• Nenhum resultado encontrado

O mercado de trabalho brasileiro para os economistas

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O mercado de trabalho brasileiro para os economistas"

Copied!
81
0
0

Texto

(1)

Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC  Centro Socioeconômico - CSE 

Departamento de Economia e Relações Internacionais                           

Julio Machado Pontes   

O MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO PARA OS ECONOMISTAS                                        Florianópolis  2020 

(2)

Julio Machado Pontes               

 

O MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO PARA OS ECONOMISTAS   

   

    Trabalho Conclusão do Curso de Graduação em 

Ciências Econômicas do Centro Socioeconômico  da Universidade Federal de Santa Catarina como 

requisito para a obtenção do Título de Bacharel em        Ciências Econômicas 

Orientador: 

Prof. Dr. Francis Carlo Petterini Lourenço 

                                    Florianópolis  2020 

(3)

                                           

(4)

Julio Machado Pontes   

O MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO PARA OS ECONOMISTAS 

   

Florianópolis, 15 de julho de 2020   

O presente Trabalho de Conclusão de Curso foi avaliado e aprovado pela banca  examinadora composta pelos seguintes membros: 

  

________________________  Prof. Dr. Helberte João França Almeida  Universidade Federal de Santa Catarina 

   

________________________  Prof. Akauã Flores Arroyo  Universidade Federal de Santa Catarina 

 

 

Certifico que esta é a versão original e final do Trabalho de Conclusão de Curso que        foi julgado adequado para obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas por mim e        pelos demais membros da banca examinadora. 

   

________________________  Prof. Dr. Francis Carlo Petterini Lourenço 

Orientador 

Universidade Federal de Santa Catarina 

     

(5)

AGRADECIMENTOS   

Agradeço aos meus pais e demais familiares, meus amigos, orientador e demais  professores da Universidade Federal de Santa Catarina.  

(6)

Resumo   

O presente estudo busca apresentar a profissão do economista e a sua inserção no mercado de  trabalho brasileiro no período que compreende os anos entre 2006 e 2018. Para tanto, o estudo  contempla a análise dos dados registrados na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS).  O objetivo da utilização dos dados é fornecer uma análise descritiva do mercado de trabalho  brasileiro no período supracitado, com o foco na descrição da atuação e inserção dos 

economistas. O estudo se debruça sobre um dos períodos de maior dinamismo do mercado de  trabalho brasileiro. A partir de 2004 o mercado de trabalho, puxado pelas boas condições  econômicas apresentadas pelo país, se recupera de um período de altas taxas de desemprego e  passa a apresentar um comportamento virtuoso, com aumento das taxas de emprego, 

formalização de trabalho e elevação dos rendimentos reais dos trabalhadores. Porém, a partir  de 2015 já é possível notar a reversão desse cenário favorável no mercado de trabalho 

brasileiro. Assim, os anos que encerram o período compreendido por esse estudo mostram os  impactos negativos do cenário econômico mais amplo no mercado de trabalho e como esse  impacto se deu também para os profissionais da área de economia.  

 

Palavras-chave: mercado de trabalho; economista; economia brasileira; emprego e renda.   

(7)

Abstract   

The present study aims to present the economist's profession and his insertion in the Brazilian  labor market in the period between 2006 and 2018. To this end, the study contemplates the  analysis of data recorded in the Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). The purpose  of using the data is to provide a descriptive analysis of the Brazilian labor market in the  mentioned period, with a focus on describing the performance and insertion of economists.  The study looks at one of the most dynamic periods in the Brazilian labor market. As of 2004,  the labor market, pulled by the good economic conditions presented by the country, is 

recovering from a period of high unemployment rates and starts to show a virtuous behavior,  with an increase in employment rates, formalization of work and increase income. However,  about 2015 it is already possible to notice the reversal of this favorable scenario in the  Brazilian labor market. Thus, the years that end the period comprised by this study show the  negative impacts of the broader economic scenario on the labor market and how this impact  also affected professionals in the area of economics. 

 

Keywords: labor market; economists ; brazilian economy; labor and income. 

(8)

SUMÁRIO 

1. INTRODUÇÃO ………. 9 

1.1 Tema e problema de pesquisa……….... 9 

1.2 Objetivos ………. 10  1.2.1 Objetivo Geral ……….. 11  1.2.2 Objetivos Específicos………... 11  1.3 Justificativa……….. 11  1.4 Metodologia ……… 12  2. REFERENCIAL TEÓRICO……….. 16 

2.1 O mercado de trabalho no Brasil………. 16 

2.2 As matrizes do ensino e da profissão de economista no Brasil………... 25 

2.3 A profissão economista………... 26 

2.4 Dados sobre mercado de trabalho no Brasil……….... 28 

2.5 Entrada no mercado de trabalho e resultados de longo prazo para economistas ……….... 30 

3. APRESENTAÇÃO DAS ANÁLISES DOS DADOS DA RAIS ……….. 32 

3.1 Os dados da RAIS de acordo com Brasil, as regiões naturais e entidades federativas…... 32 

3.2 Os dados da RAIS de acordo com os setores de atividades econômicas……….... 49 

3.3 Análise comparativa entre Brasil, região sul e os estados de Santa Catarina e São Paulo . 56  4. CONCLUSÃO ………. 63 

REFERÊNCIAS ……….. 66 

APÊNDICE……….. 69    

(9)

1. INTRODUÇÃO 

1.1 Tema e problema de pesquisa   

A reativação do mercado de trabalho foi um dos principais determinantes da relativa        melhora na condição socioeconômica da população brasileira, desde que o prolongado boom        internacional de commodities passou a favorecer o desempenho econômico dos países em        desenvolvimento dotados de recursos naturais (BALTAR, 2015). No Brasil, um crescimento        do produto interno bruto (PIB) mais vigoroso e com inflação mais baixa, a partir de 2004,        aumentou a geração de empregos assalariados, contribuiu para a formalização dos contratos        de trabalho e elevou o poder de compra, diminuindo as diferenças de renda entre os        trabalhadores. 

A segunda década do século XXI caminha para o fim e podemos afirmar que esses 20        anos foram de intensas transformações para o mercado de trabalho brasileiro. Nesse sentido, a        taxa de desemprego, amplamente discutida na mídia e na academia é certamente um dos        indicadores ideais para ilustrar essas transformações do mercado de trabalho brasileiro. A taxa        de desemprego foi aferida pela Pesquisa Mensal do Emprego do Instituto Brasileiro de        Geografia e Estatística (PME/IBGE) até o ano de 2016, quando foi substituída pela Pesquisa        Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Considerando especificamente o período entre        2006 e 2018, período considerado no presente estudo, a taxa de desemprego oscilou        fortemente. Em 2006, 10,0% da população economicamente ativa (PEA) brasileira se        encontrava em situação de desemprego. Em 2014, esse indicador caiu para apenas 4,8%, a        menor medida anual histórica de acordo com os dados da atual metodologia iniciada em        março de 2002. Mas apenas três anos depois, já em 2017, foi registrado que 12,8% da PEA no        Brasil se encontrava desempregada, o maior valor encontrado durante o período do estudo.   

O gráfico 1 apresenta a evolução da taxa de desemprego ano a ano no Brasil entre        2004 e 2018. É interessante notar que a taxa de desemprego caiu quase que continuamente        entre 2004 e 2014. Após 2014, a taxa de desemprego sobe aceleradamente e, em apenas três        anos, supera o patamar observado em 2004, o maior observado nesta série histórica        apresentada. Portanto, as melhoras no mercado de trabalho entre 2004 e 2014, em termos da        taxa de desemprego, foram revertidas muito rapidamente, o que indica um dinamismo muito        forte do mercado de trabalho brasileiro neste início de século XXI. 

