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Benefício de prestação continuada – BPC: o que temos e o que está por vir?

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Academic year: 2021

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BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – BPC: O QUE TEMOS E O QUE ESTÁ POR VIR? 1

CONTINUED BENEFIT OF BENEFIT - BPC: WHAT WE HAVE AND WHAT IS TO COME?

Elisa Eickhoff Ledermann2 Nelci Lurdes Gayeski Meneguzzi3

Resumo

Este artigo trata acerca do Benefício de Prestação Continuada – BPC, benefício este concedido pela Assistência Social aos idosos ou portadores de deficiência sem condições de sustentar-se ou ser sustentado pela sua família. O trabalho aborda as condições e requisitos para concessão de tal benefício assistencial, bem como alterações que vêm ocorrendo, jurisprudências sobre avanços ocorridos nos tribunais e também o que ainda está por vir acerca deste beneficio na Proposta de Emenda Constitucional – PEC 6/2019 relacionadas ao BPC que se encontra em tramite no congresso nacional.

Palavras-chave: Benefício Assistêncial. BPC. Idosos. Deficientes. Direito Previdenciário.

Abstract

This article deals with the Continuous Benefit Benefit - BPC, a benefit granted by Social Assistance to the elderly or people with disabilities without conditions to support or be supported by their family. The paper deals with the conditions and requirements for granting such assistance, as well as changes that are occurring nowadays, jurisprudential understanding of the courts and also what is yet to come about this benefit in the Proposed Constitutional Amendment - PEC 6/2019 related to the BPC that is in process in the national congress.

Keywords: Assistance Benefit. BPC. Seniors. Disabled. Social Security Law.

1 Artigo desenvolvido como Trabalho de Conclusão no Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Direito do Trabalho, Processo do Trabalho e Previdenciário da UNIJUÍ.

2 Acadêmica do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Direito do Trabalho, Processo do Trabalho e Previdenciário da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ. 3 Professora Orientadora, Mestre em Direito pela Universidade de Caxias do Sul - UCS. Especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho, pelo Complexo de Ensino Superior de Santa Catarina / CESUSC. Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade de Passo Fundo - UPF. Advogada. Docente de Ensino Superior com experiência na área de Direito: Direito do Trabalho e Processo do Trabalho e Direito Previdenciário. Atualmente é docente do Curso de Direito na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, nos campus de Ijuí, Santa Rosa e Três Passos e na Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI- Campus de Santo Ângelo, RS. E-mail: nelcimeneguzzi@hotmail.com

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1. INTRODUÇÃO

O presente artigo aborda a questão da proteção social no Brasil através do Benefício de Prestação Continuada - BPC, pois trata-se do primeiro mínimo social não contributivo previsto na Constituição Federal e financiado pela Assistência Social.

O BPC está previsto constitucionalmente através do pagamento de um salário mínimo mensal, concedido aos idosos e portadores de deficiência carentes. Para abordar este benefício este trabalho evidencia as condições e requisitos para concessão de tal benefício, bem como alterações que vêm ocorrendo, jurisprudências sobre avanços ocorridos nos tribunais e também o que ainda está por vir sobre a proposta de novas alterações relacionadas ao BPC.

Como meio de realização do direito fundamental de cidadania e inclusão social aos indivíduos hipossuficientes, o BPC tem como base legal o texto constitucional, pois a legislação infraconstitucional regula a matéria de modo a restringir o acesso ao benefício ao invés de promover seu real objetivo. Sendo assim, cabe aos tribunais analisar as peculiaridades de cada caso e não somente interpretar a lei de forma absoluta.

2 O BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE PRESTAÇÃO CONTINUADA - BPC

O Benefício de Prestação Continuada – BPC está previsto na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 203, inciso V, e trata de garantir um salário mínimo mensal aos portadores de deficiências e idosos que comprovem não possuir meios de se manter ou ser mantido por sua família. O BPC foi regulamentado pela Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 (LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social) e também pelo Decreto nº 1.744, de 8 de dezembro de 1995.

Conforme CASTRO (2018, p. 769):

A LOAS define que a assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às

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necessidades básicas. As condições para a concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC) no valor de um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso carentes estão contidas nos arts. 20 e 21 da LOAS [...].

De acordo com o artigo 14 do Decreto 6.214/2007, o BPC deverá ser requerido junto às agências da Previdência Social ou junto aos órgãos autorizados para este fim e a data de início do benefício é aquela do requerimento administrativo. Caso tenha sido requerido judicialmente, o Superior Tribunal de Justiça - STJ entende que o termo inicial do benefício é a data da citação do INSS (GOES, 2016, p. 787).

A concessão e manutenção do BPC são feitas pelo INSS, mesmo não se tratando de um benefício previdenciário. Isso se dá por questões práticas, pois o INSS já possui estrutura para isso em todo país, não havendo necessidade de outra específica somente para os benefícios assistenciais substitutivos de renda (GOES, 2016, p. 787).

