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A evolução da mulher no contexto social e sua inserção no mundo do trabalho

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO

DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ

SÔNIA PRATES ADONSKI TAVARES

A EVOLUÇÃO DA MULHER NO CONTEXTO SOCIAL E SUA

INSERÇÃO NO MUNDO DO TRABALHO

Ijuí – RS 2012

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SÔNIA PRATES ADONSKI TAVARES

A EVOLUÇÃO DA MULHER NO CONTEXTO SOCIAL E SUA

INSERÇÃO NO MUNDO DO TRABALHO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de História da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito final para a obtenção do grau de Licenciatura Plena em História.

Orientador: Profº. Dr. Ivo Canabarro

Ijuí/RS 2012

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DEDICATÓRIA

Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso aos meus familiares pelo apoio recebido durante esta caminhada, acreditando em meu potencial para o alcance dos meus objetivos profissionais e pessoais.

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AGRADECIMENTOS

A DEUS por ter me dado capacidade de idealizar meus objetivos e concretizá-los.

A MINHA FAMÍLIA por acreditar na minha vitória.

AO PROFESSOR ORIENTADOR DR. IVO CANABARRO pelas orientações recebidas, dedicando seu tempo aos atendimentos prestados.

Aos PROFESSORES pelos conhecimentos transmitidos em prol do aperfeiçoamento profissional e pessoal.

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“Acredite em teu potencial que a vitória será alcançada” (Dinamor).

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SUMÁRIO

Introdução ... 6

Capítulo 1 Conquistas Pessoais e Profissionais da Mulher no Contexto Histó- rico ... 9

1.1 A Mulher e a Igualdade de Direitos ... 11

1.2 As Constituições Brasileiras e os Direitos da Mulher ... 13

1.3 Conquistas da Mulher na Legislação do Brasil ... 17

Capítulo 2 A mulher no Mercado de Trabalho ... 18

2.1 Proteção Social da Mulher: Leis Trabalhistas ... 21

2.1.1 Na Área Rural ... 24

Capítulo 3 Universo de Trabalho da Mulher, Globalização e as Novas Tecnolo- gias ... 28

3.1 Lei Maria da Penha nº 11.340 de 07 de Agosto de 2006 ... 32

3.2 Assédio Moral ... 37

3.3 Dia Internacional da Mulher ... 38

Considerações Finais ... 40

Referências Bibliográficas ... 41

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INTRODUÇÃO

Na história da humanidade a mulher teve uma educação diferente da que era oferecida ao homem, sendo educada para servir e o homem para ser o seu senhor. Quando ainda na casa dos pais, era dominada pelo pai ou então, pelo irmão mais velho e, ao se casar, esse domínio passava ao marido que exercia sua autoridade, sendo a mesma, tratada como um objeto.

Platão, em sua Teoria das Ideias segundo Amorim (1987), reconheceu a capacidade e razão das mulheres e dizia ser dever do Estado, sua formação e educação. Já Aristóteles, discípulo de Platão, discordava de suas ideias e sua visão distorcida perdurou até a Idade Média, onde a Igreja as acatou. A luta das mulheres por seus direitos e pelo seu reconhecimento como pessoa surge então, para que possam ser valorizadas e aceitas pela sociedade como seres capazes de contribuir com o desenvolvimento do país.

Na educação ministrada pela Igreja no Brasil-colônia conforme Pimentel (1998), a mulher não estava inclusa, devia obediência ao pai ou ao marido, seguir a religião e tinha pouco contato com o mundo exterior. Realizava trabalhos domésticos e manuais, conhecendo somente suas obrigações.

A Constituição de 1824, fez com que surgissem escolas que ministravam a educação de ensino primário para mulheres mas, mesmo assim, deviam estar voltadas aos cânticos, aos trabalhos domésticos e manuais e não podiam frequentar escolas masculinas (NASCIMENTO, 1996).

A partir do século XX a mulher começou a ter acesso à educação, mas inicialmente aquém em relação aos homens e na década de 1960 seu trabalho ainda não era qualificado dentro dos setores industriais. Conforme Valdéz & Gomáriz (1995), na década de 1980 houve progresso na educação, onde a mulher começou a conquistar postos de trabalho. Já nos final dos anos 90 era superior aos homens a percentagem de aumento de mulheres empregadas, tendo em vista seu nível educacional ser o maior que o deles.

Mesmo assim, a remuneração feminina em sua maioria, é mais baixa que a dos homens, mas concorrem de igual para igual, demonstrando competitividade e capacidade de tomar frente em diferentes situações (BIANCHI; PASTORE, 1998).

Como se percebeu, o mundo da mulher passou e vem passando por transformações através da conquista de liberdade, nível educacional, redução

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familiar e também, por poder contribuir no orçamento doméstico. Percebe-se que a disciplina e o talento profissional estão transformando a mulher e tornando-as concorrentes dos homens dentro do mercado de trabalho. Segundo Hirata (1991), essa competição profissional acirrada faz com que haja avanço na qualidade e produtividade do trabalho que pode ser desenvolvido tanto por mulheres quanto por homens.

Portanto, essa pesquisa visa analisar a evolução da mulher no contexto social no sentido de admitir seus direitos constantes na Constituição da República Federativa do Brasil (1988), bem como prestar justiça em suas conquistas pessoais e profissionais, tendo em vista se pregar a igualdade entre ambos os sexos. Tendo a mulher o direito de participar de forma ativa no Governo, no trabalho, no voto e na família, é um sujeito que deve ser respeitado como tal. A grande dificuldade está em o homem aceitar esse avanço e considerar a mulher capaz do exercício de certas atividades.

A relevância dessa pesquisa está na análise e importância da participação da mulher na sociedade, no mundo do trabalho e na conquista de seus direitos. Torna-se viável devido Torna-ser um assunto discutido e estudado por diferentes disciplinas, as quais procuram valorizar a mulher como ser social e capaz de desenvolver-se como pessoa e como profissional.

Considerando o exposto, justifica-se a busca de novos estudos e conhecimentos acerca do assunto para que se possa estar cientes do que realmente se pode fazer em prol de uma sociedade carente de saberes. O interesse da pesquisa está em procurar saber a evolução das conquistas da mulher e como a mesma pode através de seus conhecimentos galgar patamares cada vez mais elevados em prol de uma sociedade que necessita de pulso firme para atingir seus objetivos.

Sem a arrogância de acreditar poder fornecer a consistência necessária para que haja uma conscientização, almeja-se contribuir de forma modesta, para o ciclo das transformações sociais que a sociedade brasileira contemporânea através dos tempos vem passando. Dentro deste contexto, questiona-se: Qual a importância da mulher no contexto social e no mundo do trabalho contemporâneo?

Tem-se como objetivos, analisar a evolução da mulher no contexto social e sua inserção no mundo do trabalho contemporâneo. Especificamente, procura-se analisar as conquistas pessoais e profissionais da mulher dentro do contexto

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histórico; estudar os avanços adquiridos com a emancipação da mulher e as diferenças entre os sexos desde a antiguidade; analisar as conquistas da mulher no mercado de trabalho e destacar formas constantes de exclusão e de discriminações praticadas no decorrer dos tempos; verificar o universo do trabalho da mulher com a globalização e as novas tecnologias.

A metodologia utilizada para este trabalho quanto aos objetivos e procedimentos caracteriza-se como pesquisa bibliográfica que, segundo Trujillo (1982, p.230), “oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já conhecidos, como também, explorar novas áreas onde os problemas não se cristalizaram suficientemente” e terá abordagem qualitativa.

Pode-se dizer essa pesquisa têm como objetivo principal o “aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições, sendo seu planejamento bastante flexível, possibilitando a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado”.

