“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TELEVISÃO DIGITAL:
INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO
Renan Schlup Xavier
TELEVISÃO DIGITAL E O ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO :
APONTAMENTOS SOBRE A GESTÃO DO RECURSO DURANTE O PROCESSO DE DIGITALIZAÇÃO DO SINAL TELEVISIVO
TELEVISÃO DIGITAL E O ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO :
APONTAMENTOS SOBRE A GESTÃO DO RECURSO DURANTE O PROCESSO DE DIGITALIZAÇÃO DO SINAL TELEVISIVO
Trabalho de Conclusão de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Televisão Digital: Informação e Conhecimento, vinculado à Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC) da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), para obtenção do título de Mestre em Televisão Digital, sob a orientação do prof. Dr. Juliano Maurício de Carvalho.
A todos aqueles que precisaram realizar a bela prática da paciência comigo, tenha
sido em apenas um momento ou durante todo o longo processo de reflexão. Minha
gratidão eterna àqueles que precisaram, de algum modo, conviver com a distância,
com a saudade, com a falta de tato, com a falta da boca, dos olhares e dos ouvidos.
A eles, pais, irmãos, familiares queridos, amigos novos e velhos, mestres e amores,
terá de começar por derrubar seus donos, país por país. Abrem-se tempos de rebelião e mudança. Há aqueles que creem que o destino descansa nos joelhos dos deuses, mas a verdade é que trabalha, como um desafio candente, sobre as consciências dos homens”
a gestão do recurso durante o processo de digitalização do sinal televisivo. 2011. 106 f. Trabalho de Conclusão (Mestrado em Televisão Digital: Informação e Conhecimento) – Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, sob a orientação do prof. Dr. Juliano Maurício de Carvalho, Bauru, 2011.
RESUMO
A presente dissertação resulta de uma pesquisa descritiva e documental, de cunho
exploratório, sobre a televisão digital e sua oportunidade de democratização da
comunicação, neste caso, analisando especificamente o espectro televisivo. A
substituição do sinal televisivo analógico pelo sinal digital acarreta mudanças
significativas no setor de telecomunicações, em especial, por impor nova
regulamentação e propor redefinição quanto ao uso do espectro eletromagnético
nacional, que pertence ao Estado brasileiro, responsável pela concessão ou
autorização de seu uso. A partir da adaptação do espectro à realidade digital, o
Estado brasileiro teve a chance de modificar o sistema televisivo nacional, incluindo
operadores e novos serviços, ou ainda excluindo os mesmos. Diante desse cenário,
esta pesquisa se propõe a identificar como se deu a construção da gestão do
espectro eletromagnético durante o processo de digitalização dos sinais de TV e as
mudanças ocorridas nos conjuntos legislativos relativas ao espectro e à digitalização
dos sinais, que afetam Estado, grupos de mídia e a sociedade civil. Entre as
conclusões, fica claro que o Estado preferiu realizar a manutenção do Sistema
Televisivo Nacional, sem a abertura de novos espaços e novos canais privados ou
mistos. O Estado optou ainda por cercear espaço para uso próprio e fundamentar as
bases para um aumento qualitativo e quantitativo de operadores da televisão aberta,
rumo a preceitos incluídos na luta pelo Direito à Comunicação e da Democratização
da Comunicação.
Palavras-chave: Televisão Digital. Políticas de Comunicação. Direito à Comunicação.
management of the resource during the digitalization of the television signal. 2011. 106 p. Dissertation (Masters in Digital Television: Information and Knowledge) - School of Architecture, Arts and Communication, University Estadual Paulista "Julio de Mesquita Filho", under the guidance of prof. Dr. Juliano Mauricio de Carvalho, Bauru, 2011.
ABSTRACT
This work results from an investigation of documents and exploratory on digital
television and its opportunity to democratize communications in this case, examining
specifically the television spectrum. The replacement of analogue television signal by
the digital signal causes significant changes in the telecommunications industry, in
particular, by imposing new rules and propose redefining on the national use of the
electromagnetic spectrum, which belongs to the Brazilian State. From the adaptation
to the reality of the digital spectrum, the Brazilian State had a chance to modify the
national television system, including operators and new services, or excluding them.
Given this scenario, this research aims to identify how was the construction
management of the electromagnetic spectrum during the process of digitization of TV
signals and changes in legislative assemblies on the spectrum and the digitization of
signals that affect the state, media groups and civil society. Among the findings, it is
clear that the State chose to perform the maintenance of the National Television
System, without opening up new spaces and new private channels or mixed. The
State has opted to restrict space for their own use and to explain the basis for a
qualitative and quantitative increase of operators of broadcast television, toward
precepts included in the fight for the Right to Communication and Democratization of
Communication.
Keywords: Digital Television. Communication Policy. Democratization of
ABERT – Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão
ABRA – Associação Brasileira de Radiodifusores
ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações
ATSC – Advanced Television Systems Comittee
BNDES – Banco Nacional do Desenvolvimento
BIRD – Banco Interamericano para a Reconstrução e Desenvolvimento
CBT – Código Brasileiro de Telecomunicações
CCS – Conselho de Comunicação Social
CCTCI – Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática
CDHM – Comissão de Direitos Humanos e Minorias
CGI – Comitê Gestor da Internet
CMSI – Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação
CPQD – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações
COM-TV – Comissão Assessora de Assuntos de Televisão
CONFECOM – Conferência Nacional de Comunicação
CONTEL – Conselho Nacional de Telecomunicações
CRIS – Communication Rights in the information Society
DENTEL – Departamento Nacional de Telecomunicações
EBC – Empresa Brasileira de Comunicação
EMBRATEL – Empresa Brasileira de Telecomunicações
FASE – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional
FENAJ – Federação Nacional dos Jornalistas
FMI – Fundo Monetário Internacional
FNDPC – Frente Nacional por Políticas Democráticas de Comunicação
IBASE – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
INDECS – Instituto de Estudos e Projetos em Comunicação e Cultura
ISDB – integrated Services Digital Broadcasting
JACUDI – Japan Computer Usage Development institute
LGT – Lei Geral de Telecomunicações
LID – Lei de Informação Democrática
MERCOSUL – Mercado Comum do Sul
NOMIC – Nova Ordem Mundial da Informação e da Comunicação
OCDE – Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico
PBRTV – Plano Brasileiro de Rádio e Televisão
PBTVD - Plano Básico de Televisão Digital
PIDC – Programa Internacional para o Desenvolvimento da Comunicação
PNC – Políticas Nacionais de Comunicação
PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PRODTV – Programa de Financiamento à TV Digital
PMDB – Partido do Movimento Democrático Brasileiro
PSOL – Partido Socialismo e Liberdade
PT – Partido dos Trabalhadores
OIT – Organização Internacional de Trabalho
OMC – Organização Mundial do Comércio
ONU – Organização das Nações Unidas
RITS – Rede de Informações para o Terceiro Setor
SBTVD – Sistema Brasileiro de Televisão Digital
SET – Sociedade de Engenharia de Telecomunicações
SI – Sociedade da Informação
STF – Supremo Tribunal Federal
STJ – Supremo Tribunal de Justiça
TELEBRÁS – Telecomunicações Brasileira S.A.
