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Modelação e simulação numérica em estruturas aeronáuticas reforçadas

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Academic year: 2021

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ergio Daniel

Gon¸

calves Oliveira

Modela¸

ao e simula¸

ao num´

erica em estruturas

(2)

ergio Daniel

Gon¸

calves Oliveira

Modela¸

ao e simula¸

ao num´

erica em estruturas

aeron´

auticas refor¸

cadas

Disserta¸c˜ao apresentada `a Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necess´arios `a obten¸c˜ao do grau de Mestre em Engenharia Mecˆanica, realizada sob orienta¸c˜ao cient´ıfica do Doutor Robertt An-gelo Fontes Valente, Professor Auxiliar do Departamento de Engenharia Mecˆanica da Universidade de Aveiro e do Doutor Filipe Miguel Horta e Vale Teixeira-Dias, Professor Auxiliar com Agrega¸c˜ao do Departamento de Engenharia Mecˆanica da Universidade de Aveiro.

(3)

Presidente / President Doutor Alfredo Manuel Balac´o de Morais Professor Associado, Universidade de Aveiro

Doutor Renato Manuel Natal Jorge

Professor Associado, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Vogais / Examiners Committee Doutor Robertt Angelo Fontes Valente Professor auxiliar, Universidade de Aveiro

Doutor Filipe Miguel Horta e Vale Teixeira-Dias Professor Auxiliar com Agrega¸c˜ao, Universidade de Aveiro

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longo destes ´ultimos meses de trabalho. Foi um verdadeiro prazer e um privil´egio trabalhar consigo.

A todos os professores que me ajudaram e apoiaram ao longo do meu percurso acad´emico.

Ao grupo de investiga¸c˜ao GRIDS por todos os momentos de boa disposi¸c˜ao e camaradagem proporcionados.

`

A Carla por todo o apoio e carinho demonstrados e por todas as vezes em que me deste for¸cas para continuar. A todos os meus amigos pr´oximos por todas as alegrias e bons momentos proporcionados.

`

A minha fam´ılia o meu maior obrigado por me terem dado a oportunidade de seguir o ensino superior e nunca terem deixado de acreditar em mim. Obrigado por todo o vosso apoio, carinho e ajuda que me proporcionaram.

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num´erica

Resumo Os pain´eis que comp˜oem as fuselagens das estruturas aeron´auticas s˜ao nor-malmente fabricados em configura¸c˜oes de placa-refor¸co. A estes pain´eis refor¸cados ´e permitida a encurvadura local durante as cargas de voo a que estes est˜ao sujeitos. O modo como estas estruturas s˜ao montadas e unidas ´

e portanto de grande importˆancia. Tecnologias emergentes como a sol-dadura por fric¸c˜ao, que tˆem como objectivo substituir metodologias mais antigas como as liga¸c˜oes rebitadas, s˜ao hoje em dia usadas para a mon-tagem e produ¸c˜ao deste tipo de estruturas. Estudos comparativos sobre as diferen¸cas de comportamentos destes diferentes tipos de liga¸c˜oes durante a encurvadura s˜ao, portanto, de grande importˆancia.

Nesta Disserta¸c˜ao procura-se estudar o comportamento de pain´eis re-for¸cados, e respectivas t´ecnicas de uni˜ao, durante a encurvadura. Estudam-se v´arias metodologias para simular as liga¸c˜oes rebitadas entre placas e os refor¸cos de pain´eis aeron´auticos. Estudam-se modelos com os refor¸cos unidos `as placas atrav´es de processos de soldadura por fric¸c˜ao, bem como modelos com a configura¸c˜ao de painel com refor¸co integral. Estes estu-dos foram toestu-dos realizaestu-dos com o aux´ılio do programa de elementos finitos Abaqus—.

Atrav´es de gr´aficos for¸ca-deslocamento s˜ao apresentadas v´arias curvas que retratam o comportamento dos modelos estudados ao longo deste trabalho. S˜ao apresentadas tamb´em imagens dos modelos aquando do momento em que a encurvadura ocorre, onde s˜ao vis´ıveis as diferen¸cas entre as metodolo-gias estudadas. Denota-se a influˆencia destas nos modelos, vis´ıvel nas cargas de encurvadura e varia¸c˜oes de tens˜oes com resultados diferentes quando comparadas entre si. Tendo por base os resultados obtidos nesta disserta¸c˜ao, conclui-se que pain´eis integrais refor¸cados oferecem menor re-sistˆencia a esfor¸cos de compress˜ao quando comparados com pain´eis com os elementos de refor¸co unidos por processos de soldadura por fric¸c˜ao ou por liga¸c˜oes rebitadas.

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Abstract Stiffened panels that belong to the fuselage on aeronautic structures are nor-maly fabricated in plate-stiffener configurations. These panels are allowed to locally buckle during normal flight loads that these types of structures are subjected to. The way these reinforced structures are joined together are of utmost importance in their structural behaviours. Emerging technologies such as friction stir welding, with goals to replace the traditional methods such as rivets, today are used for that objective. Comparative studies about the differences between the behaviours during buckling of these different types of connections technologies is of great importance.

These thesis seeks to study the behavior of distinct types of connection technologies during buckling. In this work several models with various con-figurations are studied. Several methodologies are considered to simulate the rivets in riveted joints between the plates and ribs of the reinforced panels. Besides that, models with reinforcements attached to plates by fric-tion welding are also studied, as well as models with the configurafric-tion of integrally stiffened panel. These studies were all performed with the aid of the finite element program, Abaqus—.

Through force-displacement graphs, several curves representing the perfor-mance the models studied in this work are shown. The deformed config-urations of these models, at the moment buckling occurs, are also shown. Considering the results obtained in this thesis, we conclude that integrally stiffened panels offer less resistance to compressive stresses when compared to panels with reinforcing elements united by the processes of friction stir welding or riveted joints.

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1 Objectivos e Guia de Leitura 1

1.1 Objectivos . . . 1

1.2 Guia de leitura . . . 2

2 Enquadramento 3 2.1 A avia¸c˜ao . . . 3

2.1.1 O interesse inicial na avia¸c˜ao . . . 3

2.1.2 O nascimento e o desenvolvimento do avi˜ao . . . 3

2.1.3 A estrutura de uma aeronave . . . 4

2.1.4 A mecˆanica do voo . . . 4

2.1.5 Fuselagem . . . 5

2.2 Pain´eis refor¸cados . . . 7

2.2.1 Liga¸c˜ao dos refor¸cos com rebites . . . 9

2.2.2 Soldadura por fric¸c˜ao (FSW ) . . . . 10

2.2.3 Pain´eis com refor¸cos integrais . . . 13

2.2.4 Modelos anal´ıticos e simula¸c˜ao num´erica . . . 13

2.3 Encurvadura . . . 15

2.3.1 Imperfei¸c˜oes . . . 16

2.3.2 Condi¸c˜oes Fronteira e de Carregamento . . . 17

2.3.3 Comportamento de p´os-encurvadura de placas . . . 17

2.4 Materiais: o Alum´ınio . . . 21 2.4.1 Introdu¸c˜ao . . . 21 2.4.2 Areas de aplica¸´ c˜ao . . . 22 2.4.3 Ligas de alum´ınio . . . 23 2.4.3.1 S´erie 2xxx . . . 24 2.4.3.2 S´erie 7xxx . . . 24 3 Procedimentos e M´etodos 25 3.1 M´etodo dos Elementos Finitos . . . 25

3.2 Software de an´alise num´erica Abaqus— . . . 27

3.2.1 An´alise n˜ao-linear . . . 28

3.2.2 O m´etodo de Riks . . . 29

3.2.3 Elementos finitos . . . 30

3.3 Defini¸c˜ao dos modelos a serem estudados neste trabalho . . . 31

3.3.1 Modela¸c˜ao 3D . . . 31

(8)

3.3.3.2 Cargas e condi¸c˜oes de fronteira . . . 34

3.3.4 Defini¸c˜ao das imperfei¸c˜oes . . . 34

3.3.5 Simula¸c˜ao dos rebites . . . 35

3.3.6 Simula¸c˜ao da liga¸c˜ao de soldadura for fric¸c˜ao . . . 36

3.3.7 Modela¸c˜ao mais detalhada da junta rebitada . . . 37

3.3.8 Modelo do painel refor¸cado com modela¸c˜ao completa dos rebites . . . 38

4 Resultados 41 4.1 Estudo do tipo de elementos . . . 41

4.2 Resultados dos modelos com liga¸c˜oes rebitadas . . . 42

4.3 Resultados dos modelos com soldadura por fric¸c˜ao . . . 53

4.4 Resultados da modela¸c˜ao mais detalhada da junta rebitada . . . 59

4.5 Resultados dos modelos com rebites modelados . . . 61

5 Conclus˜oes e Trabalhos Futuros 67 5.1 Conclus˜oes . . . 67

(9)

2.1 Espa¸co ocupado na fuselagem das diferentes classes [32]. . . 6 2.2 Caracter´ısticas das liga¸c˜oes com rebites introduzidos mecˆanicamente [20]. . . 10 2.3 Principais elementos das ligas de alum´ınio [1]. . . 23 2.4 Quadro comparativo de Ligas de Alum´ınio [4]. . . 24

3.1 Propriedades dos materiais para a equa¸c˜ao de Ramberg-Osgood [58]. . . 33

4.1 Caracter´ısticas das malhas de elementos finitos estudadas para o modelos das liga¸c˜oes rebitadas. . . 44 4.2 Cargas de encurvadura e deslocamentos dos modelos estudados para a

sim-ula¸c˜ao das liga¸c˜oes rebitadas. . . 53 4.3 Cargas de encurvadura e deslocamentos dos modelos estudados para a

(10)

2.1 Configura¸c˜ao estrutural do bombardeiro B-1 [8]. . . 7

2.2 Configura¸c˜ao de um painel refor¸cado de alum´ınio, t´ıpico de aeronaves de trans-porte [8]. . . 8

2.3 Diferentes tipos de rebites, adaptado de [38]. . . 9

2.4 Representa¸c˜ao esquem´atica do processo de soldadura por fric¸c˜ao, adaptado de [43]. . . 11

2.5 Esquema de um corte frontal de uma solda por soldadura por fric¸c˜ao, adaptado de [43]. Legenda: A - metal base; B - zona afectada pelo calor; C - zona termomecˆanicamente afectada; D - zona central. . . 12