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CAPÍTULO I

CONQUISTAS PESSOAIS E PROFISSIONAIS DA MULHER NO CONTEXTO HISTÓRICO

A evolução histórica do papel da mulher na sociedade e no mundo do trabalho mostra a ausência de direitos que a mesma teve desde os primórdios da humanidade e devido a isso, vem buscando através de lutas e conquistas, sair da obscuridade e do anonimato.

A estrutura familiar passou por modificações desde seu surgimento até os dias atuais em diferentes momentos, a mulher se sentiu em situação inferior ao homem, sendo isso reflexo das civilizações antigas em especial a romana e a grega, consideradas os iniciadores da instituição familiar, que formaram e conceberam ideias de que o homem era a fonte de direitos (MONTEIRO; LEAL 1998).

Para que essa análise da mulher possa ser realizada, deve-se partir de um estudo sobre a origem histórica dessa opressão feminina, fazendo-se necessário também, abordar os movimentos que levaram as mulheres a reagir contra a sua submissão, opressão e inferioridade. Para tal, necessita-se abordar as legislações constitucional e civil para que se tenha a evolução cronológica das formas desenvolvidas dessas conquistas, realizadas de maneira lenta e muitas vezes com retrocessos. A luta e valorização das mulheres neste estudo não têm pretensões políticas e sim que sirva de análise para a valorização de suas conquistas.

A sociedade em grande parte sendo preconceituosa e machista faz com que muitas das disposições constadas em lei passem despercebidas, sem aplicabilidade e com isso, sem cobrança no sentido de proteção e aplicabilidade. Para que uma cobrança tenha autosustentação deve ser analisada e possuir consistência, caso contrário, seu valor é deixado de lado.

Fazendo-se um retrospecto da situação da mulher pode-se assim considerar sua situação segundo Coulanges (1996, p.17):

- Na família Greco-romana a situação da mulher era de inferioridade com relação ao homem, sendo subordinada a ele e a religião era o ditame da época, sendo, portanto, a norma constitutiva da família, onde tudo girava em torno de um deus, sem regras e sem rituais (COULANGES, 1996).

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A mulher acompanhava a religião em sua casa e quando casava, tinha que seguir o culto dos deuses do marido e o que unia a família não era o amor e si m o culto aos deuses. Também, a mulher pertencia a seu pai e depois ao seu marido. Nesta época, tão grande era sua inferioridade, que não podia fazer parte dos tribunais, sendo, portanto, o responsável pelos seus atos, o pai ou o marido (COULANGES, 1996).

- Da família do século passado à contemporânea pode-se dizer que várias transformações houveram. No século passado, a mulher e os filhos eram submissos ao pai e esse regime era chamado de patriarcal, onde os filhos eram educados para seguirem os mesmos preceitos, não tendo direitos nem vontade própria, seguindo assim, ritos e costumes que eram direcionados para a permanência e manutenção do patrimônio. O pai eram que julgava o errado ou o certo, era quem decidia o futuro dos filhos e a mãe, não podia dar opinião como também, não tinha nenhuma autoridade (COULANGES, 1996).

A filha mulher ao se casar, segundo Coulanges (1996), tinha que seguir os passos da mãe. Caso isso não acontecesse, restava-lhe a vida religiosa ou o celibato. Ao sair do lar onde foi criada, não podia trabalhar, estudar, não tinha vontade própria e sim, ser subalterna ao marido da mesma forma como fora sua mãe ao seu pai.

Com toda essa opressão começa a surgir nas mulheres o desejo de liberdade e começaram a se debelar contra essa autoridade doas pais e maridos, começando a clamar por direitos, os quais lhes dessem igualdade frente aos homens para que pudessem também cumprir com suas obrigações (COULANGES, 1996).

Naquela época como nos dias de hoje, as mulheres clamavam por liberdade de direitos, de porem viver a vida, sendo capazes de lutar e de buscar seus direitos e isso, levou-as a promoverem movimentos de libertação, ocasionando com isso uma revolução cultural e modificando a estrutura familiar até então existente (COULANGES, 1996).

É dito por muitos que a mulher se subjugou ao homem por ser mais frágil e por ter o homem, o poder de direção e decisão. Mas na realidade, esse papel da mulher de opressão e submissão e o do homem de poder e decisão serviram para que cada um tivesse sua função dentro da sociedade, com seu preparo e educação diferenciados.

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1.1 A Mulher e a Igualdade de Direitos

No mundo novo, mesmo a mulher sendo cantada e cortejada na literatura, o homem ainda desempenhava função de dominador, conquistador e desbravador com o advento do mercantilismo e a mulher mais uma vez tinha papel secundário, sendo instrumento de tutela de seu pai e de seu marido, não tendo acesso às instruções concedidas aos homens.

A vitória da burguesia consolidada pela Revolução Francesa fez com que as mulheres tivessem um pequeno avanço em seus direitos, mas somente em herança, testemunho e divórcio, sendo-lhe ainda restringido o direito ao voto.

No Brasil, mesmo sem registros dentro da história, a mulher começou a participar de lutas políticas e rebeliões, em especial no período da escravidão e isso, fez com que se culminasse a Lei do Ventre Livre no ano de 1871 e a Lei Áurea em 1888 assinadas pela Princesa Isabel (PRIORE; BASSANEZI, 1997).

Uma revolução cultural se inicia no século XIX segundo Priore e Bassanezi (1997), trazendo benefícios às mulheres que na época eram operárias e aos poucos obtiveram direitos participando de associações e tinha direito a votar. Essa função de operária fez dom que o trabalho artesanal fosse desaparecendo mesmo aceitando salários inferiores aos homens. Em função disso, começa a exploração da mulher nas fábricas, trazendo miséria e prostituição como também problemas quanto a sua inserção dentro da sociedade industrial.

Com a Primeira Guerra Mundial e os homens indo para a guerra, as mulheres voltam a trabalhar em lugares anteriormente restritos aos homens e isso faz com que busquem melhor instrução, reivindicando e aspirando cargos melhores. No final da Segunda Guerra Mundial as mulheres têm assegurado através da Declaração Universal dos Direitos do Homem, os seus direito, não havendo, portanto, distinção de sexo, estando homens e mulheres aptos a exercerem suas funções (PRIORE; BASSANEZI, 1997).

A mulher começa a assumir importantes papéis na sociedade após milênios de marginalização e inferioridade e cresce sua participação em vários setores da vida social, constituindo com isso relevantes fatos da história contemporânea. Também, após a criação de organismos internacionais, citando-se como exemplo a Organização das Nações Unidas, a participação ativa da mulher no voto, no trabalho

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e no governo tem sido fator relevante na conquista de seus direitos, sendo, portanto, considerada um sujeito que tem obrigações e direitos (COULANGES, 1996).

O estabelecimento da igualdade das mulheres na vida pública e em todos os níveis do processo político na sociedade reveste-se de diferentes mecanismos para que possam exercer seus direitos e pode-se investigar desta forma, sua aceitação pela sociedade, chegando-se ao consenso de realmente houve evolução jurídica e social da mulher tendo em vista a mesma ser um ser humano com liberdades transcendentes e inatas.

Desta forma, existem semelhanças entre homens e mulheres, importantes e necessárias para sua convivência e são as relevâncias das diferenças que as levam à igualdade pretendida, sendo isso mostrado nas diferentes Constituições Brasileiras.

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1.2 As Constituições Brasileiras e os Direitos da Mulher

O princípio da igualdade, nas constituições segundo Soares e Izaki (2002), assim dizem com relação ao trabalho da mulher:

- Na Constituição de 1891, art.72, § 2º, dizia que todos são iguais perante a lei e a República não dava privilégios de nascimentos, extinguia ordens honoríficas, suas prerrogativas e regalias como também, títulos de conselho e nobiliárquicos.

- Na Constituição de 1934, art. 113, § 1º, também dizia que todos são iguais perante a lei, sem privilégios, distinções (nascimento, sexo, raça, profissões, país, classe social, riqueza, ideias políticas, religiões e crenças).

