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A disputa por uma política educacional para alunos com dislexia

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIA DA EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

Trabalho de Conclusão de Curso

Márcia Lopes Lima de Omena

A DISPUTA POR UMA POLÍTICA EDUCACIONAL

PARA ALUNOS COM DISLEXIA

Florianópolis 2016

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Márcia Lopes Lima de Omena

A DISPUTA POR UMA POLÍTICA EDUCACIONAL

PARA ALUNOS COM DISLEXIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Ciência da Educação da Universidade Federal de Santa Catarina. Como requisito para obtenção de Graduação de Licenciatura em Pedagogia. Sob a orientação da Professora Drª Rosalba Maria Cardoso Garcia.

Florianópolis 2016

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Márcia Lopes Lima de Omena

A DISPUTA POR UMA POLÍTICA EDUCACIONAL PARA ALUNOS COM DISLEXIA

Este trabalho de conclusão de curso foi julgado (a) adequado (a) para obtenção de Título em Licenciatura de Pedagogia, e aprovado (a) em sua

forma final pelo... Florianópolis, de abril de 2016. _____________________________

Professor Dr. Jeferson Dantas Coordenador do Curso Banca Examinadora: ______________________________ Prof.ª Dr.ª Rosalba Maria Cardoso Garcia

Orientadora

Universidade Federal de Santa Catarina ______________________________ Prof.ª Dr.ª Maria Sylvia Cardoso Carneiro

Universidade Federal de Santa Catarina ______________________________ Prof.ª Dr.ª Maria Aparecida Lapa de Aguiar

Universidade Federal de Santa Catarina ______________________________

Prof.ª Dr.ª Maria Helena Micheils Universidade Federal de Santa Catariana

Suplente

Florianópolis 2016

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Dedico esse trabalho a todos os estudantes e crianças com Dislexia, pois por elas realizei essa investigação por acreditar que com vontade, dedicação e persistência podemos conseguir superar todos os obstáculos que a vida nos apresenta, em especial ao meu sobrinho Eduardo (Dudu).

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AGRADECIMENTO

Nesse momento tão especial meu primeiro agradecimento é para Deus, pois esteve presente comigo nos momentos mais difíceis do meu percurso acadêmico, quando estava em desânimo me dava força e energia para continuar.

Agradeço a minha família, esposo Nilson e filhos Guilherme e Caroline (Carol) por estarem comigo, dando força e carinho dizendo sempre “você vai conseguir”, muito obrigada, pela paciência e o amor que vocês tiveram para comigo, amo muito vocês.

Aos meus pais Olegário e Marivone pela vida, pelo cuidado e amor que sempre me deram, e aos meus irmãos Robson, Rogerio e Rômulo, por cada palavra de força.

Obrigada a minha orientadora Professora Drª Rosalba Maria Cardoso Garcia que me oportunizou realizar essa pesquisa dando um pouquinho do seu tempo para me orientar e acreditou em mim na construção desse trabalho de conclusão de curso.

Muito obrigada aos professores da Universidade Federal de Santa Catarina do Curso de Pedagogia que estiveram presente nesse percurso ao conhecimento acadêmico, não poderia deixar de citar os professores da Universidade do Estado do Amazonas em Tabatinga do Curso de Pedagogia onde tudo começou. Obrigada meus queridos mestres vocês foram maravilhosos.

Aos colegas pelo companheirismo, pelas risadas e pela força nos momentos difíceis.

E a todos aqueles que de uma forma direta ou indiretamente me proporcionaram a realizar o meu sonho de obter o curso superior e o principal, ser uma Pedagoga.

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“[...] da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis”.

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RESUMO

Nesta pesquisa procurei compreender como os estudantes diagnosticados com dislexia estão sendo contemplado na Política Educacional Brasileira, o porquê do disléxico deixou de ser público-alvo da Política Educação Especial, se a Política Educacional Brasileira atende esses estudantes, e se há algum programa ou política que contemple esses estudantes/crianças. O objetivo é apreender os conceitos e as terminologias, discutir a retirada dos estudantes de categoria de público – alvo da Educação Especial e analisar os documentos oficiais desta modalidade de ensino. A metodologia utilizada foi de análise documental e balanço de produção acadêmica. Conclusão: pelos os estudos realizados foi observado que há uma disputa tanto na forma de pensar e diagnosticar pelos estudiosos, como há uma disputa política entre duas vertentes clínica e educacional. Palavras Chave: Dislexia, Política Educacional, Educação Especial.

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LISTA DE TABELAS

Tabela - 1: Quantidade de trabalhos encontrados e selecionados total e por base de dados.

LISTA DE QUADROS

Quadro – 1: Quadro que representa as áreas do conhecimento pelo portal eletrônico da CAPES.

