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Comparação da aptidão física em mulheres de meia-idade e idosas com diferentes níveis de atividade física

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Academic year: 2021

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COMPARAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA EM MULHERES DE

MEIA-IDADE E IDOSAS COM DIFERENTES NÍVEIS DE

ATIVIDADE FÍSICA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS DO DESPORTO ESPECIALIZAÇÃO EM AVALIAÇÃO E PRESCRIÇÃO NA ATIVIDADE FÍSICA

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO VILA REAL, 2012

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II

CARLA RIBEIRO RAMOS

COMPARAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA EM MULHERES DE

MEIA-IDADE E IDOSAS COM DIFERENTES NÍVEIS DE

ATIVIDADE FÍSICA

Orientadora: Professora Doutora Eduarda Maria Rocha Teles de Castro Coelho

UTAD Vila Real – 2012

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III

FICHA CATALOGRÁFICA

Ramos, Carla Ribeiro.

COMPARAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA EM MULHERES DE MEIA-IDADE E IDOSAS COM DIFERENTES NÍVEIS DE ATIVIDADE FÍSICA/ Carla Ribeiro Ramos. Vila Real: «s.n», 2011.

Orientadora: Professora Doutora Eduarda Maria Rocha Teles de Castro Coelho

Dissertação (Mestrado) Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

PALAVRAS-CHAVE: Meia-idade, Idosas, Aptidão física, Qualidade de Vida.

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IV

Dissertação apresentada com vista á obtençãode grau de mestre em Desporto na área deAvaliação e Prescrição na Atividade Física, nos termos do decreto-leinº 107/2008, de 25 de Junho

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V

CARÁTER

A palavra caráter tem sua origem num verbo grego que significa “gravar”. A firmeza moral de uma pessoa, portanto, é o sinal visível de sua natureza interior. É o que somos por baixo de nossa personalidade(máscara).

Ao contrário da personalidade, que se forma na infância, o caráter continua a crescer e a se desenvolver ao longo da vida. Na prática, sua importância é bem maior, já que uma pessoa não é responsabilizada por sua personalidade, mas por seu comportamento.

Na verdade, caráter é muito diferente de personalidade. Ele trata de nossa maturidade moral, que é a disposição para fazer a caisa certa, mesmo quando o preço para fazê-la é superior ao que estamos dispostos a pagar.

Desenvolver firmeza moral significa ganhar essas batalhas até que a vitória se torne um hábito. É fácil amar as pessoas por quem temos afeição. O difícil é fazer a coisa certa mesmo quando não temos vontade... especialmente quando não adoramos as tarefas que devem ser feitas para se chegar a um objetivo ideal.

Caráter é nossa força moral e ética, aquilo que guia nosso comportamento de acordo com os valores e princípios adequados – o que explica por que a liderança pode ser definida como “caráter em ação”.

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VI

“ A verdade é que não há nada de digno em ser superior a outra pessoa. A única nobreza genuína é ser superior a seu antigo eu”.

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VII

“ Não conheço nenhum fato mais animador do que a incintestável capacidade do homem de elevar sua vida pelo esforço consciente”.

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VIII

Dedico a todas as pessoas que acreditam ser insubstituíveis em suas ações, pois cada ser tem um pouco a contribuir na humanidade. Somos pequenas engrenagens de uma gigantesca máquina, e não podemos parar.

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IX

Á memória da pessoa que me ensinou a viver e lutar pela vida, com humildade, respeito ao próximo e muita determinação. Á minha amada mãe ISABEL, que deve estar em outro plano muito orgulhosa de me ver finalizar mais esta difícil etapa da vida.

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X

AGRADECIMENTOS

A magnitude de acreditarmos em algo superior que nos dá saúde, força, energia e determinação. Este Deus que está em todos os corações e que na maioria das vezes, se expressa de forma positiva. Que habita o meu ser, para um caminho iluminado e cercado de coisas boas nesta passagem da vida.

Aos meus Pais que me colocaram na escola primária e me fizeram entender o bem e a que os ensinamentos nos levam.

Ao meu Pai, que a princípio não acreditou na importância desta fase, mas depois reconheceu o grande passo dado pela filha.

Á minha querida vó Alfreda, que acredita que tudo que eu queira, possa realizar com paciência e resginação.

Á muito amada Giovanna Alencar, que não me deixou desistir, que abriu mão de passeios e de minha companhia para a finalização desta importante etapa na construção de minha profissionalização.

Á todas as idosas pesquisadas e em especial ao Grupo Caminhada da Saúde da Unifor, que são minhas mães e irmãs mais velhas e mesmo com as intempéreis naturais estamos juntas há 7 anos.

A equipe de consultoria da Master Cursos Assessoria Educacional, pela iniciativa na parceria com a UTAD e proporcionar a alguns a oportunidade de realização de um sonho.

Aos ilustres e renomados diretores Miguel Videira, António José Silva e Victor Reis – UTAD, por sua paciência com os brasileiros para melhor organizar em curso.

A todos os docentes do curso de mestrado em Avaliação das Atividades Física e Desportivas que contribuíram para nosso aperfeiçoamento, compartilhando experiências, conhecimentos e sonhos com todos os alunos: Jaime Sampaio, Francisco José Félix Saavedra, Vasconcelos, Helder Miguel, Ronaldo Gabriel, Victor Maças, Isabel Gomes Mourão e todos os outros.

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XI

A Doutora Maria Helena, responsável pelo projeto menopausa em forma, que muito contribuiu para esta dissertação.

Ao Jefferson Vianna que me orientou no direcionamento do tema da dissertação.

A minha orientadora, Doutora Eduarda Coelho, que pelo fato de ser atleta olímpica e doutora não me deixou abandonar este caminho longo e difícil até o fim.

Aos meus colegas de viagem e estudos, em especial á Rosane Andrade que me alertou, acompanhou e ajudou nesta empreitada.

Ao Galvão que dizia “ O homem só envelhece quando seus lamentos substituem seus sonhos”.

Ao trio, Cintia, Lívia e Fernanda que amenizaram as dificuldades no estudo e aproximaram as almas amigas.

Á minha mãe e amiga de todas as horas, Monica Helena Neves Pinheiro, que quase enlouquece junto comigo, mas consegue ver uma luz no fim do túnel e seguí-la com veemência.

Á minha ex-aluna e amiga Carminda Goersch que literalmente “arregaçou a manga e botou a mão na massa” pela finalização desta idéia, auxiliando no treinamento dos alunos e nas coletas de dados.

Aos meus companheiros da Unifor, que contribuiram com olhares, dicas de artigos e mais para este êxito.

E por fim a minha família por ter me dado a base e o apoio para a conclusão desta etapa.

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XII

ÍNDICE GERAL

1. INTRODUÇÃO GERAL ... 1 2. REVISÃO DA LITERATURA ... 5 2.1. ENVELHECIMENTO ... 6 2.2.GERIATRIA E GERONTOLOGIA ... 11 2.2.1. FISIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO ... 11 2.2.2. A IDADE CRONOLÓGICA ... 12 2.2.3. IDADE PSICOLÓGICA ... 12 2.2.4. IDADE SOCIAL ... 13 2.2.5. IDADE BIOLÓGICA ... 14

2.3. ALTERAÇÕES CELULARES, TECIDUAIS E ORGÂNICAS ... 15

2.3.1. FORÇA ... 16

2.3.2. SARCOPENIA ... 19

2.3.3. RESISTÊNCIA DE FORÇA ... 20

2.3.4. FLEXIBILIDADE ... 20

2.4. QUALIDADE DE VIDA ... 23

2.4.1. APTIDÃO FÍSICA, ATIVIDADE FÍSICA e EXERCÍCIO FÍSICO ... 26

2.4.2. TESTE DE APTIDÃO PARA IDOSO ... 27

2.5. HIPÓTESE ... 28 2.6. OBJETIVOS ... 28 3. METODOLOGIA ... 30 3.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ... 32 3.2. VARIÁVEIS ... 33 3.3. INSTRUMENTOS ... 34 3.4 PROCEDIMENTOS ... 36 3.5. TRATAMENTO ESTATÍSTICO ... 40

