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A duração razoável do processo, o processo eletrônico e a qualidade da prestação jurisdicional

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UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

INGRID PRISCILA RIBEIRO KARSBURG

A DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO, O PROCESSO ELETRÔNICO E A QUALIDADE DA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL

Ijuí (RS) 2019

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INGRID PRISCILA RIBEIRO KARSBURG

A DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO, O PROCESSO ELETRÔNICO E A QUALIDADE DA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Trabalho de Conclusão de Curso - TCC.

UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DCJS - Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais.

Orientadora: MSc. Joaquim Henrique Gatto

Ijuí (RS) 2019

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Dedico este trabalho à minha família, pelo incentivo, apoio e confiança em mim depositados durante toda a minha jornada acadêmica.

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AGRADECIMENTOS

À minha família, em especial, minha mãe e minha avó Marilena, as quais sempre me deram apoio e motivação incondicional em toda minha jornada acadêmica.

Aos ex-colegas do Fórum de Ijuí e aos colegas atuais da Promotoria Geral de Justiça de Ijuí, os quais contribuíram e enriqueceram meu aprendizado durante a graduação e estágios realizados.

Ao meu orientador Joaquim Henrique Gatto, com quem eu tive o privilégio de conviver e o qual me auxiliou durante o desenvolvimento dessa pesquisa, me proporcionando compreensão e conhecimento acerca do assunto abordado.

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“no processo, o tempo é algo mais do que ouro: é justiça” Eduardo J. Couture

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RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso faz uma análise acerca da qualidade da prestação jurisdicional considerando a duração razoável dos processos que tramitam pela via eletrônica. Expõe acerca princípio constitucional da duração razoável do processo, bem como comentaacerca do Processo Judicial Eletrônico, seu conceito, características e elementos, igualmente refere acerca da evolução legislativa desse meio. Além disso, faz uma análise dos processos eletrônicos e físicos, destacando algumas vantagens e desvantagens destes. Por fim, discorre acerca da qualidade da prestação jurisdicional oferecida pelos processos que tramitam pela via eletrônica, analisando se tal é prestada de forma justa e se respeita os princípios constitucionais.

Palavras-Chave: Processo eletrônico. Celeridade. Prestação jurisdicional. Acesso à Justiça. Duração Razoável do Processo. Princípios Constitucionais.

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ABSTRACT

The present course conclusion paper analyzes the quality of the judicial service considering the reasonable duration of the electronic proceedings. It explains about the constitutional principle of the reasonable duration of the process, as well as comments about the Electronic Judicial Process, its concept, characteristics and elements, also refers about the legislative evolution of this means. In addition, it makes an analysis of electronic and physical processes, highlighting some advantages and disadvantages of these. Finally, it discusses the quality of the judicial provision offered by electronic proceedings, examining whether it is provided fairly and respects constitutional principles.

Keywords: Electronic process. Speed. Adjudication. Access to justice. Reasonable Process Time. Constitutional principles.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 08

1 DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO ... 10

1.1 Acesso à justiça ... 11

1.2 O tempo e a morosidade do processo ... 14

1.3 Duração razoável do processo como princípio constitucional ... 17

2 O PROCESSO ELETRÔNICO ... 22

2.1 Conceito, característica e elementos do Processo Judicial Eletrônico ... 23

2.2 Evolução histórica da legislação no processo eletrônico ... 28

2.3 Comparação entre o processo físico e o processo judicial eletrônico ... 32

2.3.1 Vantagens e desvantagens do processo físico ... 32

2.3.2 Vantagens e desvantagens do processo eletrônico ... 34

3 QUALIDADE DA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL ... 37

3.1 O processo eletrônico e o processo justo ... 37

3.2 A qualidade da prestação jurisdicional no processo eletrônico ... 42

CONCLUSÃO ... 47

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INTRODUÇÃO

Atualmente, a famigerada crise enfrentada pelo Poder Judiciário não é nenhuma novidade, uma vez que tal está atrelada a morosidade processual e na consequente demora na entrega da tutela pretendida pelo jurisdicionado.

Nesse sentido, essa demora na prestação jurisdicional pode causar inúmeros prejuízos aos litigantes, principalmente quando a decisão é alcançada, mas sem efetividade, tornando-se sem valor para o interessado, ou seja, de nada adianta uma decisão de qualidade, mas que extrapole os limites de razoabilidade de tramitação, fazendo com que a decisão não seja mais eficaz.

Desta forma, para combater a morosidade processual, foi incluído em nossa Constituição Federal, através da Emenda nº 45, o princípio da duração razoável do processo, o qual garante a celeridade da tramitação dos processos, sem extrapolar os limites da razoabilidade do tempo.

Contudo, a grande evolução tecnológica, com expansão da dispersão de informações, ocasionou para o Poder Judiciário um aumento significativo de demandas, exigindo deste uma solução que buscasse combater a morosidade processual e entregar a devida tutela almejada pelo litigante em um período de tempo adequado.

Foi nesse contexto que surgiu o Processo Eletrônico, o qual através da virtualização do processo busca proporcionar a efetividade do princípio constitucional, o qual assegura no âmbito judicial ou administrativo a duração razoável do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

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Entretanto, apesar do processo eletrônico tramitar, em tese, mais rapidamente que o físico, não há certeza de prestação da devida tutela jurisdicional qualificada.

Nesse sentido, verificar-se-á se através do processo eletrônico o Estado buscou um meio de possibilitar o trâmite processual de forma célere e eficaz, objetivando corrigir falhas que perseguem os autos físicos e que contribuam para a redução da morosidade processual e para a qualidade da prestação jurisdicional.

Para isso, o presente trabalho foi divido em três capítulos, sendo que no primeiro será apresentado o princípio da duração razoável do processo, abordando sobre a sua relação com o princípio do acesso à justiça e com o tempo e a morosidade do processo. O segundo capítulo, dissertará sobre o processo eletrônico, seu conceito, características e sua evolução na legislação brasileira, salientado as principais alterações que a legislação provocou nesse âmbito, além de fazer uma breve análise sobre as vantagens e desvantagens dos processos eletrônicos e físicos.

No terceiro capítulo, será analisado se o processo eletrônico é um processo justo, ou seja, se proporciona uma prestação jurisdicional de qualidade, em um tempo considerado razoável e com a entrega ao jurisdicionado da tutela almejada de forma eficaz.

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1 A DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO

O princípio da duração razoável do processo foi incluído em nosso ordenamento jurídico pela promulgação da Emenda Constitucional nº 45, em 8 de dezembro de 2004, inserido como um princípio fundamental, elencado no inciso LXXVIII do art. 5º da Constituição Federal, o qual busca assegurar a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação:

LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

Tal princípio visa garantir que o processo não tramite por um prazo além do adequado, assegurando a prestação jurisdicional de maneira justa e evitando a morosidade processual. Para isso, devem ser observadas outras garantias fundamentais, quais sejam, o devido processo legal, nos seus segmentos ampla defesa e contraditório, a igualdade, a razoabilidade, a efetividade e a publicidade dos atos processuais.

Este princípio foi acrescentado na Constituição Federal numa busca do Estado para solucionar a lentidão processual, uma vez que os litigantes ao ingressarem no Judiciário buscam a solução de seus conflitos de maneira efetiva e num período de tempo razoável. Isso porque, o processo ao tramitar por um longo período de tempo gera uma insegurança jurídica para as partes e a sensação de que a devida tutela jurisdicional não é prestada de maneira efetiva.