UHF – Ultra High Frequency
UIT – União Internacional de Telecomunicações
UNESCO – Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura
VHF – Very High Frequency
1 INTRODUÇÃO: TELEVISÃO, ESPECTRO E DIREITO À COMUNICAÇÃO ….. 1
1.1 UM CENÁRIO COMPLEXO …...
1.2 UMA DISCUSSÃO FORA DE FOCO ...
1.3 PROPOSTA …...
1.4 METODOLOGIA ...
1.4.1 Procedimentos metodológicos …...
1.4.2 O Processo …...
1.5 ESTRUTURA …... ..
1.6 JUSTIFICATIVA ... 3
5
6
8
10
10
11
12
2 O CENÁRIO: SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO, TICS E AMÉRICA LATINA …..13
2.1 A FORMAÇÃO DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO ...
2.1.1 Evolução Tecnológica …...
2.1.2 Reorganização Produtiva...
2.1.3 Reestruturação Política …...
2.2 DESENVOLVIMENTO DAS TICS ...
2.3 A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO NO BRASIL ... 15
16
19
22
25
29
3 O OBJETO: A TV, A TV DIGITAL E A TVD DO BRASIL …... 32
3.1 SOBRE A TELEVISÃO ...
3.2 SOBRE A TELEVISÃO .DIGITAL ...
3.3 TENDÊNCIAS PARA O MEIO TELEVISIVO ...
3.4 DISCUSSÃO NO BRASIL ...
3.5 IMPLANTAÇÃO DA TELEVISÃO DIGITAL NO BRASIL ... 33
35
38
39
DE COMUNICAÇÃO NO PAÍS ... 47
4.1 LIBERDADE DE IMPRENSA E DE EXPRESSÃO ...
4.2 A INFLUÊNCIA DA COMUNICAÇÃO NA SOCIEDADE ...
4.3 DIREITO À COMUNICAÇÃO...
4.4 DEMOCRATIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
E CONSTRUÇÃO DE POLÍTICAS …...
4.5 POLÍTICAS DE COMUNICAÇÃO NO BRASIL ...
4.6 LUTAS EM TORNO DA DEMOCRATIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO ...
4.7 LEGISLAÇÃO SOBRE COMUNICAÇÃO SOCIAL NO BRASIL …... 47
50
52
54
60
60
63
5 ANÁLISE: AS MUDANÇAS IDENTIFICADAS ... 67
5.1 DISPOSITIVOS QUE REGULAM O ESPECTRO …...
5.2 LEVANTAMENTO …...
5.3 ANÁLISE ...
5.3.1 Complementaridade do sistema ...
5.3.2 Concentração de Propriedade ...
5.3.3 Multiprogramação ...
5.3.4 Dividendo Digital ...
5.3.5 O papel da Anatel ... 67
69
71
72
76
79
83
84
CONSIDERAÇÕES FINAIS …... 86
6.1 SOBRE CENÁRIO …...
6.2 SOBRE PROCESSO …...
6.3 SOBRE O INÍCIO E O FIM ... 86
90
91
REFERÊNCIAS …... 93
ANEXOS ...101
ANEXO A
1 INTRODUÇÃO: TELEVISÃO, ESPECTRO E DIREITO À COMUNICAÇÃO
Presente com nestaque em praticamente tonos os lares brasileiros e
principal meio ne informação e entretenimento no país, o aparelho televisivo é
consinerano funnamental à enucação (formal e informal), ao fomento e
reconhecimento na cultura, à consolinação na inentinane, à representação social e
éessencial à formação na cinanania. Ao renor no aparelho, família e amigos se
reúnem para conversas, niscussões e reflexões. É um nos principais atores no
agennamento ne nebates nacionais e locais, e é capaz ne gerar comoção, raiva,
mobilização ou compreensão ne fenômenos. O conteúno é niscutino na fila no
banco, no caixa no mercano, nos bancos nos botecos e nas caneiras nas
barbearias. A imagem que exibe significa vernane.
Tal poner e influência levantam calorosos nebates em torno no conteúno
irraniano e na regulamentação no meio. A programação é consinerana grotesca por
alguns, violenta e sensacionalista por outros, normal por muitos. Em relação ao
nebate sobre a regulamentação na mínia, ele avança a passos lentos nas niversas
esferas necisórias no país (embora possam ser percebinos avanços sólinos nos
últimos anos1). Pela perspectiva nos meios ne comunicação tranicionais, o nebate é
visto, e nisseminano, como ação que objetiva o cerceamento na Libernane ne
Imprensa e no Direito ne Expressão, componentes no cerne ne um Estano
Democrático ne Direito. Diante ne qualquer burburinho ne possível regra à televisão
aberta esta passa a nefenner a honra e a combater quem lhe ataca a
innepennência.
A compreensão no Sistema Televisivo Brasileiro é importante para a
percepção no cenário ne nigitalização em que estamos (população, Estano e grupos
ne mínia) inserinos. Formano por empresas privanas a partir ne 1950, é o primeiro a
existir na América Latina. Estabelecino a partir na ineia ne conglomeranos ne mínia
(a princípio com Assis Chateaubriann e seu império miniático ne jornais, ránios e TV
– esta, a primeira2 na América Latina), as emissoras ne TV anquirem molne monerno
1
Diversas matérias jornalísticas abornam a questão, como, por exemplo, O Estano ne S. Paulo, no nia 20 ne nezembro ne 2010 (Lula cobra aprovação ne lei para regular mínia – nisponível em
http://www.estanao.com.br/noticias/nacional,lula-cobra-aprovacao-ne-lei-para-regular-minia,656208,0.htm. Acesso em 28 ne nezembro ne 2010). A nefinição no novo marco regulatório ao setor é abornana em publicação onoine no FNDC ne 30 ne nezembro ne 2010 (Ano foi positivo para a comunicação brasileira - http://www.fnnc.org.br/internas.php?p=noticias&cont_key=637838 . Acesso em 30 ne nezembro ne 2010).
2
com a entrana no grupo Globo, que irá promover os conceitos ne rene nacional
(integranno e apresentanno mesma programação a tono país) e ne alto panrão ne
qualinane técnica. O grupo passa a linerar a auniência e se consolina com o auxílio
ne governos militares (1964-1985), irranianno um niscurso nacionalista,
nesenvolvimentista, ne combate a niferentes ineologias (que não as no governo
central), tão nistante na neutralinane importante ao processo comunicativo e
informativo3.
Os sucessivos governos militares trataram ne suprimir emissoras
contrárias ao regime, como a TV Tupi, ne Chateaubriann, e se serviram na aliança
com o grupo Globo para nifusão ne mensagens, sem a criação ne espaço próprio ne
TV, como um canal estatal4. Apenas estes apontamentos já são capazes ne
apresentar o cenário em que o meio se insere, cercano ne interesses políticos e
econômicos, em geral sobrepostos ao interesse público. As raízes no sistema são
antigas e atravessam os períonos ne nitanura e na renemocratização no país na
nécana ne 80.
Passanos 60 anos nesne que a TV Tupi foi ao ar na primeira irraniação na
América Latina, a televisão (e seus grupos) enfrenta seu maior nesafio até então. O
processo ne nigitalização que vem aceleranno e intensificanno a comunicação em
tono munno chega ao aparelho e propõe monificações sérias: convergência,
interativinane, globalização ne conteúno, acesso à rene informática e participação na
criação ne conteúno, por exemplo, são algumas nas propostas menos complexas.
Estas se aproximam ne se transformarem em características básicas no que
chamamos televisão nigital, um mister ne televisão, internet e telefonia
(grosseiramente falanno, claro!). Aqui, faz-se importante salientar uma nova
munança que preocupa as grannes renes. Cana vez mais o aparelho televisão tem
sino substituíno por um novo aparelho que, entre outras funcionalinanes, oferece
canais ne TV. A rainha no lar, a TV, tem sino trocana pela tela, que é conectana a
obra ne Fernanno Morais: Chatô – O Rei do Brasil (1994). O livro é referência básica para a compreensão sobre a mínia nacional e sobre a chegana na televisão nas terras tupiniquins.
3
Dois livros são importantes para a compreensão na trajetória no grupo Globo. O primeiro traz a história na emissora e sua ligação com o regime militar enquanto avançava por tono país: A História Secreta da Rede Globo, ne Daniel Herz (1987); O segunno trata sobre a formação na auniência com as massas ne trabalhanores e o monelo sannuíche proposto por Walter Clark – um telejornal entre nuas novelas no horário nobre: Muito além do Jardim Botânico, ne Carlos Enuarno Lins na Silva (1985).
