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Padronização de testes específicos atados e livres, para determinação de parâmetros aeróbios em canoagem slalom : relações com o desempenho

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Academic year: 2021

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HOMERO GUSTAVO FERRARI

PADRONIZAÇÃO DE TESTES ESPECÍFICOS ATADOS E LIVRES,

PARA DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS AERÓBIOS EM

CANOAGEM SLALOM: RELAÇÕES COM O DESEMPENHO

CAMPINAS 2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Educação Física

HOMERO GUSTAVO FERRARI

PADRONIZAÇÃO DE TESTES ESPECÍFICOS ATADOS E LIVRES,

PARA DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS AERÓBIOS EM

CANOAGEM SLALOM: RELAÇÕES COM O DESEMPENHO

Tese apresentada à Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Doutor em Educação Física, na área de concentração Biodinâmica do Movimento e Esporte.

Orientadora: PROFª DRª FÚLVIA DE BARROS MANCHADO GOBATTO

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE A VERSÃO FINAL DA TESE DE DOUTORADO DEFENDIDA PELO ALUNO HOMERO GUSTAVO FERRARI, E ORIENTADA PELA PROFª DRª FÚLVIA DE BARROS MANCHADO GOBATTO.

CAMPINAS 2014

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RESUMO

Introdução: a canoagem slalom é um esporte olímpico desde de 1992 e que cresce a

cada ano no mundo todo. No entanto, poucas informações científicas têm sido encontradas na literatura, sobretudo, em relação a avaliação fisiológica e treinamento.

Objetivo: padronizar testes específicos em remada atada e livre para avaliação da

aptidão aeróbia de canoístas slalom de elite e verificar a correlação dos índices de aptidão aeróbia fornecidos pelos testes com o desempenho em prova simulada.

Métodos: a amostra foi composta por 12 atletas pertencentes a Seleção Brasileira

Permanente de Canoagem Slalom com idade média 18 ± 2 anos. Os testes de canoagem atada foram realizados com o auxílio de um aparato denominado Sistema de Medição de Força Atado (SIMFA), composto por célula de carga e módulo amplificador de sinais. Todas as avaliações foram realizadas em piscina de 25m e sob caiaque modelo K1. A máxima fase estável de lactato (MFEL) atada foi determinada a partir de três intensidades que variaram de 35,5N à 70,3N. Para a obtenção da força crítica (FC) foram utilizadas quatro cargas preditivas e ajustes matemáticos hiperbólico (FChiper) e linear (FClin). As avaliações em remada livre (velocidade crítica (VC) e MFEL) foram realizadas em lagoa. A VC foi obtida pelo modelo “distância vc. tempo” utilizando desempenhos máximos nas distâncias de 300, 450 e 600 metros. Para determinar a iMFEL os atletas foram submetidos a três testes contínuos com duração de 30 min, separados por intervalo de 24 horas entre eles, realizados em sistema de vai e vem na distância de 50 metros. Como indicador de desempenho adotou-se o tempo em prova simulada de canoagem slalom (TP), executada em canal artificial. Em adição o lactato sanguíneo (LACsang) pós prova foi mensurado. Resultados: os principais resultados das avaliações atadas, indicam não haver diferença entre a iMFEL e FChiper e entre FChiper e FClin, no entanto, a FClin foi significantemente maior que iMFEL. A FChiper foi altamente correlacionada com iMFEL (r= 0,78, p=0,002), bem como iMFEL foi correlacionada com desempenho (r = -0,67, p=0,016). Em relação as avaliações livres os resultados revelaram não haver diferença significativa entre a intensidade de VC (7,77 ± 0,28 Km/h) e iMFEL (7,50 ± 0,32), além disso, correlação significativa foi encontrada entre a intensidade de VC e desempenho em prova simulada (r= 0,84, p=0,03). Conclusões: em relação as avaliações atadas, foi possível padronizar testes atados para avaliação aeróbia de canoístas slalom, utilizando as metodologias de MFEL e FC, e também a possibilidade de utilizar o parâmetro aeróbio obtido pelo modelo de FC como uma avaliação não invasiva para estimar a MFEL. Já em relação as avaliações livres a VC obtida pelo modelo distância-tempo é válida para estimar a iMFEL em canoístas slalom de elite, além de se correlaciona com o desempenho em prova simulada.

Palavras-chave: Canoagem slalom, máxima fase estável de lactato, força crítica e

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ABSTRACT

Introduction: canoe slalom is an Olympic sport since 1992 and that grows every year

worldwide. However, limited scientific information has been found in the literature, especially in relation to training and evaluation physiological. Purpose: Standardize tethered specific tests and free tests for assessment of aerobic fitness elite slalom kayakers and additionally verify the correlation between indexex of aerobic fitness provided by tests with performance in simulated slalom race. Methods: the sample was composed of 12 athletes from the Canoe Slalom Brazilian Team with a mean age 18 ± 2 years. The tethered specific testst was performed using a denominated Tethered Canoe System (TCS) constructed specifically for this purpose composed of a load cell and signal amplifier module. All assessments were conducted in a 25-meter outdoor swimming pool using K1 kayak model. The tethered maximal lactate steady state (MLSS) was determined from three intensities ranging from 35,5N the 70,3N. Four predictive loads were used to obtain the critical force (CF) using two mathematical adjustments, hyperbolic (CFhiper) and linear (CFlin). Free specific tests assessments (critical velocity (CV) and MLSS) were performed in lake. The CV has been obtained by "distance-time" model using maximum performance at distances of 300, 450 and 600 meters. To determine the iMLSS athletes underwent three continuous lasting 30 min, separated by 24-hour interval between them, performed using a kayak “shuttle” exercise, with a 50-m course. The simulated race was conducted on a white water course and as performance indicator the total race time (Trace) was adopted. In addition, the blood lactate (LACsang) post race was measured. Results: the main results of tethered evaluation, indicate that the CFlin and CFhiper intensities did not differ, as well as CFhiper and iMLSS. However, CFlin was significantly higher than iMLSS. The iMLSS and CFhiper intensities were significantly correlated (r= 0.82, p=0.002) well as iMFEL was correlated with performance (r = -0.67, p = 0.016). Regarding the free evaluations, the results showed no significant difference between the intensity of CV (7.77 ± 0.28 Km / h) and iMLSS (7.50 ± 0.32) Moreover, a significant correlation was found between intensity CV and simulated race performance (r = 0.84, p = 0.03). Conclusions: regarding the tethered specific tests , was possible to standardize tests for aerobic evaluation in slalom kayakers, using the MLSS and CF methodologies and also the possibility to use the aerobic parameter obtained by the FC model as a noninvasive evaluation to estimate MLSS. In relation the free specific tests, the CV obtained by the distance-time model is valid for estimating the iMLSS in elite slalom kayakers and is correlated with performance in simulated race.

Keywords: Canoe Slalom, maximal lactate steady state, critical power and

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xi SUMÁRIO Pag. 1 INTRODUÇÃO GERAL... 01 2 OBJETIVOS E HIPÓTESES... 07 3 MÉTODOS... 08 3.1 Amostra... 08 3.2 Aspectos Éticos... 08

3.3 Locais utilizados para as padronizações e avaliações... 08

3.4 Delineamento Experimental... 10

3.5 Desenvolvimento dos instrumentos/equipamentos necessários para a avaliação de parâmetros aeróbios em canoagem slalom de modo atado... 10 3.5.1 Estabilidade do caiaque... 13

3.5.2 Diâmetros e espessuras do cabo elástico (tubo de látex)... 16

3.6 Especificações das avaliações atadas... 22

3.7 Determinação da força crítica e capacidade de remada anaeróbia por método exaustivo... 24

3.8 Determinação da máxima fase estável de lactato em remada atada 25 3.9 Prova simulada de canoagem slalom... 26

3.10 Equipamentos utilizados para os testes e simulação de prova... 27

3.11 Antropometria... 28

3.12 Procedimentos estatísticos... 29

4 RESULTADOS ... 30

4.1 Artigo 1. Testes de maxima fase estável de lactato e força critica aplicados a canoistas de elite utilizando sistema de canoagem atada... 31

4.2 Artigo 2. Velocidade crítica estima a máxima fase estável de lactato e é correlacionada com o desempenho de canoístas slalom de elite... 51

5 DISCUSSÃO GERAL E APLICAÇÕES PRÁTICAS... 69

6 CONCLUSÕES FINAIS... 70

7 REFERÊNCIAS DA TESE... 71

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho aos meus pais, Orestes e Ondina e de modo especial à minha esposa Renata pelo amor incondicional, carinho, apoio e incentivo e ao meu filho Enzo, que me inspira e me fortalece a cada dia. Vocês são as pessoas mais importantes da minha vida, amo vocês e que Deus abençoe a todos.