Segundo Humberto Theodoro Júnior, (2016, p.85):

A noção de processo justo está intimamente ligada à efetividade da prestação jurisdicional, de modo a garantir a todos o acesso à justiça, em tempo que não extrapole os limites do razoável. Com isso, entende-se a necessidade de a justiça efetiva aparelhar-se para propiciar ao titular do direito um provimento que seja contemporâneo à lesão ou à ameaça de lesão, consistindo em solução justa para o litígio.

Feitas essas primeiras colocações, esclarece-se que o presente capítulo tem por objetivo analisar o princípio da razoável duração do processo, a partir do princípio do acesso à justiça, do tempo e da morosidade do processo e de

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seu conceito e características, a fim de possibilitar a posterior averiguação se o uso do processo eletrônico garante e entrega de uma qualificada prestação da tutela jurisdicional, objeto deste estudo.

1.1 Acesso à justiça

Para analisar o princípio da duração razoável do processo, é necessário discorrer, preliminarmente, sobre outro princípio que está intimamente ligado a esse, o princípio fundamental do acesso à justiça.

O princípio do acesso à justiça garante que sempre que algum cidadão tenha um direito ofendido ou desrespeitado, esse possa pleitear a resolução de seu conflito de maneira efetiva. Nesse sentido, o acesso à justiça é a segurança jurídica da parte que teve seu direito violado e que espera seja reparado.

O acesso à justiça está amparado no art. 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal, in verbis: XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; e no art. 3º, do Código de Processo Civil, que dispõe que “não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito”.

A Declaração Universal dos Direitos dos Humanos, em seu artigo 8º, dispõe que:

Todo o homem tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.

Nessa esteira, o princípio do acesso à justiça, também encontra respaldo no Pacto de São José da Costa Rica, no artigo 8.1.

Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.

Humberto Theodoro Júnior explica o princípio do acesso à justiça, (2016, p.74):

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[...] o acesso à justiça se dá, individualmente, por meio do direito conferido a todas as pessoas naturais ou jurídicas de dirigir-se ao Poder Judiciário e dele obter resposta acerca de qualquer pretensão, contando com a figura do juiz natural e com sua imparcialidade; com garantia do contraditório e da ampla defesa, com ampla possibilidade de influir eficazmente na formação das decisões que irão atingir os interesses individuais em prestação da assistência jurídica aos carentes, bem como com a preocupação de assegurar a paridade de

armas entre os litigantes na disputa judicial; e com a coisa julgada,

como garantia da segurança jurídica e da tutela jurisdicional efetiva. Nesse sentido, o Estado deve proporcionar meios para a entrega da tutela jurisdicional de maneira efetiva, organizada de tal jeito que atenda às demandas dos litigantes de forma justa.

Nessa esteira, são atribuídos vários significados para explicar a expressão acesso à justiça, mas a doutrina destaca dois como fundamentais: o primeiro diz que o acesso à justiça é similar ao acesso ao judiciário, e o segundo interpreta o acesso à justiça como garantidor dos direitos fundamentais.

Igualmente como nos demais princípios, o princípio do acesso à justiça deve respeitar outros dispositivos constitucionais, garantindo o contraditório, a ampla defesa, o devido processo legal, o juiz natural e a inadmissibilidade de provas ilícitas.

Além dos princípios constitucionais, há mais alguns princípios que embasam o acesso à justiça, e são relevantes para melhor elucidação do tema, são eles: a acessibilidade, a operosidade, a utilidade e a proporcionalidade.

Humberto Dalla Bernardina de Pinho define acessibilidade, (2012, p.54): A acessibilidade significa a existência de sujeitos de direito, capazes de estar em juízo, sem obstáculos de qualquer natureza, utilizando adequadamente o instrumental jurídico e possibilitando a efetivação de direitos individuais e coletivos.

Isso se dá através do direito à informação, da garantia de uma legitimidade adequada e da gratuidade da Justiça para os necessitados.

Dessa maneira, o princípio da acessibilidade pressupõe que aqueles que possuem capacidade para pleitear em juízo, receberão a devida tutela jurisdicional, de forma efetiva e justa. Para tanto, é necessário que o direito à informação seja acessível, para que os cidadãos conheçam seus direitos e

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saibam como buscar a efetivação desses, bem como que as custas processuais sejam apropriadas, de modo a não dificultar o acesso à justiça para os litigantes.

O Princípio da Operosidade significa que aqueles comprometidos em prestar a tutela jurisdicional devem buscar escolher meios que proporcionem à efetivação do acesso à justiça, atingindo o máximo de sua produção.

O Princípio da Utilidade assegura ao vencedor do processo que receba tudo aquilo que possui direito de receber, com a garantia de menor dispêndio do vencido.

Segundo Pinho (2012b, p. 55), isso ocorre através dos seguintes fatores: a) superação da dicotomia segurança versus celeridade, binômio que deve ser aquilatado caso a caso, no curso do feito;

b) utilização das espécies de tutela de urgência;

c) concretização da execução específica como regra, adotando-se a execução genérica apenas excepcionalmente;

d) fungibilidade da execução, especificadamente no campo dos direitos do consumidor (art. 6º, V, CDC), propondo o autor o aumento de incidência dessa regra para outros campos do direito;

e) alcance subjetivo da coisa julgada, sobretudo nas ações coletivas; e

f) limitação da incidência de nulidades, como corolário do princípio da instrumentalidade do processo.

O princípio da proporcionalidade ocorre quando cabe ao juiz decidir entre dois direitos em conflito, devendo escolher aquele que é mais benéfico ao maior número de pessoas. Aplica-se tanto nas questões de legitimidade, como nas liminares e tutelas de urgências, fungibilidade da execução, coisa julgada e na questão da prova ilícita.

Em suma, buscar a efetivação do princípio do acesso à justiça é buscar a segurança jurídica que o Estado deve oferecer aos jurisdicionados, com a resolução de seus conflitos, sempre que tiverem algum direito violado ou ameaçado.

Nesse sentido, Humberto Dalla Bernardina de Pinho (2012, ps. 404-405) explica o princípio do acesso à justiça:

O princípio do acesso à Justiça é, portanto, um termo que guarda diferentes acepções, mas que, em sua plenitude, visa a assegurar ao

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indivíduo o direito ao acesso ao Poder Judiciário, seja na propositura de ações, seja em exercer sua defesa em ações contra si propostas. Trata-se do direito ao acesso a uma ordem jurídica justa e não ao mero acessar do Judiciário, e isso será exprimido sempre que as decisões judiciais atenderem aos princípios da utilidade e da

acessibilidade. O primeiro revela que seja dado tudo aquilo, e

precisamente aquilo, que competia ao detentor do direito em análise receber; já o segundo dispõe que o direito deve ser conferido da forma mais breve possível.

Desta forma, resta evidente que para prestar uma tutela jurisdicional adequada aos litigantes, o Estado deve proporcionar a efetivação do princípio constitucional do acesso à justiça, disponibilizando aos cidadãos que tiveram seu direito ameaçado ou lesado a garantia que esse será reparado.

1.2 O tempo e a morosidade do processo

Contextualizado o princípio do acesso à justiça, observando seus princípios e seus obstáculos, é necessário fazer apontamentos sobre o tempo e a morosidade do processo, buscando compreender porque ambos estão intimamente ligados e o que representam para a entrega de uma prestação jurisdicional justa.

