período anterior é preciso

analisar se há persistência do retorno destes, ou seja, se os ganhadores continuam sendo

ganhadores e os perdedores continuam sendo perdedores.

Para testar a persistência na performance dos fundos esse trabalho utilizará a metodologia

desenvolvida por AGARWAL e NAIK (2000), que, por sua vez, segue BROWN ET. AL.

(1995)(1999) ao comparar o indicador de performance no período corrente com o indicador de

performance no período anterior. Eles utilizam dois indicadores de performance: o alpha e o

appraisal ratio. O alpha é definido como o retorno de um hedge fund menos a média de retorno

de todos os hedge funds

11.

É de conhecimento geral que diferentes hedge funds utilizam níveis

diferentes de alavancagem para aumentar os alphas

12

, no entanto isso também aumenta a

volatilidade dos retornos, que não é capturada pelo alpha. Dessa forma, também será utilizado

um segundo indicador, denominado appraisal ratio. Ele é definido como o alpha dividido pelo

desvio padrão residual, resultado da regressão do retorno do hedge fund no retorno médio de

todos os hedge funds. O appraisal ratio leva em consideração a diferença nas volatilidades dos

retornos e é invariante com a alavancagem.

Serão utilizados dois métodos, um paramétrico (baseado em regressões) e um não

paramétrico (baseado em tabelas de contingência). Os testes serão conduzidos em intervalos

trimestrais, semestrais e anuais utilizando alpha e appraisal ratio.

11

AGARWAL e NAIK (2000) separam os hedge funds entre os que utilizam estratégia direcional e os que não utilizam. Esse trabalho não entrará

nesse mérito pois a indústria de fundos hedge no Brasil ainda é muito incipiente e não está muito segmentada ainda.

12

(20)

3.2.1.

Teste não Paramétrico

Será construída uma tabela de contingência com ganhadores e perdedores onde um fundo

é ganhador quando o alpha/appraisal ratio do fundo é maior que a mediana dos alphas de todos

os fundos no período em análise, caso contrário é perdedor. Persistência nesse contexto

relaciona todos os fundos que são ganhadores em dois períodos consecutivos (trimestrais,

semestrais e anuais) denominados WW, ou perdedores em dois períodos consecutivos,

denominados LL. Similarmente, ganhadores no primeiro período e perdedores no segundo

período são denominados WL e LW denota o inverso. Nesse contexto será utilizado uma razão

de produtos cruzados (CPR) e uma estatística qui-quadrada para detectar persistência.

A CPR, definida como

(

)

(

WL

LW

)

LL

WW

×

×

, captura a razão entre os fundos que mostram

persistência e os que não mostram. A hipótese nula de que não há persistência é de que a CPR

seja igual a um. Em outras palavras, quando não há persistência é de se esperar que cada uma

das quatro categorias, denotadas por WW,LL, WL e LW teria 25% do número total de fundos.

Determina-se a significância estatística da CPR utilizando a desvio padrão do logarítimo

natural da CPR, dados por

13

:

2

)

ln(

1

1

1

1

LL

LW

WL

WW

CPR

=

+

+

+

σ

Também será construído um teste qui-quadrado comparando a distribuição de freqüência

observada de WW, WL, LW e LL para cada hedge fund com a freqüência esperada da

distribuição. CARTER E LYNCH (1999) estudaram a especificação e o poder de vários testes

(21)

de persistência. Eles encontraram que o teste qui-quadrado baseado no número de ganhadores e

perdedores é bem especificado e mais robusto a presença de viés de sobrevivência, quando

comparado a outras metodologias. Computa-se a estatística qui-quadrada como:

(

) (

) (

) (

)

4

4

3

3

2

2

1

1

2

2

2

2

D

D

LL

D

D

LW

D

D

WL

D

D

WW

+

+

+

onde,

(

)

(

)

(

)

N

LL

WL

LL

LW

D

N

LW

WW

LL

LW

D

N

LL

WL

WL

WW

D

N

LW

WW

WL

WW

D

)

(

4

)

(

3

)

(

2

)

(

)

(

1

+

×

+

=

+

×

+

=

+

×

+

=

+

×

+

=

Testa-se a estatística a 5% de significância, que corresponde ao valor crítico da estatística

qui-quadrada de 3.84, correspondente à distribuição qui-quadrada com um grau de liberdade.