2.6 Modo de rotura por encurvadura localizada [42]. . . 15

2.7 Transi¸c˜ao de viga para placa com a adi¸c˜ao de condi¸c˜oes fronteira. . . 18

2.8 Coeficientes de encurvadura, fun¸c˜ao das condi¸c˜oes de contorno para placas planas rectangulares, adaptado de [17]. . . 19

2.9 Distribui¸c˜ao das tens˜oes de p´os-encurvadura para diferentes condi¸c˜oes fronteira, adaptado de [19]. . . 20

2.10 Rela¸c˜ao entre σav/σcr e εav/εcr [19]. . . 20

2.11 Produ¸c˜ao mundial de alum´ınio em 2005. . . 21

2.12 Barras com perfis de refor¸co de alum´ınio [2]. . . 22

3.1 Esquema de discretiza¸c˜ao do meio cont´ınuo em n´os e elementos [27]. . . 26

3.2 Caracter´ısticas lineares e n˜ao-lineares de uma mola, adaptado de [53]. . . 28

3.3 Principais tipologias de elementos, adaptado de [52]. . . 30

3.4 Perspectiva de exemplo de modelo usado no estudo. . . 31

3.5 Geometria do modelo. . . 32

3.6 Exemplo de uma malha de um modelo. . . 33

3.7 Modelo com as condi¸c˜oes fronteira definidas. Legenda: azul - condi¸c˜ao A; verde - condi¸c˜ao B; vermelho - condi¸c˜ao C e zona de aplica¸c˜ao da carga. . . 35

3.8 N´os no centro do modelo com imperfei¸c˜oes geom´etricas. . . 35

3.9 A vermelho os n´os usados nas diferentes metodologias. . . 36

3.10 Esquema das zonas resultantes da soldadura por fric¸c˜ao (a amarelo a zona central; a vermelho a zona afectada pelo calor), unidades em mm . . . 37

3.11 Modelo das duas placas e trˆes rebites [38]. . . 38

3.12 Dimens˜oes dos rebites usados para o modelo do painel refor¸cado com rebites modelados (unidades em mm). . . 39

4.1 Estudo dos elementos C3D8, C3D8R e C3D8I quando comparados com a curva experimental usada por Lynch [35]. . . 42

(11)

4.4 (a) deforma¸c˜ao para a carga m´axima do modelo A e respectivas tens˜oes de Von Mises (factor de escala de 8); (b) representa¸c˜ao da malha do perfil do modelo A. 45 4.5 (a) deforma¸c˜ao para a carga m´axima do modelo B e respectivas tens˜oes de Von

Mises (factor de escala de 8); (b) representa¸c˜ao da malha do perfil do modelo B. 46 4.6 (a) deforma¸c˜ao para a carga m´axima do modelo C e respectivas tens˜oes de Von

Mises (factor de escala de 8); (b) representa¸c˜ao da malha do perfil do modelo C. 47 4.7 (a) deforma¸c˜ao para a carga m´axima do modelo D e respectivas tens˜oes de Von

Mises (factor de escala de 8); (b) representa¸c˜ao da malha do perfil do modelo D. 48 4.8 (a) deforma¸c˜ao para a carga m´axima do modelo E e respectivas tens˜oes de Von

Mises (factor de escala de 8); (b) representa¸c˜ao da malha do perfil do modelo E. 49 4.9 (a) deforma¸c˜ao para a carga m´axima do modelo F e respectivas tens˜oes de Von

Mises (factor de escala de 8); (b) representa¸c˜ao da malha do perfil do modelo F. 50 4.10 Cargas de encurvadura dos diferentes casos de estudo para as liga¸c˜oes rebitadas. 51 4.11 Deformada para a m´axima carga no modelo com liga¸c˜oes r´ıgidas e respectivas

tens˜oes de Von Mises (factor de escala de 8). . . 52 4.12 Deformada para a m´axima carga no modelo com n´os coincidentes e respectivas

tens˜oes de Von Mises (factor de escala de 8). . . 52 4.13 Cargas de encurvadura dos diferentes modelos de estudo da viga. . . 54 4.14 Encurvadura da viga integral (factor de escala de 8). . . 54 4.15 Encurvadura da viga dividida unida por liga¸c˜oes r´ıgidas (factor de escala 8). . 54 4.16 Encurvadura da viga dividida unida por n´os coincidentes (factor de escala de 8). 55 4.17 Estudo de compara¸c˜ao entre a malha do modelo C com a malha do modelo G. 55 4.18 Legenda: (a) deforma¸c˜ao para a carga m´axima do modelo G e respectivas

tens˜oes de Von Mises (factor de escala de 8); (b) representa¸c˜ao da malha do perfil do modelo G. . . 57 4.19 Cargas de encurvadura do modelo G e do modelo com soldadura por fric¸c˜ao. 58 4.20 Instante onde se verifica a encurvadura do modelo com a soldadura por fric¸c˜ao.

Com um factor de escala de deforma¸c˜ao de 8. . . 58 4.21 Cargas de encurvadura dos v´arios modelos estudados. . . 59 4.22 Junta rebitada com uma tens˜ao de trac¸c˜ao de 160 MPa (representa¸c˜ao em corte) 60 4.23 Junta rebitada com uma tens˜ao de trac¸c˜ao de cerca de 320 MPa (representa¸c˜ao

em corte). . . 60 4.24 Modelo da junta com n´os coincidentes, com uma tens˜ao de trac¸c˜ao de cerca de

160 MPa (representa¸c˜ao em corte). . . 61 4.25 Curvas de for¸ca-deslocamento (solicita¸c˜oes de trac¸c˜ao) dos modelos em estudo

da junta rebitada. . . 62 4.26 Deformada para a carga m´axima do modelo com 4 rebites. (a) modelo

com-pleto; (b) corte do rebite para pormenor de tens˜oes de Von Mises no mesmo. 63 4.27 Deformada para a carga m´axima do modelo com 5 rebites. (a) modelo

com-pleto; (b) corte do rebite para pormenor de tens˜oes de Von Mises no mesmo. 64 4.28 Deformada para a carga m´axima do modelo com 6 rebites. (a) modelo

com-pleto; (b) corte do rebite para pormenor de tens˜oes de Von Mises no mesmo. 65 4.29 Curvas de for¸ca-deslocamento dos modelos com os rebites modelados. . . 66

(12)

Objectivos e Guia de Leitura

1.1

Objectivos

O objectivo desta Disserta¸c˜ao consiste no estudo do o comportamento `a encurvadura de diferentes tipos de liga¸c˜oes utilizadas em pain´eis refor¸cados, com aplica¸c˜ao `a fuselagem de aeronaves. Estas liga¸c˜oes s˜ao necess´arias para garantir a fixa¸c˜ao dos elementos de refor¸co `

as placas dos pain´eis, garantindo assim uma melhor resistˆencia `a encurvadura dos mesmos. Dadas as configura¸c˜oes de certas formas complexas quer do ponto de vista geom´etrico, quer em termos do comportamento (elasto-pl´astico) dos materiais, torna-se necess´aria a utiliza¸c˜ao de t´ecnicas de simula¸c˜ao num´erica na determina¸c˜ao da carga limite `a encurvadura.

Para al´em da an´alise de tipologias construtivas mais recentes, como ´e o caso dos pain´eis integrais obtidos por extrus˜ao (integrally stiffened panels), s˜ao estudadas as liga¸c˜oes rebitadas e as liga¸c˜oes atrav´es de t´ecnicas de soldadura por fric¸c˜ao (friction stir welding) em v´arios modelos, de maneira a ser poss´ıvel realizar um estudo comparativo entre as mesmas no que toca `a resistˆencia `a encurvadura . Inicialmente ser˜ao realizadas an´alises num´ericas de forma a calibrar os modelos de acordo com resultados j´a dispon´ıveis e, por fim, ser˜ao estudados as diferen¸cas de comportamento dos pain´eis influenciados pelas diferentes liga¸c˜oes.

Em suma, os objectivos desta Disserta¸c˜ao podem ser sistematizados nos seguintes pontos: ˆ revis˜ao sum´aria das v´arias mat´erias referentes ao tema desta Disserta¸c˜ao, tais como a

avia¸c˜ao ou crit´erio de encurvadura;

ˆ Estudo de t´ecnicas de simula¸c˜ao num´erica baseadas no M´etodo dos Elementos Finitos e sua aplica¸c˜ao `a an´alise de pain´eis refor¸cados sujeitos a solicita¸c˜oes estruturais de compress˜ao;

ˆ desenvolvimento de v´arios tipos de ensaios num´ericos de simula¸c˜ao de esfor¸cos de com-press˜ao em pain´eis refor¸cados, com os elementos de refor¸co unidos `as placas por liga¸c˜oes soldadas ou rebitadas, e ainda utilizando configura¸c˜oes integrais obtidas por extrus˜ao, onde a placa-base e elementos de refor¸co s˜ao um elemento ´unico;

ˆ compara¸c˜ao dos valores de carga limite `a encurvadura com que os pain´eis conseguem su-portar, levando em considera¸c˜ao deforma¸c˜oes elasto-pl´asticas e, o valor correspondente de deforma¸c˜ao nestes pontos.

Atrav´es destes objectivos, ´e feita uma avalia¸c˜ao preliminar entre os diferentes tipos de liga¸c˜oes e de que forma estas condicionam o desempenho `a encurvadura dos pain´eis refor¸cados.

(13)

1.2

Guia de leitura

Esta Disserta¸c˜ao encontra-se subdividida em cinco cap´ıtulos, descritos a seguir:

Cap´ıtulos 1 - Objectivos

Neste cap´ıtulo s˜ao apresentados os objectivos principais do presente trabalho e as metodolo-gias que ser˜ao adoptadas para os atingir.

Cap´ıtulos 2 - Enquadramento

Neste cap´ıtulo s˜ao feitas referˆencias `a hist´oria da avia¸c˜ao, da forma como esta foi evoluindo ao longo dos anos e actuais tecnologias usadas. S˜ao ainda feitas referˆencias aos pain´eis re-for¸cados das fuselagens das aeronaves e quais as tecnologias usadas para a liga¸c˜ao dos refor¸cos `

as placas dos mesmos. Tamb´em ´e realizada uma revis˜ao te´orica de alguns modelos que des-crevem o comportamento de estruturas sujeitas `a encurvadura, bem como os factores que a influenciam, como por exemplo as imperfei¸c˜oes geom´etricas e as condi¸c˜oes de fronteira.

