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O Juizado Especial Cível como mecanismo de acesso à justiça

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(1)Revista de Direito Vol. XII, Nº. 16, Ano 2009. Cleber Pereira Medina Centro Universitário Ibero-Americano UNIBERO medina_cleber@yahoo.com.br. O JUIZADO ESPECIAL CÍVEL COMO MECANISMO DE ACESSO À JUSTIÇA. RESUMO Este trabalho visa descrever de maneira simples o procedimento sumaríssimo, bem como destacar a importância da Lei 9099/95 para o efetivo acesso à justiça. Procurou-se elaborar uma breve análise de alguns mecanismos previstos na referida lei, com o intuito de demonstrar que a maior celeridade e informalidade, características desse rito, somadas à ausência de custo processual permitiram que parcela significativa da população passasse a usufruir do Poder Judiciário, obtendo bons resultados, mais rápidos e menos burocráticos para a Corte. Em conseqüência, tornou-se muito mais concreta a previsão constitucional de promover o acesso à justiça. Por fim, além de aspectos teóricos e práticos, foram feitas críticas e sugestões para melhoria na prestação da tutela jurisdicional pelo Estado. Palavras-Chave: Juizado Especial Cível; procedimento; acesso à justiça.. ABSTRACT This paper aims to describe in simple terms the summary proceedings, as well as highlight the importance of the Law 9099/95 for the active access to justice. We sought to develop a brief analysis of some mechanisms provided by the Act in order to demonstrate that the greater speed and informality of this rite with low cost procedure allowed that significant portion of population pass to enjoy the power judiciary, obtaining good results, quicker and less bureaucratic to the Court. As soon, became much more concrete the forecast constitutional of promote access justice. Finally, further on aspects theoretical and practical, were made critiques and suggestions for improvement the judicial protection by the State. Keywords: Special civil court; proceeding; access to justice.. Anhanguera Educacional S.A. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181 rc.ipade@unianhanguera.edu.br Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Informe Técnico Recebido em: 1/10/2009 Avaliado em: 11/11/2009 Publicação: 31 de março de 2010. 179.

(2) 180. O Juizado Especial Cível como mecanismo de acesso à justiça. 1.. INTRODUÇÃO A idéia central deste artigo é descrever e discorrer sobre alguns aspectos que fazem dos Juizados Especiais Cíveis Estaduais um importante mecanismo de promoção do acesso ao Judiciário e a uma solução rápida e justa para os conflitos. Observar-se-á que, por uma questão prática, a Constituição Federal e a Lei 9099/95 foram o grande foco das considerações a seguir. O microssistema processual dos Juizados Especiais Cíveis surgiu cheio de peculiaridades e sempre traz à baila discussões infindáveis em relação às diferenças apresentadas em face do procedimento ordinário. Alguns de seus aspectos contribuem para que o rito sumaríssimo apresente-se como uma opção rápida e saudável para a sociedade. Se para a sociedade mostrou-se uma porta aberta para a prestação jurisdicional, para o Estado surgiu um órgão que aproxima a população de um de seus Poderes – o Judiciário.. 2.. ASPECTOS GERAIS DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS ESTADUAIS Atualmente a Lei n.º 9.099/95 regula o procedimento sumaríssimo no âmbito estadual e tem sua criação prevista no inciso I, do artigo 98 da Constituição Federal. Anteriormente, porém, a Lei n.º 7.244, de 07 de novembro de 1984, já regulava os Juizados Especiais de “Pequenas Causas”, que serviu de inspiração para o Sistema Especial. A propósito, a expressão “pequenas causas” gerou críticas, eis que nenhuma causa pode ser considerada “pequena”; cada uma delas tem a sua significância, que, aliás, para a parte, é muito grande e, como tal, deve ser respeitada. A implantação dos Juizados Especiais Cíveis precisa ser comemorada, uma vez que, não obstante as críticas diante da informalidade trazida pelo procedimento e das simplificações de atos, o Sistema apresentado significa modernidade e desenvolvimento do processo civil brasileiro, pois atende a causas cujo valor não ultrapassa quarenta salários mínimos vigentes à época da propositura da ação e a causas de menor complexidade. Outro detalhe é que nas causas até vinte salários mínimos não há necessidade de representação por advogado, ou seja, o próprio cidadão possui capacidade postulatória.. Revista de Direito • Vol. XII, Nº. 16, Ano 2009 • p. 179-187.