- Constituição de 1937 (art. 122, § 1º): Todos são iguais perante a lei. - Constituição de 1946 (art. 141, § 1º): Todos são iguais perante a lei.

- Constituição de 1967 (art. 153): Todos são iguais perante a lei, sem distinção de sexo, raça, trabalho, credo religioso e convicções políticas. O preconceito de raça será punido pela lei. Emenda Constitucional nº 1, de 1969 (art. 153, § 1º): Todos são iguais perante a lei, sem distinção de sexo, raça, trabalho, credo religioso e convicções políticas. Será punido pela lei o preconceito de raça.

- Constituição de 1988 (art. 5º): Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição.

Fazendo-se um retrospecto com relação à igualdade pode-se perceber que até a Constituição de 1934 apenas era afirmado de maneira genérica esse princípio, não sendo citada a discriminação frente ao sexo. A partir dessa data inicia-se a preocupação com a posição jurídica da mulher, proibindo privilégios e distinções devido ao sexo. Com a Carta de 1937 é suprimida a referência da igualdade jurídica dos sexos, voltando assim, a fórmula genérica nas Constituições e na Carta Magna de 1946, foi reproduzido o texto já existente (SOARES; IZAKI, 2002).

Somente a partir da Constituição de 1967, inicia-se a preocupação com a igualdade entre homens e mulheres e, com a Carta de 1988, fica concretizado de forma definitiva a igualdade entre os sexo no que tange as obrigações e direitos, em diferentes dispositivos. O art. 183 assim se refere:

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Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.

Assim, entende-se que tanto o homem quanto a mulher estão garantidos perante a lei e os artigos apresentados a seguir, mostram essa igualdade:

Art. 189: Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária receberão títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de dez anos. Parágrafo único. O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil, nos termos e condições previstos em lei.

Art. 201, V: Pensão por morte de segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, obedecido o disposto no § 5º e no art. 202.

Art. 226, § 5º: Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.

Art. 7º, XVIII: Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; Apesar de que, desde 1934, a Constituição brasileira admite a igualdade de todos perante a lei, a mulher permaneceu em condição de desigualdade. Preconceitos que a mulher vem sofrendo através dos séculos acabaram por tornar-se regras de direito indiscutíveis.

Pelo que se pode perceber, a maior luta pela igualdade da mulher está no preconceito de família tendo em vista até bem pouco tempo estava subjugada ao homem, devido o estigma de sociedade patriarcal, desigual e hierarquizada e em função das vontades masculinas.

Na legislação brasileira, os direitos da mulher em sua redação inicial, o art. 233 do Código Civil (2002), mostra a desigualdade existente entre os sexos no momento em que dava ao marido, a condição de chefe da sociedade conjugal, a representação legal da família, administração de bem comuns e particulares da cônjuge, mantença familiar, direito de mudar ou fixar domicílio, autorizar ou não uma

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profissão. Isso, frente à sociedade do casal mostra o poder do homem que ao combinar os arts. 240 e 247, ressalta o homem como provedor e a mulher responsável pelos encargos da família, sem condições de exercer sua função jurídica sem autorização marital.

Na Constituição de 1916, ficou claro pelo legislador os papéis dos cônjuges, sendo o homem o provedor e a mulher submissa a ele e responsável pelas lides domésticas; através do casamento ficava determinado as atribuições e como deveriam agir os cônjuges, sendo do marido, a palavra final, ficando assim a mulher, submissa a ele, sendo necessário se passar muitas décadas para que a mulher pudesse alcançar sua liberdade de ser (SOARES; IZAKI, 2002).

A conquista da mulher como sendo civilmente capaz se deu no Brasil em 1962 através do Estatuto da Mulher Casada e somente com a Carta Magna de 1988, efetivamente a mulher evoluiu para uma situação menos desigual. Conforme ensina Paulo Luiz Netto Lôbo, a igualdade de obrigações e direitos entre homem e mulher de união estável e de relações conjugais evoluiu no âmbito dos direitos fundamentais e foram incorporadas nas Constituições. Este princípio, então, possui duas dimensões, sendo:

a) Igualdade de todas perante a lei, a saber, a clássica liberdade formal, que afastou os privilégios medievais dos estamentos e dos locais sociojurídicos, e dotou todos os homens de direitos subjetivos iguais, ou seja, aqueles que a lei considera iguais; b) igualdade de todos na lei, amplificando o alcance, para vedar a discriminação na própria lei, como por exemplo a diferenciação entre direitos e deveres de homens e mulheres, na sociedade conjugal.

O Supremo Tribunal Federal devido as desigualdades contidas no Código Civil existentes antes da Constituição federal de 1988, posicionou-se rente a igualdade buscada pela mulher. Também, quanto à revogação de normas diferenciadoras infraconstitucionais anteriores se não compatíveis à Carta Magna dizendo que “os preceitos constitucionais que impõem a igualdade entre os cônjuges e homens e mulheres em geral são auto-executáveis”.

Devido a esse posicionamento do Supremo Tribunal Federal os arts. 233 a 254 do Código Civil, que tratavam dos direitos e deveres do marido e da mulher, foram revogados, com exceção do art. 235 por ser comum a ambos.

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1.3 Conquistas da Mulher na Legislação do Brasil

As Ordenações Filipinas que estiveram em vigor no Brasil até 1916 têm-se como sendo a primeira forma de legislação Brasileira e constava que o homem podia aplicar castigos físicos à mulher sua companheira,. Se fosse adúltera podia tirar-lhe a vida e para isso o marido não necessitava de prova e sim, apenas a fama (COSTA NASCIMENTO, 1996).

Com a vigência do Código Civil Brasileiro neste mesmo ano, a mulher ainda continuava em desigualdade frente ao homem e considerada relativamente incapaz frente aos filhos quando menores de idade, dos silvícolas e dos pródigos estando sujeita ao domínio de seu pai e após, do marido. Não lhe era permitido sem que o marido autorizasse, ser curadora, tutora, litigiar em juízo comercial ou civil, exercer profissão, aceitar mandato ou contrair obrigações.

Já o homem, segundo Costa Nascimento (1996), possuía pátrio poder e direito legal dos bens dos filhos, sendo a esposa coadjuvante dele. Com o Estatuto da Mulher Casada no ano de 1962 a mulher teve seu primeiro marco histórico, quando abolida a incapacidade feminina e certas normas discriminadoras revogadas, consagrando-lhes o livre exercício profissional da mulher e seu ingresso no mercado de trabalho para que pudesse se tornar economicamente produtiva e, com isso, aumentando sua importância no interior familiar, trazendo-lhe modificações no relacionamento entre cônjuges e também pessoal.

Por ser uma mudança demorada e árdua e início de suas conquistas, a mulher ainda permaneceu com algumas desigualdades, podendo-se citar que o homem continuou como o chefe da família e com o exercício do pátrio poder mas com a colaboração da mulher; direito reduzido do homem em fixar domicilio que a prejudicasse e existência em desfavor da mulher de direitos diferenciados.

Com a introdução da Lei do Divórcio em 1977, foi dada aos cônjuges a oportunidade de por fim ao casamento para pode constituir nova família, privilegiando a mulher de utilizar ou não do patronímico do marido, abrindo mão do próprio nome para levar o do marido. O regime de Comunhão Universal de Bens passou a Comunhão Parcial de Bens, sendo ampliada a equiparação dos filhos para fins de sucessão hereditária, qualquer que fosse a natureza da filiação. O art. 20 da referida Lei, presume que ambos, marido e mulher, obrigam-se ao sustento dos filhos e isso acaba com o entendimento de que a prestação alimentícia associa-se à

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ideia de culpa. Também, esta Lei mostra a reciprocidade de prestação alimentar, podendo o cônjuge responsável pela separação pensionar o outro e para tal, sem distinção entre os sexos, sendo vinculado o pagamento dos alimentos ao binômio necessidade-possibilidade (RÃO, 1978).