Cap´ıtulo 3 - Procedimentos e M´etodos

No terceiro cap´ıtulo desta Disserta¸c˜ao ´e feita inicialmente uma breve introdu¸c˜ao ao M´etodo dos Elementos Finitos (MEF) e seus princ´ıpios b´asicos, sendo descrito de seguida o software de an´alise num´erica, Abaqus—, utilizado no trabalho. Neste cap´ıtulo ´e descrita a metologia usada para a defini¸c˜ao dos diferentes modelos, tanto os que representam os pain´eis integrais como os utilizados nos pain´eis modulares, como ´e o caso das liga¸c˜oes rebitadas e da soldadura por fric¸c˜ao, e os pressupostos adoptados na defini¸c˜ao dos modelos utilizados nas an´alises num´ericas.

Cap´ıtulo 4 - Resultados

Neste cap´ıtulo s˜ao apresentados os resultados obtidos atrav´es das simula¸c˜oes num´ericas, dos diferentes modelos, tendo em conta as diferentes tecnologias de uni˜ao dos refor¸cos `as placas (pain´eis integrais, rebites e soldadura por fric¸c˜ao). Inicialmente ´e feito um estudo dos elementos finitos a serem usados na malha dos v´arios modelos, seguido de um estudo de con-vergˆencia de malha. Por fim, as diferen¸cas de comportamentos das diferentes tecnologias s˜ao avaliadas.

Cap´ıtulo 5 - Conclus˜oes e Trabalhos Futuros

No ´ultimo cap´ıtulo desta Disserta¸c˜ao s˜ao apresentadas as conclus˜oes gerais da mesma, bem como a discuss˜ao dos resultados obtidos durante a realiza¸c˜ao deste trabalho. No fim, s˜ao apresentadas algumas sugest˜oes a desenvolver em trabalhos futuros que possam completar ou melhorar, a tem´atica em estudo nesta Disserta¸c˜ao.

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Enquadramento

2.1

A avia¸

ao

Existem dois tipos distintos da avia¸c˜ao: a civil e a militar. A avia¸c˜ao civil compreende a avia¸c˜ao comercial, destinada ao transporte comercial de passageiros e de mercadorias, e a avia¸c˜ao geral que engloba a avia¸c˜ao ligeira e de turismo ou recreio, os jactos particulares, a fiscaliza¸c˜ao do tr´afego rodovi´ario e das zonas costeiras e de diversas actividades reagrupadas sob a designa¸c˜ao de ”trabalho a´ereo”(avia¸c˜ao agr´ıcola - pulveriza¸c˜oes de pesticidas, evacua¸c˜oes sanit´arias, fotografia a´erea, etc.). Quanto `a avia¸c˜ao militar (for¸ca a´erea), ela assegura n˜ao s´o as miss˜oes de combate, mas tamb´em as miss˜oes de observa¸c˜ao e reconhecimento bem como o transporte de tropas e de materiais [5].

2.1.1 O interesse inicial na avia¸c˜ao

O interesse humano na avia¸c˜ao pode ser rastreado t˜ao longe como at´e ao do tempo de Leonardo da Vinci. Em 1888, um avi˜ao pilotado pelo homem, o Daedalus 88, voou cerca de 115 km, sendo este modelo baseado nos esbo¸cos de Leonardo da Vinci. Mas os verdadeiros avan¸cos no objectivo de conseguir voar com m´aquinas mais pesadas que o ar s´o foram atingidos a meio do s´eculo XIX. Em 1842 o inglˆes W. S. Henson patenteou o desenho de uma m´aquina que representa aproximadamente o actual monolugar. Outro inglˆes, John Stringfellow em 1848, desenvolveu um modelo de m´aquina que seria a primeira m´aquina alimentada a voar, e Francis Herbert Wenham em 1871 desenvolveu os primeiros testes com t´uneis de vento [5].

Na Fran¸ca, Alphonse Penaud produziu modelos bem sucedidos de avi˜oes, ao passo que Cl´ement Ader conseguiu mesmo atingir o voo (voou uma distˆancia de cerca de 45 m em 1890 e cerca de 280 m em 1897) num monolugar com motor, inspirado na forma de um morcego. Em 1894 um avi˜ao foi constru´ıdo na Inglaterra por Sir Hiram S. Maxim, funcionando com um motor a vapor e transportando uma equipa de trˆes passageiros, ap´os ter sido disparado da pista onde foi lan¸cado. Nos Estados Unidos, S. P. Langley, Octave Chanute, e Otto Lilienthal deram not´aveis contribui¸c˜oes para os desenvolvimentos iniciais de um avi˜ao [5].

2.1.2 O nascimento e o desenvolvimento do avi˜ao

Em 17 de Dezembro de 1903, Orville e Wilbur Wright voaram no primeiro avi˜ao pilotado de uma praia perto de Kitty Hawk. Henri Bl´eriot e Glenn H. Curtiss fizeram progressos significativos no projecto de avi˜oes e, quando come¸caram a aparecer motores mais poderosos,

(15)

conseguiram voar durante maiores distˆancias. Em 1909, Bl´eriot voou sobre o Canal da Man-cha, quando dez anos mais tarde, Curtiss e o seu avi˜ao atravessaram o Oceano Atlˆantico [5].

Numa fase inicial o desenvolvimento da avia¸c˜ao era motivado pelos grandes pr´emios ofe-recidos pelas descobertas, mas com o in´ıcio da 1ª Guerra Mundial em 1914, a necessidade de avi˜oes de combates e aeronaves pilotadas revelou-se muito mais motivador do que os pr´emios monet´arios at´e ent˜ao. O final da guerra tornou realidade o acesso a avi˜oes mais baratos, e o resultado disto foi um grande aumento nas actividades em torno da avia¸c˜ao. O brainstorming e os espect´aculos de acrobacias a´ereas fizeram com que o interesse na avia¸c˜ao n˜ao acabasse, mas o verdadeiro est´ımulo deu-se com o in´ıcio do servi¸co de correio a´ereo em 1920.

Durante a d´ecada de 30 do s´eculo passado, a avia¸c˜ao continuou a expandir-se. Os me-lhoramentos tecnol´ogicos nos testes de t´uneis de vento, nos motores e projectos da fuselagem e nos equipamentos de manuten¸c˜ao fizeram com que fossem produzidos avi˜oes mais r´apidos, maiores e mais duradouros. O transporte de passageiros tornou-se rent´avel e as rotas foram alargadas para a inclus˜ao de mais pa´ıses estrangeiros. O servi¸co de correio TransPacific, criado pela Pan American Airways (mais tarde Pan American World Airways) em 1934, foi seguido do primeiro voo transoceˆanico de transporte de passageiros na China Clipper, de S˜ao Francisco para Manila. Em 1939 foi inaugurado o primeiro servi¸co transatlˆantico, transportando passageiros e correio [5].

2.1.3 A estrutura de uma aeronave

De forma gen´erica, uma aeronave ´e constitu´ıda por trˆes componentes fundamentais: o grupo mecˆanico, a fuselagem e as superf´ıcies sustentadoras.

A fuselagem ´e o corpo central do aparelho e est´a dividida em v´arias partes. Em primeiro lugar temos a c´elula, habit´aculo pressurizado a uma press˜ao equivalente `aquela que existe a uma altitude de 2500 metros - facilmente suport´avel pelo ser humano - mesmo quando o avi˜ao voa a 10 000 ou 11 000 metros, como ´e o caso dos jactos comerciais actuais. Esta c´elula, fechada por paredes internas semiestanques, incluiu o cockpit, onde se encontram os instru-mentos de pilotagem, e a cabina para os passageiros, assim como um compartimento especial para aqueles que n˜ao suportariam a despressuriza¸c˜ao, como por exemplo os animais. O resto da fuselagem cont´em o por˜ao de carga, compartimentos de servi¸co onde est˜ao instalados o conjunto do trem de aterragem e os equipamentos anexos [5].

As superf´ıcies ou planos de sustenta¸c˜ao desempenham um papel fundamental na sus-tenta¸c˜ao em voo do avi˜ao. Estas s˜ao constitu´ıdas principalmente pelas asas, tradicionalmente de liga de alum´ınio ou de titˆanio, e mais actualmente tamb´em constru´ıdas em materiais comp´ositos, resistindo ao aquecimento produzido pela fric¸c˜ao do ar. As asas servem ainda para a fixa¸c˜ao dos motores na maior parte dos avi˜oes e servem de reservat´orios para os dep´ositos de combust´ıvel. A sua fun¸c˜ao principal ´e assegurar a sustenta¸c˜ao do avi˜ao, desen-volvendo uma for¸ca vertical que equilibra o seu peso [5].

2.1.4 A mecˆanica do voo

As quatro for¸cas que se exercem sobre um avi˜ao em voo s˜ao: a resistˆencia ao avan¸co, devida `

a resistˆencia produzida pelo ar; o impulso, ou for¸ca de trac¸c˜ao, produzido pelos motores; o peso, resultante da for¸ca da gravidade e, por fim, a sustenta¸c˜ao, gerada pelo escoamento do ar sobre as asas.

(16)

Uma asa de avi˜ao tem uma forma especial denominada de ”perfil alar”. A sua superf´ıcie superior (extradorso) e a sua superf´ıcie inferior (intradorso) formam uma curva, ou inclina¸c˜ao, diferente. A sec¸c˜ao de uma asa cl´assica de um avi˜ao com velocidades inferiores `a velocidade do som evidencia sempre um extradorso com uma curvatura bastante pronunciada. Nos avi˜oes lentos, o intradorso ´e mais achatado e a parte mais espessa da asa fica muito pr´oxima do bordo de ataque. A asa de um avi˜ao veloz ´e praticamente sim´etrica e a espessura m´axima ´e sensivelmente equidistante em rela¸c˜ao aos bordos de ataque e de fuga. De uma maneira geral, a sustenta¸c˜ao ´e devida sobretudo `a reduzida press˜ao de ar e consequente aumento da sua velocidade ao atravessar o extradorso do perfil alar. A sobrepress˜ao que se cria no intradorso contribui para a sustenta¸c˜ao gerada.

