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Vivências em um centro de atenção psicossocial com alcoolistas e familiares, relato de experiência

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL –

UNIJUÍ

MARCEL MEDEIROS ROCHA

VIVÊNCIAS EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL COM ALCOOLISTAS E FAMILIARES, RELATO DE EXPERIÊNCIA

IJUÍ – RS 2012

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MARCEL MEDEIROS ROCHA

VIVÊNCIAS EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL COM ALCOOLISTAS E FAMILIARES, RELATO DE EXPERIÊNCIA

Trabalho de Conclusão do Curso de Pós-

Graduação Lato Sensu em Saúde Mental

apresentado ao Departamento de Ciências da Vida (DCVida) da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ, como requisito parcial para obtenção do título de especialista.

Orientadora: Profª. Enfª Msc. Marinez Koller Pettenon

IJUÍ RS 2012

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VIVÊNCIAS EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL COM ALCOOLISTAS E FAMILIARES, RELATO DE EXPERIÊNCIA¹

Marcel Medeiros Rocha² Marinez Koller Pettenon³

RESUMO

Introdução: O presente relato de experiência busca refletir sobre o alcoolismo e a participação em grupos terapêuticos, por dependentes e familiares no que diz respeito ao seu funcionamento, organização e gestão. Incentivado pelas disciplinas ofertadas no Curso de Pós – Graduação em Saúde Mental traz a experiência vivenciada em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), localizado na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. Esta vivencia foi realizada durante três horas diárias com dois encontros semanais por um período de um mês. Objetivo: conhecer e compreender a funcionalidade de um grupo de alcoolistas e familiares em um CAPS, por meio da observação e vivência no local.

Considerações Finais: foi possível compreender sentimentos e dificuldades vivenciadas

por dependentes químicos do álcool e seus familiares. Bem como observar que as condições impostas pela situação coloca os indivíduos em situação de fragilidade, interferindo nas relações interpessoais e provocando alterações na dinâmica familiar. Mediante isso, a equipe multidisciplinar busca garantir uma assistência integral ao dependente e sua família.

Palavra-chave: CAPS- Alcoolismo – Família- Assistência.

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Trabalho de Conclusão de Curso, construído a partir de uma experiência vivenciada. ²

Acadêmico do Curso de Pós Graduação em Saúde Mental da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ. e-mail:...

³

Enfermeira, Mestre em Educação nas Ciências, docente da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ. Professora orientadora do TCC. e-mail: marinez.koller@unijui.edu.br.

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VIVÊNCIAS EM UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL COM ALCOOLISTAS E FAMILIARES, RELATO DE EXPERIÊNCIA¹

Marcel Medeiros Rocha² Marinez Koller Pettenon³

ABSTRACT

This presente account of experence searchs to reflect about alcoohol and the participazing in therapy groups, for addicts and their families, about its funcionality and manegement. Motivated for subjects oferted at degree course - Degree in mental health bring a experience to live in a Psychsocial Atencion Center (CAPS), located at West Board of Rio Grande do Sul. This experence was realized during three hours per day with two meetings per week for a period of a mouth. Objective: Meet and understand the functionality of a alcooholic group and their families in a CAPS, for the way of observation and living at the local. Final Considerations: It was possible to understand feelings and dificults in lives of alcoohol addicts and their families. Analyze too, the required condictions by the situacions put the individuals in a fragile situacion, interfering at interperson relationships, provoking alterations at dinamic family. About the facts, the multiple subjects group quest to garantee an integral assistance to addicts and their families.

Key-Word: CAPS – Alcoohol – Family - Assistance

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Trabalho de Conclusão de Curso, construído a partir de uma experiência vivenciada. ²

Acadêmico do Curso de Pós Graduação em Saúde Mental da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ. e-mail:...

³

Enfermeira, Mestre em Educação nas Ciências, docente da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ. Professora orientadora do TCC. e-mail: marinez.koller@unijui.edu.br.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO... 5

A EXPERIÊNCIA VIVENCIADA... 7

CONSIDERAÇÕES FINAIS... 13

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INTRODUÇÃO

O uso de bebida alcoólica constitui um problema relevante nas sociedades contemporâneas (BASTOS ET AL., 2008). É percebido em todos os segmentos da sociedade, independe da idade e do nível socioeconômico o aumento indiscriminado vem sendo cada vez mais observado entre os indivíduos (LORDELLO, 1998).