Conforme previsto, tanto na legislação pátria, para ter direito ao BPC o requerente deve preencher os seguintes requisitos: comprovar ser deficiente ou idoso, neste último caso ter no mínimo 65 anos; possuir renda mensal per capita inferior a ¼ do salário mínimo; não estar vinculado a nenhum regime de previdência social; não receber outro benefício de espécie alguma. Conforme Goes (2016, p.790), o cidadão [...] não pode possuir outro benefício no âmbito da Seguridade Social ou de outro regime, inclusive o seguro-desemprego, salvo o de assistência médica e a pensão especial de natureza indenizatória, bem como remuneração advinda de contrato de aprendizagem.

O BPC é revisto a cada dois anos como determina o artigo 21 da Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS e poderá cessar, conforme Goes (2016, p.790) nos seguintes casos:

A cessação do pagamento do benefício ocorrerá nas seguintes situações:

I. superação das condições que lhe deram origem; II. morte do beneficiário;

III. morte presumida do beneficiário, declarada em juízo;

IV. ausência declarada do beneficiário, na forma do art. 22 do Código Civil, Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002;

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V. falta de comparecimento do beneficiário portador de deficiência ao exame médico-pericial, por ocasião de revisão de benefício;

VI. falta de apresentação pelo idoso ou pela pessoa portadora de deficiência

da declaração de composição do grupo e renda familiar, por ocasião de revisão de benefício.

Além disso, o benefício também poderá ser cancelado ou suspenso. Será cancelado quando houver constatação de irregularidade na concessão ou utilização; e será suspenso quando o beneficiário com deficiência exercer atividade remunerada como evidencia o art. 21-A da LOAS. Nesse sentido, quando for extinta a relação trabalhista ou atividade empreendedora, e quando for o caso, encerrado o pagamento do seguro-desemprego, e não tendo direito o beneficiário a qualquer benefício previdenciário, haverá possibilidade de requerer a continuidade do pagamento do benefício que foi suspenso, sem necessidade de realização de perícia médica ou reavaliação da deficiência e do grau de incapacidade para esse fim (GOES, 2016, p.791).

Conforme Góes (2016, p. 791), a contratação de pessoa com deficiência como aprendiz não suspende o BPC, contudo o recebimento concomitante da remuneração e do benefício é limitado a dois anos; e o desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras ou educacionais e a realização de atividades não remuneradas de habilitação e reabilitação, entre outras também não suspendem o benefício nos termos do art. 21, §3° da LOAS.

Ainda sobre o BPC, vale lembrar que o mesmo não é transferível, ou seja, não gera direito a pensão por morte a herdeiros ou sucessores, e extingue-se com a morte do beneficiário, contudo, caso exista um valor residual não recebido em vida pelo beneficiário este será pago aos seus herdeiros (GOES, 2016, p. 791). Além disso, o benefício de prestação continuada não gera direito a pagamento de gratificação natalina, ou seja, aquele que perceber mensalmente o BPC somente receberá doze parcelas anuais enquanto mantiver os requisitos que demonstrem a hipossuficiência financeira associada a idade e/ou deficiência.

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2.1 Condições e requisitos

São, portanto, condições para concessão do BPC ser o requerente deficiente ou idoso com 65 anos ou mais, e além disso não possuir condições financeiras de se manter e nem ser mantido por sua família. De acordo com Goes (2016, p. 788):

Para efeito da análise do direito ao benefício, considera-se:

I. a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto;

II. pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas;

III. impedimento de longo prazo: aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 anos;

IV. família incapacitada de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa: aquela cujo cálculo da renda mensal per capita, que corresponde à soma da renda mensal bruta de todos os seus integrantes, dividida pelo número total de membros que compõem o grupo familiar, seja inferior a um quarto do salário mínimo (Lei 8.742/93, art. 20, §3°).

O STF já decidiu pela constitucionalidade do art. 20, §3º da Lei 8.742/93 que exige comprovação da renda mensal per capita inferior a ¼ do salário mínimo para a concessão do referido benefício, mas o STJ já proferiu várias decisões entendendo que essa delimitação da renda não pode ser considerada como o único meio de prova da condição de miserabilidade e traz o seguinte julgado, conforme Goes (2016, p. 788-789).

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIARIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO 1.1 12.557/MG. POSSIBILIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA CONDIÇÃO DE MISERABILIDADE DO BENEFICIÁRIO POR OUTROS MEIOS DE PROVA, QUANDO A RENDA PER CAPITA DO NÚCLEO FAMILIAR FOR SUPERIOR A 1/4 DO SALÁRIO MÍNIMO. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO POR ANALOGÍA. JURISPRUDÊNCIA FIRMADA. PET 7.203/788 Assistência Social PE. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.