Sabe-se que o Poder Judiciário enfrenta uma crise que vem aumentando incontrolavelmente, uma vez que o número de demandas cresce cada dia mais e as causas são cada vez mais complexas. Isso ocasiona uma lentidão processual e a sensação para as partes que a demora na tramitação do processo não proporciona a devida tutela jurisdicional.

Nesse sentido, é possível vislumbrar que o tempo é um verdadeiro inimigo para o processo e que a morosidade do processo traz inúmeros prejuízos aos litigantes, e tal deve ser solucionada pelo Estado, o qual possui a responsabilidade de solucionar os conflitos dos jurisdicionados em um tempo razoável.

Sobre tempo e processo, SILVA e SPENGLER ensinam que:

Oportuno salientar a interligação entre o tempo e o direito, pois o direito afeta a temporalização do tempo e este determina a força constituinte do direito. [...]

Já em relação ao tempo e ao processo, que é um ritual, observa-se, inicialmente, que o tempo do processo não é um tempo ordinário. Ele

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é um tempo contínuo, com um começo e um fim. É um tempo único (não reproduzível) em razão da autoridade do princípio da coisa julgada, que busca a verdade e a garantia de que o acusado/requerido possa se defender. O tempo do processo é resultado de regras processuais e da matéria litigiosa, que impõe o ritmo dos procedimentos, o qual deve integrar as evoluções do litígio (2015, pg. 138).

Contudo, essa lentidão processual não deve ser confundida com a duração razoável do processo, pois essa não é consequência do tempo planejado para o processo tramitar, mas é a demora desnecessária, a interrupção inadequada e descabida da demanda, que resulta de causas e situações exteriores, como a falta de uma estrutura adequada dos órgãos auxiliares do juiz e na qualificação de seus servidores.

Nesse sentido:

[...] a excessiva duração do processo decorre não dos diversos prazos processuais, mas especialmente das chamadas etapas mortas do processo, períodos em que permanece parado nas prateleiras à espera de andamento, acentuando-se no Brasil pelo excesso de causas que ingressam na justiça e o insuficiente número de magistrados para atender à demanda, que cresce em proporção geométrica, ano a ano. Como se vê, o problema, além de seu caráter processual, insere-se também no plano da organização judiciária, obrigando não só o legislador, mas também a administração judiciária, a uma adequada alocação de material humano (magistrados e auxiliares do juízo), recursos e meios para a funcionalidade da justiça, exigindo ainda um adequado mecanismo sancionatório em face de quem viole culposamente o dever de tempestividade da tutela jurisdicional. (OLIVEIRA; MITIDIERO, 2010, p. 53)

A obtenção da devida tutela jurisdicional é confundia muitas vezes com a efetividade do processo. A morosidade processual apresenta-se como uma mazela do Poder Judiciário, tendo em vista que os litigantes que buscam a obtenção da prestação jurisdicional num período razoável de tempo e quando isso não ocorre, entendem que a efetividade do processo não foi atingida de maneira justa.

A confiança no Poder Judiciário vem da entrega da tutela jurisdicional pretendida de maneira ágil e célere, contudo, quando o processo extrapola os limites da razoabilidade, há uma ruptura da confiabilidade depositada no Judiciário.

Todavia, é necessário observar que desde a proposição da demanda até a prolação da sentença, o processo necessita de um tempo de tramitação,

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e tal pode variar dependendo da natureza do processo e da complexidade da causa. No entanto, esse espaço de tempo deve respeitar as demais garantias fundamentais, e sem produzir óbices que atrasem o processo, proporcionando a devida prestação jurisdicional que compete ao Estado.

A esse respeito, leciona Humberto Dalla Bernardina de Pinho (2012, p. 107):

[...] um processo judicial eficaz e ágil ao mesmo tempo pode ser de difícil execução e harmonização, daí a necessidade de que o processo se desenvolva dentro de um prazo razoável, que atenda a celeridade (sem dilações indevidas), mas que também atenda a uma solução adequada, ou seja, unir uma Justiça célere e eficaz. Isso é a tradução da efetividade processual.

Também é de se observar a particularidade de cada caso, tendo em vista que não se pode comparar uma ação que possua apenas um réu, com aquela que tenha várias partes em ambos os polos do processo, pois essa última inevitavelmente tramitará por um período de tempo mais longo que a primeira.

É preciso diferenciar a demora esperada de um processo, resultante do tempo natural para a aplicação das etapas do processo, daquela que é indevida, que tem caráter protelatório, ocasionadas por falhas do Judiciário ou até mesmo das partes e seus respectivos advogados.

Com efeito, o fato de um processo tramitar por um período de tempo longo e indesejado, não significa que a demanda que atingir a tutela jurisdicional mais rapidamente é o melhor a ser alcançado. É imprescindível que haja uma estabilidade entre a celeridade e a segurança do processo, devendo respeitar a duração razoável do processo, com um período de tempo de tramitação adequado.

Ante o exposto, afere-se que o processo possui um tempo natural de tramitação, o qual deve ser respeitado para garantir à aplicação dos princípios constitucionais fundamentais. Entretanto, deve-se evitar a demora desnecessária da demanda, causada por atos meramente protelatórios e que causam prejuízo aos litigantes.

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1.3 Duração razoável do processo como garantia processual constitucional

O princípio da razoável duração do processo surgiu a partir da Convenção Europeia para Salvaguarda dos Direitos dos Homens e das Liberdades Fundamentais, firmada no ano de 1950, como prevê o seu art. 6º, §1º:

Qualquer pessoa tem direito a que sua causa seja examinada, equitativa e publicamente, num prazo razoável por um tribunal independente e imparcial, estabelecido pela lei, o qual decidirá, quer sobre a determinação dos seus direitos e obrigações de caráter civil, quer sobre o fundamento de qualquer acusação em matéria penal dirigida contra ela. O julgamento deve ser público, mas o acesso à sala de audiências pode ser proibido à imprensa ou ao público durante a totalidade ou parte do processo, quando a bem da moralidade, da ordem pública ou da segurança nacional numa sociedade democrática, quando os interesses de menores ou a proteção da vida privada das partes no processo o exigirem, ou, na medida julgada estritamente necessária pelo tribunal, quando, em circunstâncias especiais, a publicidade pudesse ser prejudicial para os interesses da justiça.

Após, esse princípio foi adotado por inúmeros países, estando disposto também no Pacto de São José da Costa Rica, previsto em seu art. 8º. Na legislação brasileira, esse princípio está previsto no inciso LXXVIII do art. 5º da Constituição Federal, o qual busca assegurar a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

Nessa esteira, o princípio da duração razoável do processo também encontra respaldo no Novo Código de Processo Civil, no art. 4º e no art. 139, II. Art. 4o As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.

Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:

II - velar pela duração razoável do processo;

Analisando os supracitados dispositivos, verifica-se que o princípio da duração razoável do processo deve ser garantido aos litigantes que buscam a efetividade de sua tutela jurisdicional, uma vez que esses acionam o Poder Judiciário para obter o cumprimento do direito material, e tal deve ser alcançado respeitando as garantias fundamentais, evitando atos meramente protelatórios e dentro de um período de tempo razoável.

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Tendo em vista que o princípio da duração razoável do processo possui o status de direito fundamental, deve-se observar que umas das características dessa classe de direitos é que possuem uma aplicabilidade direta, a qual deve ser protegida pelo Estado com providências que visem à efetividade da aplicação do princípio da razoável duração do processo.