Com o surgimento no ano de 1990 do Estatuto da Criança e do Adolescente, fica consagrado de maneira definitiva, o princípio constitucional da igualdade e o pátrio poder ser exercido pelo pai e pela mãe em igualdade de condições, ficando o dever do sustento, educação e guarda dos filhos, sob responsabilidade de ambos (DAHL, 1993).

Portanto, homem e mulher perante a Lei, possuem igualdade de direitos, os quais devem ser respeitados e considerados em qualquer esfera em que os mesmos deles necessitem.

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CAPÍTULO II

A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO

Antes de iniciar esta abordagem, enfoca-se a importância da mulher na sociedade que iniciou suas lutas por um espaço de trabalho no início do século XIX, no momento em que esta sociedade acreditava que era somente o homem que tinha condições de prover as necessidades de sua família, ficando a mulher com a incumbência de cuidar dos filhos e da casa. No momento em que ficavam sem seus maridos por viuvez e faziam parte de uma classe social mais baixa, tinha de prover o sustento dos filhos com atividades que lhes permitisse receber algum salário.

As atividades que as mulheres desenvolviam, eram pouco valorizadas podendo-se destacar os arranjos de flores, fabricação de doces, aulas de piano e bordados, fazendo com que se tornassem mal vistas pela sociedade, dificultando assim, sua conquista no mercado de trabalho. Muitas mulheres na época conseguiram transpor as barreiras impostas e quando os homens foram para as frentes de guerra (Primeira e Segunda Guerras Mundiais), começaram então as mulheres, a assumir os negócios familiares. Os que sobreviveram ficaram mutilados e não conseguiram voltar a trabalhar e foi nesse momento que as mulheres deixaram suas casas e o cuidado dos filhos como obrigação para concretizar ou levar adiante os trabalhos de seus companheiros (SOARES; IAKI, 2002).

Pela cronologia apresentada, Soares e Izaki (2002 p.212), dizem que nos Códigos Civis, no ano de 1867, o primeiro, abordava os direitos das mulheres, as quais tiveram progressos com relação à situação de esposas, mães e à administração de bens.

- Em 1889, Elisa Augusta da Conceição Andrade, formou-se em Medicina da Faculdade de Medicina de Lisboa, sendo a primeira mulher a tornar-se médica.

- Em 1890, os liceus públicos aceitam o acesso das raparigas.

- Em 1918, através de um Decreto-Lei, as mulheres podiam exercer a profissão de advogadas.

- Em 1931, as mulheres conquistam o direito de voto, mas somente as que possuíam grau universitário ou secundário já concluído e, os homens, votavam desde que soubesse escrever e ler.

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- Em 1970, Maria de Lourdes Pintassilgo torna-se presidenta do Grupo de Trabalho sobre a Participação das Mulheres na Vida Econômica e Social.

- Em 1971, Maria Teresa Lobo, torna-se a primeira mulher no governo somo Sub-secretária de Estado e Segurança Social.

- Em 1974, Maria de Lourdes Pintassilgo aboliu todas as restrições ao direito ao voto, podendo assim, as mulheres aceder à magistratura, ao serviço diplomático como também, a determinadas posições na administração local que antes lhes estavam interditadas.

- Em 1979, foi nomeada Primeira Ministra, Maria de Lourdes Pintassilgo. - Em 1980, Mariana Calhau Perdigão (Évora) Portugal, é nomeada Governadora Civil, ratificando a Convenção das Nações Unidas com relação à Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres.

- Em 1981, com a nova lei de nacionalidade, é previsto para ambos os sexos, um tratamento igual.

- Em 1981, deixa de ser puída a prostituição, sendo apenas levado em consideração e punido, os que a encorajavam, exploravam ou facilitavam, bem como passa a ser proibido o tráfico internacional da prostituição.

- Em 1997, os prazos são alargados com relação ao aborto, dentro de certas condições, tornando-se legal e desenvolvido o Plano Global para a Igualdade de Oportunidades Mulheres/Homens.

Assim, com a crescente incorporação das mulheres no mercado de trabalho no mundo e no Brasil, intensifica-se debates para otimizar como esta seria realizada. Já a divisão sexual do trabalho ainda permanece desde a pré-história, devido ser fruto de um processo que leva em consideração não só a produção como também, a reprodução (SOARES; IZAKI, 2002).

Com a maior participação do sexo feminino no mercado de trabalho, seja por vontade própria ou para aumentar a renda da família, o número de filhos foi diminuindo e houve aumento do grau de escolaridade, contribuindo assim para o aumento da inserção da mulher dentro do mercado de trabalho. Mesmo as mulheres tendo em média dois anos a mais de estudos que os homens são subvalorizadas em suas atividades laborais, havendo, portanto, diferenças salariais entre homens e mulheres, menor número de vagas de trabalho femininas e dificuldades para chegar ao comando de uma organização. Poucas mulheres possuem cargos comissionados

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e poucas chegam a cargos mais altos. Também isso ocorre, em cargos eletivos onde as que concorrem se destacam com vereadoras ou secretárias especiais.

O magistério, que era cargo tradicionalmente feminino, deixou de ser ocupado com a evolução do mercado de trabalho, fazendo com que a mulher fosse incorporada em diferentes setores da indústria e se concentrassem no setor de serviços e isso se deve à mudança das questões econômicas e a proteção oferecida pela Previdência Social, ganhando as mulheres destaque nos benefícios previdenciários e nas leis trabalhistas. A licença-maternidade e o pagamento do salário-maternidade aos pouco foi-se ampliando, permitindo assim, que as mulheres garantissem os direitos estabelecidos por lei (SOARES; IZAKI, 2002).

As leis surgiram para evitar ou diminuir conflitos e a Constituição Federal de 1988 assegura igualdade entre mulheres e homens, com diferenciações onde existem, prevendo a proteção da mulher ao mercado de trabalho, com oportunidade igual de acesso e afastando toda e qualquer forma de discriminação.

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2.1 Proteção Social da Mulher: Leis Trabalhistas

O mercado de trabalho no Brasil, no início do século XX passou por grandes transformações, surgindo em massa mão de obra desqualificada devido o fim da escravidão e o início da República, sendo criado na agricultura, milhares de postos de trabalho (AMORIM, 1987).

Com a industrialização do país surgem as leis trabalhistas, devido aumentar com o emprego urbano, os conflitos. Pode-se dizer que a Constituição de 1891 foi o marco legal da República e teve a intenção de acabar com a nobreza. Pela aprovação das leis trabalhistas os operários pressionaram para a não inserção da mulher no mercado de trabalho, sendo isso contrário ao pensamento dominante.

A redução da procura por mão de obra feminina se deu pela proteção social da mulher, por ser geradora de vida e com isso, aumentando os custos de manutenção das trabalhadoras, ficando as mulheres a trabalhar em tarefas com menor remuneração para que esse custo não se tornasse elevado (COSTA NASCIMENTO, 1996).

Com a vigência do Código Civil de 1917 a mulher casada passou a ser considerada relativamente incapaz, da mesma forma que os menores de 16 a 21 anos, os pródigos ou silvícolas. Devido a isso, as atitudes das mulheres ficaram condicionadas à concordância do marido, incluindo-se o acesso ao mercado de trabalho.

A Lei Estadual Paulista nº 1.597 de 17 de dezembro de 1917, foi a primeira lei trabalhista de proteção à mulher operária instituindo o Serviço Sanitário do Estado, proibindo-a de trabalhar no último mês de gestação e no primeiro puerpério. Em esfera nacional, isso se concretizou no ano de 1923, através Regulamento do Departamento Nacional e Saúde Pública estendendo-se também às mulheres trabalhadoras do comércio, facultando-lhes a amamentação e exigindo a criação de creches e salas de amamentação próximas ao local de trabalho. Também, foram criadas caixas para socorrerem as mães mais pobres.