A sustenta¸c˜ao de uma asa depende da sua incidˆencia (ˆangulo agudo formado entre a corda do perfil da asa - segmento de recta que une o bordo de ataque ao bordo de fuga - e o eixo longitudinal do avi˜ao). Quanto maior for o ˆangulo, maior ser´a a sustenta¸c˜ao, at´e um certo limite. Ela ´e tamb´em fun¸c˜ao do quadrado da velocidade relativa ao ar: para um dado ˆangulo de ataque (ˆangulo que a corda do perfil faz com a direc¸c˜ao do vento), a sustenta¸c˜ao pode ser de 10 000 N (Newtons) a 100 km/h, 40 000 N a 200 km/h, 90 000 N a 300 km/h [5].

Um avi˜ao deve poder ser manobrado, isto ´e, obedecer `as mudan¸cas de altitude e de direc¸c˜ao requeridas pelo piloto. Os ´org˜aos de controlo s˜ao superf´ıcies m´oveis articuladas, situadas nos bordos posteriores das asas: leme de inclina¸c˜ao lateral ou ”ailerons”e leme de profundidade, acoplado `a empenagem vertical, todos eles accionados a partir da cabina de pilotagem. O leme de profundidade comanda o avi˜ao em profundidade, em torno do seu eixo transversal. O leme de direc¸c˜ao serve para permitir a manobra direccional do aparelho em torno do seu eixo vertical, e a inclina¸c˜ao lateral do mesmo ´e comandada pelos ailerons em torno do seu eixo longitudinal.

Para um avi˜ao poder aterrar com seguran¸ca, tem de ser capaz de voar o mais lentamente poss´ıvel, sendo que esta velocidade deve ser sempre superior a uma velocidade cr´ıtica, chamada velocidade de perda. O avi˜ao entra em perda quando a velocidade ´e t˜ao baixa que o ar j´a n˜ao circula uniformemente sobre as asas (descolamento). Estas j´a n˜ao conseguem ent˜ao criar sustenta¸c˜ao suficiente e o avi˜ao come¸ca a cair. Para poderem voar lentamente e com toda a seguran¸ca, os avi˜oes modernos est˜ao equipados de dispositivos de alta sustenta¸c˜ao (flaps) e de fendas (spoilers). Os dispositivos de alta sustenta¸c˜ao s˜ao superf´ıcies articuladas colocadas nas asas. S˜ao simultaneamente accionados para baixo para aumentar a sustenta¸c˜ao, sendo utilizados nas aterragens e nas descolagens [5].

2.1.5 Fuselagem

Os avi˜oes s˜ao ve´ıculos projectados para o transporte de pessoas e cargas de um local para o outro, existindo em diferentes formas e tamanhos dependendo do seu prop´osito. A fuselagem, ou corpo do avi˜ao, ´e em termos simples um longo tubo oco que sust´em todas as pe¸cas e esta ´e oca para assim reduzir o peso do avi˜ao. Como a maior parte das restantes pe¸cas do avi˜ao, a forma da fuselagem ´e determinada pelo prop´osito que se pretende do aparelho. Por exemplo, um avi˜ao supers´onico (ca¸cas militares) tem uma fuselagem com forma delgada, para oferecer menos resistˆencia ao ar, e assim conseguir voar a grandes velocidades. Um avi˜ao comercial (transporte de pessoas) tem uma fuselagem mais larga, com um diˆametro maior, para assim poder transportar o maior n´umero de pessoas poss´ıvel.

O peso de um avi˜ao ´e distribu´ıdo ao longo do mesmo. A fuselagem, em conjunto com os passageiros e a carga, contribui com uma por¸c˜ao significativa para o peso total do avi˜ao.

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O centro de gravidade do avi˜ao ´e localizado no interior da sua fuselagem e durante o voo este roda sobre o centro de gravidade do mesmo, devido aos bin´arios gerados pelos v´arios componentes do avi˜ao, como por exemplo o leme. A fuselagem ´e ent˜ao pensada e desenhada para suster estes bin´arios de forma a garantir a seguran¸ca e estabilidade do avi˜ao [15].

Para a maioria dos avi˜oes, a fun¸c˜ao da fuselagem pode ser considerada como um meio de isolamento das asas e de outras superf´ıcies de controlo. O espa¸co interno necess´ario, estipulado pelo tipo de avi˜ao, ´e usado para fixar a sec¸c˜ao central da fuselagem. Para os avi˜oes comerciais civis, esta forma ´e regulada pela disposi¸c˜ao da cabine de passageiros.

Neste tipo de avi˜oes a largura da fuselagem ´e escolhida com base no n´umero de bancos de passageiros, da largura dos bancos e da largura dos por˜oes de carga, sendo uma sec¸c˜ao circular a forma optimizada para a estrutura. Este factor pode colocar restri¸c˜oes para com a largura e comprimento escolhidos. Para um avi˜ao com capacidade para 80 ou mais passageiros, o n´umero convencional de assentos (classes mistas) seria de cinco assentos para a sec¸c˜ao econ´omica e de quatro assentos para a sec¸c˜ao conforto, com um ´unico corredor. Para uma sec¸c˜ao executiva, quatro assentos seriam os necess´arios. As op¸c˜oes da disposi¸c˜ao da fuselagem podem ser vistas na tabela 2.1 [32].

Tabela 2.1: Espa¸co ocupado na fuselagem das diferentes classes [32].

Classe Nº de bancos por fila Largura dos bancos Largura da cabine interna

Executiva 4 0, 70 m (4× 0, 7) + 0, 6 = 3, 4 m

Turista 5 0, 56 m (5× 0, 56) + 0, 6 = 3, 4 m

Charter 6 0, 47 m (6× 0, 47) + 0, 58 = 3, 4 m

A sec¸c˜ao em cruz da fuselagem tamb´em deve ser considerada no que toca ao tamanho das paletes de carga a serem acomodadas por baixo do ch˜ao da cabine. Isto pode necessitar que o perfil da fuselagem seja alterado para suportar a geometria dos contentores convencionais. Por exemplo, a sec¸c˜ao da fuselagem do Boeing 757 ´e 0, 254 m mais profunda que a forma circular da cabine. Normalmente, 22 m j´a ´e um comprimento aceit´avel para sec¸c˜ao da cabine. O comprimento total da fuselagem ´e a soma do comprimento da cabine e a forma do perfil frontal e traseiro do avi˜ao. A frente acomoda o conv´es de voo e a parte traseira fornece o espa¸co para os motores e as superf´ıcies da cauda. De uma an´alise de um avi˜ao similar, o comprimento da n˜ao-cabine ´e de 15 m. Portanto o comprimento total da fuselagem, neste caso, ´e de (22 + 4 + 15) = 41 m [32].

A hist´oria da constru¸c˜ao de fuselagens de avi˜oes tem evolu´ıdo ao longo dos anos, desde o seu formato de estruturas com treli¸cas em madeira, para as actuais estruturas met´alicas de semi-monoblocos. A maior parte da fuselagem dos avi˜oes actuais ´e fabricada com ligas de alum´ınio e ´e produzida por processos de maquinagem autom´aticos das placas e dos refor¸cos dos pain´eis, sendo que grande parte da montagem ´e feita com o aux´ılio de rebites. Nalgumas ´areas, a liga¸c˜ao por adesivo ´e usada como meio de jun¸c˜ao entre as placas e os refor¸cos. Na maior parte dos avi˜oes de alta performance, tais como os ca¸cas e os bombardeiros, esquematicamente representado na figura 2.1, s˜ao usados materiais com melhores propriedades mecˆanicas tais como o titˆanio e os a¸cos de alta resistˆencia [7].

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Figura 2.1: Configura¸c˜ao estrutural do bombardeiro B-1 [8].

2.2

Pain´

eis refor¸

cados

Uma estrutura com comportamento mecˆanico eficiente e com pouco peso ´e um dos prin-cipais objectivos no desenvolvimento de estruturas aeron´auticas. Placas com refor¸cos longi-tudinais, ou transversais (figura 2.2) tˆem sido usadas em muitas aplica¸c˜oes estruturais, uma delas na constru¸c˜ao de aeronaves [9]. No in´ıcio da d´ecada de cinquenta, era defendida a hip´otese de que a capacidade de absor¸c˜ao de danos substanciais era um requisito essencial no desenvolvimento da avia¸c˜ao moderna [57].

O projecto de grandes pe¸cas nas constru¸c˜oes de aeronaves e navios, deve-se maioritaria-mente `as for¸cas de compress˜ao e a capacidade de absor¸c˜ao das mesmas por estas estruturas. A estabilidade estrutural dos pain´eis refor¸cados, sujeitos a for¸cas de compress˜ao, depende da resistˆencia `a encurvadura da estrutura como um todo e de cada um dos seus componentes estruturais individuais. Para pain´eis refor¸cados utilizados nas aeronaves (com uma elevada raz˜ao entre comprimento e espessura), as cargas de encurvadura incidem sobre as placas entre os refor¸cos [46].

Mais recentemente, alguns estudos est˜ao a ser conduzidos com o objectivo de serem -descobertos modelos estruturais alternativos com desempenhos iguais ou superiores aos dos modelos convencionais, no que toca ao peso e `a integridade estrutural, atingindo no entanto um redu¸c˜ao significativa no custo de fabrico [39]. Os pain´eis de fuselagem s˜ao normalmente fabricados como constru¸c˜oes com a configura¸c˜ao de placas unidas a elementos de refor¸co onde ´e permitida a encurvadura local dos pain´eis durante as condi¸c˜oes normais consequentes do voo da aeronave [35]. Configura¸c˜oes alternativas incluem a utiliza¸c˜ao de pain´eis refor¸cados integrais (integrally stiffened panels) nos quais o perfil refor¸cado completo ´e obtido atrav´es de processos de extrus˜ao a partir de ligas de alum´ınio da s´erie 2000 [58].