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Nº 1.112.557/MG, de Relatoria do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, o critério previsto no artigo 20, § 3º, da Lei n" 8.742/1993, deve ser interpretado como limite mínimo, não sendo suficiente, desse modo, por si só, para impedir a concessão do benefício assistencial. Permite-se a concessão do benefício aos requerentes que comprovem, a despeito da renda, outros meios caracterizados da condição de hipossuficiência.

2. O benefício previdenciário de valor mínimo, recebido por pessoa acima de 65 anos, não deve ser considerado na composição na renda familiar, conforme preconiza o art. 34, parágrafo único, da Lei 10.74112003 (Estatuto do Idoso). Precedente: Pet n" 7.203/PE, Relatora Ministra Maria Thereza C.E. Assis Moura. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. 370)

No caso do requerente ao BPC ser pessoa idosa, o mesmo deverá comprovar de forma cumulativa, que possui 65 anos de idade ou mais; que sua família possua renda mensal per capita inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo, podendo utilizar-se também de outros elementos probatórios da condição de miutilizar-serabilidade do grupo familiar e da situação de vulnerabilidade; e além disso o requerente não estar recebendo outro benefício no âmbito da Seguridade Social ou de outro regime, salvo o de assistência médica e a pensão especial de natureza indenizatória (CASTRO, 2018, p. 769-770).

Quanto à condição etária, conforme Kertzman (2015, p.457):

A idade para considerar a pessoa como idosa já foi objeto de mudanças, conforme segue:

a) No período de 01/01/96 a 31/12/97, a idade mínima para o idoso era de 70 anos; b) A partir de 01/01/98 e, até 31/12/03, a idade mínima para o idoso passou a ser de 67 anos; c) Com a aprovação do Estatuto do Idoso, Lei 10.741/03, a partir de 01/01/04, a idade mínima para o idoso passou a ser de 65 anos; d) A Lei 12.435/2011 atualizou o art. 20, da Lei 8.742/93, trazendo a idade mínima de 65 anos para o idoso fazer jus a benefícios assistenciais.

Com a atualização promovida pela Lei 12.435/2011, o artigo 20 da Lei 8.742/93 passa a ter a seguinte redação:

Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. A comprovação se dá, conforme previsto no artigo 8º do Decreto nº 1.744/95, mediante apresentação de um dos seguintes documentos: certidão de nascimento,

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certidão de casamento, certificado de reservista, carteira de identidade, carteira de trabalho e previdência social emitida há mais de cinco anos ou certidão de inscrição eleitoral.

Caso for o requerente Pessoa com Deficiência, o mesmo deverá comprovar, de forma cumulativa, estar impedido fisicamente, mentalmente, intelectualmente ou sensorialmente, a longo prazo, e dessa forma interagindo esses impedimentos com uma ou mais barreiras, obstruindo sua participação plena e efetiva na sociedade, assim como as demais pessoas (§2º do artigo 20 da Lei nº 8.742/93, alterado pela Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015); e além disso possuir renda mensal per capita inferior a ¼ do salário mínimo, podendo, assim como no caso do idoso, utilizar-se também de outros elementos probatórios da condição de miserabilidade do grupo familiar e da situação de vulnerabilidade; e além disso o requerente não estar recebendo outro benefício no âmbito da Seguridade Social ou de outro regime, salvo o de assistência médica e a pensão especial de natureza indenizatória (CASTRO, 2018, p. 769-770).

Segundo Kertzman (2015, p. 458), impedimento de longo prazo é o que produz efeitos pelo prazo mínimo de 2 anos. Para conceder o benefício feita uma avaliação da deficiência e do grau de impedimento mediante avaliação médica e avaliação social realizadas por médicos peritos e assistentes sociais do INSS. De acordo com o disposto no § 2º do artigo 20 da Lei 8.742/93, tanto o deficiente físico quanto o mental podem receber o benefício assistencial desde o nascimento.

A avaliação para verificar se a deficiência incapacita o sujeito para a vida independente e para o trabalho é realizada pelo Serviço Social e pela perícia Médica do INSS.

Quando se tratar de deficiência de crianças e adolescentes menores de 16 anos de idade, também deverão ser avaliados a existência da deficiência bem como seu impacto na limitação do desempenho de atividade e restrição da participação social, compatível com a idade (Decreto n. 7.617/2011).

A partir de janeiro de 2018, o Estatuto da Pessoa com Deficiência estabelece em seu art. 2º, § 1º, que quando necessária, a avaliação da deficiência será

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biopsicossocial e realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar, considerando: os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; a limitação no desempenho de atividades; e a restrição de participação (CASTRO, 2018, p. 771).