Dessa forma, é fundamental fazer a correta definição desse princípio, tendo em vista que atingir a duração razoável não significa que o processo será célere. Não se deve confundir a razoabilidade com a celeridade, uma vez que a demanda quando tramita em um período de tempo razoável, significa que essa percorreu suas etapas de maneira adequada, sem extrapolar os limites da admissibilidade, enquanto a celeridade aplica-se quando o processo atingiu sua finalidade de forma rápida, a qual pode ser ou não razoável.

Na prática, não há como fixar prazos de maneira que o processo tramite dentro da razoabilidade de tempo, considerando que cada caso apresenta características próprias, o que se deve analisar é se o processo atingiu sua finalidade sem violar o limite razoável de tempo.

Conforme ensina Humberto Theodoro Júnior, (2016, p. 65):

Não há, nem poderia haver, na lei, uma predeterminação do tempo qualificado como razoável para a conclusão de um processo. O que não se pode tolerar é a procrastinação injustificável decorrente da pouca ou total ineficiência dos serviços judiciários, de modo que a garantia de duração razoável se traduz na marcha do processo, sem delongas inexplicáveis e intoleráveis.

Respeitar o princípio da duração razoável do processo está intimamente ligado a proporcionar um processo justo, que é o que os litigantes buscam ao ingressarem no Judiciário, de maneira que seja atingida a finalidade da demanda de maneira eficaz e célere.

O Estado deve buscar prestar a devida tutela jurisdicional, uma vez que é a sua função solucionar os conflitos dos litigantes que batem as portas do Judiciário. Para isso, o Estado tem que proporcionar a defesa do direito material, a fim de garantir a ordem jurídica.

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A jurisdição, no desempenho de sua função institucional, portanto, cumpre tutela definitivas ou provisórias, exaurientes ou sumárias; sancionatórias ou inibitórias; de acertamento ou de execução; suficientes ou não suficientes; totais ou parciais. Mas, qualquer que seja a tutela, sua função operará no plano do direito material e, nesse plano, produzirá o efeito que o direito material assegura a quem se acha na situação de vantagem garantida pela ordem jurídica, seja na forma originária, seja no seu equivalente econômico, seja para impedir o dano, seja para saná-lo. Na observância dessa técnica multifária é que se realizará a efetividade da tutela jurisdicional dos direitos.

Nesse sentido, a prestação jurisdicional é alcançada quando se chega ao fim do processo, satisfazendo a tutela jurídica pretendida. Através da solução do litígio, se restabelece a ordem jurídica, atingindo a verdadeira justiça. Para isso, não deve ser aplicada somente a letra fria da lei, mas também os princípios e regras constitucionais. Além do que, deve-se observar a individualidade de cada caso, para melhor aplicação da legislação atendendo aos preceitos da constituição.

Como descrito por THEODORO JÚNIOR (2016, p. 114):

Cabe, pois, à Justiça não apenas dar uma resposta qualquer ao demandante, nem mesmo simplesmente enquadrar formalmente o fato deduzido em juízo no enunciado legal que lhe corresponda, dentro do ordenamento jurídico positivo. O direito de ação é abstrato, no sentido de que pode ser exercido sem prévia demonstração da existência efetiva do direito material que se pretende fazer atuar. Mas a tutela jurisdicional, que só é disponibilizada a quem realmente se encontre na titularidade de um direito subjetivo lesado ou ameaçado, tem de ser efetiva e justa, dentro das perspectivas traçadas na ordem constitucional.

Essa tutela, destarte, não pode cingir-se a interpretar e aplicar enunciado de lei pertinente. No moderno Estado Democrático de Direito é imperioso que isso se faça a partir, sempre, dos valores, princípios e regras consagradas pela Constituição. A prestação jurisdicional vai além da exegese isolada do enunciado de lei, para realizar, diante das particularidades do caso concreto, a compreensão e aplicação do preceito legal que seja conforme aos mandamentos e garantias da Constituição.

Para assegurar a obtenção da tutela jurisdicional pretendida com um processo, dentro dos limites da razoabilidade de tempo, devem-se evitar indagações desnecessárias e promover as providências disponíveis na lei que facilitem a entrega da prestação jurisdicional no tempo adequado, com a observância das demais garantias constitucionais.

Com efeito, buscar a obtenção da tutela jurisdicional do processo, é buscar obter um processo justo, o que pode ser entendido com a devida

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efetividade da demanda. Para isso, é imprescindível a colaboração das partes, dos procuradores e dos operadores do direito.

Nesse sentido:

É evidente que sem efetividade, no concernente ao resultado processual cotejado como o direito material ofendido, não se pode pensar em processo justo. Não sendo rápida a resposta do juízo para a pacificação do litígio, a tutela não se revela efetiva. Ainda que afinal se reconheça e proteja o direito violado, o longo tempo em que o titular, no aguardo do provimento judicial, permaneceu privado de seu bem jurídico, sem razão plausível, somente pode ser visto com uma grande injustiça. Daí por que, sem necessidade de maiores explicações, se compreende que o Estado não pode deixar de combater a morosidade judicial e que, realmente, é um dever primário e fundamental assegurar a todos quantos dependam da tutela da Justiça uma duração razoável para o processo e um empenho efetivo para garantir a celeridade da respectiva tramitação.

A fiel aplicação da garantia constitucional em apreço exige das partes um comportamento leal e correto, e, do juiz, uma diligência atenta aos desígnios da ordem institucional, para não se perder em questiúnculas formais secundárias e, sobretudo, para impedir e reprimir, prontamente, toda tentativa de conduta temerária dos litigantes. (THEODORO JÚNIOR, HUMBERTO, 2016, p.65).

Nesse viés, conforme entendimento jurisprudencial da Corte Europeia dos Direitos dos Homens, numa tentativa de demonstrar o período razoável de tempo que um processo deve tramitar, diz que é necessário que se obtenha três critérios objetivos, sendo eles: a complexidade da causa, o comportamento das partes e o modo como os operadores de direito conduzem o processo.

A complexidade da causa decorre de diversos fatores, como o número de litigantes, o tipo de ação, o número de pedidos e a natureza do pedido. De plano, é de se ressaltar que alguns direitos recebem tratamento especial em nosso ordenamento jurídico, como nos casos em que se discuta direito à saúde, à liberdade e que tenha como partes incapazes ou menores e, consequentemente, receberão decisões mais céleres que os demais.

Já no que diz respeito ao comportamento das partes, o qual deve ser investigado, uma vez que agindo alguma parte ou procurador com má-fé ensejando na procrastinação desnecessária do feito, fica demonstrado que esses não cumpriram com os seus deveres processuais, conforme preconiza o art. 77, do Código de Processo Civil.

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Por fim, a forma como os operadores de direito conduzem o processo, deve-se observar se o juiz conduziu o processo corretamente, evitando óbices que atrasem à entrega da devida prestação jurisdicional.

Nessa esteira, é necessário observar que o processo possui um tempo razoável de tramitação para que atinja sua finalidade, pois é necessário que se garanta os princípios fundamentais constitucionais, a fim de evitar nulidades e prejuízos às partes. Para o alcance dessa finalidade é pertinente buscar decisões precisas, alcançadas num período de tempo razoável e a custo plausível pelos jurisdicionados.

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2 O PROCESSO ELETRÔNICO

Sabe-se que os litigantes buscam o Judiciário quando não conseguem a resolução de seus litígios pela via extrajudicial. Nesse contexto, o Estado é responsável por proporcionar a efetivação da tutela jurisdicional pretendida pelos jurisdicionados. Para isso, é fundamental que as partes tenham amplo acesso à justiça e a garantia de aplicação dos princípios constitucionais.