A tabela abaixo contém um resumo dos resultados por alpha e appraisal ratio para janelas

trimestrais, semestrais e anuais.

CPR

QUI-QUADRADA

CPR

QUI-QUADRADA

51.85%

51.85%

62.96%

62.96%

23.08%

23.08%

38.46%

38.46%

50.00%

50.00%

50.00%

50.00%

% Anos com persistência

ALPHA

APPRAISAL RATIO

% Trimestres com persistência

% Semestres com persistência

Percebe-se que há evidência de persistência de performance em janelas de 3 meses e de

um ano, tanto pelo alpha quanto pelo appraisal ratio. Pode-se tentar explicar a maior

persistência em períodos anuais em relação aos semestrais pois muitos fundos são abertos e

(22)

forma, um certo viés de sobrevivência. Contra intuitivamente a evidência de performance é

maior utilizando o appraisal ratio, que de certa forma pondera retorno por risco.

É importante destacar que apesar de bastante equilibrada a persistência aparece mais

do lado do ganhador. Ou seja, encontrou-se maior incidência de fundos com dois períodos

seguidos com rentabilidade maior do que a mediana da amostra do que o contrário, como

mostra a tabela abaixo. O mencionado só não é verdade para persistência calculada pelo

appraisal ratio em janelas de um ano, quando o número de períodos em que fundos

perdedores supera o número ganhadores é maior.

Alpha

Appraisal Ratio

# de períodos em que WW superou LL

13

11

# de períodos em que LL superou WW

9

8

# de períodos em que WW igualou LL

5

8

# de períodos em que WW superou LL

5

4

# de períodos em que LL superou WW

5

3

# de períodos em que WW igualou LL

3

6

# de períodos em que WW superou LL

4

5

# de períodos em que LL superou WW

1

1

# de períodos em que WW igualou LL

1

0

3 Meses

6 Meses

1 Ano

(23)

3.2.2.

Teste Paramétrico

Uma ferramenta alternativa para se testar a persistência do retorno de fundos é uma

regressão do valor do alpha (appraisal ratio) do período corrente, no valor do alpha (appraisal

ratio) no período anterior.

i

ti

i

t

c

y

e

y

+

1

=

+

β

+

onde,

yt+1 é o valor do indicador no período 2

yt é o valor do indicador no período 1

Uma inclinação significativamente positiva no alpha (

appraisal ratio) passado sugere que

um

hedge fund que foi bem no período anterior irá bem no período subseqüente e vice versa.

Os resultados dos testes são pouco elucidativos, não havendo diferenças no resultado final

ao utilizar o

alpha ou o appraisal ratio como indicadores de performance. Com 5% de

significância apenas 1,76%, 1,04% e 0,90% da amostra de fundos apresentam evidência de

persistência em janelas trimestrais, semestrais e anuais, respectivamente tanto para o

alpha

quanto para o

appraisal ratio. Ao analisar o percentual de fundos que apresentaram reversão à

média (coeficiente angular negativo) chega-se a valores também não muito expressivos. A 5%

de significância 1,01%, 5,19% e 3,60% da amostra de fundos apresentaram evidência de

(24)

Os resultados não vão muito de acordo com os do modelo paramétrico enunciados na

seção acima. Apesar de em ambos os modelos os fundos apresentarem maior evidência de

persistência de performance em janelas trimestrais, no modelo não paramétrico a evidência de

persistência é maior para janelas anuais do que semestrais, ao contrário do modelo paramétrico.