O Brasil, no ano de 1934, fez a ratificação da Convenção nº 3 da OIT de 1919, que dava o direito à mulher de seis semanas antes e após o parto ter uma licença remunerada como também dois intervalos de 30 minutos para amamentação, considerando ilegal a licença compulsória e demissão ad mulher durante o período gestacional. Também, foi ratificada em 1937 a Convenção nº 4 de 1921 que dizia ser

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proibido o trabalho feminino no período noturno em empresas privadas e públicas, podendo somente acontecer quando de caráter familiar. Com a denúncia do Brasil a esta convenção, a norma internacional, mais do que proteger, proibia, fazendo com que as mulheres trabalhadoras aceitassem trabalhos que violavam as leis protecionistas (PIMENTEL, 1998).

Em maio de 1932, o Decreto nº 21.417 regularizou o trabalho feminino no comércio e na indústria, assegurando-lhe:

- Proteção à maternidade através de descanso obrigatório de quatro semanas antes e após o parto e, se necessário, cada período ser aumentado em duas semanas, a critério médico;

- Durante o afastamento, auxílio correspondente à metade da média auferida nos últimos seis meses de remuneração;

- Retorno às funções executadas antes do afastamento;

- A trabalhadora grávida poderia romper o contrato de trabalho, quando comprovado que a função exercida comprometia a saúde da mãe e da criança;

- A mulher ao sofrer aborto não criminoso tinha direito a duas semanas de descanso;

- Nos primeiros seis meses de vida da criança, direito de dois intervalos, cada um de 30 minutos, para amamentação;

- Existindo mais de 30 empregados com mais de 16 anos, haver um local apropriado para amamentação nos estabelecimentos;

- Demitir a mulher por motivo de gravidez;

- Proibir o trabalho feminino em locais insalubres e perigosos.

Com a Convenção nº 3 da OIT a duração da licença maternidade foi alterada, como outros artigos também sofreram modificações.

A tendência social-democrática adotada na Constituição de 1934 afasta os ideais liberais ganhando a Carta Magna ganhou um capítulo referente à ordem econômica e social a favor da proteção do trabalhador, garantindo a jornada de trabalho diário de oito horas, descanso semanal, férias remuneradas, igualdade salarial entre mulheres e homens, proibição do trabalho feminino em locais insalubres, assistência médica à mulher grávida, salário e licença-maternidade (COSTA NASCIMENTO, 1996).

Devido ao golpe de Estado promovido pelo Presidente Getúlio Vargas, a Constituição de 1937 retrocedeu quanto às garantias à trabalhadora excluindo a

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isonomia salarial entre homens e mulheres e a garantia de emprego à gestante, mesmo contendo o princípio de igualdade entre todos. Isso, fez com que houvesse a desigualdade salarial e, como prova disso, no ano de 1940, o Decreto-Lei nº 2.548 estabelece que as mulheres recebessem sua remuneração com 10% a menos que os homens (COSTA NASCIMENTO, 1996).

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2.1.1 Na Área Rural

O sistema de colonato predominava na área rural, onde as famílias eram admitidas através de contrato e era cedido um espaço para a família do colono que trabalhava para o proprietário. Tinha esta família, a liberdade de na época de safras, vender o excedente da produção do seu espaço. Não tinham os trabalhadores, nem as mulheres, proteção legal. A mulher desenvolvia as atividades domésticas e ainda ajudava o marido, trabalhando em iguais condições. O que diferençava a trabalhadora rural da urbana era o prestígio das tarefas daquela enquanto estas eram mal vistas socialmente (PIMENTEL, 1998).

O período de maior proteção dos trabalhadores inicia-se no ano de 1943 com a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT que ampliou os textos legais com relação ao direito ao trabalho processual, coletivo e individual. Esta CLT possuía um capítulo exclusivo à mulher intitulado “Da Proteção do Trabalho à Mulher”, assegurando a duração e as condições de trabalho, trabalho noturno, períodos de descanso, proteção à maternidade, métodos e locais de trabalho (PIMENTEL, 1998). Esta CLT, ao mesmo tempo em que dava proteção, impedia a entrada feminina em certos locais de trabalho, como por exemplo, o trabalho noturno. Outro impedimento era a proteção à maternidade, sendo vantajoso ao empregador contratar homens devido aos poucos direitos trabalhistas. Após Getúlio Vargas ser deposto, a Constituição de 1946 sofreu influências trabalhistas, assegurando o que já existia e garantiu assistência aos desempregados, o direito de greve e a participação de maneira direta no lucro das empresas (PIMENTEL, 1998).

Com a promulgação do Estatuto da Mulher Casada no ano de 1962 é feita uma correção à aberração do Código Civil, sendo excluído o „relativamente incapaz‟ referente à mulher casada, retirando do marido o poder de autorizar a mulher a trabalhar. Também, foi estendido ao campo o avanço tecnológico e, na década de 1950 passaram os trabalhadores rurais a ter opções em termos de trabalho, podendo os mesmos tentar a vida na cidade ou mudar para novas fronteiras agrícolas. Na cidade, a ex-trabalhadoras rurais tiveram que se condicionar a profissões de baixa ou média qualificação (PIMENTEL, 1998).

No ano de 1963 entra e vigor o Estatuto do Trabalhador Rural assegurando a essa classe os mesmos direitos do trabalhador urbano mas, infelizmente no ano de

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1973 este Estatuto foi revogado e foi decidido estender, com algumas exceções, os mesmos direitos concedidos aos trabalhadores urbanos (PIMENTEL, 1996).

A imagem da mulher na década de 1980 segundo ainda Pimentel (1996), é remodelada devido às dificuldades econômicas, fortalecimento dos sindicatos, movimentos feministas e organizações sindicais possibilitando que a legislação referente à mulher fosse reavaliada e levado em consideração a igualdade entre os sexos.

A igualdade entre homens e mulheres é assegurada com a Constituição de 1988 mostrando as diferenciações onde existem realmente, em especial no caso da maternidade, sendo extinto a proibição para a mulher do trabalho noturno, a licença-maternidade sendo ampliada de 12 semanas para 120 dias e instituindo a estabilidade à gestante desde a confirmação da gravidez até o quinto mês após o parto. Esta intenção é para a proteção da família e assegurar à mulher a escolha entre a família e o trabalho, permitindo que fique junto aos filhos no início de suas vidas (PIMENTEL, 1996).

Muitos empregadores ameaçam demitir suas funcionárias devido ao custo da licença-maternidade de 120 dias e outros, somente contratam mulheres solteiras com comprovação de não estarem grávidas. A Lei nº 9.029 de 1995, proíbe a esterilização ou atestado de gravidez para admissão de mulheres ou durante o curso do trabalho (PIMENTEL, 1996).

A proteção ao mercado de trabalho à mulher está prevista na Constituição de 1988 garantindo que, tanto homens e mulheres, o direito de oportunidades de trabalho e afastando toda e qualquer discriminação com relação à mulher e, a Lei nº 9.799/99 inseriu artigos na CLT com relação à proteção do trabalho à mulher, modificando o título da primeira seção de „Da Duração e Condições de Trabalho‟ para „Da Duração, Da Condições de Trabalho e Da Discriminação Contra a Mulher‟. Essa alteração visou coibir distorções e punir a discriminação feminina, incentivando a permanência e sua contratação (OLIVEIRA, 1998).

Mesmo com os avanços conquistados pelas mulheres nos campos educacionais e de trabalho ainda não conseguiu alcançar estâncias de poder mais elevadas, sendo discriminada no mercado de trabalho e com salários menores mas, pode-se dizer que a situação está melhor comparando-se ao início do século XX, como já visto no decorrer da pesquisa.