Além do uso desenfreado, constata-se que apesar das diferenças socioeconômicas e culturais entre os países, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta o álcool como substancia psicoativa mais consumida no mundo e também como a droga de escolha entre crianças e adolescentes (BRASIL, 2004)

A partir destes dados, percebe-se o quanto o alcoolismo provoca alterações na dinâmica familiar e conseqüentemente na sociedade. O uso indiscriminado provoca distúrbios que não conseguem ser revolvidos, a não ser por profissionais devidamente treinados e qualificados para tal.

O tratamento do alcoolismo é complexo e, dependendo da necessidade do usuário e do recurso disponível, ele pode ocorrer tanto em serviços especializados como nos CAPS ad (álcool e drogas),e também nos serviços de atenção básica, ambulatórios, hospitais e grupos de apoio da comunidade. (FILIZOLA CLA et al.,2006)

O CAPS é um serviço de atenção psicossocial para atendimento de pacientes com transtornos decorrentes do uso e dependência de substâncias psicoativas. Conforme preconizado pelo Ministério da Saúde, esse serviço oferece atendimento diário aos pacientes que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas, permitindo o planejamento terapêutico dentro de uma perspectiva individualizada de evolução contínua. Uma equipe

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multidisciplinar realiza grupos e oficinas terapêuticas para usuários de álcool e outras drogas. Familiares também contam com atenção especial. (BRASIL, 2004)

Observando o quanto o alcoolismo interfere na vida do ser humano, prejudicando- o física e mentalmente, contribuindo para a desordem emocional e desarmonia social, optou-se por realizar um estudo de oboptou-servação num Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS) na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul.

A atuação dos profissionais no tratamento ao dependente químico é complexa e exige o reconhecimento da doença do usuário, o entendimento da desestruturação do contexto familiar e social e o trabalho integrado em equipe, visando sempre o atendimento como método.

Neste contexto, busco relatar minha vivência como aluno da Pós Graduação em

Saúde Mental, no que tange a observação e acompanhamento de um grupo de pessoas com dependência química acompanhadas dos seus familiares. Com o objetivo de conhecer e compreender a funcionalidade de um grupo de alcoolistas e familiares em um CAPS, por meio da observação e vivência no local.

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A EXPERIÊNCIA VIVENCIADA

As atividades desenvolvidas no componente teórico do Curso de Pós-Graduação em Saúde Mental, possibilitou o acompanhamento em um CAPS na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul a um grupo de freqüentadores com pacientes e familiares envolvidos com a difícil situação de serem alcoolistas em recuperação. Para fundamentar o quanto a dependência do álcool atua no psiquismo do usuário, de como transforma sua vida familiar e de como compromete seu comportamento social e expectativa de vida futura, busca-se aqui, destacar a experiência de observação e acompanhamento das pessoas freqüentadoras do grupo. Por meio de diálogo os grupos, são encorajados a manifestar suas necessidades (SOUZA, 2010). Corroborando Spadini e Souza (2010) colocam que na formação acadêmica há uma oportunidade para o exercício de reflexão sobre atuação em atividade grupal.

A inserção neste serviço se deu de forma voluntária todas as quintas-feiras no horário das 9 às 11 h., com duração de 2 horas. Inicialmente houve a apresentação para a equipe do Serviço e para o grupo de usuários, para os quais colocou-se a disposição a proposta de trabalho.

O CAPS conta com atendimentos individuais, psicológicos, clínicos e psiquiátricos, além do atendimento em grupos, como oficinas terapêuticas e grupos de convivência. São ofertados também atendimentos a dependentes químicos.

O referido serviço conta com o atendimento de uma equipe multiprofissional composta por médico clínico geral e psiquiatra, técnicos de enfermagem, enfermeiro, pedagogo, assistente social, terapeuta ocupacional, cuidadores em saúde mental, auxiliar

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administrativo e servente. Atende nos turnos manhã e tarde, semanalmente de segunda a sexta feira, com plantões para casos mais graves.