Os resultados a primeira vista contraditórios, tanto em ordem de grandeza quanto

qualitativamente, ocorrem por serem testes bastante diferentes uma vez que o primeiro analisa

janelas com persistência para todos os fundos em conjunto e o segundo analisa cada fundo

separadamente durante toda a sua história.

É importante ressaltar que o R

2

das regressões foi bastante baixo, o que torna esse modelo

mais fraco.

As tabelas a seguir são um resumo dos resultados encontrados.

Resultados do Modelo Paramétrico

Apha - 3 Meses 1% 5% 10% Appraisal Ratio- 3 Meses 1% 5% 10%

# Fundos Coef. Linear Significativo 1 12 24 # Fundos Coef. Linear Significativo 1 12 24

% Fundos Coef. Linear Significativo 0.25% 3.02% 6.03% % Fundos Coef. Linear Significativo 0.25% 3.02% 6.03%

# Fundos Coef. Angular Positivo Significativo 4 7 17 # Fundos Coef. Angular Positivo Significativo 4 7 17

% Fundos Coef. Angular Positivo Significativo 1.01% 1.76% 4.27% % Fundos Coef. Angular Positivo Significativo 1.01% 1.76% 4.27%

# Fundos Coef. Angular Negativo Significativo 1 4 5 # Fundos Coef. Angular Negativo Significativo 1 4 5

% Fundos Coef. Angular Negativo Significativo 0.25% 1.01% 1.26% % Fundos Coef. Angular Negativo Significativo 0.25% 1.01% 1.26%

# Fundos Coef. Angular Positivo 197 # Fundos Coef. Angular Positivo 197

% Fundos Coef. Angular Positivo 49.50% % Fundos Coef. Angular Positivo 49.50%

R^2 Médio 0.1105 R^2 Médio 0.1105

Apha - 6 Meses 1% 5% 10% Apha - 6 Meses 1% 5% 10%

# Fundos Intercepto Significativo 1 11 18 # Fundos Intercepto Significativo 1 11 18

% Fundos com Intercepto Significativo 0.35% 3.81% 6.23% % Fundos com Intercepto Significativo 0.35% 3.81% 6.23%

# Fundos Coef. Angular Positivo Significativo 0 3 6 # Fundos Coef. Angular Positivo Significativo 0 3 6

% Fundos Coef. Angular Positivo Significativo 0.00% 1.04% 2.08% % Fundos Coef. Angular Positivo Significativo 0.00% 1.04% 2.08%

# Fundos Coef. Angular Negativo Significativo 6 15 27 # Fundos Coef. Angular Negativo Significativo 6 15 27

% Fundos Coef. Angular Negativo Significativo 2.08% 5.19% 9.34% % Fundos Coef. Angular Negativo Significativo 2.08% 5.19% 9.34%

# Fundos Coef. Angular Positivo 75 # Fundos Coef. Angular Positivo 73

% Fundos Coef. Angular Positivo 25.95% % Fundos Coef. Angular Positivo 25.26%

R^2 Médio 0.2817 R^2 Médio 0.2847

Apha - 12 Meses 1% 5% 10% Apha - 12 Meses 1% 5% 10%

# Fundos Intercepto Significativo 0 2 3 # Fundos Intercepto Significativo 0 2 3

% Fundos com Intercepto Significativo 0.00% 1.80% 2.70% % Fundos com Intercepto Significativo 0.00% 1.80% 2.70%

# Fundos Coef. Angular Positivo Significativo 0 1 3 # Fundos Coef. Angular Positivo Significativo 0 1 3

% Fundos Coef. Angular Positivo Significativo 0.00% 0.90% 2.70% % Fundos Coef. Angular Positivo Significativo 0.00% 0.90% 2.70%

