ESALQ
FORMAÇÃO PEDAGÓGICA
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E LEGAIS
DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
PROF. DR. ISMAEL FORTE VALENTIN
fvalent@uol.com.br
A EDUCAÇÃO NA PRIMEIRA REPÚBLICA
CONTEXTO HISTÓRICO A Constituição de 1891 prevê o governo representativo, federal e presidencial.
O federalismo dá autonomia aos estados, mas há distorções como crescimento desigual que favorece São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
O período designado “República Velha” (até1937) caracteriza-se como uma República:
OLIGÁRQUICA DOS CORONÉIS
DO CAFÉ COM LEITE
Após Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), inicia-se uma lenta mudança no modelo econômico agrário-exportador para o modelo industrial.
A partir de 1920, diferentes movimentos, especialmente envolvendo militares, levam à mudança da conjuntura social, política e econômica.
Com a Revolução de1930, uma nova força diretiva ascende ao poder. Essa força é composta por intelectuais, militares, políticos, burguesia industrial e comercial.
A EDUCAÇÃO NA PRIMEIRA REPÚBLICA
A EDUCAÇÃO NA PRIMEIRA CONSTITUIÇÃO (1891)A primeira Constituição reafirma a descentralização do ensino, atribuí à União a incumbência da educação superior e secundária. Aos Estados o ensino fundamental e profissional. Reforça o viés elitista da educação uma vez que a educação elementar continua a receber menos atenção. A Igreja Católica reagia de forma negativa às novidades positivistas atribuídas ao governo republicano, considerado ateu, e que na Constituição estabelecera a separação entre Igreja e Estado e a laicização do ensino nos estabelecimentos públicos.
REFORMAS
1ª) Promovida por Benjamim Constant – 1891
Decreto 1.232 – G (cria o Conselho de Instrução Superior na Capital do país) e Decreto 1.232 –H (Ensino Superior – Jurídico e o Secundário de 5 anos)
2ª) Promovida por Epitácio Pessoa – 1901
Decreto 3390 de 01/01/1901 (Vinculação do Ensino Superior e Secundário à União) 3ª) Promovida por Rivadávia Correa – 1911
Decreto 8.659 de 05/04/1911 (Desoficialização do Ensino) 4ª) Promovida por Carlos Maximiliano – 1915
A EDUCAÇÃO NA PRIMEIRA REPÚBLICA
ESCOLA NOVA
Como movimento preparatório do ideário da Escola Nova, diversas reformas pedagógicas são implementadas nos Estados, como:
Sampaio Dória (São Paulo, 1920) Lourenço Filho (Ceará, 1923) Anísio Teixeira (Bahia, 1925)
Francisco Campos (Minas Gerais, 1927) Fernando de Azevedo (Distrito Federal, 1928) Carneiro Leão (Pernambuco, 1928)
Essas Reformas referiam-se principalmente à estratégias para tornar o ensino primário e o técnico-profissional mais eficientes.
A década de 20 marcou um momento de grande discussão na educação brasileira. O modelo até então existente, que dava ênfase à formação das elites, foi colocado em xeque. Em seu lugar propunha-se a instituição de um sistema nacional de educação, com ênfase na educação básica, no ensino primário, mas formando um todo articulado, do primário ao superior.
A EDUCAÇÃO NA PRIMEIRA REPÚBLICA
Em 1930, é criado o Ministério da Educação e da Saúde, órgão importantíssimo para o planejamento e execução das reformas da educação em âmbito nacional.
