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OS REGISTROS DE ÓBITOS DOS ADULTOS E AS CONDIÇÕES DE VIDA NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO: A QUANTAS ANDAM?

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OS REGISTROS DE ÓBITOS DOS ADULTOS E AS CONDIÇÕES DE

VIDA NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO: A QUANTAS ANDAM?*

Neir Antunes Paes1 Mardone Cavalcante França2

Jozemar Pereira dos Santos3 Antonio Guedes C. G. Filho4

Palavras-chave: mortalidade; óbitos; registros vitais; semiárido brasileiro.

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Programa de Pós-Graduação em Modelos de Decisão e Saúde – Depto. Estatística, UFPB. 2

Programa de Pós-Graduação em Demografia – Depto. Estatística, UFRN 3

Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, UFRN 4

Departamento de Estatística, UFPB

*Trabalho apresentado no XVIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Águas de Lindóia/SP – Brasil, de 19 a 23 de novembro de 2012

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1. Introdução

Importantes elementos demográficos e epidemiológicos relacionados às condições sociais e de saúde de determinada população são as estatísticas de mortalidade, as quais fornecem indicadores representativos com aplicações no setor acadêmico, social, nas políticas governamentais e nas decisões tomadas ao bem estar da própria população.

Ao serem abordadas estas questões para regiões como o semiárido brasileiro nota-se que se trata de um recorte geográfico especial que convive com um distanciamento acentuado dos padrões de desenvolvimento e é marcado por grandes desigualdades sociais. Segundo o Ministério da Integração Nacional mais da metade (58%) da população pobre do país vive na região.Ela representa 18% do território nacional e abriga cerca de 30% da população do País. No semiárido, vivem aproximadamente 26,4 milhões de pessoas, com destaque para o fato de que 8,6 milhões pertencem à zona rural, caracterizada por alta vulnerabilidade, já que estão entre os mais pobres da região, com índices de qualidade de vida muito abaixo da média nacional (PORTAL SÃO FRANCISCO, 2011).

O Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (FIRJAN, 2012) que tem como objetivo acompanhar a evolução dos municípios apontou que, em 2007, 31,4% dos brasileiros, ou 57 milhões de pessoas, viviam em cidades de alto desenvolvimento, enquanto 22%, ou 40 milhões, ainda não tinham serviços de qualidade na educação e na saúde e nem acesso a um mercado formal de trabalho estruturado. Estes últimos concentrados na região do semiárido.

A região do semiárido brasileiro é considerada como uma das que apresentam indicadores de desenvolvimento mais comprometidos do País. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no semiárido é considerado baixo para aproximadamente 82% dos municípios, que possuem IDH até 0,65. Isto significa um déficit em relação aos indicadores de renda, educação e longevidade para 62% da população. (PORTAL ASA BRASIL, 2012). Trata-se ainda de uma região muito pouco estudada do ponto de vista demográfico, particularmente quanto aos indicadores vitais.

Como parte dos registros vitais, para os óbitos são encontrados dois grandes problemas envolvendo a qualidade dos dados: o primeiro é referente aos óbitos que são registrados, mas que não foram declaradas as causas de morte (causas mal definidas) e o segundo se refere aos óbitos que não foram registrados (sub-registro) e que, portanto, as causas de morte também não foram declaradas. Mesmo admitindo que a qualidade dos dados do semiárido venha melhorando, possivelmente ela é considerada como uma das mais deficientes, senão a mais deficiente do País. Assim, antes de qualquer abordagem ou construção de indicadores de mortalidade para esta região de forma direta, faz-se necessário conhecer a magnitude desse problema para somente então poder calcular indicadores mais fidedignos.

Não há consenso quanto às estimativas das coberturas dos óbitos para esta região e a literatura nesta problemática é escassa ou inexistente. Por outro lado, especula-se que existe uma associação entre a qualidade deficiente dos registros de óbitos e as condições sociais, econômicas e de saúde das populações. O fato de que a maioria dos Estados do semiárido brasileiro apresenta níveis elevados de sub-registro de óbitos e alta proporção de causas mal definidas não é um acaso. Sabe-se que nessas regiões muitos dos indicadores de desenvolvimento são os mais precários do país (PAES, 2007).

Deste modo, o principal objetivo desse trabalho consistiu em avaliar a qualidade dos registros de óbitos para a população adulta e suas relações com variáveis que reflitam as condições de vida da população do semiárido brasileiro no ano de 2008.