# Fundos Coef. Angular Negativo Significativo 0 4 5 # Fundos Coef. Angular Negativo Significativo 0 4 5

% Fundos Coef. Angular Negativo Significativo 0.00% 3.60% 4.50% % Fundos Coef. Angular Negativo Significativo 0.00% 3.60% 4.50%

# Fundos Coef. Angular Positivo 47 # Fundos Coef. Angular Positivo 41

% Fundos Coef. Angular Positivo 42.34% % Fundos Coef. Angular Positivo 36.94%

R^2 Médio 0.3217 R^2 Médio 0.3265

% Significância % Significância

% Significância

% Significância % Significância

(25)
(26)

4.

Estratégias de Fundo de Fundos

Essa seção tem por objetivo avaliar a evolução da performance de FICs hipotéticos ao longo

do tempo segundo diferentes estratégias quantitativas, comparando com índices de referência

como o CDI, o Ibovespa Médio, o IFMM e a média aritmética de todos os fundos multimercado

utilizados (média FIMs). Analisou-se também a performance efetiva dos FICs multimercado

existentes na indústria de fundos brasileira para verificar se os gestores de fundos de fundos são

capazes de agregar valor para o investidor.

Analisando os gráficos e a tabela abaixo verifica-se que as estratégias quantitativas de

investir nos fundos que pertenceceram ao primeiro e ao último decil nos períodos anteriores,

denominadas estratégias 1 e 2, respectivamente, são bastante voláteis e apresentam, em sua

maioria, retorno abaixo do CDI (exceção da estratégia 2 de 1 ano até o final de 2004, quando a

estratégia se torna perdedora). A elevada volatilidade é bastante intuitiva pois fundos que são

mais agressivos geralmente aparecerem nas extremidades do histograma de retorno da indústria.

Cabe-se destacar que, dentre as estratégias quantitativas descritas, a estratégia 1 de 3 meses é a

melhor tanto em retorno quanto em volatilidade. Intuitivamente, a pior estratégia é a 2 de 3

meses. Isso mostra que, de certa forma, há persistência no retorno dos

hedge funds no período

de 3 meses, o que vai de acordo, de certa forma, com os testes paramétrico e não paramétrico

(27)

EVOLUÇÃO DO RETORNO

-100%

-50%

0%

50%

100%

150%

200%

dez/99

fev

/00

abr/00

jun/00

ago/00

out/00

dez/00

fev

/01

abr/01

jun/01

ago/01

out/01

dez/01

fev

/02

abr/02

jun/02

ago/02

out/02

dez/02

fev

/03

abr/03

jun/03

ago/03

out/03

dez/03

fev

/04

abr/04

jun/04

ago/04

out/04

dez/04

fev

/05

abr/05

jun/05

ago/05

out/05

dez/05

IFIC

CDI

IBOV

IFMM

IFIC BRUTO

ESTRATÉGIA 1 - 3 Meses

ESTRATÉGIA 2 - 3 Meses

ESTRATÉGIA 1 - 6 Meses

ESTRATÉGIA 2 - 6 Meses

ESTRATÉGIA 1 - 1 Ano

ESTRATÉGIA 2 - 1 Ano

Média FIMs

EVOLUÇÃO DO RETORNO - COMPARAÇÃO DAS MELHORES ESTRATÉGIAS

-50%

0%

50%

100%

150%

200%

J

an-00

Ma

r-0

0

Ma

y

-0

0

Jul

-00

Sep-00

No

v-0

0

J

an-01

Ma

r-0

1

Ma

y

-0

1

Jul

-01

Sep-01

No

v-0

1

J

an-02

Ma

r-0

2

Ma

y

-0

2

Jul

-02

Sep-02

No

v-0

2

J

an-03

Ma

r-0

3

Ma

y

-0

3

Jul

-03

Sep-03

No

v-0

3

J

an-04

Ma

r-0

4

Ma

y

-0

4

Jul

-04

Sep-04

No

v-0

4

J

an-05

Ma

r-0

5

Ma

y

-0

5

Jul

-05

Sep-05

No

v-0

5

(28)