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XIII

4. RESULTADOS ... 43

4.1. ANÁLISE DESCRITIVA ... 44

4.2. ANÁLISE COMPARATIVA ... 46

4.2.1 ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC) ... 46

4.2.2 FORÇA DO MEMBRO SUPERIOR ... 47

4.2.3.FORÇA DE MEMBRO INFERIOR ... 48

4.2.4.FLEXIBILIDADE DE MEMBRO SUPERIOR ... 50

4.2.5.FLEXIBILIDADE DE MEMBROS INFERIORES ... 51

4.2.6.FUNCIONAL & MOBILIDADE ... 53

5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 55

5.1. IMC ... 56

5.2. FORÇA DE MEMBRO SUPERIOR ... 58

5.2.1. FORÇA DE MEMBRO INFERIOR ... 59

5.2.2.FLEXIBILIDADE DE MEMBROS SUPERIORES ... 60

5.2.3. FLEXIBILIDADE DE MEMBROS INFERIORES ... 61

5.2.4. FUNCIONAL & MOBILIDADE ... 61

6. CONCLUSÃO ... 64

7. PROPOSTAS FUTURAS ... 67

8. BIBLIOGRAFIA ... 69

9. ANEXOS ... 77 ANEXO I – QUESTIONÁRIO INTERNACIONAL DE ATIVIDADE FÍSICA – IPAQ (FORMATO CURTO)

ANEXO II – QUESTIONÁRIODE AVALIAÇÃO

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XIV

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Nível de atividade física dos grupos estudados, considerando a frequência (dias/semana) e duração (minutos/dia) e atividades físicas vigorosas, moderadas e caminhadas. Brasil, Fortaleza-Ce, 2009-2010 ... 44! Tabela 2 - Tempo por dia sentado em um dia da semana e no final de semana. Brasil, Fortaleza-Ce, 2009-2010 ... 45! Tabela 3 - Características das mulheres participantes deste estudo. Brasil, Fortaleza-Ce, 2009-2010 ... 45! Tabela 4 – IMC QANTO À CLASSIFICAÇÃO DE PESO (OMS, 1997) ... 56! Tabela 5 – Classificação para mulheres, número de repetições por minuto (OMS, 1998) ... 58! Tabela 6 - Faixa de normalidade*, segundo Rikli e Jones (2008) para os testes de sentar e levantar, flexão de cotovelo, alcançar as costas em mulheres ... 62!

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XV

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - A figura acima mostra o processo natural de envelhecimento, com as atuais perspetivas de longevidade ... 6! Figura 2 - As relações intercambiais das três formas da força ( Weineck, 1999) ... 17! Figura 3 - A Força, suas diferentes capacidades e suas manifestações – (Letzelter/Letzelter, 1986 apud Weineck,1999) ... 17! Figura 4 - Índice de massa corporal, expressos em média e desvio padrão, das mulheres de meia-idade e idosas participantes deste estudo. Brasil, Fortaleza-Ce, 2009-2010 ... 46! Figura 5 - Delta percentual entre os grupos no índice de massa corporal ... 47! Figura 6 - Resultados do teste de flexão do cotovelo das mulheres de meia-idade e idosas participantes do estudo. Brasil, Fortaleza-Ce, 2009-2010 ... 48! Figura 7 - Delta percentual entre os grupos no teste de flexão do cotovelo entre os grupos ... 48! Figura 8 - Resultados do teste de levantar da cadeira das participantes deste estudo. Brasil, Fortaleza-Ce, 2009-2010 ... 49! Figura 9 - Delta percentual entre os grupos no teste de levantar da cadeira ... 50! Figura 10 - Flexibilidade dos membros superiores (teste de alcançar as costas) das participantes deste estudo. Brasil, Fortaleza-Ce, 2009-2010 ... 51! Figura 11 - Resultados do teste de sentar e alcançar no banco de Wells das participantes deste estudo. Brasil, Fortaleza-Ce, 2009-2010 ... 52! Figura 12 - Delta percentual dos resultados do teste de sentar e alcançar no banco de Wells ... 52! Figura 13 - Resultados do teste de equilíbrio estático das participantes deste estudo. Brasil, Fortaleza, 2009-2010 ... 53! Figura 14 – Delta percentual entre os grupos no teste de equilíbrio estático ... 54!

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XVI

LISTA DE ABREVIATURAS

QV Qualidade de vida

TAFI Teste de Aptidão Física para Idoso

IPAQ Questionário Internacional de Atividade Física IMC Índice de Massa Corporal

∆% Delta Percentual DP Desvio Padrão NP Não Praticante SIG Significância

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XVII

RESUMO

Introdução:Para Matsudo (2001) o aumento no número de idosos instiga o desenvolvimento de estratégias que possam minimizar os efeitos negativos do avanço da idade cronológica no organismo. Estas estratégias visam à manutenção da capacidade funcional e da autonomia para que as pessoas possam ter uma vida mais longa e com melhor qualidade.O objetivo geral deste estudo foi comparar a aptidão física em mulheres de meia-idade e idosas nos diferentes níveis de atividade física.

Metodologia:Foi utilizada uma amostra de conveniência composta por 93 mulheres, praticantes de atividade físicacom uma média de idade de 63,58 (± 8,7) anos. A partir da aplicação do IPAQ Curto, a amostra foi dividida em três grupos – muito ativas, ativas e irregularmente ativas. Foram avaliados:o IMC, a força de membros superiores e inferiores, a flexibilidade de membros superiores e inferiores e um teste funcional de equilíbrio estático.Na comparação entre grupos foram utilizados os testes de ANOVA e Kruskal-Wallis quando as variáveis tinham distribuição normal ou não, respectivamente. Resultados: Os resultados apresentaram índices de aptidão física mais elevados para o grupo muito ativo em todos os testes, no entanto, as diferenças foram estatisticamente significativas na flexão do cotovelo, levantar da cadeira e no alcançar as costas. Já entre grupos ativos e irregularmente ativos a diferença comparativa não foi significativa.

Conclusões: Podemos concluir que apenas as idosas muito ativas, que realizam actividade física quatro vezes por semana, apresentam níveis de aptidão física significativamente superiores. Os programas de exercício físico que pretendam ter benefícios ao nível da aptidão física deverão contemplar os resultados desta investigação.

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XVIII

ABSTRACT

To Matsudo (2001) the increase in the number of elders instigates the development of strategies to minimize the negative effects in the body due to chronological aging. These strategies serve to maintain functional capacity and autonomy so that people can have a better and longer life quality.The aim of this study was to compare physical fitness in middle-aged women and older women at different levels of physical activity.

We used a convenience sample consisting of 93 women, physically active with a mean age of 63.58 (± 8.7) years. From the short IPAQ, the sample was divided into three groups - very active, active and irregular active. BMI, strength of upper and lower limbs, the flexibility of upper and lower limbs and a functional test of static balance were assessed. On the comparison between groups ANOVA and Kruskal-Wallis test depending on variables distribution.

The results showed higher levels of fitness for the group very active in all tests and differences were statistically significant in elbow flexion, rising from a chair and reach the back. Among active and irregular active groups differences were not significant.

We can conclude that only the elderly very active, performing physical activity four or more times a week present significantly higher fitness levels. The exercise programs wishing to have benefits in physical fitness should include the results of this investigation.

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1. INTRODUÇÃO GERAL

COMPARAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA EM MULHERES DE MEIA-IDADE E IDOSAS COM DIFERENTES NÍVEIS DE ATIVIDADE FÍSICA

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1. INTRODUÇÃO GERAL

O processo de envelhecimento é instigante, curioso e científico. Existe até um dito popular no Brasil que se diz que envelhecer é uma arte! tamanha são as dificuldades enfrentadas em pessoas que ficam cada vez mais idosas. De acordo com registros históricos, uma grande parcela da população considera a terceira idade comosinônimo de pobreza no aspecto econômico, inatividade no laboral, marginalidade na vida social e cultural, enfermidade no âmbito da saúde. A partir da segunda guerra mundial, observa-se uma enorme modificação na situação existente até então (Duarte, 1999). Nos dias atuais, com o avanço da ciência e tecnologia, melhorar a qualidade devida (QV) do idoso requer determinação, tempo e muita disposição. Com isso a atenção para essa faixa etária se deve a olhares técnicos.