O atendimento é realizado por esta equipe multiprofissional, respeitando a formação religiosa de cada participante do grupo, buscando a formação e o fortalecimento dos vínculos entre equipe, familiares e sociedade. O trabalho local é desenvolvido tendo como pressuposto a idéia de que uma comunidade, mesmo que terapêutica, pode ser mobilizada na causa da superação de suas necessidades.

Já a estrutura física esta situada em anexo ao hospital municipal e a parte do CAPS é composta de: lavanderia, cozinha, um refeitório, sala de grupo, sala de oficina terapêutica, duas salas de atendimento individual, posto de enfermagem que conta com dois leitos, recepção e sala de administração. O funcionamento de cada CAPS deve constituir a lógica territorial, independente de qualquer estrutura hospitalar. Cada CAPS cria sua própria identidade, vão se desenvolvendo e ganhando contornos mais definidos a partir das necessidades que forem sendo detectadas na prática clinicada necessidade. (Silva, 2004. p.14)

As oficinas terapêuticas oferecidas pelo serviço visam á melhoria do quadro clínico dos usuários, por meio do desenvolvimento de habilidades e do convívio social, são atividades de artesanato que propõe a geração de renda e atividades de expressão. Dentre estas atividades destacam-se as atividades de suporte social, como festividades e atividades realizadas fora da área do serviço. Segundo Ribeiro (2004. P.105) As oficinas representam dispositivos catalizadores da produção psíquica dos sujeitos envolvidos, facilitando o transito social deles na família, na cultura, bem com sua inserção ou reinserção no trabalho produtivo.

A competência social adquirida ao longo da vida implica numa compreensão e integração com o mundo que o sujeito vive.

Também destaca-se a existência da Radio do Caps que é produzida e apresentada por alguns usuários do Caps, na terça-feira é feito um ensaio e discutida a pauta do que será apresentado na sexta-feira pela manhã, com uma hora de duração das 12:00 hs as 13:00 hs, em uma rádio comunitária do município.

A coordenação e a supervisão dos usuários e da rádio é realizada pela terapeuta ocupacional a qual é idealizadora da mesma, os assuntos são os mais variados: beleza,

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esporte, meteorologia, signos entre outros. O objetivo é a inserção com a comunidade, e a busca da inclusão desmistificando a idéia de loucos e excluídos.

Dentre as observações e relatos que vivenciei neste ambiente destacam-se:

Uma das situações que me chamou atenção foi a de uma pessoa em abstinência de álcool, de aparência jovem aparentando 40 ou 50 anos, bem falante, cuidadosamente vestido e disposto a ajudar seus amigos e familiares a exporem seus problemas. Foi proposto que se conversasse sobre o álcool e suas necessidades, compulsão e efeitos.

As sessões iniciam com o usuário narrando sua procedência, filiação e estrutura familiar. Contam uns que são filhos de alcoolistas, relatam seus problemas, suas angústias.

Observa-se que as pessoas estão conscientes quanto ao seu problema. Um dos detalhes que chama a atenção é o fato de trazer em sua genealogia ascendente pessoas consumidoras de álcool. Os estudos não há questão, da hereditariedade. Mas colocam, que a família sofre com o problema vivenciado por um de seus componentes. Observa-se, segundo Gigliotti (2007) que tal situação pode ser vista em algumas famílias onde alguns padrões de comportamento se repetem por gerações, trazendo sofrimento e angústia a seus membros.

O sofrimento causado a família é intenso, mesmo o dependente tendo consciência dos malefícios da droga, ele sente-se impotente para sozinho enfrentar e fugir do problema.

Nos depoimentos expressos pelas pessoas dependentes, bem como os familiares é visível o sofrimento. Fatores também que podem interferir neste sofrimento são as questões de vulnerabilidade social, baixa escolaridade,desmotivação, frustração e outros.

O dependente sabe que é uma questão crucial – o alcoolismo é uma doença. Na verdade, as pessoas associam o alcoolismo à doença pelo fato do mesmo provocar melancolia, tristeza ou solidão. Para Alonso Fernandes (1991) o sentimento de solidão é devastador no alcoolismo, e também é insuportável porque assenta-se no aniquilamento de suas esperanças decorrentes da frustração afetiva.