Observa-se que o retorno dos fundos de fundos existentes na indústria brasileira,

demonstrados no gráfico pela linha correspondente ao IFIC, permanece próximo e abaixo do

CDI durante todo o período. A princípio poder-se-ia comentar que os gestores

de funds of hedge

funds não são capazes de agregar valor para o investidor. No entanto, o IFIC foi construído a

partir dos retornos líquidos da taxa de administração e de performance. Para avaliar a habilidade

efetiva dos gestores construiu-se o IFIC bruto das respectivas taxas cobradas pelos fundos e

pode-se concluir que o retorno da indústria de fundo de fundos torna-se muito superior ao CDI e

bastante próximo do IFMM.

Fundos de fundos têm muitas vantagens para o investidor como diversificação,

escolha profissional dos

hedge funds que comporão o portifólio dentre diversos fundos com

diferentes estratégias e

modus operantis, além de proporcionar o acesso do pequeno investidor a

fundos com aplicação mínima bastante elevada. No entanto o efeito da sobre taxa

14

cobrada por

esses produtos gera um custo bastante alto para o cotista. É de se esperar que os fundos de

fundos consigam agregar valor para o investidor a despeito do custo extra. No entanto,

analisando o gráfico abaixo vemos que a estrutura de duplicidade de taxas é bastante punitiva,

restringindo de certa forma a atratividade desses instrumentos. Um argumento comum entre os

participantes do mercado é de que essa estrutura de taxas podem induzir os gestores de fundos

de fundos a investir em hedge funds mais arriscados para assegurar que os retornos brutos de

taxas são suficientemente grandes para absorver as taxas cobradas diretamente pelos FICs.

Além disso, a diversificação, que aparentemente é bastante benéfica a medida que reduz o risco

específico, gera um custo que muitas vezes é desprezado. Quanto mais diversificado for um

fundo maior a probabilidade de que o investidor irá incorrer no pagamento da taxa de

performance em um ou mais fundos que aplica, independentemente da performance do FIC.

(29)

EVOLUÇÃO DO RETORNO - EFEITO DA SOBRE TAXA SOBRE FICs

0% 50% 100% 150% 200% De c-9 9 F eb-00 Apr -00 J un-00 Aug-00 Oc t-0 0 De c-0 0 F eb-01 Apr -01 J un-01 Aug-01 Oc t-0 1 De c-0 1 F eb-02 Apr -02 J un-02 Aug-02 Oc t-0 2 De c-0 2 F eb-03 Apr -03 J un-03 Aug-03 Oc t-0 3 De c-0 3 F eb-04 Apr -04 J un-04 Aug-04 Oc t-0 4 De c-0 4 F eb-05 Apr -05 J un-05 Aug-05 Oc t-0 5 De c-0 5

IFIC CDI IFMM IFIC BRUTO

A duplicidade de taxa não é um problema sem solução. É pratica dos gestores de

hedge funds pagarem um rebate sobre a taxa de administração e performance gerada pelo FICs

aos seus respectivos gestores . Na prática o rebate é pago diretamente do hedge fund ao gestor

de fundo de fundos, denominado legalmente distribuidor. O valor do rebate varia bastante

chegando algumas vezes a 50% da taxa de administração e performance gerada pelo fundo de

fundos. Dessa forma, muitos gestores de

fund of funds não cobram taxa de administração e

performance sobre o FICs , tendo como única remuneração os rebates. Isso gera um problema

de agente principal pois as taxas de rebate não são padrão, ou seja, elas são determinadas na

negociação entre os gestores de

hedge funds e de fund of funds. Assim, os gestores de FICs

terão um grande incentivo a investir nos

hedge funds que pagam maior rebate, que não

necessariamente são os melhores fundos. Na verdade, intuitivamente pode-se dizer que os

gestores de

hedge funds que pagam as maiores taxas de rebate em geral não são os que

(30)