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Neste novo século, o desafio está em garantir o empoderamento feminino, dando-lhes a oportunidade de melhor controlar suas vidas e determinando suas próprias agendas e, pode-se dizer que o desenvolvimento da sociedade só vai se tornar completo, no momento em que homens e mulheres possam compartilhar seus direitos e deveres e serem responsáveis pelas suas decisões.

Na Previdência social, o reflexo do trabalho feminino se deu de maneira lenta e gradual acompanhando a liberação da mulher do ambiente doméstico em direção ao mercado de trabalho sendo assim, as maiores beneficiárias da previdência, devido ocuparem em maior escala o mercado de trabalho, viver mais que os homens e as maiores beneficiárias de pensão (OLIVEIRA, 1998).

Os benefícios previdenciários segundo Oliveira (1998), concedidos às mulheres são a aposentadoria especial, por idade, auxílio-doença, licença-maternidade, salário-família, aposentadoria por invalidez, por tempo de contribuição, pesão por morte, auxílio reclusão e auxílio-acidente. O benefício mais concedido é o salário-maternidade o que confirma a inserção feminina no mercado de trabalho tornando-se assim, positivo o resultado de Lei nº 9.876 já mencionada.

A Secretaria de Previdência Social assim diz com relação às aposentadorias: - Por tempo de idade, que são concedidas por não terem as mulheres tempo de contribuição;

- Por invalidez por constatar incapacidade para o trabalho laborativo por acidente ou doença;

- Por tempo de contribuição, sendo trinta anos para as mulheres e trinta e cinco para os homens;

- Pensão por morte, direito concedido após a morte de um dos assegurados; - Aposentadoria espacial, concedida a quem trabalha em condições especiais por motivos de saúde ou integridade física; auxílio doença quando existe comprometimento mental ou físico impedindo a realização do trabalho;

- Salário-maternidade, concedido a todas as asseguradas por ocasião de parto ou adoção;

- Salário-família, instituído pela Lei nº 4.266/63 e de direito ao trabalhador avulso ou com carteira assinada que possui filhos menores de 14 anos ou inválidos;

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- Auxílio-acidente, no momento que o trabalhador sofre um acidente e fica impossibilitado e trabalhar, tendo esse direito o trabalhador avulso, com carteira assinada ou trabalhador rural.

Como se percebe houve um aumento da mulher na questão previdenciária ligada sua participação ao mercado de trabalho bem como, à mudança da legislação. Mesmo assim, ainda existem obstáculos que refletem o papel feminino na sociedade.

O universo de trabalho da mulher mesmo assim, com a globalização e as novas tecnologias tomou novos rumos, os quais serão vistos a seguir.

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CAPÍTULO III

UNIVERSO DE TRABALHO DA MULHER, A GLOBALIZAÇÃO E AS NOVAS TECNOLOGIAS

Um novo contexto se formou diante do processo de globalização no mundo moderno condicionando as pessoas a mudanças muitas vezes irreversíveis. Com a eliminação de barreiras comerciais entre países e a liberação dos mercados de capitais de maneira acelerada tem-se acesso rápido à informação como também de produtos e serviços (HOBSBAWN, 2000).

Fator importante a ser ressaltado nessa situação é a participação da mulher dentro do processo de produção e a mesma deve estar preparada para que possa atender às necessidades do mercado. Também, devem estar informadas e atualizadas para que possam cada vez mais serem absorvidas no mercado de trabalho, mesmo enfrentando preconceitos e discriminações para que possam conquistar seu espaço e participar das mudanças que ocorrem na contemporaneidade.

Percebe-se que a sociedade está cada vez mais valorizando as características femininas fazendo com que deixem de ser coadjuvantes para que tenham acesso em diferentes segmentos profissionais e sociais como ocupando posições estratégicas dentro das diferentes profissões.

A globalização faz com que haja um certo nivelamento entre o homem e mulher e ambos conseguem atuar em ambientes competitivos. A Constituição Federal de 1988 tem sido considerada a que mais produziu avanços em seus direitos sociais.

Dentro desse contexto, porém, pode-se perceber que as mudanças tecnológicas aumentaram o desemprego, reduzindo a mão de obra no processo produtivo, sendo procuradas as pessoas mais qualificadas, sendo chamado de desemprego estrutural (CAMARGO, 2003).

Com essas modificações no mercado de trabalho, exigindo maior qualificação da mão de obra, os países são forçados a investirem em treinamento e reciclagem para a adaptação às novas tecnologias, ficando em geral, aqueles mais qualificados, mas que também, estão em excesso de oferta em países desenvolvidos e, em excesso de demanda nos em desenvolvimento.

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A desativação de setores econômicos importantes levou ao desemprego nos países mais frágeis segundo Camargo (2003, p.2), pelos seguintes motivos:

a) Pelo câmbio sobrevalorizado que leva a um barateamento dos bens produzidos externamente e ao encarecimento dos bens produzidos internamente. A indústria e agricultura locais perdem competitividade tanto para abastecer o mercado interno como para exportar; b) pela liberação das importações, em nome do controle interno dos preços, sem que haja contrapartida dos países mais fortes, que continuam exercendo práticas protecionistas em larga escala; c) pela substituição da tecnologia e dos serviços, em geral, produzidos internamente pelos produzidos no exterior, especialmente pelas empresas, estatais ou privadas, recentemente vendidas ao capital externo.

Esses fatores fez com que houvesse um decréscimo no emprego, podendo-se acrescentar a isso o chamado „depodendo-semprego tecnológico‟ que acontece nos paípodendo-ses pobres e, nos países do primeiro mundo, decorrente da robótica que substitui os indivíduos. Mas, nestes últimos, a parda procura ser compensada por empregos redirecionados às nações mais frágeis através do que já foi citado.

A evolução tecnológica como a interdependência dos mercados, fizeram com que se tornassem mais rápidas essas mudanças, os impactos ficaram mais fortes gerando o acompanhamento desse capital humano, em especial o Brasil, para que consiga acompanhar a concorrência internacional, sofrendo com o ônus dessa mudança e necessitando adaptar-se à realidade para continuar no mundo globalizado e de forma competitiva.

Conforme Pochmann (2001, p.57 a 61):

A partir da nova interpretação corrente sobretudo nos meios financeiros, tem sido difundido o termo “economia digital ou nova economia”, como forma de enunciar a existência de um longo boom de expansão nas atividades econômicas no ultimo quartel do século XX. Nesse caso, tem referência principal a articulação entre a expansão da indústria da tecnologia de informação e de comunicação, especialmente através do uso da internet (…).

Isso fez com que o mundo começasse pela terceira evolução tecnológica, o intercâmbio entre países, sendo um processo mais forte do que a globalização que veio afetar o mercado de trabalho.

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Cacciamali (2000, p.170), diz que a globalização tem seus efeitos perversos e benéficos dentro do mercado de trabalho:

O contexto da globalização, se, por um lado, encerra elementos que limitam a ação do Estado Nacional por exemplo, no momento presente, no caso da seleção e implementação de uma determinada política econômica, por outro lado, requer sua ação ativa, nos moldes citados anteriormente. O objetivo nesse caso é filtrar determinados efeitos provocados pela maior exposição ao exterior e pela maior integração das economias. Alguns desses efeitos podem ser perversos, por exemplo, associados à perda da identidade cultural; outros podem ser muito rápidos, como a destruição de determinados segmentos empresariais e ramos de atividade domésticos intensivos em mão-de-obra que não dispuseram da oportunidade de se reestruturar em patamares tecnológico e de produtividade superiores; e outros podem ser positivos, como maior competição nos mercados e aumento nos níveis de produtividade. O Estado Nacional, dessa forma, se mantém como palco de disputas e de conflitos com relação aos interesses e representações de diferentes grupos sociais, sendo um ator primordial na configuração da inserção internacional e do padrão de crescimento econômico implementado, bem como dos resultados sociais e da distribuição de renda.