Quadro – 2: Segunda Pesquisa Scielo.br e Google Acadêmico. Quadro – 3: Autores mais citados nas pesquisas.

Quadro – 4: Representa as classificações, divisões e subdivisões da dislexia.

Quadro - 5: Tramitação no Congresso Nacional dos projetos de lei que tematizam uma proposta de atendimento aos estudantes com dislexia.

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LISTA DE SIGLAS

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CEB – Câmara de Educação Básica

CID – Classificação Internacional de Doenças CNE – Conselho Nacional de Educação

DPAC – Distúrbio do Processamento Auditivo Central ES – Espírito Santo

GO – Goiás

LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MEC – Ministério da Educação

MS – Mato Grosso do Sul MT – Mato Grosso

NEE – Necessidades de Educacionais Especiais PB – Paraíba

PI – Piauí

PL – Projeto de Lei

PLS – Projeto de Lei do Senado PLs – Projetos de Lei

PMDB – Partido do Movimento Democrático Brasileiro PP – Partido Progressista

PPS – Partido Popular Socialista PR – Partido da Republica PSC – Partido Social Cristão

PSDB – Partido da Social Democracia Brasileira PT – Partido dos Trabalhadores

PT – Partido dos Trabalhadores RJ – Rio de Janeiro

RS – Rio Grande do Sul

SCIELO – Scientific Eletronic Library Online TCC – Trabalho de Conclusão de Curso

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SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO ... 11

2 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS... 13

2.1 - Balanço de Produção Acadêmica ... 13

2.1.1 - Análise documental ... 21

3 - OS PRIMEIROS RELATOS SOBRE A DISLEXIA ... 22

4 - QUANTO AO CONCEITO DE “DISLEXIA” ... 23

5 - DISLEXIA E POLÍTICA EDUCACIONAL NO BRASIL ... 27

5.1 - Como a Política Educacional atende os estudantes ... 27

5.1.1 - O começo de um recomeçar ... 32

6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 55

7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ... 57

8 - APÊNDICES ... 62

8.1 - Apêndice 1 ... 62

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1 INTRODUÇÃO

O interesse pela temática da referente pesquisa iniciou quando tomei conhecimento que em minha família uma criança havia recebido o diagnóstico de dislexia. Ao me aproximar do assunto percebi que muitos profissionais (professores) não tinham conhecimento específico do que vinha a ser uma criança com dislexia.

Ao ingressar na graduação busquei compreender o desenvolvimento infantil, como as crianças aprendem e se desenvolvem e entender como a dislexia poderia interferir nos processos de aprendizagem das crianças. Porém, minha preocupação só fez aumentar, pois percebi que essa condição dos sujeitos quase não era citada nos debates acadêmicos, os quais referiam mais outras condições tais como crianças que possuíam alguma deficiência, transtornos, e síndromes. Portanto, ao cursar as disciplinas do Curso de Pedagogia, fui percebendo a ausência ou presença discreta da discussão sobre os processos de aprendizagem escolar de crianças com dislexia.

Minha inquietação só aumentou até a fase onde teríamos a disciplina de Educação Especial, quando pensei que resolveria a necessidade de estudar a temática referida, mas de novo fiquei frustrada por saber que esse sujeito com o diagnóstico de dislexia não fazia mais parte do público-alvo da Política da Educação Especial no Brasil.

Para minha tristeza percebi que para a criança com esse diagnóstico, isso quando se é diagnosticado, não estava sendo proposto um atendimento especializado ou específico ela não estava sendo contemplada pela política educacional brasileira, o que considerei ser necessário para seu desenvolvimento.

Passei então a questionar: Como os estudantes diagnosticados com dislexia estavam sendo atendidos nas escolas? Como o processo ensino/aprendizagem é tratado nas políticas educacionais? Por compreender que essa criança possui um diferencial para aprender a ler e escrever, quais os meios utilizados para atender esse sujeito?

Tendo em vista as questões apresentadas, elaborei como objetivo geral da minha pesquisa compreender se e como os estudantes diagnosticados com dislexia estão sendo contemplados na Política Educacional Brasileira, e como objetivos específicos, apreender os conceitos e as terminologias que se referem à dislexia para uma melhor compreensão em âmbito educativo; discutir a retirada dos

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estudantes/crianças com dislexia da categoria público-alvo da política de educação especial brasileira; e analisar os documentos oficiais da Educação Especial a respeito para uma melhor compreensão.

Ao longo da minha caminhada profissional, nas escolas em que atuei, observei que estudantes considerados com dificuldades para aprender e sem diagnóstico, sem saber o porquê de sua condição, podem ficar desestimulados, acreditando que não há solução para sua escolarização. Nesse percurso vi e ouvi crianças questionando sua própria capacidade para aprender.