Ainda quanto à deficiência e o prazo de duração dos impedimentos relativizados pela jurisprudência, segundo Castro (2018, p. 771):

Súmula n. 29 da TNU: Para os efeitos do art. 20, § 2º, da Lei n. 8.742, de 1993, incapacidade para a vida independente não só é aquela que impede as atividades mais elementares da pessoa, mas também a impossibilita de prover ao próprio sustento.

Súmula n. 48 da TNU: A incapacidade não precisa ser permanente para fins de concessão do benefício assistencial de prestação continuada.

Analisando os textos legais anteriores à alteração promovida pela Lei 12.470/2011 leva à conclusão de que não era suficiente para a caracterização da deficiência somente a incapacidade para o trabalho, mas também era necessária a incapacidade para a vida independente.

Nesse sentido, outra questão que merece destaque é quanto à incapacidade dos portadores de HIV. Neste caso não basta o exame pericial das condições físicas do requerente para indeferir ou não o benefício, pois esta questão já está pacificada na Turma Nacional através da Súmula nº 78 (JUSTIÇA FEDERAL, 2014, s.p.):

Súmula nº 78 da TNU. Comprovado que o requerente de benefício é portador do vírus HIV, cabe ao julgador verificar as condições pessoais, sociais, econômicas e culturais, de forma a analisar a incapacidade em sentido amplo, em face da elevada estigmatização social da doença.

Interpreta-se a referida Súmula no sentido de que nos casos de portadores de HIV, mesmo que assintomáticos, a incapacidade vai além da limitação física, pois surte efeitos negativos também na esfera social, excluindo o portador do vírus do mercado de trabalho (JUSTIÇA FEDERAL, 2014, s.p.).

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Nessas situações – em que a doença por si só gera um estigma social –, para a caracterização da incapacidade/deficiência, faz-se necessária a avaliação dos aspectos pessoais, econômicos, sociais e culturais. Por outro lado, importante deixar claro que a doença por si só não acarreta a incapacidade ou deficiência que a Legislação exige para o gozo do benefício.

O fato que foi vinculado à súmula 78, diz respeito a um segurado, portador do vírus HIV, que procurou a TNU na tentativa de modificar acórdão da 4ª Turma Recursal do Rio Grande do Sul, o qual manteve, pelos próprios e jurídicos fundamentos, a sentença que julgou improcedente o pedido de concessão de auxílio-doença/aposentadoria por invalidez do requerente. Neste caso concreto, os laudos médicos judiciais analisados pelas instâncias ordinárias concluíram pela ausência de incapacidade do segurado para o exercício das atividades habituais, o que poderia ensejar, então, a aplicação da súmula 77 da TNU “O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”. Contudo, o entendimento da juíza Kyu Soon Lee foi diferente (JUSTIÇA FEDERAL, 2014, s.p.):

Entendo que toda doença que possa acarretar grande estigma social, como a aids, a hanseníase, a obesidade mórbida, as doenças de pele graves, e outras, constituem exceção à aplicação da súmula citada, necessitando o magistrado realizar a análise das condições pessoais, sociais, econômicas e culturais do segurado.

Sob esta análise, a partir da aprovação da súmula 78 da TNU chega-se a quatro conclusões: 1) a não constatação da incapacidade nos laudos médicos produzidos em juízo não retira, por si só, o direito do requerente portador de HIV receber um benefício; 2) o fato do requerente ser portador de HIV não significa presunção absoluta de incapacidade, devendo analisar-se sempre as particularidades de cada caso concreto; 3) HIV acarreta grande desaprovação da sociedade, e neste caso o magistrado deverá analisar as condições sociais, econômicas e culturais do requerente, não limitando-se às conclusões médicas; 4) essa análise das condições pessoais, econômicas e culturais do requerente deverá ser realizada sempre pelo magistrado de primeiro grau e/ou Turma Recursal de origem (SILVA, 2014, s.p.).

Ainda, para concessão do BPC os requisitos trabalhados até aqui devem estar acompanhados de mais uma condição, ou seja, além da faixa etária ou presença de

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deficiência, exige-se que a família do idoso ou deficiente requerente possua renda mensal per capita inferior à ¼ do salário mínimo, comprovada, conforme artigo 20, § 8º da Lei 8.742/93, através de declaração do próprio requerente ou de seu representante legal. A comprovação da renda familiar se dá conforme artigo 13 do Decreto nº 1.744/95:

Art. 13. A comprovação da renda familiar per capita será feita mediante a apresentação de um dos seguintes documentos por parte de todos os membros da família do requerente que exerçam atividade remunerada:

I - Carteira de Trabalho e Previdência Social com anotações atualizadas;

II - contracheque de pagamento ou documento expedido pelo empregador;

III - carnê de contribuição para o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS;

IV - extrato de pagamento de benefício ou declaração fornecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS ou outro regime de previdência social público ou privado;

V - declaração de entidade, autoridade ou profissional a que se refere o art. 12.