(10)

 

Gráfico 1 – Evolução da taxa de desemprego anual no Brasil entre 2004 e 2018 (%) 

  Fonte: Elaboração própria com dados da PME (IBGE) até 2016 e dados da PNAD após 2016 

 

Tendo em vista as rápidas transformações do mercado de trabalho brasileiro no        período supracitado e a importância do tema para a realidade do país, o presente estudo        voltará o foco para o mercado de trabalho brasileiro para os profissionais que trabalham na        área de economia. Tal recorte permitirá comparar o mercado de trabalho para esses        profissionais em relação à perspectiva geral do mercado de trabalho brasileiro. Com efeito,        deseja-se entender como os profissionais de economia estão colocados no mercado de        trabalho brasileiro entre 2006 e 2018.  

Dada a ampla inserção desses profissionais em diversos setores da economia        justifica-se também a observação e análise desses diversos setores, em termos de número        postos de trabalho, distribuição por setor da economia, remuneração e distribuição geográfica,        dentre outros fatores. 

Ao fim, o que se pretende é a apresentação de um panorama da situação do mercado        de trabalho brasileiro para os economistas no período entre 2006 e 2018.  

1.2 Objetivos   

(11)

1.2.1 Objetivo Geral   

Analisar o mercado de trabalho brasileiro para os economistas entre 2006 e 2018,        apresentando uma análise descritiva a partir de dados da Relação Anual de Informações        Sociais (RAIS). 

1.2.2 Objetivos Específicos   

a) Apresentar dados sobre o mercado de trabalho dos economistas no Brasil entre        2006 e 2018; 

b) Analisar os dados da RAIS e descrever a inserção dos economistas no mercado de        trabalho do Brasil nos diversos setores da economia, em termos de nível de        ocupação, remuneração e outros fatores; 

c) Comparar os resultados para diferentes recortes da distribuição geográfica do        Brasil; 

d) Propor apontamentos para as tendências observadas durante as etapas anteriores.  1.3 Justificativa 

 

A pesquisa tem relevância ao mostrar a realidade do mercado de trabalho brasileiro        para os economistas, com dados atualizados e em um período de muitas transformações na        economia brasileira. 

Dada a opção de o presente estudo utilizar os dados dos empregos relativos à área de        atuação dos economistas, será possível observar se o mercado de trabalho para esses        profissionais se comportou de maneira semelhante ao mercado de trabalho como um todo e se        há comportamentos diferentes nas regiões e nos estados brasileiros, bem como nos diversos        setores de atividade econômica. 

A utilização dos dados da RAIS é justificada pela confiabilidade e importância dessa        fonte de dados, como será apontado mais adiante na seção de revisão bibliográfica.  

(12)

1.4 Metodologia   

O método científico é a ferramenta que diferencia as mais diversas formas de saber -        tradicional, religioso e muitos outros – do saber científico. Lakatos e Marconi (2007) afirmam        que não há ciência sem a aplicação do método científico, mas salientando que a utilização do        método não é exclusivo da ciência. 

O método científico, por sua vez, deriva de um tipo de pensamento específico, que se        diferencia das demais formas de pensamento por ser resultado de um esforço intelectual        deliberado e direcionado. A esse pensamento segue a realização de uma série de        procedimentos experimentais baseados em técnicas pertinentes ao campo de estudo, com o        objetivo de gerar um conhecimento objetivo sobre os fenômenos (DIETERICH, 1999). 

O presente estudo, calcado no método científico, tem como objetivo descrever a        situação do mercado de trabalho brasileiro para economistas. Para tanto, o estudo utiliza como        recurso metodológico a análise estatística dos dados provenientes da Relação Anual de        Informações Sociais (RAIS), disponibilizado pelo Ministério da Economia do Brasil. A RAIS,        segundo o site do próprio Ministério da Economia (BRASIL, 2019) é uma das mais ricas        fontes de dados sobre empregos no Brasil e tem como objetivo: 

● fornecer informações relevantes para a gestão e o controle da atividade trabalhista        no país; 

● o provimento de dados para a elaboração de estatísticas do trabalho.   

Após a coleta, seguirá a tabulação dos dados da RAIS. A tabulação levará em conta        somente os dados relacionados à profissão de economista. Para realizar essa segmentação,        será utilizado como referência a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). A CBO foi        instituída em 2002 pela portaria ministerial nº. 397, de 9 de outubro, segundo o Ministério da        Economia (BRASIL, 2002). Essa classificação tem como objetivo identificar as ocupações no        mercado de trabalho brasileiro, para fins de classificação e uniformização junto aos registros        administrativos, não se estendendo esses efeitos às relações de trabalho.  

A CBO é uma composição de uma série de números, cada uma deles indicando um        grupo de ocupações. Os economistas estão agrupados sob a CBO número 2512, que se divide        ainda em outros subgrupos, identificados pelos dígitos que seguem a CBO. O quadro 1       

(13)

apresenta os números de CBO que compõem o grande grupo de economistas e as respectivas        ocupações. 

 

Quadro 1 - Número de CBO e as respectivas ocupações de economistas 

CBO  Ocupação 

2512-05  Analista de economia internacional 

2512-05  Analista de estudos econômicos 

2512-05  Analista de mercado de trabalho (economista)  2512-05  Analista de mercado e produtos (economista) 

2512-05  Analista de mercado internacional 

2512-05  Analista de mercadologia (economista) 

2512-05  Analista econômico  2512-05  Árbitro econômico  2512-05  Mediador econômico  2512-05  Perito econômico  2512-05  Pesquisador econômico  2512-10  Economista agroindustrial  2512-15  Economista financeiro  2512-20  Economista industrial 

2512-25  Economista do setor público 

2512-30  Economista ambiental 

2512-35  Economista regional e urbano 

Fonte: Ministério da Economia, 2002   

Para a realização da análise dos dados relativos à profissão economista, foram        considerados somente os vínculos ativos no mês de dezembro no ano da declaração. 

Com os dados tabulados e contendo apenas as informações relativas aos economistas        com vínculos ativos, proceder-se-á a realização de uma série de análises estatísticas de cunho        descritivo, ou seja, com o objetivo de resumir, sumarizar e explorar os dados.  

O presente estudo descreve o mercado de trabalho brasileiro para os economistas a        partir de duas métricas principais - a quantidade de profissionais e a remuneração média - em        diversos recortes, sendo as principais divisões as seguintes: regiões naturais do Brasil,        unidades federativas (estados e o Distrito federal) e os setores de atividade econômica, como        definidas pelo IBGE. 

(14)

O resultado da análise dos dados da RAIS é apresentado através de gráficos, tabelas de        frequência absoluta e relativa, medidas de resumo numérico e outros instrumentos para        visualização. 

Dada a natureza da análise dos dados do presente estudo, pode-se considerá-lo como        pertencente à categoria das pesquisas descritivas. De acordo com Lakatos e Marconi (2007),        existem três tipos de pesquisas científicas com objetivos diferentes: pesquisa exploratória,        descritiva e experimental. Esses três tipos de pesquisa estão explicadas no quadro 2. 

 

Quadro 2 - Tipos de pesquisa e as suas definições 

  Pesquisa exploratória  Pesquisa descritiva  Pesquisa explicativa 

Definição 

Procura explorar um problema,  de modo a fornecer  informações para uma  investigação mais precisa, 

visando uma maior  proximidade com o tema, que  pode ser construído com base 

em hipóteses ou intuições 

Visa descrever o  comportamento de um  determinado fenômeno. 

Para isso, é feita uma  análise minuciosa e  descritiva do objeto de  estudo Esse tipo pesquisa  requer a não interferência 

do pesquisador 

Pesquisa para conectar as  ideias e fatores  identificados para  compreender as causas e 

efeitos de determinado  fenômeno. É o tipo de  pesquisa com a qual os 

pesquisadores tentam  explicar o que está 

acontecendo  Objetivo  Descobrir ideias e pensamentos  Descrever características e funções  Compreender relações de causa e efeito 

Processo  Não-estruturado  Estruturado  Estruturado 

Dados  Qualitativo e quantitativo  Quantitativo  Quantitativo  Fontes 

de dados 

Pesquisas bibliográficas e  estudos de caso (qualitativos) 

e bases de dados  (quantitativos) 

Apesar de também  investirem na coleta e no 

levantamento de dados  qualitativos, utiliza-se  principalmente dados  quantitativos  Baseada em métodos  experimentais  Fonte: Elaboração própria a partir de Lakatos e Marconi (2007) 

 

Considerando que esse estudo classifica-se como uma pesquisa descritiva, vale        conceituar essa modalidade de pesquisa científica um pouco mais aprofundadamente.        Segundo Gil (1999), as pesquisas descritivas têm como objetivo a descrição das        características de determinada população ou fenômeno, o estabelecimento de relações entre        variáveis observadas durante a pesquisa e a definição da natureza da população ou fenômeno        descrito, sem, necessariamente, explicá-los.  