A evolução da produtividade e na gestão empresarial devido a abertura comercial impactou de forma direta o mercado de trabalho mas boa parte dos ganhos em produtividades vieram do processo de melhoria nos níveis educacionais apresentados pelos trabalhadores brasileiros.

Pode-se dizer que, mesmo havendo elevação do nível de desemprego e do grau de instrução, podem aas empresas substituir seus colaboradores com menor nível educacional por aqueles que apresentam maior escolaridade e isso faz com que aumentem a produtividade sem que necessitem repassar os ganhos produtivos em seus rendimentos a esses trabalhadores.

Com relação à mulher no mercado de trabalho na era da globalização e das novas tecnologias, nas últimas décadas o setor feminino invadiu o mercado de trabalho, associado às transformações familiares e conjugais, tendo em vista grande número de famílias serem chefiadas por mulheres (ZARUR, 2003).

O avanço feminino no espaço do trabalho e na sociedade segundo o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas – PNUD possui dois índices, sendo o índice de desenvolvimento que se relaciona ao gênero (GDI), onde o Brasil

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ocupa a 66ª posição e o índice de poder de gênero (empowerment – EM), onde o Brasil não se posiciona melhor. Com esses dados percebe-se que no Brasil, 40% da força e trabalho representado por mulheres, preponderando ainda os ofícios e ocupações com as funções domésticas, com menor status social e menor qualificação formal e com isso, auferindo menor renda (LAVINAS; AMARAL; BARROS, 2000). Mesmo as mulheres tendo maior grau de escolaridade que os homens a remuneração ainda persiste menor, ficando também o desemprego feminino acima do masculino.

Com relação às barreiras tanto invisíveis quanto visíveis para a mulher, mantendo-as fora de cargos qualificados e melhor remunerados, pode-se citar a feminização de algumas profissões e sua desvalorização, resistências da sociedade, maternidade, desigualdade na divisão das tarefas em casa e nas organizações a falta de crítica por parte das mesmas (LAVINAS; AMARAL; BARROS, 2000).

Mesmo assim, as mulheres continuam reivindicando seus direitos e as empresas já estão alterando suas estratégias no sentido de recrutar e reter aquelas mulheres com qualificação, podendo-se citar algumas mudanças que foram implementadas segundo Vassalo (2004, p.37):

a) Diálogo extenso sobre as mudanças necessárias na cultura organizacional (workshops e reuniões dirigidas); b) implementação de políticas para equiparar salários e oportunidades; c) designação de responsáveis pela implementação de mudanças; d) avaliação (quantitativamente e qualitativamente) de progressos em áreas específicas.

Nos processos de mudança das organizações, as iniciativas e a liderança surgem da alta hierarquia e difundidas a todo corpo empresarial e o que as mulheres necessitam enfrentar para que obtenham igualdade, envolve o poder política, na empresa e em sua própria casa.

Ao se falar das tendências que se associam ao avanço feminino no mercado de trabalho Vassalo (2004, p. 42), assim coloca:

a) Penetração maior de mulheres em ocupações antes restritas aos homens (na indústria, por exemplo, as mulheres avançam em profissões como soldadores e operadores de máquinas); b) maternidade adiada e menor número de filhos; c) aumento do padrão de consumo familiar e do investimento em educação; d) crescente reivindicação por igualdade cívica e política.

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Desta forma, as transformações no conteúdo do trabalho e nas formas de emprego baseados na produção enxuta, associa-se à difusão das novas tecnologias dentro dos processos de produção e propicia o aumento no trabalho da produtividade, intensificando a substituição do trabalho vivo pelo trabalho acumulado nos equipamentos e nos sistemas, deslocando desta forma, o setor de emprego e de trabalho que resulta no desaparecimento de postos de trabalhos em indústrias r ao mesmo tempo, criando oportunidades no setor terciário (RÉGNIER, 1998).

O perfil do novo trabalhador exige novas habilidades que até então, estavam relegadas ao segundo plano e negadas em situações anteriores, sendo acrescido a esses papéis a necessidades de uso das novas tecnologias de comunicação e de informação que são constates nos instrumentos e nos novos equipamentos, exigindo que seja dominado códigos considerados abstratos e novas linguagens para a utilização dos mesmos (VASSALO, 2004).

Também, tem sido exigido neste contexto, o raciocínio lógico-abstrato, habilidades sociocomunicativas, disposição para correr riscos, liderança, responsabilidades, destreza em outros idiomas e linguagens dentro da informática para ingresso ou até mesmo a manutenção no mercado de trabalho, tendo o indivíduo que ter disposição para aprender a aprender, tornando-se isso portfólio para sua empregabilidade (VASSALO, 2004).

As novas competências faz com que cresçam nas relações de trabalho a individualização, onde cada profissional recebe pelo valor que agrega aos processos e aos produtos, surgindo assim, um apelo á aprendizagem para o resto da vida, tendo em vista essas competências estarem calcadas no vir a ser e as capacidades humanas se reconstruírem ou se construírem todos os dias pelos problemas enfrentados na realidade do trabalho.

No decorrer desta pesquisa percebeu-se que a organização e a constituição da estrutura familiar não foram e não são estáticas, passando as famílias por diferentes transformações que implicaram no papel e na situação da mulher na sociedade. Desta forma, puderam elas dividir as tarefas domésticas com as reservadas somente aos homens.

Com a presença mais acirrada da mulher no mercado de trabalho e até conseguindo certas posições de destaque, não conseguem equilibrar as duas

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situações, optando então pelo não casamento e sustentando maridos e famílias monoparentais, educando sozinhas os seus filhos.

Quanto à violência que ocorre contra a mulher, é situação enfrentada no âmbito internacional, sendo focada situações de agressão e de violação de direitos. Para coibir esses problemas, surgiu a Lei Maria da Penha nº 11.340, criada em 07 de agosto de 2006, levando o agressor à punição quando denunciado, repercutindo isso no trabalho das vítimas. Outro problema é o assédio moral ainda comum em determinados locais de trabalho, onde os empregadores diminuem e subestimam as mulheres e suas potencialidades.

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3.1 Lei Maria da Penha nº 11.340 de 07 de Agosto de 2006

Esta Lei cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.

Esta Lei foi uma luta de 29 anos de Maria da Penha Maia, biofarmacêutica, que queria ver seu agressor condenado, tornando-se assim, um símbolo contra a violência doméstica. A história dessa mulher pode ser assim relatada:

Em 1983, o marido de Maria da Penha Maia, o professor universitário Marco Antonio Herredia, tentou matá-la duas vezes. Na primeira vez, deu um tiro e ela ficou paraplégica. Na segunda, tentou eletrocutá-la. Na ocasião, ela tinha 38 anos e três filhas, entre 6 e 2 anos de idade.

A investigação começou em junho do mesmo ano, mas a denúncia só foi apresentada ao Ministério Público Estadual em setembro de 1984. Oito anos depois, Herredia foi condenado a oito anos de prisão, mas usou de recursos jurídicos para protelar o cumprimento da pena.

O caso chegou à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), que acatou, pela primeira vez, a denúncia de um crime de violência doméstica. Herredia foi preso em 28 de outubro de 2002 e cumpriu dois anos de prisão. Hoje, está em liberdade.

Após às tentativas de homicídio, Maria da Penha Maia começou a atuar em movimentos sociais contra violência e impunidade e hoje é coordenadora de Estudos, Pesquisas e Publicações da Associação de Parentes e Amigos de Vítimas de Violência (APAVV) no seu estado, o Ceará.

Ela comemorou a aprovação da lei. "Eu acho que a sociedade estava aguardando essa lei. A mulher não tem mais vergonha [de denunciar]. Ela não tinha condição de denunciar e se atendida na preservação da sua vida", lembrou. Maria da Penha recomenda que a mulher denuncie a partir da primeira agressão. "Não

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adianta conviver. Porque a cada dia essa agressão vai aumentar e terminar em assassinato."