A melhor forma para diminuir o custo das sobre taxas sem incorrer no problema do

agente principal explicitado acima seria que os rebates fossem pagos diretamente para o fundo

de fundos e não para o gestor dele. No entanto além de legalmente isso ainda não ser permitido,

geraria um problema operacional pois os rebates são pagos mensalmente (no caso de taxa de

administração) e semestralmente (no caso de taxa de performace) e os FICs possuem liquidez

diária (mesmo os fundos com carência divulgam cotas e realizam resgates diariamente). Uma

solução seria que os FICs passassem a ter uma espécie de data de aniversário para resgates.

Outra questão surge com a solução apresentada acima: Não obstante clientes paguem

taxas diferentes de administração e performance dependendo da data de aplicação, a devolução

destas na forma de rebate para o fundo geraria retorno igual para todos os clientes. Uma

alternativa viria da restrição da liquidez dos fundos, ou seja, os clientes só poderiam aplicar e

resgatar em certos dias (dia de pagamento de performance) de forma que todos pagassem a

(31)

5.

Conclusão

Esse trabalho efetuou alguns testes para analisar a persistência de performance de

fundos multimercado com renda variável e alavancagem, baseado em artigos que analisam os

hedge funds internacionais. Apesar de existirem algumas características divergentes entre

esses dois ativos a metodologia de teste parece bastante plausivel, na medida em que ambos

procuram das retornos aos cotistas através de operações em diferentes mercados.

Encontrou-se relativa evidência de persistência de performance para janelas trimestrais

tanto no teste paramétrico e não paramétrico como na estratégia de investir nos fundos que

apresentaram melhor no trimestre anterior. O mesmo não pode ser dito para as janelas

semestrais e anuais quando os testes são divergentes e assistimos a uma tendência maior a

reversão à média, como foi demostrado no teste paramétrico.

Alguns artigos analisam a persistência de performance em diferentes estilos de fundos,

o que pode tão logo ser feito para a indústria de fundos multimercado tão logo esta apresente

uma diversificação maior. No período analisado por esse trabalho não havia grandes

diferenças em termos de estratégias dos fundos, que na sua maioria tinham um perfil macro,

ou seja, fundos que seguem grandes movimentos de mercado. Recentemente, contudo,

segundo dados da Anbid tem ocorrido crescimento expressivo dos chamados

long/short,

fundos que se aproveitam de distorções nos preços dos ativos. Existe ainda o aparecimento de

alguns fundos especializados em volatilidade e outros em operações quantitativas. Esse

movimento é de grande importância pois melhora a eficiência na alocação na medida em que

cada segmento responde de forma diferente aos diversos ambientes de mercado e está em

(32)

grande leque para pesquisas futuras que analisem os retornos, risco e persistência de cada

categoria.

O objetivo principal, de analisar se os gestores de fundos de fundos são realmente

capazes de agregar valor ao investidor, foi realizado na seção 4 quando concluiu-se que

gestores de fundos de fundos cumprem bem o seu papel, agregando valor ao investidor. No

entanto, o efeito da sobre taxa acaba punindo bastante o retorno, tirando grande parte da

vantagem desse produto de investimento. O problema da sobre taxa tem soluções como o

pagamento do rebate para o fundo de fundo e não para o gestor ou simplesmente pela não

cobrança da sobre taxa, devendo o gestor se remunerar apenas pelos rebates. Essa ultima

solução traz um problema comum de agente principal que pode ser evitando se a comunicação

(33)

6.

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(36)

Anexo 1: Resultado Testes Não Paramétrico

As tabelas abaixo mostram os resultados detalhados dos testes não paramétricos feitos

em janelas trimestrais, semestrais e anuais, utilizando como indicadores de performance o

alpha e o appraisal ratio.