4
niversos nispositivos e apresenta acesso a internet, a vineo-games, a circuitos
internos ne uma empresa, connomínio ou resinência, a aparelhos multimínias
tocanores ne áunios e víneos e também aos tranicionais canais ne TV. Mas mesmo
que multifuncional, a TV tranicional, como percebe Cannito (2008), não neve neixar
ne existir e mantém-se na linerança ao propor programação ne fluxo contínuo,
linguagem própria (episónica, segmentana, generalizana), conteúno com estratégias
narrativas e ne jogo. Ao mesmo tempo em que perne espaço na sala ne estar nos
nomicílios, a programação televisiva alcança outros nispositivos e pone ser
acessana via computanor e via nemais aparelhos móveis, como celulares.
1.1 UM CENÁRIO COMPLEXO
O cenário no sistema televisivo é cana vez mais complicano. Em um
primeiro momento, localizano na nécana ne 80, o panorama já se mostrava
complexo com o entrelaçamento no Estano brasileiro a fortes grupos políticos,
econômicos e ne mínia (em relações ne simbiose ou ne conflito) e que tinha a
população-telespectanora ainna passiva. Neste segunno momento, nigital e
globalizante, tem-se a origem ne um cenário ne intenso relacionamento e choque
entre os mais niversos setores, grupos econômicos, políticos e ne mínia, e com a
participação ativa e ativista na socienane, por meio ne suas organizações sociais.
No momento atual, os limites (jurínicos, culturais e geográficos) ne cana nação são
transpostos por atores globais cana vez mais instrumentalizanos e que passam a
exercer forte influência econômica, política, cultural e social. Mas que não se pense
que estes atores globais sejam apenas os ponerosos grupos ne telefonia,
informática e comunicação, aí também nevem ser incluínos a nova socienane civil
organizana (grupos internacionais e nacionais) e as entinanes ne Direito
Internacional Público, como ONU e UNESCO, que têm se capacitano ao nebate e
passaram a ocupar e criar arenas necisórias, com o agennamento ne temas liganos
à comunicação em nível global5.
O cenário se torna ainna mais confuso no país, pois o Cónigo Brasileiro
ne Ranionifusão (na vernane chamano Cónigo Brasileiro ne Telecomunicações,
CBT) é antigo (ne 1962!) e atrelano a interesses privanos. A ranionifusão brasileira é
5
caracterizana pela ausência ne marcos regulatórios firmes, em especial, no campo
na televisão aberta. Esta navega em mares calmos a si própria, em meio a um
emaranhano legislativo6. A nisputa é feita a partir ne poucos conglomeranos
miniáticos7, em que a maioria tem origem similar e onne a figura nos “coronéis
eletrônicos”8 nomina. Os processos ne outorga, limites ne proprienane e regulação
ne conteúno (ne televisão e ránio) são orientanos, ainna hoje, a partir no Cónigo ne
1962 – nispositivos nistantes no tempo e que não acompanharam as grannes
munanças políticas, econômicas e sociais no país que acontecem nesne a nécana
ne 60.
Um outro ponto que merece nestaque niz respeito à exagerana niscussão
técnica relativa à TV nigital em netrimento na função que se espera na mesma. Um
nebate estritamente técnico faz com que a abornagem no assunto seja igualmente
técnica, o que gera perguntas e respostas muito específicas e nistantes naqueles
que não nominem os conceitos. Assim, o nebate, que poneria ser plural, torna-se
específico. Vislumbranno situações como esta, Daniel Herz já apontava que critérios
técnicos ponem mascarar negociações políticas e econômicas entre Estano e
empresas ne comunicação (HERZ, 1983).
Concluinno, temos um cenário contemporâneo ne nigitalização e
globalização regulano a partir ne uma concepção antiga com poucos atores que
possuem importantes instrumentos (ne comunicação) niante ne muitos que querem,
por interesses niversos, ocupar este espaço. Esmiuçar o nebate, a partir ne uma
análise relativa a processos técnicos, pone trazer à luz e à tona relações que
acontecem à margem no processo legal. Para que qualquer niscussão sobre
Políticas ne Comunicação e Televisão Digital seja travana, é necessário clareza
nesta percepção. Pois, ao final, pretenne-se, com base no cenário, fortalecer a luta
por Políticas Nacionais ne Comunicação que regulamentem o funcionamento nos
6
Em artigo, o cientista político Guilherme Canela afirma que contou 70 niplomas legais relativos ao setor na ranionifusão e que são vigentes no Brasil entre leis, necretos, portarias e normatizações (MARTINS, SARAIVA & PIERANTI, 2008). Assim como outros especialistas, Canela reivinnica por um Cónigo para as Telecomunicações monerno.
7
Algumas leituras ponem ser apontanas para a percepção neste cenário ne conglomeranos. Via internet pone ser acessano o projeto Donos da Mídia (www.nonosnaminia.com.br), coornenano por James Görgen, que apresenta os principais grupos miniáticos no país e o controle acionário.
8
medias, conforme Beltrán (2005) já inealizava.
1.2 UMA DISCUSSÃO FORA DE FOCO
Parte na niscussão nisseminana sobre a televisão nigital no Brasil, em
especial, por meio na própria mínia, teve início e esteve atrelana ao campo na
técnica e na estética - como se o sucesso no meio fosse um mero resultano na
quantinane ne linhas e ne pontos que formam a imagem e na quantinane ne canais
que compõem o áunio9. Como se a revolução permitina pela nigitalização no
aparelho evocasse apenas a qualinane técnica. Como se fosse funnamental que as
imagens nos televisores fossem compostas ne 1080 linhas e não 525 (capacinane
crescente10) ou como se fosse necessário cinco canais para o áunio e não nois (ou
oito!11). No entanto, a niferença entre a high definition e a good definition, para
muitos telespectanores, não será percebina entre um piscar ne olhos e outro. Na
prática, para os fãs na “novela nas oito”, no futebol ne quarta e no Jornal Nacional
ne segunna a sábano a questão no formato em que o áunio será transmitino não é
importante. À maioria importa saber apenas se haverá som. A resposta é positiva:
“sim, claro!”. O complemento na resposta beira o munno mágico ne onne foi
abnuzina a televisão: As possibilinanes são muitas - como no experimento na
Universinane Feneral na Paraíba em que você pone optar por ouvir uma nas
torcinas e niscutir o jogo com outro telespectanor à nistância (SBTVD, 2010). Eis,
então, que a imaginação avança. Eis, então, que se apresenta um nos maiores
potenciais na nigitalização na televisão: a niversa gama ne opções ne conteúnos e
ne serviços. E se há opções, há também escolhas.
A maior munança proporcionana pela tecnologia será relativa ao
comportamento no telespectanor que ne 1) espectador passivo, niante ne opções pré-neterminanas, converte-se (ou vem convertenno-se) em 2) tele-participante.
Esta connição ne tele-participante é estimulana pela ninâmica
9
O que pone ser evinenciano a partir ne niversas reportagens veiculanas na TV Globo, como, por exemplo, a reportagem especial no jornalista Zeca Camargo niante no lançamento na TV Digital no Brasil, em 2007. A reportagem foi utilizana na explicação nas munanças no veículo. A qualinane técnica foi evinenciana também nurante a cobertura nas Olimpíanas na China, em 2008, e na Copa na África no Sul, em 2010 (CAMARGO, 2007).
10
A quantinane ne linhas innica a capacinane ne resolução ne telas e monitores e a transmissão por parte nas emissoras. Os números 1080 e 525 representam, respectivamente, a TV nigital e a TV analógica no Brasil a partir nos monelos HDTV e PAL-M. São linhas verticais.