1º A apresentação de um dos documentos mencionados nos incisos I a V deste artigo, não exclui a faculdade de o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS emitir parecer sobre a situação socioeconômica da família do beneficiário.

2º A declaração de que trata o inciso V será aceita somente nos casos de trabalhadores que, excepcionalmente, estejam impossibilitados de comprovar sua renda mediante a documentação mencionada nos incisos I a IV.

Considera-se, para fins do cálculo da renda per capita, que a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (Art. 20, §1º da Lei 8.742/93, redação dada pela Lei n. 12.435/2011).

Ainda com relação ao limite da renda per capita, o parágrafo único do artigo 34 do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003) prevê que o benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere o LOAS.

Refere-se à renda mensal bruta familiar a soma dos rendimentos brutos mensais recebidos pelos membros da família, ou seja, salários, proventos, pensões,

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pensões alimentícias, benefícios de previdência pública ou privada, seguro-desemprego, comissões, pro labore, outros rendimentos do trabalho não assalariado, rendimentos do mercado informal ou autônomo, rendimentos auferidos do patrimônio, Renda Mensal Vitalícia e Benefício de Prestação Continuada (Decreto n. 7.617, de 2011). A remuneração da pessoa com deficiência na condição de aprendiz não será considerada para fins do cálculo (CASTRO, 2018, p. 772).

De acordo com a regra do Estatuto do Idoso (art. 34, parágrafo único), existe a possibilidade de exclusão da aposentadoria ou benefícios assistenciais recebido pelo cônjuge, no valor de um salário mínimo, do cálculo da renda familiar.

Por fim, além desses requisitos previstos na LOAS, o Decreto n. 8.805, de 7.7.2016, traz ainda como requisito o fato do requerente estar inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF e no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal – CadÚnico.

Segundo o decreto, caso o beneficiário não realizar a inscrição/atualização no CadÚnico, no prazo estabelecido em convocação a ser realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Social, terá o seu benefício suspenso (CASTRO, 2018, p. 770). Ainda, o benefício só será concedido ou mantido para inscrições no CadÚnico que tenham sido realizadas ou atualizadas nos últimos dois anos.

2.2 Interpretação Jurisprudencial: avanços rumo à concretização do direito fundamental previsto no art. 203, V, da Constituição Federal

Os magistrados vêm relativizando a regra do §3º do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o dispositivo legal vem sendo analisado juntamente com a realidade fática, através de perícia socioeconômica.

Após 2013, quando o STF julgou o Recurso Extraordinário 580.963, essa condição de miserabilidade é averiguada por estudo social feito por assistente social, ou seja, através de visita na residência do requerente, então o assistente social confere seus bens, renda mensal das pessoas que ali residem, despesas do dia-a-dia

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dessa pessoa, e a partir disso emite parecer atestando se vive ou não em situação de miserabilidade.

O STF declarou a inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do art. 20, § 3º, da Lei n. 8.742/1993, que exige renda mensal per capita inferior a 1/4 do salário mínimo (Rcl 4.374, Tribunal Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe 04.09.2013). Conforme previsto na Lei n. 13.146/2015, poderão ser utilizados outros elementos probatórios da condição de miserabilidade do grupo familiar e da situação de vulnerabilidade, conforme regulamento (redação dada ao art. 20, § 11, da Lei n. 8.742/1993).

Na análise da renda per capita deve ser levado em consideração o § 11 do art. 20 da Lei n. 8.742, de 1993 (redação conferida pela Lei n. 13.146, de 2015), o qual prevê que poderão ser utilizados outros elementos probatórios da condição de miserabilidade do grupo familiar e da situação de vulnerabilidade, conforme regulamento (norma aplicada a partir de 3.1.2016).

Veja-se algumas decisões do Tribunal Regional Federal da 4ª Região analisando o art. 20 da Lei nº 8.742/93 de forma relativa:

PREVIDENCIÁRIO. LOAS. VULNERABILIDADE SOCIAL. RENDA FAMILIAR. 1. O requerimento de amparo assistencial formulado pela impetrante foi indeferido administrativamente, pois foi identificado que o seu cônjuge, João Rocca (nascido em 02/02/1928), recebia aposentadoria no valor mensal de um salário-mínimo, razão pela qual a renda per capita do grupo superava a quarta parte do salário-mínimo, conforme se observa dos documentos de fls. 18 e 24. 2. De acordo com a autarquia, essa renda familiar desatenderia o art. 20, § 3º, da Lei 8.742/93, que estabelece como critério de miserabilidade o patamar per capita equivalente a quarta parte do salário-mínimo. Entretanto esse dispositivo foi declarado inconstitucional pela Corte Escelsa (RE's 567985 e 580963), pois sua aplicação obstava a proteção estatal a deficientes e idosos em situação de vulnerabilidade social. 3. O Superior Tribunal de Justiça assentou sob a Lei de Recursos Repetitivos, que o benefício de natureza previdenciária auferido por idoso não deve ser computado na renda familiar para os fins da LOAS, estendendo o alcance do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003: "Aplica-se o parágrafo único do artigo 34 do Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/03), por analogia, a pedido de benefício assistencial feito por pessoa com deficiência a fim de que benefício previdenciário recebido por idoso, no valor de um salário mínimo, não seja computado no cálculo da renda per