CPR

LN (CPR)

DP

LN (CPR)

LN (CPR)/DP

LN (CPR)

qui-quadrada

1o tri 1999

2o tri 1999

1.000

-

0.632

-

-3o tri 1999

1.650

0.501

0.632

0.793

0.631

4o tri 1999

2.121

0.752

0.583

1.289

1.683

1o tri 2000

3.030

1.109

0.524

2.117

4.598

2o tri 2000

2.300

0.833

0.463

1.799

3.284

3o tri 2000

4.903

1.590

0.455

3.491

12.844

4o tri 2000

2.529

0.928

0.409

2.269

5.243

1o tri 2001

1.607

0.474

0.357

1.327

1.770

2o tri 2001

1.133

0.125

0.354

0.354

0.125

3o tri 2001

5.856

1.768

0.372

4.749

24.073

4o tri 2001

2.814

1.035

0.329

3.144

10.109

1o tri 2002

2.381

0.868

0.319

2.718

7.502

2o tri 2002

0.942

(0.060)

0.307

(0.196)

0.038

3o tri 2002

1.452

0.373

0.306

1.217

1.484

4o tri 2002

1.501

0.406

0.301

1.347

1.821

1o tri 2003

2.892

1.062

0.301

3.524

12.715

2o tri 2003

1.366

0.312

0.278

1.120

1.257

3o tri 2003

1.768

0.570

0.269

2.119

4.523

4o tri 2003

11.159

2.412

0.306

7.878

70.073

1o tri 2004

0.780

(0.249)

0.250

(0.998)

0.996

2o tri 2004

2.874

1.056

0.253

4.176

17.851

3o tri 2004

0.540

(0.617)

0.244

(2.529)

6.445

4o tri 2004

3.685

1.304

0.248

5.259

28.656

1o tri 2005

0.784

(0.243)

0.240

(1.014)

1.030

2o tri 2005

2.655

0.977

0.246

3.969

16.073

3o tri 2005

1.270

0.239

0.237

1.008

1.018

4o tri 2005

1.864

0.623

0.235

2.654

7.102

51.85%

51.85%

% Trimestres com persistência

(37)

CPR

LN (CPR) DP

LN (CPR)

LN (CPR)/DP

LN (CPR)

qui-quadrada

1o sem 1999

2o sem 1999

3.449

1.238

0.663

1.867

3.600

1o sem 2000

2.489

0.912

0.587

1.552

2.452

2o sem 2000

1.675

0.516

0.457

1.129

1.282

1o sem 2001

1.805

0.590

0.419

1.410

2.003

2o sem 2001

1.970

0.678

0.363

1.867

3.520

1o sem 2002

0.845

(0.168)

0.340

(0.494)

0.245

2o sem 2002

1.345

0.297

0.331

0.896

0.804

1o sem 2003

1.026

0.026

0.308

0.084

0.007

2o sem 2003

2.015

0.701

0.293

2.391

5.775

1o sem 2004

0.325

(1.125)

0.275

(4.088)

17.161

2o sem 2004

0.575

(0.554)

0.256

(2.164)

4.714

1o sem 2005

0.941

(0.061)

0.476

(0.127)

0.016

2o sem 2005

0.453

(0.791)

0.515

(1.535)

2.394

23.08%

23.08%

% Semestres com persistência

Alpha Semestral

CPR

LN (CPR) DP

LN (CPR)

LN (CPR)/DP

LN (CPR)

qui-quadrada

1999

2000

0.669

(0.401)

0.636

(0.631)

0.400

2001

5.855

1.767

0.520

3.400

12.347

2002

2.854

1.049

0.425

2.465

6.222

2003

0.990

(0.010)

0.358

(0.028)

0.001

2004

1.676

0.516

0.308

1.676

2.823

2005

2.644

0.972

0.284

3.426

11.974

50.00%

50.00%

Alpha Anual

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