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Manifestações patológicas em alvenaria de vedação exposta por longos períodos a intempérie

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MATHIAS KESKE

MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM ALVENARIA DE VEDAÇÃO

EXPOSTA POR LONGOS PERÍODOS A INTEMPÉRIE

Ijuí 2019

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MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM ALVENARIA DE VEDAÇÃO

EXPOSTA POR LONGOS PERÍODOS A INTEMPÉRIE

Trabalho de Conclusão de Curso de

Engenharia Civil apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Civil.

Orientador(a): Prof. Me Thiana Dias Herrmann

Ijuí/ RS 2019

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MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM ALVENARIA DE VEDAÇÃO

EXPOSTA POR LONGOS PERÍODOS A INTEMPÉRIE

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título de ENGENHEIRO CIVIL e aprovado em sua forma final pelo professor orientador e pelo membro da banca examinadora.

Ijuí, 17 de dezembro de 2019

Prof. Thiana Dias Herrmann

Mestre pela Universidade Federal de Santa Maria -UFSM Orientador

Prof. Lia Geovana Sala

Coordenador do Curso de Engenharia Civil/UNIJUÍ

BANCA EXAMINADORA

Prof. Tenile Rieger Piovesan

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Dedico esse trabalho a meus pais Décio e Tânia, aos meus irmãos Cátia e Matheus e a minha noiva Andrieli, por me incentivar e apoiar ao longo dessa jornada.

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protegido nas viagens diárias ao munícipio de Ijuí.

Aos docentes da universidade que juntos contribuíram para o meu aprendizado, em especial Me. Éder Claro Pedrozo, Me. José Antonio S. Echeverria, Me. Paulo Cesar Rodrigues, Me. Igor Norbert Soares, Me. Tenile Rieger Piovesan, e a minha orientadora Me. Thiana Dias Herrmann que sempre mantendo a paciência e dedicando seu tempo, compartilhou seus conhecimentos para o desenvolvimento do presente trabalho.

Aos meus familiares, em especial ao meu pai Décio Milton Keske e a minha mãe Tânia Maria Keske, que desde o primeiro dia da graduação até o último sempre estiveram presentes, apoiando e motivando, aos meus irmãos Cátia Keske e Matheus Keske que sempre estiveram presentes nessa jornada, dando forças para que o sonho se tornasse realidade.

E obviamente a minha noiva Andrieli Fernanada Neher, por todo carinho e apoio durante os momentos de tensão.

Aos meus amigos e colegas Amanda, Daniel, Dione, Elisan, Gabriela, Karen, Mauro, Matheus e Luiz, com os quais convivi e enfrentei horas de estudo e com muita felicidade dividi caronas até a faculdade, que nos aproximaram e nos tornaram amigos.

Por fim, a minha eterna gratidão a todos os amigos que de alguma forma participaram dessa conquista.

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A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.

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longos períodos a intempérie. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Engenharia

Civil, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Ijuí, 2019.

Pode-se dizer que o reboco é a camada principal de proteção da alvenaria, seja ela de cerâmica ou de bloco de concreto. Na ausência dela, o caminho para a percolação da água pelos poros dos elementos cerâmicos fica menor. Sendo essa umidade ocasionada pela água, um dos principais fatores responsáveis pela degradação da alvenaria de bloco cerâmico. O surgimento de manifestações patológicas geradas pela umidade pode diminuir drasticamente a vida útil da alvenaria. Neste escopo, com o intuito de recuperar alvenarias degradadas, e de evitar problemas futuros. A pesquisa objetivou a avaliação de alvenarias expostas por longos períodos ao intemperismo, com foco principal nas manifestações patológicas geradas, e suas possíveis causas e soluções de tratamentos antes da realização do processo de acabamento superficial. Para isso se desenvolveu uma revisão bibliográfica pertinente ao assunto, e também foi desenvolvido uma metodologia para a coleta de informações nas três edificações utilizadas no estudo de caso, as quais estão localizadas no munícipio de Panambi/RS. Utilizando a metodologia adotada, verificou-se que as manifestações com maior incidência foram as de origem biológicas apresentando mais de 75% de incidência, sendo suas principais causas o acúmulo de poeira, fuligens, dejetos de pássaros e umidade. Conforme os autores e a NBR 7200 (ABNT, 1998) os tratamentos mais indicados para a eliminação das manifestações, é a limpeza com componentes químicos e água sob pressão, sendo processos baratos, rápidos e eficientes para situações que apresentam uma remoção difícil. Mas após o desenvolvimento da pesquisa, e analisando que não há interesse dos proprietários de realizar as etapas seguintes das edificações, se constata que as intervenções, não se fazem interessantes no presente momento, se tornando-as oportunas somente quando as etapas seguintes de construção forem realizadas.

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KESKE, MATHIAS. Pathological manifestations in sealing masonry exposed for long periods to weather. 2019. Course Completion Paper. Civil Engineering Course, Northwestern Regional University of Rio Grande do Sul State - UNIJUÍ, Ijuí, 2019.

Plastering can be said to be the main protective layer of masonry, being composed by ceramic or concrete block. In its absence, the path for water percolation through the pores of the ceramic elements becomes shorter. Being this humidity caused by water, the element is one of the main factors responsible for the degradation of ceramic block masonry. The appearance of pathological manifestations generated by moisture can drastically reduce the useful life of masonry. In order to recover degraded masonry and to avoid future problems, this research aimed to evaluate masonry exposed for a long time to weathering, focusing mainly on the pathological manifestations generated and their possible causes and treatment solutions before the surface finishing process. For this, a bibliographic review was developed, pertinent to the subject, and a methodology was also developed for collecting information in the three buildings used in the case study, which are located in the city of Panambi / RS. Using the methodology adopted, it was found that the manifestations with higher incidence were those of biological origin with more than 75% incidence, and their main causes are the accumulation of dust, soot, bird droppings and moisture. According to the authors and NBR 7200 (ABNT, 1998) the most indicated treatment for the elimination of manifestations is the cleaning with chemical components and water under pressure, being cheap, fast and efficient processes for situations that present a difficult removal. But after the development of the research and analyzing that there is no interest of the owners, to carry out the next steps of the buildings, it appears that the interventions are not interesting at the present time, becoming opportune only when the following stages of construction are performed.

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Figura 1 - Desempenho ao longo do tempo das edificações ... 16

Figura 2 - Estrutura de sustentação na medicina e na engenharia civil ... 20

Figura 3 - Porosidade aberta (a) e porosidade fechada (b) ... 23

Figura 4 - Principais fatores envolvidos nos fenômenos de transporte de fluidos em materiais porosos ... 24

Figura 5 - Principais tipos de fissuras ou trincas encontradas em uma edificação ... 31

Figura 6 - Fissuras verticais acompanhando a junta de assentamento da alvenaria ... 31

Figura 7 - Eflorescência em alvenarias expostas ... 34

Figura 8 - Degradação biológica (1) – Fungos com tonalidade marrom e preta; 2 – Formação de musgos ... 35

Figura 9 - Manchas na alvenaria ... 36

Figura 10 - Ficha de identificação de dano - FID ... 39

Figura 11 - Delineamento da pesquisa ... 44

Figura 12 - FID folha de rosto ... 45

Figura 13 - FID verso ... 46

Figura 14 - Mapa de danos ... 48

Figura 15 - Fachada frontal da Obra A ... 50

Figura 16 – Planta baixa da Obra A ... 51

Figura 17 - Fachada frontal da Obra B ... 52

Figura 18 – Croqui planta baixa da Obra B... 52

Figura 19 – Fachada frontal da Obra C ... 53

Figura 20 - Planta baixa da Obra C ... 53

Figura 21 - Incidência das manifestações patológicas na edificação (Obra A) ... 55

Figura 22 - Localização solar (Obra A) ... 56

Figura 23 - Localização vertical (Obra A) ... 56

Figura 24 - Localização horizontal (Obra A) ... 57

Figura 25 - Natureza das manifestações patológicas (Obra A) ... 57

Figura 26 - Incidência das manifestações patológicas na edificação (Obra B) ... 58

Figura 27 - Localização solar (Obra B)... 58

Figura 28 - Localização vertical (Obra B) ... 59

Figura 29 - Localização horizontal (Obra B) ... 59

Figura 30 - Manifestações por toda extensão da superfície (horizontal e vertical) ... 59

Figura 31 - Natureza das manifestações patológicas (Obra B) ... 60

Figura 32 - Incidência das manifestações patológicas na edificação (Obra C) ... 60

Figura 33 - Localização solar (Obra C)... 61

Figura 34 - Localização vertical (Obra C) ... 61

Figura 35 - Localização horizontal (Obra C) ... 62

Figura 36 - Natureza das manifestações patológicas (Obra C) ... 62

Figura 37 - Incidência das manifestações patológicas nas três edificações ... 63

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Quadro 1 - Tipos de fissuras e suas prováveis causas ... 33

Quadro 2 - Técnicas utilizadas em diagnósticos ... 42

Quadro 3 - Relação entre origens e diferentes causas... 47

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ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas EPU Expansão por umidade

FIDs Ficha de identificação de danos NBR Norma Brasileira

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1 INTRODUÇÃO ... 13 1.1 CONTEXTO ... 16 1.2 PROBLEMA ... 17 1.2.1 Questões de Pesquisa ... 18 1.2.2 Objetivos de Pesquisa ... 18 1.2.3 Delimitação ... 18 2 REVISÃO DA LITERATURA ... 20 2.1 CIÊNCIA DA PATOLOGIA ... 20 2.2 DEGRADAÇÃO DA ALVENARIA ... 21 2.3 MATERIAL POROSO ... 22

2.4 MOVIMENTO DA ÁGUA EM MATERIAIS POROSOS ... 24

2.4.1 Permeabilidade ... 25

2.4.2 Absorção capilar ... 25

2.4.3 Condensação capilar ... 25

2.4.4 Secagem ... 26

2.5 MANIFESTAÇÃO PATOLÓGICAS EM ALVENARIA ... 26

2.5.1 Causas das manifestações patológicas em alvenarias ... 26

2.5.1.1 Manifestações da umidade na alvenaria ... 27

2.5.1.2 Expansão por umidade (EPU) ... 29

2.5.2 Tipos de manifestações patológicas ... 30

2.5.2.1 Fissuras ... 30

2.5.2.2 Eflorescência ... 34

2.5.2.3 Degradação biológica ... 35

2.5.2.4 Manchas ... 36

2.6 AVALIAÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ... 36

2.6.1 Levantamento de subsídios ... 37 2.6.1.1 Mapa de danos ... 37 2.6.2 Diagnóstico da situação ... 41 2.6.3 Definição de conduta ... 42 3 MÉTODO DE PESQUISA ... 43 3.1 ESTRATÉGIA DE PESQUISA ... 43

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3.2.2 Diagnóstico ... 49 3.2.3 Definição de conduta ... 49 3.3 CARACTERIZAÇÃO ... 50 3.3.1 Obra A ... 50 3.3.2 Obra B ... 51 3.3.3 Obra C ... 52 4 RESULTADOS ... 55

4.1 ANÁLISE DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS... 55

4.1.1 Obra A ... 55

4.1.2 Obra B ... 57

4.1.3 Obra C ... 60

4.1.4 Análise de incidência das manifestações nas três edificações ... 63

4.2 TRATAMENTO DAS MANIFESTAÇÕES PATÓLOGICAS ENCONTRADAS ... 63

4.2.1 Limpeza e remoção ... 63

4.2.2 Reparação de fissuras ... 65

5 CONCLUSÃO... 68

5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS... 69

REFERÊNCIAS ... 70

APÊNDICE A – FIDs OBRA A ... 74

APÊNDICE B – FIDs OBRA B ... 84

APÊNDICE C – FIDs OBRA C ... 96

APÊNDICE D– MODELO DE FORMULÁRIO GOOGLE ... 104

APÊNDICE E– RESPOSTAS FORMULÁRIO GOOGLE ... 106

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__________________________________________________________________________________ Manifestações patológicas em alvenaria de vedação exposta por longos períodos a intempérie

1 INTRODUÇÃO

Há no Brasil uma grande diversidade de tijolos e blocos utilizados na construção civil, principalmente na construção de habitações populares. Isto sinaliza a necessidade de conhecer mais sobre essa técnica construtiva, seja nos aspectos de qualidade dos materiais, no dimensionamento estrutural, como no seu comportamento após a conclusão da obra (VITÓRIO, 2003).

A NBR 15270-1 (ABNT, 2005) tem por objetivo definir aspectos físicos e dimensionais para recebimento de blocos cerâmicos de vedação. Possuindo como característica física o formato de um prisma reto, não podendo apresentar defeitos na sua superfície que inviabilize a sua utilização para qual foi projetada.

Vitório (2003) afirma que as alvenarias podem ser elementos de vedação ou de fechamento dos ambientes. São constituídas de tijolos cerâmicos vazados com furos na horizontal ou outros tipos de blocos, que não têm função estrutural. Há outros tipos de alvenarias denominadas portantes ou autoportantes, também conhecidas como alvenarias estruturais, que são as que recebem as cargas da edificação e transmite-as para as fundações.

Conforme Figueiredo (2007), as degradações dos materiais cerâmicos podem ocorrer através de ações físicas, da ação interna de agentes químicos e de ações mecânicas externas, sendo a umidade e altas temperaturas os agentes físicos que mais se destacam nos processos de degradação. A umidade vai buscando caminhos pelos poros do material, o que ressalta a importância da porosidade. Bertolini (2010) argumenta que materiais porosos como os tijolos e concreto, possuem uma microestrutura, com poros de dimensões diferentes, pelos quais as substâncias e agentes agressivos do ambiente procuram penetrar no material, como consequência gerando degradação nos materiais.

As variações de umidade que o ambiente produz, podem gerar alterações nas dimensões dos materiais, e estas se forem bloqueadas, acabam causando pressões que podem ocasionar degradação dos elementos dos materiais. Assim como a variação de umidade, a variação de temperatura também pode causar variações de dimensões, gerando deterioração dos materiais. Mesmo não sendo materiais combustíveis, estes fenômenos podem ter consequências serias em casos de incêndio (BERTOLINI, 2010).

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__________________________________________________________________________________________ Segundo Figueiredo (2007), este aumento de dimensões dos materiais como tijolos e outros materiais cerâmicos, é um fenômeno de deterioração conhecido como expansão por umidade (EPU), ocasionado pela absorção de água. Essa expansão é um processo lento, mas que pode ocasionar o aparecimento de trincas em tijolos. Sendo a expansão por umidade uma ação física e uma das causas mais comuns de deterioração de tijolos e outros materiais cerâmicos.

Para Bauer e Rago (2000), a expansão por umidade tem início assim que a peça entra em contato com o meio ambiente na saída do forno em sua fabricação. Portanto, no processo de aplicação do material cerâmico, por exemplo, uma parte da expansão já ocorreu, e o restante ocorrerá no assentamento. Outro fator a considerar é o tempo de estocagem das peças cerâmicas.

As altas temperaturas podem diminuir a resistência mecânica do material cerâmico comum, pois os componentes que formam a estrutura cerâmica acabam dilatando-se de maneira desuniforme. Ou seja, o processo de queima já na fabricação é extremamente importante, devendo ter controle rigoroso. O excesso de calor provoca solicitações internas que geram fissurações e desagregação dos materiais (FIGUEIREDO, 2007).

O fenômeno do gelo e degelo da água no interior dos poros também podem gerar à desagregação dos materiais, embora esse fator não seja tão comum em território brasileiro (FIGUEIREDO, 2007). Bertolini (2010) afirma que, tais fenômenos de ações expansivas como no caso de gelo/degelo, podem levar a perda de desempenho do material, comprometendo a utilização para o qual foi projetado. Essa ação está ligada diretamente ao tempo de exposição em que o material fica com o ambiente.

Outro fator também muito comum na deterioração de materiais cerâmicos é a ação química por ataque de sais. Ainda conforme Figueiredo (2007), os sais solúveis são agentes químicos que estão presentes na constituição dos materiais cerâmicos, agem internamente, podendo ter um grande poder de desagregação. Através da água absorvida pela cerâmica, vem a dissolver esses sais, os quais acabam sendo lixiviados até a superfície do material, vindo a se cristalizar. Isso ocasiona manchas na superfície dos materiais, sendo esse fenômeno conhecido por eflorescência, e seus efeitos vão desde estéticos a escamações de camadas superficiais e aumento de porosidade.

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Para Bertolini (2010) todas as ações químicas, físicas e biológicas, que os elementos de uma construção possam vir a sofrer é em decorrência do passar do tempo. A sua vida útil pode sofrer uma decadência progressiva no seu desempenho. Portanto, define-se a vida útil de uma estrutura como o período em que a mesma é capaz de resistir e garantir as funções as quais foi projetada.

Os esforços como a flexão, compressão e impactos, são considerados agentes mecânicos, que provocam fissuras na estrutura do material, abrindo caminho para a ação dos agentes físicos e químicos, que acabam acelerando e tornando mais forte as ações de degradação. As cerâmicas possuem uma resistência melhor aos esforços de compressão do que aos esforços de flexão. Outro aspecto levantado se trata da análise do material cerâmico com outros materiais, as cerâmicas não são imunes as ações do ambiente, assim quando submetidas a ações de ácidos, seus materiais podem sofrer algum tipo de degradação. A solução mais viável de prevenção da ação do ambiente agressivo, é a realização de revestimentos com materiais mais resistentes aos agentes agressivos (FIGUEIREDO, 2007).

O conceito de desempenho está entre a sociedade a muitos anos, presente também na construção civil, desenvolve o papel de garantir alguns requisitos básicos na construção e garantia da segurança dos indivíduos, independentemente de seu sistema construtivo. Para estabelecer um padrão de desempenho, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), órgão responsável pela normalização técnica no país, regulamenta as Normas Brasileiras (NBR’s). Entre elas está a NBR 15575-1, que estabelece os critérios e requisitos de desempenho aplicáveis às edificações.

A NBR 15575-1 (ABNT, 2013) define vida útil como uma medida temporal da durabilidade de uma edificação ou de suas partes (subsistemas, elementos e componentes). A vida útil de projeto (VUP) é uma definição prévia do usuário para o melhor custo global, em relação ao tempo de usufruto do bem (bens não-duráveis). O usuário faz sua escolha por vontade própria através de análise subjetiva, com informações disponíveis e conforme sua disponibilidade financeira. Para bens duráveis, a sociedade impõe outros marcos referencias para regular o mercado e garantir a durabilidade e o não comprometimento do valor do bem, o qual poderá vir a prejudicar o usuário, já que tem um alto custo de aquisição (habitação).

Isso vale principalmente para edificações habitacionais, subsidiadas, e destinadas a população menos favorecida economicamente. E se tratando da situação econômica do país,

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__________________________________________________________________________________________ os proprietários e usuários de uma edificação podem ter limitações de recursos financeiros no momento de aquisição, mas poderá no futuro não ter. Então normalmente opta-se por um investimento inicial menor, o que acarreta em uma vida útil menor, e essa escolha ocasiona custos de reparos e investimento na infraestrutura com o decorrer do tempo. A vida útil pode ser prolongada através de ações de manutenção, conforme a Figura 1, salientando-se sua importância nas edificações para que minimize o risco de a vida útil projetada não ser atingida (NBR 15575-1, ABNT 2013).

Figura 1 - Desempenho ao longo do tempo das edificações

Fonte: NBR 15575-1 (ABNT, 2013)

Para Vieira (2016) qualquer intervenção que venha afetar o bom desempenho, funcionalidade e segurança de uma estrutura de uma edificação, deve-se levar em conta como primeiro método de tratamento para o problema, a identificação das origens da doença. Ou seja, conhecendo a origem do problema, é que se pode diagnosticar de forma correta o método de tratamento e correção para a manifestação patológica presente na edificação.

1.1 CONTEXTO

A falta de manutenção adequada e apropriada nas edificações, são fatores que levam a degradação prematura dos elementos que compõem a construção, gerando o envelhecimento precoce da estrutura, sendo a umidade a principal causa do surgimento de manifestações

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patológicas (MADUREIRA et al., 2017). A água é um dos principais agentes responsáveis pela degradação dos materiais, a qual está em contato direto com determinados elementos ou sistemas. Desta forma, se torna inevitável o controle da umidade gerado pela água, evitando inúmeras manifestações patológicas que impactam diretamente na vida útil da edificação (NBR 15573-3, ABNT 2013).

No contexto da construção civil de Panambi/RS, pode-se verificar um grande número de edificações com alvenarias sem proteção mecânica. Ocasionado por vários motivos, entre eles, falta de recursos financeiros do proprietário, qualidade do material ou até mesmo falta de conhecimentos de execução.

Assim, visa-se com este trabalho identificar as manifestações patológicas, e apontar soluções e métodos de tratamento eficazes e economicamente viáveis. Para que, não gerem futuros problemas em camadas de proteção mecânica (revestimento de argamassa), acarretando novamente em investimentos financeiros e transtornos para os proprietários, oferecendo menor risco à saúde dos usuários e mais segurança em seu uso.

1.2 PROBLEMA

Em uma edificação a combinação de materiais, com uma mão de obra normalmente não qualificada, juntamente com as ações do meio ambiente, a falta de cuidado na utilização e a má conservação, são fatores que antecipam os fenômenos patológicos, que vem a comprometer a segurança e a funcionalidade de um imóvel. Essas manifestações patológicas podem afetar as edificações em diferentes etapas da sua construção, podendo as tornar vulneráveis a acidentes e à deterioração pelo passar do tempo (VIEIRA, 2016).

Esses fenômenos patológicos ainda podem ser acentuados pela falta de componentes na sua execução, como a falta de acabamento superficial como o reboco. Conforme Colen et al. (2017), o reboco deve cumprir determinadas funções como impermeabilização e proteção das paredes de vedação.

Fazendo uma análise sobre a situação da falta da camada de proteção, surge então, tal interesse pela alvenaria exposta as intempéries, tendo como escopo o surgimento de manifestações patológicas em alvenarias, suas possíveis causas e tratamento, visando obter as condições da edificação quanto a deterioração. E, como pode-se prevenir sua integridade física

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__________________________________________________________________________________________ com baixo custo, sem ter futuros problemas em uma suposta camada de proteção realizada após esse período de exposição a intempéries da alvenaria.

1.2.1 Questões de Pesquisa

a) Questão principal

Quais manifestações patológicas podem existir em alvenarias expostas ao intemperismo por longos períodos e quais as suas principais causas?

b) Questão secundária

Quais os possíveis tratamentos para as manifestações patológicas identificadas na pesquisa, visando minimizar futuros problemas na edificação?

1.2.2 Objetivos de Pesquisa

O objetivo geral é identificar as manifestações patológicas existentes em alvenarias que estão expostas à um longo período de tempo, sem nenhum tipo de proteção, à ação da intempérie.

Os objetivos específicos são:

a) Apresentar os principais conceitos da ciência da patologia e da degradação de alvenarias;

b) Relatar os principais tipos de manifestações patológicas encontradas em alvenarias; c) Identificar como é realizada a avaliação das manifestações patológicas;

d) Realizar coleta de dados em campo;

e) Diagnosticar as causas prováveis do surgimento de manifestações patológicas da alvenaria em estudo;

f) Verificar tratamentos para as manifestações patológicas, antes de ser efetuado o revestimento de argamassa na alvenaria.

1.2.3 Delimitação

Estudo de caso da existência de manifestações patológicas em alvenarias de blocos cerâmicos, expostas a intempéries, tem o intuito de verificar as causas de seu surgimento e propor tratamentos. Será coletado subsídios suficientes para o diagnóstico do problema e

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definição da conduta de intervenção. Não é pertinente ao trabalho as manifestações patológicas em componentes estruturais das edificações em estudo.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

Para nortear o assunto abordado no trabalho, e para uma melhor compreensão, se faz necessário a explanação dos principais tópicos para o desenvolvimento do mesmo. Visando nesse capítulo, trazer o entendimento de como ocorre a degradação das alvenarias, como a água se transporta nos materiais, as formas mais comuns de manifestações patológicas existentes em alvenarias, e as possíveis causas. E partindo desse contexto, verificar as avaliações feitas em alvenarias e os métodos de abordagem.

2.1 CIÊNCIA DA PATOLOGIA

O termo patologia, é interpretada de uma forma equivocada entre leigos e o meio técnico. O termo patologia é empregado para a definição do que na verdade deve ser chamado de manifestação patológica, que é por sua vez o mecanismo de degradação. Já a patologia é a ciência formada por um conjunto de teorias que tem o objetivo de estudar e explicar determinadas manifestações patológicas e tudo que tem ligação com a degradação de uma edificação (SILVA, 2011).

Edifícios podem ser comparados aos seres humanos, sendo a estrutura de um edifício o esqueleto do corpo humano, conforme ilustra a Figura 2. A alvenaria é considerada como se fosse a musculatura, os revestimentos das edificações seriam como a pele, e assim como o ser humano possui sistemas circulatório, as edificações possuem instalações hidráulicas e elétricas. Assim como os seres humanos, os edifícios também vêm a desenvolver doenças podendo ser por diversos fatores internos, externos ou pela própria natureza (VITÓRIO, 2003).

Figura 2 - Estrutura de sustentação na medicina e na engenharia civil

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Essas semelhanças persistem no tratamento de problemas, quando é realizado a recuperação da edificação por meio de reparos, podendo-se comparar com o uso do remédio na medicina. Assim como na medicina, que o médico não receita um medicamento sem antes ter estudado quais são as causas da doença que ele está buscando tratar, fazendo a solicitação de exames para realizar um diagnóstico mais coerente e eliminando possibilidades, a construção civil também está evoluindo. Avança através de pesquisas e estudos que visam a melhor técnica para realizar o diagnóstico de uma manifestação patológica, analisando o uso de ensaios destrutivos e não destrutivos, que levam a especificação do material (remédio) que deverão ser utilizados nos procedimentos de recuperação (procedimentos cirúrgicos), esses ensaios trazem informações como mapeamento das estruturas, tamanhos, profundidades, condições físicas e parâmetros, os quais tem como objetivo um tratamento coerente e eficaz (SILVA, 2011).

Conforme Vieira (2016) a engenharia denomina a ciência experimental como “Patologia das Construções”. Vitório (2003) argumenta que a ciência da patologia, nada mais é do que, o estudo das doenças, buscando as origens, causas, manifestações e consequências que fazem com que a edificação apresente um desempenho inferior ao que foi pré-estabelecido.

A patologia tem origem grega (páthos, doença e logos, estudo), é um contexto utilizado em todas as áreas da ciência, com denominações que variam conforme o ramo de atividade. Em edificações de um modo geral a patologia é a ciência formada por teorias que tem como objetivo explicar tudo que está relacionado com a degradação de uma edificação, através de teorias que tem como finalidade explicar mecanismos e causas de manifestações patológicas. A patologia é uma ciência formada por um conjunto de teorias que serve para explicar o mecanismo e a causa da ocorrência de determinada manifestação patológica (SILVA, 2011).

2.2 DEGRADAÇÃO DA ALVENARIA

A alvenaria sofre degradação assim como os demais componentes de uma edificação. De acordo com Tinoco (2009), os componentes sofrem degradação por diversos motivos. Podendo ser eles, a ação do tempo, o uso com as alterações e interferências da ação humana, fatores físicos e químicos dos materiais que compõem a estrutura, que acabam interferindo no desempenho da edificação.

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__________________________________________________________________________________________ Devido as condições de fabricação, de propriedades químicas, físicas e mecânicas, das ações do meio ambiente, das cargas atuantes e da sua estrutura atômicas e moleculares, os materiais porosos sofrem diferentes processos de degradação e corrosão. Essas ações trazem perdas de propriedades mecânicas, geram fissurações e descolamento (FIGUEIREDO, 2007).

A degradação da alvenaria conforme Bauer (1994) ocorre através de fatores que envolvem agentes mecânicos, agentes físicos externos e agentes químicos internos. De acordo com o autor os agentes mecânicos podem vir a destruir as peças, já que o material cerâmico tem uma resistência maior a compressão do que a flexão. Salientando ainda que o material precisa ter boa resistência ao choque, que acontece normalmente no transporte e no uso dos materiais. Figueiredo (2007), considera que a compressão, flexão e impactos são agentes mecânicos, que modificam a estrutura do material cerâmico.

Os agentes físicos mais prejudiciais são a umidade e vegetações que agem pelos poros dos materiais, enfatizando a importância da porosidade, destacando-a como item de qualidade do produto. O fogo é outro fator, pois altera a resistência à compressão, a medida que a temperatura vai aumentando (BAUER, 1994).

Para Bertolini (2010) a umidade favorece o desenvolvimento das reações químicas que acabam alterando a composição dos materiais presentes na alvenaria, determinando novas composições no interior dos poros. Figueiredo (2007) salienta que os sais solúveis que estão presentes na constituição do bloco cerâmico, também geram degradação a alvenaria. Conforme Bauer (1994) a umidade que foi absorvida através dos poros, vem a dissolver esses sais, os quais vem a se cristalizar na superfície.

2.3 MATERIAL POROSO

Pode-se identificar em edificações diferentes materiais porosos, como no caso de tijolos, argamassa, telhas, concreto, arenitos entre outros (MENDES, 1997). Para Bertolini (2010), materiais porosos como os tijolos usados em alvenaria, possuem uma microestrutura composta por poros com dimensões variáveis, os quais se tornam caminho para as substâncias líquidas e gasosas que estão no meio ambiente penetrem no material. Em materiais porosos uma certa fração de volume do material é constituída de vazios, que poderão ser preenchidos por líquidos quando o material estiver úmido e por gases quando o material estiver seco.

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__________________________________________________________________________________ Manifestações patológicas em alvenaria de vedação exposta por longos períodos a intempérie

Para Oliveira (2013) existem dois tipos de porosidade nos materiais, a aberta e a fechada, como pode ser visto na Figura 3. De acordo com o mesmo autor a maioria dos materiais possuem porosidade aberta, os poros acabam formando canais que se comunicam entre si através de capilares que permitem com mais facilidade a circulação de água, e que a capacidade de absorção de água está diretamente ligada à sua porosidade. Sendo que, em materiais com porosidade fechada essa comunicação que ocorre entre os canais em materiais aberto, acaba não acontecendo, não permitindo a circulação de água, tornando o material impermeável.

Figura 3 - Porosidade aberta (a) e porosidade fechada (b)

Fonte: Oliveria (2013)

Conforme Ambrozewicz (2012) a porosidade tem influência nas propriedades dos materiais, intervindo na resistência mecânica, absorção de água, resistência a ácidos e ao congelamento, condutibilidade térmica e permeabilidade. Considerando ainda que materiais com diâmetro de 1 a 10 µ são considerados materiais finos, e materiais que possuem poros de décimos de mm até 2 mm são considerados materiais que possuem poros grandes. Os materiais porosos podem ser classificados em três grupos conforme Azevedo (2013), em microporos que não participam do transporte da água, em mesoporos que estão ligadas a circulação da água em estado líquido e em macroporos que são responsáveis pelo transporte da água no seu estado de vapor.

O fenômeno de degradação e os poros de um material estão ligados, já que o transporte e o movimento de líquidos e gasosos ocorrem através deles. A Figura 4 demonstra os principais fatores que estão ligados aos fenômenos de transporte desses fluidos nos materiais (BERTOLINI, 2010).

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__________________________________________________________________________________________ Figura 4 - Principais fatores envolvidos nos fenômenos de transporte de fluidos em materiais porosos

Fonte: Bertolini (2010)

Podendo-se caracterizar a estrutura de um material conforme Bertolini (2010), através de propriedades como o volume porcentual ocupado pelos poros, as conexões entre os poros, a dimensão dos poros, a comunicação dos poros com a superfície do material, sendo que essas questões permitem a penetração dos materiais pelos agentes agressivos que estão presentes no meio ambiente. Abrindo espaço para degradação interna do material, não se restringindo somente a superfície externa. A porosidade dos tijolos cerâmicos varia conforme a composição das matérias-primas, da temperatura de cozimento e da finura da argila.

2.4 MOVIMENTO DA ÁGUA EM MATERIAIS POROSOS

O movimento da água em edificações é caracterizado pela permeabilidade. Em materiais porosos a água se movimenta no interior dos poros dos materiais, as fissuras e o tamanho e tipo de poros que os materiais possuem, acabam influenciando nesse fenômeno (NAPPI, 2002). Os materiais porosos absorvem água, que é transportada no interior dos poros por diferentes mecanismos, a qual se estiver em estado líquido penetra e percorre a rede capilar do material,

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__________________________________________________________________________________ Manifestações patológicas em alvenaria de vedação exposta por longos períodos a intempérie

e se estiver na fase de vapor o transporte ocorre através de processo termodinâmico (AZEVEDO, 2013).

2.4.1 Permeabilidade

A principal característica que indica um fenômeno de permeabilidade é a existência de variações de pressão entre dois meios, impulsionando o fluido que está em uma região de pressão mais elevada até uma que apresente uma pressão menor. Gerando uma vazão, que podem apresentar regimes de escoamento que podem variar entre escoamento laminar e turbulento (SENTONE, 2011).

2.4.2 Absorção capilar

Para Bertolini (2010) a absorção capilar é um fenômeno muito difícil de controlar, apresenta-se frequentemente em materiais porosos que estão em contato com água ou com solos úmidos. De acordo com Azevedo (2013) a capilaridade é uma força criada quando um líquido entra em contato com uma superfície sólida, dando origem a duas forças de sentidos contrários. A primeira é a força de adesão que resulta pela atração das moléculas do líquido pelas moléculas do sólido, a outra força e a de coesão do próprio líquido que atua em sentido contrário. Ainda conforme o autor, a absorção capilar de um líquido por materiais porosos, não dependerá só da quantidade, disposição e tamanho dos poros, mas também dependerá de três propriedades características do líquido, que são a tensão superficial, viscosidade e densidade.

2.4.3 Condensação capilar

Através da teoria de difusão de vapor proposta por Glaser, o fenômeno de condensação capilar pode ser explicado, a teoria consiste em que a pressão de vapor em qualquer ponto no interior de um elemento de construção, deve ser menor ou igual a pressão de saturação. Quando as pressões forem iguais, ocorrem condensações e o fluído que era transportado na fase de vapor agora se apresenta em estado líquido (FREITAS et al., 2008).

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__________________________________________________________________________________________ A esse respeito, se considera que:

A pressão de vapor sobre uma superfície plana de um líquido é menor que a pressão de vapor sobre a correspondente superfície convexa. As paredes de um capilar umedecidas por um líquido que tem uma interface líquido-vapor côncava fará com que haja no capilar uma pressão de vapor menor do que sobre uma fase líquida ordinária (AMGARTEN, 2006, p. 12).

2.4.4 Secagem

O processo de secagem dos materiais porosos como os tijolos, acontece de um modo geral em três fases. A primeira fase acontece a evaporação da água que está localizada na superfície do material, processo que ocorre de forma rápida. Na segunda fase ocorre a evaporação da água existente nos poros com maiores dimensões, sendo um processo mais demorado, devido a água estar contida no interior dos materiais, essa água na forma líquida ou de vapor, precisa sair através dos poros. A terceira fase é compreendida na liberação da água que está nos menores poros, sendo um processo extremamente lento, podendo acontecer por longos períodos (HENRIQUES, 2007).

2.5 MANIFESTAÇÃO PATOLÓGICAS EM ALVENARIA

Vitório (2003) salienta a importância de constatar as manifestações patológicas, permitindo identificar quando e o que cometeu uma possível falha. Sendo que, cerca de 40% das manifestações patológicas ocorrem por falhas de projeto, 28% ocorrem devido erros de execução, 18% por uso de materiais com baixa qualidade, 10% acontecem pelo uso e 4% ocorre no planejamento da edificação.

As manifestações patológicas apresentam sintomas, sinais externos, que indicam que algo não está certo. O problema é que muitas vezes esses sinais demoram a aparecer e alguns casos se tornando imperceptíveis por leigos (TUTIKIAN; PACHECO, 2013).

2.5.1 Causas das manifestações patológicas em alvenarias

É importante mencionar que uma das principais causas de anomalias em alvenarias está associada aos materiais: blocos com defeitos que apresentam fissuras ou cavidades, blocos porosos, tijolos mal cozidos ou heterogêneos. Outra causa está associada à fase construtiva:

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__________________________________________________________________________________ Manifestações patológicas em alvenaria de vedação exposta por longos períodos a intempérie

colocação de blocos com cavidades, argamassas sensíveis (expansivas ou excessivamente seca), e juntas pequenas formando pontos de esmagamento. Também, fatores associados às cargas em serviço, aumentando a carga inicialmente prevista, e cargas excêntricas elevadas. E ainda, pode estar ligado as fundações, como mau dimensionamento e trabalhos pesados próximos das fundações (BRITO, 2002).

Conforme Vitório (2003), em estudos realizados no Brasil, foi constado que 50% dos problemas com manifestações patológicas são causados por infiltrações de água. Ainda de acordo com Vitório (2003, p. 43-44) há outros fatores que podem ser identificados para o surgimento de manifestações patológicas em alvenaria, os quais ele descreve como:

a) Heterogeneidade resultante da utilização conjunta de materiais diferentes,

com propriedades mecânicas e elásticas diferenciadas;

b) Geometria, rugosidade e porosidade dos componentes;

c) Retração, aderência e retenção de água da argamassa de assentamento;

d) Esbeltez, geometria da edificação, presença ou não de armadura, existência de

paredes de contraventamentos;

e) Cintamentos, amarrações, tipos e dimensões de aberturas de portas e janelas;

f) Tubulações embutidas;

g) Movimentações higroscópicas e térmicas;

h) Tipo de fundação, recalques diferenciais.

Assim como os demais autores, Marcelli (2007) enfatiza que os fatores que vem a desenvolver possíveis fissuras em alvenarias estão ligadas as alterações químicas dos materiais, devido a umidade. Destacando outros fatores como o traço da argamassa de assentamento, recalque de fundações, o excesso de carga, aberturas, árvores próximas às edificações, deformações do apoio quando as vigas ou lajes acabam se deformando.

2.5.1.1 Manifestações da umidade na alvenaria

A alvenaria é atingida pela umidade por várias formas, considerando como as mais comuns as umidades provenientes do solo, podendo ter sido ocasionada pela falta de impermeabilização ou falha do sistema. A variação de umidade provoca variações dimensionais, geram trincas através de processos de dilatação ou retração em função de ganho ou perda de água (MARCELLI, 2007).

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__________________________________________________________________________________________ Por ser uma das principais causas de manifestações patológicas se faz necessário conhecer melhor as origens e formas de manifestações da umidade. Bertolini (2010) comenta e destaca quatro diferentes tipos de formação de umidade em função das causas que as geram: umidade de construção, umidade por elevação, umidade por vapor e umidade descendente.

A umidade de construção é oriunda da água empregada na cura dos materiais utilizados na alvenaria. As condições ambientais têm influência no processo de secagem dos materiais, já que depois da execução a alvenaria possui elevado teor de água, que é liberado lentamente ao ambiente. As condições ambientais como temperatura, umidade e velocidade do vento acabam interferindo na secagem (BERTOLINI, 2010).

Por outro lado, Henriques (2007) argumenta que as edificações em construção estão sujeitas a ação das chuvas, que aumenta ainda mais o teor de água dos materiais envolvidos na construção, como é o caso dos tijolos das alvenarias. Fazendo com que ao final da construção uma edificação possa conter água em excesso.

Já a umidade por elevação conforme Bertolini (2010), tem ligação com o fenômeno de capilaridade, ela é resultado de redes de esgotos defeituosas, de presença de aquíferos superficiais, esse tipo de umidade se manifesta através de manchas nas paredes, é encontrada normalmente em construções mais antigas, onde não se havia a preocupação com impermeabilização nas fundações das edificações. É uma umidade de difícil remoção, já que o problema se origina na base da edificação, o que acaba dificultando a correção.

A umidade que ocorre pela água do solo pode ser permanente quando os níveis dos lençóis freáticos forem muito altos e não forem dependentes de chuvas para seu reabastecimento. Podendo também variar quando o nível de umidade oscila em função das precipitações concentradas em determinados períodos do ano (GUTERRES, 2009).

A altura que a água pode atingir em uma parede, depende de fatores como sua espessura, período de construção e em virtude da sua orientação solar. As paredes que estão voltadas para o norte acabam sendo mais afetadas que paredes que estão ao sul da edificação (HENRIQUES, 2007).

Quando fala-se da umidade por vapor Bertolini (2010), menciona que se desenvolve através da condensação capilar, estando ligada à microestrutura dos poros dos materiais da alvenaria. Conforme ocorrem mudanças nas condições do ambiente externo, a umidade que está presente no ar condensa sobre a superfície do material, sendo absorvida por capilaridade.

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__________________________________________________________________________________ Manifestações patológicas em alvenaria de vedação exposta por longos períodos a intempérie

No clima brasileiro este fenômeno não vem a acarretar incômodos ligados ao bem-estar pessoal do usuário. Essa manifestação de umidade ocorre praticamente em período de inverno, onde as temperaturas internas e externas das edificações apresentam diferenças significativas (GUTERRES, 2009).

A umidade descendente Bertolini (2010) entende como sendo derivadas de água pluviais, que são provocadas por uma ação direta da água. Para Guterres (2009) as águas da chuva é uma das formas mais importantes de manifestações de umidade, a água penetra nas paredes de alvenarias até um certo ponto, especialmente se tiver ocorrido uma má execução da alvenaria. A qualidade da mão de obra é um fator que tem um efeito significativo na quantidade de água que penetra na parede.

2.5.1.2 Expansão por umidade (EPU)

Esse fenômeno ocorre em alvenarias de tijolos cerâmicos, que ficam expostos à ação da umidade. O fenômeno ganhou atenção após a ocorrência de acidentes com edifícios de alvenaria estrutural no Recife em 1997. No caso em específico laudos comprovaram o fenômeno como fator determinante para a baixa resistência das alvenarias estruturais, gerando a falência estrutural da edificação (VITÓRIO, 2003).

A expansão por umidade é um fenômeno de degradação conhecido por ocasionar o aumento das dimensões dos materiais como o tijolo cerâmico. Esse fator ocorre através da adsorção de água, em geral acontece de um modo lento, mas mesmo assim pode ser o fator responsável por trincas em tijolos (FIGUEIREDO, 2007).

Os problemas derivados da EPU podem variar de fissuras em azulejos a lesões graves em paredes de alvenaria de tijolos cerâmicos. Implicando em consequências danosas a edificação, podendo comprometer as edificações construídas com alvenarias estruturais. O autor destaca que no Brasil a EPU não tem recebido estudos com a intensidade merecida, na maior parte dos trabalhos técnicos voltados ao assunto, referem-se a problemas com revestimentos cerâmicos (VITÓRIO, 2003).

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__________________________________________________________________________________________ 2.5.2 Tipos de manifestações patológicas

As manifestações patológicas mais comuns são fissuras, eflorescências, manchas, bolor ou mofos (AZEVEDO, 2013). Considerando então, que a umidade é a porta de entrada para outros fenômenos de degradação na alvenaria, entre eles o ataque do gelo/degelo, ataques por sulfatos e formação de eflorescências. A permanência da umidade pode comprometer a funcionalidade da edificação, por causa de inconvenientes higiênicos e econômicos e pela redução de propriedades de isolamento térmico. A umidade pode ter diversas origens, nem sempre sendo fácil a identificação, vindo a se originar pelo contato da superfície com a água ou se originando de forma natural, pela exposição a um ambiente úmido (BERTOLNI, 2010).

2.5.2.1 Fissuras

As fissuras conforme Marcelli (2007) podem ser indícios ou sintomas de problemas que podem estar acontecendo em uma edificação, podendo ser problemas simples, não evidenciando maiores cuidados. Ou pode ser um aviso para situações mais críticas, onde cuidados devem ser tomados para que o problema não se torne maior. No Brasil os construtores acreditam em retração hidráulica, e acabam diminuindo a quantidade de cimento no traço, gerando problemas ainda maiores do que o surgimento de fissuras. Enfatizando que muitas fissuras são provenientes dos materiais utilizados na edificação, relacionando ainda com a forma incorreta da execução das etapas.

Para Marcelli (2007), fissuras é uma fonte de preocupação para as pessoas que estão ligadas a uma edificação, sendo elas o projetista, construtor ou usuário, gerando desconforto psicológico e prejuízos financeiros. Vitório (2003) argumenta que as fissuras são manifestações patológicas que se destacam em alvenarias, são causadas por tensões de tração e cisalhamento, esforços que as alvenarias não apresentam boa resistência. Fazendo uso de diferentes critérios as fissuras e trincas podem ser classificadas pela sua abertura, atividade, a forma, suas causas, direção, tensões envolvidas, tipo entre outras como mostra a Figura 5 (TAGUCHI, 2010).

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Figura 5 - Principais tipos de fissuras ou trincas encontradas em uma edificação

FONTE: Ebatanaw (2001)

Pereira (2005), classifica os diferentes e principais tipos de fissuras, o qual destaca as fissuras causadas por movimentações térmicas, movimentação higroscópicas, por cargas excessivas, pela deformação excessiva da estrutura de suporte das alvenarias, pelo assentamento de apoio e pela retração de produtos à base de cimento. Conforme Antunes (2010) como os materiais rígidos possuem pouca resistência a esforços de tração, e pouca flexibilidade, podem ocasionar o rompimento dos materiais menos resistentes, como os tijolos e as juntas de assentamento, gerando fissuras verticais, que podem acompanhar as juntas de assentamento conforme Figura 6.

Figura 6 - Fissuras verticais acompanhando a junta de assentamento da alvenaria

Fonte: Thomaz (p. 27,1989)

É importante antes de fazer o reparo de uma fissura, entender e conhecer algumas teorias e perguntas que se deve fazer enquanto está se analisando as reconstituições adequadas das fissuras, para isso de acordo com Terra (2001) é importante se questionar se as fissuras são ativas ou estabilizadas, quanto a atividade e quanto a sua forma, podendo ser dividas em

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__________________________________________________________________________________________ isoladas ou disseminadas. Ainda de acordo com o autor para a definição do método adequado de correção, pode classificar as fissuras em:

a) Fissuras ativas: apresentam variações de abertura durante um determinado tempo (ex: gradientes térmicos);

b) Fissuras estabilizadas: não apresentam variações com o passar do tempo (ex: sobrecargas, recalques estabilizados);

c) Fissuras isoladas: acompanham juntas de assentamento, seguindo uma determinada direção, podendo partir tijolos (ex: ataque por sulfatos, esmagamento dos tijolos); d) Fissura disseminadas: são superficiais, sem orientação, abrangendo a superfície por

um todo (ex: retração por secagem).

Também é interessante salientar ainda a diferença entre fissuras, trincas, rachaduras e lesões, que possuem as mesmas características, mas com dimensões diferentes. De acordo com Tinoco (2019) as fissuras possuem espessura até 0,5 mm, as trincas de 0,5 mm a 1,00 mm. As rachaduras por sua vez, já possuem uma abertura bem expressiva, na ordem de 1,00 mm a 1,5mm, podendo-se “ver” através dela. Já para o autor as lesões caracterizam-se por apresentarem espessura superiores a 1,5 mm, apresentando repercussões estruturais severas nos componentes da edificação.

Se tratando de problemas em alvenarias, conforme Vitório (2003) as fissuras se destacam. No Quadro 1 o autor relaciona os tipos de fissuras com as prováveis causas.

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__________________________________________________________________________________ Manifestações patológicas em alvenaria de vedação exposta por longos períodos a intempérie

Quadro 1 - Tipos de fissuras e suas prováveis causas CONFIGURAÇÃO

TÍPICA

CAUSA PROVÁVEL

FISSURA VERTICAL

Deformação da argamassa de assentamento em paredes submetidas a uma carga vertical uniformemente distribuída.

Movimentação higroscópica da alvenaria, principalmente no encontro de alvenarias (cantos) e em alvenarias extensas.

Retração por secagem da alvenaria, principalmente em pontos de concentração de tensões ou seção enfraquecida

Expansão da argamassa de assentamento (interação sulfato-cimento, hidratação retardada da cal).

FISSURA HORIZONTAL

Alvenaria submetida à flexocompressão devida a deformações excessivas da laje.

Movimentação térmica da laje de cobertura (deficiência de isolamento térmico, com a ocorrência de fissuras no topo da parede, decorrente da dilatação da laje de cobertura.

Expansão da argamassa de assentamento (interação sulfato-cimento, hidratação retardada da cal).

Expansão da alvenaria por movimentação higroscópica, em geral nas regiões sujeitas à ação constante de umidade, principalmente na base das paredes. Retração por secagem da laje de concreto armado, que gera fissuras nas alvenarias, principalmente nas externas enfraquecidas por vão (janelas).

FISSURA INCLINADA

Recalques diferenciais, decorrentes de falhas de projeto, rebaixamento do lençol freático, heterogeneidade do solo, influência de fundações vizinhas. Atuação de cargas concentradas diretamente sobre a alvenaria, devido à inexistência de coxins ou outros dispositivos para distribuição das cargas. Alvenarias com inexistência ou deficiência de vergas e contravergas nos vão de portas e janelas.

Carregamentos desbalanceados, principalmente em sapatas corridas, ou vigas baldrames excessivamente flexíveis.

Movimentação térmica de platibanda, ocorrendo fissuras horizontais e inclinadas nas extremidades da alvenaria.

FISSURA NA LAJE MISTA DE FORRO DA

COBERTA

Movimentação térmica, gerando fissuras no encontro dos elementos cerâmicos com as vigas pré-moldadas.

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__________________________________________________________________________________________ 2.5.2.2 Eflorescência

Guterres (2009) denomina os cristais de sais, com coloração branca, que estão depositados na superfície dos tijolos como eflorescências, conforme mostra a Figura 7. De acordo com Figueiredo (2007) a eflorescência ocorre através do processo de extração dos sais, através da dissolução dos sais na água que se transporta do interior do material para a superfície externa. Devido aos sais possuírem características higroscópicas, a região onde se concentram se apresentam sempre úmida, favorecendo a proliferação de microrganismos, que aceleram no processo de degradação dos materiais.

Figura 7 - Eflorescência em alvenarias expostas

Fonte: Souza Filho (2018)

Vitório (2003) argumenta que a eflorescência é causada pela combinação de três fatores. O primeiro é o teor de sais solúveis que existem nos tijolos e argamassas de assentamento. O segundo é a presença de água que dissolve e transporta esses sais até a superfície da alvenaria. O terceiro é a pressão hidrostática ou evaporação, que forçam essas soluções migrarem para a superfície.

Em paredes externas de alvenarias de tijolos cerâmicos aparentes, as manifestações das eflorescências possuem certas semelhanças com alvenarias que possuem revestimento superficial. Como o tijolo cerâmico é um material poroso, quando a parede que está desprotegida por reboco (revestimento superficial) entra em contato com água proveniente de chuvas, essa água acaba sendo transferida através dos poros para o interior da alvenaria. Isso

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__________________________________________________________________________________ Manifestações patológicas em alvenaria de vedação exposta por longos períodos a intempérie

pode acontecer quando o tijolo não recebe proteção hidrofugante, ou pela porosidade da argamassa de assentamento. Quando os períodos de chuva terminam, com a ação do vento e a insolação a água que está penetrada na alvenaria começa a secar. Essa secagem acontece de uma forma invertida, partindo do interior para o exterior da alvenaria. Nesse processo a água transporta os sais solúveis que se dissolveram na água, quando chegam na superfície a água evapora e os sais se cristalizam, apresentando aspectos esbranquiçados nas superfícies dos tijolos (GUTERRES, 2009).

2.5.2.3 Degradação biológica

Tendo origem variada, entre o solo, ação do vento, insetos, e animais, os agentes biológicos se depositam na superfície, e multiplicam-se através das condições climáticas. Sendo a iluminação, acumulação de pó e de terra, falta de ventilação, presença prolongada de umidade, porosidade elevada e a acumulação de poluentes resultantes da ação do homem, como sendo as principais causas que favorecem esse tipo de degradação. As atividades humanas como processos industriais e transporte gerem poluentes como por exemplo, óxido de enxofre, de nitrogênio, derivados de petróleo, entres outros. Tais poluentes na presença de umidade favorecem o crescimento e a proliferação de microrganismos sobre as superfícies. Em geral, todos os organismos e microrganismos são capazes de degradar os materiais. Em primeiro momento acaba comprometendo esteticamente, posteriormente podendo alterar propriedade dos materiais (MAGALHÃES, 2002). A Figura 8 apresenta a ilustração de manifestações patológicas decorrentes da degradação biológica.

Figura 8 - Degradação biológica (1) – Fungos com tonalidade marrom e preta; 2 – Formação de musgos

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__________________________________________________________________________________________ 2.5.2.4 Manchas

As manchas são causadas principalmente pela poluição atmosférica, que acontecem através do recobrimento por pó, fuligens e partículas contaminantes, conforme Figura 9. Pode se destacar outros fatores que colaboram para o aparecimento de manchas. Como a água da chuva, o vento e a porosidade do material, e a própria forma da edificação. Através da combinação vento e chuva a água penetra no material cerâmico pelos poros, carregando todas as partículas de poluentes que estava na superfície do material (CHAVES, 2009). Manchas com coloração escuras, pretas, marrom, verde, e com coloração esbranquiçadas ou amareladas podem ser de origens de fungos (SHIRAKAWA et al., 1995).

Figura 9 - Manchas na alvenaria

Fonte: Thomaz (1995)

Manchas também podem aparecer em períodos intensos de precipitações, formando manchas de dimensões variáveis. Na maioria das vezes essas manchas desaparecem após o término do período chuvoso (GUTERRES, 2009).

2.6 AVALIAÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS

Para realizar a correção de uma manifestação patológica, se faz necessário a realização de uma avaliação correta, abordando suas causas e efetuando um diagnóstico preciso. Porém, a

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__________________________________________________________________________________ Manifestações patológicas em alvenaria de vedação exposta por longos períodos a intempérie

falta de informações e a complexidade dos elementos construtivos, acabam trazendo dificuldades para essa prática (FREITAS et al., 2007).

Para Taguchi (2010) a avaliação das manifestações tem como objetivos detectar processos de deteriorações nas suas fases iniciais, investigando e determinando as causas de deterioração e monitorando o progresso do processo de deterioração, enfatizando a intensidade e extensão dos danos, para tomada de decisões em tempo certo. Estes processos podem ser acompanhados com ações direcionadas a conservação das condições que estão dentro dos limites aceitáveis para futuros trabalhos de reparos e manutenção.

A avaliação das manifestações patológicas, detectando suas causas, origem, e a melhor forma de intervenção ocorre basicamente em três etapas. A primeira etapa consiste no levantamento de subsídios, a segunda etapa do diagnóstico da situação e a terceira etapa na definição da conduta.

2.6.1 Levantamento de subsídios

Esta etapa inicial de levantamento de subsídios é essencial para uma correta interpretação das causas, e tipos de manifestações patológicas. Conforme Lichtenstein (1986) o levantamento de subsídios significa a organização e acumulação de informações suficientes e necessárias para entender os fenômenos ocorridos. Tais informações podem acontecer através de vistoria local, da anamnese do edifício e da história do problema, e finalizando com os resultados de ensaios complementares e análises realizadas.

2.6.1.1 Mapa de danos

Para auxiliar no processo de levantamento de subsídios, pode-se fazer uso do mapa de danos. O qual é o resultado de pesquisas sobre edifícios, para se ter conhecimento do estado de conservação do mesmo, e em seguida possível intervenção a ser adotada. Com os avanços tecnológicos e experiências vivenciadas o mapa de danos está progredindo em sua metodologia e representação. Importante lembrar que muitas vezes ele não é utilizado em seu total potencial, pois além da representação gráfica de seu estado patológico, traduz também um quadro evolutivo do estado de conservação do edifício (BARTHEL; LINS; PESTANA, 2009).

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__________________________________________________________________________________________ Quando feito criteriosamente, é um importante documento ilustrado das quantidades, qualidades e avarias dos materiais e estruturas dessas construções. São também eficazes na mensuração dos gastos e no planejamento dos projetos de restauração e ou conservação, e também muito importante, até mesmo instruir ações de monitoramento preventivo para garantir a conservação do imóvel (TIRELLO; CORREA, 2012).

Conforme Tinoco (2009) o mapa de danos é um documento gráfico-fotográfico onde são discriminados e minuciados todos os danos ou deteriorações que a edificação possua. De forma básica pode se dizer que o mesmo resume o resultado do trabalho realizado na investigação de manifestações patológicas em uma edificação em uma determinada data ou tempo. Para a investigação do estado de conservação dos edifícios, os profissionais tomam o uso de duas palavras, patologia e patogenia. A primeira significa investigar para conhecer as alterações estruturas e funcionais do edifício, nos materiais, nas técnicas, nos sistemas e nos componentes construtivos, e essas podem ser exógenas ou endógenas. A segunda, refere-se à conservação do edifício, e como os agentes naturais e materiais agridem os materiais, as técnicas e os componentes, que aceleram a degradação.

Para iniciar um mapa de danos é necessário elaborar as fichas de identificação de danos (FIDs) (Figura 10), onde irá constar tais informações, e em sua elaboração é comum utilizar-se de alguns termos da medicina, o que facilita a compreensão (TINOCO, 2009). De acordo com Tinoco (2019), os mapas de danos devem ser claros e objetivos e registrar o resumo dos danos referenciados nas FIDs, de maneira minuciosa, todas deteriorações da edificação. Podendo apresentar o estado de conservação, e a apresentação de intervenções necessárias.

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Figura 10 - Ficha de identificação de dano - FID

Fonte: Tinoco (2009)

Alguns aspectos básicos que as FIDs devem apresentar.

(1) identificação do componente ou elemento construtivo; (2) numeração de classificação; (3) data da vistoria; (4) profissional responsável pela coleta de informações; (5) denominação ou caracterização do dano; (6) manifestações ou sintomas; (7) causas; (8) origens; (9) natureza; (10) mecanismos; (11) agentes; (12) condutas; (13) procedimentos; (14) ilustrações; (15) observações que se façam necessárias (TINOCO, 2019, p 7).

De acordo com Tinoco (2019):

a) Manifestação ou sintomas: é descrito as condições que o dano é revelado, refere-se a expressão dos sintomas nas superfícies analisadas, por exemplo (umidade, crosta negra, manchas, eflorescência, fissuras).

b) Causa: de acordo com Lichtenstein (1986) um problema patológico está ligado a causas gerais, e não apenas a uma causa, classificando em duas causas. As causas eficientes ou operantes, que são as causas principais, normalmente geram as

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__________________________________________________________________________________________ alterações nos componentes, estando ligadas a ação de agentes físicos e biológicos. E as causas coadjuvantes ou predisponentes, que estão mais relacionadas com a falta de conservação, limpeza e idade da edificação.

c) Origem: pode partir de uma ou mais fontes, também pode estar ligada a um procedimento inadequado no processo de fabricação do material. Para se saber a origem das causas dos danos é preciso responder quando, como e por que as ações operantes iniciaram. A origem das causas coadjuvantes ou predisponentes estão principalmente ligadas ao descuido com as manutenções e na má escolha dos materiais.

d) Natureza: está ligada com as propriedades dos materiais, na qualidade interna e externa (físico-químico) que caracterizam dado material. Há propriedades físicas que são aparentes, chamados de supervenientes, que são explícitas, como características de extensão, massa, impenetrabilidade, divisibilidade, compressibilidade e flexibilidade. Por outro lado, existem propriedades subjacentes, que não são dedutíveis sem uma investigação aprofundada. Tais observações, dependem muito do conhecimento do avaliador, pois deve possuir conhecimento sobre as propriedades e natureza dos materiais utilizados.

e) Ilustrações (foto e desenho): com elas é possível o detalhamento dos componentes com danos, as fotografias podem facilitar e organizar as informações coletadas, e podem estar relacionadas nas plantas de elevações (cortes e fachadas).

f) Observações: espaço em aberto para anotações pertinentes ao assunto, em casos de observações de fissuras, trincas, rachaduras e lesões, as medidas irão ser anotadas nesse local.

Antes de apresentar procedimentos de investigação sobre as degradações da edificação, é adequado apresentar alguns vocábulos. Além da patologia e patogenia, a palavra conservar também é importante nesse contexto, para Tinoco (p.4, 2009) a palavra tem o significado de “resguardá-la do dano e da decadência, através de conjuntos de medidas e ações para corrigir e consertar as partes com sinais explícitos e potenciais de degradação. Tais medidas e ações têm um caráter corretivo, distinto da manutenção que tem um caráter preventivo”.

Existem diversos modelos de mapas de danos e de fichas de identificação de danos, pois não há nenhuma norma para estabelecer um padrão, o mapa é desenvolvido conforme a criatividade do profissional que está elaborando (TINOCO, 2009). Sendo considerado um mapa ideal aquele que apresenta um método de investigação ideal para cada construção e dano que

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