(15)

Ainda segundo Gil (1999) são inúmeros os estudos que podem ser classificados sob        este título e uma de suas características mais significativas aparece na utilização de técnicas        padronizadas de coleta de dados.  

(16)

2. REFERENCIAL TEÓRICO  2.1 O mercado de trabalho no Brasil   

Os anos iniciais do século XXI foram marcados por intensas transformações no        mercado de trabalho brasileiro. Para entender essas transformações e analisar a dinâmica do        mercado de trabalho brasileiro é fundamental considerar o contexto econômico mais amplo do        país em questão. É fundamental salientar também que, por características inerentes ao        mercado de trabalho, há uma defasagem temporal considerável entre os eventos no contexto        econômico mais amplo e as suas consequências no mercado de trabalho. Portanto, o        entendimento da situação do mercado de trabalho brasileiro no período analisado por esse        estudo requer uma breve análise do contexto econômico geral, ainda que sem maiores        aprofundamentos, dadas as limitações do presente estudo.  

Os anos 2000, em termos do funcionamento da economia como um todo, começam        seguindo a trajetória iniciada em 1998: baixo crescimento, alta inflação e mercado de trabalho        desaquecido. Entre 2001 e 2003, a economia brasileira apresentou o seu melhor desempenho        - em termos de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) - no ano de 2002, quando o        crescimento observado do PIB foi de 2,7% em relação ao ano anterior (DIEESE, 2012). A        magnitude desse crescimento pode ser considerada pouco significativa. Nesse período, a        criação de empregos foi inferior às necessidades da força de trabalho brasileira. Esse cenário        de baixo crescimento da produção econômica e também da criação de postos de trabalho        perdurou até 2004, ano a partir do qual a expansão da economia brasileira como um todo        puxou o mercado de trabalho para também apresentar resultados positivos.   

De acordo com Baltar (2015), a partir de 2004 o Brasil teve um significativo        crescimento do Produto Interno Bruto e índices de inflação que permaneceram em baixa até o        segundo semestre daquele ano. O ano de 2004 registrou um crescimento de 5,7% do PIB em        relação ao ano anterior, bem como a elevação em 4,3% do PIB per capita (DIEESE, 2012).        Entre os anos de 2005 e 2008, o Brasil continuou em um ritmo de forte expansão econômica,        puxado principalmente pelas exportações de commodities. O Brasil viu o seu PIB crescer        3,2%, 4,0%, 6,1% e 5,2% nos anos de 2005, 2006, 2007 e 2008, respectivamente.  

(17)

De acordo com o DIEESE (2012, p.11),   

é nítida, ao longo da década passada, a correlação entre crescimento do PIB e        expansão dos empregos. É possível dividir a maior parte da primeira década do        século XXI, do ponto de vista da relação entre crescimento e emprego, em dois        momentos: o primeiro, entre 2001 e 2003, em que o aumento médio do PIB foi de        1,7%, e o crescimento total do emprego formal foi de 12,6%, o que significa uma        expansão média anual de 4,2%; o segundo, entre 2004 e 2008, período em que o PIB        cresceu em média 4,7%, o emprego formal aumentou 33,5%, e o crescimento médio        anual do emprego formal foi de 5,9%. 

 

O contexto econômico de crescimento acelerado do PIB entre 2004 e 2008 está,        portanto, intimamente ligado à expansão do mercado de trabalho brasileiro no período. E,        como veremos mais adiante, o desempenho do mercado de trabalho brasileiro não seria        abalado de forma profunda imediatamente após a crise internacional de 2008. 

Os ótimos desempenhos da economia e do mercado de trabalho brasileiro entre 2004 e        2008 estão ligados ao boom da demanda internacional e dos preços das commodities        observado no período, segundo Baltar (2015). De forma resumida e sem entrar em detalhes e        discussões de teorias econômicas, o crescimento das exportações brasileiras tornou mais        sólido o balanço de pagamentos entre 2004 e 2008, sendo um importante fator para o        crescimento do PIB - em uma economia que internamente tinha como objetivo a redução da        inflação e o controle do crédito através da taxa básica de juros. A intensificação do        crescimento do PIB observada, já a partir de 2004, e o aquecimento da atividade econômica        como um todo levaram à valorização da moeda nacional em relação ao dólar e à redução da        inflação, ambos fatores que estimulam o consumo e o investimento. A intensificação do        consumo e dos investimentos criam, ainda que não de forma totalmente independente e        autônoma, as condições favoráveis para o desenvolvimento do mercado de trabalho em muitas        das suas variáveis: emprego, formalização, renda. Dessa forma é que o crescimento do PIB        escorado na melhora da situação do balanço de pagamentos consegue influenciar positiva e        decisivamente o mercado de trabalho. 

Baltar afirma (2015, p. 20):   

em síntese, o boom internacional de commodities, a política macroeconômica        priorizando o controle da inflação por meio da contenção monetária e das altas taxas        de juros, a liberdade de movimento de capital e a liberdade para desenvolver e        operar o mercado de derivativos de câmbio marcaram tanto a retomada de        crescimento da economia, em 2004-2008, quanto o mercado de trabalho que este        crescimento comportou. Inicialmente, predominou a absorção externa na        determinação do crescimento do PIB, e foi muito elevada a elasticidade do emprego.       

(18)

A moeda nacional valorizou-se, e houve aceleração da absorção interna e        desaceleração da absorção externa. O PIB intensificou seu crescimento, mas o        crescimento do emprego não acompanhou o ritmo do produto, e acelerou-se o        aumento do PIB por pessoa ocupada. Tudo isto com uma taxa de investimento que,        embora aumentando, se manteve em um patamar relativamente baixo para as        circunstâncias de um auge de atividade da economia. 

 

Baltar (2015) atesta também que o período entre 2004 e 2008 teve como característica,        em relação ao mercado de trabalho, o intenso aumento do emprego formal. Em uma definição        simples, emprego formal é aquele em que o contrato de trabalho está sob o escopo da        legislação trabalhista e do sistema de Previdência Social brasileiro. O emprego formal já        apresentava um ritmo de crescimento acima do número total de pessoas ocupadas antes        mesmo da retomada do crescimento da economia como um todo. Mas essa diferença ganhou        mais vigor ainda após a retomada do crescimento a partir de 2004.  

Segundo Baltar (2015), a evolução da formalização do trabalho no Brasil no período        entre 2004 e 2008 deve ser entendida sob a luz do que aconteceu na economia brasileira ao        longo da década de 1990, principalmente em termos de abertura comercial e financeira. Sobre        o que ocorreu durante a década de 1990, o autor afirma (2015, p.24):   

 

a maneira como o sistema empresarial adaptou-se à abertura da economia reduziu        fortemente o emprego formal. Todo o acréscimo de pessoas ocupadas ocorreu em        outras posições na ocupação, diferentemente do emprego celetista e estatutário –        contratos segundo a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e o Estatuto do        Servidor Público. 

  

A adaptação do sistema empresarial à abertura econômica a que o autor se refere diz        respeito principalmente à redução das linhas de produção das empresas, que passaram a        importar partes e componentes dos seus produtos, e ao aumento da utilização de serviços        terceirizados para a realização de atividades antes destinadas aos empregados da própria        empresa. Essas duas adaptações tiveram como consequência a redução do número de postos        de trabalho formal no país, somadas à simples eliminação de postos de trabalho no período        (BALTAR, 2015). Em síntese, o autor afirma que durante a década de 1990 e como um efeito        do processo de abertura comercial e financeira, o mercado de trabalho brasileiro viu crescer o        número de trabalhadores sem carteira assinada e também de trabalhadores autônomos.  