(3) Cleber Pereira Medina. 181. O autor se dirige a um Juizado Especial, relata seu problema, que será descrito por um servidor judicial, por um estagiário de direito ou até mesmo por um advogado, de forma simples e concisa, em consonância com os princípios da simplicidade e da informalidade, que regem o sistema em questão. Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart (2008, p. 702) nos ensinam que os Juizados Especiais Cíveis: “visam apresentar ao jurisdicionado um caminho de solução de controvérsias mais rápido, informal e desburocratizado, capaz de atender às necessidades do cidadão e do direito postulado”. Proporciona o acesso à Justiça a toda população, independentemente do pagamento de custas, despesas com o cumprimento de diligências, taxas e honorários advocatícios, salvo hipótese de litigância de má-fé e de eventual recurso por uma das partes. Nesse sentido, Enunciado n.º 44 do FONAJE (Fórum Nacional dos Juizados Especiais): “No âmbito dos Juizados Especiais, não são devidas despesas para efeito do cumprimento de diligências, inclusive, quando da expedição de cartas precatórias”. Elaborada a petição inicial, designar-se-á audiência para tentativa de conciliação, ocasião em que as partes serão colocadas frente a frente para tentativa de composição, tarefa atribuída a um conciliador, que deverá ser preferencialmente estagiário de Direito, bacharel ou advogado. Restando frutífera a conciliação, lavrar-se-á um termo de acordo, que depois será encaminhado para homologação pelo Juiz de Direito. Infrutífera a conciliação, anotar-se-á a presença das partes, que sairão intimadas para audiência de instrução e julgamento, oportunidade em que o juiz tentará novamente a conciliação e, não obtida, passará à instrução do processo, colhendo a defesa do réu, com documentos, e eventuais documentos pertinentes apresentados no ato pelo autor. Proceder-se-á, se necessário, a oitiva das partes em depoimento pessoal e das testemunhas apresentadas para o ato (até três cada uma). Colhidas as provas apresentadas, as partes manifestar-se-ão sobre as provas produzidas e o juiz encerrará a instrução. Ao final do ato, em regra, será proferida sentença, saindo as partes devidamente intimadas da decisão, para, no prazo de dez dias, apresentar recurso, que será analisado por um colegiado de Juizes. Nos termos do artigo 8º da Lei 9099/95, a legitimidade ativa está reservada: a pessoas físicas capazes (pessoa com 18 anos completos, de acordo com o Código Civil Revista de Direito • Vol. XII, Nº. 16, Ano 2009 • p. 179-187.

(4) 182. O Juizado Especial Cível como mecanismo de acesso à justiça. vigente), excluídos os cessionários de direito de pessoas jurídicas; a microempresas; a pessoas jurídicas qualificadas como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP, reguladas pela Lei 9790/99); a sociedade de crédito ao microempreendedor (cf. art. 1º da Lei 10194/01)1. Por outro lado, tanto a pessoa física quanto a jurídica podem compor o pólo passivo, excluídas as pessoas jurídicas de Direito Público (autarquias e fundações públicas), empresas públicas da União (JEC, neste caso, é o Estadual), a massa falida e o insolvente civil (juízo universal; vis atrativa; falido e insolvente não podem dispor de bens para acordar). A ausência das partes a qualquer das audiências designadas, tem implicações peculiares. Faltando o autor, impõe-se a extinção do processo, sem análise mérito (art. 51, I, Lei 9099/95). No caso do réu, sua ausência implica em julgamento à revelia. Entendimento consolidado no Enunciado 11 do FONAJE, a saber: “Nas causas de valor superior a vinte salários mínimos, a ausência de contestação, escrita ou oral, ainda que presente o réu, implica revelia”. Marcus Vinicius Rios Gonçalves (2008, p. 464) alude quando houver ausência de contestação nas hipóteses de assistência obrigatória e facultativa do advogado: Também haverá revelia se o réu não apresentar contestação. Nas causas de valor superior a vinte salários mínimos, ela deve ser apresentada por advogado, na audiência de instrução e julgamento, verbalmente ou por escrito. Nas causas de valor inferior, não há necessidade de contestação por advogado, bastando ao juiz ouvir o réu, na própria audiência, a respeito dos fatos que lhe são imputados pelo autor.. Enfim, desse apanhado geral já se percebe que o procedimento do Juizado Especial facilita o acesso à Justiça e acelera a prestação jurisdicional. Com isso, espera-se fazer “renascer no povo a confiança na Justiça e o sentimento de que o direito deve, sempre, ser resguardado, pois, da defesa que cada cidadão faça de seu direito, depende a vitalidade da ordem jurídica nacional” (MORAES, 1998, p. 59). Sempre que se institui um novo procedimento, busca-se uma otimização no sistema, o mesmo ocorre com a Lei n. 9.099/95, segundo Hélio Martins Costa (1998, p. 1617): Realizar a proteção jurídica, consagrando a efetividade dos direitos subjetivos em curto espaço de tempo, sem afastar o processo dos princípios constitucionais do contraditório e da ampla possibilidade de defesa, constitui realidade concreta proporcionada pela Lei em comento. De outra forma, é de se salientar, ainda, que os reflexos sociais da pronta prestação jurisdicional também contribuem, em muito, na realização da pacificação social, fazendo o cidadão acreditar na justiça.. 1 Doutrina e jurisprudência divergem sobre a legitimidade ativa de outros entes, como as empresas de pequeno porte e os condomínios. Alguns dão interpretação restritiva para não ampliar muito o acesso ao sistema, sob pena de sobrecarregá-lo.. Revista de Direito • Vol. XII, Nº. 16, Ano 2009 • p. 179-187.