A casca dos pain´eis refor¸cados de uma fuselagem pressurizada ´e sens´ıvel `a fadiga, o que se torna um problema e por isso ´e necess´aria a realiza¸c˜ao de repara¸c˜oes frequentes. ´E suposto que a fuselagem de um avi˜ao (constru´ıda com este tipo de pain´eis) suster falhas e fissuras com seguran¸ca, enquanto n˜ao esta seja reparada ou a sua vida comercial n˜ao chegue ao fim. Durante uma carga c´ıclica, uma falha pode desenvolver-se numa fissura devido `a fadiga e, propagar-se at´e por fim ocorrer a fractura do painel. Deve-se ter em conta o desenvolvimento

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Figura 2.2: Configura¸c˜ao de um painel refor¸cado de alum´ınio, t´ıpico de aeronaves de trans-porte [8].

de metodologias de an´alise num´erica com a ajuda de relat´orios experimentais obtidos por laborat´orios, para assim prever a resistˆencia residual de estruturas complexas de fuselagens [49].

De maneira a maximizar a rela¸c˜ao entre a resistˆencia mecˆanica e o peso da fuselagem, ´e necess´ario prever e calcular a carga limite de encurvadura, e garantir que esta seja inferior `

a carga de ruptura. Com esta condi¸c˜ao em mente ´e permitido chegar a configura¸c˜oes de pain´eis refor¸cados com muito menos peso mas ainda assim com elevada resistˆencia sendo portanto melhores quando comparados a pain´eis onde a encurvadura n˜ao ´e permitida [36]. A encurvadura de pain´eis refor¸cados ´e bastante complexa, devido `as interac¸c˜oes entre as placas e os refor¸cos. A possibilidade de se prever de forma fi´avel a encurvadura local, a p´ os-encurvadura e a carga de ruptura de pain´eis refor¸cados ´e portanto um aspecto essencial na constru¸c˜ao de estruturas aeron´auticas [35].

J´a na d´ecada de vinte e de quarenta existiam alguns estudos sobre o comportamento e a resistˆencia de pain´eis refor¸cados de ligas de alum´ınio, usados na constru¸c˜ao de aeronaves [56; 31]. Os pain´eis refor¸cados s˜ao estruturas leves mas altamente resistentes, projectadas para lidarem com v´arias condi¸c˜oes de carga. Os refor¸cos melhoram a resistˆencia e a estabilidade da estrutura, sendo tamb´em eles que impedem ou atrasam o aparecimento de fissuras na casca do painel. A maior parte dos elementos de refor¸co dessas estruturas consistem em perfis em L, T ou I, que podem ser extrudidos juntamente com a placa (pain´eis integrais refor¸cados) ou ligados a ela, atrav´es de rebites ou por processos de soldadura [9].

A busca permanente de m´etodos mais eficientes e econ´omicos e o aparecimento de novas tecnologias aumentou o interesse no desenvolvimento de grandes pain´eis met´alicos com os re-for¸cos j´a integrados para aplica¸c˜oes aeron´auticas. Estes estudos tˆem o objectivo de promover a substitui¸c˜ao dos m´etodos tradicionais de liga¸c˜oes entre os refor¸cos e as placas dos pain´eis

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refor¸cados por tecnologias mais recentes, como ´e o caso dos mencionados pain´eis integrais re-for¸cados (integrally stiffened panels) [30]. Apesar das claras vantagens, em termos de cadˆencia de produ¸c˜ao e economia de fabrico, estudos j´a realizados, mostram que as falhas num painel integral propagam-se e alastram-se muito mais depressa pelos refor¸cos, aumentando assim a possibilidade de fractura e consequente falha do painel refor¸cado [39].

2.2.1 Liga¸c˜ao dos refor¸cos com rebites

Este tipo de liga¸c˜ao ´e comumente encontrado em pain´eis refor¸cados na ind´ustria aeron´ au-tica. Um rebite ´e um cilindro com uma cabe¸ca saliente numa das suas extremidades, inserido em furos alinhados entre as placas e os refor¸cos. Ap´os a aplica¸c˜ao de press˜ao sobre a cabe¸ca saliente da extremidade do rebite, origina-se uma outra saliˆencia na outra extremidade para assim se formar a liga¸c˜ao rebitada. A primeira cabe¸ca saliente ´e denominada de manufactured head enquanto que a segunda ´e denominada de point [8].

O rebite com protuberˆancia, ou topo saliente, ´e a configura¸c˜ao mais convencional. Os rebites do tipo countersunk, sem cabe¸ca saliente, foram introduzidos para melhorar a aero-dinˆamica das fuselagens nas aeronaves. Neste tipo de rebites, um dos lados da liga¸c˜ao tem superf´ıcie plana, melhorando assim a aerodinˆamica da superf´ıcie. Em contrapartida estes rebites apresentam maiores concentra¸c˜oes de tens˜oes nos furos resultantes da liga¸c˜ao, em compara¸c˜ao com os furos cil´ındricos dos rebites normais de cabe¸ca saliente [38]. Estes tipos de rebites podem ser visualizados na figura 2.3, onde tamb´em ´e representado o rebite slug.

Figura 2.3: Diferentes tipos de rebites, adaptado de [38].

Normalmente nas fuselagens das aeronaves, existem cerca de duas a quatro filas de rebites, e tipicamente as placas s˜ao unidas aos refor¸cos atrav´es de rebites equidistantes. Os furos onde se colocam os rebites s˜ao prop´ıcios `a forma¸c˜ao e crescimento de fissuras, devido `as concen-tra¸c˜oes elevadas de tens˜oes que se originam nessas ´areas. Para certas condi¸c˜oes espec´ıficas de carga, as fissuras j´a existentes na placa devido aos furos podem-se propagar levando assim `a ruptura da estrutura. Para se evitar estes problemas, aumentando assim o tempo de vida da estrutura, torna-se necess´ario realizarem-se an´alises para se obter o factor de intensidade de tens˜oes neste tipo de pain´eis [40].

Os rebites permitem que, de forma controlada, as duas placas se movam independente-mente, ao contr´ario do caso em que os refor¸cos s˜ao soldados `as placas, e nos quais h´a a po-ssibilidade de se provocarem tens˜oes na estrutura que podem tornar mais cr´ıtica a ocorrˆencia de ruptura por fadiga do material. A transferˆencia das cargas entre duas partes da fuselagem (placa e refor¸co) unidas por liga¸c˜oes rebitadas faz-se maioritariamente atrav´es dos rebites (esfor¸cos de corte). Em consequˆencia, a transferˆencia de carga nas juntas rebitadas realiza-se

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de forma localizada e discreta [28]. As vantagens e as desvantagens dos rebites colocados mecˆanicamente, podem ser resumidas na tabela 2.2.

Tabela 2.2: Caracter´ısticas das liga¸c˜oes com rebites introduzidos mecˆanicamente [20].

Vantagens Desvantagens

Tolerantes aos efeitos ambientais Os furos causam concentra¸c˜oes de tens˜oes F´acil montagem e inspec¸c˜ao Aumento do peso da estrutura Permitem substitui¸c˜ao de pe¸cas Baixa eficiˆencia

N˜ao ´e necess´aria prepara¸c˜ao da Problemas de corros˜ao galvˆanica superf´ıcie devem ser tidos em conta Alta fiabilidade S˜ao necess´arios isolamentos

especiais

Poe [48] analisou, e com resultados positivos, se o factor de intensidade de tens˜ao podia prever com sucesso a velocidade do crescimento de fissuras nos pain´eis com liga¸c˜oes rebitadas. A caracteriza¸c˜ao das liga¸c˜oes e o desempenho mecˆanico destas ´e influenciado por diversos factores, nomeadamente:

ˆ o tipo de rebites; ˆ a geometria do furo;

ˆ o estado da superf´ıcie onde se vai realizar o furo.

A an´alise num´erica de uma liga¸c˜ao rebitada ´e um problema de grande complexidade, tornando-se num dos mais dif´ıceis para a engenharia estrutural. As previs˜oes precisas das tens˜oes envolventes numa liga¸c˜ao rebitada, s˜ao um passo importante para a estimativa das caracter´ısticas deste tipo de liga¸c˜oes, tais como a dura¸c˜ao `a fadiga e a tolerˆancia ao dano [14].

2.2.2 Soldadura por fric¸c˜ao (FSW )

A soldadura por fric¸c˜ao, em inglˆes Friction Stir Welding (FSW ) , ´e um processo inventado e patenteado pelo The Welding Institute em 1991. Esta tecnologia ´e utilizada em v´arias ind´ustrias, tais como a ind´ustria aeroespacial e aeron´autica, a ind´ustria de constru¸c˜ao naval e a ind´ustria autom´ovel. Uma das vantagens desta t´ecnica ´e a obten¸c˜ao de uni˜oes livres de defeitos para aplica¸c˜oes t˜ao rigorosas como, por exemplo, as aeroespaciais.

Outra vantagem desta tecnologia ´e poder ser aplicada em ligas de alum´ınio onde n˜ao era poss´ıvel a realiza¸c˜ao da soldadura por arco de fus˜ao, o m´etodo tradicional de soldadura. Sem a utiliza¸c˜ao de materiais de adi¸c˜ao, como nos processos tradicionais, a soldadura por fric¸c˜ao baseia-se na extrus˜ao e recombina¸c˜ao (liga¸c˜ao) do material afectado pela ferramenta.

Um aspecto importante da soldadura por fric¸c˜ao ´e o facto de esta ter significativamente menos parˆametros inerentes ao processo que necessitam de ser controlados. Numa soldadura por fus˜ao, existem muitos factores ligados ao processo que tˆem de ser controlados, tais como a voltagem e a amperagem, a alimenta¸c˜ao do cabo, a velocidade do movimento, o g´as protector ou a distˆancia entre o arco. Mas na soldadura por fric¸c˜ao existem apenas trˆes vari´aveis de processo: a velocidade de rota¸c˜ao, a velocidade de transla¸c˜ao e a for¸ca normal aplicada ao cord˜ao, todas elas s˜ao controladas com relativa facilidade [6].

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A soldadura por fric¸c˜ao pode ser descrita pela uni˜ao de metais sem que seja necess´ario a sua fus˜ao completa ou a presen¸ca de metais de enchimento. Este processo de fixa¸c˜ao resulta em liga¸c˜oes fortes e d´ucteis, algumas vezes em sistemas em que a utiliza¸c˜ao de m´etodos convencionais de soldadura ´e dif´ıcil. A soldadura por fric¸c˜ao ´e um processo adequado para componentes planos e longos mas tamb´em pode ser adaptada para utiliza¸c˜oes em tubagens, sec¸c˜oes ocas e nas soldaduras posicionais.