No entanto, a Constituição Federal de 1988 (CF/1988) criou um amplo arcabouço que        visava estabelecer um sistema de proteção social aos cidadãos brasileiros. A criação e        desenvolvimento desse sistema seria financiado através de contribuições que incidiriam, de       

(19)

forma geral, sobre o faturamento e o lucro líquido das empresas. Segundo Carneiro (2006), de        fato, após a promulgação da Constituição de 1988 o Brasil viu crescer a sua carga tributária de        25% para 35% do PIB. Essa elevação significativa da carga de impostos e contribuições        sociais viabilizou a política macroeconômica adotada em 1999, que tinha como objetivo a        manutenção da inflação em níveis toleráveis - com a criação do sistema de metas de inflação,        existente até hoje como um pilar macroeconômico no Brasil -, preservando assim a abertura        da economia e o desenvolvimento do setor financeiro ocorridos nos anos 1990 (CARNEIRO,        2006).  

O contexto nesse período era, portanto, de um país que apresentava uma significativa        elevação da carga tributária enquanto tinha que cumprir com as obrigações de uma enorme        dívida pública, que exigia pagamento de juros e amortizações. Para cumprir com essas        obrigações, era fundamental que o Brasil conseguisse obter superávits fiscais primários. Esse        cenário fez mudar radicalmente a atitude do Estado brasileiro quanto à fiscalização da correta        formalização das empresas e o pagamento de impostos e contribuições sociais, visto que        somente o trabalho formal propicia a adequada captação de impostos. 

Segundo Baltar (2015), outro fator que fez aumentar o grau de formalização do        trabalho no Brasil foi o próprio crescimento da economia. O motivo para tal é que o acesso ao        sistema de crédito e às compras do governo somente poderia ser obtido por empresas        regularizadas em relação à legislação trabalhista, ou seja, empresas corretamente        formalizadas. Além disso, como já vimos anteriormente, o crescimento econômico do país        como um todo propicia o crescimento do mercado de trabalho. Em outras palavras, as        empresas passam a contratar mais pessoas em regime formal de trabalho. 

O cenário descrito é resumido da seguinte forma por Baltar (2015, p. 24):   

Os contratos de trabalho, seguindo a CLT ou o Estatuto do Servidor Público,        correspondiam a aproximadamente 55% das pessoas ocupadas no final da década de        1970, diminuindo para 53% no final da década seguinte e alcançando somente 43%        no final dos anos 1990, ilustrando o impacto da estagnação da economia e os efeitos        da abertura sobre o mercado de trabalho. Desde então, os contratos de trabalho        corretamente formalizados vêm aumentando como proporção do número de pessoas        ocupadas, alcançando 45% em 2004 e 48% em 2008. Atualmente, este número deve        estar próximo de 50%, ainda bastante longe de 55%, verificado antes da crise da        dívida externa. 

   

(20)

O fim do período entre os anos 2004 e 2008 é marcado justamente pela eclosão da

       

crise mundial de 2008. o desempenho do mercado de trabalho brasileiro não seria abalado de        forma profunda imediatamente após a crise internacional de 2008. 

A crise internacional deflagrada em 2008 teve efeito negativo sobre a economia        brasileira, evidentemente. Notavelmente, foi registrado, em 2009, o primeiro decréscimo do        PIB brasileiro desde o ano de 1992. Como efeito da crise de 2008, o Brasil sofreu uma queda        de 0,2% do PIB em 2009 com relação ao ano interior. No entanto, o mercado de trabalho não        foi afetado negativamente de maneira forte o suficiente para reverter a tendência de bons        resultados como os apresentados nos anos anteriores. A taxa de desemprego não cresceu, a        renda seguiu em processo de recuperação e o processo de formalização do trabalho continuou        em curso, com a criação de quase um milhão de postos de trabalho formais, segundo a        Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério da Economia do Brasil,        resultado equivalente a cerca de 70% da média observada no quinquênio encerrado em 2008. 

De acordo com estudos do DIEESE (2012), alguns fatores foram determinantes para o        bom desempenho do mercado de trabalho brasileiro no período subsequente ao início da crise        de 2008. Em primeiro lugar, políticas de estímulo ao consumo foram fundamentais. A política        de reajuste do salário mínimo foi essencial ao garantir a manutenção do poder de compra da        população mesmo em um cenário de crise mundial. Nesse sentido contribuíram também a        expansão do programa Bolsa Família do governo federal e do acesso aos benefícios da        Previdência e da Assistência Social como um todo. As isenções de impostos federais sobre        produtos industrializados tiveram grande importância para estimular a demanda efetiva,        mantendo-a em alta mesmo após o choque inicial provocado pela crise. As isenções federais        visavam produtos como automóveis, eletrodomésticos da linha branca (geladeira, fogão,        fornos micro-ondas, ar condicionados e freezers) e também da linha marrom (televisores e        equipamentos de áudio e vídeo em geral), estimulando o consumo desses produtos e,        consequentemente, demandando que o setor produtivo continuasse em movimento acelerado.        Nesse momento também, o governo realizou esforços para elevar a oferta de empréstimos e        financiamentos bancários às pessoas (para que mantivessem o nível de consumo) e às        empresas (para que não desacelerassem o ritmo de produção). Dentre esses esforços,        destacaram-se: liberação de depósitos compulsórios, aportes extras de recursos para o Banco        Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), desonerações tributárias, pacote       

(21)

habitacional, aceleração de outras obras vinculadas ao Programa de Aceleração do        Crescimento (PAC) e várias linhas de crédito liberadas pelos bancos oficiais. 

Baltar (2015, p. 31-32) conclui sobre o período imediatamente subsequente à crise de        2008 que  

a queda na atividade econômica foi relativamente pequena, e a recuperação que        começou no último trimestre de 2009 foi muito rápida, tendo o PIB aumentado 7,5%        em 2010. O crescimento do consumo acelerou, e houve uma expressiva retomada da        exportação e principalmente do investimento. A comparação dos anos 2008 e 2010        indica que o consumo cresceu no ritmo médio anual de 5,2%, não muito menos que        o verificado antes da crise mundial atingir o país. Já o investimento em 2010        recuperou a queda de 2009 e ampliou o patamar atingido em 2008, no equivalente a        um aumento médio anual de 6,4%, bem menos que o verificado antes da crise        mundial, mas acima do ritmo de crescimento do PIB (3,5%), indicando que a defesa        da atividade econômica em 2009 foi fundamentalmente a sustentação do        crescimento do consumo, mas na recuperação em 2010 voltou a aumentar a taxa de        investimento.  

 

Em resumo, temos que, no período entre 2004 e 2010 e mesmo com o choque inicial        provocado pela crise de 2008, o Brasil ostentou um crescimento médio do PIB na ordem de        4,5% ao ano, com melhorias significativas em diversos aspectos do mercado de trabalho.  

Ao final da primeira década do século XXI o Brasil apresentava um cenário        econômico de relativa estabilidade, com o mercado de trabalho apresentando taxas cada vez        menores de desemprego, crescimento do emprego formal, aumento da participação do        trabalho nos setores mais estruturados da economia. 

O ano de 2011 se inicia com troca na presidência, mas com a manutenção da política        de aumento de juros que vinha ocorrendo desde fevereiro de 2010. Segundo Mattos (2015), o        diagnóstico da nova equipe econômica era de que o controle da inflação e do balanço de        pagamentos era urgente. Esse controle seria realizado através da desaceleração do ritmo de        crescimento da economia. Para realizar essa desaceleração foram retirados diversos dos        estímulos ao consumo que vigoravam desde o início da crise de 2008 e foram responsáveis        pelo bom desempenho da economia e do mercado de trabalho naquele momento (esses        estímulos foram citados anteriormente nesse estudo). As desacelerações do consumo privado,        principalmente de bens duráveis, e do investimento fizeram o PIB crescer somente 2,7% em        2011. 