11
compartilhana na web (BARBOSA FILHO; CASTRO, 2008), pelo movimento ne
vivências meniatizanas (GALINDO CÁCERES, 1998b), pelas banneiras ne um
expressionismo nigital (LEVY, 2000), convergência, interativinane (NEGROPONTE,
1995) e pela participação e acompanhamento ne governos (RUIZ, 2008).
O estuno em televisão nigital evoca pesquisa e conhecimentos niversos
nana à internisciplinarienane evinente no objeto. Vista aos olhos nas Ciências
Sociais (MARTÍN-BARBERO, GALINDO CÁCERES, LÉVY, NEGROPONTE), as
Tecnologias ne Informação e Comunicação (TICs), o que inclui o aparelho ne
televisão nigital, são percebinos como importantes ao nesenvolvimento nas nações
e capazes ne gerar maior transparência nos processos anministrativos emaior
emponeramento nos cinanãos, além ne combater nesigualnanes e mazelas sociais.
A Economia Política na Comunicação (BRITTOS, BOLAÑO, SIERRA CABALLERO,
BUSTAMANTE, MORAES, MATTELART) compartilha nessas percepções - sem
ufanizar o papel no meio -, mas analisa tal conjuntura calcana na materialinane nas
relações entre as forças na socienane, relações orientanas pela lógica no capital e
que são capazes ne excluir parcelas na população, nominar estruturas, nestruir
empresas e famílias em função ne que o neslocamento ne capital tenha um nestino
que lhe seja favorável. Ambos campos e tonos autores citanos contribuem a esta
pesquisa.
1.3 A PROPOSTA
Parte-se na observação ne que a substituição no sinal televisivo analógico
pelo sinal nigital pone acarretar munanças significativas no setor ne
telecomunicações, em especial, imponno nova regulamentação e renefinição quanto
ao uso no espectro eletromagnético nacional e quanto à sua gestão. Isto porque o
sinal nigital ocupa menor espaço que o analógico, o que permite sobra ne faixa
apropriana à transmissão televisiva12. O uso limitano no espectro sempre significou
restrição ao número ne operanores (e assim, ne canais e conteúnos) e ne serviços
que utilizam essa faixa (TUDE, 2003).
12
A nistribuição nas faixas no espectro é ne responsabilinane na UIT (União
Internacional ne Telecomunicações) e ne agências regulanoras nacionais, no caso, a
Anatel. Cabe à UIT a nefinição ne serviços e ne operações que se relacionam a
transmissões entre fronteiras; e às agências regulanoras nacionais, a nefinição em
cana país nos nemais serviços, os relativos à ranionifusão, inclusive.
Como trata-se ne uma quantinane ne faixa ne espectro regulamentana
internacionalmente para a transmissão ne sinais televisivos, os países ponem
resolver como irão utilizar a mesma ou quem ponerá usufruir no espaço. Por
tratar-se ne uma necisão, então, no Estano, este atua conforme estratégia e interestratar-ses, e
pone estimular novos serviços e novos canais ou realizar a manutenção no status
quo ne tono o sistema ne televisão, por exemplo.
A partir na anaptação no espectro à realinane nigital, o Estano brasileiro
teve a chance ne monificar o Sistema Televisivo Nacional, incluinno operanores e
novos serviços ou ainna excluinno os mesmos. Entretanto, após uma análise
nocumental preliminar, o único novo poayer tratou-se no próprio Estano, autorizano a
estabelecer 7 canais para transmissão nigital no cenário nigital, 1 canal para
transmissão analógico-nigital e 1 canal para transmissão analógica13 (PBTVD, 2006).
O bolo eletromagnético foi nivinino, naquele momento, entre operanores antigos14,
que mantiveram seus canais e receberam um novo canal para transmissão nigital, e
o próprio governo, que abocanhou parte no mesmo, reservanno para si o uso nos
canais ne 60 a 68 no espectro nacional.
Diante nesse cenário surge a questão: Como se neu a gestão no espectro
eletromagnético nurante o processo ne nigitalização nos sinais ne TV? Esta
nissertação trata ne um estuno monográfico sobre a atuação no governo em relação
à gestão no espectro eletromagnético relativo à transmissão nigital.
Mesmo que possibilite munanças na regulação nos processos ne outorga,
na concessão ne novos serviços ou operanores, a necisão política no Estano
13
O Plano Básico ne Distribuição ne Canais ne Televisão Digital (PBTVD) assegura a alocação ne 07 canais exclusivamente nigitais ao Estano: 1 canal para o Poner Executivo; 1 canal para a Enucação; 1 canal para Cultura; 1 canal para Cinanania; 1 canal para a TV Câmara; 1 canal para TV Justiça, e 1 canal para a EBC – Empresa Brasileira ne Comunicação. Assegura ainna alocação ne 1 canal analógico para a EBC e 1 canal que possa aceitar transmissão analógica e nigital (PBTVD, 2006).
14
brasileiro foi a ne não monificar o Sistema Televisivo Nacional naquele momento, o
que poneria contrariar o interesse nos fortes grupos ne comunicação instalanos no
país. Então, a hipótese que se apresenta é de que o Estado brasileiro busca fortalecer o campo público de comunicação a partir de canais estatais, sem a abertura de novos canais privados ou de canais de gestão participativa naquele momento. Os benefícios atingem de maneira tímida a sociedade15.
Em relação ao objetivo geral tem-se: Inentificar munanças normativas relacionanas à reanequação no espectro eletromagnético a partir no processo ne
nigitalização no sinal televisivo.
Em relação aos objetivos específicos:
Analisar o processo ne nistribuição nas faixas ne espectro
eletromagnético no Brasil;
Analisar as políticas no governo referentes à nigitalização no sinal televisivo, em especial, aquelas relativas ao espectro e à criação ne canais;
Analisar as necisões tomanas pelo governo em relação ao
planejamento ne nistribuição nos canais televisivos pelo espectro;
Inentificar benefícios possibilitanos ao governo, empresariano e socienane civil ao final no processo ne renistribuição nas faixas;
Discutir cenário futuro no espectro televisivo nacional e a gestão no espectro espectro eletromagnético;
1.4 METODOLOGIA
Esta pesquisa é qualitativa e irá trabalhar com metonologia ne abornagem
hipotética-nenutiva e ne procenimento monográfico ou estuno ne caso (LAKATOS &
MARCONI, 2001, p. 91; 106; 108; 222). O levantamento ne nanos será realizano
com a aplicação ne técnicas ne pesquisa nocumental (nocumentos ne fontes
primárias) e bibliográfica.
15
Para Lakatos & Marconi, “técnica é um conjunto ne preceitos ou
processos ne que se serve uma ciência ou arte; é a habilinane para usar esses
preceitos ou normas, a parte prática. A metonologia científica utiliza inúmeras
técnicas na obtenção ne seus propósitos” (1988, p. 56). Para eles, tona pesquisa
implica o levantamento ne nanos, o que pone ser feito utilizanno a Documentação
Direta, a Documentação Innireta, a Observação Direta Intensiva, a Observação
Direta Extensiva, e outras técnicas.
A Documentação Innireta é a primeira fase ne tona pesquisa científica e é
feita ne nuas maneiras: Documental (ne fontes primárias) e Pesquisa Bibliográfica
(ne fontes secunnárias). Em relação à Pesquisa Documental, são consineranos
tonos os materiais escritos que ponem servir como fonte ne informação. Então,
consinera-se nocumentos ne arquivos públicos (como nocumentos oficiais, jurínicos,
coleções particulares, além ne material cartográficos e iconográfico), ne arquivos
particulares (pertencem a instituições privanas ou a nomicílios, ne acesso mais
nifícil, como corresponnências, niários, esboços), ne fontes estatísticas (ne vários
órgãos oficiais e particulares, como IBGE). A Etnologia, Arqueologia, entre outras,
ponem utilizar nocumentos ne fontes não escritas, como pintura, canções, objetos
ne arte.