Na soldadura por fric¸c˜ao, utiliza-se uma ferramenta (com rebordo e um pino roscado) em rota¸c˜ao, e que se move ao longo das superf´ıcies de duas placas rigidamente unidas por grampos, colocados em cima de uma chapa de suporte (figura 2.4). O rebordo da ferramenta realiza assim contacto directo sobre o topo das superf´ıcies a unir, e o calor gerado pela fric¸c˜ao do rebordo (a uma menor escala) e do pino da ferramenta, induz a fus˜ao parcial dessas superf´ıcies. O fen´omeno ´e assim acompanhado de deforma¸c˜oes pl´asticas que originam ent˜ao o fluxo de material quando ´e imposta `a ferramenta a transla¸c˜ao na direc¸c˜ao desejada para a soldadura. O material ´e dessa forma transportado da frente da ferramenta para a sua zona posterior, e um movimento de transla¸c˜ao e rota¸c˜ao combinados geram o cord˜ao de soldadura propriamente dito [16].

Figura 2.4: Representa¸c˜ao esquem´atica do processo de soldadura por fric¸c˜ao, adaptado de [43].

O lado da pe¸ca onde a direc¸c˜ao da rota¸c˜ao da ferramenta ´e a mesma da direc¸c˜ao da sol-dadura ´e denominado por advancing side, e o lado oposto da pe¸ca ´e denominado por retreating side. As caracter´ısticas do processo podem induzir uma assimetria na transferˆencia de calor, fluxo de material e nas propriedades dos dois lados da ferramenta e a dureza superficial tende a ser menor na zona afectada pelo calor do retreating side.

O processo de soldadura por fric¸c˜ao envolve interac¸c˜oes complexas entre variados pro-cessos termo-mecˆanicos que ocorrem simultaneamente (acoplamento termo-mecˆanico). Estas interac¸c˜oes afectam as taxas de calor e de arrefecimento, a deforma¸c˜ao pl´astica e o seu fluxo e tamb´em a recristaliza¸c˜ao dinˆamica do material e, em consequˆencia, a integridade mecˆanica da liga¸c˜ao. De forma esquem´atica, um corte frontal numa uni˜ao obtida por soldadura por fric¸c˜ao poder´a apresentar algumas zonas com propriedades mecˆanicas distintas (figura 2.5). A zona afectada pelo calor, em inglˆes Heat Affected Zone (HAZ ), tem propriedades semelhantes `as

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zonas resultantes dos restantes m´etodos de soldadura convencionais, apesar de esta apresentar um valor m´aximo de temperatura consideravelmente inferior. ´E na zona central da uni˜ao, em inglˆes Welded Nugget (WN ), onde ocorrem as maiores deforma¸c˜oes t´ermicas, consequˆencia da maneira como a ferramenta transporta o material do ”advancing side” para o ”retreating side”. A zona termomecˆanicamente afectada, em inglˆes Thermomechanically Affected Zone (TMAZ ), encontra-se situada entre a zona afectada pelo calor e a zona central.

Figura 2.5: Esquema de um corte frontal de uma solda por soldadura por fric¸c˜ao, adaptado de [43]. Legenda: A - metal base; B - zona afectada pelo calor; C - zona termomecˆanicamente afectada; D - zona central.

Uma caracter´ıstica ´unica do processo de soldadura por fric¸c˜ao tem a ver com a trans-ferˆencia de calor. A transferˆencia de calor e de massa dependem das propriedades do material bem como das vari´aveis do processo, incluindo a velocidade de rota¸c˜ao e de transla¸c˜ao da ferramenta, bem como da sua geometria [43].

Tal como mencionado anteriormente, a uni˜ao met´alica ´e criada pela ac¸c˜ao combinada do calor proveniente da fric¸c˜ao e pela deforma¸c˜ao mecˆanica devido `a ferramenta em constante rota¸c˜ao e transla¸c˜ao. A temperatura m´axima atingida durante o processo ´e na ordem dos 80 da temperatura de fus˜ao do material [6]. Por isso as temperaturas atingidas com a soldadura por fric¸c˜ao podem ser consideradas como moderadas, e em consequˆencia os efeitos que esta tem nas propriedades mecˆanicas das ligas de alum´ınio s˜ao reduzidos. De uma forma gen´erica pode-se dizer que nos processos convencionais de soldadura por fus˜ao normalmente encontra-se um defeito a cada 8, 4 m de cord˜ao, enquanto na soldadura por fric¸c˜ao existem relat´orios que afirmam a existˆencia de 2, 5 km de cord˜ao sem qualquer defeito. Tamb´em ´e relevante dizer que a inspec¸c˜ao das soldas ´e muito mais facilitada neste tipo de processo em compara¸c˜ao com os processos de soldadura convencionais.

A soldadura por fric¸c˜ao foi usada pela Eclipse Aviation para completar uma parte da montagem da cabine da aeronave Eclipse 500. A companhia defende que usa esta t´ecnica n˜ao s´o para a montagem da cabine da aeronave, como tamb´em noutras partes do avi˜ao inclusive nas asas e na fuselagem, num total de 136 metros de solda. Com a soldadura por fric¸c˜ao, a Eclipse afirma que cerca de 60 das liga¸c˜oes rebitadas necess´arias para a montagem da aeronave, foram eliminadas. Quando comparadas com as liga¸c˜oes rebitadas, a soldadura por fric¸c˜ao ´e vantajosa no que toca `a resistˆencia est´atica, sendo tamb´em importante referir que o comportamento `a fadiga ´e no m´ınimo equivalente ao do das liga¸c˜oes rebitadas. Relativamente `

as velocidades dos processos, na soldadura por fric¸c˜ao ´e poss´ıvel criarem-se juntas seis vezes mais r´apido, quando comparada com a rebitagem manual, e com liga¸c˜oes de melhor qualidade [39].

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2.2.3 Pain´eis com refor¸cos integrais

Os pain´eis com refor¸cos integrais, em inglˆes Integrally Stiffened Panel (ISP ) s˜ao estruturas produzidas num sistema de pe¸ca ´unica atrav´es de processos de extrus˜ao de ligas met´alicas de elevada resistˆencia (a¸cos e alum´ınios). Nalgumas utiliza¸c˜oes com comp´ositos avan¸cados, estes pain´eis podem ser produzidos ou constru´ıdos com combina¸c˜oes de v´arias camadas de material com espessuras diferentes. Resumindo, em ambos os casos (ligas met´alicas e comp´ositos), estas estruturas formam uma ´unica pe¸ca cont´ınua sem qualquer outro tipo de conex˜oes mecˆanicas entre as placas [59].

O processo de extrus˜ao de estruturas refor¸cadas pode ser utilizado na obten¸c˜ao de pain´eis planos ou curvos, com elementos de refor¸co com sec¸c˜oes geom´etricas complexas. Numa aero-nave, onde o peso ´e sempre um problema cr´ıtico, estruturas com refor¸cos integrais podem ser alternativas eficazes na redu¸c˜ao do peso dos pain´eis obtidos, sem comprometer a resistˆencia das estruturas. Por exemplo, no caso dos tanques de combust´ıvel das asas e zonas de fuselagem pressurizadas da cabine de voo que normalmente originam problemas de veda¸c˜ao e isolamento quando s˜ao utilizados rebites, podem ser melhoradas com a utiliza¸c˜ao de pain´eis integralmente refor¸cados obtidos por extrus˜ao.

Podem ser enumeradas outras vantagens dos pain´eis com refor¸cos integrais sobre os pain´eis com liga¸c˜oes rebitadas, como por exemplo: aumento de hidrodinˆamica do avi˜ao gra¸cas a uma superf´ıcie exterior mais lisa e sem saliˆencias (cabe¸cas dos rebites), aumento da tolerˆancia `a compress˜ao dos refor¸cos com a exclus˜ao do uso de flanges ligadas.

J´a foram usadas estruturas com refor¸cos integrais nos mais variados componentes de constru¸c˜oes aeron´auticas. Aplica¸c˜oes como estruturas para alojar os motores, fuselagens de aeronaves e de m´ısseis, componentes dos trav˜oes de aterragem mas tamb´em em pain´eis curvos e planos, s˜ao bastantes comuns e utilizadas actualmente. No entanto, o uso de grandes pain´eis com refor¸cos integrais de baixo custo em ´areas onde a tolerˆancia ao dano ´e cr´ıtica como as fuselagens, ainda ´e inicial devido `a elevada complexidade, em termos de processo de fabrico, resultante do tamanho destas estruturas [10].

2.2.4 Modelos anal´ıticos e simula¸c˜ao num´erica

No seguimento da descri¸c˜ao gen´erica anterior sobre as estruturas refor¸cadas utilizadas na ind´ustria aeron´autica, e as caracter´ısticas mecˆanicas dos diferentes tipos de processos de uni˜ao, nesta sec¸c˜ao s˜ao descritos alguns dos principais trabalhos no que toca `a modela¸c˜ao anal´ıtica e num´erica desses elementos estruturais.

A ind´ustria aeron´autica e espacial tem um grande interesse na redu¸c˜ao de custos, melhoria do design, facilidade de manuten¸c˜ao, redu¸c˜ao de material, etc. Estes campos de interesse das ind´ustrias geraram o aparecimento de novas tecnologias para o desenvolvimento de pain´eis refor¸cados. Actualmente o interesse da ind´ustria da avia¸c˜ao est´a focado nos pain´eis refor¸cados integrais (ISP ) descritos anteriormente no mesmo sentido, verifica-se uma tendˆencia para substituir o uso das liga¸c˜oes rebitadas na montagem das fuselagem das aeronaves, a partir de pain´eis individuais em prol de t´ecnicas mais recentes, como a soldadura por fric¸c˜ao (FSW ), descrita na sec¸c˜ao anterior.

Actualmente, existe um grande n´umero de artigos e estudos sobre o comportamento de encurvadura nos pain´eis refor¸cados ou estruturas semelhantes, bem como sobre as v´arias tecnologias de liga¸c˜oes como a rebitagem e a soldadura por fric¸c˜ao. Por outro lado, obras cl´assicas como, por exemplo, Fl¨ugge [25], Pfl¨uger [47] e Timoshenko [55] providenciam uma

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perspectiva verificada e fundamental sobre a teoria das placas e cascas.