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AGRADECIMENTOS

 À Deus pelo dom da vida e a Nossa Senhora Aparecida pela luz que me guia;  Aos meus pais, Orestes e Ondina pelo amor e carinho dedicados a mim, pela

minha formação pessoal e por tudo que fizeram, fazem e ainda farão por mim. Muito obrigado;

 Ao meu irmão Orestes, minha cunhada Isabel e minhas sobrinhas Antonella e Vitória, que tenho certeza, sempre torceram por mim;

 À minha esposa Renata pelo amor incondicional, paciência, compreensão e incentivo a esse trabalho;

 Ao meu filho Enzo pela alegria e força inspiradora que me proporciona a todo instante;

 À minha ex-colega de trabalho, amiga e orientadora Profª Drª Fúlvia de Barros Manchado Gobatto, pessoa admirável por sua extrema competência profissional e, sobretudo pela pessoa especial que é, e que se destaca entre outras virtudes, pela capacidade incrível em servir as pessoas ao seu redor. Muito obrigado por ter me aceitado como orientando, saiba que para mim é um enorme prazer;  Ao Prof. Dr. Claudio Alexandre Gobatto, pessoa gentil e profissional de extrema

competência, que abriu as portas do LAFAE para que esse trabalho pudesse ser desenvolvido;

 Ao parceiro de projeto Leonardo e aos amigos Ivan, Filipe e Camila que nos auxiliaram na odisseia das coletas em campo;

 A todos os amigos do LAFAE pela convivência agradável e edificante;

 Às Faculdades Integradas Einstein de Limeira pela oportunidade no desenvolvimento de minha carreira docente;

 Ao Prof. Macário, pelo convívio e por tudo que tem feito por mim;

 A Confederação Brasileira de Canoagem, sobretudo, ao supervisor da Canoagem Slalom o Sr. Argos Rodrigues pela confiança nesse trabalho;

 Aos técnicos da Seleção Brasileira Permanente de Canoagem Slalom, Ettore e Guile e de maneira especial a todos os atletas que brilhantemente participaram e literalmente deram o sangue por esse trabalho;

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 Aos órgãos de fomento CNPq, FAPESP e FAEPEX/UNICAMP pelo auxílio financeiro do projeto;

 A todas as pessoas que de alguma maneira me apoiaram, torceram e ajudaram para que esse trabalho pudesse ser concretizado, o meu MUITO OBRIGADO E QUE DEUS ABENÇOE A TODOS !

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LISTA DE FIGURAS DA TESE

Figura 1. Locais utilizados para o estudo... 09 Figura 2. Modelo esquemático do sistema original que seria

desenvolvido e utilizado para a determinação da força em testes específicos atados para canoagem slalom... 11

Figura 3. Ventosa por sucção para transporte de chapas de vidro... 12 Figura 4. Ventosa com adaptações e presa a piscina com célula de

carga acoplada pronta para uso... 12

Figura 5. Fixação do cabo elástico na cintura do atleta... 14 Figura 6A. Protótipo de quilha desenvolvida manualmente para ser

acoplada ao caiaque e possibilitar a redução de seu deslocamento lateral. 6B. Quilha em fibra de vidro, construída sob medida para ser inserida em caiaque durante as avaliações atadas... 15

Figura 7A. Cabo elástico utilizado para os testes atados de Fcrit e

MFEL. 7B. Resultados da curva de calibração referente ao alongamento do cabo elástico... 16

Figura 8. Representação esquemática da disposição dos cones na

borda da piscina para o monitoramento da intensidade... 17

Figura 9A. Modelo referencial para o atleta controlar a intensidade e

para o observador, na borda da piscina, aplicar os critérios de exaustão.

9B. Referencial para o observador aplicar critério de exaustão...

18

Figura 10A. Estratégia utilizada para controle da intensidade de esforço. 10B. Aparato confeccionado em tubo PVC, atrelado a um cone,

sinalizando o local onde o atleta deveria se manter durante a intensidade de esforço imposta... 19

Figura 11. Sistema para o controle de intensidade e critério de exaustão,

composto por uma placa reflexiva, sensor fotoelétrico aplicado ao barco e uma buzina para emissão de sinais sonoros... 21

Figura 12. Sistema de controle de intensidade e critério de exaustão em

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xviii

Figura 13A. Componentes da parte de captação e processamento de

sinais do SIMFA. 13B. Componentes do sistema de controle da intensidade do SIMFA... 23

Figura 14A. Desenho esquemático do SIMFA com todos seus

componentes. 14B. SIMFA em condições reais de uso... 24

Figura 15. Exemplo esquemático da determinação de Fcrit, CRA e

MFEL, com a utilização de cabos elásticos... 24

Figura 16. A) Determinação da FCRIT e CRA de acordo com o modelo

hiperbólico. B) Determinação da FCRIT e CRA de acordo com o modelo linear... 25

Figura 17. A) Visão geral do canal utilizado para a simulação. B)

Registro do GPS do trajeto percorrido pelo atleta... 27

Figura 18. Caiaque utilizado para as avalições atadas... 28

LISTA DE FIGURAS DO ARTIGO 1

Figura 1. Sistema de medição de força atado utilizado...

38

Figura 2. Representação gráfica de registro de força e resposta de

lactato sanguíneo do teste de MFEL atado de um atleta. Painel A. Intensidade referente ao alongamento de 3,5 metros de corda elástica com estabilização do lactato (< 1,0 mM entre 10º e 30º minuto). Painel

B. Intensidade referente ao alongamento de 4,0 metros de corda

elástica, com estabilização do lactato (< 1,0 mM entre 10º e 30º minuto).

Painel C. Intensidade referente ao alongamento de 4,5 metros de corda

elástica, sem estabilização do lactato (> 1,0 mM entre 10º e 30º minuto) e término do exercício antes dos 30 minutos (flecha indica o término do esforço)... 41

Figura 3. A) Representação gráfica da análise gráfica de Bland e Altman

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LISTA DE FIGURAS DO ARTIGO 2

Figura 1. Representação gráfica do teste de MFEL de um participante...

60

Figura 2. Análise de concordância gráfica de Bland e Altman entre

velocidade crítica (VC) e intensidade de máxima fase estável de lactato (iMFEL)... 60

Figura 3. A) Correlação entre velocidade crítica (VC) e desempenho em

prova simulada. B) Correlação entre intensidade de máxima fase estável de lactato (iMFEL) e desempenho em prova simulada... 61

LISTA DE QUADROS DA TESE

Quadro 1. Distribuição das avaliações realizadas... 10

LISTA DE TABELAS DO ARTIGO 1

Tabela 1. Tempo limite (Tlim) obtido nas cargas preditivas e comparação das intensidades obtidas pelo modelo de força crítica linear (FClin), hiperbólico (FChiper) and máxima fase estável de lactato (iMFEL)... 42

Tabela 2. Coeficientes de correlação (r) obtidos entre Tlim e Tprova com iMFEL, FCRITLin e FCRITHiper... 43

LISTA DE TABELAS DO ARTIGO 2

Tabela 1. Comparação das intensidades entre velocidade crítica (VC) e

máxima fase estável de lactato (iMFEL) e coeficiente de determinação (R2) dos ajustes matemáticos da VC... 59

Tabela 2. Variáveis de desempenho (tempo, distância e Vméd), cardiovasculares (FCméd, FCpico e %FCmáx) e metabólicas (LACpós) obtidas na prova simulada de canoagem slalom...

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1 INTRODUÇÃO GERAL

A Canoagem Slalom (CSlalom) é uma das disciplinas ou modalidades que compõe o esporte Canoagem. É uma modalidade esportiva que vem crescendo progressivamente em diversos países, incluindo o Brasil. A CSlalom faz parte do programa oficial dos Jogos Olímpicos desde 1992 em Barcelona, antes porém, tendo sido incluída nos Jogos Olímpicos de Munique em 1972 como demonstração (MESSIAS et al., 2014).

A CSlalom é realizada em rios naturais e/ou em canais artificiais sob embarcação (caiaque ou canoa), onde o atleta precisa contornar "portas" com exercícios de deslocamentos à favor e contra corrente, com presença de condições naturais como ondas, quedas e muita correnteza (MICHAEL, 2009). Atualmente os percursos de CSlalom giram em torno de ~300 metros, não podendo exceder 450 metros (ICF, 2009), com duração entre 90 a 120 segundos (MESSIAS et al., 2014).

Apesar da CSlalom ser uma modalidade olímpica há mais de 20 anos, poucas informações científicas são observadas na literatura. Uma revisão de literatura recentemente publicada pelo nosso grupo (MESSIAS et al., 2014) confirma essa afirmação. Em uma ampla revisão realizada entre os anos de 1971 e 2013, somente 21 artigos de qualidade internacional foram encontrados, e desses, mais da metade foi publicada a partir dos anos 2000 (MESSIAS et al., 2014). Ainda sobre a revisão, do total de estudos, 19% foram de alguma forma relacionados a aspectos fisiológicos e somente 5% sobre treinamento, entretanto, nenhum deles abordando ou sugerindo testes ou protocolos de avalição aeróbia aplicados a CSlalom, o que demostra a originalidade e relevância do presente projeto para o avanço do conhecimento em ciências do esporte e, sobretudo, para a modalidade.

As avaliações fisiológicas dentro do âmbito esportivo podem ser aplicadas com diferentes propósitos, com destaque para a prescrição e controle dos efeitos de treinamento, dessa forma, é possível identificar falhas no processo de treinamento e corrigi-las a tempo. A avaliação aeróbia é importante para muitas modalidades esportivas, tanto as que o metabolismo aeróbio é determinante do desempenho ou não. A competição de Cslalom tem se mostrado bastante intensa fisiologicamente com grande resposta cardiovascular e metabólica, com significante contribuição dos

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metabolismos aeróbio e anaeróbio (~50% para ambos) para o fornecimento energético (ZAMPARO et al., 2006). Essas informações em conjunto sugerem a importância do treinamento aeróbio nessa modalidade.

Portanto, diante dessas informações é evidente a importância de se identificar um índice aeróbio, como o limiar anaeróbio (LAn) para a prescrição individualizada de intensidades do treinamento tanto predominantemente aeróbias abaixo do LAn como anaeróbias acima do LAn em canoístas slalom.

Há muitas décadas, a avaliação aeróbia tem sido objeto de estudo de muitos estudos pesquisadores, na tentativa de entender melhor alguns índices fisiológicos de aptidão aeróbia como consumo máximo de oxigênio (VO2máx) e LAn e propondo diversos testes ou protocolos diretos ou indiretos, invasivos e não invasivos para a sua mensuração.

O LAn pode ser considerado um fenômeno fisiológico relacionado à capacidade aeróbia, que identifica uma zona de transição entre as predominâncias dos metabolismos aeróbio e anaeróbio durante o exercício. Pode ser mensurado de maneira não invasiva por respostas ventilatórias durante o exercício (WASSERMAN e McILROY, 1964) e invasivas pela resposta do lactato sanguíneo (LACsang) (BENEKE, 2003). Existe um forte consenso na literatura de que o “padrão ouro” para identificar o LAn seja a máxima fase estável de lactato (MFEL) (BENEKE, 2003; BILLAT et al., 2003). A MFEL representa, efetivamente, a mais alta intensidade de exercício na qual ainda é possível verificar a estabilização do LACsang em exercícios de longa duração, proveniente do equilíbrio entre produção e remoção desse metabólito (BENEKE, 2003; BILLAT et al., 2003). O protocolo para a determinação da MFEL consiste na aplicação de diversas intensidades constantes com duração de 30 minutos, realizadas em dias separados. Em cada uma das intensidades são coletadas amostras sanguíneas em momentos pré-determinados, usualmente a cada cinco ou dez minutos de esforço, para a posterior observação da curva lactacidêmica. A vantagem da aplicação de testes para determinar a MFEL é a identificação individual e mais fidedigna da capacidade aeróbia. Por esse motivo, o método vem sendo utilizado na validação de outros protocolos aeróbios para a avaliação humana (BILLAT et al., 2003; BENEKE, 2003) e em modelos animais (MANCHADO et al, 2006, MANCHADO-GOBATTO et al, 2011).

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Diversos métodos de análise são utilizados para detecção de MFEL. Em um de seus estudos, Beneke (2003) testou a variação da MFEL de acordo com a duração das séries de esforços contínuos, aplicando cinco testes em cicloergômetro, em dias distintos e com duração de 30 minutos. A MFEL foi determinada utilizando critérios de variação inferior a 1mM do 10º ao 30º minuto de exercício, alteração menor que 0,5 mM do 10º ao 20º minuto e alteração inferior a 0,2 mM do 10º ao 20º minuto. Os resultados desse estudo demonstraram existir diferenças entre os critérios de determinação da MFEL, sugerindo melhores resultados com o critério de variação lactacidêmica igual ou inferior a 1mM, do 10º ao 30º minuto de exercício. Além disso, o tempo de pausa para coletas de sangue pode interferir no resultado da MFEL, sendo que pausas maiores geram intensidades também maiores de MFEL (BENEKE et al., 2003).

Alguns achados também apontam para a existência de ergômetro-dependência na determinação de MFEL (BENEKE 1995; MANCHADO et al., 2006), o que implica em cuidados na generalização de informações equivocadas à cargas de treinamento prescritas pela concentração de lactato sanguíneo. Desse modo, o ideal quando objetiva-se padronizar ou prescrever exercícios com base na MFEL, é adaptar o método à especificidade da modalidade.

Entretanto, diante dessas considerações sobre a MFEL e analisando a dinâmica do esporte atual, sobretudo, o alto rendimento, a sua aplicação se torna muito limitada diante dos diversos fatores envolvidos na rotina de treinamento como periodização do treinamento, viagens, estudo e aspectos sociais e psicológicos dos atletas. Assim, no âmbito do esporte de alto rendimento, testes e avalições fisiológicas devem ser preferencialmente práticas, não demandar muito tempo, apresentar baixo custo e oferecer indicadores confiáveis para prescrição e avaliação do treinamento. O caráter invasivo das avaliações também deve ser considerado. Nesse sentido, outras metodologias que possam atender a essas demandas do esporte de alto rendimento podem, potencialmente, muito mais atraentes, como, por exemplo, a potência crítica (PCRIT).

O conceito de PCRIT foi proposto incialmente por Monod e Scherrer (1965) verificando uma relação hiperbólica entre uma determinada potência desenvolvida e seu respectivo tempo de exaustão em grupos musculares isolados. O ajuste da função

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hiperbólica ‘intensidade vs. tempo de exaustão’ à dados experimentais revelou a existência de uma assíntota denominada PCRIT que corresponde, teoricamente, a mais alta intensidade em que o exercício pode ser realizado sem exaustão, representando assim, um parâmetro aeróbio (MONOD e SCHERRER, 1965). Acima dessa potência, há a utilização de um estoque limitado de energia anaeróbia para atender as necessidades adicionais do esforço. Segundo o modelo de PCRIT, o esgotamento desse estoque, denominado capacidade de trabalho anaeróbio (CTA), conduz o executante à exaustão (BISHOP et al., 1998). Dessa forma, o modelo mencionado apresenta a vantagem de determinar, por método matemático, tanto a capacidade aeróbia (PCRIT) quanto o estoque de energia anaeróbia (CTA) do avaliado.

Segundo Hill et al. (2002) e Gaesser e Poole (1996), a PCRIT também caracteriza a intensidade de transição entre as predominâncias do metabolismos aeróbio e anaeróbio, estabelecendo a fronteira entre o domínio de intensidade pesado e severo. É permitida a adaptação do modelo hiperbólico inicial sugerido por Monod e Scherrer (1965), linearizando a hipérbole por três equações, nas quais há maior facilidade para análise matemática dos dados obtidos (modelo ‘trabalho vs tempo limite’; modelo ‘potência vs 1/tempo limite’ e modelo ‘distância vs tempo’). O método empregado na determinação da PCRIT e CTA são simples e não invasivo, sendo necessários apenas um cronômetro e um ergômetro. O protocolo consiste na realização de esforços máximos executados em um ergômetro, no qual se verifica o tempo de exercício limite (tlim) em cada intensidade ou no caso da utilização do modelo matemático distância-tempo é necessária a realização de esforços máximos em uma distância pré-fixada. Assim, com os registros dos tempos de exaustão para cada uma das intensidades, são elaborados gráficos de acordo com o modelo matemático a ser utilizado, os quais permitem, por ajuste hiperbólico ou linear, obter resultados de PCRIT e CTA.

Hill (1993) e Bishop et al. (1998) sugerem que três cargas exaustivas distintas são suficientes para tal determinação, desde que o tempo limite de exercício encontre-se entre 1 e 10 minutos. No entanto, outros fatores metodológicos que potencialmente poderiam influenciar na determinação da PCRIT têm sido estudados, com destaque para os diferentes modelos matemáticos (BULL et al., 2000; BERGNSTROM et al., 2014), influência dos estoques energéticos sobre os parâmetros determinados por esse

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modelo (MIURA et al., 2000), suplementação alimentar (MIURA et al., 1999), tempo de recuperação entre cargas preditivas e familiarização ao teste (BISHOP e JENKINS, 1995) e no caso de cicloergômetro, a cadência de pedalada (HILL et al, 1995).

Em humanos, o parâmetro aeróbio do modelo de PCRIT tem mostrado superestimar a intensidade de MFEL (iMFEL) em exercício realizado em cicloergômetro quando comparados de maneira independente (PRINGLE e JONES, 2002; DEKERLE et al., 2003), apesar de serem altamente correlacionados (PRINGLE e JONES, 2002; . No entanto, a PCRIT pode estimar alguns limiares que potencialmente estimam a MFEL, como segundo limiar ventilatório ou ponto de compensação respiratória (DEKERLE et al., 2003) e limiares de lactato (PRINGLE e JONES, 2002; PAPOTI et al., 2013). Somado a isso existem muitas evidências de que a PCRIT possa de fato representar a iMFEL (POOLE et al., 1988; GINN e MACKINNON,1989; JENKINS e QUIGLEY, 1990; POOLE et al., 1990; JENKINS et al., 1998; SMITH e JONES, 2001; OKUNO et al., 2011) ou está muito próxima dela (JENKINS e QUIGLEY, 1990; VAUTIER et al., 1995; BULL et al., 2000; JONES et al., 2008).

Adicionalmente, os conceitos do modelo de potência crítica podem ser estendidos à diversas modalidades esportivas com a utilização de gestos motores e atividades específicas do esporte, com é o caso da natação (WAKAYOSHI et al., 1992; KOKUBUN et al., 1996; TOUBEKIS et al., 2011; PAPOTI et al., 2013), tênis de mesa (ZAGATTO et al., 2008), futebol (SILVA et al., 2005), hockey e rugby (FUKUBA et al., 2011) e canoagem de velocidade (MELO et al., 2002, NAKAMURA et al., 2005).

Assim como já abordado anteriormente, investigações acerca de avaliações mais precisas, específicas e fidedignas estão sendo polarizadas no âmbito esportivo. Nesse sentido, ergômetros adaptados à especificidade de modalidades vêm sendo propostos na literatura. Esse fato pode ser observado, desde a confecção e utilização de equipamentos capazes de determinar a intensidade de esforço de modo clássico, como esteira rolante e cicloergômetro (LAKOMY, 1987), até instrumentos e recursos físicos adaptados a diferentes esportes, como é o caso de sistemas confeccionados com células de carga (PAPOTI et al., 2003, LIMA et al., 2011, GOBATTO et al., 2011, PAPOTI et al., 2013). A adequação de instrumentos para a mensuração, por exemplo, da força, pode ser aproveitada tanto para momentos de avaliação, como em ocasião de

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treinamento. Há bastante tempo atletas utilizam cabos elásticos, por exemplo, como um meio de treinamento.

Em 1987, Lakomy propôs um ergômetro capaz de mensurar a potência e a velocidade de corredores, efetuando corridas velozes em esteira ergométrica. Os atletas foram submetidos a um teste em esteira, em que corriam atados por um cinto e um cabo de aço diretamente conectado a um microcomputador. Desse modo, houve a possibilidade de determinar, de modo mais preciso, os valores referentes à potência máxima, média, mínima e o índice de fadiga. Após análises matemáticas, os valores observados para parâmetros desejados mostraram que esse tipo de ferramenta poderia ser utilizado em laboratórios para análises fisiológicas de corredores velocistas. Procedimento similar foi aplicado por Zemková e Hamar (2004), testando atletas atados à parede localizada atrás da esteira rolante.

Nadadores também foram avaliados de modo atado, realizando exercício em estilo craw para detecção da aptidão anaeróbia (PAPOTI et al., 2003). Após dados recebidos por um sensor conectado a um amplificador de sinais e transmitidos a um microcomputador, foi possível realizar análises matemáticas para a obtenção dos valores de potência máxima, média, mínima e índice de fadiga. Mais recentemente, Papoti et al. (2013) utilizaram com sucesso o método atado para avaliação de parâmetros aeróbios de nadadores, como limiar de lactato, VO2máx e força crítica.

Recentemente, Lima et al. (2011) propuseram o protocolo de corrida semi-atada para determinação das potências máxima, média e mínima, similar ao teste de Wingate, mas mantendo a especificidade do gesto motor dos avaliados (corrida) e o local de treinamento (avaliações ocorrendo em pista de atletismo).

Na canoagem, especificamente na modalidade slalom, nenhum estudo envolvendo a mensuração das condições aeróbia ou anaeróbia por testes atados foi localizado na literatura. Acreditamos que o método atado possa ser um recurso interessante para os procedimentos de avaliação e ainda, uma ferramenta a ser implementada no treinamento de canoístas slalom, uma vez que o ambiente utilizado para a sua prática (i.e. rios ou canais artificiais ambos com corredeiras) impedem a aplicação e controle de intensidade em treinamentos com características contínuas como o treinamento aeróbio.

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2 OBJETIVOS

Geral

 Padronizar testes específicos atados e livres para avaliar a condição aeróbia de canoístas slalom, bem como a relação desses índices com a desempenho atlético em prova simulada dessa modalidade.

Específicos

i) Desenvolver um sistema para avaliação atada em canoístas slalom;

ii) Padronizar os protocolos de força crítica (FCRIT) exaustivo e máxima fase estável de lactato em sistema de canoagem atada;

iii) Comparar e correlacionar os índices de aptidão aeróbia obtidos pelos protocolos de força crítica e máxima fase estável de lactato de maneira atada, bem como analisar as possíveis correlações entre os parâmetros obtidos por esses protocolos com o desempenho em prova simulada de canoagem slalom;

iv) Verificar a validade da VC em estimar a MFEL em testes específicos livres, além de correlacionar as intensidades de VC e MFEL como o desempenho em prova simulada.

Hipóteses

As hipóteses que permeiam o presente estudo são:

i) Será possível desenvolver sistema atado para a avaliação de canoístas, bem como padronizar os protocolos propostos de força crítica e máxima fase estável de lactato utilizando esse sistema;

ii) Os valores dos índices de aptidão aeróbia obtidos pelos protocolos atados não são diferentes entre si, sendo também correlacionados;

iii) A VC estima a MFEL em teste específico livre;

iv) Os índices de aptidão aeróbia obtidos pelos protocolos atados e livres serão correlacionados com o desempenho em prova simulada.

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3 MÉTODOS 3.1 Amostra

A amostra foi composta por 12 atletas de alto rendimento do gênero masculino, pertencentes a Seleção Brasileira Permanente de Canoagem Slalom, com as seguintes características: idade média 18 ± 2 anos, massa corporal 68,1 ± 0,6 kg, estatura 173,6 ± 0,6 cm e 10.3 ± 0.1% de gordura corporal. Todos os atletas possuíam experiência em competições internacionais como a Copa do Mundo e Campeonatos Mundiais, sendo que nove atletas se encontravam entre os 100 primeiros colocados no ranking mundial da modalidade, no ano de realização do 2013.

3.2 Aspectos Éticos

A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP sob protocolo de número 02160812.9.0000.5404. Todos os participantes foram informados previamente de todos os procedimentos a que seriam submetidos, bem como os riscos e, posteriormente, todos assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Na condição de menor de 18 anos, o TCLE foi assinado por um responsável legal.

3.3 Locais utilizados para as padronizações e avaliações

Os procedimentos para a avaliação atada foram desenvolvidos no Laboratório de Fisiologia Aplicada ao Esporte – LAFAE, localizado na Faculdade de Ciências Aplicadas – FCA – Unicamp. As aplicações de estudos piloto para envolvendo o sistema atado foram efetuadas na Lagoa e Rio Piracicaba, com os atletas da Associação de Canoagem de Piracicaba – ASCAPI.

A coleta de dados do presente estudo ocorreu na cidade de Foz do Iguaçu (PR), sede da Seleção Brasileira Permanente de Canoagem Slalom, e os locais utilizados para as coletas foram o canal/pista artificial de Canoagem Slalom da Usina Hidrelétrica Itaipu Binacional, onde foi efetuada a prova simulada; o lago da Usina Hidrelétrica Itaipu Binacional, utilizado para os testes livres e uma piscina semiolímpica (25 metros) municipal, onde foram realizados os testes atados (Figura 1).

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3.4 Delineamento Experimental

O estudo foi composto por avaliações livres (VC e MFEL) e atadas (FCRIT e MFEL), além de uma prova simulada de Canoagem Slalom. Os atletas realizaram um total de 15 a 16 sessões de avaliações, divididas ao longo de 11 dias consecutivos como exemplificado pelo Quadro 1 abaixo.

Quadro 1. Distribuição das avaliações realizadas.

DIA MANHÃ TARDE

Avaliação antropométrica Testes livres (carga preditiva de VC)

Testes livres (carga preditiva de VC) Testes livres (carga preditiva de VC)

Simulação de prova Descanso

Testes atados (carga preditiva de FCRIT)

Testes atados (carga preditiva de FCRIT)

Testes atados (carga preditiva de FCRIT)

Testes atados (carga preditiva de FCRIT)

Testes atados (MFEL) grupo 1 Testes atados (MFEL) grupo 2

Testes atados (MFEL) grupo 1 Testes atados (MFEL) grupo 2

Testes atados (MFEL) grupo 1 Testes atados (MFEL) grupo 2

Descanso Testes livres (MFEL)

10º Testes livres (MFEL)

11º Testes livres (MFEL)

3.5 Desenvolvimento dos instrumentos/equipamentos necessários para a avaliação de parâmetros aeróbios em canoagem slalom de modo atado.

Inicialmente, havíamos proposto o desenvolvimento de um equipamento para realização dos testes atados, representado pela figura 2, o qual seria composto por uma robusta estrutura metálica fixada ao solo por conjuntos de anilhas, onde o sistema de mensuração de força seria acoplado. Essa estrutura foi pensada a partir de estudos anteriores realizados pelo nosso laboratório (LAFAE-UNICAMP), com avaliações atadas em nadadores de elite utilizando estrutura semelhante (PAPOTI et al., 2013).

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Figura 2. Modelo esquemático do sistema original que seria desenvolvido e utilizado

para a determinação da força em testes específicos atados para canoagem slalom.

Entretanto, após várias discussões com a equipe de pesquisadores envolvidos no projeto, entendemos que algumas limitações oferecidas pela estrutura metálica, especialmente a dificuldade de transporte e a incerteza se tal estrutura suportaria a força gerada pelo canoísta em teste atado, acabariam por dificultar bastante o desenvolvimento do projeto. A partir desse diagnóstico, passamos à buscar soluções para o desenvolvimento de um equipamento com quatro importantes características: i) mobilidade e facilidade no transporte; ii) possibilidade do sistema ser acoplado em qualquer piscina; iii) apresentar estabilidade suficiente para suportar as forças aplicadas pelos atletas remando de modo atado e iv) que o cabo elástico ficasse paralelo a água.

Nesse contexto, várias ideias surgiram, dentre elas a construção uma pequena estrutura para ser acoplada ao bloco de saída da piscina. Entretanto, nem todas as piscinas possuem blocos de saída. Surgiu então a ideia de algum equipamento que pudesse ser fixado ao azulejo da piscina, uma vez que esse é comum em todas as piscinas com metragem olímpica ou semi-olímpica. Após muita investigação, encontramos um equipamento utilizado para transporte de chapas de vidro, comercialmente denominado como ventosa por sucção (Figura 3). Tais ventosas

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permitem ser fixadas em superfícies lisas e planas ou levemente onduladas, e suportam grandes cargas (entre 25 a 100 quilos).

Adquirimos então para um estudo piloto de desenvolvimento, uma ventosa de três cabeças da marca VONDER a qual, segundo o fabricante, suporta cargas de até 75 Kg. Após a aquisição da ventosa, efetuamos uma adaptação para fortalecer o braço que liga as três cabeças a fim de fixarmos um parafuso para acoplar a célula de carga (Figura 4).

Figura 4. Ventosa com adaptações e presa a piscina com célula de carga acoplada

pronta para uso.

Figura 3. Ventosa por sucção para

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Posteriormente, iniciamos então os testes piloto em piscina, com os atletas remando atado ao equipamento. A fase toda de testes piloto durou em torno de oito meses, sendo que nesse período foram executadas mais de 40 sessões de avaliações, totalizando aproximadamente 150 testes. Assim, após os testes piloto, pudemos constatar a robustez e eficiência do equipamento para o objetivo proposto. No entanto, a partir dos testes piloto, também detectamos outros aspectos que precisariam ser sanados para a realização do estudo, como a estabilidade do caiaque, diâmetros, espessuras do cabo elástico a serem utilizados para permitir incrementos de cargas adequados aos testes de FCRIT exaustivo e MFEL, além da importância em diagnosticar, com efetividade e precisão, a exaustão dos participantes nas cargas preditivas para o modelo de FCRIT.

3.5.1 Estabilidade do caiaque

Em relação à manutenção da estabilidade do caiaque, no projeto original estava previsto um cabo que seria preso à proa do caiaque e na borda frontal da piscina, a fim de minimizar o deslocamento lateral da parte anterior do caiaque. Entretanto, nos testes preliminares, verificamos que o problema na realidade era com a traseira do barco que, quando atado, apresentava elevada movimentação lateral em função das remadas, movimentação essa não visualizada com atleta remando livre. Assim, após detalhado estudo por meio de registros de vídeo, verificamos que o problema ocorria por conta da popa (traseira) do caiaque apresentar elevação um pouco na situação de remada atada, o que resultava na perda parcial do contato do barco com a água e consequente diminuição do atrito (resistência) aumentando a sua movimentação lateral. Além disso, outro fator que contribuía bastante para a movimentação lateral do barco era a fixação do cabo elástico na cintura do atleta por meio de um cinturão com velcro (Figura 5).

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Figura 5. Fixação do cabo elástico na cintura do atleta.

Dessa forma, para resolvermos esse problema, o cabo de estabilização previsto no desenho original foi retirado e desenvolvemos uma quilha experimental confeccionada manualmente utilizando fibra de vidro e acrílico (Figura 6A.) acoplada a traseira do caiaque para aumentar sua estabilidade e também prender o cabo elástico. Essas modificações funcionaram muito bem, eliminando o problema da estabilização e mantendo a movimentação do caiaque semelhante à observada em remada livre. Após os testes com a quilha experimental, encomendamos então a fabricação de três quilhas em fibra de vidro sob medida para o caiaque que seria utilizado (Figura 6B).

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Figura 6A. Protótipo de quilha desenvolvida manualmente para ser acoplada ao

caiaque e possibilitar a redução de seu deslocamento lateral. 6B. Quilha em fibra de vidro, construída sob medida para ser inserida em caiaque durante as avaliações atadas.

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3.5.2 Diâmetros e espessuras do cabo elástico (tubo de látex)

A escolha do cabo elástico a ser utilizado se deu por tentativas e erros e envolveu vários testes preliminares. Existem vários tipos de tubos de látex comerciais que são classificados por seu diâmetro e espessura das paredes, sendo a resistência proporcional a esses parâmetros. Assim, foram selecionados para os testes de FCRIT exaustiva e MFEL o cabo elástico da marca Altaflex (São Paulo, Brasil) com diâmetro de 10 mm e espessura de 3 mm (Figura 7A), que permitiu incrementos de cargas adequados aos testes.

Após a seleção do tubo para os testes de FCRIT exaustiva e MFEL, realizamos um teste de alongamento no tubo 10x3mm para verificar a existência de linearidade entre a distância alongada e a resistência oferecida. O teste consistiu em alongar o tubo por 10 m de maneira progressiva, registrando a força aplicada a cada metro de alongamento para verificar se a relação entre aumento de alongamento e aumento de força são lineares. O resultado está demonstrado na Figura 7B, revelando a linearidade entre alongamento e força aplicada em uma taxa média de aumento de 8,4 ± 1,3 N a cada metro alongado.

Figura 7A. Cabo elástico utilizado para os testes atados de Fcrit e MFEL. 7B.

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Dois outros importantes aspectos pontuados ao longo do estudo piloto foram o controle/manutenção da intensidade de exercício em testes atados, bem como critérios de exaustão a serem adotados nos procedimentos que dependiam essencialmente desse ponto.

No estudo piloto as intensidades de remada para todos os testes atados (força crítica e MFEL) foram controladas por meio de cones dispostos juntamente a borda da piscina a cada 0,5 metros, começando a partir de 2 metros (Figura 8), sendo que os atletas foram orientados a permanecerem com o corpo no mesmo alinhamento dos cones da borda da piscina durante a realização de cada esforço. Para isso, um remo foi utilizado, sendo o atleta instruído à manter sua cabeça alinhada ao cone + remo (Figura 9).

Figura 8. Representação esquemática da disposição dos cones na borda da piscina

para o monitoramento da intensidade.

Na tentativa de propiciar um rápido feed back ao atleta, um observador/avaliador provia instruções verbais durante todo o teste, orientando-o sobre sua posição em relação ao cone. Todas essas estratégias também subsidiaram a aplicação dos critérios de exaustão no estudo piloto, sendo esses considerados a não permanência do avaliado no referencial adequado por mais de 10s na linha do limite inferior estabelecido para a intensidade (Figuras 9A e 9B) ou exaustão voluntária.

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Figura 9A. Modelo referencial para o atleta controlar a intensidade e para o observador,

na borda da piscina, aplicar os critérios de exaustão. 9B. Referencial para o observador aplicar critério de exaustão.

Por acreditarmos no sucesso dessas tentativas, para as coletas de dados oficiais, o aparato inserido na borda lateral da piscina foi composto por um cone e uma haste, confeccionada em tubo de PVC (Figura 10B)

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Figura 10A. Estratégia utilizada para controle da intensidade de esforço. 10B. Aparato

confeccionado em tubo PVC, atrelado a um cone, sinalizando o local onde o atleta deveria se manter durante a intensidade de esforço imposta.

Entretanto, após os testes piloto, identificamos algumas limitações desses critérios, sendo os principais: i) dificuldade dos atletas em olhar lateralmente para os cones por estarem concentrados nas remadas e ii) subjetividade do observador/avaliador em estabelecer os limites de intensidade visualmente.

Dessa forma, para tentar eliminar essas limitações e estabelecer critérios mais confiáveis e sensíveis, desenvolvemos um sistema fotoelétrico com dispositivo sonoro para auxiliar os atletas na manutenção da intensidade, estabelecendo, com precisão, as

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zonas de intensidade previamente definidas. Após confecção desse aparato, foi possível eliminarmos as duas principais limitações acima destacadas.

O sistema é composto por um sensor fotoelétrico, uma buzina e uma placa reflexiva de 30 cm de largura (Figura 11). O sensor fotoelétrico emite um feixe de luz que, ao tocar na placa, retorna para o mesmo ponto de emissão não disparando a buzina. Por outro lado, quando o feixe de luz não toca na placa e não o reflete para o mesmo ponto de emissão, a buzina é então acionada. Dessa maneira, quando o sinal sonoro é ativado, o atleta recebe a informação imediata indicando que está fora da sua zona de intensidade (acima ou abaixo). Durante as avaliações, nos momentos em que o sinal sonoro era disparado, os atletas sabiam se estavam abaixo ou acima da intensidade estabelecida e rapidamente ajustavam a remada. Quando o mesmo não tentava um reajuste, o observador auxiliava verbalmente, pedindo para o atleta "subir" ou "descer" o barco em relação ao cone de marcação.

Para todas as intensidades foi estabelecido um range de variação da intensidade, que é a distância que o atleta poderia variar com o caiaque, abaixo e acima da marcação dos cones. O range de variação adotado nas avaliações foi 15 cm para cima ou para baixo, o que representou, em termos de força, aproximadamente 1,5 N (Figura 11). Quando essa variação era maior, a buzina era ativada pelo sistema fotoelétrico.

Como critério de exaustão foi estabelecido a permanência de 10 s abaixo da zona de intensidade estabelecida por duas vezes consecutivas ou três vezes de não consecutiva e exaustão voluntária do atleta. Entretanto, toda vez que o atleta ficava fora da zona de intensidade, além do alerta sonoro, simultaneamente o observador estimulava verbalmente o atleta a retornar à intensidade correta.

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Figura 11. Sistema para o controle de intensidade e critério de exaustão, composto por

uma placa reflexiva, sensor fotoelétrico aplicado ao barco e uma buzina para emissão de sinais sonoros.

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Figura 12. Sistema de controle de intensidade e critério de exaustão em uso.

3.6 Especificações das avaliações atadas

Todas as avaliações atadas foram realizadas em piscina semiolímpica (25m) e procedidas com o auxílio de um aparato, especialmente desenvolvido para capturar e registrar a força em remada atada. O aparato construído, denominado Sistema de Medição de Força Atado (SIMFA) (Figuras 13 e 14) é composto por duas partes, uma para captação de sinais e outra de controle de intensidade. A parte do sistema para captação e processamento de sinais é composto uma célula de carga modelo CSL/ZL (MK Controle e instrumentação Ltda.) com capacidade de 250 kgf, contendo strain gauge como elemento sensor primário a partir da aplicação elétrica de pontes de Weatstone (1/2 Bridge). O dinamômetro foi fixado a uma ventosa de sucção e, em seu centro, foi inserido um gancho metálico, onde foi conectado um cabo elástico. Na extremidade oposta ao cabo elástico, conectou-se um mosquetão que foi fixado ao caiaque. A deformação no strain gauge detectada pelas pontes de Weatstone devido à tensão gerada pelos esforços de remada dos canoístas gera uma tensão elétrica que segue por um módulo amplificador antes de ser convertido em um sinal digital por meio de um módulo modelo USB 6008 (National Instruments®) que também serviu como

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interface com o computador. Durante os esforços, os sinais foram obtidos em uma freqüência de 1000 Hz, processados e filtrados por meio do software LabView Signal Express 2.0 (National Instruments®). A parte relativa ao controle da intensidade é composto por uma marcação visual de posição (cone e prolongador) e um sistema fotoelétrico e sonoro. Com a utilização da reta de calibração realizada com anilhas de pesos conhecidos, os valores de sinal (strain) foram convertidos em unidades de massa (quilograma) e posteriormente em força (N).

Figura 13A. Componentes da parte de captação e processamento de sinais do SIMFA. 13B. Componentes do sistema de controle da intensidade do SIMFA.

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Figura 14A. Desenho esquemático do SIMFA com todos seus componentes. 14B.

SIMFA em condições reais de uso.

3.7 Determinação da força crítica e capacidade de remada anaeróbia por método exaustivo

Para a determinação da força crítica (FCRIT) e capacidade de remada anaeróbia (CRA) por método exaustivo, os atletas foram submetidos a quatro cargas preditivas com intensidades variando entre, aproximadamente, 42N e 84N, o equivalente ao alongamento do cabo elástico entre, 5 e 10 metros. Tais intensidades foram selecionadas para que a exaustão voluntária ocorresse entre 1 e 10 min de exercício. O aumento da intensidade se dava pelo alongamento do cabo elástico de 0,5 metros ou 1 metro, dependendo da necessidade, conforme modelo esquemático expresso na Figura 15.

Figura 15. Exemplo esquemático da determinação de Fcrit, CRA e MFEL, com a

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A FCRIT e CRA foram estimadas por dois ajustes matemáticos: hiperbólico (FCRITHiper) e linear (FCRITLin) (HILL, 1993) (Figura 16). No modelo hiperbólico, FCRIT e CRA equivalem, respectivamente, à assíntota e à curvatura do ajuste. Já para o modelo linear, FCRIT corresponde ao coeficiente linear e a CRA, ao coeficiente angular da reta de regressão. Ressalta-se que, no presente estudo, a CRA não foi considerada. Em ambos os modelos, os valores de R2 foram utilizados para analisar a característica matemática dos ajustes.

Figura 16. A) Determinação da FCRIT e CRA de acordo com o modelo hiperbólico. B)

Determinação da FCRIT e CRA de acordo com o modelo linear.

Os registros de força durante os testes foram capturados continuamente, possibilitando análises posteriores de características associadas com a manutenção de esforço e exaustão. Como critérios de exaustão foram estabelecidos a permanência de 10 s abaixo da zona de intensidade estipulada por duas vezes consecutivas ou três não consecutivas, e ainda a exaustão voluntária do atleta.

3.8 Determinação da máxima fase estável de lactato em remada atada

Para determinar a MFEL de canoístas em exercício de remada atada, os atletas foram submetidos a três ou quatro testes contínuos, separados por intervalo mínimo de 12 horas, com duração de 30 min. Para tanto, as intensidades contínuas de exercício foram impostas pelas diferentes resistências do cabo elástico como descrito

T e m p o ( s ) 1/Tempo (s) Força (N) F o a ( N )

t = CRA/(Força - Fcrit) Força = Fcrit + (CRA x 1/tlim)

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anteriormente no modelo da Figura 15. As intensidades variaram entre aproximadamente 42N e 84N. As concentrações de lactato foram determinadas a cada 10 minutos e a MFEL atada correspondeu à máxima intensidade de exercício em que a elevação lactacidêmica foi igual ou inferior a 1mM de lactato sanguíneo, do 10º ao 30º min. A concentração de lactato equivalente à MFEL correspondeu à média de estabilização lactacidêmica desse período (BENEKE, 2003).

3.9 Prova simulada de canoagem slalom

A simulação de prova foi realizada no canal artificial da Usina Hidrelétrica da Itaipu Binacional. O presente canal é considerado um dos melhores do mundo para a prática da canoagem slalom, sendo utilizado para competições nacionais e internacionais, além de ser o principal local adotado nos treinamentos da Seleção Brasileira Permanente de Canoagem Slalom. A simulação de prova seguiu as normas e critérios estabelecidos pela Federação Internacional de Canoagem. O percurso foi configurado com 24 portas (bastões suspensos, separados pela distância de aproximadamente quatro metros), sendo 18 situadas a favor da correnteza e sete contra a correnteza ou remonta. A distância total entre largada e chegada dos atletas compreendeu aproximadamente 300 metros, com duração de aproximadamente 90 a 100 s para a execução, tempo esse também utilizado em competições nacionais e internacionais da modalidade. Os atletas foram instruídos a percorrer a pista em um menor tempo possível, assim como em uma competição oficial. Como indicadores de desempenho foram utilizados o tempo total do percurso sem descontos com penalidades, e distância total percorrida, que permitiu também o cálculo da velocidade média de prova. Os valores de tempo de prova foram registrados com a utilização de um cronômetro (Cássio, modelo HS-30W-N1V) e a distância total percorrida por um monitor de frequência cardíaca integrado a um sistema global de posicionamento (GPS) (Polar, RS800, Finlândia). Em adição, amostras sanguíneas foram coletadas do lóbulo da orelha antes da execução da prova e após (logo após, 2, 4, 6, 8 e 10 minutos de recuperação) para dosagem de lactato sanguíneo. A figura 17 apresenta a visão geral do canal utilizado para a simulação e o registro do GPS do trajeto percorrido por um dos avaliados.

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Figura 17. A) Visão geral do canal utilizado para a simulação. B) Registro do GPS do

trajeto percorrido pelo atleta.

3.10 Equipamentos utilizados para os testes e simulação de prova.

Todas as avaliações do presente projeto foram realizadas sob caiaque modelo (K1). Para os testes atados foi utilizado o mesmo caiaque para todos os atletas, cujas dimensões de peso, comprimento e largura eram, respectivamente, 16kg, 355cm e 61cm (Figura 18) (Brudeen Náutica, SP, Brasil). Para os testes livres e simulação de prova, com o intuído de respeitar os equipamentos esportivos usados pelos atletas, cada um utilizou do seu próprio barco, com o qual comumente realizava as sessões de treinamentos e competição. Mesmo não sendo apontadas as dimensões individuais de cada embarcação, todos os caíques utilizados eram do modelo K1 e compreendiam os limites mínimos de peso, comprimento e largura de acordo com International Canoe Federation (ICF, 2009) (Peso – 8kg; Comprimento – 350cm; Largura – 60cm). Durante todas as avaliações, os atletas utilizaram do seu próprio remo, caracterizado por duas pás, bem como a vestimenta obrigatória exigida para a prática da modalidade.

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3.11 Antropometria

As variáveis antropométricas medidas foram: massa corporal (Kg); estatura (cm); estatura tronco-cefálica (cm); comprimento membros inferiores (cm); envergadura (cm); diâmetro biepicôndilo umeral (cm); diâmetro biepicôndilo femural (cm); dobra cutânea do bíceps; dobra cutânea do peito; dobra cutânea axilar média; dobra cutânea suprailíaca; dobra cutânea abdominal; dobra cutânea da coxa; dobra cutânea da perna; dobra cutânea do tríceps; dobra cutânea subescapular; circunferência da perna direita (cm) e circunferência do braço contraído direito (cm). Para as medidas de todas as variáveis foram adotados os procedimentos da International Society for the Advancement of Kinanthropometry (STEWART et al., 2011). Para a massa corporal foi utilizada uma balança digital portátil da marca Carrion®, com capacidade máxima de 150Kg e precisão de 100g; para as medidas de diâmetros ósseos um paquímetro ósseo da marca Precision®, para circunferência uma fita antropométrica flexível da marca Cardiomed® e para as dobras cutânea um adipômetro da marca Lange®. A partir das dobras cutâneas o percentual de gordura foi estimado utilizando a equação de Falkner (1968), o que também permitiu o cálculo da massa de gordura corporal e da massa livre de gordura. O Somatotipo foi calculado pelo método proposto por Heath e Carter (1967) a partir de variáveis antropométricas, que permite estimar três componentes morfológicos, endomorfo, ectomorfo e mesomorfo.

Figura 18. Caiaque utilizado para as

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3.12 Procedimentos estatísticos

As análises estatísticas de todos os resultados foram executadas com auxílio do pacote estatístico Statistica, versão 7.0 (Statistica, Tulsa, USA) e para todas as análises, o nível de significância adotado foi P<0,05. Todos os dados inicialmente foram submetidos ao teste de Shapiro-Wilks e Levene, para verificar, respectivamente, a normalidade e homogeneidade. Uma ANOVA one way, seguida pelo post-hoc de Tukey, foi utilizada para a comparação entre MFEL, FCRIT linear e FCRIT Hiperbólico e, para verificar a concordância entre as três metodologias, a análise gráfica de Bland e Altman (1986) foi aplicada. Para a correlação entre MFEL, FCRIT linear e FCRIT hiperbólico com desempenho em prova simulada foi utilizado o teste de correlação linear de Pearson e para comparação dos coeficientes de determinação (R2) entre FCRIT linear e FCRIT hiperbólico foi utilizado o teste t-student pareado. Os resultados parciais estão apresentados em média ± erro padrão da média (EPM).

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4 RESULTADOS

Para um melhor aproveitamento dos resultados obtidos na presente tese, eles serão apresentados em forma de artigos científicos, com exceção dos resultados relativos a avaliação antropométrica que será apresentada em anexo ao final da tese. Os artigos que serão apresentados dizem respeito às avaliações atadas e livres e sua relação com o desempenho em prova simulada.

Artigo 1

O primeiro artigo é intitulado “TESTES DE MAXIMA FASE ESTÁVEL DE

LACTATO E FORÇA CRITICA APLICADOS A CANOISTAS DE ELITE UTILIZANDO SISTEMA DE CANOAGEM ATADA”. Este estudo visa atender as três objetivos

específicos, quais sejam: i) desenvolver sistema para avaliação atada em canoístas slalom; ii) padronizar os protocolos de força crítica exaustivo e máxima fase estável de lactato de maneira atada à canoagem slalom e iii) comparar e correlacionar os índices de aptidão aeróbia obtidos pelos protocolos de força crítica e máxima fase estável de lactato de maneira atada, bem como correlacionar esses índices com a desempenho em prova simulada. O presente estudo foi submetido ao periódico International Journal of Sports Medicine.

Artigo 2

O segundo artigo é intitulado “VELOCIDADE CRÍTICA ESTIMA A MÁXIMA FASE

ESTÁVEL DE LACTATO EM CANOISTAS SLALOM DE ELITE”. Este estudo visa

atender ao objetivo específico quarto, ou seja, verificar a validade da VC em estimar a MFEL em testes específicos livres, além de correlacionar as intensidades de VC e MFEL como o desempenho em prova simulada. Este estudo ainda não foi submetido a nenhum periódico.

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4.1 Artigo 1

TESTES DE MAXIMA FASE ESTÁVEL DE LACTATO E FORÇA CRITICA APLICADOS A CANOISTAS DE ELITE UTILIZANDO SISTEMA DE CANOAGEM

ATADA

MAXIMAL LACTATE STEADY STATE AND CRITICAL FORCE TESTS APPLIED TO ELITE SLALOM KAYAKERS USING TETHERED CANOE SYSTEM

Homero Gustavo Ferrari1,2, Leonardo H.D. Messias1, Ivan G.M. Reis1,2, Filipe A.B. Sousa1, Camila C.S. Serra1 e Fúlvia B. Manchado-Gobatto1,2

1

Faculdade de Ciências Aplicadas - UNICAMP, Limeira/SP; 2Faculdade de Educação Física – UNICAMP, Campinas/SP

Apoio: FAPESP (processo n°-2012/06355-2), CNPQ (processo n°-472277/2011-1), FAEPEX (processo n°-756/13).

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RESUMO

A performance na canoagem slalom é determinada por habilidades técnicas e aspectos fisiológicos, além disso, possui elevada demanda cardiovascular e metabólica e significante contribuição dos metabolismos aeróbio e anaeróbio, o que torna a aptidão aeróbia importante para a performance. O estudo objetivou propor os testes de máxima fase estável de lactato (MFEL) e força crítica (FC) em sistema de canoagem atada e investigar a relação entre os índices aeróbios obtidos por essas avaliações com a performance em prova simulada de canoagem slalom. Participaram 12 canoistas de elite pertencentes a Seleção Brasileira de Canoagem Slalom. Os participantes realizaram quatro testes exaustivos para FC obtida por ajustes hiperbólico (FChiper) e linear (FClin), três testes contínuos de 30 minutos para a MFEL e uma prova simulada de canoagem slalom. Os testes atados foram realizados utilizando um sistema de canoagem atado por meio de registro de força. Os principais resultados indicam não haver diferença estatística (P>0,05) entre FChiper (65,9 ± 1,6 N) e intensidade correspondente a MFEL (iMFEL) (60,3 ± 2,5 N), além de serem significantemente correlacionadas (r= 0,82, p=0,002), no entanto, FClin (71,1 ± 1,7 N) foi significativamente maior que iMFEL. Correlação negativa e significante (r= -0,67, P<0,05) foi obtida entre iMFEL e desempenho em prova simulada (tempo de prova). Dessa forma, testes de MFEL e FC em sistema de canoagem atada podem ser utilizados para avaliação aeróbia de canoístas slalom. Além disso, a FChiper pode ser utilizada como meio alternativo, prático, de baixo custo e não invasivo para estimar a iMFEL, que por sua vez está relacionada com o desempenho.

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ABSTRACT

Among other aspects, aerobic fitness is indispensable for training performance and dynamics in canoe slalom. The purpose of this study was to suggest maximal lactate steady state (MLSS) and critical force (CF) tests using a tethered canoe system and investigate the relationship between the aerobic indexes obtained by such evaluations and the performance in a simulated canoe slalom competition. Twelve elite canoeists who belong to the Canoe Slalom Brazilian team participated of this study and they underwent four exhaustive tests for CF, which was obtained by hyperbolic (CFhiper) and linear (CFlin) models, three 30-minute continuous tests to determine MLSS and a simulated canoe slalom competition. The tethered tests were conducted using a tethered canoe system to obtain the force records. The main results indicate that there is no statistical difference (P<0.05) between CFhiper (65.9 ± 1.6 N) and MLSS corresponding to intensity (iMLSS) (60.3 ± 2.5 N); however, CFlin (71.1 ± 1.7 N) was significantly higher than iMLSS. A negative and significant correlation (r= -0.67, P<0.05) was obtained between iMLSS and the simulated competition performance (competition time). Therefore, MLSS and CF tests on a tethered canoe system may be used for the aerobic assessment of slalom canoeists. In addition, CFhiper may be used as an alternative, easy, low-cost and non-invasive method to estimate iMLSS, which is related to performance.

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INTRODUÇÃO

A Canoagem Slalom é uma modalidade praticada sob embarcação e dividida em três classes: caiaque individual (K1), canoa individual (C1) e canoa dupla (C2). Faz parte oficialmente do programa dos jogos olímpicos desde 1992 em Barcelona e pode ser realizada em rios naturais ou artificiais com corredeiras, ondas e redemoinhos. Além disso, durante o percurso (~200-400 metros) são colocadas portas (obstáculos) a favor e contra a correnteza onde os atletas devem ultrapassar remando sem tocá-las. O objetivo da competição é navegar o percurso do rio vencendo os obstáculos no menor tempo possível, sem cometer faltas (MESSIAS et al, 2014).

A performance na competição de slalom é determinada por vários fatores, como as habilidades técnicas e aspectos fisiológicos, sendo as competições bem intensas, com elevada demanda cardiovascular e metabólica e significante contribuição dos metabolismos aeróbio e anaeróbio (ZAMPARO et al., 2006). Por isso, o desenvolvimento da aptidão aeróbia é fundamental para a performance nessa modalidade. No entanto, o treinamento aeróbio para canoístas de elite é comprometido, especialmente devido à carência de protocolos específicos para a avaliação individualizada dos atletas e espaços físicos que permitam o controle das cargas de treinamento nessa modalidade (i.e. lagos que não tenham interferência de corredeiras, ondas e redemoinhos). Adicionalmente, em alguns países, fatores climáticos como chuva e neve também prejudicam o treinamento. Como alternativa, algumas equipes utilizam o caiaque ergômetro convencional, que é criticado em relação a especificidade da remada, com diferenças biomecânicas e cinemáticas significativas em relação a remada livre na água (FLEMING et al. 2012), além de não preservar a característica ecológica da modalidade.

Nesse sentido, avalições aeróbias em sistema atado, já bem consolidadas em outras modalidades (MATSUMOTO et al., 1999; PAPOTI et al., 2010; PAPOTI et al, 2013), podem apresentar de grande relevância na canoagem slalom, por permitir maior especificidade na execução dos testes e ampliar as possibilidades para o treinamento, uma vez que esse sistema pode ser utilizado em espaços relativamente pequenos e com água parada, como por exemplo, em piscinas. Apesar disso, esse é o primeiro estudo que adota essa proposta para a canoagem slalom.

Referências

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