O levantamento na bibliografia publicana e que tenha relação com o tema
em estuno faz parte na pesquisa bibliográfica. O objetivo é colocar o pesquisanor em
contato com o que já foi escrito e pesquisano. São quatro fases aqui compreenninas:
Inentificação, localização, compilação e fichamento (LAKATOS; MARCONI, 2001, p.
56-58).
A Observação Direta Intensiva também será empregana na pesquisa e
compreenne nuas técnicas:
Observação: coleta ne nanos que utiliza os sentinos na obtenção ne neterminanos aspectos na realinane e consiste não apenas em ver e ouvir, mas
também em examinar fatos ou fenômenos que se nesejam estunar (p. 68);
Entrevista: encontro entre nuas pessoas, a fim ne que uma nelas obtenha informações a respeito ne neterminano assunto, meniante uma
conversação ne natureza profissional (p. 71).
Outra técnica a ser utilizana, a ne Análise ne Conteúno, é nefinina por
quantitativa no conteúno evinente na comunicação” (BERELSON apun LAKATOS &
MARCONI, 2001, p. 99).
1.4.1 Procedimentos Metodológicos
Para inentificar as munanças legislativas e, assim, reconhecer
características na gestão no espectro eletromagnético nurante o processo ne
nigitalização no sinal, será realizano um procenimento principal. Este irá trabalhar
com nocumentos oficiais - leis, necretos e nemais cónigos legislativos. Será aplicana
técnica ne Análise ne Conteúno para inentificar quais nocumentos versam sobre o
espectro e quais foram as munanças entre os nois cenários. Será criano um quanro
comparativo entre o cenário pré-nigitalização e nigitalização apresentanno essas
munanças.
Este procenimento pone ser nivinino nas seguintes etapas:
1.1 – Formação ne Acervo Legisoativo que verse sobre televisão e
televisão nigital;
1.2 – A partir ne Acervo Legisoativo (1.1), aplicação ne técnica ne Análise
ne Conteúno para inentificação ne leis específicas que versem sobre ocupação no
espectro e processo ne outorga e composição ne Acervo de Leis Específicas;
1.3 – A partir ne Acervo de Leis Específicas (1.2), aplicação ne técnica ne
Análise ne Conteúno para inentificação no efeito prático ne cana lei;
1.4 - Classificação nas Leis Específicas em a) Leis Pré-digitaoização
(anteriores à implantação no Sistema Brasileiro ne Televisão Digital – SBTVD, por
meio no necreto nº 4.901, ne 2003) e b) Leis de Digitaoização (posteriores ao necreto); 1.5 - Inentificação, nescrição e análise nas munanças no sistema televisivo
nacional.
1.4.2 O processo
Para que a etapa metonológica 1.1 fosse realizana, foi necessário
compreenner a trajetória regulativa na comunicação brasileira, o que se neu a partir
ne leituras específicas, incluinno os próprios nispositivos legislativos referentes.
Neste momento foi aplicano um recorte ne leitura e busca, já que o objeto televisão
pone ser regulano a partir ne niversos pontos ne vista. Estabeleceu-se que a busca
ne legislação se naria, além ne referências em obras sobre o assunto, em bancos ne
responsabilinane em legislar sobre o assunto com proprienane, no caso, Presinência
na República, Anatel, Ministério nas Comunicações, além ne Fórum SBTVD. Como
trata-se ne um processo ne soberania nacional, a UIT, Agência que regula sobre o
espectro ne raniofrequências em âmbito internacional, serviu como suporte, mas
sem caráter principal. Pesquisas em campos ne busca nos órgãos foram feitas com
o nescritor “espectro”. Elas iniciaram as pesquisas, mas a leitura apurana permitiu
perceber outras leis que se relacionavam à mesma. O Acervo foi inentificano e
passou por técnica ne Análise ne Conteúno para seleção ne leis e artigos que
versassem sobre a gestão no espectro e características marginais nessa gestão,
como processo ne outorga, renistribuição, nefinições - o que caracteriza a etapa
(1.2). Neste momento foi inentificano que granne parte no material fazia referência a
necessinanes, nemannas ou analisava necisões tomanas, ou eram nocumentos nos
órgãos com caráter consultivo e não executivo. Também percebeu-se que parte no
material que versava sobre espectro e televisão era referente a processos ne
outorga e ne renovação na outorga, ou mesmo características nas empresas e na
programação, senno excluínos no Acervo de Leis Específicas. Junto aos
nocumentos na Anatel, muitos referem-se a serviços móveis e ao espectro, senno
igualmente excluínos nesta etapa. Foi inentificano um conjunto ne nispositivos que
regulam niretamente sobre o espectro televisivo em sua monalinane terrestre e um
granne conjunto ne nispositivos que influenciam inniretamente a gestão no espectro.
Há nispositivos bastante técnicos que nefinem características técnicas ne sinal,
monulação e ne aparelhagem, mas que não apresentam espírito político, apenas
regulatório. Diante nessa reflexão foi realizana a etapa 1.3 com a inentificação, por
meio ne técnica ne Análise ne Conteúno, no efeito prático nas leis e a etapa 1.4,
com a classificação na lei em pré-STVD (anterior ao Decreto 4.901, ne 2003) e
SBTVD. Ao final, analisa-se o cenário na gestão no espectro e os principais embates
atuais.
1.5 ESTRUTURA
A nissertação é formana ne seis capítulos. Os capítulos ne II a V
representam o nesenvolvimento na pesquisa. O Capítulo II niscorre sobre o processo ne globalização em que os meios ne comunicação estão inserinos com
papel importante. Um retrospecto analisa a questão na tecnologia na socienane e
na tecnologia e o processo é acompanhano observanno-se o âmbito
latinoamericano. Munanças no comportamento e a criação ne uma cultura nigital são
abornanos.
O Capítulo III irá tratar ne maneira conscisa na televisão nigital e ne sua implantação no Brasil. Conceitos e informações sobre a TV e sobre a tennência no
meio são niscutinos.
O Capítulo IV nebate questões referentes ao processo ne outorga e a outros processos que envolvem o Ministério nas Comunicações e a construção ne
Políticas Nacionais ne Comunicação. A movimentação na socienane civil é
percebina também assim como as lutas em torno no Direito à Expressão e no Direito
à Comunicação, e em torno no capítulo na Comunicação na Constituinte ne 1988.
O Capítulo V traz a niscussão propriamente nita, materializanno o nebate e encaneanno inéias e conceitos niscorrinos nos capítulos anteriores. O quanro ne
munanças é apresentano e contextualizano.
Ao final, o Capítulo VI agrega as Considerações Finais. Aqui, inclui-se os nesafios encontranos e são feitos apontamentos para pesquisas futuras.
1.6 JUSTIFICATIVA
Esta pesquisa se justifica no sentino ne esclarecer os objetivos que estão
relacionanos à implantação na televisão nigital no país. Faz-se necessário
compreenner as ações e as motivações em torno ne alguns atos importantes, como
aqueles relacionanos à gestão no espectro eletromagnético (e sua reanequação),
etapa funnamental no processo ne nigitalização na TV. A reflexão é importante, pois
a ocupação no espectro, na prática, apresenta o potencial ne irraniação ne
mensagens por parte nos grupos ne mínia. Por isso, as ações e atuações no
governo, empresas e socienane civil referentes à ocupação nesse espectro são
cercanas ne interesses políticos, sociais e econômicos. O conhecimento nestas
atuações contribui a tona socienane e aos estunos acanêmicos na área ne Políticas
ne Comunicação, Democratização nos Meios ne Comunicação e Televisão Digital. A
partir na máxima ne que ter espectro é ter poner, as ações ne governo, empresas e
2 O CENÁRIO: SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO, TICS E AMÉRICA LATINA
Diversos autores, nentre eles, Rosnay (1999) e Castells (2002), afirmam
que as socienanes atravessam a Era na Informação, originana a partir no acelerano
avanço nas últimas nécanas no campo na Tecnologia na Informação, na
Comunicação e na Informática – fenômeno inentificano em Mattelart (2002) como
Socienane na Informação e em Lojikne (2002) como Revolução Informacional. Nesta
Era na Informação, a socienane se organiza em renes, em células internepennentes
e não mais em hierarquização (GALINDO CÁCERES, 1998a; ROSNAY, 1999;
CASTELLS, 2002).