Entretanto, com o passar dos anos e o aumento significativo da população, aliado à dispersão da informação e da tecnologia, além da consequente diversidade das relações sociais atuais, a demanda de litígios aumentou significativamente, tendo em vista que a procura pela obtenção da tutela jurisdicional é cada vez maior, o que resulta no acréscimo demasiado de processos no Judiciário.

Nesse sentido, a informatização do processo judicial é um meio para agilizar o trâmite processual e prestar a tutela jurisdicional de forma mais efetiva, que é o que os jurisdicionados almejam ao ingressarem com suas demandas. De acordo com a explicação de Adrina Josélen Rocha Morais Barbosa:

A comunicação eletrônica dos atos do processo em todos os âmbitos do Poder Judiciário resulta de uma reforma idealizada para atender ao propósito de simplificação do trâmite processual, vislumbrando reduzir o tempo de espera do cidadão pela entrega da tutela jurisdicional com a valorização da razoabilidade do tempo empregado para dirimir as questões jurídicas trazidas à baila (2013, p.111). É indiscutível que atualmente o meio eletrônico é um mecanismo de acesso à informação e à comunicação, uma vez que para simples atividades do dia a dia é necessário utilizá-lo. Desta forma, o Poder Judiciário não poderia se manter inerte a essa tecnologia, sendo necessária a busca pela inclusão desta ao sistema processual, ainda mais, considerando a famigerada crise que o órgão enfrenta.

Conforme mencionado por Markeline Fernandes Ribeiro:

[...] não poderia o Poder Judiciário, garantidor e defensor dos direitos individuais, responsável por promover a justiça, quedar-se em acompanhar a evolução da sociedade, cujo crescimento populacional descabido, com o consequente maior acesso à informação,

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aumentando significativamente o número de processos judiciais a serem solucionados, cabendo-lhe adequar-se ao novo cenário da evolução da comunicação escrita e do acesso à informação, protagonistas fundamentais do direito em todo seu desenvolvimento histórico, havendo assim se originado o Processo Judicial Eletrônico (2015, pg. 121).

No decorrer dos anos, várias foram as tentativas para informatização do processo, buscadas através da realização dos atos processuais pela via eletrônica. Contudo, vários obstáculos foram enfrentados, principalmente pela preocupação com a fiscalização da veracidade dos documentos.

Superados tais obstáculos, o Processo Judicial Eletrônico foi finalmente implementado, comprovando que a inovação tecnológica chegou ao processo.

O Processo Judicial Eletrônico (PJe) foi criado pelo Conselho Nacional de Justiça, buscando através da informatização da atividade jurídica o aprimoramento do sistema processual, mediante a prestação jurisdicional mais ágil e célere.

Nesse sentido Luiz Carlos Santana Delazzari explica que:

[...] a informatização do processo tem a pretensão de superar velhas práticas que dificultam a tramitação processual, como numeração e rubrica de autos, cargas aos advogados, autuação com cartolina, carimbos de juntadas, de certidões e de termos, o que tem gerado um amontoado de papéis em torno do processo, pouco ou quase nada contribuindo para a efetiva prestação jurisdicional. Isso sem falar na falta de infraestrutura adequada, pois o número de servidores e magistrados tem-se mostrado, a cada dia mais, insuficiente para atender às demandas judiciais (2011, pg.02).

A partir disso, o presente capítulo tem por objetivo analisar o processo judicial eletrônico, suas características, elementos e sua evolução na legislação brasileira. Por fim, pretende-se realizar uma breve comparação entre o processo físico e o eletrônico, salientando algumas vantagens e desvantagens destes.

2.1 Conceito, características e elementos do Processo Judicial Eletrônico

No Processo Judicial Eletrônico todos os atos processuais são realizados virtualmente, sendo que as peças processuais são digitalizadas.

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Entretanto, vale ressaltar que o processo eletrônico não se trata de um novo processo, na realidade se trata do processo costumeiro mas com uma nova aparência, visto que todos os atos serão realizados de forma eletrônica.

Nesse sentido, Humberto Dalla Bernardina de Pinho define que:

[...] processo eletrônico é todo aquele cujo procedimento obedeça aos termos da Lei n. 11.419, de 19 de dezembro de 2006, isto é, que tenha todos os seus atos realizados por meio eletrônico, sem que se cogite de um processo físico, através de um sistema de segurança de certificação digital que assegura a veracidade das informações ali contidas (2012, p. 388).

Desta forma, a implementação do Processo Eletrônico representa a busca do Judiciário em combater a morosidade processual, objetivando desburocratizar o andamento do processo e entregar de forma mais célere a tutela pretendida pelo litigante, conforme explica Markeline Fernandes Ribeiro:

[...] o Processo Judicial Eletrônico permite a tramitação processual sem a utilização de papel, sendo desnecessário incumbir aos servidores do Poder Judiciário ficar horas a fio autuando centenas, milhares de páginas de processos, contribuindo consequentemente para melhor aproveitamento de trabalho, dentre tantas outras dádivas que culminam em maior quantidade de processos despachados, sentenciados, executados e finalizados (2015, pg. 125).

Através do PJe, o jurisdicionado pode ter acesso ao processo a qualquer tempo e em qualquer lugar, mesmo não estando na comarca onde tramita seu processo, o que representa a efetivação de um dos principais princípios norteadores do processo, o acesso à justiça.

Nesse sentido, é relevante citar que a doutrina entende que existem três ondas que possibilitam o acesso à justiça, as quais foram formuladas pelos autores Mauro Cappelletti e Bryant Garth na obra intitulada “Acesso à Justiça”. A terceira onda sugere a facilitação dos sistemas processuais, na qual o processo eletrônico se enquadra, considerando que tal visa simplificar a entrega da devida prestação jurisdicional à parte através da informatização dos atos processuais.

Nesse sentido:

A informatização do Judiciário contribui de forma proficiente para que todas as ondas de desenvolvimento do acesso à justiça se efetivem.

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A digitalização melhora a comunicação de atos em âmbito nacional e a defesa de interesses supraindividuais. A exemplo disso temos que há uma maior celeridade, na medida em que os atos de cartório deixam de tomar tempo das varas; um menor valor das custas ou impostos, uma vez que o processo eletrônico é mais barato e, principalmente, celeridade da resolução do conflito (PINHO, Humberto Dalla Bernardina de, 2012, p. 392).

Ainda, nesse contexto ensina José Carlos de Araújo Almeida Filho (2010, pp. 20/21 apud PEREZ, CORONA, 2010, p. 276):

Como forma de desafogar o Judiciário e até mesmo eliminar os entraves burocráticos havidos nos cartórios, a população mais carente teria maior acessibilidade a todos os meios para a concretização de seus direitos. Um procedimento eletrônico é rápido e eficaz e as experiências vivenciadas no Brasil demonstram ser possível a inserção desta forma no processo.

Analisando sob este prisma e repudiando o anacronismo dos que ainda resistem à informática no direito, a partir do momento em que temos a inserção de um novo mecanismo, ainda que acessível - ao menos inicialmente – a poucos, teremos um grande espaço aberto para as questões que necessitam de imediata intervenção do Judiciário, como as possessórias, de vizinhança, de família, dentre outras que assoberbam a Defensoria Pública, pela demora no processamento dos feitos sob o pálio da gratuidade de Justiça. Adotar o processo (ou procedimento) eletrônico, é garantir efetividade e acesso aos mais necessitados, sem que possa parecer uma assistência caridosa. Finalmente, a fim de nos adequarmos à terceira

onda, para as questões envolvendo informática e conflitos

provocados na Internet, a necessidade de adoção do procedimento eletrônico.