Segundo Santos Veloso (2008, p.622). “A representação do alcoolismo como doença assemelha-se à interpretação elaborada pelo modelo biomédico, que circunscreve a doença alcoólica no âmbito biológico e fisiológico.”

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Nesse sentido Campos (2005), em seu estudo acerca das representações de

ex-dependentes sobre o contágio e a doença, defende que a maioria concebe o alcoolismo como uma “doença inata”, enraizada no organismo do indivíduo, que constrange a vontade do mesmo, impedindo-o de agir de modo responsável.

A cultura familiar é um importante determinante do comportamento de beber. Fala-se muito na probabilidade que os filhos têm de herdar dos pais padrões de beber excessivo, assimilando tal comportamento, mas é imprescindível considerar também os valores e crenças nele envolvidos. Desta forma, é possível inferir que, quando existem problemas de alcoolismo na família, co-existe o risco desse problema se perpetuar na geração seguinte. (EDWARDS, MARSHALL e COOK, 2005)

Na visão de Messas e Vallada Filho (2004), algumas evidências foram encontradas a respeito da importância dos fatores genéticos na transmissão da vulnerabilidade à dependência do álcool. Isso pode ser melhor compreendido através de um modelo no qual condições biológicas hereditárias podem estar associadas a situações ambientais no decorrer da vida do individuo para a produção da dependência. Sendo assim, a presença de fatores hereditários na gênese do abuso ou dependência do álcool é vista como conseqüência de uma complexa interação de fatores genéticos, psicossociais e culturais.

Percebe-se também nos depoimentos o sofrimento em relação às perdas, humilhações, etc.

O alcoolismo provoca ruptura e desorganização das relações interpessoais, com resultado no desenvolvimento das pessoas e na qualidade de vida e saúde dos que convivem com o problema (SILVA, 2004).

O rompimento de relações interpessoais por tensão familiar pode gerar raiva no paciente alcoolista, o que faz ele recorrer novamente ao uso da droga, na busca de desaparecer ou amenizar este sentimento ruim.

Ao analisar essas relações familiares pode-se observar um distanciamento do dependente desse convívio com os parentes, muitas vezes com vergonha de suas atitudes quando alcoolizado ou então por preferência em conviver com os amigos de bar a seus familiares. Para Zago (1995) o alcoolista vai distanciando-se de sua essência, na medida em que percebe que o valor pessoal esta atrelado à questão da posse e eles são pessoas

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anônimas, desorganizadas, angustiadas, tristes com sentimento de vergonha de mostrar-se por inteiro, sentindo-se um incompetente.

É importante frisar que o alcoolista em recuperação ou dependente químico em questão, diz que está se esforçando para não voltar ao vício. Entretanto, não é fácil sair dessa situação, Gigliotti (2007,) afirma que: O alcoolismo também é semelhante a outras doenças crônicas, principalmente no que diz respeito à adesão ao tratamento e à recaída. Posterior ao tratamento para o alcoolismo, entre 40% a 60% de pacientes se mantém abstêmios por um ano, de 15% a 30% não retornam ao uso pesado, com seqüelas. Geralmente, o tratamento para o alcoolismo é de curto prazo, mesmo assim o índice de recaída não é de 100%.

Na fala do dependente constata-se esforço individual para o tratamento. O fortalecimento de atitudes morais positivamente valorizadas, como “vencer o vício” e “força de vontade”, foi relatada como principal motivador. Conseqüentemente, o próprio uso da substancia e a presença de recaídas durante o tratamento seria um comportamento moralmente desvalorizado, o que poderia levar a uma situação de preconceito perante pares, amigos e familiares. Corroborando Marlatt e Gordon (1980-1985) acreditam que a recaída é influenciada pela inter-relação das situações ambientais condicionadas de alto risco, as habilidades para enfrentá-las, o nível percebido de controle pessoa e a antecipação dos efeitos positivos do álcool. Os autores destacam ainda que a recaída começa bem antes de reiniciar o consumo de álcool.