O crescimento relativamente mais elevado do contingente idoso no Brasil,é resultado de altas taxas melhorias na saúde pública e redução da mortalidade. Apesar de os dois processos responsáveis pelo aumento da longevidade terem sido resultado de políticas e incentivos promovidos pela sociedade e pelo Estado e do progresso tecnológico, as suas consequências tem sido vistas, em geral, com preocupações que acarretam pressões para transferência de recursos na sociedade. Alguns relatórios nacionais evidenciam que o Brasil, com seu desenvolvimento nos últimos anos, está provocando uma “crise da velhice”, principalmente no sistema previdenciário (Camarano,2002).

O processo rápido de envelhecimento da população brasileira vem sendo enfatizado particularmente no que se refere as suas implicações sociais e em termos de saúde pública (Filho,2006).

Há uma necessidade imediata de estudos aprofundados e medidas de conscientização da população nacional aos benefícios do exercício físico regular e planejado pelo profissional de educação física, a todas as faixas etárias, com uma preocupaçãp ao idoso por conta de problemas em saúde pública.

Estudos no Brasil evidenciaram que a população jovem diminue e a idosa aumenta. De acordo com o estudo relatado por Kristian e Franchi (2005),

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a população de idosos era de 15 milhoes em 2002 e estima-se que em 2020 o número de pessoas acima de 60 anos de idade terá crescido 16 vezes em relação a 1950. O índice de envelhecimento, que representa a razão entre a população maior que 65 anos e a população de 0 a 14 anos vezes 100 (ibge,1980/200) em 1980 era de 10,49%, em 1991 de 13,90% e em 2000 de 19,77%(Franchi, 2005).

Diante do exposto, a idéia em organizar mais um estudo nesta área se tornou interessante e de colaboração a saúde pública.

A facilidade de acesso a alguns grupos de meia idade e idosos ativos, frequentadores de programa de exercícios físicos regulares aplicados por profissionais de educação física, facilitaram a intenção no estudo. Mesmo porque alguns dos benefícios a QV nesta faixa etária já foram observados em estudos anteriores.

Segundo estudo realizado com 50 homens sedentários e saudáveis de 60 a 75 anos, onde metade deles passou a praticar atividade física (uma hora, três vezes por semana) e os demais mantiveram suas atividades normais. Testes físicos e neuropsicológicos realizados antes e após 6 meses apresentaram que o grupo praticante de atividade física aumentaram sua capacidade funcional, melhora em funções cognitivas como memória, além de benefícios como diminuição de pressão arterial, desempenho cardíaco, humor, auto-estima e qualidade do sono. O exercício ativa cascatas moleculares e celulares que mantém a plasticidade do cérebro, promove melhora na vascularização do cérebro, assim como mudanças funcionais na estrutura neuronal (Gonçalves, 2006).

É sabido que o sedentarismo provoca várias consequências funcionais e estruturais no organismo humano como diminuição de capacidade ventilatória, coagulação do sangue, massa e qualidade muscular, motilidade intestinal entre outros. Como tratamento, baseado na prática de atividades físicas constantes, observamos a reversão no quadro das incidências anteriormente citadas (Filho,2006).

Daí a vontade de pesquisar mais sobre o impacto dos benefícios destas atividades em indivíduos de meia idade e idosos se torna latente e o porquê do

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desenvolvimento de trabalhos científicos como esta dissertação. O objetivo geral deste estudo foi comparar a aptidão física em mulheres de meia-idade e idosas nos diferentes níveis de atividade física.

Com esse breve relato, este estudo apresenta na revisão de literatura o processo de envelhecimento humano em olhares diferenciados, evidenciando a importância da atividade física para o indivíduo que a pratica, bem como a melhora na QV.

Destaca-se os objetivos e a justificativa desta abordagem, bem como a metodologia de pesquisa onde se descreve toda a coleta de dados. A discussão dos resultados e as conclusões alcançadas e as propostas futuras.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

COMPARAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA EM MULHERES DE MEIA-IDADE E IDOSAS COM DIFERENTES NÍVEIS DE ATIVIDADE FÍSICA

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. ENVELHECIMENTO

Figura 1 - A figura acima mostra o processo natural de envelhecimento, com as atuais

perspetivas de longevidade

O planeta terra abriga seres vivos que nascem, crescem, se desenvolvem e morrem desde os primórdios tempos. Os humanos não foram os primeiros habitantes deste planeta, mas são os mais desenvolvidos, com notada forma de comunicação e curiosidade. Isto nos leva há querer saber e entender todos os fenômenos que aqui acontecem. E podemos mencionar o mais natural deles que é o envelhecimento. Para Silva (2008), atualmente o fato do homem praticar pouca atividade física e, consequentemente solicitar cada vez menos as atividades de desenvolvimento corporais, leva ao desenvolvimento de doenças degenerativas. Simultaneamente, os hábitos de vida atuais influenciam na adoção de muitos comportamentos individuais que podem afetar a saúde, tais como, a obesidade, o consumo exagerado de álcool, tabaco e drogas. Por estes motivos, é necessário promover-se estilos de vida mais saudáveis (Silva, 2008).

E estes hábitos saudáveis precisam perdurar por toda a vida, para que não sejam acentuados os seus processos negativos com o avanço da idade.

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Paradoxalmente, podemos observar que o processo de envelhecimento e suas múltiplas reações que envolve os seres humanos nas faixas etárias mais elevadas são motivos recentes de estudos entre cientistas, se compararmos a longevidade tão antiga quanto a própria civilização.

O envelhecimento é um fato de curiosidade científica relativamente recente, universal e inexorável da população mundial.

Essa tendência global tem levado a ciência, os pesquisadores e a população em geral, na busca de “soluções” para tentar minimizar ou se possível, evitar os efeitos negativos do avanço da idade cronológica no organismo. Cada vez mais se pesquisam formas de deter ou retardar o processo do envelhecimento ou estratégias que garantam uma manutenção da capacidade funcional e da autonomia, nas últimas décadas da vida. Haja visto que, o século XX foi contemplado com explosões de medidas protetoras que visam prolongar a vida. Nas comunidades em que tais medidas inexistem ou são precárias, onde seus elementos estão mais expostos a riscos naturais, em ambientes selvagens e hostis, a possibilidade de morte estará sempre presente em qualquer período da vida. Nas populações mais protegidas, que habitam em comunidades em que o meio ambiente se acha sob controle, a morte pode ser postergada até o limite biológico de existência. Para Matsudo (2000), na medida em que as condições gerais de vida como exposição a calor e frio, hábitos ativos ou sedentários e ao avanço da ciência tecnológica, se tornam itens que contribuem para a diminuição da mortalidade da população, tanto os países desenvolvidos como na maioria dos países em desenvolvimento, tem incrementado, a sua expectativa de vida.

O envelhecimento se refere a um fenômeno fisiológico de comportamento social ou cronológico. É um processo biossocial de regressão, observável em todos os seres vivos expressando-se na perda de capacidade ao longo da vida, devido à influência de diferentes variáveis, como as genéticas, danos acumulados e estilo de vida, além de alterações psicoemocionais.

Para Giatti, (2003) o envelhecimento pode ser definido como um fenômeno altamente complexo e variável, comum a todos os membros de uma

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determinada espécie, progressivo envolvendo mecanismos deletérios que afetam a capacidade de desempenhar um grande número de funções. E complementa quando diz que se trata de um processo multidimensional e multidirecional, pois há uma variabilidade na taxa e direção das mudanças (ganhos e perdas) em diferentes características em cada indivíduo e entre indivíduos. Segundo Zago (2003) podemos referenciar o envelhecimento a uma somatória de alterações em âmbitos biológicos, psicológicos e sociais que ocorrem com o passar dos anos. Para Netto (2005) os seres humanos, desde sua concepção até a morte, passam por diversas fases: desenvolvimento, puberdade, maturidade ou de estabilização e envelhecimento. Nas três primeiras fases citadas podemos identificar marcadores físicos e fisiológicos de transição entre elas. Faz parte do “ficar velho” haver declínio das funções de diversos órgãos que, tendem a se modificar em função do tempo. É um processo biossocial de regressão, observável em todos os seres vivos expressando-se na perda de capacidade ao longo da vida, devido à influência de diferentes variáveis, como as genéticas, danos acumulados e estilo de vida, além de alterações psicoemocionais.