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2. Material e Método

2.1. Perfil do Semiárido

O perfil político-administrativo do semiárido Brasileiro é diferente do Nordeste. Este é formado por nove Estados divididos em 42 mesorregiões e 188 microrregiões. Já, o semiárido também é composto por nove Estados divididos em 34 mesorregiões e 137 microrregiões e compreende 1.133 municípios, cuja diferença em relação ao Nordeste é que o Estado do Maranhão não pertence a esta região enquanto nela é incluído o Estado de Minas Gerais. 13 dessas mesorregiões têm o mesmo perfil político-administrativo em ambas as regiões: o Sertão Alagoano, Vale São Francisco da Bahia, Centro Sul Cearense, Sertão Cearense, Sul Cearense, Sertão Paraibano, Borborema, São Francisco Pernambucano, Sertão Pernambucano, Sudeste Piauiense, Centro Potiguar, Oeste Potiguar e o Sertão Sergipano.

Chama-se a atenção para o fato de que no semiárido as mesorregiões Metropolitanas dos Estados (portanto suas capitais) não fazem parte dele. A região é caracterizada principalmente por municípios do interior, tendo um peso importante de populações rurais. Apenas quatro municípios metropolitanos (dois de Fortaleza e dois de Salvador) fazem parte do semiárido.

Possui uma extensão de 858.000 km2, representando cerca de 57% do território nordestino. Sua densidade demográfica de 20 hab/km2 não parece alta quando comparada com a média nordestina que é de 28 hab/km2. Contudo, tomando por base outras regiões do semiárido no mundo, apresenta-se como uma das mais elevadas (Portal São Francisco, 2011). Estima-se que no ano de 2008 (ano deste estudo) viviam nesta região aproximadamente 23 milhões de pessoas, das quais 49,8% da população era composta por pessoas do sexo masculino e 50,2% do feminino. Em relação aos óbitos foram registrados aproximadamente 119 mil óbitos, dos quais 57,3% foram do sexo masculino e 42,7% do feminino.

2.2. Fontes e Base dos Dados

O Brasil possui duas fontes oficiais responsáveis pela produção contínua das estatísticas vitais de óbitos. A Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Fundação IBGE), através das Estatísticas do Registro Civil e o Ministério da Saúde (MS), por meio do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), com disponibilidade anual para todos os municípios brasileiros.

Neste trabalho foram utilizados dados referentes à população de 2008 dos estados do semiárido e suas respectivas mesorregiões, desagregados por sexo e faixa etária, disponibilizados no site do IBGE (2012). Os dados de óbitos registrados pelo SIM se encontram categorizados segundo a décima revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10), que vigorou a partir do ano de 1996, disponibilizados no site do MS (2012), de onde foram extraídas as causas mal definidas usadas neste trabalho.

Os dados de óbitos para o ano de 2008 foram desagregados por sexo e faixa etária para as 34 mesorregiões do semiárido calculando-se a média simples para o triênio 2007/2008/2009.

O banco de dados relativos às três principais áreas de desenvolvimento: Emprego/Renda, Educação e Saúde foi montado com dados disponibilizado pelo site da fundação FIRJAN (2012) disponíveis por municipais. Os dados foram agregados para 2008 para as 34 mesorregiões e foi utilizada a mediana dos indicadores dos municípios pertencentes a cada mesorregião para representá-las.

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4 2.3. Análise de Consistência dos Dados

Para estudar a qualidade dos dados foram construídos três indicadores: proporção dos registros de óbitos com causas mal definidas, estimação da cobertura dos óbitos e a proporção de óbitos com causas desconhecidas. Estes indicadores se referem a população adulta aqui considerada como aquela com 10 anos e mais de idade.

As causas mal definidas

Para quantificar a proporção da causas mal definidas para os adultos o cálculo foi feito através do quociente entre os óbitos classificados como mal definidos e o total de óbitos registrados. Utilizou-se a classificação proposta por Chackiel (1987) que estabeleceu quatro categorias para os percentuais de óbitos com causas mal definidas para as regiões, de acordo com o seguinte critério: adequado (<10%); pouco adequado (10%–15%); inadequado (16%– 30%) e altamente inadequado (>30%).