Dentre as características do processo eletrônico, podem ser citadas a agilidade de tramitação, a publicidade dos atos, a comodidade para as partes e procuradores, facilidade de acesso às informações, automoção das rotinas e decisões judiciais, controle com a segurança e autenticidade dos dados processuais, reconhecimento da validade das provas digitais, entre outras.

A agilidade de tramitação dos processos eletrônicos é uma das características que merece destaque, tendo em vista que com a informatização do processo, os atos realizados manualmente são praticamente eliminados, principalmente aqueles ligados a movimentação e organização dos processos. Além disso, o processo eletrônico proporciona que as intimações sejam realizadas instantaneamente, quando da juntada de algum documento ou petição, não havendo a necessidade de intervenção do juiz ou dos servidores.

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Ademais, as partes podem peticionar e ter acesso aos autos a qualquer momento, sem necessidade de se deslocarem até o Fórum para protocolar o documento ou retirar o processo em carga. Outro fato, é que no processo eletrônico mesmo este estando em carga com algum órgão, por exemplo, Ministério Público, é possível consultar o processo e juntar documentos, caso necessário, sem que seja necessário pedir o processo de volta da carga.

Nessa esteira, de acordo com pesquisas realizadas pelo Conselho Nacional de Justiça, o Processo Judicial Eletrônico tem tramitação mais ágil e célere em comparação aos processos físicos.

De acordo com o autor Agapito Machado (2009, p. 90):

[...] uma ação formalizada no juizado virtual poderá ser julgada no mesmo dia, mesmo sem ser realizada a citação do réu, se se tratar de matéria de direito nos seguintes casos: a) quando a Ré, (União, suas autarquias, fundações e empresas públicas), aterma, previamente, suas contestações padronizadas, e que são juntas poucos minutos antes de proferida a sentença; e b) na hipótese de evidente e reiterada improcedência de casos idênticos [...]

O princípio da publicidade está disposto na Constituição Federal no art. 93, IX e garante o acesso e transparência de todos os atos do processo aos jurisdicionados. Assim, verifica-se que o processo eletrônico atende ao que está previsto nesse princípio, haja vista que o processo está disponível para consulta a qualquer momento, o que possibilita para as partes a facilidade de acompanhar o andamento do demanda, sem necessidade de acompanhamento presencial.

Outra característica inerente ao processo eletrônico é a comodidade que este possibilita as partes e aos procuradores, uma vez que tal característica é própria da internet. Os procuradores podem peticionar em suas próprias casas e sem necessidade de retirar o processo em carga, pois este está disponível para consulta online, assim como as partes podem consultá-lo a qualquer momento.

De acordo com Barbosa (2013, p.114):

O processo eletrônico possibilita a prática de atos processuais a qualquer momento e a partir de qualquer meio de acesso à rede mundial de computadores, facilitando a atuação dos juristas,

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principalmente advogados públicos e privados que, com a era digital, passaram a ter maior autonomia e independência no que concerne ao tempo e ao ambiente de trabalho, visto que suprimida a obrigatoriedade da presença física nas dependências do Poder Judiciário para o protocolo, movimentação e consulta dos autos, abreviando o tempo empregado em cada caso concreto, cumprindo-lhes, em contrapartida, atuar de forma a cooperar com a eficiência da justiça.

Nesse sentido, verifica-se que o processo eletrônico possibilita a maior interação dos envolvidos com o processo judicial, evitando que estes percam seu tempo com deslocamentos desnecessários.

O processo eletrônico também oportuniza a facilidade de acesso às informações constantes nos autos, pois qualquer pessoa, mesmo que não integre a lide, consegue visualizar o processo sem nenhuma dificuldade, o que, muitas vezes, com o processo físico não era possível.

Também é propiciada, através do processo eletrônico, a automoção das rotinas e das decisões judiciais, visto que as várias dinâmicas serão automatizadas. Um exemplo disso é a autuação do processo, a qual, pela via eletrônica, não é necessária, visto que ocorre automaticamente quando da juntada de algum documento.

Outrossim, é imperioso mencionar que a via eletrônica necessita de uma certa cautela no que concerne ao controle com a segurança e autenticidade dos dados processuais no processo eletrônico, visto que a facilidade do compartilhamento de dados gera uma certa insegurança jurídica.

Desta forma, há mecanismos que fiscalizam a idoneidade dos documentos e dados processuais no processo eletrônico, dentre os quais pode ser citado o certificado digital, o qual é exigido dos advogados, magistrados e servidores para utilização do sistema para acesso ao processo eletrônico. O certificado garante a validez dos atos praticados pela via eletrônica e possibilita aos litigantes maior segurança jurídica perante o processo.

É pertinente salientar, que no processo eletrônico com a juntada das provas ao processo virtualmente, possibilita as partes o acesso de forma rápida e a qualquer momento do conteúdo, facilitando a transmissão dos dados aos

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litigantes. Além disso, o documento digital tem durabilidade maior que o físico, visto que o último está sujeito à danificação pelo envelhecimento.

Em suma, essas características demonstram que o processo eletrônico é um facilitador para o trâmite processual mais célere, simplificando os atos através da internet. De maneira que buscam corrigir falhas existentes nos autos físicos e solucionar a morosidade processual.

2.2 Evolução história da legislação no processo eletrônico

O marco inicial de previsão legislativa acerca da realização de atos processuais pela via eletrônica foi com a Lei nº 8.245/91, chamada de Lei do Inquilinato, a qual prevê a citação, intimação ou notificação por meio eletrônico, através do fac-sílime (fax). Contudo, esses atos só eram permitidos se estivessem autorizados no contrato, conforme dispõe o art. 58, IV:

Art. 58. Ressalvados os casos previstos no parágrafo único do art. 1º, nas ações de despejo, consignação em pagamento de aluguel e acessório da locação, revisionais de aluguel e renovatórias de locação, observar - se - á o seguinte:

[...]

IV - desde que autorizado no contrato, a citação, intimação ou notificação far - se - á mediante correspondência com aviso de recebimento, ou, tratando - se de pessoa jurídica ou firma individual, também mediante telex ou fac-símile , ou, ainda, sendo necessário, pelas demais formas previstas no Código de Processo Civil.

Em 1999, sobreveio a criação da Lei do Fax (Lei nº 9.800), que apenas possibilitava a transferência de petições escritas por meio de equipamento de Fax, de acordo com o art. 1º, in verbis: “É permitida às partes a utilização de sistema de transmissão de dados e imagens tipo fac-símile ou outro similar, para a prática de atos processuais que dependam de petição escrita”.

Porém, tal disposição ocasionou num acréscimo dos prazos processuais, pois, conforme previsto no art. 2º da supracitada lei, para confirmação do ato, era necessário que a parte entregasse em juízo, em até cinco dias da data do término do prazo, a petição original que foi transmitida.