Após o fraco crescimento do PIB em 2011, o governo adotou medidas para tentar        aumentar o investimento privado já em 2012. Mas não foi isso que aconteceu, como explica        Mattos (2015, p. 71-72), 

(22)

dado que os efeitos das políticas restritivas e dos controles “macroprudenciais”        tomados no início do mandato haviam consolidado uma forte redução da demanda        agregada, levando o setor privado a “ajustar” sua capacidade produtiva à nova        realidade marcada pela desaceleração do consumo e do crédito. 

 

Além de problemas no investimento privado, o período entre 2011 e 2014 é marcado        pela incapacidade do setor público em realizar investimentos. Segundo Mattos (2015), essa        incapacidade foi motivada por diversos fatores, desde a inabilidade do governo federal em        negociar os marcos regulatórios com o setor privado, passando por um ambiente hostil com        relação à imprensa e à opinião pública e até o total descrédito dos atores dos setores        produtivos da economia. O resultado desse cenário de redução da taxa global dos        investimentos é a perda de fôlego da economia, com o PIB crescendo apenas 1,8%, 2,7% e        incríveis (no sentido negativo, infelizmente) 0,5% em 2012, 2013 e 2014, respectivamente. 

É evidente, portanto, a desaceleração econômica no período entre 2011 e 2014. O        mercado de trabalho, no entanto, demonstrou vigor no período. Mattos (2015, p. 73) afirma        que a razão para isso foi a implantação, ainda na vigência da presidência antecedente, de        alguns mecanismos  

como o aumento real do salário mínimo e a expansão do crédito, que continuaram        impulsionando a massa salarial e o consumo das famílias (embora a taxas        declinantes em comparação com o período 2004-2010). Ademais, o mercado de        trabalho ainda aquecido propiciou condições de negociação de ganhos salariais reais,        apesar das evidências de desaceleração da atividade econômica – especialmente na        indústria. 

 

Portanto, enquanto o ritmo do crescimento do PIB brasileiro desacelerava nitidamente,        o mercado de trabalho ainda dava sinais de aquecimento. É bom salientar, como já feito        anteriormente, que pode haver uma defasagem temporal entre o ambiente macroeconômico e        os seus reflexos no mercado de trabalho do país. Os dados do Instituto de Pesquisa Econômica        Aplicada (IPEA, 2015) sobre o mercado de trabalho brasileiro corroboram essa tese,        mostrando o desempenho positivo no período entre 2004 e 2014.  

 

(23)

Tabela 1: Evolução da participação, do desemprego aberto, da informalidade e do rendimento  médio no Brasil (2004-2014) 

  Fonte: IPEA, 2015, p. 318 

 

A Tabela 1 apresenta a evolução do mercado brasileiro entre os anos de 2004 e 2014.        Apesar da queda na taxa de participação da força de trabalho – razão entre a população        economicamente ativa (PEA) e a população em idade ativa (PIA) -, os demais indicadores        acompanhados apresentaram significativa melhora durante o período. A taxa de desemprego        aberto - razão entre os empregados sem carteira assinada, os trabalhadores autônomos e os        não remunerados sobre o total da população ocupada no Brasil – caiu de 11,5% em 2004 para        menos da metade no período, chegando a 4,9% em 2014. A taxa de informalidade no mercado        brasileiro também apresentou redução no período, saindo de 40,6% em 2004 para 30,4% em        2014. Por fim, o rendimento médio do trabalhador brasileiro aumentou aproximadamente        25% no período. Além disso, esse período também foi marcado pela ampliação da proteção        social da população brasileira em geral, seja por meio de políticas públicas de transferência de        renda, como o Bolsa Família, ou por meio da expansão de serviços essenciais, como oferta de        moradia e programas de saúde. Em suma, o que os dados acima mostram é a evolução        saudável do mercado de trabalho brasileiro no período entre 2004 e 2014, causada pelos        motivos que foram apresentados anteriormente neste estudo. 

No entanto, já em 2015 o Brasil passou a sofrer com problemas no mercado de        trabalho. O país já apresentava um quadro econômico recessivo em 2014, principalmente após        o período eleitoral, mas o mercado de trabalho, como é característico, demorou a sentir os        efeitos negativos derivados desse princípio de recessão econômica. Essa piora nos indicadores       

(24)

do mercado de trabalho serão sentidos também em 2016. Nesses dois anos o Brasil teve        quedas importantes na produção, refletidas na redução do Produto Interno Bruto (PIB). O        gráfico 2 apresenta a variação do PIB brasileiro ano a ano entre 2004 e 2018 e é possível        observar a queda do produto a partir de 2014, acentuada ainda mais em 2015 e 2016. 

 

Gráfico 2: Evolução do PIB brasileiro ano a ano, entre 2004 e 2018, em termos percentuais 

  Fonte: elaboração própria com dados das Contas Nacionais Trimestrais (IBGE) 

 

O quadro recessivo que emergiu a partir do final do ano de 2014 se aprofundou em        2015 e 2016. Nesse período, é evidente a retração do sistema produtivo brasileiro, que        reverberou no mercado de trabalho. Entre 2015 e 2017 será observado o aumento da taxa de        desemprego em praticamente todos os setores da economia e, principalmente, a redução do        emprego formal no Brasil, interrompendo uma trajetória de expansão desse tipo de emprego,        como observa Mattei (2019). O gráfico 1 deixa claro a significativa expansão da taxa de        desemprego a partir de 2014, ano no qual a taxa de desemprego é a menor já registrada com        essa metodologia do IBGE.  

Sobre a forma como os setores de atividades econômicas foram afetados, Mattei        (2019, pg. 119) afirma que 

 

as maiores quedas do nível de emprego foram registradas na indústria em geral,        porém com destaque para as reduções expressivas no ramo da indústria de        transformação, na construção civil, na agricultura, pecuária, pesca e aquicultura, e        nos serviços domésticos. Já os demais setores praticamente mantiveram suas taxas        de participação inalteradas, destacando-se apenas o setor de alojamento e        alimentação que teve um crescimento ao redor de 1% em todo o período analisado.       

(25)

Merece registro a grande queda percentual da participação no emprego verificada no        setor industrial, que passou de 13,61%, em 2014, para 11,43%, em 2017. Em grande        medida, essa retração do mercado de trabalho no setor industrial está relacionada ao        processo de desindustrialização em curso no país. Diversos dados do IBGE mostram        que a participação da indústria no PIB caiu para menos de 12% ao final de 2017,        sendo o menor percentual de participação do setor desde a década de 1950. 

 

Fica claro, portanto, que a crise econômica que se anunciou em 2014 afetou de forma        contundente o mercado de trabalho brasileiro no período entre 2015 e 2018, destruindo        empregos e levando muitas pessoas para a informalidade, revertendo conquistas importantes        que foram obtidas entre 2004 e 2014. 

Está apresentado, portanto, o cenário geral do contexto econômico e do mercado de        trabalho brasileiro no período compreendido pelo presente estudo (2006 – 2018). A seção a        seguir tratará de focar na profissão do economista e na sua inserção no mercado de trabalho        brasileiro. 

2.2 As matrizes do ensino e da profissão de economista no Brasil   

O Decreto-Lei número 20.158 de 30 de junho de 1931 criou o curso superior de        Administração e finanças, que concedia o diploma de bacharel em Ciências Econômicas. 

Desde a criação desse primeiro dispositivo legal que regulamentou o ensino de        ciências econômicas no Brasil, em 1931, a formação técnica dos economistas já apresentava        graves falhas. Segundo Manoel Orlando Ferreira (1966), nesse primeiro momento, a formação        em economia compreendia uma série de conhecimentos dispersos e heterogêneos, incapazes        de desenvolver uma base técnica de conhecimento necessária para a prática da atividade        profissional em economia. Esse cenário perduraria até 1945, quando uma nova lei reguladora        do ensino e da profissão do economista veio à luz. 