A notável transformação do perfil etário das civilizações verificadas no século passado, principalmente nas suas últimas décadas, decorreu de vários fatores, entre os quais a melhora do saneamento básico, evolução de ciência e tecnologia, das condições de saúde pública e hábitos populacionais mais saudáveis determinando a redução da mortalidade precoce e a nítida diminuição das taxas de fertilidade e natalidade para níveis que, em países desenvolvidos, já são inferiores ao fator de reposição populacional (2,1 nascidos vivos / mulher adulta), o que resulta em redução absoluta do número de habitantes (Filho, 2006).

Ademais, a expectativa média de vida para quase toda a humanidade ainda deve aumentar consideravelmente para os habitantes dos países em desenvolvimento, em relação aos números verificados atualmente.

Atualmente podemos perceber que o aumento da população idosa no mundo vem crescendo significativamente. E como afirma Parahyba (2006):

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Os cidadãos brasileiros com 60 anos ou mais já somam aproximadamente dez milhões de habitantes. As estatísticas projetam para 2025 uma população de idosos que colocará o Brasil como sexto país do mundo de seres humanos pertencentes a essa faixa etária. (Brasil,2005;Parahyba, 2006)

E isso não é, mas algo que esteja relacionado somente com países desenvolvidos. Como são visíveis, os países em desenvolvimento também têm apresentado um considerável aumento nos indivíduos com 60 anos ou mais anos de vida. E o Brasil vem mostrando-se cada vez mais expansivo, quando se trata de crescimento da população idosa. E a estimativa do IBGE é de que até 2025 teremos aproximadamente 34 milhões de pessoas consideradas idosas, o que irá representar 14% da população brasileira (Brasil, 2005); JC et al, 2005; Camarano, 2002). E nos países em desenvolvimento a estimativa do tempo de vida é um pouco menor quando relacionada aos países desenvolvidos, mas isso vem mudando com o passar do tempo. Em 2025, existirá no mundo um total de aproximadamente 1,2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos e até 2050 este valor deverá atingir cerca de 2 bilhões de idosos, sendo 80% destes residentes de países em desenvolvimento.

E segundo Dantas (2005):

A expectativa de vida está aumentando ao longo dos últimos anos, principalmente devido aos avanços obtidos na medicina e na produção mundial de alimentos e com a redução de taxas de mortalidade infantil. Isso vem permitindo um gradual e progressivo envelhecimento da população, com menor comprometimento funcional do idoso em relação à força, alongamento e flexibilidade. (Dantas, 2005).

Para Matsudo (2001) o aumento no número de idosos instiga o desenvolvimento de estratégias que possam minimizar os efeitos negativos do avanço da idade cronológica no organismo. Estas estratégias visam à manutenção da capacidade funcional e da autonomia para que as pessoas possam ter uma vida mais longa e com melhor qualidade.

Tais estratégias podem ser programas de combate ao sedentarismo, que tende a acompanhar o envelhecimento e vem sofrendo importante pressão

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do avanço tecnológico ocorrido nas últimas décadas. Infelizmente, a falta de atividade física é um importante fator de risco para as doenças crônico-degenerativas, especialmente as afecções cardiovasculares, principal causa de morte nos idosos (Alves, 2004). A prática, além de combater o sedentarismo, contribui de maneira significativa para a manutenção da aptidão física do idoso, seja na sua vertente da saúde como nas capacidades funcionais. Entretanto, os exercícios físicos podem apresentar algumas limitações para os idosos, devido às modificações fisiológicas impostas com o processo de envelhecimento.

Sendo o Brasil, hoje um país de idoso, isso implica em novas mudanças sociais, estruturais e comportamentais para uma melhor adequação e recepção para esse novo fenômeno que vem aumentando a cada instante no mundo e no Brasil, as quais podem definir como melhor idade.

Um estudo sobre a epidemiologia do envelhecimento no Nordeste do Brasil (Coelho, 1999), mostra que o percentual de idosos na cidade de Fortaleza é de quase 8% da população, sendo similar à cidade de São Paulo e superior à média nacional, além disto, a maioria destes idosos reside em domicílios multigeracionais e apresentam morbidade física e mental particularmente alta em áreas mais pobres, mostrando uma realidade preocupante em termos de seu progressivo impacto sobre os serviços de saúde das próximas décadas.

Ribeiro (2009) diz que segundo a Organização Pan-Americana da Saúde – OPAS, em todo o mundo, a proporção de pessoas com 60 anos ou mais tem crescido mais rapidamente que a de qualquer outra faixa etária.

Projeções indicam que os países em desenvolvimento abrigarão mais de 470 milhões de indivíduos acima de 65 anos em torno de 2020 (Paixão Jr, Reichenheim, 2005). Isto representará mais que o dobro da população com a mesma idade em países desenvolvidos.

A prevalência geral de doenças crônicas aumentará como consequência, pois são mais frequentes neste grupo etário, transferindo a ênfase dos programas governamentais de saúde e previdência do objetivo da cura e sobrevivência, para o da melhora do estado funcional e do bem-estar.

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Este fato possui implicações consideráveis quanto ao treinamento e recursos materiais.

No Brasil, a maioria dos idosos (mais de 85%) apresenta pelo menos uma doença crônica e 15%, pelo menos cinco. Também 4% a 6% dos idosos apresentam formas graves de dependência funcional; 7% a 10% moderadas; 25% a 30% leves. Somente 50% a 60% dos idosos seriam completamente independentes, sendo que o brasileiro vive em média 54 anos livre de incapacidades funcionalmente limitantes (Ribeiro, 2009). Para minimizar e/ou reverter muitos dos declínios biopsicossociais que frequentemente acompanham o envelhecimento, surge à prática regular de atividade física. Os cientistas enfatizam cada vez mais a necessidade de que a atividade física seja parte fundamental dos programas mundiais de promoção da saúde, por seu efeito positivo na prevenção e promoção da saúde do idoso.

2.2.GERIATRIA E GERONTOLOGIA

A geriatria, segundo a Organização Mundial de saúde (OMS), trata da saúde de pessoas em idade avançada em todos os seus aspetos: preventivos, terapêuticos, clínicos e de reabilitação. É uma especialidade médica relativamente recente. De acordo com Hayflick (1996) a palavra geriatria foi proferida em 1909 por Ignaz L. Nascher, um médico norte-americano. É ele autor do primeiro livro médico sobre o envelhecimento nos Estados Unidos, publicado em 1914 e intitulado Geriatrics: The Diseases of Old Age and Their Treatment.

A gerontologia é a ciência que estuda o processo de envelhecimento, cuidando da personalidade e da conduta do idoso, levando em conta todos os aspetos ambientais e culturais do envelhecer. O termo Gerontologia foi implantado por Élie Metchnikoff em 1903. Vem do grego geron e significa homem velho, enquanto logo significa o estudo de.

2.2.1. FISIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO

O envelhecimento é um processo complexo e natural do ciclo de vida individual que envolve inúmeras variáveis que influenciam diretamente na forma como envelhecemos. Temos fases distintas no processo da vida:

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nascimento, desenvolvimento, puberdade, maturação ou estabilização, envelhecimento e morte (Moreira, 2001). Segundo Guimarães, et al (2004), o envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo, no qual há alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas, com redução na capacidade de adaptação homeostática às situações de sobrecarga funcional, alterando progressivamente o organismo e tornando-o mais suscetível às agressões intrínsecas e extrínsecas. Outros aspectos se relacionam ao envelhecimento.

2.2.2. A IDADE CRONOLÓGICA

Caracteriza-se pelos anos ou meses desde o nascimento, pode ser referenciado como senescência ou envelhecimento normal. Para Moreira (2001) esta fase está relacionada às alterações sincronizadas de todos os órgãos e tecidos, em que o declínio físico e mental é lento e gradual. De acordo com a OMS existem variáveis básicas a serem destacadas: Segundo Corazza (2005), diferenças na capacidade funcional entre pessoas da mesma idade cronológica apenas evidencia que este item é insuficiente para determinar o envelhecimento como padrão. Outra fonte de controvérsias é a falta de correlação, não raramente presente, entre alterações anatômicas evidentes em determinado órgão ou sistema e correspondente a redução da capacidade funcional deste, suficiente para induzir manifestações clínicas. Para Duarte (1999) ter como indicador a variável chamada idade, podemos apenas destacar o que ocorre somente num período cronológico determinado; é necessário levar em conta que, segundo a conduta de vida que se trate, ou seja, os limites mínimos e máximo entre as modificações comportamentais podem estar muito distanciados. Isto significa que a idade somente tem uma função referencial.

2.2.3. IDADE PSICOLÓGICA

O aspecto psicológico é evidenciado por um processo dinâmico e extraordinariamente complexo muito influenciado por fatores individuais que se iniciam comum declínio lento e depois acentuado das habilidades que o indivíduo desenvolvia anteriormente. (Lorda, 1995, Meirelles, 1997, Rauchbach, 1990).

Refere-se à noção de sociedade muitas vezes com expectativas rígidas do que é e do que não é um comportamento apropriado para o indivíduo

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daquela faixa etária, Rose, McGrath e Kellyapud Corazza (2005). A socialização é um processo extremamente complexo, onde não podem existir generalizações sobre aquisição de papéis sociais anteriores, (McPhersonapud Corazza, 2001).

Apesar de o envelhecimento ser um processo natural, as perdas estão bem presentes na terceira idade. Haja vista que, em diferentes etapas da vida enfrentamos crises, transformações e perdas. Algumas são superáveis, outras mais difíceis, mas é importante frisar que na terceira idade não se há muito tempo para as superações, principalmente no âmbito psicológico. De acordo com Moreira (2001) o conceito psicológico está ligado á capacidade de cada indivíduo em se adaptar as reações e sua auto-imagem. Com o avanço dos anos deparamo-nos com uma série de perdas significativas e irreparáveis; o aparecimento de doenças crônicas comprometendo a saúde, a viuvez, morte de amigos e parentes próximos, ausência de papéis sociais valorizados, isolamento crescente, dificuldades financeiras decorrentes da aposentadoria, afetam de tal forma nossa auto-estima culminando, na maioria das vezes, em crises. Alguns fatores que amenizam esta situação são: estar socialmente ativo, frequentando grupos e morando com familiares, as pessoas de meia-idade e os idosos conseguem enfrentar esta fase de maneira mais positiva. (Netto, 2005, p110).

2.2.4. IDADE SOCIAL

O papel social do indivíduo de meia-idade e idoso na atualidade é muito importante. Cada vez mais se envelhece com saúde, tornando estas pessoas mais ativas e independentes por mais tempo. A posição social e sua importância são de suma relevância na longevidade. Por isso são criados, em vários municípios brasileiros programas e atividades que envolvam essa camada socialmente falando. E “sociologicamente, a idade não significa apenas um espaço de tempo, mas uma categoria, uma atividade social-econômica, modo diferente de vida, características pessoais, objetos e conflitos de natureza variável, sentimentos positivos e negativos” (Oliveira, 2008).

Com a evolução das sociedades contemporâneas, o idoso se tornou mais uma importante camada da comunidade. Muitos deles ativos e

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producentes em suas áreas profissionais e sociais. É crescente o mercado de terceiro setor para esta faixa etária, o que evidencia uma manutenção social e não mais uma perda.

2.2.5. IDADE BIOLÓGICA

Prevalece o envelhecimento que caracteriza a perda progressiva da capacidade de órgãos e sistemas em se renovarem, mudanças nos aspetos biológicos ou fisiológicos e suas consequências no comportamento individual.

Para Neri (2001) o envelhecimento biológico ou senescência é, assim, o processo que reside ou determina o potencial de cada individuo para permanecer vivo, o qual diminui com o passar dos anos. O conceito de idade funcional tem estreita relação com o de envelhecimento biológico e é definido em termos do grau de conservação do nível da capacidade adaptativa, em comparação com a idade cronológica.

Do ponto de vista funcional, a população de indivíduos chamados da terceira idade, caracteriza-se por um decréscimo do sistema neuromuscular, debilidade do sistema muscular, redução da flexibilidade, da força, da resistência e da mobilidade articular, fatores que, por decorrência, determinam limitação da capacidade de coordenação e controle do equilíbrio corporal estático e dinâmico (Rebelatto et al, 2006).

Segundo Netto (2005), a sociedade moderna considera que o envelhecimento relaciona-se essencialmente com as alterações das proteínas que compõem o organismo. Estas proteínas constituem cerca de 15% dos componentes orgânicos e são os elementos responsáveis pela formação de estruturas importantes do corpo humano como, células, tecidos, órgãos e componentes relacionados a produção de energia. Uma pessoa pode estar acima ou abaixo da sua idade cronológica (cálculo da idade relativa), dependendo do modo de vida que ela adota como hábitos alimentares, prática da atividade física e estado de saúde. (Corazza, 2005). Porém, se um indivíduo possui hábitos saudáveis, sua idade biológica será menor que a cronológica.

Do ponto de vista funcional o envelhecimento caracteriza-se por um decréscimo dos sistemas humanos. No neuromuscular observa-se segundo Rebelato et al (2006) a perda de massa muscular, debilidade do sistema

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muscular, redução da flexibilidade, da força, da resistência e da mobilidade articular, fatores que determinam limitações das capacidades de coordenação e de controle do equilíbrio corporal estático e dinâmico.

2.3. ALTERAÇÕES CELULARES, TECIDUAIS E ORGÂNICAS

Retornando aos primórdios da humanidade, podemos dizer que durante o período que se convencionou pré-histórico o homem dependia de sua força, velocidade e resistência para sobreviver. Naquela época, sua constante migração em busca de moradia fazia com que realizasse longas caminhadas ao longo das quais lutava, corria e saltava, ou seja, era um ser extremamente ativo fisicamente. (Pitanga, 202).

As células envelhecem com velocidades diferentes de acordo com o órgão a que pertencem. Assim, as células das vilosidades intestinais têm duração e dias, já as de órgãos sexuais secundários só entram em atividade mitótica na puberdade e os neurônios do sistema nervoso central não se dividem, segundo Netto (2005).

Em todos os tecidos do corpo humano existe uma variação no processo de envelhecimento que varia de intensidade dependendo do indivíduo e do tecido considerado. Os elementos dos tecidos conectivos alteram-se tanto qualitativa como quantitativamente, segundo Netto( 2005).

Segundo Pereira (2006) com relação ao esqueleto observa-se a diminuição gradual com o passar do tempo na espessura dos ossos e na resistência e na composição do tecido ósseo. As alterações metabólicas de níveis hormonais que ocorrem principalmente nas mulheres durante e depois do climatério. Apesar de estas alterações hormonais resultarem em uma perda maior da massa óssea em comparação aos homens, os fatores nutricionais e a atividade física na juventude e ao longo da vida podem influenciar fortemente para que as mudanças no esqueleto sejam graduais e contribua para a boa QV. (Moriguchi,2003).

De acordo com as alterações de composição corpórea a água, principal componente, corresponde a 70% do organismo na criança, a 60% no adulto jovem e a 52% no idoso, por conta do conteúdo intracelular. E as alterações

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morfológicas das diversas estruturas do organismo apresentam modificações, tais como: aumento das circunferências do crânio; aumento da amplitude do nariz e dos pavilhões auditivos, originando a conformação facial típica do idoso; aumento do diâmetro antero posterior e redução do diâmetro transverso do tórax, constituindo o chamado tórax senil; redução da prega cutânea tricipital e manutenção da subescapular, consequência da distribuição centrípeta do tecido adiposo, para Netto (2005).

2.3.1. FORÇA

De acordo com Fleck (1999) força muscular é a quantidade máxima de força que o músculo ou grupo muscular pode gerar em um padrão específico de movimento em uma determinada velocidade de movimento. Para Weineck (1999) a força máxima representa a maior força disponível, que o sistema neuromuscular pode disponibilizar através de uma contração máxima voluntária. A força absoluta é ainda maior do que a força máxima, pois ela representa a soma da força e da força de reserva, mobilizada somente em situações extremas, como risco de vida eminente.

A força é subdividida em várias definições de tipos de força. Temos uma muito importante no processo de envelhecimento, que é a resistência de força. Ainda para o mesmo autor, a resistência de força é a capacidade de resistência á fadiga em condições de desempenho prolongado de força. Os critérios para a resistência de força são a intensidade de estímulo, e o volume do estímulo. O tipo de mobilização energética resulta da intensidade de força, do volume do estímulo e da duração do mesmo.

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Figura 2 - As relações intercambiais das três formas da força ( Weineck, 1999)

Acima temos a pirâmide com as divisões primárias das forças.

Para Bompa(2000), a força deriva de contrações musculares que diminuem ou aumentam o tamanho das fibras musculares em comparação ás situações de repouso. Isto ocorre devido aos deslizamentos das proteínas contráteis – actina e miosina.

Figura 3 - A Força, suas diferentes capacidades e suas manifestações –(Letzelter/Letzelter, 1986 apud Weineck,1999)

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A força é um dos componentes mais importantes na independência dos indivíduos e manutenção das atividades de vida diária.

A deteriorização da mobilidade e da capacidade funcional no processo de envelhecimento se evidencia principalmente pela perda de massa muscular e conseqüentemente da força muscular. E esta é um dos principais motivos de estudos envolvendo a perda de força com o avançar da idade, segundo Matsudo 2001.

Esta qualidade é um componente imprescindível, que deve ter uma atenção especial ao longo da vida e principalmente após os 40 anos de idade. O seu pico de desempenho se dá entre os 20 e 30 anos de vida dos indivíduos, permanecendo estável por um tempo e com diminuição leve nos próximos 20 anos. E após os 60 anos de vida acontece uma drástica diminuição da força muscular, sendo maior nas mulheres que nos homens a partir desta fase, segundo Fleck,1999; Pereira et al, 2006.

Além disso, o envelhecimento está associado a uma redução de aproximadamente 25% da capacidade oxidativa e do fluxo sanguíneo durante a atividadecontrátil. Porém, vale salientar que a velocidade nas perdas é diferente em indivíduos distintos e que há uma grande variabilidade de pessoa para pessoa no grau de perda funcional com a idade (Kauffman, 2001).

Segundo Pereira et al (2006) estudos revelam que a perda de força de preensão manual em homens por volta de 65 anos é aproximadamente 20% menor, em comparação com os valores para os indivíduos de 20 anos de idade; já nas mulheres a perda na mesma faixa etária varia de 2 a 20%. Isto é atribuído a uma força máxima relativamente menor nos anos mais jovens, em decorrência do menor uso das mãos profissionalmente. Já outros dados de pessoas com mais de 65 anos de idade que sugerem que a redução na força sofre um aumento adicional com o envelhecimento, com a perda global relacionada à idade, variando de 24% a 45%.

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19 2.3.2. SARCOPENIA

Segundo Leite apud Pereira et al, (2006) a atrofia muscular no envelhecimento ocorre pela perda de fibras musculares, sendo em grau menor devido a diminuição do tamanho das fibras. Esta redução diz respeito aos dois tipos de fibras; a diminuição do tamanho afeta principalmente as fibras tipo II. Para Lacourt (2006), a redução substancial de massa muscular causada pelo processo de envelhecimento ou diminuição da atividade física acaba por gerar uma grande perda na massa muscular e um aumento na gordura subcutânea e intramuscular, denominado “sarcopenia”. Definição segundo Wikipédia, dicionário virtual - Sarcopenia (do Grego, "pobreza de carne") é a perda degenerativa de massa e força nos músculos com o envelhecimento.

O decréscimo no número de fibras musculares é a principal causa de sarcopenia, embora a atrofia de fibra, particularmente tipo II, também esteja envolvida (Lacourt, 2006). Para Rossi (2008), sarcopenia (perda de carne), termo que denota o complexo processo do envelhecimento muscular associado a diminuições da massa, da força e da velocidade de contração muscular (15-16). A etiologia da sarcopenia é multifatorial, envolvendo alterações no metabolismo do músculo, alterações endócrinas e fatores nutricionais, mitocondriais e genéticos, influindo também em condições ambientais e problemas comportamentais (como uma reduzida atividade física ou uma monotonia alimentar que acaba por conduzir a situações de má-nutrição por deficiências específicas).

A tendência é que o mecanismo responsável não é tanto um processo miogênico é sim um fenômeno neurogênico, no qual a reinervação não é capaz de acompanhar a degeneração e reinervação. Salienta Pereira (2006), que as fibras musculares, que deixam de ser inervadas, acabam perecendo, sendo em parte substituídas por gordura e tecido conjuntivo. Esse mecanismo explica a acentuada diminuição da porcentagem de tecido muscular contrátil na musculatura de pessoas idosas. As fibras do tipo II são muito importantes na resposta de urgência do dia-a-dia, pois contribuem com o tempo de reação e principalmente de resposta, e, portanto, sua disfunção inviabilizaria uma apropriada resposta corporal às situações de emergência, como a perda súbita de equilíbrio resultando em quedas.

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20 2.3.3. RESISTÊNCIA DE FORÇA

A resistência de força é a capacidade de resistência á fadiga em condições de desempenho prolongado de força. Os critérios para a resistência de força são a intensidade de estímulo (dada em percentual de contração máxima) e o volume do estímulo (soma das repetições). A capacidade de resistência de força deve visar uma adaptação da função oxidativa das fibras de contração rápida e lenta. Nesta adaptação incluem-se tanto novos processamentos neuromusculares bem como a formação de novas estruturas contráteis no músculo (Weineck, 1999).

Para Lacourt (2006) a densidade capilar e o aporte sanguíneo reduzido, o comprometimento do transporte de glicose, a menor densidade mitocondrial, a diminuição da atividade das enzimas oxidativas e a taxa de repleção de fosfocreatina reduzida contribuem para o decréscimo na resistência muscular verificado em pessoas com a idade avançada.

A autora ainda complementa afirmando que o declínio na resistência muscular é um aspecto que contribui para a perda funcional e para a incapacitação nos idosos. Se compararmos idosos com adultos mais jovens, os mais velhos são obrigados a ativar um percentual maior da massa muscular reduzida para produzir a mesma força, isto é, exercícios realizados com uma intensidade determinada requerem um percentual mais elevado da capacidade máxima em pessoas idosas. Isso resulta do estabelecimento precoce da fadiga em consequência de um maior estresse metabólico.

Baseado na importância da função muscular em relação a autonomia do idoso, Zago (2003) verificou que estudos relatam declínios associados á aptidão funcional e até mesmo trazer benefícios a ponto de propiciar autonomia necessária para que consigam desempenhar suas funções cotidianas de forma segura.

2.3.4. FLEXIBILIDADE

A flexibilidade é uma das capacidades físicas que dependem do estado e condição das estruturas que envolvem as articulações. É importante, não só para atletas, que a utilizam constantemente no desempenho, mas também para indivíduos em processo de envelhecimento, para o desempenho das atividades

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de vida diárias. Os níveis de flexibilidade dependem dos tecidos moles das da articulação, dos ligamentos dos tendões, dos músculos e da pele. Não só as articulações, os ligamentos e os tendões podem limitar o estreitamento muscular, mas também o músculo seria um dos fatores de restrição á amplitude de movimento. Segundo Zago (2003), se estas estruturas não estiverem em plena utilização, elas podem encurtar, e consequentemente perder sua capacidade principal com o passar dos anos. Para treinamentos e manutenção de atividades vigorosas, segundo Weineck (1999) com o aumento da flexibilidade, os exercícios podem ser executados com maior amplitude de movimentos, maior força, mais rapidamente, mais fluência e eficácia. O autor diz ainda que os termos “mobilidade, elasticidade e capacidade de articulação” podem ser considerados como subclassificações da flexibilidade. Já Zago (2003) complementa com a observação de que a diminuição da flexibilidade além de restringir a possibilidade de movimentar-se (andar, calçar o sapato, vestir um casaco) aumenta o risco de lesões nas articulações. Segundo Dantas (1999), as articulações são muito prejudicadas com o envelhecimento e podem comprometer o bom desempenho do aparelho locomotor. Os ossos propiciam a sustentação do corpo, protegem as estruturas vitais e proporcionam um forte sistema de alavancas, ligadas pelas articulações, com a capacidade de resistir às forças desenvolvidas pelos músculos, os quais permitem a manutenção de diferentes posturas e a locomoção.

A flexibilidade resulta da complacência ou elasticidade corporal de determinadas articulações e envolve músculos, adaptação de tendões e plasticidade de ligamentos. De grande importância são as células do tecido conjuntivo e as musculares. Para Guytonapud Dantas (1999) o tecido conjuntivo contém células chamadas de fibroblastos, que ficam retidas nas malhas das fibras colágenas e elásticas. Os fibroblastos secretam substâncias que, polimerizadas, formam as fibras; e as fibras, por sua vez, fornecem a energia tênsil para os tecidos, o que os mantêm unidos. Já Rebelatto et al (2006) diz que a flexibilidade, a elasticidade dos tendões, ligamentos e cápsulas articulares diminuem com a idade devido á deficiência de colágeno, determinando que durante a vida ativa, adultos percam algo como 8-10cm de flexibilidade na região lombar e no quadril, quando medido por meio do teste “

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sentar e levantar”. A restrição na amplitude de movimento das grandes articulações torna-se maior no período da aposentadoria e, eventualmente, a independência é ameaçada porque o indivíduo não consegue utilizar um carro ou um banheiro sem adaptações, subir um lance de escadas até combinar movimentos como secar as costas e vestir uma calça em pé.

Além dos aspetos citados, verifica-se também em idosos sedentários modificações na composição corporal, diminuição na quantidade de peso, na estatura, na densidade mineral óssea, nas necessidades energéticas e no metabolismo. Fazendo cruzamentos entre sedentarismo e menor ingestão alimentar e o envelhecimento natural, situações de menor motilidade e absorção intestinal, alteração do metabolismo de glicídios, cálcio, ferro, micronutrientes, podem determinar desnutrição ou, pelo menos, déficit vitamínico ou mineral.

Dantas (1999) fez interessantes estudos na área e conseguiu observar a preponderância da mobilidade articular ou da elasticidade muscular na perda da flexibilidade acarretada pelo envelhecimento com 62 participantes subdivididos em dois grupos, o primeiro com faixa etária entre 31 e 45 anos e, o segundo entre 61 e 75 anos. Concluiu que as variações da capacidade de flexibilidade decorrem das variações etárias. A perda de flexibilidade durante o processo de envelhecimento obteve um índice de 45,9% para a mobilidade articular, enquanto a elasticidade muscular foi responsável por 54,1% sobre o total da variação, ou seja, a perda da flexibilidade com a idade deve-se mais á diminuição da elasticidade muscular.

Diante do exposto, podemos observar que a relevância em se manter ativo é uma condição primordial para a conquista de QV. Envelhecer combatendo processos naturais reverte em QV.

A prática regular de exercícios físicos é uma estratégia preventiva primária, atrativa e eficaz, para manter e melhorar o resto da saúde física e psíquica em qualquer idade, tendo efeitos benéficos diretos e indiretos para prevenir e retardar as perdas funcionais do envelhecimento, reduzindo risco de enfermidades e transtornos frequentes na terceira idade.

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23 2.4. QUALIDADE DE VIDA

Definir QV vem se tornando uma tarefa árdua. Este é um conceito ambíguo que difere de acordo com a cultura, época e de indivíduo para indivíduo. É um termo confundido com a definição de saúde, pois são muito próximos.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1987, redefiniu saúde como estado de completo bem-estar físico, psíquico e social e não meramente ausência de doença ou enfermidade. Isto significa que uma pessoa idosa, mesmo portadora de uma doença, poderá sentir-se saudável, desde que seja capaz de desempenhar funções, atividades, capaz de alcançar expectativas e desejos, capaz de manter-se ativo em seu meio, ter alguma função social, efetivar projetos, conseguindo assim, boa QV, podendo realizar-se como realizar-ser humano e o que e mais importante – realizar-ser feliz (Alberte, 2009).

Para Flecket al (1999),o termo qualidade de vida, como é aplicado na literatura médica, não parece ter um único significado. “Condições de saúde”, “funcionamento social” e “QV” têm sido usados como sinônimos e a própria definição de QV consta na maioria dos artigos que utilizam ou propõem instrumentos para sua avaliação.

Sabe-se que, já em meados da década de 70 tentou-se explicar as dificuldades que cercavam a conceituação do termo QV: “QV é uma vaga e etérea entidade, algo sobre a qual muita gente fala, mas que ninguém sabe claramente o que é”. Esta citação feita a mais de trinta anos ainda reflete controvérsias sobre o conceito de QV, desde os registros empíricos na literatura, segundo Seidl (2004).

Para Fleck et al (1999), QV relacionada á saúde e estado subjetivo de saúde são conceitos afins, centrados na avaliação subjetiva do paciente, mas necessariamente ligados ao impacto do estado de saúde sobre a capacidade do indivíduo de viver plenamente.

A saúde não se caracteriza apenas como um estado de ausência de doenças, mas como um estado geral de equilíbrio nos diferentes aspetos e

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sistemas que caracterizem o homem: biológico, psicológico, social, emocional, mental e intelectual (Araújo, 2000).

Já para Silva (2007), a saúde pode ser analisada sob diferentes perspectivas, ela pode ser vista tanto como ausência de doenças, como completo bem-estar físico – psíquico - social, como a capacidade de superação de dificuldades físicas, psíquicas, sociais, culturais e simbólicas. Assim, podemos dizer que a saúde não é apenas um processo de intervenção na doença, mas um processo para que o indivíduo e a coletividade disponham de meios para a manutenção ou recuperação do seu estado de saúde.

Há uma complementação mais abrangente, segundo Oliveira (1985). Para este autor, cinco fatores são recomendados para o idoso ter saúde: vida independente, casa, ocupação, afeição e comunicação. Se alguns destes itens faltar, gera um desequilíbrio com consequências na saúde.

Rowe e Kahn (1997) propõem o conceito “envelhecimento com sucesso”, que engloba três diferentes domínios multidimensionais: a) evitar as doenças e incapacidades; b) manter uma alta função física e cognitiva; c) engajar-se de forma sustentada em atividades sociais e produtivas.

Neste sentido, a Organização Mundial da Saúde definiu QV como a perceção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e do sistema de valores nos quais ele vive considerando seus objetivos, expectativas, padrões e preocupação (Who, 1998).

Dessa forma, verificamos que o referido conceito envolve vários parâmetros tanto subjetivos como objetivos que o integram dentro de uma cultura, e ao ser analisado observamos uma riqueza de indicadores, que não se resumem puramente a fatores intrínsecos ou biológicos.

Segundo Bouchard e Shepard apud Silva (2008), a atividade física é classificada pela realização de todo e qualquer movimento produzido pela musculatura voluntária, que resulta num aumento do dispêndio energético, englobando atividades de vida diária que contribua para esse fim, tendo reflexo no dispêndio enérgico diário total.

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Para Araújo (2000), se adotarmos a postura de discutir a palavra “qualidade”, para o senso comum, pode significar uma coisa boa. Entretanto, se observarmos a definição expressa no dicionário do Aurélio, temos “propriedade, atributo ou condição das coisas ou das pessoas capaz de distingui-las das outras e de lhe determinar a natureza”, observaremos que esse atributo ou condição pode ser positivo ou negativo. Quando falamos na relação entre a atividade física e a QV, precisamos estar conscientes de que essa relação pode ser negativa, seja pela ausência de resultados positivos para a saúde, seja pela aplicação em dosagens não equilibradas aos usuário, seja pela ausência de atividade física ou também por efeitos deletérios que a atividade física pode causar à saúde e consequentemente à QV do cidadão.

A Atividade física atenua o processo natural do envelhecimento, através da manutenção de um estado saudável (Gonçalves,2006).