Nesse sentido, destaque-se que a jurisprudência na época entendeu que a referida lei só poderia ser aplicada em relação ao Fax, visto que tinha

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posicionamento que o e-mail não poderia ser considerado um sistema de transmissão de dados, por não ser semelhante ao Fax, motivo pelo qual não era permitido o compartilhamento de dados através deste recurso. Entretanto, sabe-se que tanto o Fax como o e-mail são mecanismos de compartilhamento de dados pela via eletrônica, o que revela uma parcela da dificuldade enfrentada até a implementação do processo eletrônico no Brasil.

Posteriormente, com a criação dos Juizados Especiais Federais, a partir da Lei nº 10.259/01, foi permitido o uso da via eletrônica para realização de atos processuais, através da utilização do sistema chamado de e-Proc (processo eletrônico). A lei trouxe novidades importantíssimas para o processo eletrônico, como por exemplo, a possibilidade de intimação das partes e recebimento de petições pelo meio eletrônico, disposta no art. 8º, § 2º, da referida lei, bem como o disposto no art. 14, §3º:

§ 3o A reunião de juízes domiciliados em cidades diversas será feita pela via eletrônica.

Contudo, a supracitada lei carecia de métodos tecnológicos que possibilitassem a autenticidade dos atos realizados pelo meio eletrônico, gerando para os litigantes a falta de confiabilidade neste sistema processual.

Tal questão foi enfrentada com a criação da Lei nº 10.358/01, que inseriu um parágrafo único, no art. 154, do Código de Processo Civil, vigente à época, que previa a segurança na autenticação na identidade das partes e validação dos documentos. Porém, a lei foi vetada, com o fundamento de que cada Tribunal poderia desenvolver seu próprio procedimento para validação dos atos praticados pela via eletrônica.

Nessa esteira, foi criada a Medida Provisória n º 2.200/01 e a Lei nº 11.382/06, sendo que a primeira possibilitou a assinatura digital e, a segunda, a penhora online e o leilão online.

Em 19 de dezembro de 2006, foi sancionada a Lei nº 11.419, a qual disciplina sobre a informatização do processo eletrônico, aplicável aos processos civil, penal e trabalhista e aos juizados especiais.

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Dispõe o artigo 1º da lei nº 11.419/06 “in verbis”: “O uso de meio eletrônico na tramitação de processos judiciais, comunicação de atos e transmissão de peças processuais será admitido nos termos desta Lei”. Tratando-se de um procedimento eletrônico e não de um processo eletrônico, tendo em vista que o procedimento é o meio pelo qual o processo irá se desenvolver do início ao fim.

Humberto Dalla Bernardina Pinho explica a evolução do processo até o surgimento da lei e seus objetivos:

[...] O Direito processual atravessou eras, desde o sistema puramente oral – em que nem mesmo existiam leis escritas – passou pela fase documental – em que os atos processuais passaram a ser transcritos para o papel – até chegar ao presente estado, no qual é dispensável e o computador é ferramenta de trabalho dos atores do judiciário. O processo deixa de ser restrito a um cartório, a uma vara, a um tribunal, podendo ser acessado de todos os cantos do mundo, através da internet.

[...] a Lei nº 11.419/2006, que teve como principal objetivo disciplinar o processo eletrônico, reduzindo resistências e os custos, bem como acarretando celeridade e economia processual, na medida que o papel deixa de existir e o armazenamento de toda a informação, do início até o fim do procedimento, acontece pela via eletrônica.

Conhecida como a Lei de Informatização do Judiciário, foi responsável pela criação do Processo Judicial Eletrônico, permitindo uso dos meios eletrônicos para a tramitação do processo, comunicação dos atos processuais e transferência de petições, entre outras providências. Ademais, define meio eletrônico como qualquer forma de armazenamento ou tráfego de documentos e arquivos digitais (art. 1º, §2º, I). (2012, p.395).

Nessa esteira, verifica-se que a lei de informatização judicial trouxe importantes novidades e esclarecimentos acerca do meio eletrônico, o qual é definido pela lei em seu art. 1º, I, como “qualquer forma de armazenamento ou tráfego de documentos e arquivos digitais”, também esclarece sobre tema bastante debatido para utilização da via eletrônica, qual seja, a assinatura digital.

A lei autorizou o uso da assinatura eletrônica por meio de duas formas, conforme alíneas a e b do art. 1º, in verbis:

a) assinatura digital baseada em certificado digital emitido por Autoridade Certificadora credenciada, na forma de lei específica; b) mediante cadastro de usuário no Poder Judiciário, conforme disciplinado pelos órgãos respectivos.

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Nas duas hipóteses, a pessoa interessada deve comparecer ao órgão para efetuar seu credenciamento e atribuição de um registro e meio de acesso ao sistema, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 2º da lei. Tal procedimento tem o intuito de garantir a discrição, veracidade e a segurança da comunicação dos atos processuais realizados no processo eletrônico.

Outra alteração relevante que a lei trouxe diz respeito à juntada dos documentos ao processo, que pode ser feita diretamente pelos procuradores, além da autuação que é automática, conforme disposto no art. 10:

A distribuição da petição inicial e a juntada da contestação, dos recursos e das petições em geral, todos em formato digital, nos autos de processo eletrônico, podem ser feitas diretamente pelos advogados públicos e privados, sem necessidade da intervenção do cartório ou secretaria judicial, situação em que a autuação deverá se dar de forma automática, fornecendo-se recibo eletrônico de protocolo.

Nesse diapasão, verifica-se que Lei nº 11.419/2006 representou grande avanço para a implementação da informatização do processo judicial, visto que regulamentou os atos processuais praticados pela via eletrônica.

Ainda sobre a evolução da informatização do processo no Brasil, é relevante citar a Resolução nº 344 do Supremo Tribunal Federal, a qual disciplina sobre a tramitação dos processos do Tribunal pela via eletrônica, e a Resolução nº 417, do STF, que determinou em seu art. 18, in verbis: As classes processuais Reclamação (RCL), Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC), Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO), Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) e Proposta de Súmula Vinculante (PSV) passam a ser processadas, exclusivamente, no sistema eletrônico do STF (e-STF).

Dito isso, é válido salientar que o primeiro órgão a implantar a utilização do processo eletrônico foi o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, o qual compreende os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. A implantação iniciou em outubro de 2009, através da Resolução nº 13 de 11/03/2004, e foi concluída em fevereiro de 2010. A partir dessa Resolução foi permitido e regulamentado o uso da via eletrônica nos Juizados Especiais Federais (JEFs) do referido Tribunal.

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Posteriormente, em 2006, o processo eletrônico passou a ser utilizado para todas as ações de competência dos Juizados Especiais Federais da 4ª Região, a partir da Resolução nº 75. Após, com a Resolução n° 64 de 2009, foi prevista a utilização do processo eletrônico na Justiça Federal de 1º e 2º graus do TRF4, nos processos cíveis e criminais. Por fim, em 2010, com a edição da Resolução n° 17, o TRF4 determinou o uso do processo eletrônico a partir de todas as novas ações ajuizadas no juízo comum criminal e cível, permanecendo o processo físico somente naquelas já ajuizadas.

Ante o exposto, afere-se que o processo eletrônico percorreu diversas fases até a sua efetiva implementação, o que demonstra a preocupação do legislador em proporcionar aos litigantes um meio de atender a demanda de litígios de forma satisfatória e corrigir as imperfeições que existiam nos processos físicos.

2.3 Comparação entre o processo físico e processo judicial eletrônico

É importante avaliar as vantagens e desvantagens do processo físico e do eletrônico, buscando elucidar se ambos atendem à prestação jurisdicional da forma pretendida pelos jurisdicionados ao acionarem o Estado para solução de seus litígios.