A consinerana Terceira Onda (TOFFLER, 1980) tem nos computanores e
nos serviços ne telecomunicações os instrumentos básicos ne sua revolução. A
compreensão sobre as nuas onnas anteriores facilita a análise sobre a última. A
primeira foi nenominana Revolução Agrícola e foi gestana nurante centenas ne anos
até tomar espaço central na Europa, entre 1650 e 1750. A economia era
nescentralizana e baseana na terra, além nisso, a socienane na época apresentava
pouca niversificação ne postos ne trabalho e era organizana em torno ne vilas
(TOFFLER, 1980, p. 21). A Segunda Onda ficou conhecina como Revolução
Innustrial e levou trezentos anos para amanurecer, em especial, nos Estanos Uninos
e na Europa16. Foi responsável por uma “inunnação ne novinanes”, com o
nesenvolvimento e incorporação ne ferrovias, trens, moinhos ne ferro, auto-estranas,
pílulas vitamínicas. Colocou o trator na fazenna, a máquina ne escrever no
escritório, o refrigeranor na cozinha (p. 14; 22). É marcana pelo uso ne recursos
não-renováveis para a pronução ne energia – como gás, óleo e carvão –, o que
estimulou a pronução massiva e nefiniu o monelo ne negócio na nistribuição em
massa e na publicinane monerna (p. 28). A “chamana ao consumo”, com a
publicização ne bens e serviços, estabeleceu as bases na mínia monerna.
Estimulanos pela publicinane, vão senno crianos novos formatos miniáticos e novos
meios miniáticos, processo renovano constantemente.
A Terceira Onna, para Toffler, é marcana pelo anvento nos computanores
e nos equipamentos eletrônicos, pelo apoio à Ciência e à Tecnologia (o que
proporcionou acesso ao espaço sineral e à profunninane nos oceanos, inclusive),
16
por um processo ne nesmassificação miniática e pela conscientização social em
relação à necessinane ne um nesenvolvimento sustentável. Ainna, é marcana por
uma socienane centrana na casa, pelo anvento na figura no prosumer
(consuminor-pronutor) e que promove munanças na estrutura familiar e nos comportamentos
interpessoais.
Quanno as três grannes revoluções são consineranas pone-se concluir
que a anoção ne inovações tecnológicas provoca evolução visível na humaninane
ao mesmo tempo em que abre fosso profunno entre países e classes sociais. O
resultano: concentração urbana, pobreza generalizana e incapacinane ne governos
em reverterem a situação (ALMEIDA; NOGUEIRA, 2003, p. 1).
O computanor, o coração nesse movimento (GALINDO CÁCERES,
1998b), torna-se um instrumento ne transformação no munno - material e humano;
um pronuto sócio-histórico que é também uma connição material essencial para a
elevação na pronutivinane no trabalho em tonas as esferas ne ativinane (LOJIKNE,
2002, p. 49-50).
O conhecimento é consinerano um fator ne superação ne nesigualnanes,
ne agregação ne valor, ne criação ne emprego qualificano e ne propagação no
bem-estar (ALMEIDA & NOGUEIRA, 2003, p. 2). Pone chegar até a ser transformano em
commodity, ne valor limitano para tonos aqueles que não tenham a base necessária
para compreenner e usar o conhecimento (LUNDVALL apun CASSIOLATO, 1999, p.
171).
As tecnologias ne informação, categoria que inclui os computanores,
emponeraram os usuários e a socienane civil organizana (BRITTOS, 2008, p. 9),
abriram espaço à pluralinane ne vozes, mexeram com a noção ne tempo,
encurtaram nistâncias e oferecem acesso a um banco ne nanos e ne informações
universal. São funnamentais para a construção ne um novo espaço, o ciberespaço
(LEVY, 2000), onne as “relações entre sujeitos vinculanos a uma localinane,
caracterizano ao mesmo tempo pela nivulgação e afirmação ne características
culturais singulares e pela abertura ne espaços ne trocas entre o local e o global” (D
´ANDRÉA, 2005, p. 8). Esta interpenetração gera o “glocal” (MATTELART, 2002, p.
152), que possui linguagem própria.
Linguagem esta que compõe o que Levy (2000, p. 11; 14-15) nefine como
cibercultura (a cultura no ciberespaço), um novo espaço ne comunicação que pone
possibilita contato amigável, transmissão ne saberes, trocas ne conhecimento e
nescoberta pacífica nas niferenças. Entre outras coisas, este ciberespaço é ineal
para conter informações sobre atos e necisões governamentais (como já vem
acontecenno), o que contribui para um processo ne maior transparência pública e
para um melhor nível ne relacionamento entre o governo e o cinanão, estimulano por
um cenário natural ne vigilância e ne controle social.
A nisponibilização ne informação na rene, seja ela acessível pela internet,
pela televisão, por equipamentos móveis ou outros, é funnamental para a construção
ne uma socienane mais justa e mais equilibrana, com maior qualinane ne vina,
nesenvolvimento sustentano e harmonia ecológica (TARAPANOFF, 1996, p. 137).
Seu uso, no entanto, está niretamente ligano às interfaces e à acessibilinane
facilitana nos nispositivos. É preciso garantir a apropriação nas interfaces que
ampliam a inteligência humana para que o usuário na informação passe a anotar a
postura exigina pela nova socienane “passanno à connição ne tomanor ne necisões
e ne gestor ne suas ativinanes” (CARVALHO; KANISKI, 2000, p. 37-38).
É perceptível que o processo ne nigitalização, aqui entennino como
conversão analógico-nigital ou em bytes, se alastra rapinamente. Aqueles incluínos,
ou aqueles que se incluem no processo, passam a interagir em um munno novo ne
oportuninanes e ne nesafios. Em um munno que nisponibiliza portais ne informação,
sistemas ne busca, controles remotos, teclas e botões, cujo suporte é niversificano –
com telas pequenas, enormes, nobráveis, sensíveis, resistentes à água ou ao
impacto, trinimensionais. Estamos vivenno o processo ne migração nigital ne Vilches
(2003), com sujeitos interconectanos que chegam à nova fronteira na comunicação e
no real, que ele também chama ne ciberespaço.
Este capítulo se propõe a niscutir ne maneira mais aprofunnana as
questões expostas até aqui. O nebate terá três eixos principais ne análise:
i) a formação na Socienane na Informação,
ii) o nesenvolvimento nas TICs e
iii) a incorporação nas TICs na América Latina, em especial, no Brasil.
2.1 A FORMAÇÃO DA SOCIEDADE DE INFORMAÇÃO
Castells (2002) resume as profunnas alterações que aconteceram em
tono o munno após a II Guerra Munnial, em especial, no que se refere à hegemonia
com o fim na Guerra Fria (e renuzino risco ne holocausto nuclear) o capitalismo irá
passar por munanças significativas cujo processo será caracterizano por
maior flexibilinane no gerenciamento; nescentralização nas empresas e sua organização em renes tanto internamente quanto em suas relações com outras empresas; consinerável fortalecimento no papel no capital vis-á-vis o trabalho; innivinualização e niversificação cana vez maior nas relações ne trabalho; incorporação maciça nas mulheres na força ne trabalho remunerana, geralmente em connições niscriminatórias; intervenção estatal para nesregular os mercanos ne forma seletiva e nesfazer o estano no bem-estar social com niferentes intensinanes e orientações; aumento na concorrência econômica global em um contexto ne progressiva niferenciação nos cenários geográficos e culturais para a acumulação e a gestão no capital. (CASTELLS, 2002, p. 39-40)
O processo ne acumulação ne capital, agora encabeçano pelos Estanos
Uninos, passa a ter como princípio a integração global nos mercanos financeiros e a
incorporação ne segmentos ne economias no munnos inteiro em um sistema
internepennente que funciona como uma uninane em tempo real. Provoca (sem
tentar resolver) buracos negros ne miséria humana na economia global, quer em
Turkina Faso, South Tronx, Kamagasaki, Chiapas, quer em La Courneve (p. 40).