(5) Cleber Pereira Medina. 183. Enfim, a preocupação em assegurar a duração razoável do processo e o cuidado com o desenvolvimento e a criação de instrumentos que garantam a celeridade em sua tramitação representam idéias que foram alçadas à condição de princípios constitucionais pela Emenda Constitucional n.º 45/2004, que acrescentou o inciso LXXVIII ao artigo 5º do texto constitucional.. 3.. ACESSO À JUSTIÇA Num Estado democrático e que respeita os direitos fundamentais não se fala em efetividade da justiça sem mecanismos que garantam o acesso à justiça. Luciana Camponez Pereira Moralles (2006), destaca duas perspectivas do movimento de acesso à justiça: a primeira que significa acesso ao Judiciário (art. 5º, XXXV, CF – ligado ao princípio da inafastabilidade da jurisdição); a segunda que se traduz na garantia de uma ordem jurídica justa, ou seja, um mecanismo de justiça social. A Lei de Assistência Judiciária (Lei 1060/50), por exemplo, garante o acesso na medida em que procura igualar econômica e tecnicamente as partes, fazendo valer o princípio da igualdade substancial (ou material). A Lei 9099/95 amplia também o acesso, uma vez que diminui a complexidade e o custo de acesso. Isso porque tem por base princípios como os da oralidade, da simplicidade, da informalidade, da economia processual e da celeridade. Para Wambier (2007, p. 68), os princípios “são as normas que fornecem coerência e ordem a um conjunto de elementos, sistematizando-o segundo a doutrina, são normas ‘fundantes’ do sistema jurídico. São os princípios que, a rigor, fazem com que exista um sistema”. Além dos interesses individuais, hoje os direitos metaindividuais (difusos, coletivos e individuais homogêneos) também recebem a tutela jurisdicional. Ex: Lei da Ação Civil Pública (Lei 7347/85) e Código de Defesa do Consumidor (Lei 8078/90). Especificamente em relação aos Juizados Especiais, podemos acrescentar que a contínua procura pelo sistema e a proximidade que ele permite por parte da população promovem o acesso. Essa cultura deve ser cultivada. Mais que isso, essa cultura deve ser promovida e divulgada, com incentivo não à postura combativa, mas à postura de busca pela Justiça, seja por meio de soluções extrajudiciais, seja por meio da busca pelo direito perante o Poder Judiciário.. Revista de Direito • Vol. XII, Nº. 16, Ano 2009 • p. 179-187.

