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Projecto de instalação de um pomar de pêra rocha na Região de Entre-Douro e Minho: análise financeira

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Academic year: 2021

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

PROJECTO DE INSTALAÇÃO DE UM POMAR DE

PÊRA ROCHA NA REGIÃO DE ENTRE-DOURO E

MINHO. ANÁLISE FINANCEIRA.

Dissertação de Mestrado em Engenharia Agronómica

Gonçalo de Menezes Falcão Gomes Marques

Orientadora: Professora Ana Paula Calvão Moreira da Silva

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

PROJECTO DE INSTALAÇÃO DE UM POMAR DE

PÊRA ROCHA NA REGIÃO DE ENTRE-DOURO E

MINHO. ANÁLISE FINANCEIRA.

Dissertação de Mestrado em Engenharia Agronómica

Gonçalo de Menezes Falcão Gomes Marques

Orientadora: Professora Ana Paula Calvão Moreira da Silva

Composição do Júri:

Presidente do Júri: Professora Maria Isabel Mendes Guerra Marques Cortês 1º Vogal: Professora Ana Paula Calvão Moreira da Silva

2º Vogal: Professor Alberto da Silva Álvares dos Santos

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(5)

Este trabalho foi expressamente elaborado como dissertação original para o efeito

de obtenção do grau de Mestre em Engenharia Agronómica, logo, todas as ideias

apresentadas no mesmo são da total responsabilidade do autor.

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AGRADECIMENTOS

A realização deste projecto, apenas foi possível graças à ajuda de várias pessoas a quem gostaria de agradecer:

À Professora Ana Paula Silva, pela dedicação e empenho demonstrados ao longo deste trabalho e pelo tempo despendido a aconselhar-me e a corrigir-me, colmatando algumas lacunas que tinha na área da Fruticultura.

À Sociedade Agro-Pecuária da Veiga de Penso, por me disponibilizar os meios necessários para a execução deste trabalho e a todas as pessoas que nela trabalham, pelos conselhos que me deram, permitindo a minha maior valorização profissional.

À minha família, em particular os meus Pais, pela possibilidade de concluir este Mestrado, pela sua ajuda importantíssima na parte final deste trabalho e pelos bons conselhos que me deram, durante este meu percurso estudantil.

À minha namorada Sara Neves, por toda a ajuda, apoio e muita paciência ao longo destes anos e, sobretudo, pela força que me dá no dia a dia.

Aos meus amigos de Vila Real, que sempre me acompanharam durante os anos que passei na UTAD, ajudando-me nos bons e maus momentos que atravessei.

Por último, a todos aqueles que, embora aqui não mencionados, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho.

(8)
(9)

RESUMO

Este projecto de instalação de um pomar de pêra Rocha na região de Entre-Douro e Minho foi executado durante o ano de 2012 e pretendeu avaliar se as condições edafo-climáticas da região seriam favoráveis à produção desta cultivar. Simultaneamente pretendeu-se elaborar uma análise financeira do projecto, contabilizando os custos de instalação e manutenção do pomar e, de acordo com as receitas provenientes das produções esperadas, saber em quantos anos esse investimento seria amortizado.

A região do Ribatejo e Oeste é a principal região produtora de pêra Rocha em Portugal, tendo inclusive uma DOP para este produto: “Pêra Rocha do Oeste”. Tirando partido da grande aceitação internacional que esta pêra tem, assistiu-se a aumentos significativos das quantidades exportadas. A forte procura desta pêra no mercado português e a garantia de escoamento levou esta empresa a optar pela instalação um pomar desta variedade.

Neste trabalho foram abordados diferentes temas sobre a fruticultura em geral, mais especificamente: quais os porta-enxertos a utilizar; que compassos e respectivas densidades de plantação serão mais adequados; as operações para a preparação do terreno, incluindo a fertilização da parcela; as podas de Verão e Inverno; e as doenças e pragas que mais afectam a cultura, nomeadamente a doença do Fogo Bacteriano, pois é aquela que mais preocupa os pericultores devido aos estragos que provoca nos pomares, sobretudo na Região do Oeste.

Neste trabalho, utilizaram-se árvores enxertadas em Provence BA-29 e dois compassos de plantação: 4 m x 1,1 m e 4 m x 2,2 m, com o intuito de perceber se se verificavam diferenças significativas no comportamento das plantas às diferentes densidades.

Foi possível prever que, no ano de 2018, o investimento estará amortizado, partindo do princípio que os anos agrícolas não terão nenhuma intempérie que prejudique a produção, e que os custos dos factores de produção se manterão estáveis. Também se concluiu que o investimento inicial foi significativamente mais baixo que o normal nestes projectos, pois a empresa já possuía alguns dos factores de produção.

Palavras-chave: pêra Rocha; Entre-Douro e Minho; análise financeira; produção;

factores de produção.

(10)
(11)

ABSTRACT

The scope of this work was the installation of a Rocha pear orchard, in the region Entre-Douro e Minho, executed during 2012 and to evaluate if the soil and climatic conditions of this region are favorable to the production of this cultivar. Moreover, it was also intended to elaborate a financial analysis of this project, which included the installation and maintenance costs of the orchard and, according to the expected revenues, find out how many years it would take to amortize the investment.

The Ribatejo and Oeste region is the main region of Rocha pear production in Portugal, having a PDO (Protected Designation of Origin) for the product: “Pêra Rocha do Oeste”. The exportations of this pear have increased significantly in the recent years mainly due to its international market interest. The high market search of this pear in Portugal was one of the major reasons that led the company to install an orchard of this cultivar.

In this work, different topics regarding Fruticulture were discussed and, more specifically: which rootstock to use; the density and planting distances of the trees; the terrain preparation, including the parcel fertilization; the Summer and Winter pruning; and the diseases and pests that affect the cultivar, namely the Fogo Bacteriano disease, which is the most concerned issue for pear producers because of the damage that it causes in the orchards, mainly in the Oeste Region.

For this concrete scenario, two different planting distances were used: 4 m x 1,1 m and 4 m x 2,2 m, and the use of the rootstock Provence BA-29. This was performed in order to understand how this affects the plants behaviour to the different densities.

As concluding remarks, it was possible to predict that in the year 2018 the investment will be totally amortized, i) assuming that all the agricultural years will lack any kind of meteorological abnormal condition that would harm the production, and ii) considering stable values regarding production factors. It was also possible to conclude that the initial investment was significantly lower than the usual in this type of projects, since the company already owned some of the production factors.

Keywords: Rocha pear; Entre-Douro e Minho; financial analysis; production; production

factors.

(12)
(13)

ÍNDICE

AGRADECIMENTOS

i

RESUMO

iii

ABSTRACT

v

ÍNDÍCE

vii

ÍNDICE DE FIGURAS

ix

ÍNDICE DE QUADROS

xi

ABREVIATURAS, SIGLAS, SÍMBOLOS OU ACRÓNIMOS

xiii

INTRODUÇÃO

1

CAPÍTULO I - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3

1. A Pereira Rocha

3

1.1. A Árvore 3

1.2. O Fruto 4

2. Mercado da Pêra Rocha

5

2.1. Produção Nacional 5

2.2. Balança Comercial 9

2.3. Mercados-alvo e Mercados Emergentes 10

3. O Pomar

12

3.1. Porta-enxertos 12

3.1.1. E.M.A. (East Malling A) 12

3.1.2. Provence BA-29 13

3.1.3. E.M.C. (East Malling C) 13

3.1.4. Outros porta-enxertos utilizados na Região do Oeste 14

3.2. Densidades/Compassos/Sistema de Condução 15 3.3. Necessidades de Polinização 17 3.4. Poda à Instalação 18 3.5. Necessidades de Rega 19 3.6. Fertilização 19 vii

(14)

3.7. Pragas e Doenças 22

3.7.1. Pragas 22

3.7.2. Doenças 24

3.7.3. Fogo Bacteriano 25

CAPÍTULO II - TRABALHO PRÁTICO

29

1. Instalação

29

1.1. Caracterização do Local 29

1.1.1. Edáfica 29

1.1.2. Climática 30

1.2. Planeamento das Operações de Instalação 32

2. Análise Financeira

41

CONCLUSÃO

45

BIBLIOGRAFIA

49

ANEXOS

ANEXO I - IDENTIFICAÇÃO PARCELAR P3

ANEXO II - ANÁLISE DE SOLO DA PARCELA DO PROJECTO ANEXO III - FACTURA DISCRIMINADA DO MATERIAL DE REGA ADQUIRIDO PARA O PROJECTO

(15)

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 Gráfico representativo da distribuição da área de cultura das diferentes

variedades de pereira em Portugal Continental (adaptado de Soares et al., 2001).