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capita prevista no artigo 20, § 3º, da Lei n. 8.742/93" (REsp 1355052/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/02/2015, DJe 05/11/2015). 4. Diante desse cenário, a exclusão da renda do marido pode caracterizar um quadro de vulnerabilidade social da impetrante, que aparentemente não possui fonte de renda própria para a subsistência, sendo natural que seja reexaminada a questão em sede administrativa. 5. Apelação provida, para conceder a segurança, anular a decisão proferida no processo administrativo 537.293.661-0 e determinar o reexame da questão pelas autoridades administrativas, desconsiderando na apuração da renda familiar a aposentadoria por invalidez auferida pelo marido da impetrante.

(TRF-1 - AC: 00007193320094013805 0000719-33.2009.4.01.3805, Relator: JUIZ FEDERAL UBIRAJARA TEIXEIRA, Data de Julgamento: 05/09/2017, 1ª CÂMARA REGIONAL PREVIDENCIÁRIA DE JUIZ DE FORA, Data de Publicação: 13/09/2017 e-DJF1)

Além desse julgado, traz-se um exemplo de aplicação da Súmula 78 da TNU, no que se refere ao caso de incapacidade de portador de HIV:

PREVIDENCIÁRIO.BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. LEI Nº 8.742/93. PESSOA PORTADORA DE HIV. REQUISITOS ATENDIDOS. REFORMA DA SENTENÇA. TUTELA ESPECÍFICA. IMPLANTAÇÃO DO BENEFÍCIO. 1. O direito ao benefício assistencial pressupõe o preenchimento dos seguintes requisitos: a) condição de deficiente (incapacidade para o trabalho e para a vida independente, de acordo com a redação original do artigo 20 da LOAS, ou impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir a participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas, conforme redação atual do referido dispositivo) ou idoso (neste caso, considerando-se, desde 1º de janeiro de 2004, a idade de 65 anos); e b) situação de risco social (estado de miserabilidade, hipossuficiência econômica ou situação de desamparo) da parte autora e de sua família. 2. Na análise do pedido de benefício assistencial envolvendo pessoa portadora de HIV, além dos requisitos genéricos exigidos para a concessão do benefício, hão de ser consideradas também as condições pessoais e o estigma social da doença. Súmula 78 da TNU - Turma Nacional de Uniformização (STJ). 3. Atendidos os requisitos legais definidos pela Lei nº 8.742/93, reconhecido o direito da parte autora ao benefício assistencial de prestação continuada previsto no artigo 203, V, da CF, motivo pelo qual reformada a sentença de improcedência da ação. 4. Determinada a imediata implementação do benefício, valendo-se da tutela específica da obrigação de fazer prevista no artigo 461 do CPC/1973, bem como nos artigos 497, 536 e parágrafos e 537, do CPC/2015, independentemente de requerimento expresso por parte do segurado ou beneficiário.

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(TRF – 4 – AC: 504954667201740499995049546-67.2017.4.04.9999, Relator FERNANDO QUADROS DA SILVA, Data de julgamento: 02/05/2018, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DO PR)

Diante dessas decisões, ou seja, desses avanços ocorridos nos tribunais, chega-se à conclusão de que, a fim de alcançar o real objetivo da Constituição Federal, que é o direito de dignidade e exercício de cidadania à todos, no que se refere ao BPC, é de suma importância que dados subjetivos do cidadão sejam observados. Se a partir daí se constatar que a renda, embora acima do especificado nas normas legais que tratam do benefício, não é suficiente para manter o padrão da dignidade humana, o requerente tem direito ao benefício, obedecendo inclusive o entendimento da Constituição Cidadã, que segue caminho oposto à consideração taxativa das normas que regulamentam o benefício.

2.3 Alterações propostas pela PEC nº 06/2019

Está em discussão no Congresso Nacional a Proposta de Emenda Constitucional n°. 06 de 2019 (PEC 6/2019), apresentada pelo atual governo.

Segundo Felipe Penteado Balera (2019, s.p.) dentre muitas alterações a mais preocupante é a proposta de alteração no Benefício de Prestação Continuada. No entendimento do referido professor, primeiramente vale ressaltar que não se trata de mudança previdenciária, tendo em vista que o referido benefício é assistencial, ou seja, essa pretensão foi indevidamente incluída no contexto da reforma da previdência.