Observa-se, a partir do relato da pessoa em questão, que ali estava se formando o conceito da “resiliência”, que segundo o SENAD (2008, p.99) seria: “a reafirmação da capacidade humana de superar adversidades e situações potencialmente traumáticas”. Mais adversidades que o mesmo enfrentou, estando quase que incluído no grupo daqueles quase que irrecuperáveis. Ele demonstrou capacidade de superar frustrações e situações de crises pesadas ligadas ao consumo crônico de álcool.

Ressalta-se que a participação da família do usuário no processo terapêutico é de suma importância pois se este tiver o apoio serve como motivação pra enfrentar a doença. O diagnostico e tratamento precoce da dependência ao álcool tem papel fundamental no prognóstico deste tratamento. A família do alcoolista após longos anos de sofrimento e perplexidade torna-se profundamente ferida e desconsiderada em seus fundamentos mais sagrados de amor e união. Involuntariamente a sua base deixa de ser o amor, os cuidados,

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as responsabilidades, enfim, a doação pessoal de cada membro, para tornar-se centrada numa base de magoas, indiferenças e inúmeros ressentimentos. (VIEIRA, 1996)

Percebeu-se que o desenvolvimento do alcoolismo em mulheres passa por diferentes caminhos. Partindo do ponto de vista biológico, as mulheres são metabolicamente menos tolerantes ao álcool do que os homens. A mulher tem mais dificuldade de admitir a doença e de procurar o serviço, sendo em sua maioria os homens os que mais procuram atendimento.

Segundo Nobrega e Oliveira (2005, p.31) A visão da sociedade frente ao alcoolismo feminino é bastante agressivo, a mulher e considerada mais imoral, com comportamento inadequado, sofre com a estigmatização e acaba por procurar tratamento com menos frequência que os homens, o que lhes acarreta mais comprometimentos ao longo do uso.

A perda do apoio social a mulheres usuárias de álcool acontece mais rapidamente, devido à baixa tolerância social em relação ao habito de mulheres beberem.

O trabalho dos profissionais envolvidos na reabilitação das pessoas com dependência química não está somente focado no atendimento individual, mas preconiza o resgate dos vínculos familiares, para isso ofertam apoio à família através de grupos de convivência. A recuperação desses indivíduos passou a ser realizada através de terapias. Os cuidados e tratamentos passaram a ser executados por pessoal qualificado, além da devida participação da sociedade e da família. (BRASIL, 1990-2004)

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A inserção neste local, possibilita a visão de que os profissionais que lá atuam contribuem relativamente enquanto lugar de reabilitação psicossocial para os usuários. A experiência vivenciada foi importante, e contribui para formação de vínculos com usuários e equipe de saúde, garantido a troca de saberes e experiência.

Foi possível também observar a dificuldade de conviver com um alcoolista na família e o quanto isso implica nas mudanças de comportamento dos membros. Quando isso é expresso no grupo, percebe-se a influencia negativa no bem-estar físico e psicológico de todos os integrantes do grupo de familiares e alcoolistas.

O atendimento prestado ao dependente e seus familiares, por parte da equipe multiprofissional, são importantes para contribuir na manutenção da qualidade de vida e bem estar destas pessoas.

Bem como a importância de ter-se um centro de saúde especializado para este atendimento, dada a natureza da sociedade contemporânea, que estimula e reforça o consumo desregrado de bebidas e outras drogas.

O trabalho da equipe multiprofissional neste local é de cuidar e orientar neste processo de mudança para melhor ensejá-los e acompanhá-los. Pois o processo de inclusão do dependente não é simples, e vivenciá-lo também é profundo, pois cada indivíduo é único e tem as suas fragilidades e potencialidades.

A vivência neste espaço chamado CAPS possibilita uma experiência importante para a formação profissional e o contato com usuários e equipe proporciona um aprendizado para

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desmistificar alguns preconceitos existentes para com as pessoas que freqüentam este grupo terapêutico.

Esta experiência expressa como relato de vivencia, poderá também contribuir para que outros profissionais da área da saúde, possam estar ampliando seus conhecimentos em relação á existência de grupos terapêuticos com familiares e alcoolistas, possibilitando assim um atendimento mais qualificado aos usuários que buscam os serviços de saúde.

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