Estimativa da cobertura dos óbitos

Para estimar a cobertura dos óbitos foi utilizado o método do balanço de crescimento proposto por Brass (1975). Para utilizar essa técnica foi necessário coletar a população de ambos os sexos das mesorregiões do semiárido, a qual foi estimada para o meio do ano de 2008.

Para que o método de Brass possa fornecer bons resultados é necessário que alguns pressupostos sejam satisfeitas, além de que ela funciona melhor para as idades adultas: 1) Estabilidade relativa da população; 2) A distribuição por idade dos óbitos deve apresentar um grau de cobertura constante; 3) A distribuição por idade da população não deve apresentar problemas de enumeração ou de declaração da idade. Um dos principais entraves encontrados para sua aplicação foi com respeito ao primeiro dos pressupostos que não pode ser atendido em sua totalidade para várias mesorregiões. No entanto, Paes (2007) recomenda algumas estratégias para a superação dessas dificuldades. Sendo assim, os seguintes critérios foram estabelecidos para a estimativa das coberturas dos óbitos:

1- Foi considerado um limite de variação das faixas etárias entre 20 e 65 anos;

2- Foi calculada a mediana de pelo menos cinco combinações sequenciais de faixas etárias das coberturas calculadas que variaram entre o limite adotado: 20-65 anos. Por exemplo: 20-45, 20-50, 20-55, 20-60, 20-65. Em seguida, 25-45,25-50,...,25-65 e assim por diante;

3- Foi calculada a média das medianas das coberturas entre as várias combinações quando estas foram muito diferentes para uma mesma mesorregião;

4- Coberturas acima de 100% foram descartadas;

5- As coberturas, sempre que possível, foram comparadas com a busca ativa de óbitos realizada para uma amostra de municípios do Nordeste e da Amazônia Legal com resultados extrapolados para os Estados em pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde (SZWARCWALD, 2010).

6- As coberturas estimadas para os Estados também foram comparadas com as estimativas realizadas por Paes (2005; 2007), admitindo-se que houve um aumento no tempo.

Devido aos erros inerentes a toda estimativa e para facilitar a interpretação das estimativas das coberturas dos óbitos, recorreu-se a uma classificação adaptada por Paes (2007) de uma proposta feita por Chackiel (1987). Muito boa (> 90%), Boa (81-90%), Regular (71-80%) e Deficiente (≤ 70).

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5 Proporção dos óbitos com causas desconhecidas

Trata-se de uma combinação dos dois indicadores anteriores expressos em termos de proporção. Ou seja, à proporção dos sub-registros de óbitos (que é o complemento da cobertura) é adicionado o produto da proporção das causas mal definidas pela proporção da cobertura de óbitos dividido por 100.

2.3. IFDM (Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal)

O Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) nasceu em resposta à necessidade de monitorar anualmente o desenvolvimento socioeconômico de uma região, estando disponibilizado até o nível de município. Os dados relativos às três principais áreas de desenvolvimento (Emprego e Renda, Educação e Saúde) foram coletados junto ao banco de dados disponibilizado pela fundação FIRJAN (2011) para 2008. Os dados foram agregados nas 34 mesorregiões do semiárido e foi utilizada a mediana dos índices municipais pertencentes a cada mesorregião para representá-las. Cada um dos índices de FIRJAN está baseado em outras variáveis que participam de sua formação, conforme mostrado no Quadro 1.

Os índices de FIRJAN variam entre 0 e 1, indo do menor ao maior nível de desenvolvimento da localidade. Para a interpretação do índice, ele está classificado entre 0 e 0,4 (baixo estágio de desenvolvimento); entre 0,4 e 0,6 (regular); entre 0,6 e 0,8 (moderado); e entre 0,8 e 1,0 (alto desenvolvimento).

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QUADRO 1

Índices de FIRJAN e respectivas variáveis que os compõem

Índice FIRJAN

Emprego e Renda Educação Saúde

. Geração de emprego formal . Estoque de emprego formal . Salários médios do emprego formal

. Taxa de matrícula na educação infantil

. Taxa de abandono

. Taxa de distorção idade-série . Percentual de docentes com ensino superior

. Média de horas aula diárias . Resultado do IDEB

. Números de consultas pré-natal

. Óbitos infantis por causas evitáveis . Óbitos por causas mal- definidas

Fonte: FIRJAN, 2012

2.4. Relacionamento entre os indicadores de qualidade dos registros de óbitos e o índice FIRJAN de desenvolvimento municipal.