A reforma da lei que regulamentava o ensino de economia em 1945 teve como ponto        principal a criação do curso de Ciências Econômicas, de um núcleo de formação técnica para        o profissional em economia e a inserção da ciência econômica no sistema universitário        brasileiro, equiparando-a às demais formações de nível superior. Esse foi um processo        também de diferenciação da profissão do economista de outras que estavam associadas, como        a do administrador, contador e do bacharel em direito. 

A pressuposição da lei reguladora era a de que o economista deveria ser        profundamente ligado ao conhecimento sobre o desenvolvimento econômico e também sobre       

(26)

o funcionamento do setor público. Apesar dos avanços possibilitados pela reforma da lei em        1945, significativos problemas de formação de profissionais em economia ainda persistiam.        Havia então um núcleo de conhecimentos essenciais, mas faltava ampliar o leque de        possibilidades de análise econômica do profissional. 

À esse processo segue a criação da Faculdade de Economia e Administração da        Universidade de São Paulo em 1946 e a implementação da Faculdade Nacional de Política e        Economia no mesmo ano, que se tornaria a primeira faculdade federal de economia do país,        vinculada à Universidade do Brasil. 

Essas são, segundo Ferreira (1966), as matrizes da formação da profissão do        economista do Brasil. 

2.3 A profissão economista   

Essa seção destina a apresentar, de acordo com a legislação brasileira, os dispositivos        que regulam a profissão do economista no país.   

De acordo com o Conselho Federal de Economia (COFECON, 2018), a designação        profissional do economista está disposta na Lei 1411, sancionada em 13 de agosto de 1951, e        se refere ao quadro das profissões liberais, sendo privativa: 

a) dos bacharéis em Ciências Econômicas, diplomados no Brasil, de conformidade com        as Leis em vigor; e 

b) dos que possuem cursos regulares no estrangeiro, após a devida revalidação do        respectivo diploma na forma da legislação educacional. 

 

Ainda, a profissão de economista pode ser exercida:  

a) nas entidades que se ocupem das questões atinentes à economia nacional e às        economias regionais, ou a quaisquer de seus setores específicos e dos meios de orientá-las ou        resolvê-las através das políticas monetária, fiscal, comercial e social; e 

b) nas unidades econômicas públicas, privadas ou mistas, cujas atividades não se        relacionem com as questões de que trata a alínea anterior, mas envolvam matéria de economia        profissional sob aspectos de organização e racionalização do trabalho. 

 

Inserem-se entre as atividades inerentes à profissão de Economista:  

a) assessoria, consultoria e pesquisa econômico-financeira;  b) estudos de mercado e de viabilidade econômico-financeira; 

c) análise e elaboração de cenários econômicos, planejamento estratégico nas áreas        social, econômica e financeira; 

d) estudo e análise de mercado financeiro e de capitais e derivativos; 

e) estudo de viabilidade e de mercado relacionado à economia da tecnologia, do        conhecimento e da informação, da cultura e do turismo; 

(27)

f) produção e análise de informações estatísticas de natureza econômica e financeira,        incluindo contas nacionais e índices de preços; 

g) planejamento,  formulação,  implementação,  acompanhamento  e  avaliação 

econômico-financeira de política tributária e finanças públicas; 

h) assessoria, consultoria, formulação, análise e implementação de política econômica,        fiscal, monetária, cambial e creditícia; 

i) planejamento, formulação, implementação, acompanhamento e avaliação de planos,        programas, projetos de natureza econômico-financeira; 

j) Avaliação patrimonial econômico-financeira de empresas e avaliação econômica de        bens intangíveis; 

k) perícia judicial e extrajudicial e assistência técnica em matéria de natureza        econômico-financeira, incluindo cálculos de liquidação; (incluído pela Resolução nº 1.944, de        30.11.2015); 

l) análise financeira de investimentos; 

m) estudo e análise para elaboração de orçamentos públicos e privados e avaliação de        seus resultados; 

n) de mercado, de viabilidade e de impacto econômico-social relacionados ao meio        ambiente, à ecologia, ao desenvolvimento sustentável e aos recursos naturais; 

o) auditoria e fiscalização de natureza econômico-financeira; 

p) formulação, análise e implementação de estratégias empresariais e concorrenciais;  q) economia e finanças internacionais, relações econômicas internacionais, aduanas e        comércio exterior; 

r) certificação de renda de pessoas físicas e jurídicas e consultoria em finanças pessoais;  s) regulação de serviços públicos e defesa da concorrência; 

t) estudos e cálculos atuariais nos âmbitos previdenciário e de seguros; 

u) consultoria econômico-financeira independente. (incluído pela Resolução nº 1.913, de        30.05.2014); 

v) atuação no campo da economia solidária; 

w) atuação no campo da economia da cultura e da economia criativa; 

x) atuação no campo da economia criativa; 

y) arbitragem e mediação. 

 

De forma geral, economistas podem atuar nos mais diversos ramos das atividades        econômicas, tais como: administração pública, administração privada, intermediação        financeira, seguros e previdência privada, análise econômica, empresas na aŕea de agricultura        e pecuária, indústria em geral, serviços relacionados ao comércio por atacado, intermediários        e também no varejo. Os economistas são majoritariamente estatutários ou assalariados com        carteira assinada 

É possível observar a amplitude da atuação do economista nas esferas pública e        privada do mercado de trabalho brasileiro. Essa amplitude está relacionada também à        variedade de setores do sistema produtivo em que é demandado o emprego dos        conhecimentos dos economistas. Essa peculiaridade da profissão será tratada mais adiante no        desenvolvimento desse estudo, em que será apresentada a análise dos dados da RAIS. 

(28)

2.4 Dados sobre mercado de trabalho no Brasil   

O Brasil possui duas grandes instituições que provisionam dados acerca do mercado de  trabalho no Brasil: o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Ministério da  Economia, criado no dia 1 de janeiro de 2019 através de decreto do presidente da República  Jair Bolsonaro, através da Medida Provisória 870/2019, posteriormente convertida na lei  13844/2019 (BRASIL, 2019).  

O IBGE utiliza a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) - que fornece dados sobre        emprego nas regiões metropolitanas do país -, o Censo Demográfico - que fornece dados        gerais sobre a população e é realizado de 10 em 10 anos -, e as Pesquisas Nacionais por        Amostra de Domicílios (PNAD) - que ocorrem a cada 2 anos como uma uma forma de        subsidiar os Censos Demográficos. 

O recém criado Ministério da Economia, que englobou prerrogativas do agora extinto        Ministério do Trabalho, reúne duas importantes fontes de dados para registrar o emprego no        país: o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) e a Relação Anual de        Informações Sociais (RAIS). 

A Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), foi instituída pelo Decreto n.º        76.900, de 23 dezembro de 1975 (BRASIL, 1975). A partir de 1976, se tornou obrigatório que        todos os empregadores forneçam, anualmente, uma série de dados sobre os vínculos        empregatícios estabelecidos. Em termos de gestão, A RAIS foi criada com o objetivo de servir        como base de cálculos das quotas do PIS e do PASEP, subsidiar o controle relativo ao FGTS e        à Previdência Social, controlar a racionalização do trabalho e viabilizar o pagamento do        Abono Salarial.  

Em termos de dados, a RAIS contém os registros de empregos formais no Brasil. Esse        universo compreende os celetistas (trabalhadores com carteira assinada e que estão de acordo        com a legislação trabalhista - CLT), militares, funcionários públicos estatutários, entre outros        vínculos relativos à administração pública. Os registros são realizados pelos estabelecimentos        empresariais do país e divulgados com o total de vínculos ativos e inativos no último dia do        ano de referência. Segundo o Ministério da Economia (BRASIL, 2019), a RAIS cobre        aproximadamente 97,0% do mercado de trabalho formal brasileiro. 

(29)

Devido à riqueza, à periodicidade e a clareza dos dados, a RAIS logo demonstrou um        enorme potencial de exploração para todos aqueles interessados em realizar estudos e análises        em relação ao mercado de trabalho brasileiro. Segundo Saboia e Tolipan (2000), os dados        disponibilizados pela RAIS - que envolvem informações sobre vínculos, estabelecimentos,        rotatividade e remuneração - permitem que sejam realizados diversos cortes analíticos        considerando vários aspectos: região; setor econômico; tamanho do estabelecimento;        ocupação; sexo; grau de instrução; dentre outros.  