De acordo com a norma vigente, é garantido um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência ou idoso com 65 anos ou mais, que comprovar não possuir meios de prover a própria manutenção nem tê-la provida por sua família. Após 2013, quando o STF julgou o RE 580.963, essa condição de miserabilidade é averiguada por estudo social feito por assistente social, ou seja, através de visita na residência do requerente, o assistente social confere seus bens, renda mensal das pessoas que ali residem, despesas do dia-a-dia dessa pessoa, e a partir disso emite parecer atestando se vive ou não em situação de miserabilidade. (BALERA, 2019, s.p.)

(15)

Antes disso, a LOAS definia que receberia o benefício o idoso ou a pessoa com deficiência que vivesse em família com renda mensal per capita inferior a ¼ do salário mínimo. Na verdade é isso que ainda está na Lei, mas por considerar-se um critério defasado pelo STF no RE 580.963, decidiu-se não mais adotá-lo.

Além de reimplementar esse critério, a PEC 06/2019 quer ainda inserir um patrimônio familiar mínimo para ter direito ao BPC, que seria o equivalente a R$ 98.000,00 (noventa e oito mil reais). Tal critério além de estar defasado torna-se muito rigoroso, pois uma série de outros benefícios exigem menos miserabilidade. Por esse critério do ¼, se levarmos em conta um salário mínimo de R$ 998,00, o requerente deveria receber menos de R$ 249,50 por mês para sobreviver, o que significa R$ 8,32 por dia. É muito difícil sobreviver com esse valor, sem falar que neste caso trata-se de idosos e pessoas com deficiência, que exigem mais cuidados, portanto, tem mais gastos para sobrevivência. (BALERA, 2019, s.p.)

Em se tratando do patrimônio então, se a família tiver um imóvel que não seja do programa minha casa minha vida já ultrapassa esse valor do teto patrimonial imposto pela PEC e não tem direito ao benefício, excluindo muitas pessoas que dependeriam do BPC para sobreviver. É importante salientar que esse requisito é novo da proposta de emenda a constituição o que torna o acesso ao beneficio mais limitado.

Mas além dessas mudanças, ainda merece atenção a questão do valor do benefício segundo a previsão incluída na PEC 06/2019, o governo chama de transferência de renda para pessoa idosa, que hoje é de um salário mínimo, passa a ser de R$ 400,00 para idosos entre 60 e 70 anos. Só terá direito a um salário mínimo, hoje R$ 998,00, após completar 70 anos de idade, o que nessa situação torna-se bastante improvável.

Além de ser bastante questionável a alteração no que se refere ao BPC, ela é, mesmo que por Emenda Constitucional, inconstitucional. (BALERA, 2019, s.p.) Pois segundo o artigo 3º da CF/88:

(16)

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; II – garantir o desenvolvimento nacional;

III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Sendo que a finalidade do BPC é alcançar o mínimo existencial, propiciar um mínimo legal para que a pessoa idosa ou deficiente sobreviva com dignidade, reduzi-lo para menos da metade afronta o princípio constitucional e desconfigura o benefício.

Além disso, sendo que o BPC é direito fundamental social trata-se de cláusula pétrea e assim não pode ser reduzida nem por EC, conforme artigo 60, §4°, IV da CF/88, além de configurar um retrocesso social, o que é inadmissível. (BALERA, 2019, s.p.)

Como pretende-se alterar o BPC, que altera-se para reduzir as desigualdades sociais de fato, para que o mesmo cumpra seu papel, e considerando a baixa expectativa de vida dessas pessoas que vivem na miséria, que seja então reduzida a idade mínima para receber o benefício, e também se mantenha o salário mínimo. (BALERA, 2019, s.p.)

Não adianta justificar a impossibilidade alegando o déficit da previdência pois trata-se de benefício assistencial e não previdenciário, e já que a proposta usa o termo transferência de renda, deve haver uma realocação de recurso, precisa sair de algum lugar que não está sendo bem aproveitado ou até mesmo nem esteja chegando aos cofres públicos por inúmeros motivos. Assim, realmente estaremos reduzindo a desigualdade social e erradicando a pobreza e marginalização. A PEC 6/2019 quer acabar com o BPC, mas o congresso nacional pode aproveitar a oportunidade quando levado para discussão e alterar a proposta para cumprir os objetivos do beneficio assistencial e da República.

(17)

3 CONCLUSÃO

Feito este estudo sobre o Benefício de Prestação Continuada, pode-se verificar que a intenção do legislador ao criar o mesmo era garantir um mínimo social às pessoas que necessitam de cuidados especiais, tais como os idosos e deficientes.