No governo provisório de Getúlio Vargas, as tendências renovadoras aparecem em diversos decretos:
1. Decreto no. 19.850 de 11/04/1931 (Cria o Conselho Nacional de Educação)
2. Decreto no. 19.851 de 11/04/1931 (Organização do ensino superior – universidade)
3. Decreto no. 19.852 de 11/04/1931 (Dispõe sobre a organização da Universidade do RJ)
4. Decreto no. 19.890 de 18/04/1931 (Dispõe sobre a organização do ensino secundário)
5. Decreto no. 20.158 de 30/06/1931 (Organiza o ensino comercial, regulamenta a profissão de contador)
6. Decreto no. 21.241 de 14/04/1932 (Consolida as disposições sobre a organização do ensino secundário).
A EDUCAÇÃO NO ESTADO NOVO
Às vésperas do “Estado Novo”, a escolarização é entendida como o motor da história. Jorge Nagle sintetiza essa visão nas máximas:
a) “entusiasmo pela educação” e b) “otimismo pedagógico”
Questões como a necessidade de escolarização, a erradicação do analfabetismo e a formação profissional, visam possibilitar o surgimento de uma sociedade capaz de absorver as demandas políticas e econômicas, tendo em vista a nascente sociedade capitalista.
Na vigência do Estado Novo (1937 – 1945), o Ministro Gustavo Capanema empreende outras reformas do ensino, regulamentados por diversos decretos-leis denominados “Leis Orgânicas do Ensino”.
Curso secundário: a) ginásio de 4 anos e b) colegial de 3 anos, dividido em Clássico e Científico. Em 1942 é criado o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), organizado e mantido pela Confederação Nacional das Indústrias, para aprendizagem, aperfeiçoamento e especialização especialmente dos jovens.
A EDUCAÇÃO NO ESTADO NOVO
A Constituição de 1946 reflete o processo de redemocratização do país. Os “pioneiros da educação nova” retomam a luta pelos valores defendidos desde 1934.
O então Ministro da Educação, Clemente Mariani, constitui uma comissão de educadores para estudar e propor um projeto de reforma geral da educação nacional. Inicia-se um processo marcado por lutas, avanços e retrocessos, culminando com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), no. 4.024, aprovada em 20 de dezembro de 1961.
NOVIDADES
Segundo Romanelli (2003), com a aprovação da LDB em 61, o Brasil perdeu a oportunidade de criar um modelo de sistema educacional capaz de inserir-se no processo produtivo do país, em consonância com os progressos sociais já alcançados. Na verdade, a mentalidade retrógrada dos seus autores, muito mais voltada para o passado e ideologicamente ligados à velha ordem social aristocrática, pré-capitalista, impediu a educação brasileira de acompanhar o novo sistema capitalista em plena implantação na sociedade e na economia nacional.
LDB - LEI nº 4024/61
DESTAQUES1. Frustrou as expectativas dos setores mais progressistas da sociedade;
2. Garantiu igualdade de tratamento do Poder Público para escolas públicas e particulares;
3. Possibilidade de utilização de verbas públicas pela rede particular de ensino;
4. Ensino religiosos obrigatório segundo a confissão religiosa dos alunos;
5. Estrutura do ensino: a) ensino primário – 4 anos
b) ensino médio – ginasial (4 anos) e colegial* (3 anos), podendo ser: secundário, técnico ou formação de professores (normal);
c) ensino superior.
Após a aprovação da 1ª LDB, assistimos na década de 60 uma explosão de movimentos populares. Entre eles, destacamos:
1) Centros Populares de Cultura (CPC) - UNE
2) Movimento de Cultura Popular (MCP) – Paulo Freire 3) Movimentos de Educação de Base (MEB) - CNBB
LDB - LEI nº 5692/71
ACORDOS – MEC-UsaidDiversos acordos, realizados desde o golpe militar de1964, só vieram a público em novembro de 1966. São acordos MEC-Usaid (Ministério da Educação e Cultura e United States Agency for International Development), pelos quais o Brasil recebe assistência técnica e cooperação financeira para a implantação das reformas educacionais.
CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
Em 12 de fevereiro de 1962, era instalado o Conselho Federal de Educação (CFE). Em setembro desse mesmo ano, o CFE aprova o Plano Nacional de Educação para o período de 62 a 70. as metas a serem alcançadas previam:
1. Para o ensino primário – 100% da população escolar de 7 a 11 anos e 70 % de 12 a 14 anos;
2. Para o ensino médio – 30% da população 11/12 a 14 anos nas duas primeiras séries do ciclo ginasial, e 50% de 13 a 15 anos nas duas últimas séries e 30% de 15 a 18 anos nas séries do ciclo colegial;
3. Para o ensino superior - acréscimo da matrícula até a inclusão de, pelo menos, a metade dos que concluíssem o colegial.
LDB - LEI nº 5692/71
PILARES DA EDUCAÇÃO PÓS MEC-Usaid
Educação e Desenvolvimento: formação de profissionais para atender às necessidades urgentes
de mão-de-obra especializada num mercado em expansão;
Educação e Segurança: formação do cidadão consciente. Daí as disciplinas sobre civismo e
problemas brasileiros (Educação Moral e Cívica, Organização Social e Política do Brasil e Estudos de Problemas Brasileiros);
Educação e Comunidade: estabelecer a relação entre escola e comunidade, criando conselhos
de empresários e mestres.
PILARES DA 5.692/71
VERTICAL: junção do curso primário e o ginasial num só curso fundamental de 8 anos, eliminando-se os chamados exames de admissão.
HORIZONTAL: eliminação do dualismo entre escola secundária e escola técnica, com a criação de uma escola única de 1º e 2º graus.
SUPLETIVO: uma mudança significativa ocorreu no ensino supletivo, com a utilização dos recursos tecnológicos (TV).
LDB - LEI nº 5692/71
CURRÍCULO: em relação ao currículo, percebe-se uma mudança em sua composição: 1º Grau: a) educação geral e b) formação especial;
2٥ Grau: habilitação profissional.
INOVAÇÕES PRINCIPAIS
1. A extensão da obrigatoriedade escola;
2. A eliminação parcial do esquema seletivo das escolas;
3. A eliminação do dualismo educacional (secundário X profissionalizante);
4. A previsão mais objetiva de meios para execução das reformas;
5. A profissionalização em nível médio;
6. A cooperação das empresas na educação;
7. A integração geral do sistema educacional desde o 1º grau ao superior. REDEMOCRATIZAÇÃO DO BRASIL
No início dos anos 80, o regime militar dava sinais de enfraquecimento, levando o país à retomada dos princípios democráticos. A sociedade civil, a classe política, as organizações estudantis começam a recuperar seus espaços, sendo atendidos em suas reivindicações.
LDB - LEI nº 5692/71
No âmbito da educação, já era amplamente reconhecido o fracasso das reformas previstas na LDB. A Lei nº 7.044/82 dispensa as escolas da obrigatoriedade da profissionalização, sendo retomada a ênfase na formação geral.
Nos debates, intensifica-se a luta pelo retorno da Filosofia, excluída do currículo.
Crítica à escola liberal, sobretudo à escola nova.
Crescimento da educação popular e os movimentos sociais voltados à educação e cultura.
No final da década de 70, um grupo de filósofos e pedagogos passa a rever a nossa educação, iniciando uma teoria que se encontra ainda em processo de formulação. Recebeu diversas denominações, entre as quais pedagogia crítico-social dos conteúdos, pedagogia dialética e, finalmente, pedagogia histórico-crítica.
A EDUCAÇÃO NA CONSTITUIÇÃO DE 1988
Segundo o Artigo 206, “o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
1. Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
2. Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
3. Pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas no ensino;
4. Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
5. Valorização dos profissionais do ensino;
6. Gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
A EDUCAÇÃO NA CONSTITUIÇÃO DE 1988
O Artigo 208 apresenta o dever do Estado com a Educação, o qual deve garantir:
1. Ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiver em acesso na idade própria;
2. Progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
3. Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede oficial de ensino;
4. Atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade;
5. Acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
6. Oferta do ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
7. Atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.”
LEI E DIRETRIZES BASES DA EDUCAÇÃO (LDB) - lei nº 9394/96
TRAMITAÇÃO
(ARNALDO NISKIER)
Depois de 15 anos de promulgação da Constituição de 1946, a mais democrática, nasceu a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que ganhou o número 4.024/61. Dez anos depois, o Congresso Nacional sentiu necessidade de propor alterações no ensino de 1º e 2º graus, vindo a Lei nº 5.692/71, que ganhou o nome de Reforma Passarinho.