Bedair [12; 13] estudou o fen´omeno das cargas de encurvadura nos pain´eis com refor¸cos nas direc¸c˜oes transversais e axiais. No entanto, nos seus modelos Bedair considerou os re-for¸cos como estando ”colados”`as placas, quando na realidade esta condi¸c˜ao n˜ao ´e totalmente verdadeira. Para um estudo o mais pr´oximo poss´ıvel da realidade ´e necess´ario considerar nos modelos utilizados as diversas interac¸c˜oes entre os refor¸cos e as placas.

Domb et al. [24], por outro lado, estudaram o comportamento de pain´eis refor¸cados atrav´es de modelos onde os rebites eram idealizados como partes coladas do painel, assumindo assim uma conex˜ao cont´ınua entre a placa e os refor¸cos. M¨ocker et al. [37] realizaram an´alises num´ericas, a partir do programa Abaqus—, de como liga¸c˜oes rebitadas e liga¸c˜oes coladas influenciam o comportamento de p´os-encurvadura de estruturas comp´ositas, atrav´es da interface SIMULPAC (Simulation of Panels in Aircrafts), que foi desenvolvida a partir do c´odigo do Abaqus/CAE.

Um importante passo foi dado por Lynch et al. [35], quando estes estabeleceram modelos fi´aveis para o estudo da carga de encurvadura com diversos tipos de liga¸c˜oes entre as placas e os refor¸cos dos pain´eis refor¸cados, por meio de simula¸c˜oes num´ericas. Lynch e co-autores anal-isaram diferentes hip´oteses para a representa¸c˜ao a grande escala das liga¸c˜oes rebitadas, tendo sido estabelecidos uma s´erie de parˆametros e condi¸c˜oes a ter em conta no estudo de an´alises n˜ao-lineares dos comportamentos de encurvadura e de p´os-encurvadura dessas estruturas.

Heitmann e Horst [29] propuseram um modelo eficiente para a an´alise n˜ao-linear de pain´eis refor¸cados met´alicos, usados nas fuselagens das aeronaves. Foi proposto o uso de an´alises n˜ao-lineares mais eficientes computacionalmente com o uso de malhas menos refinadas nos pain´eis. Os resultados foram consideravelmente melhores quando comparados com an´alises n˜ao-lineares de malhas muito mais refinadas, an´alises essas mais dispendiosas a n´ıvel com-putacional.

Nesterenko [44] realizou um estudo comparativo da resistˆencia ao dano entre os pain´eis com refor¸cos integrais e pain´eis com liga¸c˜oes rebitadas. Nesterenko estudou v´arios tipos de geometrias de pain´eis e refor¸cos, geometrias essas presentes na frota aeron´autica russa.

Zadpoor et al. [60] elaboraram modelos de previs˜ao de ruptura de placas soldadas atrav´es do processo de soldadura por fric¸c˜ao. Apesar de nas uni˜oes resultantes da soldadura por fric¸c˜ao existirem trˆes zonas diferentes (zona central, zona afectada pelo calor e zona afectada termomecˆanicamente, vistas na sec¸c˜ao anterior), Zadpoor considerou a zona afectada pelo calor e a zona termomecˆanicamente afectada como uma s´o regi˜ao, tendo inclu´ıdo no modelo de elementos finitos apenas duas zonas com propriedades mecˆanicas distintas: a zona central (welded nugget ) e a zona afectada pelo calor (heat affected zone).

Genevois et al. [26] realizaram um estudo comparativo da uni˜ao termo-mecˆanica resul-tante da soldadura por fric¸c˜ao em v´arios tipos de ligas de alum´ınio. Foram estudadas as propriedades mecˆanicas das ligas de alum´ınios das s´eries 2024 T351, 2024 T6 e o alum´ınio 5251 O. Foram realizados testes experimentais e num´ericos destas liga¸c˜oes, durante diferentes condi¸c˜oes de carregamento.

Recentemente, Yoon et al. [58] estudaram a carga de encurvadura e o comportamento ap´os a encurvadura em pain´eis refor¸cados. Yoon e co-autores analisaram o comportamento de v´arios pain´eis refor¸cados integrais ligados entre si atrav´es do processo de soldadura por fric¸c˜ao, obtendo directrizes de projecto para a utiliza¸c˜ao de pain´eis integrais sujeitos a solicita¸c˜oes de compress˜ao, em regime elasto-pl´asticos e est´atico. Foram estabelecidos por estes importantes crit´erios a ter em conta neste tipo de estudo tal como as propriedades das diferentes zonas resultantes da solda.

(26)

No seguimento do trabalho anterior, Caseiro et al. [21] desenvolveram uma metodologia para a optimiza¸c˜ao da forma geom´etrica das zonas do refor¸co a serem utilizadas em pain´eis refor¸cados integrais, de maneira a maximizar a carga limite de encurvadura e minimizar o peso dos pain´eis. Nos modelos por elementos finitos utilizados, foi considerada a encurvadura em regime elasto-pl´astico, cujo comportamento para sec¸c˜oes resistentes com geometria complexa ´e de dif´ıcil concretiza¸c˜ao por meio de metodologias anal´ıticas [21].

2.3

Encurvadura

Quando uma estrutura (normalmente sujeita a compress˜ao) sofre grandes deforma¸c˜oes vis´ıveis transversais `a aplica¸c˜ao da carga, diz-se que esta sofreu encurvadura (figura 2.6). Para cargas pequenas este comportamento n˜ao-linear geom´etrico ´e el´astico, dado que as de-forma¸c˜oes de encurvadura desaparecem quando a carga ´e removida. A encurvadura local de placas ou cascas pode, no entanto, ser seguida de crescimento de fendas, rugas e protu-berˆancias (deforma¸c˜oes permanentes em regime pl´astico). Ainda que ocorra dentro dos limites da linearidade do material (regime el´astico), a encurvadura representa, frequentemente, um fen´omeno dr´astico e muitas vezes catastr´ofico.

Figura 2.6: Modo de rotura por encurvadura localizada [42].

Dessa forma, e de uma maneira gen´erica a encurvadura pode ocorrer de duas maneiras: ˆ Est´avel - quando as deforma¸c˜oes aumentam de forma controlada com o aumento das

cargas aplicadas na estrutura, sendo a capacidade da estrutura em suster cargas man-tida.

(27)

ˆ Inst´avel - quando as deforma¸c˜oes aumentam instantaneamente, enquanto que a ca-pacidade de absor¸c˜ao de cargas da estrutura diminui bruscamente levando `a ru´ına da estrutura.

A resposta de uma estrutura, ou seja, a carga com que a estrutura se aproxima do valor cr´ıtico te´orico, depende da presen¸ca ou ausˆencia de estabilidade do pr´oprio estado cr´ıtico. A carga real de encurvadura pode ser menor que o valor te´orico calculado analiticamente, devido a imperfei¸c˜oes na estrutura real. O aumento desta discrepˆancia depende do tamanho e forma, de diferen¸cas inevit´aveis que podem existir entre o modelo f´ısico real e do modelo de c´alculo anal´ıtico. Quando a encurvadura ´e est´avel, a estrutura pode ser sujeita a cargas superiores ao valor da carga de encurvadura, sem efeitos negativos de p´os-encurvadura.

A mudan¸ca de forma de uma estrutura durante a encurvadura ´e muito pronunciada e geral-mente ocorre sem qualquer tipo de aviso. Uma caracter´ıstica importante da encurvadura ´e que mesmo em an´alises experimentais minuciosamente monitorizadas, o seu in´ıcio ´e de dif´ıcil previs˜ao. As formula¸c˜oes das equa¸c˜oes que prevˆeem o ponto da deforma¸c˜ao em que a encur-vadura come¸ca, o chamado estado neutro, estado cr´ıtico ou estado inicial da encurencur-vadura, apareceram na teoria da elasticidade no in´ıcio do s´ec. XX [24].

Inicialmente, pensava-se que a carga de encurvadura depois de determinada, era a ´ultima carga que o sistema suportava antes de entrar em ruptura mas mais tarde, esta hip´otese revelou-se estar incorrecta [45]. Foi poss´ıvel observar que uma estrutura quando entra em encurvadura ´e capaz de continuar a absorver esfor¸cos que sejam aplicados a ela. Isto ´e uma caracter´ıstica bastante importante da encurvadura que deve ser considerada aquando do desenho e constru¸c˜ao das estruturas.

Actualmente, est˜ao a ser desenvolvidos softwares que usam o M´etodo dos Elementos Finitos (MEF) para melhorarem a exactid˜ao e a fiabilidade das an´alises emp´ıricas ou semi-emp´ıricas dos fen´omenos de encurvadura ou p´os-encurvadura de pain´eis refor¸cados. No en-tanto, o tempo despendido nestas an´alises e na modela¸c˜ao das estruturas ainda ´e relativa-mente elevado no entanto, em compara¸c˜ao com as an´alises anal´ıticas, obtˆeem-se resultados relativamente mais pr´oximos do valor real [34; 41; 24].

2.3.1 Imperfei¸c˜oes

As estruturas s˜ao projectadas de acordo com certas especifica¸c˜oes, ainda que essas especi-fica¸c˜oes (ou pressupostos) possam n˜ao ser respeitados por completo em condi¸c˜oes reais [51]. Al´em das imprevis´ıveis diferen¸cas geom´etricas entre a forma projectada e a forma real das es-truturas, as imperfei¸c˜oes geom´etricas, as excentricidades nos pontos de aplica¸c˜ao das cargas, as tens˜oes residuais nas juntas soldadas ou a delaminagem entre as camadas das estruturas comp´ositas s˜ao todas exemplos de imperfei¸c˜oes iniciais nas estruturas.

Para que se obtenha uma boa correla¸c˜ao entre o valor te´orico da carga de encurvadura e o valor obtido atrav´es de ensaios experimentais, ´e necess´ario ter em conta (tanto quanto poss´ıvel) os efeitos que as imperfei¸c˜oes provocam no comportamento das estruturas. ´E conhe-cido tamb´em que o grau com que as imperfei¸c˜oes iniciais da estrutura afectam o valor m´aximo de carga que a estrutura pode suportar depende da combina¸c˜ao entre a carga externa a que a estrutura fica sujeita e da sua pr´opria geometria. Em alguns casos, a carga de encurvadura n˜ao ´e necessariamente a carga m´axima que a estrutura pode suportar.