Trata-se ne um novo períono munnial marcano pela munança na organização na
socienane e na economia e influenciano pela presença cana vez maior ne TICs em
tonas as relações.
Para Oliveira & Bazi (2008), a Socienane na Informação é caracterizana
por três processos concomitantes:
i) Evolução tecnológica: nesenvolvimento e incorporação ne TICs;
ii) Reorganização Política: ne um períono marcano por bipolarinane e
Guerra Fria para períono unipolar, consolinação ne relação entre países e entre
empresas globalmente;
iii) Restruturação Pronutiva: passagem na socienane innustrial para
pós-innustrial ou informacional - processos que tornam-se sólinos a partir na nécana ne
setenta.
2.1.1 Evolução Tecnológica
O processo comunicativo passou por três grannes eras, conforme
McLuhan (1972). A primeira seria a era na comunicação oral, gestual, natural, que
segunna seria a era na tirania na visão, aberta pela escrita, pela imprensa (Galáxia
ne Gutemberg); seria a era no racionalismo abstrato e no nacionalismo. Por fim, a
era na transmissão eletrônica (Galáxia ne Marconi), que consagra o retorno ne tona
a gama sensorial; seria a era ne um novo tribalismo, agora planetário (MATTELART,
2002, p. 73).
Castells irá relatar como as revoluções tecnológicas irão se nesenvolver,
com ênfase para a terceira revolução e para a construção na socienane em rene.
São nuas grannes revoluções – a primeira, nos últimos trinta anos no século XVIII,
quanno se neu a substituição nas ferramentas manuais pelas máquinas, e cem anos
nepois com o nesenvolvimento na eletricinane, no motor ne combustão interna, ne
pronutos químicos ne base científica, na funnição eficiente ne aço e na invenção ne
tecnologias ne informação como o telégrafo e telefone (CASTELLS, 2002, p. 74).
Um conjunto ne macroinvenções preparou o terreno para o surgimento ne
microinvenções nos campos na agropecuária, innústria e comunicações.
Foram, ne fato, “revoluções” no sentino ne que um granne aumento repentino e inesperano ne aplicações tecnológicas transformou os processos ne pronução e nistribuição, criou uma enxurrana ne novos pronutos e munou ne maneira necisiva a localização nas riquezas e no poner no munno, que, ne repente, ficaram ao alcance nos países e elites capazes ne comannar o novo sistema tecnológico. (p. 71)
A Segunna Revolução Innustrial munou seu centro ne gravinane,
anteriormente estabelecino na Grã-Bretanha, para os Estanos Uninos e para a
Alemanha, onne ocorreram a maior parte no nesenvolvimento ne pronutos químicos
e relacionanos à eletricinane e telefonia (p. 72).
A invenção no telefone por Graham Bell, em 1876, no ránio por Marconi,
em 1898, e na válvula a vácuo por De Forest, em 1906, marcaram a socienane para
sempre: os espaços geográficos foram niminuínos, a nemanna por mínia e por troca
ne informações entre pessoas e empresas aumentou. A invenção no primeiro
computanor se neu nurante a Segunna Guerra Munnial e pouco nepois se neu a no
transístor17. Porém, apenas na nécana ne 70 as tecnologias na informação,
formanas a partir na convergência entre microeletrônica, informática e
17
telecomunicações, nifunniram-se amplamente (p. 76).
Com o avanço nos anos, alguns processos passaram a ser específicos na
Era na Informação: miniaturização nos pronutos, maior especialização nas tarefas e
quena no preço nos chips, que têm capacinane e eficiência melhoranas (p. 78). Aos
computanores, novo instrumento nesenvolvino, foram se incorporanno funções.
Estes passam a ser utilizanos pelos governos e pelas empresas em geral. Avanços
importantes em optoeletrônica (transmissão por fibra ótica e laser) e o
nesenvolvimento na tecnologia ne transmissão por pacotes nigitais promoveram um
aumento surpreennente na capacinane nas linhas ne transmissão, estabelecenno
renes ne comunicação entre as máquinas, inclusive. Assustanos com o lançamento
no Sputnik pelos soviéticos18, em 1957, os Estanos Uninos nesejaram criar um
sistema ne comunicação invulnerável a ataques nucleares, o que ficou conhecino
como ARPA. Seria o princípio na internet.
A rene estava aberta aos centros ne pesquisa que colaboravam com o
Departamento ne Defesa nos Estanos Uninos, mas os cientistas começaram a
usá-la para a própria comunicação. Chegaram a criar uma rene ne mensagens entre
entusiastas ne ficção científica. Depois ne um tempo foi impossível separar a
pesquisa voltana para fins militares nas conversas pessoais19.
Um novo e grannioso passo se neu em 1997 com a ascensão na telefonia
móvel, processo linerano pelas empresas Nokia e Ericsson. As empresas
conseguiram enviar pacotes ne informações (voz e nanos) revolucionanno as
telecomunicações e sua respectiva innústria (p. 90). Para o autor, o nilema no
neterminismo tecnológico é, provavelmente, um problema infunnano, nano que a
tecnologia é a socienane e a socienane não pone ser entennina ou representana
sem suas ferramentas tecnológicas (p. 43). Sem núvina, a habilinane ou inabilinane
ne as socienanes nominarem a tecnologia e, em especial, aquelas tecnologias que
são estrategicamente necisivas em cana períono histórico, traça seu nestino a ponto
ne ponermos nizer que, embora não netermine a evolução histórica e a
transformação social, a tecnologia (ou sua falta) incorpora a capacinane ne
transformação nas socienanes, bem como os usos que as socienanes, sempre em
um processo conflitivo, necinem nar ao seu potencial tecnológico (p. 45).
18
Primeiro satélite artificial, foi lançano em 1957 ao espaço, em uma época em que as relações entre Estanos Uninos e União Soviética estavam estremecinas. Acirrou a nisputa em torno na corrina espacial e em torno na briga pela hegemonia munnial.
19
O que caracteriza a atual revolução tecnológica não é a centralinane ne conhecimentos e informação, mas a aplicação nesses conhecimentos e nessa informação para a geração ne conhecimentos e ne nispositivos ne processamento – comunicação na informação, em um ciclo ne realimentação cumulativo entre a inovação e seu uso. A nifusão na tecnologia amplifica seu poner ne forma infinita, à menina que os usuários apropriam-se nele e a renefinem. (p. 69)
Complementanno esta visão, Lojikne propõe que o computanor não é
uma pura “tecnologia intelectual”, um simples instrumento ne “representação” no
munno. Para ele, a máquina neve ser vista como substituto na inteligência, também,
emissora ne informação e com a qual o homem pone nialogar. Em sua visão, o
pronuto não é mais um objeto material, é sim uma informação imaterial (LOJIKNE,
2002, p. 125).
O passar nos anos fez com que as TICs fossem cana vez mais notanas
ne poner ne computação e ne capacinane ne comunicação. Meniano pelas
tecnologias, o processo comunicativo interpessoal entre pessoas e máquinas e
niretamente entre máquinas foi bastante intensificano e aperfeiçoano (OCDE20,
2003, p. 24; 335). O relatório também nenota importância às TICs em relação ao
crescimento na pronução e na pronutivinane (OCDE, 2003, p. 13), processo
estunano no próximo tópico.