O caso de Maria da Penha não é um fato isolado e muitas mulheres sofrem dentro de casa por agressão, espancamento e, por medo ou vergonha, muitas vezes não denunciam o agressor. Pode-se citra dentro das violências mais comuns em mulheres, a agressão física através de tapas e empurrões, violência psíquica por xingamentos, ofensa à moral e ameaças através de objetos quebrados, objetos retirados, roupas rasgadas. Existem os Juizados Especiais que foram criados a partir dessa Lei para que seja dada maior agilidade aos processos, sendo as investigações mais detalhadas e podendo ser incluído testemunhas para comprovar os fatos (SECRETARIA DE QUESTÕES DE GÊNERO E ETNIA, 2007).

No Brasil, a pena para agressão em mulheres triplicou, aumentando os meios de proteção dessas vítimas. Também, com a Lei Maria da Penha, o tempo máximo de prisão aumentou de um ano para três anos e, o mínimo, reduzido de seis meses para três meses (SECRETARIA DE QUESTÕES DE GÊNERO E ETNIA, 2007).

O Código Penal foi alterado com essa nova Lei permitindo a prisão preventiva dos agressores ou que possam ser presos em flagrante; acabou com as penas pecuniárias onde o réu pagava destas básicas ou multas e alterou a Lei de Execuções Penais, permitindo ao juiz que determine o comparecimento do agressor a programas de reeducação e de recuperação.

Esta Lei trouxe medidas para proteger a mulher agredida ou que corre riscos, enfatizando a saída do agressor da casa protegendo os filhos e de a mulher reaver seus bens, cancelando procurações feitas em nome do agressor. Também, permite a Lei que a mulher fique afastada do seu trabalho por seis meses, sem perde-lo quando constatada a necessidades de manutenção de sua integridade psicológica ou física (SECRETARIA DE QUESTÕES DE GÊNERO E ETNIA, 2007).

A seguir, apresenta-se um resumo dos pontos considerados mais importantes da Lei nº 11.340, Lei Maria da Penha, realizado pela Delegada Ângela Regina de Souza Lopes, de Ilhéus, na Bahia (2006):

1. Se aplica à violência doméstica que cause morte, lesão, sofrimento físico (violência física, sexual (violência sexual), psicológico (violência psicológica) e dano moral (violência moral) ou patrimonial (violência patrimonial;

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1.1 No âmbito da unidade doméstica onde haja o convívio de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;

1.2 No âmbito da família, formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;

1.3 E qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convívio com a ofendida, independentemente de coabitação;

2. Se aplica também às relações homossexuais (lésbicas);

3. A ofendida não poderá entregar intimação ou notificação ao agressor; 4. Quando a agressão praticada for de pessoa estranha, como por exemplo vizinho, prestador de serviço ou médico, continuam os velhos TERMOS CIRCUNSTANCIADOS:

5. Garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário;

6. Informar à ofendida os direitos a ela conferidos;

7. Feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade, de imediato:

7.1. Ouvir a ofendida, lavrar o Boletim de Ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada;

7.2. Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato; 7.3. Remeter no prazo de 48 horas expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas preventivas;

7.4. Expedir guia de exame de Corpo de Delito e Exames Periciais; 7.5. Ouvir o agressor e testemunhas;

7.6. Ordenar a identificação do agressor e juntar aos autos sua folha de antecedentes;

8. O pedido da ofendida deverá conter qualificação da ofendida e do agressor, nome e idade dos dependentes, descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida, e cópia de todos os documentos disponíveis emm posse da ofendida.

Como se sabe, os maus tratos contra a mulher não é problema da atualidade, há tempos muitas mulheres sofriam caladas e tem-se como um dos maiores símbolos dessa violência covarde, a Lei Maria da Penha.

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3.2 Assédio Moral

Quanto ao assédio moral sofrido por muitas mulheres, o Guia Trabalhista (2009), diz que é tão antigo quanto o trabalho e caracteriza-se por atitudes que evidenciam violência psicológica em desfavor do empregado. Assim, expor o colaborador a situações que o humilhem como xingamentos perante aos colegas, exigência de metas que não podem ser atingidas, negação de folgas e emendas de feriado quando os outros trabalhadores são dispensados, agir com excesso de rigor e apelidá-lo, são ocorrências que configuram o assédio moral.

Essas atitudes repetidas com certa frequência tornam a permanência do colaborador insustentável na empresa e causam danos psicológicos e físicos. Tem-se os distúrbios mentais como Tem-sendo relacionados às condições de trabalho e considerados um dos males da modernidade e, novas políticas de gestão exigem que os indivíduos assumam diferentes funções, executem jornadas prolongadas entre outros abusos.

O trabalhador não aceitando essas condições, corre o risco de demissão muitas vezes tendo em vista haver no mercado, substitutos. Seno o assédio moral repetitivo, caracteriza-se por ações reiteradas do assediador e deve-se diferençar isolados e comuns acontecimentos no ambiente de trabalho das situações que caracterizam o assédio moral sofrido constantemente (GUIA TRABALHISTA, 2009).

O Brasil ainda não possui uma regulamentação jurídica específica que puna o assédio moral, mas este pode ser julgado conforme o Art. 483 da CLT. Na prática, o assédio é reconhecido pelos tribunais trabalhistas, quando comprovado e com testemunhas, fazendo com que os empregadores paguem indenizações elevadas.

Mas para que toda uta feminina seja lembrada, foi criado o Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 08 de março.

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3.3 Dia Internacional da Mulher

A história do Dia Internacional da Mulher teve início em 08 de março de 1857, no momento em que as operárias de uma fábrica de tecidos, situada em Nova Iorque, realizaram uma greve, ocupando a fábrica e reivindicando melhores condições de trabalho, no sentido de reduzir a carga diária para dez horas, equiparação de salários com os homens e um tratamento digno no local de trabalho.

Esta manifestação foi reprimida com violência sendo essas mulheres trancadas na fábrica e, em seguida, posto fogo, incendiando-as. Cerca de 130 mulheres tecelãs morreram queimadas em um ato desumano. No ano de 1910, em uma conferência realizada na Dinamarca, ficou decido que dia 08 de março seria o Dia Internacional da Mulher em homenagem àquelas que morreram pela luta de seus direitos, mas, somente em 1975, através de um Decreto, foi oficializada a data pela Organização das Nações Unidas (ONU) (WOOLF, 2004).

Este dia tem como objetivo não somente comemorar, mas realizar conferências, reuniões e debates para discutir o papel da mulher na sociedade em que se encontra, tentando diminuir ou quem sabe eliminar, o preconceito e a desvalorização da mulher, tendo em vista ainda existir mesmo com os avanços já alcançados (WOOLF, 2004). Assim, apara encerrar esta pesquisa, faz-se uma homenagem a todas as mulheres.

O dia internacional da Mulher

Mulheres, personalidades honradíssimas Temos nós, orgulho em tê-las. Mãe, amada, irmã... amiguíssimas

Impossível não percebê-las. Desde as meigas, às extremistas,

Não há quem possa vencê-las. Como mãe, semeia esperança

Como irmã, espalha fervor Se esposa, há perseverança

Se sofrida, nos causa dor Se trabalhadora, emite confiança,

Mas em tudo, cultiva amor. Mulher, símbolo da vida,

Imagem da perfeição. Tantas vezes abatida

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Por causa da traição De alguém que, “enlouquecida”

Entregou seu coração. Com palavras vim demonstrar,

Da humanidade a gratidão, Tu mereces compartilhar

De toda realização, Pois está sempre a participar

Do que enaltece uma nação. Independente do nome

Que você recebeu, É a maior demonstração De beleza, garra, amor.... fé. Por tudo isso você conquistou O Dia Internacional da Mulher.

Referências

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