É cabível pensar que melhoras no indicador “causas desconhecidas” (síntese dos indicadores da qualidade dos óbitos) esteja relacionado ao avanço das condições de vida da maioria da população. Ou seja, que a diminuição nos níveis desse indicador da qualidade dos óbitos esteja associada a um aumento das condições de vida da população.

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Sendo assim, a investigação da associação entre as “causas desconhecidas” com os índices de FIRJAN para as três áreas de desenvolvimento (Emprego/Renda, Educação e Saúde) foi realizada por meio do Coeficiente de Correlação de Spearman, já que nem todas variáveis foram distribuídas normalmente.

3. Resultados e Discussão

Na Tabela 1, são apresentados os resultados referentes à cobertura dos óbitos, causa mal

definida e causa desconhecida por sexo segundo as mesorregiões do semiárido em 2008. Observa-se

uma grande variação dos resultados entre as mesorregiões nos três indicadores.

O indicador percentual de causa mal definida revelou que com exceção de todas as mesorregiões da Bahia e as duas de Minas Gerais, Agreste Alagoano (AL), Borborema (PB), São Francisco Pernambucano (PE), Agreste Pernambucano (PE), Agreste Sergipano (SE) e Sertão Sergipano (SE), todas as demais tiveram 10% ou menos de registro da causa de morte, classificando-se como adequado.

Os baixos percentuais das mal definidas no semiárido se devem, ademais dos programas sociais do governo voltados para as camadas mais populares (bolsa família, bolsa escola, entre outros) e ao trabalho dos agentes comunitários de saúde, em especial, deve-se ao trabalho de investigações dos óbitos realizados pelo Ministério da Saúde na última década (BAREA, 2007).

Já, as mesorregiões da Bahia, do Jequitinhonha e o Norte Mineiro foram às mesorregiões que apresentaram os maiores percentuais de causas mal definidas em ambos os sexos, chegando a atingir 40% no Extremo Oeste Baiano para o sexo feminino, classificando-se como inadequada ou altamente

inadequada. Ou seja, para esta ultima mesorregião, quatro entre cada dez óbitos registrados ocorreu

sem que soubesse a causa básica que levou o indivíduo à morte.

Chama ainda atenção o fato de que os percentuais quando não iguais para os dois sexos, foram invariavelmente mais elevados para as mulheres. Segundo Paes (2005) um dos fatores responsáveis por esse fenômeno são as causas externas que afetam mais os homens. Sendo mais evidentes e fáceis de serem identificadas, concorreriam para sua declaração como causa definida.

Em relação ao indicador cobertura dos óbitos, observou-se que houve uma maior cobertura para os homens em todas as mesorregiões. Mais uma vez, um dos fatores que concorreu para tal fenômeno deveu-se a um maior registro dos óbitos por causas externas referente ao sexo masculino. Outro fator estaria relacionado com a legislação brasileira que até pouco tempo privilegiava o usufruto de pensões e benefícios legais as mulheres que registravam os óbitos dos seus maridos ou companheiros para receber tais benefícios, além dos aspectos culturais que ainda favorecem um maior controle e vigilância social dos registros para os homens.

Para as coberturas também houve disparidades regionais. Observa-se que as mesorregiões do Extremo Oeste Baiano, Jequitinhonha e o Norte Mineiro apresentaram as coberturas mais baixas para ambos os sexos referentes às 34 mesorregiões do semiárido. Nessas mesorregiões as coberturas não ultrapassaram os 60%, classificando-se com uma cobertura insuficiente. No outro extremo, as mesorregiões com coberturas acima dos 90% (classificada como muito boa) foram encontradas para o sexo masculino: Agreste Pernambucano, Agreste Potiguar, Agreste Sergipano e o Agreste Paraibano. Já para o feminino: Agreste Pernambucano e o Agreste Potiguar.

Deve-se ressaltar os erros inerentes a todo resultado derivado de uma estimação. Destaca-se o não cumprimento dos rígidos supostos implícitos na técnica utilizada para o cálculo das coberturas. Por exemplo, a exigência de população estável requerida pela aplicação do método de Brass, aqui usada, não é cumprida para nenhuma região. Todas as populações estão afetadas por reduções importantes nos níveis da fecundidade, mortalidade e por movimentos migratórios internos, que desestabilizam a denominada “população estável”. No entanto, evidências mostram que, mesmo em situações de não cumprimento total dos pressupostos, os resultados podem ser satisfatórios (PRESTON, 1980; PAES 2007). Um dos recursos utilizados para contornar essas limitações foi a da flexibilização na escolha dos intervalos etários em que as estimativas da cobertura para os adultos foram baseadas, conforme explicitado na metodologia.