(6) 184. O Juizado Especial Cível como mecanismo de acesso à justiça. Ao tratar do Direito nas sociedades primitivas, Antonio Carlos Wolkmer (2004, p. 20) observa que “a lei expressa a presença de um direito ordenado na tradição e nas práticas costumeiras que mantêm a coesão no grupo social”. Enfim, parece interessante incutir na população a idéia de que o Judiciário encontra-se de portas abertas.. 4.. VISÃO CRÍTICA DA SITUAÇÃO ATUAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS Talvez a mais importante contribuição do sistema dos Juizados Especiais Cíveis seja tornar mais concreta a garantia constitucional de acesso à justiça a todos os cidadãos. E dois fatores, entre outros, encorajam o jurisdicionado a procurar o Poder Judiciário por meio desses órgãos: a gratuidade processual em primeira instância e a celeridade visada pelo rito sumaríssimo. No que se refere à gratuidade, o sistema permite que pessoas comuns solucionem os conflitos perante um Juiz de Direito, o que antes se mostrava muito difícil em razão da relação custo-benefício. Isso porque em alguns casos, o bem jurídico envolvido possuía valor relativamente pequeno (mas não menos importante), como nas relações de consumo em geral ou nas relações entre vizinhos. E o destaque com relação à gratuidade é que ela foi estendida a todas as pessoas, independentemente de contar ou não com os benefícios da Lei 1060/50, que trata da assistência judiciária aos necessitados. Conforme já mencionado, há gratuidade em primeiro grau de jurisdição. Portanto, em fase recursal as despesas processuais existem e a atuação de um advogado é obrigatória, como em regra se dá no juízo comum. Sobre a presença do advogado nos Juizados Especiais, cumpre apenas dizer que o seu conhecimento técnico nunca deve ser dispensado. Contudo, neste caso, abriu-se mão disso em prol do maior acesso que isso permitiria, na medida em que a contratação do nobre causídico seria óbice num primeiro momento. Mas este é outro fator que merece comentários em outra oportunidade. Com relação ao segundo fator inicialmente destacado – a celeridade, mais ríspidas são as críticas.. Revista de Direito • Vol. XII, Nº. 16, Ano 2009 • p. 179-187.

(7) Cleber Pereira Medina. 185. Não com relação ao procedimento sumaríssimo, estabelecido pela Lei 9099/95 (Juizados estaduais), mas sim em face da estrutura inadequada para suportar referido sistema. Elogios não faltam: prima-se pela conciliação; os atos concentram-se especialmente na audiência de instrução e julgamento; o juiz, ao colher as provas, já tem condições de proferir sentença na própria audiência na maioria das vezes; a Lei 9099/95 só prevê o recurso inominado (como regra) e excepcionalmente o recurso extraordinário em caso de ofensa à Constituição Federal, sem discutir a possibilidade de agravos e a possibilidade óbvia de uso dos embargos de declaração; o fato de o recurso inominado ser recebido em regra no efeito devolutivo, entre outras virtudes. Não obstante formalmente garantida a celeridade, acompanhada de tão ágeis instrumentos processuais, o fato é que materialmente a celeridade ficou mitigada. Mitigada principalmente porque a busca pelos Juizados cresce a cada dia e o Estado não acompanhou essa demanda de forma eficiente. Ora, isso já ocorre no juízo comum. As varas cada dia mais abarrotadas de processos. Entretanto, não poderia ocorrer com os Juizados Especiais, na medida em que o sistema perde a credibilidade e o sentido. Não se concebe um juízo com todos aqueles mecanismos e com audiências (em alguns lugares) designadas para data superior a um ano. A demora no processo traz o descrédito e lança num canto escuro o fator segurança jurídica e efetividade da tutela jurisdicional. Problemas que surgem principalmente em razão da ausência de estrutura adequada podem prejudicar todo o desenvolvimento conseguido na prestação jurisdicional. Aliás, um processo lento não leva a uma prestação justa. Ao contrário, deixa transparecer uma incapacidade do Estado em exercer esse poder-dever (jurisdição), permitindo que a população procure formas alternativas de solução de conflitos. Algumas dessas formas são bem vindas, como a arbitragem ou qualquer tipo de mecanismo que vise a conciliação das partes. No entanto, pode provocar a procura pela autotutela, meio de solução de conflito que tem como característica o uso da força pelas partes para resolução do conflito. A autotutela somente tem lugar em nosso ordenamento jurídico em situações excepcionais.. Revista de Direito • Vol. XII, Nº. 16, Ano 2009 • p. 179-187.