Para placas finas isotr´opicas sujeitas a carregamentos axiais, o papel das imperfei¸c˜oes iniciais ´e t˜ao importante que por vezes em muitas aplica¸c˜oes pr´aticas, apenas ´e atingida uma

(28)

frac¸c˜ao da carga de encurvadura de uma placa fina perfeita. Os resultados experimentais dispon´ıveis s˜ao comparados com as previs˜oes te´oricas da teoria cl´assica da estabilidade linear e, a curva emp´ırica lower-bound ou o chamado factor knock-down, pode ser t˜ao baixo como 20 para placas usadas em aplica¸c˜oes aeroespaciais.

Nas ´ultimas d´ecadas foi defendido que grande parte deste factor knock-down dependia directamente das imperfei¸c˜oes iniciais da estrutura, e que uma pequena parte dependia de factores como varia¸c˜oes de espessura, comportamento pl´astico e defini¸c˜oes incorrectas das condi¸c˜oes de fronteira [50]. Babcock num trabalho de 1972 [11] chega `a conclus˜ao que ”o problema mais importante com que o investigador pode ser confrontado ´e o da influˆencia das imperfei¸c˜oes iniciais nas cargas de encurvadura obtidas experimentalmente”. Apesar de ter havido algum progresso no campo da an´alise e da medi¸c˜ao da carga de encurvadura, esse pressuposto continua actual, nomeadamente no que toca a um fen´omeno com caracter´ısticas t˜ao transit´orias e dr´asticas como ´e a encurvadura.

A importˆancia das imperfei¸c˜oes nas estruturas para a an´alise da carga de encurvadura, foi aumentando ao longo dos anos, sendo que foi nos finais da d´ecada de setenta que se testemunhou uma importante mudan¸ca nos ensaios de encurvadura em placas, devido ao aparecimento dos m´etodos computacionais. Foi neste ponto que a medi¸c˜ao das imperfei¸c˜oes geom´etricas das estruturas aumentou consideravelmente [50].

2.3.2 Condi¸c˜oes Fronteira e de Carregamento

Para a defini¸c˜ao correcta de uma estrutura ´e necess´ario o conhecimento das condi¸c˜oes a que a mesma est´a sujeita, seja em termos de condi¸c˜oes de fronteira seja em termos dos carregamentos a que est´a sujeita. Alternando o tipo de condi¸c˜oes de fronteira ao longo das extremidades da estrutura, podem ser obtidos resultados completamente diferentes no que toca aos modos de encurvadura, (figura 2.7).

Na figura 2.7(a) n˜ao existe nenhum apoio nas arestas que n˜ao est˜ao sujeitas a carrega-mento. Na figura 2.7(b) uma das arestas que n˜ao est´a sujeita a carregamento tem um apoio simples e, por fim, na figura 2.7(c) existe apoios simples nas duas arestas n˜ao sujeitas a carre-gamento da estrutura [50]. Nesta Disserta¸c˜ao ´e o ´ultimo caso, ou seja, o caso representado na figura 2.7(a), que representa melhor as condi¸c˜oes fronteira dos problemas estudados, dado que ´e nestas condi¸c˜oes que vai ser estudado o comportamento das estruturas desta Disserta¸c˜ao.

A partir destas considera¸c˜oes, a carga cr´ıtica (anal´ıtica) de encurvadura pode ser obtida a partir da equa¸c˜ao 2.1 retirada de [17].

σcr = π2kcE 12 (1− ν2 e) ( t b )2 (2.1)

Nesta equa¸c˜ao, kc ´e o coeficiente de encurvadura que depende das condi¸c˜oes fronteira e

da raz˜ao (a/b), entre o comprimento e a largura da placa, E ´e o m´odulo de elasticidade, νe

coeficiente de Poisson, b ´e a dimens˜ao mais pequena (largura) da placa (lado carregado) e t ´e a sua espessura. O factor kc ´e a fun¸c˜ao das condi¸c˜oes de contorno da placa e ´e obtido a partir

do gr´afico apresentado na figura 2.8.

2.3.3 Comportamento de p´os-encurvadura de placas

Quando uma placa fina el´astica inicia o comportamento de encurvadura, n˜ao quer dizer necessariamente que isso vai resultar na fractura da placa. Uma placa em encurvadura pode

(29)

(a) Comportamento de viga.

(b) Comportamento de flange.

(c) Comportamento de placa.

(30)

Figura 2.8: Coeficientes de encurvadura, fun¸c˜ao das condi¸c˜oes de contorno para placas planas rectangulares, adaptado de [17].

permanecer est´avel, desde que possua elementos de refor¸co e, pode nessa situa¸c˜ao suportar cargas bem acima do limite el´astico de encurvadura sem que origine uma deflex˜ao excessiva. As distribui¸c˜oes das tens˜oes de p´os-encurvadura e a maneira como as superf´ıcies se deformam, dependem das condi¸c˜oes de fronteira a que as arestas da placa est˜ao sujeitas. Podem ser enunciados dois casos diferentes, representados na figura 2.9.

ˆ os lados da placa que n˜ao s˜ao sujeitos a esfor¸cos de carregamento s˜ao livres de se moverem horizontalmente mas s˜ao ”for¸cados” a n˜ao oscilarem.

ˆ os lados da placa que n˜ao s˜ao sujeitos a esfor¸cos de carregamento s˜ao livres de se moverem horizontalmente.

Pode ser desenhado um gr´afico, figura 2.10, que representa a rela¸c˜ao entre σav/σcr e

εav/εcr, revelando assim a altera¸c˜ao no m´odulo el´astico quando a placa come¸ca a entrar

no comportamento de p´os-encurvadura. De notar que σcr representa a tens˜ao cr´ıtica, σav

a tens˜ao m´edia ap´os a encurvadura, εcr a deforma¸c˜ao longitudinal imediatamente antes da

encurvadura e εav a deforma¸c˜ao longitudinal m´edia depois da encurvadura.

O m´odulo de elasticidade de p´os-encurvadura aparente, na figura 2.10 representado por E∗, ´e significativo e ´e cerca de 0, 4E para uma placa com os lados com oscila¸c˜ao livre, 0, 5E para placas com os lados rectos (sem oscila¸c˜ao) com movimento livre e cerca de 0, 75E para placas com os lados rectos e restri¸c˜oes de movimento. Tendo estes factores em conta, n˜ao ´e incomum encontrar placas refor¸cadas que foram projectadas para actuarem na faixa de p´os-encurvadura. As ´unicas desvantagens deste facto s˜ao as vis´ıveis deforma¸c˜oes derivadas da encurvadura e a pequena redu¸c˜ao na resistˆencia da placa quando sujeita a novos esfor¸cos [55; 18].

(31)

Figura 2.9: Distribui¸c˜ao das tens˜oes de p´os-encurvadura para diferentes condi¸c˜oes fronteira, adaptado de [19].

(32)

2.4

Materiais: o Alum´ınio

2.4.1 Introdu¸c˜ao

O alum´ınio puro ´e d´uctil e n˜ao apresenta uma elevada resistˆencia mecˆanica, mas no entanto pode ser ligado com outros elementos para aumentar essa resistˆencia e melhorar algumas propriedades f´ısicas [8].

A sua produ¸c˜ao aumentou rapidamente nos ´ultimos anos, de 5700 toneladas por ano no in´ıcio do s´eculo XIX, para o n´ıvel actual de cerca de 25 milh˜oes de toneladas anuais. Trata-se de um aumento dr´astico nos ´ultimos 50 anos que se prevˆe continuar nos pr´oximos tempos [23]. Na figura 2.11 ´e apresentada a produ¸c˜ao mundial de alum´ınio em 2005.

Figura 2.11: Produ¸c˜ao mundial de alum´ınio em 2005.

A elevada utiliza¸c˜ao do alum´ınio deve-se principalmente `a sua versatilidade, onde ´e poss´ıvel enumerar as seguintes vantagens:

ˆ elevada ductibilidade; ˆ resistˆencia `a corros˜ao;

ˆ possibilidade de soldadura, rebitagem, colagem e outros m´etodos de uni˜ao;

ˆ possibilidade de altera¸c˜ao, consoante os elementos da liga envolvidos, da sua ductibili-dade e resistˆencia mecˆanica;

ˆ elevada formabilidade; ˆ reduzida massa espec´ıfica;

ˆ relativamente pouco t´oxico quando comparado com metais pesados; ˆ bom condutor de calor e de electricidade.

(33)

2.4.2 Areas de aplica¸´ c˜ao

Em termos de volume de produ¸c˜ao, 5.8 milh˜oes de toneladas de produtos semi-acabados de alum´ınio foram produzidos na Europa em 1998 [23]. O alum´ınio possu´ı diversas aplica¸c˜oes hoje em dia em ´areas distintas como:

ˆ autom´ovel; ˆ transporte; ˆ embalagens; ˆ constru¸c˜ao.

Durante muitos anos, uma das ind´ustrias que mais recorre ao uso do alum´ınio ´e a ind´ustria dos transportes, sendo que parte desse consumo ´e aplicado ao fabrico de autom´oveis. Pelas combina¸c˜ao das suas propriedades, o alum´ınio ´e de igual modo bastante utilizado em embala-gens met´alicas dada salvaguarda da qualidade do produto neste tipo de embalagem de modo a poder ser utilizada e transportada `a escala global.

Mesmo na constru¸c˜ao, o alum´ınio ´e bastante utilizado em aplica¸c˜oes como portas, janelas, equipamentos de ventila¸c˜ao e aquecimento, entre outras (figura 2.12). As suas qualidades mecˆanicas e est´eticas fazem do alum´ınio uma excelente op¸c˜ao a este n´ıvel.

De uma forma geral, a grande aceita¸c˜ao da utiliza¸c˜ao das ligas de alum´ınio em ´areas t˜ao distintas deve-se a uma combina¸c˜ao ´unica de resistˆencia mecˆanica e peso, resistˆencia `a corros˜ao, excelente reciclagem, maior seguran¸ca e flexibilidade de design [3].

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