Com a Constituição de 1988, surgiu a necessidade de uma nova LDB. A nova Lei, iniciada pelo projeto da Câmara de autoria de Otávio Elísio, seguiu tramitação no Senado com substitutivo proposto pelo Senador Darcy Ribeiro, com a colaboração do senador Marco Maciel.
A Lei 9394/96,como não poderia deixar de ser, apresenta uma série de inovações. Para Darcy Ribeiro, “a Constituição da educação poderá mudar a face do País”. Entre as mudanças, destacam-se:
1. Promoção continuada;
2. Variedade de cursos;
3. Formação em três níveis articulados;
4. Formação do magistério em nível superior;
5. Formação tecnológica em diferentes níveis;
6. Investimento nos cursos de pós graduação (stricto sensu);
LDB - LEI nº 9394/96
A Lei 9394/96 busca o pleno desenvolvimento da pessoa humana. As suas inovações caracterizam um novo projeto para a educação. Marco Maciel (Vice-Presidente em 96) afirmou: “Não bastam soluções criativas e métodos modernos de alfabetização de massa. Necessitamos muito mais – uma mobilização nacional pela educação, fazer da educação, como as reformas econômicas, um projeto nacional, um programa social, uma prioridade do país e um pacto do Estado.”
As inovações, portanto, devem ser acompanhadas de uma clara expressão da vontade política de mudar. No Ensino Superior, esperava-se que os testes de avaliação dos alunos no final dos cursos e o recredenciamento das escolas superiores a cada cinco anos, trariam em medida essencial a garantia da qualidade prometida. Na prática, não é bem isso que presenciamos.
O substitutivo de Darcy Ribeiro foi enriquecido por cerca de 300 emendas (das 400 apresentadas). Algumas são inovadoras, por exemplo:
1. as universidades públicas são obrigadas a oferecer ensino noturno;
2. os currículos do ensino fundamental incluirão aulas de artes e educação física;
3. crianças até seis anos serão atendidas obrigatoriamente em creches públicas;
4. o ensino fundamental terá nove anos, com a inclusão de crianças de seis anos;
5. o ensino supletivo será oferecido gratuitamente pelo poder público;
6. a carga horário foi aumentada de 720 para 800 horas no ano letivo do ensino fundamental;
7. o número de dias letivos passa de 180 para200.
LDB - LEI nº 9394/96
Segundo Eva e Zuleide (2002), a LDB induz a uma reflexão crítica da nossa prática educacional, a partir das seguintes questões:
1. a forma estreita como ela vem sendo concebida;
2. o isolamento da escola em relação ao mundo exterior;
3. a distância entre a teoria e a prática;
4. a distância entre o trabalho intelectual e o trabalho manual;
5. a organização escolar rígida;
6. o ensino e as práticas de adestramento;
7. a formação de atitudes.
As autoras afirmam ainda: "Uma postura participante, crítica e libertadora, torna-se uma das grandes contribuições a ser dada pela educação no processo de construção do exercício da cidadania plena, consolidando o foco da ação na pessoa, apontando para ela como sujeito da história." No processo de implementação das mudanças preconizadas na nova LDB, observamos nos últimos
anos o empenho do Governo (em todos os níveis) em fazer cumprir os ideais inovadores. A questão das Competências e Habilidades ganham destaque na concepção de educação voltada para a formação da juventude no novo cenário sócio, político e econômico.