7 Figura 2 Distribuição geográfica da produção de pêra Rocha em Portugal (adaptada

de http://www.coopval.com/pera-rocha). 8

Figura 3 Evolução da produção, da produção certificada e da área de produção de

2000 a 2011 em Portugal (fonte: GPP). 9

Figura 4 Importação e exportação de pêra em Portugal (em toneladas) (fonte: GPP). 9 Figura 5 Sistema radicular dos porta-enxertos: 1) Provence BA-29, 2) E.M.A. e 3)

E.M.C. (adaptada de Soares et al., 2001). 14

Figura 6 Pereira em eixo central revestido (fonte: Maia de Sousa, 2010a). 17 Figura 7 Pereira Rocha com os primeiros ramos 0,50 m acima do solo. 18 Figura 8 Psila em estado adulto (Cacopsylla pyri, L.) (fonte:

http://www7.inra.fr/hyppz/IMAGES/7031010.jpg). 22

Figura 9 Larva do bichado (Cydia pomonella L.) (esquerda) e no estado adulto (direita)

(fonte: http://www7.inra.fr/hyppz/IMAGES/7030046.jpg e

(http://www7.inra.fr/hyppz/IMAGES/7030041.jpg, respectivamente).

23 Figura 10 Colónia de filoxera (Aphanostigma pyri Chol.) numa pêra

(http://www7.inra.fr/hyppz/IMAGES/7030632.jpg). 23

Figura 11 Pêra apresentando danos de um ataque de cochonilha de S. José

(Quadraspidiotus perniciosus St) (esquerda) e dois exemplares da espécie (direita) (fonte: http://www7.inra.fr/hyppz/IMAGES/7032893.jpg e http://www7.inra.fr/hyppz/IMAGES/7032891.jpg, respectivamente).

24

Figura 12 Sintomas de pedrado nas folhas (esquerda) e no fruto (direita) (fonte:

http://infoagro.cothn.pt/portal/index.php?id=1311 e

http://www.donsgarden.co.uk/pests/391, respectivamente).

25 Figura 13 Árvores de um pomar atacadas pelo fogo bacteriano (fonte: Selectis, 2012). 25 Figura 14 Órgãos da planta atacados pelo fogo bacteriano, com necroses de cor

castanha (fonte: http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2012/02/09a.htm). 26

Figura 15 Corimbos das pereiras atacados pelo fogo bacteriano (fonte: Selectis, 2012). 27 Figura 16 Média da precipitação total mensal, de 2003 a 2010, da Estação

Meteorológica da Gondizalves, Braga (fonte: SNIRH). 30

Figura 17 Média mensal da humidade relativa do ar, de 2003 a 2010, da Estação

Meteorológica de Gondizalves, Braga (fonte: SNIRH). 31

Figura 18 Média da temperatura do ar, de 1971 a 2000, na região de Braga. MT

designa média da temperatura e a linha horizontal a tracejado indica 7ºC (fonte: IPMA).

31 Figura 19 Número de horas de frio (total de horas com temperaturas inferiores a 7.2ºC)

acumulado desde 1 de Outubro até 30 de Abril para fruteiras em Portugal 32 ix

(16)

Continental (fonte: IPMA).

Figura 20 Espalhamento do estrume no terreno. 33

Figura 21 Distribuidor de adubo e calcário (esquerda) e respectiva distribuição (direita). 34 Figura 22 Movimentação da camada superficial do solo com recurso a uma grade de

discos. 34

Figura 23 Mobilização de fundo com recurso a uma charrua de aivecas. 34 Figura 24 Mobilização de solo com um escarificador (esquerda) e com uma fresa

(direita). 35

Figura 25 Realização da esquadria do terreno: foi utilizado um fio de nylon preso e

esticado para definição das linhas (à esquerda), e a marcação do futuro local de plantação das árvores foi realizada com estacas (à direita).

35 Figura 26 Tábua de madeira que serviu de régua (esquerda) e tractor com uma broca a

abrir as covas (direita). 36

Figura 27 Início da plantação das pereiras. 37

Figura 28 Representação esquemática da plantação do pomar e da distribuição das

diferentes variedades: Rocha e as polinizadoras (Tosca e Cármen). 37

Figura 29 Colmeias situadas próximas do pomar. 38

Figura 30 Disposição do pomar (esquerda) e os postes e arames da armação do

terreno, nove meses após a plantação (direita). 39

Figura 31 Árvore de três anos de viveiro, durante a Primavera, segura ao segundo

arame por um pequeno atilho. 39

Figura 32 À esquerda observa-se o início de cada linha do pomar, perpendicularmente

às quais se enterrou o tubo principal que se ligou ao sistema de rega (direita). 40

Figura 33 Tubo de 16 mm no início da linha (esquerda) e quadro controlador de rega

automática (direita). 40

Figura 34 Na fotografia da esquerda, tirada dez meses após a plantação, pode-se ver, à

esquerda do poste mais próximo, uma árvore de viveirista com três anos e, à sua direita, uma árvore de viveirista com um ano; na fotografia da direita, tirada 18 meses após a plantação, é difícil distinguir a idade inicial das árvores.

46

Nota: websites das fontes das figuras consultados pela última vez a 22 de Julho de 2013. x

(17)

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 Variação do peso médio de pêra Rocha em função da forma do fruto

(adaptada de Soares et al., 2001). 4

Quadro 2 Concentração de elementos minerais no pedúnculo, epiderme e polpa da

pêra “Rocha” (adaptado de ANP, 1997). 5

Quadro 3 Repartição regional da área e das explorações com pereiras, por classes de

área, em Portugal (adaptado de GPP, 2007). 6

Quadro 4 Repartição percentual da área de pereiras, por classes de idade, em Portugal

(adaptado de GPP, 2007). 6

Quadro 5 Distribuição dos pomares de pêra em Portugal (fonte: RA, 2009). 7 Quadro 6 Balanço de aprovisionamento da pêra, em milhares de toneladas, nas

campanhas de 1983/84 a 2002/03, em Portugal (adaptado de GPP, 2007). 10

Quadro 7 Comportamento cultural de diferentes porta-enxertos (1 - pouco sensível; 2 -

medianamente sensível; 3- sensível) (adaptada de Soares et al., 2001). 15

Quadro 8 Densidades de plantação dos pomares (adaptada de Soares et al., 2001). 16 Quadro 9 Valores recomendados para a adubação e correcção orgânica de fundo

(adaptada de Soares et al., 2001). 19

Quadro 10 Concentrações foliares médias observadas na cultivar ‘Rocha’, clone 2

enxertada em diferentes porta-enxerto, aos 110 DAPF, em 2004 (valores referidos à matéria seca a 100 – 105ºC). (adaptada de Sousa & Calouro, 2007b).

21

Quadro 11 Quantidades de azoto (N), fósforo (P2O5), potássio (K2O) e magnésio (Mg)

recomendadas em pomares de pereiras em produção, com base nos resultados da análise foliar e na produção esperada (adaptada de Maia de Sousa, 2010).

22

Quadro 12 Sensibilidade dos diferentes porta-enxertos a diferentes doenças e pragas (1

- pouco sensível; 2 - medianamente sensível; 3 - sensível) (adaptada de Soares et al., 2001).

28 Quadro 13 Quadro discriminativo dos custos de instalação do pomar. 42 Quadro 14 Quadro discriminativo dos custos de manutenção no ano cruzeiro. 43 Quadro 15 Quadro discriminativo dos custos de manutenção até ao ano cruzeiro. 44 Quadro 16 Quadro geral de custos e receitas do projecto ao longo dos anos. 44 Quadro 17 Custo total das árvores, plantadas no projecto. 47 Quadro 18 Diferença de custo total das árvores, se adquiridas na totalidade com a idade

de um ano. 47

Quadro 19 Quadro resumo dos custos e receitas, com o aumento dos custos de

instalação provenientes da tutoragem e do estrume. 48

(18)
(19)

ABREVIATURAS, SIGLAS, SÍMBOLOS OU ACRÓNIMOS

ANP Associação Nacional de Produtores de Pêra Rocha

B Boro

cm Centímetros

CAVGRI, CRL Cooperativa Agrícola do Alto Cávado DAPF Dias após plena floração

DGADR Direcção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural DOP Denominação de Origem Protegida

ETG Especialidade Tradicional Garantida € Euro

g Grama

GPP Gabinete de Planeamento e Politicas ha Hectare

IGP Indicação Geográfica Protegida INE Instituto Nacional de Estatística

IPMA Instituto Português do Mar e da Atmosfera IVA Imposto sobre o Valor Acrescentado

K Potássio Kg Quilograma km Quilómetro m Metro m3 Metro cúbico Mg Magnésio mm Milímetro MO Matéria orgânica N Azoto

OP’s Organizações de Produtores P Fósforo

RA Recenseamento Agrícola

SNIRH Sistema Nacional de Informação de Recursos Hidricos t Tonelada

ºC Grau Celsius % Percentagem

(20)
(21)
(22)
(23)

INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO

O projecto descrito neste trabalho trata da instalação de um pomar de pêra Rocha na região de Entre-Douro e Minho e irá ser abordado na óptica da empresa que instalou o pomar, do ponto de vista técnico e do mercado.

A empresa que decidiu apostar nesta produção pratica uma policultura, ligada à pecuária, fruticultura e horticultura, procurando, assim, defender-se dos efeitos adversos, nomeadamente climatéricos e de mercado que, frequentemente, condicionam os resultados da actividade agrícola.

A produção pecuária, característica desta região litoral do País, constitui a principal actividade da empresa há 40 anos, ocupando a maior parte dos recursos por possuir terrenos adequados à produção forrageira para a alimentação dos bovinos de produção leiteira. Nos últimos anos, a empresa tem apostado também na fruticultura, que tem vindo a ganhar maior preponderância. Foram realizados vários investimentos em pomares instalados em terrenos de características adequadas à produção frutícola, onde a cultura da maçã (com diversas variedades) e do kiwi são as grandes referências da fruticultura praticada pela empresa. Com tradição e algum conhecimento na produção de frutos, a empresa decidiu no ano de 2012 instalar este pomar de pêra Rocha, cultura de que não há ainda muita experiência na região.

Do ponto de vista do mercado, quer nacional, quer externo, a pêra Rocha é muito bem vista como produto de qualidade e é muito apreciada. Actualmente, o valor de vendas de pêra Rocha é superior a 120 milhões de euros, projectando-se um crescimento contínuo para os próximos anos. No mercado internacional, Portugal é um dos dez maiores produtores de pêra a nível mundial e o 5º maior produtor europeu de pêra, depois da Itália, da Espanha, da Bélgica e da Holanda (Jordão e Torres Paulo, 2011), sendo que a pêra Rocha contribui, em grande parte, para esta posição. Este fruto tem como vantagem o facto de ser um dos vinte frutos DOP (Denominação de Origem Protegida) que existem actualmente em Portugal. Embora se estime que as DOP, IGP (Indicação de Origem Protegida) e ETG apenas abranjam 2,6% da produção nacional de frutos, se se considerarem as contribuições relativas de cada produto com designação reconhecida, constata-se que a DOP pêra Rocha do Oeste é a que detém maior peso, representando cerca de 62% do total da produção de frutos com esta certificação (MADRP, 2010). Interessa então com este trabalho tentar perceber até que ponto Portugal pode investir nesta cultura e tirar proveito da grande aceitação que a pêra Rocha tem nos mercados.

Olhando para os aspectos técnicos da produção deste fruto, é importante tentar perceber se a região de Entre-Douro e Minho oferece boas condições edafo-climáticas para o bom

(24)

INTRODUÇÃO

desenvolvimento da pereira e do fruto e, em particular, se as condições específicas do terreno onde foi instalado o pomar são as mais indicadas.

Neste trabalho são revistas as boas práticas culturais que devem ser realizadas, em especial as podas (de Verão e de Inverno), analisando-se também as principais pragas e doenças que atacam esta cultura, chamando a atenção, em particular, para o Fogo Bacteriano, que está devastar importantes áreas de produção, principalmente na Região do Oeste.

(25)

CAPÍTULO I

(26)
(27)

CAPÍTULO I REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

I. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1. A Pereira Rocha

1.1. A árvore

A pereira Pyrus Communis L. pertence à família das Rosáceas, subfamília das Pomóideas e género Pyrus. De acordo com Jordão e Torres Paulo (2011), a variedade “Pereira Rocha”, foi obtida casualmente de semente por volta de 1836 e identificada na propriedade do senhor Pedro António Rocha, no Concelho de Sintra. Espalhou-se por todo o país, sendo o seu Solar a Região do Oeste, onde hoje se encontra a maior concentração de pomares e da produção.

É uma variedade que inicialmente se propagou sobre franco, mas com a entrada em vigor dos planos de Fomento Frutícola generalizou-se o uso dos marmeleiros como porta-enxerto, o que permitiu reduzir o tamanho das árvores e obter uma rápida entrada em frutificação. Mais tarde, com a introdução de selecções de marmeleiro estrangeiras, passaram-se a usar os porta-enxertos : E.M.A., o Provence B.A. 29 e o E.M.C. (Soares et al. 2001). Porém, é necessário algum cuidado pois, tal como refere Silva (1996), “a árvore é bastante sensível ao afrancamento e enraíza com muita facilidade, perdendo-se gradualmente o efeito do porta-enxerto”.

É uma árvore de vigor médio, de porte erecto e com ramos bastante flexíveis, o que permite que se adapte com alguma facilidade a diferentes sistemas de condução. Os seus órgãos de frutificação são os esporões, os mais frequentes, e as verdascas que asseguram uma maior regularidade de frutificação. Apresentam também um maior número de flores (sete a nove) e de maior qualidade (proporcionam frutos de maior calibre) aquando da floração que ocorre no início da segunda quinzena de Março a final da primeira quinzena de Abril. É necessário, por isso, assegurar uma renovação de madeira e promover a formação de verdascas. As flores em corimbo são de tamanho médio, com cinco pétalas de cor branca, apresentando-se às vezes, com bordos ligeiramente rosados. As cinco sépalas apresentam uma cor verde-amarelada na parte inferior e amarelo-acastanhado na superior. Esta variedade requer cuidados específicos devido a alguns distúrbios fisiológicos que possam surgir, fruto do ataque de doenças e pragas e da necessidade de polinizadoras. É, contudo, rápida a estabelecer-se e tem boa produtividade podendo necessitar de monda de frutos em alguns anos (ANP, 1997). As necessidades de frio invernal, entre Outubro e Fevereiro, são de cerca de 550 horas abaixo dos 7ºC (Couto, 1979).

(28)

CAPÍTULO I REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.2. O fruto

Os frutos da pereira “Rocha” caracterizam-se por apresentarem calibres entre 55 e 65 mm, sendo possível atingir calibres maiores se se respeitarem as boas práticas culturais quer na instalação como em toda a gestão do pomar: podas, monda dos frutos, fertilização e regas (Soares et al. 2001). A sua forma embora variável, é predominantemente redonda ovada, redonda piriforme, piriforme ovada e oblonga piriforme, sendo que, nas duas primeiras, o pedúnculo mede cerca de 33 mm e, nas outras duas cerca de 28 mm. O seu peso varia entre 115 a 132 g (Quadro 1).

Quadro 1. Variação do peso médio de pêra Rocha em função da forma do fruto (adaptada de Soares

et al., 2001).

Forma Diametro do fruto (mm) Comprimento do fruto (mm) Comprimento do pedúnculo (mm) Peso médio (g)

Redonda ovada 62 64 39 115

Redonda piriforme 62 67 27 119

Oblonga piriforme ovada 62 81 25 132

A superfície do fruto é lisa, com uma cor amarelo clara, com pontuações evidentes da cor da carepa, característica muito típica desta variedade quando cultivada no seu Solar de origem. A carepa apresenta-se unida na base e dispersa-se depois por toda a superfície tendendo a concentrar-se na fossa apical. A polpa é de cor branca, macia mas granulosa, doce, não ácida e sumarenta. Outra característica deste fruto é o seu excelente poder de conservação, sobretudo quando comparado com os de outras variedades (ANP, 1997). É um fruto muito rico em fibras, potássio, compostos fenólicos, antioxidantes e vitamina C (Jordão e Torres Paulo, 2011).

A sua época de colheita decorre entre os meses de Agosto e Setembro (quinze a 20 dias após a variedade “William’s”), conforme o tipo de maturação pretendido e o objectivo comercial (ANP, 1997; Soares et al., 2001). Devido à sua boa capacidade de conservação, a pêra “Rocha”, comercializa-se de Agosto a Maio, desde que refrigerada em atmosfera controlada. Em atmosfera normal, conserva-se cerca de cinco meses à temperatura de 0º a 1ºC; em atmosfera controlada, é possível prolongar a conservação para sete a oito meses a 0ºC, com valores de humidade relativa próximos de 95%, e de oxigénio e de dióxido de carbono na ordem dos 1 - 2% e 0 – 1%, respectivamente (Almeida, 2005).

(29)

CAPÍTULO I REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Quadro 2. Concentração de elementos minerais no pedúnculo, epiderme e polpa da pêra “Rocha”

(adaptado de ANP, 1997).

Elementos (mg/100g p.f.) Pedúnculo (mg/100g p.f.) Epiderme (mg/100g p.f.) Polpa N (0,62; 0,72) (74,82; 107,27) (40,04; 64,04) K (1,22; 1,52) (109,75; 145,35) (132,5; 166,65) Ca (0,65; 0,65) (23,73; 32,14) (6,35; 8,21) Mg (0,03; 0,04) (8,43; 13,71) (5,57; 7,68) S - (4,48; 9,32) (11,34; 14,56) Fe (8,24; 12,75) (0,11; 0,17) (0,11; 0,19) Mn (15,6; 18,90) (0,22; 0,29) (0,03; 0,05) Zn (11,8; 13,7) (0,22; 0,28) (0,11; 0,14) Cu (7,28; 9,29) (0,08; 0,10) (0,11; 0,14) B (9,75; 11,8) (0,22; 0,30) (0,11; 0,17)

2. Mercado da Pêra Rocha

2.1. Produção Nacional

A pêra ocupa a terceira posição na produção de frutos frescos no Continente, representando 12,4% do volume total, depois da maçã (26,5%) e da laranja (24,1%), sendo esta produção obtida maioritariamente na região do Ribatejo e Oeste com uma área produtiva de quase 12000 hectares, como se pode ver na Quadro 3 (GPP, 2007).

Relativamente à produção por hectare, a produtividade média do pomar situa-se nas 10,5 t/ha no Continente, com realce para o Ribatejo e Oeste com 10,7 t/ha, valores muito abaixo dos níveis de produtividade dos países europeus produtores de pêra, como a Itália, a Espanha e a França, cujos valores se situam entre as 17 e 21 t/ha. Importa, no entanto, registar que o pomar nacional, moderno e bem estruturado, atinge produtividades de 40 t/ha no Ribatejo e Oeste. Estes valores poderão estar relacionados com a idade avançada dos pomares existentes. No Inquérito Base às Plantações de Árvores de fruto 2002 (INE), na principal região produtora de pêra, mais de 50% dos pomares tinham idade superior a 14 anos e somente 33% tinha menos de nove anos, como se pode constatar no Quadro 4 (GPP, 2007).

(30)

CAPÍTULO I REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Quadro 3. Repartição regional da área e das explorações com pereiras, por classes de área, em

Portugal (adaptado de GPP, 2007).

Região Agrária

Classes de Área (ha)

< 2 2 a < 5 5 a < 10 ≥ 10 TOTAL Área

(ha) Nº. Exp. Área (ha) Nº. Exp. Área (ha) Nº. Exp. Área (ha) Nº. Exp. Área (ha) Nº. Exp. Área/exp. (ha) Entre Douro e Minho 139 2301 19 7 158 2308 0,1 Trás-os-Montes 354 3339 39 16 12 SE 19 SE 423 3358 0,1 Beira Litoral 358 3278 66 23 26 4 450 3305 0,1 Beira Interior 178 1724 61 22 34 55 60 SE 333 1753 0,1 Ribatejo e Oeste 3047 7410 2526 822 1957 286 2726 155 10255 8673 0,2 Alentejo 96 1202 15 6 28 4 80 SE 219 1214 1,2 Algarve 82 737 9 3 6 SE 97 741 0,2 Continente 4253 19991 2734 899 2063 299 2885 155 11935 21352 0,1 SE – segredo estatístico

Quadro 4. Repartição percentual da área de pereiras, por classes de idade, em Portugal (adaptado

de GPP, 2007).

CLASSES DE IDADE (anos)

Região Agrária Total < 4 5 a 9 10 a 14 15 a 19 20 a 24 ≥ 25 Continente 100 17 19 16 11 17 21

Entre Douro e Minho 0 16 8 31 12 14 20

Trás-os-Montes 2 17 24 19 20 8 13 Beira Litoral 3 13 29 20 15 14 9 Beira Interior 3 34 38 6 12 7 4 Ribatejo e Oeste 91 16 17 16 11 17 22 Alentejo 1 4 79 13 0 2 2 Algarve 0 3 14 16 8 40 19

No que diz respeito à localização dos pomares de pêra em Portugal, o predomínio é evidente na Região do Oeste (Quadro 5).

(31)

CAPÍTULO I REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Quadro 5. Distribuição dos pomares de pêra em Portugal (fonte: RA, 2009).

REGIÕES Área (ha) (%) Portugal 10750 100

Continente 10715 100

Entre Douro e Minho 93 1

Trás-os-Montes 344 3 Beira Litoral 314 3 Beira Interior 345 3 Ribatejo e Oeste 9407 88 Alentejo 190 2 Algarve 22 0 Açores 14 0 Madeira 20 0

Relativamente às cultivares produzidas, a variedade pêra Rocha destaca-se com 92% da área da cultura da pereira em Portugal Continental (Figura 1). Esta foca-se essencialmente na região do Ribatejo e Oeste (Figura 2), mas também, e em menores quantidades, noutras regiões do País como no Alentejo (Ferreira do Alentejo e Elvas), Trás-os-Montes (Carrazeda de Anciães), Minho (Braga) e Beira Interior (Lamego, Guarda, Manteigas, Covilhã, Belmonte e Fundão) (Soares et al., 2001).

Figura 1. Gráfico representativo da distribuição da área de cultura das diferentes variedades de

pereira em Portugal Continental (adaptado de Soares et al., 2001).

0% 20% 40% 60% 80% 100% Passe Crassane B. P. Moretini Outras Rocha 7

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CAPÍTULO I REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Como já foi referido, a pêra Rocha é um produto de Denominação de Origem Protegida (DOP), sendo a entidade gestora a Associação Nacional de Produtores de Pêra Rocha (ANP) e a entidade certificadora a CODIMACO. A ANP tem por objectivo principal a gestão e marketing da pêra Rocha do Oeste DOP e está presente em toda a fileira; tem como associados todos os exportadores certificados de pêra Rocha, bem como todas as Centrais Fruteiras deste fruto. Esta organização de produtores é fundamental em toda a linha, nomeadamente, na dinamização do diálogo entre os exportadores, produtores e clientes, contribuindo muito para a balança comercial positiva que Portugal tem neste produto (GPP, 2007).

Figura 2. Distribuição geográfica da produção de pêra Rocha em Portugal (adaptada de

http://www.coopval.com/pera-rocha).

Em 2010, Portugal produziu 230000 toneladas de pera rocha (em 2000 produzia 150000 toneladas), das quais, cerca de 31% corresponde a produção certificada, sendo o produto agrícola com maior quota de certificação. É importante constatar que este aumento da produção coincide com uma diminuição da área de produção (Figura 3).

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CAPÍTULO I REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Figura 3. Evolução da produção, da produção certificada e da área de produção de 2000 a 2011 em

Portugal (fonte: GPP).

2.2. Balança comercial

Como já foi referido, a pêra Rocha é a cultivar mais produzida em Portugal, sendo a que permite manter, com vantagem, um saldo positivo no comércio de pêra. No que diz respeito ao comércio internacional de pêra, o volume de vendas ao exterior passou de 14 milhões de euros, em 2000, para cerca de 66 milhões de euros em 2010, com um saldo comercial positivo de 53 milhões de euros. Na Figura 4, pode observar-se que a exportação de pêra tem aumentado nos últimos dez anos, mantendo-se as importações relativamente baixas (GPP, 2012). As importações de pêra para Portugal concentram-se praticamente nos meses de Março, Abril e Maio, isto é, em período de contra-estação, e são, provenientes, maioritariamente, de países do hemisfério Sul, como Argentina, Chile e África do Sul (GPP, 2007).

Figura 4. Importação e exportação de pêra em Portugal (em toneladas) (fonte: GPP). 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 0 50000 100000 150000 200000 250000 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Produção Produção Certificada DOP Área (ha)

0 25000 50000 75000 100000 125000 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Importação Exportação 9

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CAPÍTULO I REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.3. Mercados-alvo e Mercados Emergentes

Como referido, a pêra Rocha impôs-se no mercado externo, permitindo uma balança comercial positiva. A alavanca da exportação de pêra ocorreu a partir de 1991/92, dado que, nesse ano, houve uma grande quebra na produção europeia, abrindo assim as portas à introdução da pêra Rocha nos mercados europeus. De acordo com o Quadro 6, o montante médio da exportação no quinquénio 1999/03 representava 27% da produção utilizável, tendo esta percentagem crescido ao longo anos, atingindo 33% em 2003 (GPP, 2007).

Quadro 6. Balanço de aprovisionamento da pêra, em milhares de toneladas, nas campanhas de

1983/84 a 2002/03, em Portugal (adaptado de GPP, 2007).

Campanhas

(a) Produção utilizável

Comércio Internacional

Recursos

disponíveis Variação de existências

Utilização interna Entradas Saídas Total Perdas Consumo 1983/84 78 1 3 76 0 76 5 71 1984/85 84 1 4 81 0 81 5 76 1985/86 86 1 2 85 0 85 5 80 1986/87 86 1 5 82 0 82 5 77 1987/88 86 0 4 82 0 82 5 77 1988/89 76 2 2 76 0 76 0 76 1989/90 82 2 3 81 0 81 5 76 1990/91 85 4 6 83 0 83 5 78 1991/92 85 7 24 68 0 68 1 67 1992/93 91 9 7 93 0 93 10 83 1993/94 86 13 7 92 0 92 5 87 1994/95 105 14 16 103 3 100 12 88 1995/96 66 18 9 75 -12 87 1 86 1996/97 91 23 14 100 2 98 5 93 1997/98 157 23 41 139 23 116 18 98 1998/99 18 40 5 53 -9 62 0 62 1999/00 118 27 30 115 3 113 15 98 2000/01 128 32 23 137 17 120 17 103 2001/02 128 37 41 124 4 120 17 104 2002/03 113 32 37 108 -5 113 13 101 2003/04 81 38 22 97 -5 102 10 92 2004/05 (b) 169 34 46 157 15 142 25 117

(a) Período de referência: Abril do ano n a Março do ano n + 1 (b) Dados provisórios

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CAPÍTULO I REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Em 2010, o grau de auto-aprovisionamento foi superior a 150%, contrastando com o grau de abastecimento do mercado interno que se situava entre 80 e 90%. Esta diferença deveu-se às exportações que constituíram, em 2010, cerca de 47% do volume da produção nacional (em 2000 eram de apenas 16%), atingindo, no caso de alguns operadores, cerca de 70% (orientação exportadora elevada) (GPP, 2012).

Em 2011, os países de destino das exportações (em valor) são o Brasil, com 31%, a França e o Reino Unido com 22% e 21% respectivamente. Com menor expressão seguem-se os mercados da Irlanda e Federação da Rússia, com 6% cada, seguem-seguidos dos Paíseguem-ses Baixos (3%) e da Espanha (2%) (GPP, 2012).

Constata-se ao longo dos anos uma diversificação dos mercados, com um aumento das exportações para países de língua portuguesa, nomeadamente o Brasil e a introdução deste produto em países como a Alemanha e Polónia (ANP, 2008).

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3. O Pomar

3.1. Porta-enxertos

A escolha do porta-enxerto representa uma das opções mais importantes na instalação de um pomar, não só porque se pretende uma boa adaptação radicular ao solo (Figura 5), como também é importante uma boa compatibilidade com as variedades, ou seja, no caso da pêra Rocha, com as polinizadoras. Actualmente os porta-enxertos mais utilizados continuam a ser as selecções de marmeleiro, até porque são os mais disponibilizados pelos viveiristas nacionais (Soares et al., 2001).

3.1.1. East Malling A - E.M.A.

Obtido na estação de East Malling em Inglaterra, em 1920, é um dos porta-enxertos mais populares, devido à grande facilidade de enraizamento das estacas em viveiro e à boa percentagem de pegamento de enxertias de borbulha e de garfo para a pereira Rocha, mostrando sempre uma boa afinidade, ao contrário do que se verifica para muitas outras variedades (Soares et al., 2001).

É um porta-enxerto aconselhado para solos francos e franco-argilosos, com teores de matéria orgânica (MO) superiores a 1%, e com um pH neutro ou ligeiramente ácido, pois é sensível ao calcário activo existente em solos alcalinos, provocando a clorose férrica nas folhas, com prejuízo para a fotossíntese. Para solos argilosos ou com problemas de drenagem, o E.M.A. é uma boa opção, não revelando grandes perturbações no seu desenvolvimento quando sujeito a situações de encharcamento. É muito sensível ao fungo radicular Rosellinea Necatrix, que provoca a podridão branca. No que diz respeito à sensibilidade à podridão castanha, provocada pelo fungo Phytophora, ou problemas com a bactéria Agrobacterium tumefaciens, que provoca tumores nas raízes, não há registo de problemas (Soares et al., 2001).

Na escala de vigor, o E.M.A. situa-se entre o Provence BA-29 e o E.M.C. o que provoca nas árvores um desenvolvimento vegetativo equilibrado, uma menor arborescência e uma mais rápida entrada em frutificação. A taxa de vingamento registada com este porta-enxerto é normalmente superior ao Provence BA-29, o que é muito vantajoso em anos de condições climáticas adversas (Soares et al., 2001).

É um porta-enxerto que induz boa produtividade, com frutos de calibre médio (65 a 75mm), desde que bem conduzido. Como o seu sistema radicular não é muito profundante e tem pouca capacidade de penetração no solo, é aconselhável recorrer à tutoragem com madeira tratada e à respectiva armação (Soares et al., 2001).

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CAPÍTULO I REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1.2. Provence BA-29

É um porta-enxerto originário de França, de Angers há cerca de 50 anos, e é o mais vulgar na Região do Oeste, tendo-se mostrado o mais vigoroso, o que o torna interessante para variedades de pereira de fraco vigor como a Passe Crassane, Alexandria Doulliard, Conference, etc. (Soares et al., 2001).

O êxito do pegamento da enxertia, quer de garfo quer de borbulha, é superior ao do E.M.A. pois tem uma melhor afinidade, embora possua uma taxa de enraizamento de estacas em viveiro inferior ao E.M.A.. Uma característica vantajosa para este porta-enxerto é a menor sensibilidade ao calcário activo e à clorose férrica, suportando terrenos mais alcalinos. O seu sistema radicular é mais robusto e profundante que o E.M.A. e o E.M.C. o que o torna uma boa opção para solos menos férteis e com menores possibilidades de rega (Figura 5). Este sistema radicular robusto confere-lhe uma boa ancoragem e economia na aquisição de tutores e sua colocação, no caso de ser um pomar com pouca intensificação cultural. Quando comparado com o E.M.A. e o E.M.C. nota-se, nos primeiros anos, um excessivo vigor, com um desenvolvimento vegetativo por vezes exagerado, e uma entrada em frutificação ligeiramente mais lenta; a taxa de vingamento é também mais baixa e é acompanhada de uma queda de pequenos frutos mais intensa a seguir à queda das pétalas, como resultado da competição entre os lançamentos vegetativos e os frutos em crescimento. Em terrenos mais férteis, com possibilidade de regadio e de plantações mais intensivas, deve-se diminuir a quantidade de azoto e a dotação de rega. São muitas vezes utilizados os reguladores de crescimento para impedir que ocorra um desequilíbrio entre a vegetação e a frutificação, já que estes têm mostrado uma elevada eficácia no controle vegetativo e na promoção de verdascas, esporões e gomos florais (Soares et al., 2001).

Quanto à susceptibilidade a doenças radiculares é semelhante ao E.M.A., com bastante sensibilidade à Rosellinea Necatrix e Armillaria Mellea e fraca susceptibilidade aos ataques de Phytophora, assim como aos ataques da bactéria Agrobacterium tumefaciens (Soares et

al., 2001).

3.1.3. East Malling C - E.M.C.

O E.M.C., tal como o E.M.A., surgiu em Inglaterra, por volta de 1920, tendo como características mais relevantes o seu fraco vigor, o que se reflecte em pereiras de menor arborescência, com um sistema radicular pouco profundante e uma elevada percentagem de raízes finas. Devido a estas características, é obrigatório a tutoragem e armação dos pomares. É também aconselhada a sua utilização quando se pretende enxertar variedades polinizadoras de forte vigor como a Comice, a Carapinheira, Precoce Moretini e G. Leclerc, permitindo um mais fácil controlo da actividade vegetativa (Soares et al., 2001).

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CAPÍTULO I REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A entrada em frutificação é mais rápida comparativamente ao E.M.A. ou ao Provence BA-29, o que é muito vantajoso nas plantações intensivas, pois permite começar a amortizar o investimento mais cedo, antecipando a entrada em plena produção. Para isto contribui também o facto da taxa de vingamento dos frutos ser mais elevado do que nos outros dois porta-enxertos (Soares et al., 2001).

Em relação aos inconvenientes da utilização deste porta-enxerto, é similar ao E.M.A., sendo sensível ao calcário activo e a solos com pH elevado. Tem má afinidade ao nível da zona de enxertia com diversas variedades como a William’s, a William’s Rouge, Clap’s Favourite ou Rainha Vitória, entre outras. A afinidade com a pereira Rocha não é boa, devendo, por isso, quando se utiliza este “cavalo”, ter a melhor garantia fitossanitária possível e isento de viroses. Tem elevada susceptibilidade às doenças radiculares já enumeradas mas é mais resistente à bactéria Agrobacterium tumefaciens ou à podridão radicular provocada pelo fungo Phytophora (Soares et al., 2001).

Figura 5. Sistema radicular dos porta-enxertos: 1) Provence BA-29, 2) E.M.A. e 3) E.M.C. (adaptada

de Soares et al., 2001).

3.1.4. Outros porta-enxertos utilizados na Região do Oeste

Têm sido utilizados outros porta-enxertos nas plantações na Região do Oeste como é o caso do CTS 212, o ADAMS 332, o SYDO e um outro, proveniente de selecções de pereira, OHF 333. Segundo Soares et al. (2001), para a Região do Oeste as opções devem centrar-se no Provence BA-29, E.M.A., SYDO e E.M.C. (Quadro 7).

No caso do Provence BA-29, este deve ser utilizado para terrenos de encosta, com fraca possibilidade de rega, menos férteis e com pH’s e teores de calcário activo mais elevado, já que os restantes três vão ter problemas de clorose nas folhas e têm uma menor afinidade com a pereira Rocha (Soares et al., 2001).

O porta-enxerto SYDO pertence ao grupo dos marmeleiros do tipo Angers, proveniente de França, e é muito parecido com o E.M.A. no seu sistema radicular razoavelmente

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CAPÍTULO I REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

ramificado e na sensibilidade ao calcário activo. Contudo apresenta um vigor inferior ao E.M.A. e ao Provence BA-29 sendo a sua produtividade superior, em cerca de 10% relativamente ao E.M.A. e entre 10 a 20%, em relação ao Provence BA-29; obtêm-se frutos de melhor calibre. É um porta-enxerto promissor embora os viveiristas portugueses ainda não o utilizem com frequência (Soares et al., 2001).

O porta-enxerto E.M.C. continua a ser a melhor opção no caso de culturas super-intensivas devido ao seu baixo vigor (Soares et al., 2001).

Quadro 7. Comportamento cultural de diferentes porta-enxertos (1 - pouco sensível; 2 -

medianamente sensível; 3- sensível) (adaptada de Soares et al., 2001).

PORTA-ENXERTO

EMC ADAMS 332 CTS 212 SYDO E.M.A. PROVENCE BA-29 OHF 333 Compatibilidade com a

pereira Rocha fraca fraca razoável

razoável (melhor

que E.M.A.) razoável razoável a boa boa a muito boa

Vigor em relação ao franco = 100% 40 50 60 60 65 75 80 Asfixia radicular 1,5 1,5 1,5 1 1,5 1 2,5 Rebentos de raiz 2 3 2,5 2 3 2 1 Calcário activo 2 3 2,5 2 3 2 1 Rapidez de entrada em frutificação 3 3 2 3 3 2,5 1

3.2. Densidades/Compassos/Sistema de Condução

As densidades de plantação, o compasso e o sistema de condução utilizados no pomar não podem ser dissociados da escolha do enxerto. Todas as características do porta-enxerto devem ser tidas em conta na tomada de decisão bem como todas as características edafo-climáticas do terreno (Soares et al., 2001). Em termos de densidade, o pomar pode ser classificado como extensivo, semi-extensivo, semi-intensivo, intensivo e super-intensivo (Quadro 8) (Soares et al., 2001).

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CAPÍTULO I REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Quadro 8. Densidades de plantação dos pomares (adaptada de Soares et al., 2001). Nº árvores/ha Tipo de pomar

menos de 400 extensivo 400 a 800 semi extensivo 800 a 1200 semi intensivo 1200 a 2500 intensivo mais de 2500 super intensivo

Se se optar pelo E.M.A. e tendo em conta as características deste porta-enxerto atrás descritas, podem-se utilizar densidades da ordem das 1500 a 2000 árvores por hectare, ou seja, um pomar intensivo, com compassos variáveis como: 4 m x 1,5 m, 4m x 1,7 m, 3,8 m x 1,5 m, etc. (Soares et al., 2001).

Se a opção recair no porta-enxerto Provence BA-29, deve-se optar por um pomar semi-intensivo, com cerca de 600 a 900 árvores por hectare, devido ao seu elevado vigor (Soares

et al., 2001).

No caso do E.M.C., é um porta-enxerto utilizado em pomares super-intensivos com 2500 a 4000 árvores por hectare, com compassos mais apertados como: 3,3m x 1m, 3,5m x 1m, 3,3 x 1,2m, 3m x 1m, 3m x 0,85m, por ser entre todos, o porta-enxerto com menos vigor (Soares et al., 2001). Estes autores defendem que, para plantações intensivas e super-intensivas, o sistema de condução deverá ser o eixo central revestido (Figura 6), assim como para densidades mais baixas. Em casos pontuais e para porta-enxertos de maior vigor é defendido que se recorra à condução em palmeta em dois eixos (de pequenas dimensões), para daí se obter a redução da altura e do volume das árvores (Soares et al., 2001).

Ribeiro et al. (2010) referem que, em termos quantitativos, o sistema de condução em eixo central, quando comparado com o sistema Solaxe ou Tatura, obtém um maior potencial produtivo e frutos maiores. No mesmo estudo é referido que em termos qualitativos e em termos de teor de açúcares, o comportamento é muito semelhante.

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CAPÍTULO I REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Figura 6. Pereira em eixo central revestido (fonte: Maia de Sousa, 2010a).

3.3. Necessidades de Polinização

A pereira Rocha é uma variedade com dificuldades de polinização, pois o seu pólen germina mal e o tubo polínico tem um crescimento mais lento comparativamente ao pólen de outras variedades como Passe Crassane, Alexandrine Doulliard, Comice, General Léclerc, Precoce Moréttini, etc. Acrescem ainda outros factores que justificam a necessidade de variedades polinizadoras no pomar, como (Soares et al., 2001):

• a qualidade do pólen das pereiras é variável de ano para ano. Se a circulação da seiva for muito intensa no período da floração, pode provocar o abortamento de grande percentagem de grãos de pólen;

• a eventualidade de ocorrer precipitação na época de floração, o que “lava” o suco estigmático , responsável pela aderência dos grãos de pólen;

• para aumentar o êxito da fecundação, o pólen que cai nos estigmas deve ser proveniente, não das anteras da própria Rocha, mas das polinizadoras.

Existe um grande número de polinizadoras que podem ser utilizadas para a polinização da pereira Rocha. Algumas iniciam a floração antes da Rocha e outras mais tarde. Para a 1ª fase da floração, na Região do Oeste, são utilizadas as cultivares: Beurré Precoce Morettini, Alexandrine Doulliard, Beurré Clairgeau, Coscia ou Ercolini, Épine du Mas ou Duc de Bordeaux e Carapinheira. Para a 2ª fase da floração, são utilizadas variedades que cobrem o meio e o fim da floração da pereira Rocha como: Comice, Passe Crassane, General

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CAPÍTULO I REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Léclerc, Clap’s Favourite ou Vitória. Devido à colocação de mercado e ao facto da floração ser demasiado tardia, as variedades William’s e a Beurré Hardy já não utilizadas nas novas plantações (Soares et al., 2001).

Devem seleccionar-se duas polinizadoras no mínimo, uma com uma floração ligeiramente antecipada em relação à Rocha, e a outra ligeiramente mais tardia por forma a cobrir completamente o estado de plena floração da Rocha (Maia de Sousa, 2010).

3.4. Poda à Instalação

A poda à instalação efectua-se ao nível do sistema radicular e tem como objectivo eliminar raízes doentes ou deficientes, tortas ou danificadas e acertar cortes em raízes partidas, de maneira a que os tecidos cicatrizem melhor e também para provocar uma melhor ramificação. Sobre a vareta, a poda tem como objectivo estabelecer o equilíbrio entre a parte aérea e o sistema radicular. Quando as árvores não têm condições para a plantação de vareta intacta, a melhor opção, deve recorrer-se ao atarraque a 2/3, a 1/3 da vareta, ou mesmo ao corte entre os 10 e 20 cm, conforme o desenvolvimento apresentado (Soares et al., 2001).

Como referido por Soares et al. (2001) e Maia de Sousa (2010) o sistema de condução em eixo central é o mais indicado para a pereira Rocha. Neste sistema, os primeiros ramos devem estar inseridos a 0,50 m acima do solo (Figura 7) e deve evitar-se que os ramos tenham um diâmetro superior à parte central da árvore, ou seja, ao eixo. O mesmo deve acontecer nos ramos laterais. È também necessário ter em conta que as ferramentas de poda utilizadas estejam afiadas, para proporcionar um corte “limpo” e desinfectadas, podendo utilizar-se o álcool para essa desinfecção (Maia de Sousa, 2010).

Figura 7. Pereira Rocha com os primeiros ramos 0,50 m acima do solo. 18

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CAPÍTULO I REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.5. Necessidades de Rega

As necessidades de rega de um pomar começam logo na plantação, onde após a colocação da pequena árvore no local definitivo, é imprescindível uma rega por jacto para aconchego e aderência da terra às raízes. Na mesma altura deve já estar instalado o sistema de rega para provir as necessidades de água (Soares et al., 2001).

3.6. Fertilização

No que se refere à fertilização das fruteiras em geral, a sua quantificação é mais difícil do que noutras culturas. As exportações da cultura, atendendo à diferente restituição operada pelas folhas e madeira de poda, são mais difíceis de quantificar, e as disponibilidades nutritivas dos solos, devido ao facto de as árvores explorarem maiores e mais heterogéneos volumes de solo, são também difíceis de avaliar. A aplicação dos fertilizantes deve ser feita imediatamente antes da plantação, que pode simplificar, em elevado grau, a aplicação de fertilizantes na fase de exploração (Quelhas dos Santos, 1996).

Aproveitando as várias operações de mobilização que se efectuam na preparação do terreno, homogeneizam-se os componentes incorporados, colocando-os ao alcance de todas as futuras raízes, independentemente do rumo e das direcções que estas tomem (Quadro 9). Em função do tipo de solo, do tipo de pomar e principalmente em função da fertilidade do solo expressa na análise química efectuada, é que se tomarão as decisões (MADRP, 1999) e (Dias, 1997).

Quadro 9. Valores recomendados para a adubação e correcção orgânica de fundo (adaptada de

Soares et al., 2001).

Classe de fertilidade Fósforo (P) Kg Potássio (K) Kg Magnésio (Mg) Kg Matéria Orgânica (t)

Muito Baixo 600 a 1000 800 a 1500 500 50 a 100

Baixo 400 a 600 600 a 800 300 30 a 50

Médio 200 a 400 400 a 600 100 10 a 30

Alto 100 a 200 200 a 400 0 5 a 10

Muito Alto 0 0 0 0

É recomendável que o fósforo e o potássio sejam aplicados no fim do Verão/princípio de Outono, a fim de serem diluídos pelas chuvas (Quelhas dos Santos, 1996), mas incorporados antes da plantação como já referido.

Sendo as mobilizações do terreno que antecedem a plantação uma oportunidade para a aplicação de grandes quantidades de fósforo e potássio, é necessário ter em conta que

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estes não sejam arrastados pelas águas e não aumentarem a salinidade dos solos. O fósforo satisfaz estas condições e, como tal, toda a quantidade recomendada pode ser incorporada quando se realiza a mobilização, aplicando o fósforo que se prevê necessário para os anos de vida do pomar. Será necessário ter em conta que, em solos calcários, o fósforo tem mais tendência a ser insolubilizado. Relativamente ao potássio, não é expectável que sofra grandes perdas por lavagem em solos normais, mas é muito salinizante e a aplicação de grandes quantidades, logo na implantação do pomar, em algumas condições, pode correr alguns riscos. Assim, o que normalmente se faz, é aplicar o potássio necessário até à entrada em produção do pomar, 200 a 400 kg de K2O/ha (de acordo também com o teor de potássio assimilável do solo) o que equivale a cerca de 400 a 800 kg/ha, em termos de sulfato de potássio a 50%. Após a entrada em produção do pomar a aplicação de potássio pode ser, como no caso do azoto, através da fertirrega ou por aplicações foliares, usando-se, neste caso, em vez de adubos azotados elementares (apenas contendo N, como macronutriente principal), um adubo composto, NK (Quelhas dos Santos, 1996).

Relativamente ao azoto, este deve ser aplicado, se necessário, 1/3 após um mês do abrolhamento previsto e os 2/3 restantes até os frutos terem um diâmetro de 15 mm, aplicação esta que pode ser efectuada ao solo ou através da fertirrega (Maia de Sousa, 2010). Poderá ser indicada uma quantidade de azoto da ordem de 10 a 20 g / árvore, por cada ano de idade, até o pomar entrar em produção. A aplicação deve ser efectuada em períodos cujo risco do azoto ser arrastado pelas águas das chuvas seja diminuto. Esse período decorre normalmente, de Março a Junho (Quelhas dos Santos, 1996).

É também muito importante para a pereira o micronutriente boro (B) devendo este merecer uma atenção especial, devendo também ser aplicado antes da plantação (Maia de Sousa, 2010).

Relativamente às correcções calcárias, a calagem, também deverão ser equacionadas as necessidades de acordo com a análise de solo e em função da natureza do solo, para se obterem valores de pH na ordem dos 6 a 7,5. A calagem será efectuada justificando-se a aplicação de um calcário magnesiano pois, com frequência, são aplicadas grandes quantidades de potássio, que é susceptível de conduzir a carências de magnésio, embora essa situação já possa ser resolvida com aplicações de outros adubos como é o caso dos nitromagnesianos. A aplicação dos correctivos orgânicos é quase sempre necessária também durante o período de exploração do pomar.

A incorporação de MO deve ser complementar à acção dos adubos, obtendo-se uma melhoria das propriedades físicas do solo, apontando-se para valores na ordem dos 2 a 4% (Quelhas dos Santos, 1996).

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Quando o pomar entra em produção, e tendo em conta sempre as análises ao solo e/ou foliares, poderão ser necessárias novas adubações, nas quais se deve ter em conta os porta-enxertos que se utilizaram, já que estes influenciam a concentração foliar em nutrientes (Quadro 10) (Maia de Sousa, 2010; Sousa & Calouro, 2007a; Sousa & Calouro, 2007b).

Quadro 10. Concentrações foliares médias observadas na cultivar ‘Rocha’, clone 2 enxertada em

diferentes porta-enxerto, aos 110 DAPF, em 2004 (valores referidos à matéria seca a 100 – 105ºC). (adaptada de Sousa & Calouro, 2007b).

PORTA-ENXERTO

% na Matéria Seca 100ºC- 105ºC ppm na Matéria Seca 100ºC- 105ºC N P K Ca Mg S Na Fe Mn Zn Cu B EMA 1,99 0,13 0,68 1,96 0,51 0,19 0,03 27 45 26 8 19 Provence BA-29 2,05 0,14 0,66 1,95 0,56 0,20 0,03 28 58 27 8 20 SYDO 2,21 0,13 0,57 2,14 0,61 0,20 0,03 32 42 23 9 20 ADAMS 2,08 0,13 0,45 2,09 0,56 0,20 0,04 27 54 28 9 19 EMC 1,99 0,12 0,39 1,92 0,63 0,19 0,02 32 48 18 8 20 CTS 212 1,99 0,16 0,68 2,28 0,52 0,20 0,04 48 69 36 11 22 OHF 333 2,04 0,14 0,91 2,12 0,34 0,20 0,03 31 65 33 8 22

A colheita de amostras de folhas para a análise, deve ser efectuada no período de paragem de crescimentos que corresponde aos 100-110 dias após a plena floração (DAPF). Devem-se colher folhas de aspecto normal, no terço médio dos lançamentos do ano, inseridos aproximadamente a meio da copa. No caso da pereira Rocha pode colher-se em alternativa, folhas de esporões sem frutos, igualmente aos 100-110 DAPF (MADRP - INIA, 2009).

Maia de Sousa (2010) indica as quantidades de referência (Quadro 11) dos diferentes nutrientes a aplicar em função da produção esperada de pêra Rocha e tendo como base a produção de 40 toneladas por hectare e o pH entre 6,0 e 7,0.

As necessidades reais de fertilização são difíceis de avaliar, e como tal as análises de terra dão-nos uma informação extremamente importante, mas são essenciais as análises efectuadas aos órgãos das plantas nomeadamente às folhas (análise foliar). Hoje em dia, as análises são fáceis de realizar e permitem saber exactamente como se encontra a árvore e a partir daí fundamentar a tomada de decisão da fertilização (Quelhas dos Santos, 1996).

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Quadro 11. Quantidades de azoto (N), fósforo (P2O5), potássio (K2O) e magnésio (Mg)

recomendadas em pomares de pereiras em produção, com base nos resultados da análise foliar e na produção esperada (adaptada de Maia de Sousa, 2010).

Produção esperada

(t/ha)

Azoto (kg/ha) Fósforo (kg/ha) Potássio (kg/ha) Magnésio (kg/ha) Insuficiente * Suficiente * Elevado * Suficiente * Suficiente * Suficiente * < 20 21 - 30 0 - 20 0 - 10 10 30 5

20 31 - 40 20 - 30 0 - 15 10 40 5

40 51 - 60 30 - 50 0 - 25 20 75 10

60 71 - 60 50 - 70 0 - 35 30 110 20

> 60 81 - 90 70 - 80 0 - 40 60 130 30

* Niveis de nutrientes considerados adequados em folhas do terço médio dos lançamentos do ano na época usual de colheita.

3.7. Pragas e Doenças

As pragas mais importantes da cultura da pereira, cultivar Rocha, são a psila (Cacopsylla

pyri, L.), o bichado (Cydia pomonella L.), a filoxera (Aphanostigma pyri Chol.), a cochonilha

de S. José (Quadraspidiotus perniciosus St) e a mosca da fruta (Ceratitis capitata Wied.) (Maia de Sousa, 2010), sendo as quatro primeiras mais frequentes.

3.7.1. Pragas

A psila é um homóptero, que usa a sua armadura bucal do tipo picador-sugador para picar frutos e folhas, provocando a excreção da melada que é posteriormente atacada pela fumagina. Os frutos ficam depreciados e pode provocar queimaduras nas folhas se as temperaturas forem muito elevadas (Figura 8). Os predadores da psila são principalmente antocorídeos e crisopídeos (Maia de Sousa, 2010).

Figura 8. Psila em estado adulto (Cacopsylla pyri, L.)

(fonte: http://www7.inra.fr/hyppz/IMAGES/7031010.jpg).

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O bichado é um leptidóptero (Figura 9) que ataca o fruto e que apresenta duas gerações por ano: uma em final de Março, ínicio de Abril; a segunda, ocorre entre Julho e Setembro. São usados como meio de protecção desta praga a confusão sexual e/ou insecticidas reguladores de crescimento de insectos e químicos. Na maioria das situações, a confusão sexual ou, em alternativa, a realização de dois tratamentos com inseticida por geração são suficientes para controlo da praga (Maia de Sousa, 2010).

Figura 9. Larva do bichado (Cydia pomonella L.) (esquerda) e no estado adulto (direita) (fonte:

http://www7.inra.fr/hyppz/IMAGES/7030046.jpg e (http://www7.inra.fr/hyppz/IMAGES/7030041.jpg, respectivamente).

A filoxera é um homóptero, que vive sobre a pereira alojando-se em locais húmidos, abrigados e de fraca luminosidade. Os estragos característicos situam-se no fruto sob a forma de uma zona necrosada principalmente na fossa apical, o que em condições favoráveis, pode levar à instalação de fungos (Botrytis, Alternaria, Penicillium e outros) que provocam o apodrecimento dos frutos (Figura 10). Esta praga não tem inimigos naturais conhecidos, o que obriga a ter maiores cuidados quando os ovos eclodem a partir do fim de Março: deve efectuar-se uma monitorização através da colocação de armadilhas, constituídas por fita adesiva e a sua observação ao longo da campanha. A aplicação de fitofármacos deve ter em conta esta monitorização da praga (Maia de Sousa, 2010).

Figura 10. Colónia de filoxera (Aphanostigma pyri Chol.) numa pêra

(http://www7.inra.fr/hyppz/IMAGES/7030632.jpg). 23

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CAPÍTULO I REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A cochonilha de S. José é um homóptero que apresenta duas gerações completas e, por vezes, uma terceira geração parcial. As ninfas móveis da primeira geração surgem, em geral, de Março a início de Junho, com maior incidência em Maio. Nos anos com Invernos menos rigorosos, pode haver antecipação. A avaliação da existência de ninfas móveis da primeira geração faz-se em árvores previamente identificadas com a presença da praga onde se coloca fita aderente nos ramos para maior facilidade de observação (Figura 11). No controlo desta praga utiliza-se uma mistura de óleo de Verão com clorpirifos de boa eficácia (Maia de Sousa, 2010).

Figura 11. Pêra apresentando danos de um ataque de cochonilha de S. José (Quadraspidiotus

perniciosus St) (esquerda) e dois exemplares da espécie (direita) (fonte: http://www7.inra.fr/hyppz/IMAGES/7032893.jpg e http://www7.inra.fr/hyppz/IMAGES/7032891.jpg, respectivamente).

3.7.2. Doenças

As principais doenças são: o pedrado (Venturia pyrina Aderhold), a estenfiliose (Stemphylium vesicarium (Wallr.) E.Simmons) e a roselinia ou podridão branca (Rosellinia

necatrix Prill) (Maia de Sousa, 2010), sendo que o pedrado é a mais significativa.

A pereira Rocha é muito sensível ao pedrado principalmente na fase de floração/vingamento. É um fungo que hiberna no Inverno nas folhas caídas do ano na forma de pseudotecas e na Primavera com condições climáticas adequadas (temperaturas óptimas de 21ºC e a presença de água no local), são libertados os “novos” esporos maduros que infectam o tecido vegetal. Torna-se, por isso, uma das mais temíveis doenças, obrigando a um número elevado de tratamentos fitossanitários que acarretam maiores custos de produção. Ataca folhas, frutos e, em menor incidência, os ramos, cobrindo-os de pontuações negras (Figura 12) (Maia de Sousa, 2010).

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Figura 12. Sintomas de pedrado nas folhas (esquerda) e no fruto (direita) (fonte:

http://infoagro.cothn.pt/portal/index.php?id=1311 e http://www.donsgarden.co.uk/pests/391, respectivamente).

3.7.3. Fogo Bacteriano

O fogo bacteriano (Erwinia amylovora) surgiu na Europa, meados do séc. XX, disseminando-se em diferentes países. Devido ao seu potencial destrutivo, que pode conduzir à morte das árvores, foi classificado como organismo nocivo de quarentena na União Europeia. Esta doença foi identificada em várias espécies nomeadamente Rosáceas. Nas pomóideas, os principais hospedeiros são a pereira, a macieira, o marmeleiro e a nespereira, sendo que, na pereira a evolução da doença é bastante severa (Figura 13). A sensibilidade das diferentes cultivares de pêra é variável, tendo as cultivares com períodos de floração prolongados um nível de infecção da doença mais elevado, pois normalmente as condições meteorológicas (temperatura e humidade elevadas) favorecem a multiplicação da bactéria (Selectis, 2012).

Figura 13. Árvores de um pomar atacadas pelo fogo bacteriano (fonte: Selectis, 2012).

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CAPÍTULO I REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A denominação desta doença resulta dos sintomas observados nos órgãos atacados, nomeadamente a existência de necroses de cor castanha a negra com aspecto queimado (Figura 14). Os corimbos atacados apresentam necroses que conduzem à morte das flores, onde preferencialmente a bactéria penetra, através das aberturas naturais, como os estigmas, anteras e estomas das sépalas (Figura 15). A doença expande-se na planta através dos vasos condutores para os ramos e tronco, produzindo o aparecimento de manchas avermelhadas na zona sub-epidérmica ou xilema que podem conduzir à morte do ramo, pois a bactéria interfere na circulação da seiva. Em condições climatéricas favoráveis para a multiplicação da bactéria, torna-se possível o aparecimento de exsudado bacteriano com um aspecto mucoso de cor branco-amarelada, que constitui uma importante fonte de inóculo da doença e facilita imenso a dispersão do fogo bacteriano (Selectis, 2012).

Figura 14. Órgãos da planta atacados pelo fogo bacteriano, com necroses de cor castanha (fonte:

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2012/02/09a.htm).

As infecções primárias desta doença surgem na Primavera, após o abrolhamento, e a este inóculo primário pode estar associada a presença de cancros nos ramos ou tronco, embora não seja indispensável essa situação, pois a bactéria tem capacidade de sobreviver nos tecidos infectados. O ciclo de infecções termina no final do Verão, início de Outono, com a formação de cancros. O Fogo Bacteriano tem grande capacidade de dispersão podendo ser transportado pela chuva, vento, insectos, pássaros, instrumentos de poda, máquinas e equipamentos agrícolas, material vegetativo e de propagação, e pelo homem (Selectis, 2012).

Imagem

Figura 1.  Gráfico representativo da distribuição da área de cultura das diferentes variedades de  pereira em Portugal Continental (adaptado de Soares et al., 2001)
Figura 2.  Distribuição geográfica da produção de pêra Rocha em Portugal (adaptada de  http://www.coopval.com/pera-rocha)
Figura 3. Evolução da produção, da produção certificada e da área de produção de 2000 a 2011 em  Portugal (fonte: GPP)
Figura 5. Sistema radicular dos porta-enxertos: 1) Provence BA-29, 2) E.M.A. e 3) E.M.C
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Referências

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