Os autores chamam a atenção para dois detalhes em relação aos dados da RAIS, um        sobre a relação entre emprego e empregados e o outro sobre o critério que define um        estabelecimento. Sobre o primeiro, a RAIS apresenta dados especificamente sobre empregos        em vez de empregados. Dado que um mesmo trabalhador pode ocupar simultaneamente mais        de um emprego, o número de empregos pode ser maior do que o número de pessoas        empregadas de fato. Em relação à de definição de estabelecimento, a RAIS baseia-se no        Cadastro Geral dos Contribuintes do Ministério da Fazenda, que utiliza um critério espacial:        um endereço equivale a um estabelecimento. Os autores apontam esses detalhes para tratar de        discrepâncias observadas entre os dados da RAIS e os da PNAD (Pesquisa Nacional por        Amostra Domiciliar) e o do Censo Industrial do IBGE, embora observem a compatibilidade e        complementaridade entre essas três bases de dados sobre o mercado de trabalho brasileiro. 

A revisão da literatura apresenta 4 estudos que analisam a consistência e a        confiabilidade dos dados da RAIS.  

O primeiro, realizado por Saboia e Tolipan (1985), compara os dados da RAIS com os        dados da PNAD e do Censo Industrial realizado pelo IBGE. Os autores concluem que a RAIS        apresenta um grau de qualidade satisfatório como instrumento de análise do mercado de        trabalho brasileiro no curto e no longo prazo. 

Negri e outros (2001) também compararam os dados da RAIS com os dados da        PNAD, mas com foco no mercado de trabalho formal. Os autores atestam a confiabilidade dos        dados da RAIS, destacando a amplitude das informações, cobertura geográfica, dimensão        temporal bem estabelecida. Como destaque, os autores salientam a possibilidade de utilizar os        dados da RAIS para a realização de análises longitudinais. 

O terceiro estudo, realizado por Paixão, Rosseto e Monçores (2012), também        comparou a base de dados da RAIS com a do PNAD, mas relação ao quesito raça/cor. O       

(30)

estudo identificou uma vulnerabilidade dos dados da RAIS sobre o quesito, o que poderia        produzir uma informação mais tendenciosa em relação aos dados da PNAD. 

Por fim, o estudo de Portela e Oliveira (2018) analisou não os dados da RAIS        propriamente ditos, mas artigos que utilizaram os dados da RAIS no seu desenvolvimento. O        estudo conclui que o volume de artigos produzidos com base nos dados da RAIS ainda é        reduzido (cerca de 1,6%, segundo os autores) e se faz necessária a ampliação da quantidade        de estudos publicados que utilizem a RAIS. Contudo, os autores ressaltam a importância e a        confiabilidade dos dados da RAIS para a realização de estudos e também para a elaboração de        políticas públicas para o mercado de trabalho brasileiro, propiciando o desenvolvimento        socioeconômico do país.  

2.5 Entrada no mercado de trabalho e resultados de longo prazo para economistas  De acordo com os estudos de Paul Oyer (2006), professor e pesquisador da        Universidade de Stanford na Califórnia, Estados Unidos, as condições da colocação inicial do        economista no mercado de trabalho influenciam significativamente toda a carreira do        profissional.  

Oyer (2006) afirma que as condições de trabalho iniciais podem ser importantes no        longo prazo para a carreira do economista devido ao desenvolvimento de habilidades no        trabalho. Aqueles contratados sob condições mais favoráveis são incubidos desde o início        com tarefas de maior valor e importância, o que para os economistas podem assumir a forma        de pesquisas de alto impacto ou interações com colegas mais bem sucedidos, e assim        desenvolver maior valor em capital humano, valor esse que persiste ao longo de suas        carreiras. Dessa forma, o impacto de uma boa colocação no início da carreira do economista é        reverberado ao longo de toda a sua vida profissional, em termos de renda, qualidade e        senioridade no trabalho.  

De forma paralela, o autor considera também que o mercado de trabalho        inadvertidamente toma o emprego inicial como um sinal de capacidade do trabalhador e não        consegue compensar os demais elementos que influenciam esse aspecto, ressaltando a sorte        como o principal desses elementos.  

Após a apresentação de dados relativos ao mercado de trabalho dos economistas nos        Estados Unidos e a explicitação de teorias de capital humano, Oyer (2006) conclui que, pelo       

(31)

menos entre os economistas, os efeitos positivos de bons empregos são persistentes na carreira        dos economistas.  

   

(32)

3. APRESENTAÇÃO DAS ANÁLISES DOS DADOS DA RAIS 

3.1 Os dados da RAIS de acordo com Brasil, as regiões naturais e entidades federativas   

Para iniciar a análise dos dados da RAIS em relação ao mercado de trabalho para        economistas, o gráfico 3 apresenta a quantidade de economistas com vínculo ativo ano a ano        entre 2006 e 2018 no Brasil. 

  

Gráfico 3: Quantidade de economistas com vínculo ativo no Brasil, por ano entre 2006 e 2018 

  Fonte: elaboração do autor a partir da base de dados da RAIS (2006-2018) 

 

Pode-se notar, em um primeiro momento, o significativo crescimento da presença de        economistas no mercado de trabalho brasileiro. Se em 2006 haviam 23873 profissionais        trabalhando como economistas, em 2018, último ano da série analisada, esse número já era de        41350. Esse salto representa um aumento de 73,2% de economistas no mercado de trabalho        no ano de 2018 em relação a 2006. Outra observação digna de nota é a de que a presença de        economistas no mercado de trabalho se eleva continuamente ano a ano entre 2006 e 2015, só        conhecendo a sua primeira redução no ano de 2016, em que a variação percentual de        economistas com vínculo ativo é negativa - em relação a 2015. Em 2017 e 2018 também serão        observadas reduções na quantidade de economistas empregados. 

O expressivo aumento da quantidade de economista no período está em consonância        com a expansão observada no mercado de trabalho brasileiro como um todo. Como já       

(33)

apontado anteriormente, a taxa de ocupação da população economicamente ativa brasileira        também se elevou no período, enquanto a taxa de desemprego caiu continuamente até atingir        o valor mínimo da série histórica em 2014. No período entre 2006 e 2014 também houve        aumento significativo dos trabalhadores em regime formal, quadro no qual se encaixam os        economistas. 

Em seguida, é aprofundada a análise da quantidade de economistas no mercado de        trabalho e como essa quantidade variou ano a ano durante o período estudado. A tabela 2        apresenta as variações percentuais do número de economistas no mercado de trabalho        brasileiro em relação ao ano anterior.  

 

Tabela 2: Quantidade de economistas com vínculo ativo no Brasil, por ano entre 2006 e 2018,  e variação percentual da quantidade de economistas no ano em relação ao anterior 

Ano  Quantidade de economistas com vínculo ativo  Variação percentual em relação ao ano anterior 

2006  23873    2007  25983  8,8%  2008  27323  5,2%  2009  27996  2,5%  2010  30394  8,6%  2011  33578  10,5%  2012  36748  9,4%  2013  40951  11,4%  2014  42233  3,1%  2015  43792  3,7%  2016  42498  -3,0%  2017  41809  -1,6%  2018  41350  -1,1% 

Fonte: elaboração do autor a partir da base de dados da RAIS (2006-2018)   

A tabela 2 mostra que, de um ano para o outro, a variação percentual de economistas        que entraram no mercado superou a taxa de 10% em dois anos - 2011 em relação a 2010 e        2013 em relação a 2012. Fica claro também que, apesar das variações negativas entre 2016 e        2018, o conjunto do período analisado foi de expansão da presença do economista no mercado        de trabalho. Se considerarmos a quantidade de economistas no mercado em 2006 - valor        mínimo - e em 2015 - maior valor observado na série analisada -, o crescimento foi de 83,4%.       