LDB - LEI nº 9394/96
ESTRUTURA DA LEI Nº 9394/96 TÍTULO I - Da Educação
TÍTULO II - Dos Princípios e Fins da Educação Nacional TÍTULO III - Do Direito à Educação e do Dever de Educar TÍTULO IV - Da Organização da Educação Nacional
TÍTULO V - Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino
CAPÍTULO I - Da Composição dos Níveis Escolares
CAPÍTULO II - Da Educação Básica - Seção I - Das Disposições Gerais
- Seção II - Da Educação Infantil - Seção III - Do Ensino Fundamental
- Seção IV - Do Ensino Médio
- Seção V - Da Educação de Jovens e Adultos
CAPÍTULO III - Da Educação Profissional CAPÍTULO IV - Da Educação Superior CAPÍTULO V - Da Educação Especial
TÍTULO VI - Dos Profissionais da Educação TÍTULO VII - Dos Recursos financeiros TÍTULO VIII - Das Disposições Gerais TÍTULO IX - Das Disposições Transitórias
LDB - LEI nº 9394/96
CAPÍTULO IV
Da Educação Superior
Art. 43º. A educação superior tem por finalidade:
I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo; II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores
profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua;
III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive;
IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação;
V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração;
LDB - LEI nº 9394/96
VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;
VII - promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição.
Art. 52º. As universidades são instituições pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano, que se caracterizam por:
I - produção intelectual institucionalizada mediante o estudo sistemático dos temas e problemas mais relevantes, tanto do ponto de vista científico e cultural, quanto regional e nacional;
II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado; III - um terço do corpo docente em regime de tempo integral.
SISTEMA NACIONAL ARTICULADO DE EDUCAÇÃO
PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (2011 – 2020)
PROJETO DE LEI (PL) n.º 8.035/2010 – Congresso Nacional
O PL que cria o Plano Nacional de Educação (PNE) para vigorar de 2011 a 2020, foi enviado pelo governo federal ao Congresso em 15 de dezembro de 2010. O novo PNE apresenta 10 diretrizes objetivas e 20 metas, seguidas das estratégias específicas de concretização. O texto prevê formas de a sociedade monitorar e cobrar cada uma das conquistas previstas. As metas seguem o modelo de visão sistêmica da educação estabelecido em 2007 com a criação do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Tanto as metas quanto as estratégias premiam iniciativas para todos os níveis, modalidades e etapas educacionais. Além disso, há estratégias específicas para a inclusão de minorias, como alunos com deficiência, indígenas, quilombolas, estudantes do campo e alunos em regime de liberdade assistida.
Entre outras propostas mencionadas no texto estão a busca ativa de pessoas em idade escolar que não estejam matriculadas em instituição de ensino e monitoramento do acesso e da permanência na escola de beneficiários de programas de transferência de renda e do programa de prestação continuada (BPC) destinado a pessoas com deficiência. O documento determina a ampliação progressiva do investimento público em educação até atingir o mínimo de 7% do produto interno bruto (PIB) do país, com revisão desse percentual em 2015.
SISTEMA NACIONAL ARTICULADO DE EDUCAÇÃO
PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (2011 – 2020)
Art. 2º - São diretrizes do PNE - 2011/2020:
I - erradicação do analfabetismo;
II - universalização do atendimento escolar; III - superação das desigualdades educacionais; IV - melhoria da qualidade do ensino;
V - formação para o trabalho;
VI - promoção da sustentabilidade sócio-ambiental;
VII - promoção humanística, científica e tecnológica do País;
VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto;
IX - valorização dos profissionais da educação; e
X - difusão dos princípios da equidade, do respeito à diversidade e a gestão democrática da educação.
SISTEMA NACIONAL ARTICULADO DE EDUCAÇÃO
PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (2011 – 2020)
EIXOS TEMÁTICOS
Eixo I : Papel do Estado na Garantia do Direito à Educação de Qualidade:
* Organização e Regulação da Educação Nacional.