2.3.1 Vantagens e Desvantagens do Processo físico

Podem ser citadas como desvantagens do processo físico a existência perceptível, a fragilidade, a corruptibilidade, a insustentabilidade e a singularidade.

A primeira desvantagem diz respeito ao espaço ocupado pelo processo físico, ou seja sua existência perceptível, tendo em vista que o processo não possui restrições ao número de volumes, podendo aumentar seu tamanho até o final da demanda sem existir um limite, o que gera o acúmulo de processos cada vez maiores.

Nesse sentido, os processos físicos ocupam muito espaço e nem sempre há espaço suficiente para tantos processos. Além disso, o processo

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físico não possui índice, o que no dia a dia representa num tempo perdido desnecessariamente para localização de algum documento, o qual nem sempre é encontrado, devido ao grande volume do processo.

O deslocamento dos processos físicos é outro malefício, visto que reivindica empenho intenso em relação aos servidores, partes e procuradores, tanto no deslocamento interno como nos descolamentos para outros órgãos, como o Ministério Público, Defensoria Pública, entre outros.

Outra desvantagem é fragilidade que os processos físicos possuem, considerando que são vulneráveis e uma vez perdidos não são recuperáveis totalmente. Tanto é que o extravio de processos no dia a dia forense é fato costumeiro, sendo necessário se proceder à restauração de autos.

O processo físico, por ser manuseável, apresenta a inconveniência de poder ser facilmente modificado e de forma imperceptível, ou seja, podem ser acrescentadas ou removidas páginas ou documentos, o escrito pode ser rasurado, sem percepção das partes. Desta forma, a corrupção dos autos físicos é perfeitamente possível e, ainda, sem deixar evidências.

Nessa esteira, é de conhecimento que o processo físico demanda uma série de recursos, principalmente pela utilização de papel e tinta, caracterizando a insustentabilidade, o que nos tempos atuais é totalmente indesejado do ponto de vista ecológico. Além disso, o desperdício é constante, visto que impressões desnecessárias ou erradas são costumeiras.

Por fim, quanto à singularidade do processo físico, verifica-se que este é único, ou seja, não é possível estar disponível para acesso para ambas as partes ao mesmo tempo, ou seja, se o processo está em carga com algumas das partes ou com algum órgão, aquele que quer ter acesso aos autos terá que aguardar a devolução destes.

No que tange as vantagens do processo judicial físico pode-se dizer que são manuseáveis e são familiares, isso porque o papel faz parte da vida das pessoas desde o seu nascimento, estando estas familiarizadas com esse tipo

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de recurso, e, desta forma, não é preciso orientação sobre como manusear um processo físico.

2.3.2 Vantagens e desvantagens do processo judicial eletrônico

Como vantagens do PJe podem ser citadas a disponibilidade, a celeridade, a integridade, a sustentabilidade, a resiliência e acessibilidade.

No processo eletrônico, os autos estão disponíveis 24 horas por dia, bem ao contrário dos físicos, os quais só podem ser consultados no cartório e demandam do deslocamento dos interessados até o Fórum. Ademais, essa disponibilidade possibilita aos magistrados a possibilidade de proferir decisões urgentes, mesmo fora do horário de expediente e sem a necessidade de locomoção para tanto.

Uma das principais vantagens que o processo eletrônico proporciona é a celeridade processual, visto que com a facilitação dos atos por meio da via eletrônica, gera a aceleração do tramite processual, pois diversas etapas que o processo físico exige, como autuação do processo, com o eletrônico, não são necessárias.

Conforme ensina Pinho (2012, p.407):

É o processo eletrônico compatível com o princípio da celeridade a informatização processual, não só o ideal de acelerar as decisões dos feitos, respeitando-se a duração razoável do processo, mas também em proveito da solução de ações que se multiplicaram em razão das novas tecnologias que geram novas questões e novos direitos a serem enfrentados pela sociedade como um todo.

Outra vantagem do processo eletrônico é a acessibilidade, tendo em vista que os autos podem ser consultados a qualquer momento e por qualquer parte integrante ou não da lide. Tal benefício evita deslocamentos para visualização do processo presencialmente, visto que todos os atos processuais são realizados pela plataforma virtual.

A sustentabilidade é evidente no processo eletrônico, uma vez que o uso do papel é totalmente descartado, apresentando impacto ambiental positivo. Destarte, outra vantagem se refere à dispensa do espaço ocupado pelos processos físicos.

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Também se observa que o processo eletrônico apresenta maior integridade em relação aos físicos, pois pela via eletrônica a adulteração de dados é muito mais difícil do que no processo físico, considerando que possui sistemas de gerenciamento de dados que garantem a segurança no compartilhamento de informações.

Diferentemente do processo físico, o eletrônico é praticamente impossível de ser extraviado, salvo na ocorrência de um desastre de dimensão nacional. A tecnologia atual desenvolveu sistemas de armazenamento de dados, que garantem a proteção do processo.

Quanto às desvantagens do processo eletrônico podem ser mencionadas: a utilização se dá exclusivamente por meio do computador e do acesso à internet; a vulnerabilidade e a necessidade de certificação eletrônica.

Apesar das inúmeras vantagens que o processo eletrônico proporciona, uma desvantagem é que nem todos possuem acesso à internet ou possuem um computador, únicos meios possíveis para utilização do processo virtual. Desta forma, a utilização da via eletrônica pode se tornar impraticável para algumas partes e operadores de direito, visto que nem todos tem acesso a esse meio.

Nesse contexto:

[...] a partir do momento em que o uso da internet se torna requisito essencial de acessibilidade ao e-Processo, acaba-se restringindo o seu alcance. Em outras palavras, o processo eletrônico é inacessível ao excluído digital. Nesse panorama, os elevados índices de exclusão digital do país acabam interferindo negativamente na garantia constitucional de inafastabilidade de jurisdição daqueles cidadãos nessas condições. [...] (ISAIA, PUERARI, 2012, pp. 128/129).

Outra desvantagem, é que o processo eletrônico exige que os operadores do direito de adaptem a essa nova tecnologia, pois muitos não estão adaptados a essa realidade virtual. Nas palavras de IOCOHAMA; JUNIOR; SELETI; MENDES; SHIMIT (2010, pg. 33):

[...] aos operadores do Direito decorre a imperiosa necessidade de se adaptar ao sistema, sob pena de serem realmente excluídos. A prática forense já tem demonstrado a dificuldade enfrentada pelos advogados que não se inseriam efetivamente ao conhecimento eletrônico, com ações muitas vezes limitadas ao uso do computador

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como “máquina de escrever”, sem conhecimento suficiente para acessos à Internet e aos recursos a ela inerentes.

Não é de causar espanto, assim, um ou outro discurso que combata o processo eletrônico pautado, como questão de fundo, na ignorância sobre a utilização do sistema. Não há dúvidas de que, para aqueles que não se adaptaram à Era da Informação (e da Internet), um sentimento de resistência é inevitável. O sentimento de exclusão e a necessidade de utilizar-se do sistema eletrônico para o exercício profissional causa angústia ao advogado, deparando-se com o problema de não poder exercer sua atividade por conta de seu próprio desconhecimento.

Nessa esteira, cabe aos operadores do direito se moldarem de acordo com os ditames do processo eletrônico, tendo em vista que tal plataforma já é realidade no país e não há como impedir a implementação desse meio virtual aos processos, principalmente considerando as inúmeras vantagens que possui.

Referências

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