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TABELA 1

Cobertura dos óbitos, causa mal definida e causas desconhecidas dos adultos por sexo Mesorregiões do semiárido, 2008

Mesorregiões Sexo Cobertura Causa mal

definida Causa desconhecuda M 80,21 13,0 30,55 F 74,88 20,0 40,34 M 84,45 7,0 21,36 F 82,78 10,0 25,86 M 88,44 17,0 26,83 F 78,46 20,0 37,58 M 59,18 34,0 60,98 F 58,03 40,0 65,43 M 80,21 17,0 33,64 F 69,06 20,0 44,72 M 80,96 15,0 31,14 F 69,02 17,0 42,87 M 81,10 25,0 39,32 F 73,27 29,0 47,91 M 82,59 15,0 29,81 F 77,46 15,0 33,78 M 90,59 3,0 12,11 F 74,49 3,0 27,84 M 84,72 4,0 19,07 F 80,44 5,0 23,59 M 86,54 3,0 16,10 F 81,71 4,0 21,46 M 84,93 3,0 17,38 F 84,10 3,0 18,79 M 82,73 5,0 21,75 F 79,53 6,0 25,31 M 85,06 6,0 20,23 F 67,07 7,0 37,36 M 86,19 6,0 18,84 F 80,85 6,0 23,72 M 59,42 31,0 59,13 F 54,18 33,0 63,81 M 64,42 31,0 55,68 F 60,36 34,0 60,03 M 86,65 10,0 21,77 F 74,21 10,0 33,51 M 92,89 10,0 16,13 F 82,36 12,0 27,91 M 91,37 9,0 16,85 F 84,38 10,0 23,91 M 84,76 13,0 25,91 F 82,81 14,0 28,93 M 90,00 8,0 17,56 F 85,82 9,0 22,24 M 100,00 10,0 10,00 F 98,05 12,0 13,41 M 80,22 4,0 23,00 F 72,27 4,0 30,70 M 95,54 6,0 10,19 F 83,28 9,0 24,11 M 80,55 4,0 22,59 F 71,26 5,0 32,31 M 74,38 3,0 28,16 F 66,66 4,0 36,09 M 98,86 4,0 5,23 F 91,63 4,0 12,38 M 75,17 6,0 29,08 F 73,02 5,0 30,96 M 75,76 4,0 27,40 F 70,65 6,0 33,45 M 80,22 3,0 22,56 F 71,60 4,0 31,17 M 93,01 9,0 15,23 F 83,67 14,0 27,72 M 85,91 4,0 17,14 F 84,99 3,0 17,39 M 87,58 11,0 22,48 F 82,54 13,0 27,85 Leste Sergipano Sertão Sergipano Agreste Potiguar Centro Potiguar Leste Potiguar Oeste Potiguar Agreste Sergipano Sudoeste Piauiense Norte Piauiense Sudeste Piauiense Borborema Agreste Paraibano

São Francisco Pernambucano Sertão Pernambucano Agreste Pernambucano Centro Norte Piauiense Sertão Paraibano Nordeste Baiano

Metropolitana de Salvador Centro Sul Cearense Jaguaribe Metropolitana de Fortaleza Noroeste Cearense Norte Cearense Sertões Cearense Sul Cearense Jequitinhonha Norte Mineiro Centro Norte Baiano Agreste Alagoano Sertão Alagoano Centro Sul Baiano Extremo Oeste Baiano Vale São Francisco Bahia

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Observando os resultados do indicador derivado dos dois anteriores - as causas desconhecidas de óbitos - verifica-se que as mesorregiões do Agreste Potiguar, Agreste Pernambucano, Norte Piauiense e o Centro Sul Cearense, foram as únicas que apresentaram para o sexo masculino seus percentuais abaixo dos 15%, classificando-se como satisfatória. Com um patamar mais elevado, abaixo de 20% (satisfatória) o sexo feminino apresentou as seguintes mesorregiões: Noroeste Cearense, Agreste Pernambucano, Agreste Potiguar e o Leste Sergipano. Por outro lado, as mesorregiões do Extremo Oeste baiano, Jequitinhonha e o Norte mineiro apresentaram seus percentuais acima dos 55% de causas desconhecidas de óbitos, sendo classificadas como deficientes. Estes altos níveis também estão associados com indicadores de baixo desenvolvimento encontrados nessas regiões.

Não se pode dizer que há uma homogeneidade regional desses indicadores e que haja um único fator responsável. Embora haja espaço para melhoras, os baixos percentuais encontrados para algumas mesorregiões não são frutos do acaso. Nelas, há que destacar o desempenho dos diversos programas sociais do governo e dos agentes de saúde da Estratégia Saúde da Família, cuja atuação possui cobertura diferenciada entre as regiões. Estes podem ser um dos aspectos que ajudam a explicar os avanços e atrasos em algumas mesorregiões. No entanto, a grande variação das coberturas entre os Estados e mesorregiões possui, ademais, um conjunto de fatores explicativos como as condições socioeconômicas, educacionais, culturais, de saúde e outros relacionados, como a distribuição populacional entre áreas urbanas e rurais. Neste sentido, a seguir, é feita uma abordagem sobre estes fatores considerando os índices propostos pela FIRJAN.

Na Tabela 2 encontram-se os índices relativos às três principais áreas de desenvolvimento do índice FIRJAN: Emprego e Renda, Educação e Saúde para 2008. De acordo com a classificação adotada, para a renda, nenhuma mesorregião se classificou como moderada, sendo esse índice o que apresentou os mais baixos valores entre os demais. Para a área de educação os melhores índices foram encontradas nas mesorregiões pertencentes aos Estados do Ceará e Minas Gerais, sendo classificados como moderados. Entre os três índices, de forma global, os melhores resultados foram encontrados para a saúde. Entre os Estados, o do Ceará foi o de melhor desempenho, aproximando-se da classificação “alto desenvolvimento”.

Na Tabela 3 observam-se características particulares para as três áreas de desenvolvimento consideradas pelo índice FIRJAN, medida de tendência central e de variabilidade segundo as mesorregiões do semiárido. Em termos de valor médio, os níveis mais elevados, com suas classificações de desenvolvimento adotadas, foram respectivamente para a saúde (0,73; moderado), educação (0,64; regular/moderado) e renda/emprego (0,32; baixo). Observe-se que os desvios-padrão foram muito próximos para a saúde (0,055) e a renda/emprego (0,057) e, com uma dispersão mais elevada, para a educação (0,061).

Na Tabela 4, o perfil de classificação das mesorregiões de acordo com os níveis de desenvolvimento é mostrado em termos de freqüência e percentual. Ele confirma o que foi expresso pela média das áreas (Tabela 3). Mais de 97% das mesorregiões foram classificadas como baixo estágio de desenvolvimento para a Renda. Em relação à Educação, aproximadamente 20% das mesorregiões foram classificadas como regular e 80% como moderado. Já para a Saúde, 88% das mesorregiões do semiárido brasileiro foi classificado com nível moderado e aproximadamente 11% com alto desenvolvimento (4 mesorregiões).

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TABELA 2

Índice FIRJAN por área de desenvolvimento Mesorregiões do semiárido - 2008

Mesorregiões Renda Educação Saúde Geral

Agreste Potiguar 0,340 0,614 0,692 0,532

Sertão Alagoano 0,290 0,530 0,660 0,491

Centro Sul Baiano 0,318 0,556 0,689 0,519

Extremo Oeste Baiano 0,285 0,542 0,663 0,505 Vale São Francisco da Bahia 0,339 0,545 0,662 0,504 Centro Norte Baiano 0,319 0,555 0,658 0,513

Nordeste Baiano 0,327 0,525 0,652 0,508

Metropolitana de Salvador 0,317 0,554 0,708 0,526 Centro Sul Cearense 0,267 0,667 0,814 0,592

Jaguaribe 0,344 0,691 0,837 0,626 Metropolitana de Fortaleza 0,585 0,694 0,810 0,691 Noroeste Cearense 0,292 0,700 0,819 0,604 Norte Cearense 0,344 0,686 0,756 0,605 Sertões Cearense 0,310 0,683 0,781 0,597 Sul Cearense 0,285 0,716 0,786 0,601 Jequitinhonha 0,313 0,711 0,608 0,558 Norte Mineiro 0,322 0,699 0,708 0,579 Sertão Paraibano 0,307 0,631 0,737 0,558 Borborema 0,303 0,671 0,770 0,582 Agreste Paraibano 0,311 0,633 0,760 0,571

São Francisco Pernambucano 0,382 0,695 0,668 0,582 Sertão Pernambucano 0,326 0,692 0,704 0,574 Agreste Pernambucano 0,337 0,636 0,739 0,567 Centro Norte Piauiense 0,275 0,619 0,726 0,565

Norte Piauiense 0,282 0,677 0,752 0,563 Sudeste Piauiense 0,287 0,642 0,745 0,552 Sudoeste Piauiense 0,287 0,608 0,728 0,532 Agreste Potiguar 0,330 0,665 0,768 0,586 Centro Potiguar 0,322 0,739 0,811 0,632 Leste Potiguar 0,368 0,627 0,745 0,573 Oeste Potiguar 0,311 0,713 0,770 0,605 Agreste Sergipano 0,381 0,659 0,727 0,585 Leste Sergipano 0,326 0,690 0,774 0,602 Sertão Sergipano 0,391 0,625 0,666 0,571 Mínimo 0,267 0,525 0,608 0,491 Máximo 0,585 0,739 0,837 0,691 Média 0,327 0,644 0,732 0,569 Desvio Padrão 0,055 0,061 0,057 0,042 Fonte: FIRJAN, 2012

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TABELA 3

Medidas de tendência central e de variabilidade segundo as áreas de desenvolvimento do índice de FIRJAN

Mesorregiões do semiárido - 2008

Renda Educação Saúde

0,057 DP Mesorregiões do Semi-Árido Mínimo Máximo Centro Sul Cearense 0,267 Nordeste Baiano 0,525 0,644 0,055 0,061 Limites-Média Dispersão Média Mesorregiões do Semi-Árido Jequitinhonha 0,608 Meropolitana de Fortaleza 0,585 Centro Potiguar 0,739 Jaguaribe 0,837 0,327 0,732 Fonte: FIRJAN, 2012 TABELA 4

Classificação dos níveis de desenvolvimento do índice de FIRJAN por área Mesorregiões do Semiárido 2008

Nível de desenvolvimento das Emprego/Renda Educação Saúde

Mesorregiões N % N % N % Baixo 33 97,1 0 0,0 0 0,0 Regular 1 2,9 7 20,6 0 0,0 Moderado 0 0,0 27 79,4 30 88,2 Alto 0 0,0 0 0,0 4 11,8 Fonte: FIRJAN, 2012

A Tabela 5 mostra os coeficientes de correlação de Spearman e os níveis de significância das mesorregiões do semiárido brasileiro para 2008, aplicada entre as “causas desconhecidas” e os três índices de desenvolvimento de FIRJAN.

Observa-se que as correlações foram significativas com a variável Educação e Saúde, ambas com sinal negativo para ambos os sexos e individualmente. Isto indica que houve evidências estatísticas de que o aumento dos níveis educacionais e de saúde da população estaria associado com a diminuição da proporção das “causas desconhecidas”. Estes resultados apóiam a literatura que sustentam uma associação inversa entre a melhoria na qualidade dos registros de óbitos e as condições sociais. No entanto, não houve evidências de uma associação significativa com emprego/renda. Devido a estes indicadores serem de difícil mensuração, é possível que vieses nos dados básicos tenham interferido na relação, já que seria também esperada uma associação entre elas. Observa-se que, com exceção de uma

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única mesorregião em todo o semiárido, as demais 33 mesorregiões foram classificadas com um nível de desenvolvimento considerado baixo (Tabela 4). Com tão baixo nível e com uma homogeneidade tão grande dos índices, os dados podem não guardarem o potencial de expressar uma variabilidade suficiente para ser captada pela técnica de correlação utilizada. De fato, a média desse índice comparada com os demais (educação e saúde) foi a mais baixa, bem como apresentou a menor dispersão dos dados (Tabela 3).

TABELA 5

Coeficientes de correlação de Spearman e nível de significância entre as causas desconhecidas e o índice de FIRJAN por área de desenvolvimento e sexo

Mesorregiões do semiárido brasileiro - 2008

Sexo Estatísticas Emprego/

Renda Educação Saúde Masculino Coef. Correlação 0,032 -0,372* -0,541**

Significância 0,856 0,030 0,001 Feminino Coef. Correlação -0,140 -0,444** -0,520**

Significância 0,429 0,009 0,002

Total Coef. Correlação -0,030 -0,449**

-0,583** Significância 0,867 0,008 0,000

Fonte: Registros de óbitos do Ministério de Saúde, 2012; Banco dados da FIRJAN, 2012. ** Correlação significativa, ao nível de 1% de significância.

4. Considerações Finais

Diante dos resultados encontrados deve-se considerar que a região do semiárido, predominantemente nordestina, historicamente, sempre se destacou como uma área do Brasil com sérios problemas nas estatísticas de registro dos eventos vitais referentes a mortalidade, natalidade e causas de morte.

Apesar de, no geral, ter revelado avanços nesta questão, a qualidade dessas estatísticas ainda situa-se em patamares desvantajosos em comparção com as demais regiões do Brasil, com exceçao talvez da região Norte em condições também preocupantes. Neste sentido, a recorrência em se explorar novas abordagens analíticas para identificar correlações sobre a qualidade desses dados e o contexto sócio-cultural e econômico, como abordado aqui, ao fazer uso dos indices FIRJAN, não deixa de ser uma iniciativa válida que lança novas luzes sobre esta inquietante temática que vem desafiando os estudiosos e os esforços na melhoria das estatísticas oficiais.

Os resultados obtidos aqui ratificam que os indicadores de qualidade de registros de óbitos (cobertura e causas mal definidas) utilizados nas análises apresentam consideráveis variações interregionais se coadunando com as desigualdades socioeconômicas expressas pelos índices FIRJAN, que mesmo se tratando de indicadores agregados, foram capazes de confirmar a permanência de cenários em que se manifestam diferenciais interregionais.

É evidente que a exploração analítica da questão da qualidade dos dados vitais do semiárido não se esgota aqui. Os dados do Censo 2010 constituem-se num manancial de informações que corretamente usadas abrem novas fronteiras para iniciativas metodológicas

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mais robustas de análises, permitindo comparações temporais com dados de censos anteriores.

5. Referências

BAREA, V.R. Trabalho apresentado no Painel: Definição e estimativas das causas de óbitos do Nordeste. In: Oficina “Estimativas de Nascimentos e Óbitos para a Região Nordeste do Brasil”. Departamento de Análise de Situação de Saúde – DASIS/SVS do Ministério da Saúde. Natal/RN, 2007.

BRASS, W. Methods for Estimating Fertility and Mortalily from Limitid and Defective Data,

Oceasional Publication. International Program of Laboratories for Population Stastistios, Chapel

Hill, 1975.

Chackiel J. La investigación sobre causas de muerte en la América Latina. Notas Población, v.44, p.9-30, 1987.

Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, FIRJAN. Rio de Janeiro: 2010. Disponível em: <http://www.firjan.org.br/data/pages/2C908CE9215B0DC4012164980B735B53.htm>. Acesso em: 06 de Abril de 2012].

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <http:/www.ibge.gov.br>. Acesso em: 20 Janeiro de 2012.

MINISTÉRIO DA SAÚDE – Sistema de informação sobre mortalidade – SIM. Disponível em: <http://www.datasus.gov.br>. Acesso em jan. 2012.

Paes, Neir A. Avaliação da cobertura dos registros de óbitos dos Estados brasileiros em 2000. Rev.

Saúde pública, v.39 ,n6, p.882-90, 2005.

Paes, Neir A. Qualidade das estatísticas de óbitos por causas desconhecidas dos Estados brasileiros.

Rev. Saúde pública, vol.41, no.3, p.436-445, jun 2007.

PORTAL ASA Brasil. Disponível em: < http://www.asabrasil.org.br/portal/Default.asp>. Acesso em 12 de junho de 2012.

PORTAL SÃO FRANCISCO. Disponível em:<http//www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/meio-ambiente-desertificação-no-brasil/características-da-regiao-semiarida.php>. Acesso em 11 Setembro 2011.

Preston S. et al. Estimating the completeness of reporting of adult deaths in populations that are aproximately stable. Pop Index, 46(2):179-202, 1980.

Szwarcwald, C.L. et al. Busca ativa de óbitos e nascimentos no Nordeste e na Amazônia legal: Estimação das coberturas do SIM e do SINASC nos municípios brasileiros. In: Saúde Brasil 2010, Brasilia/DF-2011.

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