(34)

O período de 2006 a 2018 foi, portanto, definitivamente de elevação da presença de        economistas no mercado de trabalho brasileiro. 

O gráfico 4 mostra a participação de cada região natural do Brasil na quantidade de        economistas no mercado de trabalho.  

 

Gráfico 4: Quantidade de economistas por região natural do Brasil, por ano entre 2006 e 2018 

  Fonte: elaboração do autor a partir da base de dados da RAIS (2006-2018) 

 

O gráfico 4 explicita a grande contribuição da região sudeste no mercado de trabalho        de economistas no Brasil. Além disso, pode-se observar que a tendência observada para o        Brasil como um todo aparece também quando se olha para as regiões do país separadamente.        A exceção é a região norte, que manteve estável a quantidade de profissionais de economia        com vínculos ativos ao longo do tempo, embora com uma pequena representatividade em        relação ao total - e também quando comparada às demais regiões.  

O gráfico 4 deixa claro também a pequena quantidade de economistas alocados nas        regiões norte e centro-oeste. 

       

(35)

Gráfico 5: Porcentagem de economistas por região em relação ao total do país em 2006 e  2018 

  Fonte: elaboração do autor a partir da base de dados da RAIS (2006-2018) 

 

O gráfico 5 mostra a participação relativa de cada região na quantidade de        economistas com vínculo ativo no Brasil em 2006 e 2018. Pode-se observar que a região        sudeste possuía 66,6% dos economistas empregados em 2006 e aumentou essa participação        para 70,9% em 2018, em relação ao total de economistas empregados no Brasil. Além do        sudeste, o sul foi a única região a aumentar a sua participação no mercado de economistas no        Brasil entre 2006 e 2018, com as três demais terem reduzidas as suas participações no total de        economistas com vínculo ativo no Brasil no período.  

Uma primeira conclusão que se pode tirar da análise por região natural é a importância        do sudeste, dado que essa região concentra em torno de 70% dos economistas com vínculo        ativo no Brasil no período analisado. E, como visto anteriormente, essa importância aumentou        entre 2006 e 2018, em termos de proporção de economistas empregados na região em relação        ao país como um todo.  

Uma outra conclusão é a de que o mercado de trabalho para os economistas está cada        vez mais se concentrando no eixo sudeste-sul do país, em detrimento das demais regiões. Em        2006 sul e sudeste somavam 77,4% dos economistas empregados e, em 2018, esse percentual        subiu para 83,2%.  

A próxima análise visa explicitar com mais detalhes o que aconteceu em cada uma das        regiões do Brasil no período.  

(36)

Tabela 3: Quantidade de economistas no Brasil e por região natural em 2006 e 2018 e a  variação percentual de um período para o outro, em termos percentuais 

Região 

natural  com vínculo ativo em 2006 Número de economistas  com vínculo ativo em 2018 Número de economistas  Variação percentual entre 2006 e 2018 

Brasil  23873  41350  73.2%  Norte  1141  1508  32.2%  Nordeste  2446  3121  27.6%  Sudeste  15911  29309  84.2%  Sul  2568  5099  98.6%  Centro-oeste  1807  2313  28.0% 

Fonte: elaboração do autor a partir da base de dados da RAIS (2006-2018)   

A tabela 3 mostra a quantidade de economistas com vínculos ativos nos anos de 2006        e 2018 para cada uma das regiões naturais do Brasil. Em primeiro lugar, observa-se que todas        as regiões apresentaram variações positivas, ou seja, o número de economistas é maior em        2018 do que em 2006 para todas as regiões. Em seguida, nota-se que foram as regiões sul e        sudeste que apresentaram a maior variação percentual de economistas no período, com        quantidade 98,6% e 84,2% maior de economistas, respectivamente. Essas duas regiões foram        as responsáveis por elevar o valor do crescimento no país como um todo no período estudado,        dado que as demais regiões tiveram variações percentuais positivas entre 27,6% e 32,2%        números bem menores do que o apresentado pelo Brasil. E o Brasil, no todo, viu crescer em        73,2% a quantidade de economistas no mercado de trabalho em 2018 quando comparado a        2006. 

Portanto, o mercado de trabalho para os economistas, no período analisado, esteve        aquecido e viu crescer a quantidade de profissionais da área empregados.  

É importante ressaltar que, embora todas as regiões tenham quantidades maiores de        economistas com vínculo ativo em 2018 em relação a 2006, somente as regiões sul e sudeste        ganharam fatias maiores do mercado de economistas no Brasil neste período. Essa análise foi        apresentada anteriormente. 

Em seguida será observada a situação do mercado de trabalho para os economistas em        cada um dos 26 estados brasileiros e o Distrito Federal. Essa visão consiste em um        aprofundamento dos dados trazidos pelo recorte regional, já que mesmo dentro das regiões        podem haver diferenças significativas na distribuição e remuneração dos economistas. 

(37)

Tabela 4: Quantidade de economistas por entidade federativa, participação relativa de cada  entidade em relação ao total de economistas no Brasil e as remunerações média e mediana no 

ano de 2006  Estado  Quantidade de  economistas com  vínculo ativo  Participação  relativa de  economistas (%)  Remuneração  média (em  salários mínimos)  Remuneração  mediana (em  salários mínimos)  Brasil  23873  100.0%  12.4  9.4  São Paulo  10012  41.9%  12.1  9.6  Rio de Janeiro  3699  15.5%  15.7  11.4  Minas Gerais  1874  7.8%  9.8  8.0  Distrito Federal  1211  5.1%  18.9  15.9  Paraná  988  4.1%  11.9  9.2 

Rio Grande do Sul  970  4.1%  10.3  7.9 

Bahia  672  2.8%  10.6  9.0  Santa Catarina  610  2.6%  11.3  7.9  Pernambuco  457  1.9%  9.8  6.8  Amazonas  412  1.7%  16.4  9.9  Para  390  1.6%  9.6  8.0  Espírito Santo  326  1.4%  11.1  9.2  Ceará  309  1.3%  9.9  7.8  Goiás  303  1.3%  13.8  9.1  Paraíba  263  1.1%  5.5  3.7  Sergipe  197  0.8%  12.2  7.9  Maranhão  176  0.7%  8.2  7.1  Piaui  171  0.7%  11.5  9.7  Mato Grosso  163  0.7%  8.4  7.8 

Mato Grosso do Sul  130  0.5%  11.8  8.8 

Rio Grande do Norte  117  0.5%  9.8  7.7 

Amapa  97  0.4%  6.9  7.3  Alagoas  84  0.4%  11.1  7.7  Tocantins  65  0.3%  7.4  6.5  Acre  61  0.3%  11.7  9.5  Rondônia  58  0.2%  8.0  7.3  Roraima  58  0.2%  7.9  7.5 

Fonte: elaboração do autor a partir da base de dados da RAIS (2006-2018)   

Referências

Documentos relacionados

Our contributions are: a set of guidelines that provide meaning to the different modelling elements of SysML used during the design of systems; the individual formal semantics for

RESUMO: O objetivo do trabalho foi verificar o tempo de trânsito gastrointestinal e a digestibilidade da proteína de uma dieta para juvenis de pintado

As inscrições serão feitas na Comissão Permanente de Vestibular da UFMG (COPEVE), situada no Prédio da Reitoria da UFMG, à Av. Presidente Antônio Carlos, 6627 – Campus da

Nessa situação temos claramente a relação de tecnovívio apresentado por Dubatti (2012) operando, visto que nessa experiência ambos os atores tra- çam um diálogo que não se dá

Figura 6: Amostras de adultos de Tuta absoluta capturados na armadilha Delta com feromona colocada na cultura do tomateiro na estação experimental do INIDA em S.. Figura

Apresenta-se neste trabalho uma sinopse das espécies de Bromeliaceae da região do curso médio do rio Toropi (Rio Grande do Sul, Brasil), sendo também fornecida uma chave

esta espécie foi encontrada em borda de mata ciliar, savana graminosa, savana parque e área de transição mata ciliar e savana.. Observações: Esta espécie ocorre

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam