Epidemiologia
Ambiental
Conceito de epidemiologia Eixo da Saúde Pública
Definição de epidemiologia
Estuda a distribuição da morbidade e da
mortalidade a fim de traçar o perfil saúde doença nas coletividades humanas;
Realiza testes de eficácia e de inocuidade de
vacinas;
Desenvolve a vigilância epidemiológica;
Objetivos principais:
Descrever a distribuição e a magnitude dos
problemas de saúde nas populações humanas;
Proporcionar dados essenciais para o
planejamento, execução e avaliação das ações de prevenção, controle e tratamento das
doenças, bem como para estabelecer prioridades.
Identificar fatores etiológicos na gênese das
“Ciência que estuda o processo saúde-doença em
coletividades humanas, analisando a distribuição e os fatores de terminantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva,
propondo medidas específicas de prevenção,
controle ou erradicação de doenças e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações de saúde.”
Voltada para a ocorrência em escala maior;
Doenças infecciosas, não-infecciosas e agravos à
integridade física.
Processo saúde-doença.
Estudo da variabilidade da freqüência de ocorrência
variáveis ambientais e populacionais (tempo e espaço).
Análise de fatores determinantes.
Prevenção; controle; erradicação (Varíola, 1977 e
Importância do método epidemiológico AIDS Análise epidemiológica relacionamento com
determinados grupos
Leucemia na infância exposição aos raios X; Trombose venal uso de contraceptivos orais; Ingestão de talidomida focomelia;
Tabagismo câncer de pulmão;
Cegueira em crianças nordestinas subnutridas
avitaminose A;
Mortalidade infantil e classes sociais. Epidemiologia prospectiva.
Definição clássica:
Relações existentes entre os fatores:
Ambiente físicos, químicos e biológicos; Agente e hospedeiro ou suscetível.
Fatores culturais e socioeconômicos.
Autores latino-americanos visão dialética
contra a fatalidade do “natural” e do “tropical”.
Estudo com estrutura socioeconômica
Processo saúde-doença explicado sob a história. Epidemiologia social.
Epidemiologia ambiental é uma
sub-especialidade da epidemiologia.
Objeto da epidemiologia ambiental é a saúde
ambiental.
Contempla todos os fatores externos ao
Estudos clássicos em
epidemiologia ambiental
Cólera no século XIX em Londres
Epidemia de Cólera: ponto de partida da
epidemiologia moderna.
Considerado um típico estudo de
epidemiologia ambiental.
Centenas de milhares de vítimas em todo o
mundo naquela época.
Conhecimento da época sugeria que a
doença se espalhava pelo ar.
Editorial da revista Lancet em 1853:
“The question: what is cholera? Is left
unsolved. Concerninhg this, the fundamental point, all is darkness and confusion, vague theory, and a vain speculation. Is it a fungue, na insect, a miasm, na electrical disturbance, a deficiency of ozone, a morbid offscouring of the intestinal canal? We know nothing; we
Dois períodos de epidemia: 1832 e 1848. A última levou o médico local John Snow a
desenvolver a teoria: sobre o modo de
transmissão da Cólera; publicado em 1849.
Trato gastrointestinal era a principal porta de
entrada para a doença.
Contato com excrementos de indivíduos
doentes como importante mecanismo de transmissão.
John Snow (1847) por Thomas
Jones Barker
Observação de regiões com números
distintos de mortes por Cólera.
Qualidade do ar entre áreas: idêntica Água de consumo humano retirada em
poços: diferenças na contaminação.
Diferenças de mortalidade por Cólera em
companhias que usavam a montante do rio Tâmisa como fonte (não-contaminada)
Fontes localizadas à jusante do rio
(contaminadas por esgoto doméstico).
Recomendação que água deste local não
fosse utilizada como fonte de recursos para consumo humano.
Colegas e autoridades civis não se
convenceram desta medida. Por muitos anos nenhuma medida prática foi adotada.
Terceira epidemia em 1853:
Investigação com maior detalhamento. Diferenças em taxas de mortalidade.
Taxas maiores no sul de Londres, região servida
por duas companhias de abastecimento.
Na terceira empresa, as taxas eram menores.
Durante investigação no sul de Londres:
surto no centro da cidade, em uma pequena área e centenas de moradores morreram no curso de uma semana.
Maioria dos pacientes havia consumido água
de um poço local conectado à bomba da Broad Street.
Interdição da bomba.
Poço contaminado por uma fossa: excrementos
Confecção de mapas para ilustrar a
associação geográfica entre ambiente e doença.
Casos preponderantes ao redor da bomba
citada.
Maioria das vítimas vivia próxima à bomba e
Taxas de mortalidade por Cólera em Londres, 1853-4, de acordo com a companhia de
Distribuição de casos ao redor da bomba Broad street. Casas atingidas são marcadas por retângulos pretos.
Smog de Londres
5 de dezembro de 1952 inversão térmica
Formação densa de névoa no centro da cidade Temperatura aproximada de 0 C
Uso de combustíveis fósseis
Carvão em residências Geração de eletricidade Tráfego veicular
Medições rotineiras de TSPM e SO2 no
centro e periferia de Londres
Incremento da média diária de cinco vezes
no período de 6 a 8 de dezembro de 1952 1,6 mgm3
Valores de pico 3 a 10 vezes os valores
Aumento pela demanda de leitos
hospitalares, em 8 de dezembro
Taxa de mortalidade elevada em
determinadas regiões
Dados epidemiológicos material
particulado no ar
Análises posteriores aerossóis ácidos
Fog deLondres
5-9 Dezembro 1952
29
Fog de Londres
5-9 Dezembro de 1952Wilkins E.T. Journal of the Royal Sanitary Institute, 1954, 74, 1-21
De Fev.1952 – Fev 1953: ~12.000 mortes em excesso
Bell ML, Davis DL. Reassessment of the Lethal London Fog of 1952: Novel Indicators of Acute and Chronic Consequences of Acute Exposure to Air Pollution.
Environ Health Perspect 2001;109 Suppl 3:389-94.
Não devido à influenza
Mortalidade semanal em
Londres: 1952-3
Arsênio em água de poço em
Bangladesh
31
Para redução de morbidade e mortalidade
por doença gastrointestinal por consumo de água superficial, diversos poços artesianos foram abertos na década de 70 do século passado.
Conectados a aquíferos a 200 m de
profundidade.
Início de 1990, descobertas altas
Arsênio em água de poço em
Bangladesh
Arsênio, contaminante natural do solo da
região.
Descobertas de lesões de pele entre
pessoas que consumiam estas águas.
Tempo de latência de aproximadamente dez
anos.
Elevação de taxas de câncer da pele, bexiga,
Arsênio em água de poço em
Bangladesh
Tempo de latência aproximado de 20 anos. Estimativa de 35 a 77 milhões de pessoas
expostas.
Concentrações acima de 50 µg/l.
Remediações complicadas, pois há milhares
de poços.
Medidas de emergência adotadas:
Identificação de poços não contaminados, aplicação de filtração ou procedimentos de limpeza química.
Doença de pele, típica por
Acidente ocorrido na madrugada de 03 de
dezembro de 1984.
520.000 pessoas expostas aos gases. 8.000 mortes nas primeiras semanas 100.000 pessoas lesionadas
Símbolo da negligência humana por
corporações transnacionais
Riscos químicos →problema de saúde
pública
35
Manufatura de Isocianato de metila (MIC),
como intermediário na produção de pesticidas.
Muitas pessoas morreram por choque ou
colapso circulatório.
Desenvolvimento de edema pulmonar como
efeito agudo.
Objetivos da epidemiologia
ambiental
Agentes no ambiente que podem ser
danosos à saúde:
Químicos, físicos ou biológicos; Antropogênicos ou naturais;
Essenciais ou não-essenciais.
Centenas de substâncias têm sido avaliadas
Campos relacionados
Epidemiologia ocupacional
Populações adultas;
Exposições mais elevadas; Exposições mais específicas;
Exposição pessoal ou de grupos homogêneos; Informações mais acessíveis (produtos,
registros);
Campos relacionados
Epidemiologia nutricional
Dieta como fonte de saúde e de doença; Dificuldade na obtenção de informação
precisa e acurada;
Métodos de medida de consumo de
alimentos;
Campos relacionados
Epidemiologia das doenças infecciosas Disseminação de infecções e doenças
relacionadas em populações;
Instrumentos epidemiológicos e conceitos
similares;
Caso pode ser um fator de risco;
Necessidade de medidas urgentes em casos
Campos relacionados
Toxicologia
Ciência dos venenos;
Baterias de testes têm sido desenvolvidas;
Estudos de curta duração para avaliar toxicidade
aguda;
Períodos mais longos usados para estudo de
toxicidade crônica;
Estudos patológicos na determinação de causas
Campos relacionados
Toxicologia:
Desenvolvimento de modelos animais; Ciência mais experimental do que a
epidemiologia (observacional);
Toxicologia: causalidade
Epidemiologia: associação → capaz de
estudar seres humanos no mundo real → aplicabilidade imediata na Saúde Pública.
Campos relacionados
Avaliação de risco: epidemiologia e
toxicologia são complementares.
Avaliação de perigo: estabelecer que uma
substância ou fator podem causar dano á saúde;
Avaliação de dose-resposta: estabelecimento do
nível de exposição (epidemiologia) ou á dose (toxicologia);
Avaliação da exposição: distribuição da
população;
Caracterização do risco: avaliação quantitativa
Campos relacionados
Avaliação de risco:
Avaliação da exposição: distribuição da
população;
Caracterização do risco: avaliação quantitativa
Diferenças entre toxicologia e
epidemiologia
Toxicologia Epidemiologia
Experimental Observacional Animais/tecidos/humanos Humanos Unidade de poucos sujeitos População Mecanismos Caixa-preta Causação Associação
Altas exposições Baixas exposições
Exposições definidas Exposições a serem definidas Teste de perigo antes da introdução do
produto
Estimativa de risco na população
Problemas:
Extrapolação Confusão/viés/avaliação da exposição/extrapolação a partir de doses baixas.
Em comum
Princípios da saúde ambiental
e da epidemiologia
Princípios básicos da saúde ambiental.
Exposição representa o contato entre o risco
e o corpo humano.
Necessidade de entendimento das fontes,
meios de transmissão e rotas de exposição.
Curso físico de uma substância: trajetória de
exposição.
Rota de exposição: meio de entrada da
Princípios da saúde ambiental
e da epidemiologia
Rotas de exposição: inalação, ingestão,
contato com os olhos ou com a pela, pela placenta, contato sanguíneo.
Quantidade de risco: dose Conceito de órgão-alvo
Variação genética influi na suscetibilidade. Estimativa da exposição vem de dados
Princípios da saúde ambiental
e da epidemiologia
Exposição é usada para se estimar a dose. Dose é usada para se estimar a dose
Agentes de meios
Agentes: químicos, biológicos e físicos; Meio: água, ar, solo, alimento;
Rotas de entrada: inalação, ingestão,
Princípios da saúde ambiental
e da epidemiologia
Efeito:
Descrição genérica de qualquer mudança no
status de saúde ou função corporal.
Largo espectro: desde incômodo até a
manifestação de um agravo e morte.
Efeitos adversos precoces: indicadores
biológicos ou biomarcadores para efeitos genotóxicos, imunotoxicidade e dano
Da exposição ao efeito à
saúde
SUSCETIBILIDADE Fatores genéticos EXPOSIÇÃO Modificadores De efeito: Dieta Hábitos Medicação Estado de saúde Co-exposição DOSE INTERNADOSE BIOLOGICAMENTE EFETIVA
EFEITOS BIOLÓGICOS PRECOCES
FUNÇÃO E ESTRUTURA ALTERADAS
Princípios da saúde ambiental
e da epidemiologia
Efeitos locais: local de contato com o risco.
Exemplos: inalação de gás cloro → danos aos
tecidos do trato respiratório; irritação dos olhos pelo contato com ozônio.
Efeitos também podem ocorrer em locais
distintos do ponto de entrada → efeito sistêmico.
Princípios da saúde ambiental
e da epidemiologia
Classificação dos efeitos de acordo com a
velocidade.
Efeitos agudos Efeitos crônicos.
Efeitos podem ser temporários ou
permanentes.
Efeitos à saúde podem ter uma longa
latência: Leucemia exposição à bomba de Hiroshima 5 a 10 anos
Princípios da saúde ambiental
e da epidemiologia
Associação entre exposições ambientais e
efeitos á saúde pode ser complexa, pois um único fator pode causar múltiplos efeitos.
Relação entre exposição e
efeito
Distinção entre dose-efeito e dose-resposta. Dose-efeito: relação entre a dose e o tipo ou
gravidade do efeito em um indivíduo.
Exemplo: Efeitos de diferentes
concentrações de chumbo em crianças e adultos.
Caracterização do efeito somente em um
indivíduo não é suficiente.
Exposição-resposta: refere-se à população e
descreve a probabilidade de um efeito de acordo com a exposição
Principal foco da investigação
Curva dose-resposta: como o risco de efeito
à saúde se eleva com o aumento da dose.
Forma da curva pode indicar a existência de
um limiar: efeitos adversos não ocorrem até uma determinada dose.
A relação dose-resposta pode ser modificada
por fatores: idade, sexo ou por outras exposições.