(8) 186. O Juizado Especial Cível como mecanismo de acesso à justiça. Assim, com o descrédito da população, meios inadequados voltam a ser procurados, como é o caso das milícias formadas para suprir o Estado no que se refere à segurança pública. [...] quando esses meios [de solução de conflitos] são encontrados fora do aparato estatal, pode surgir grave risco para a legitimidade do Estado e para o monopólio, concebido por ele, relativamente ao reconhecimento dos direitos e a sua atuação concreta (MARINONI, 2008, p. 702).. Evidentemente que as críticas devem vir acompanhadas de propostas de soluções concretas – até porque não teria sentido propor soluções inatingíveis ou restritas ao mundo das idéias. Considere-se que os Juizados são órgãos estatais e que algumas medidas (todas elas já conhecidas de todos os estudiosos do Direito) vêm sendo tomadas, mas não com a intensidade necessária. A principal delas é o investimento e o treinamento dos conciliadores que atuam nos Juizados Especiais, acompanhado do seguinte: o estudo de técnicas de negociação, de mediação, o estudo dos processos com mais tempo, o aumento do número de pessoas para cuidar das audiências de conciliação, a melhoria da estrutura utilizada. Tudo isso efetivamente implicará no aumento do número de acordos em audiência de conciliação, o que evitará que os processos cheguem às mãos dos juízes para instrução e julgamento. Com o encerramento do processo prematuramente, ocorrerá o alívio esperado. É importante visualizar não só as percentagens, mas também o fator psicológico do jurisdicionado nestes casos. O fato de ter celebrado acordo e evitado os desgastes de uma demanda causa no cidadão a sensação de justiça tão esperada.. 5.. CONCLUSÃO Logo nas primeiras considerações sobre os Juizados Especiais Cíveis percebe-se que se trata de um sistema que visa acelerar a prestação jurisdicional e torná-la mais efetiva. E as descrições feitas sobre o procedimento sumaríssimo serviram justamente para realçar esses aspectos (a celeridade e a efetividade). Por outro lado, salta aos olhos o contingente de pessoas que foram trazidas ao Judiciário por conta da Lei 9099/95, que tornou menos oneroso o processo e menos burocrático o acesso ao Poder Judiciário.. Revista de Direito • Vol. XII, Nº. 16, Ano 2009 • p. 179-187.

(9) Cleber Pereira Medina. 187. Ressalte-se que esses fatores (menor onerosidade e a desburocratização do Poder Judiciário) fizeram com que grande parte da população, que não contava com o acesso à Justiça, passasse a ter maior contato com esse Poder. Daí porque a demanda pelo Judiciário aumenta significativamente a cada dia e, conseqüentemente, essa demanda deferia vir acompanhada de investimentos por parte do Estado. De qualquer forma, não obstante as pretensiosas críticas construtivas, conclui-se que o sistema dos Juizados Especiais Cíveis tornou possível o acesso ao Judiciário a muitos cidadãos que, em outras situações, não chegariam nem perto dos Tribunais para pleitear seus direitos. Isso tudo reflete a idéia de inclusão social, que não pode ficar afastada do Poder Judiciário, bem como representa um dos princípios fundamentais do Estado brasileiro: o princípio da dignidade humana.. REFERÊNCIAS CAMPOS, Antônio Macedo de. Juizado Especial de Pequenas Causas – Comentários à Lei n. 7.244, de 7-11-1984. São Paulo: Saraiva, 1985. CHIMENTI, Ricardo Cunha. SANTOS, Marisa Ferreira dos. Juizados especiais cíveis e criminais: federais e estaduais. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2005, v. 15. COSTA, Hélio Martins. Lei dos Juizados Especiais Cíveis Anotada e sua interpretação jurisprudencial. 3. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2002. GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de direito processual civil. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. v.1. ENUNCIADO atualizado até o XXIV Fórum Nacional de Juizados Especiais, realizado em 12 a 14 de novembro de 2008, em Florianópolis/SC. Disponível em: <http://www.tjmg.gov.br/jesp/enunciados/fonaje_civel.pdf>. Acesso em: 31 jan. 2009 - 14h30. MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de Processo Civil - processo de conhecimento. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, v. 2, 2008. MORAES, Silvana Campos. Juizado Especial Cível. Rio de Janeiro: Forense, 1998. MORALLES, Luciana Camponez Pereira. Acesso à justiça e princípio da igualdade. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2006. WAMBIER, Luiz Rodrigues (Coord.).; ALMEIDA, Flavio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo. Curso avançado de processo civil: teoria geral do processo e processo de conhecimento. 9. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, v. 1. WOLKMER, Antonio Carlos (Org.).; SOUZA, Raquel de; PINTO, Cristiano Paixão Araújo et al. Fundamentos de história do Direito. 2. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2004. Cleber Pereira Medina. Revista de Direito • Vol. XII, Nº. 16, Ano 2009 • p. 179-187.

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