Eixo II: Qualidade da Educação, Gestão Democrática e Avaliação.
Eixo III: Democratização do Acesso, Permanência e Sucesso Escolar.
Eixo IV: Formação e Valorização dos Profissionais da Educação.
Eixo V: Financiamento da Educação e Controle Social.
OS DESAFIOS DA CONSTRUÇÃO DE UM SISTEMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO
Carlos Roberto Jamil Cury
Necessidade: Identificar e superar as desigualdades históricas
Desigualdade sistêmica – típica de uma sociedade capitalista – contradição
Processo de seleção – privilégio X direito
Articulação do sistema nacional de educação
A Educação é um direito a ter novos direitos
“A Constituição de 1988 exibe, na proclamação de direitos da cidadania, na assimilação de novas obrigações do Estado, a vontade de fazer, no País, no presente, um acerto de contas com a
modernidade, expurgando do passado um enorme passivo com a justiça e com a democracia.”
Educação enquanto direito social: “o ensino fundamental, gratuito e obrigatório, ganha a condição de direito público subjetivo para todos; os sistemas de ensino passam a coexistir em regime de colaboração recíproca; a gestão democrática torna-se princípio dos sistemas públicos de ensino e gratuidade, em nível nacional e para todos os níveis e etapas da escolarização pública, se torna princípio de toda a educação nacional. (p. 19)
O desafio de um sistema nacional único de educação baseia-se no próprio desafio da superação do capitalismo – há muito o que fazer!
A dimensão do direito da cidadania ao direito à educação, seja por um sistema nacional, seja pelo sistema atualmente praticado, não poderá fugir da resposta ao que o PNE chama de “autêntico federalismo.”
BIBLIOGRAFIA
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CARNEIRO, M. A. LDB Fácil: Leitura crítico-compreensiva artigo a artigo. Petrópolis, Vozes, 2001. COSTA, V. L. C. Descentralização da Educação. Novas formas de coordenação e financiamento.
São Paulo: Cortez, 1999.
NEVES, L. M. W. (Org.) Educação e Política no Limiar do Século XXI. Campinas: Autores Associados, 2000.
________. Educação e Política no Brasil de Hoje. São Paulo: Cortez, 2002.
NISKIER, A. Educação Brasileira: 500 anos de história/1500-2000. São Paulo: Melhoramentos, 1989 _______. Educação em Primeiro Lugar. São Paulo: Moderna, 1997
_______. LDB - a nova lei da educação – tudo sobre a lei de diretrizes e bases da educação
nacional. Uma visão crítica. 6ª Ed., Teresópolis: Consultur, 1997.
OLIVEIRA, R. P. Organização do ensino no Brasil. Níveis e modalidades na Constituição Federal. São Paulo: Xama, 2002.
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ROMANELLI, O. História da Educação no Brasil (193/1973). Petrópolis: Vozes, 2003. SANTOS, Clóvis Roberto. Educação Escolar Brasileira: estrutura, administração e legislação. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.
VIEIRA, S. L. Política Educacional em Tempos de Transição. Brasília: Editora Plano, 2000.
PERIÓDICOS E PUBLICAÇÕES ELETRÔNICAS:
EDUCAÇÃO & SOCIEDADE: Revista de Ciência da Educação..v.23 n.80. Campinas set. 2002. (fonte: http://www.scielo.br.)
CASTRO, M. Ceres P. S. Escola Plural: a função de uma utopia. Apresentado na 23ª Reunião anual Anped, Caxambu (MG). Set/2000. (fonte: http://www.anped.org.br/outr1.doc)
CURY, CARLOS ROBERTO JAMIL. A educação básica no Brasil. Educação e Sociedade, Campinas, vol. 23, n. 80, setembro/2002, p. 168 200. (fonte: http://www.cedes.unicamp.br)‐