Um recente estudo revelou que uma das melhores formas de evitar, minimizar e/ou reverter a maioria dos declínios físicos, sociais e psicológicos que frequentemente acompanham os idosos, é a atividade física, demonstrando que ela está constantemente associada a melhoras significativas nas condições de saúde, como controle do estresse, da obesidade, do diabetes, das doenças coronarianas (Cipriani, 2010).

Quando ampliamos os efeitos de uma vida fisicamente ativa para além da saúde e colocamos os efeitos do exercício físico, adequadamente realizado, como fator indispensável para a melhoria na QV de um dado indivíduo, estamos partindo da premissa de que alguém inativo e sedentário não tem boa QV. Contudo, a classificação de uma QV boa ou ruim está diretamente relacionada à maneira do indivíduo entender o sentido da vida.

Um recente estudo em estudantes de faixa etária de 16 a 20 anos, realizado em Portugal, com praticantes de atividade física escolar e atividade desportiva extra sobre a influência da prática de atividade física e desportiva nestes indicadores de saúde (obesidade, consumo de álcool e drogas ilícitas) conclui que os jovens que praticavam atividade física afirmam com maior frequência não ter experimentado tabaco e os que não praticam atividade física referem mais frequentemente consumir tabaco regularmente (Silva, 2008).

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Para Matsudo (2001), a relação entre atividade física, saúde, QV e envelhecimento vem sendo cada vez mais discutida e analisada cientificamente. Atualmente é praticamente um consenso entre os profissionais da área da saúde que a atividade física é um fator determinante no sucesso do processo do envelhecimento.

Quando ampliamos os efeitos da atividade física para além da saúde e colocamos o efeito do exercício físico aplicado com ponderação e respeitando a individualidade biológica de cada pessoa, como fator de melhoria da QV, admitimos que um sedentário não possui boa QV.

2.4.1. APTIDÃO FÍSICA, ATIVIDADE FÍSICA e EXERCÍCIO FÍSICO Os conceitos que merecem especial atenção são a atividade física e a aptidão física.

A atividade física é definida como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos em consequência da contração muscular que resulte em gasto calórico (Caspersen, 1985) acima dos níveis de repouso, incluindo as atividades diárias, como se banhar, vestir-se, andar, dançar, entre outras (Araújo, 2000) tem sido prescrita no tratamento e prevenção de diversas enfermidades. (Pitanga, 2002) A medida que as pessoas aumentam o seu nível de condicionamento físico, elas avança em direção a uma QV melhor com plena realização social, psíquica, espiritual e laboral, sobrepujando o estresse e a depressão. A atividade física regular representa estratégia de saúde positiva para os atuais estilos de vida. (Mendes e Antonelli, 2010).

O exercício físico planejado, estruturado e repetitivo, resultando na melhora ou manutenção de uma ou mais variáveis da aptidão física. Esta última é considerada não como um comportamento, mas uma característica que o indivíduo possui ou atinge, como a potência aeróbica, endurance muscular, força muscular, composição corporal e flexibilidade. É a capacidade de realizar atividades físicas de forma mais eficaz.

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Exercício físico se diferencia também pela intencionalidade e planejamento, enquanto a expressão aptidão física representaria a habilidade do corpo de adaptar-se as demandas do esforço físico que a atividade precisa para níveis moderados e vigorosos (Matsudo, 2001).

Atividade física e aptidão física são duas diferentes, porém inter-relacionadas formas de medida. A primeira é uma opção comportamental, enquanto que a segunda é parcialmente determinada por fatores genéticos, sendo que atividade física regular pode melhorar a aptidão física (Pitanga, 2002).

Estudos experimentais randomizados têm demonstrado que programas de exercícios físicos melhoram não apenas a aptidão física, mas também os níveis de lipídios sanguíneos, pressão arterial, densidade óssea, composição corporal, sensibilidade à insulina e tolerância à glicose (Pitanga, 2002).

A aptidão física relacionada á saúde pode ser definida como a capacidade de se realizar as atividades do cotidiano com vigor e energia e demonstrar menor risco de desenvolver doenças ou condições crônicas degenerativas, associadas a baixos níveis de atividade física (Nahas, 2001).

2.4.2. TESTE DE APTIDÃO PARA IDOSO

Diante do exposto podemos verificar a importância da atividade física na manutenção da QV de qualquer indivíduo, principalmente do idoso que quer se manter ativo e independente física e mentalmente.

Para tanto foi elaborado por duas pesquisadoras americanas um teste de aptidão física para o idoso (TAFI) que consiste em uma bateria de testes validada no mundo e no Brasil, que mensura a capacidade física do idoso para realizar as atividades normais da vida diária. O teste é considerado de aptidão funcional relacionado á saúde, haja vista que seu objetivo é focado na avaliação das características físicas necessárias á mobilidade funcional em idades avançadas. Rikli e Jones (2008) definem aptidão física funcional como a capacidade física de realizar as atividades normais da vida diária de forma segura e independente, sem fadiga injustificada. O que atesta o já

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referenciado, sobre a importância da manutenção de fatores como força, resistência, flexibilidade e mobilidade articular no processo de envelhecimento saudável e ativo, como fazer compras ou participar de atividades social, esportiva e recreativa. O TAFI é utilizado para profissionais da área de saúde que precisam de um instrumento de avaliação econômico e fácil de usar para medir a aptidão física do idoso em academias, instituições e ambientes clínicos. O teste foi elaborado para avaliar a vida independente de pessoas em idade avançada com ampla faixa de níveis de capacidade, abrangendo desde os frágeis limítrofes até os altamente aptos ou condicionados.

2.5. HIPÓTESE

Afirmar que pessoas muito ativas, acima de 50 anos, possuem resultados de aptidão física realmente mais elevados que pessoas ativas ou irregularmente ativas é corroborar com a necessidade de estudos neste sentido e evidenciar a necessidade da prática de atividade física constante, independente da idade cronológica do indivíduo, desde que com exercícios orientados e respeitando a individualidade biológica dos indivíduos.

Estes são questionamentos que fazem este estudo ter uma relevância científica comprovada a ponto de confirmar uma prática, relativamente nova nas sociedades, que é se manter ativo fisicamente mesmo com o processo acelerado de envelhecimento. Descartando mitos e medos que são associados ao envelhecimento natural, como aquele que o idoso deve descansar e não fazer as tarefas domésticas mais pesadas.

Pelo contrário, a prática de atividades de vida diária, tarefas domésticas vão manter o idoso mais ativo, viril e colaborar para a sua qualidade de vida.

2.6. OBJETIVOS

Diante do exposto até o presente, vimos a importância e relevância na prática da atividade física para indivíduos em processo de envelhecimento. Para tanto, a intenção de se comparar pessoas ativas e não ativas nesta faixa etária seria de total certeza sobre os índices diferenciados de aptidão física por todos estes estudos anteriores. Por isso, o presente estudo propõe a

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comparação de mulheres de meia-idade e idosas, separadas por níveis de atividade física diferenciados, através de um questionário validado mundialmente sobre o assunto.

Para tanto, o objetivo geral deste estudo foi comparar a aptidão física em mulheres de meia-idade e idosas nos diferentes níveis de atividade física. Tendo como objetivos específicos comparar a diferenças do índice de massa corporal (IMC), força de membros inferiores e superiores, flexibilidade de membros inferiores e superiores e o equilíbrio estático entre os grupos pré-determinados como muito ativos, ativos e irregularmente ativos, detetar a relação percentual destas diferenças a cada análise e verificar se as mulheres mais ativas apresentam índices mais elevados de aptidão física.

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Figura  1  -  A  figura  acima  mostra  o  processo  natural  de  envelhecimento,  com  as  atuais  perspetivas de longevidade
Figura 2 - As relações intercambiais das três formas da força ( Weineck, 1999 )
Tabela 1 - Nível de atividade física dos grupos estudados, considerando a frequência  (dias/semana) e duração (minutos/dia) e atividades físicas vigorosas, moderadas e  caminhadas
Tabela 2 - Tempo por dia sentado em um dia da semana e no final de semana. Brasil,  Fortaleza-Ce, 2009-2010
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Referências

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