O direito ao BPC acaba resguardando a vida dessas pessoas, e nesse sentido inclui também seus familiares, pois tratam-se de sujeitos vulneráveis às oportunidades e mudanças no país (BONFIM, 2018, s.p.).

Diante disso, torna-se imprescindível que esse direito seja protegido e acessível, respeitando à dignidade e igualdade de direitos. Quando falamos em BPC estamos falando de sujeitos que de alguma forma estão excluídos da sociedade, pois além de viverem em situação de miserabilidade, sem condições financeiras de buscar conhecimento e aperfeiçoar-se, ainda contam com restrições em função da idade ou da deficiência que não permitem a inserção no mercado de trabalho (BONFIM, 2018, s.p.).

O que ocorre é que com o passar do tempo a legislação a respeito foi ficando defasada, e então vem acontecendo algumas alterações positivas na regulamentação do presente benefício.

Também é oportuno mencionar que há magistrados que se preocupam com a efetivação dos direitos humanos, a fim de promover o real objetivo da Constituição da República e buscam em suas decisões analisar caso a caso a realidade de cada pessoa, com o auxílio da Assistência Social.

O que se espera com relação ao BPC é que o Congresso Nacional faça uso do seu poder para fazer justiça social, e ao invés de acabar com esse mínimo social, propõe as alterações devidas para que grande parte dessas pessoas vulneráveis vivam com um mínimo de dignidade.

(18)

Referências

BALERA, Felipe Penteado. PEC da Reforma propõe fim do Benefício de Prestação Continuada de um Salário Mínimo. Proposta reduz drasticamente benefício para idosos em situação de miserabilidade. Disponível em:

https://economia.estadao.com.br/blogs/o-seguro-morreu-de-velho/pec-da-reforma- pode-acabar-com-beneficio-de-prestacao-continuada-equivalente-a-pelo-menosum-salario-minimo/. Acesso em 15 abr. 2019.

BONFIM, Luiz Fellipe Maia. Benefício de prestação continuada (loas) e o critério da miserabilidade. Disponível em:

https://jus.com.br/artigos/65102/beneficio-de-prestacao-continuada-loas-e-o-criterio-da-miserabilidade. Acesso em: 17 abr. 2019.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.Htm. Acesso em 13 abr. 2019.

______. Decreto-lei no 6.214, de 26 de setembro de 2007. Regulamenta o

benefício de prestação continuada da assistência social devido à pessoa com deficiência e ao idoso de que trata a Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, e a Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, acresce parágrafo ao art. 162 do Decreto no 3.048, de 6 de maio de 1999, e dá outras providências. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6214.htm.

Acesso em 11 abr. 2019.

______. Decreto-lei no 7.617, de 17 de novembro de 2011. Altera o Regulamento do Benefício de Prestação Continuada, aprovado pelo Decreto no 6.214, de 26 de setembro de 2007. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7617.htm. Acesso em 11 abr. 2019.

______. Decreto-lei no 8.805, de 07 de julho de 2016. Altera o Regulamento do Benefício de Prestação Continuada, aprovado pelo Decreto no 6.214, de 26 de setembro de 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/decreto/d8805.htm. Acesso em 11 abr. 2019.

______. Lei no 8.742, de 07 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8742.htm. Acesso em 10 abr. 2019

______. Lei no 10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.741.htm. Acesso em 10 abr. 2019.

______. Lei no 12.435, de 06 de julho de 2011. Altera a Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, que dispõe sobre a organização da Assistência

(19)

Social. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12435.htm. Acesso em 10 abr. 2019.

______. Lei no 12.470, de 31 de agosto de 2011. [...] altera os arts. 20 e 21 e acrescenta o art. 21-A à Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993 - Lei Orgânica de Assistência Social, para alterar regras do benefício de prestação continuada da pessoa com deficiência [...]. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12470.htm. Acesso em: 10 abr. 2019.

______. Lei no 13.146, de 06 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em 10 abr. 2019.

CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de direito previdenciário. 21. ed., rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2018.

FEDERAL, Conselho da Justiça. TNU aprova súmula 78. Disponível em:

https://www.cjf.jus.br/cjf/noticias/2014/setembro/tnu-aprova-sumula-78. Acesso em: 17 abr. 2019.

GOES, Hugo Medeiros de. Manual de direito previdenciário: teoria e questões. 11.ed.- Rio de Janeiro: Ed. Ferreira, 2016.

KERTZMANN, Ivan. Curso Prático de Direito Previdenciário. 12 ed. Salvador: Ed. JusPODIVM, 2015.

SILVA, Gustavo Rosa da. Breves considerações acerca da Súmula 78 da Turma Nacional de Uniformização. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/34498/breves-consideracoes-acerca-da-sumula-78-da-turma-nacional-de-uniformizacao. Acesso em: 17 abr. 2019.

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