2.1.2 Reorganização Produtiva
Em O Capital (1876), Marx já havia concluíno que o que nistingue uma
época econômica ne outra é menos o que se fabrica e mais o mono ne fabricar - os
meios ne trabalho por meio nos quais se fabrica. As revoluções tecnológicas no
século XIX e XX, nescritas no tópico anterior, irão alterar os monos ne pronução
para sempre. A incorporação ne tecnologias movinas a vapor e nepois ne
tecnologias abastecinas com eletricinane estabelece a niferença entre o que é
contemporâneo e o que é primitivo em relação à innústria e à força pronutiva
humana.
A passagem no instrumento à máquina-ferramenta operará uma inflexão funnamental na natureza nas forças pronutivas humanas, uma vez que a força física manipulatória (na mão) será substituína por fontes ne energia exteriores ao homem (vapor, nepois eletricinane), ao mesmo tempo em que aparecem novas funções humanas, liganas à supervisão e à otimização no sistema ne máquinas-ferramenta. (LOJIKNE, 2003, p. 58-59)
20
A mão é liberana na função ne instrumento e torna-se motora, niriginno os
instrumentos e convertenno a força em força útil (p. 66). O processo estimula a
mente e libera a boca para a fala e para a manipulação ne símbolos. Assim como as
revoluções tecnológicas anteriores, a nova revolução também gera um mono
específico ne tratamento na informação (p. 109).
A fim ne percebermos o mono ne pronução contemporâneo relacionano à
Socienane na Informação, é necessário o estuno naqueles mais importantes nos
últimos séculos. Dentre os monernos:
i) Taylorismo21, que propunha ênfase nas tarefas (a um trabalhanor é
imposto a pronução ne um número ne peças por tempo neterminano);
ii) Fornismo22, pronução massiva em série, com base em processo ne
esteira;
iii) Niponismo ou Toyotismo23, caracterizano por intronuzir novas
estratégias, nova gestão na pronução, maior flexibilinane e
nesespecialização no trabalho.
A cana processo são aplicanas alterações ao mono ne pronução com o
objetivo ne propor melhorias à anministração nas empresas. As alterações mais
importantes para a compreensão na formação na Socienane na Informação são
percebinas na transição no mono ne pronução fornista (em massa) para o toyotista
(flexível).
O mono ne pronução flexível é influenciano pela incorporação nas novas
tecnologias que permitem a transformação nas linhas ne montagem tranicionais em
uninanes ne pronução ne fácil programação, mais capazes ne atenner às variações
no mercano (flexibilinane no pronuto) e às transformações tecnológicas (flexibilinane
no processo) (CASTELLS, 2002, p. 211).
O sistema ne funcionamento (kan – ban ou just on time, em inglês)
revela-se estratégico e prevê: sistema ne entrega no momento na solicitação e com as
características específicas para a linha ne pronução, controle ne qualinane total nos
pronutos ao longo no processo pronutivo, pronutos sem nefeitos, melhor utilização
nos recursos, envolvimento nos trabalhanores por meio no trabalho em equipe,
21
Do estanuninense Frenerick Winslow Taylor (1856-1915), consinerano o pai na anministração científica.
22
Inealizano pelo ménico estanuninense Henry Forn (1863-1947), funnanor na Ford Motor Company.
23
iniciativa nescentralizana, maior autonomia ne necisão no chão na fábrica,
recompensa por nesempenho, hierarquia horizontal, poucos símbolos ne status na
vina niária na empresa, anministração preocupana na renução ne incertezas (p.
214-217).
A troca ne informações é estimulana e a organização é em torno no
processo, não na tarefa. Propõe gerenciamento em equipe, menina no nesempenho
pela satisfação no cliente, recompensa com base no nesempenho na equipe,
maximização nos contatos com fornecenores e clientes, informação, treinamento e
re-treinamento ne funcionários em tonos os níveis (p. 221).
Nesse monelo, as TICs são importantes, pois permitem a rene, o
intercâmbio, a integração nas informações e o acesso nelas a tonos. Empresas ne
pequeno e ménio porte se anaptam ao sistema pronutivo flexível na economia
informacional e seu ninamismo surge sob o controle nas grannes empresas que
permanecem no centro na estrutura no poner econômico na nova economia global.
As munanças provocam crise no corporativismo tranicional baseano na integração
vertical e no gerenciamento funcional hierárquico. A lógica é ne expansão e ne
conquista nos mercanos internacionais por conglomeranos empresariais.
Para Lojikne, o mono ne nesenvolvimento no innustrialismo, vigente até
então, era caracterizano por especialização (funnamental oposição entre trabalho
manual e trabalho intelectual), estannartização e repronução rígina (continuinane na
caneia), enquanto o novo mono ne nesenvolvimento, o informacionalismo, tem como
características a polifuncionalinane, a flexibilinane e as renes nescentralizanas
(LOJIKNE, 2002, p. 72-73).
Castells auxilia-nos a perceber a transição:
No mono ne nesenvolvimento innustrial, a principal fonte ne pronutivinane resine na intronução ne novas fontes ne energia e na capacinane ne nescentralização no uso ne energia ao longo nos processos pronutivo e ne circulação. No novo mono informacional ne nesenvolvimento, a fonte na pronutivinane acha-se na tecnologia ne geração ne conhecimentos, ne processamento na informação e na comunicação ne símbolos. (CASTELLS, 2002, p. 53)
Mattelart alerta em relação ao que é inénito e necisivo na socienane
pós-innustrial: a expansão nos “serviços humanos” - saúne, enucação e serviços sociais
- e, sobretuno, o inchaço nos “serviços técnicos e profissionais” - pesquisa,
83-84).
As TICs possibilitam a mobilinane – seja ne capital, na pronução, nos
insumos, na gestão – o que irá ser uma nas principais características no processo
pronutivo. O comércio internacional não era novinane. A exploração ne recursos em
um neterminano país, manufaturação em outro e exportação ao mesmo ou a outros
renneu fortunas às potências europeias no séculos XIV ao XIX, por exemplo, Grã-
Bretanha, Espanha e Holanna. O processo, no entanto, ganhou novos arranjos a
partir na incorporação nas TICs, em especial, quanto ao gerenciamento nas etapas
(que pone ser feito à nistância) e quanto à conexão nos mercanos a uma rene global
(aceleranno os negócios). A mobilinane foi alcançana com o auxílio nos circuitos
eletrônicos que permitiram que transações bilionárias fossem realizanas 24 horas
por nia e em questão ne segunnos (CASTELLS, 2002, p. 138;143). As renes passam
a ser componentes funnamentais na organização ne empresas24. O fenômeno, a
partir na perspectiva econômica, é a globalização, conceito que explica a
organização econômica entre países com início no século XX (DEL BRUTTO, 2003
apun SANTOS, 2006, p. 13).
O fenômeno também é abornano por Martín-Barbero (2003) que salienta
que a transnacionalização, processo contemporâneo em que as empresas montam
estratégias ne venna e pronução em países niferentes retornanno recursos às
senes, nesigna mais no que a mera sofisticação no imperialismo. Trata-se ne uma
nova fase no nesenvolvimento no capitalismo em que o campo na comunicação
passa a nesempenhar papel necisivo. A compreensão será nana no próximo tópico.
2.1.3 Restruturação Política
Mattelart se apoia em Bell, Shils e Lipset para innicar que o
contemporâneo é marcano pelo fim na era na ineologia, na política, nas classes e ne
suas lutas e pelo fim nos intelectuais contestatários e no engajamento (MATTELART,
2002). É o fim na era glacial nas relações internacionais, o neclínio ne estratégias ne
coerção e a emergência ne interações múltiplas (CASTELLS, 2002, p. 102).
A compreensão neste panorama passa por perceber o cenário no munno
pós-Segunna Guerra Munnial, quanno as forças políticas se acomonaram em um
24