A este respeito percebi que mesmo sendo uma criança/estudante, percebe que é diferente, pois observa que ao realizar sua atividade não consegue executar com o mesmo sucesso como o amigo/colega, e a maneira como o tratam é de forma distinta dos outros estudantes. Alguns profissionais (professores) consciente ou inconscientemente tratam uma criança com dislexia de forma diferenciada.

Penso, quando um aluno com o diagnóstico de dislexia ou outra condição que interfira no processo de aprendizagem, e consegue rapidamente um acompanhamento pedagógico, acredito que seu processo de aprendizagem pode ser mais eficaz, elevando sua autoestima, por perceber que terá maior chance de aprender e se desenvolver com melhor qualidade no ensino/aprendizagem.

Quanto aos professores, ao saber que o estudante possui essa especificidade poderá desenvolver novas estratégias pedagógicas, agregar seu trabalho com os dos estudantes sem dislexia, e não se desestimulará por tentar e não obter resultados tão rápidos como de alunos sem dislexia, pois entenderá que estará trabalhando com um sujeito que possui uma especificidade para aprender e desenvolver.

O que me levou também a pesquisar o que está proposto na política educacional brasileira para os estudantes com dislexia foram as nomenclaturas utilizadas, tais como Transtorno de Déficit de atenção com Hiperatividade – TDAH, Distúrbio do Processamento Auditivo Central – DPAC, e a Dislexia. Tais terminologias carecem de maior apreensão nos processos escolares, figurando como diagnósticos que indicam concepções relativas à aprendizagem.

Observei que os autores FANDINI e CAPELLINI (2011), LIMA, SALGADO E CIASCA (2011), CAPELLINI et. al. (2012) utilizam nomenclatura como transtorno, desordem, síndrome, para dislexia, porém a dislexia aparece em suas produções como “dificuldade de aprendizado”. Assim me atentei, o quanto essas “dificuldades” ou essa “dificuldade” poderia atrapalhar o desenvolvimento desses

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estudantes, minha opção é pelo uso do termo dislexia, que me instigou a realizar essa pesquisa.

Minha intenção nessa pesquisa é analisar e interpretar as políticas educacionais e relacioná-las com a produção intelectual existente, para poder obter uma melhor compreensão da atenção educacional destinada às crianças com dislexia.

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A presente pesquisa foi desenvolvida mediante o desenvolvimento de dois procedimentos de pesquisa: balanço de produção acadêmica e análise documental.

2.1 Balanço de Produção Acadêmica

Para dar início ao meu trabalho de conclusão de curso tive que realizar uma procura por artigos que possibilitassem conhecer de forma mais abrangente o tema. Contudo, a garimpagem não foi como esperava, pois poucos são os artigos sobre o tema dislexia na área da educação.

O procedimento balanço de produção acadêmica foi desenvolvido em quatro bases de dados Scielo.Org (Scientific Electronic Library Online), Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior), Scielo. br (Scientific Electronic Library Online) e Google Acadêmico, reunindo 705 trabalhos, dos quais foram selecionados 39 , mas utilizados 12.

Tabela 1 - Quantidade de trabalhos encontrados e selecionados total e por base de dados.

BASE

DE DADOS ENCONTRADOS SELECIONADOS

UTILIZADOS PARA A PESQUISA SCIELO.ORG 90 4 3 CAPES 29 - - SCIELO.BR 63 16 3

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GOOGLE

ACADÊMICO 523 16 6

TOTAL 705 39 12

Fonte: Scielo.org, CAPES, Scielo.br, Google Acadêmico. Elaboração própria.

Ao realizar a procura no portal eletrônico scielo.org, (SCIELO – Scientific Electronic Library Online) encontrei noventa artigos utilizando o descritor dislexia, porém os artigos encontrados foram, em sua maioria, publicados por pesquisadores da área da saúde, entre os quais fonoaudiólogos, psicólogos, neurologistas, pesquisando temas como dificuldades de linguagem, alfabetização, memória, escrita, leitura, transtorno de aprendizagem. Porém, ao proceder à leitura parcial dos mesmos percebi que seus artigos, mesmo usando termos utilizados na educação, não apresentam uma visão pedagógica.

No portal eletrônico da CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Banco de teses, foram encontrados vinte e nove registros com o descritor dislexia. Ao analisar os trabalhos, dez áreas do conhecimento foram encontradas como Genética, Pediatria, Sistema de Computação, Psicologia do ensino do desenvolvimento, Clinica Médica, Psiquiatria, Neurologia, Engenharia/Tecnologia/Gestão, Saúde e Biologia. E nove áreas do conhecimento que fazem parte da educação como Educação Física, Linguística, Língua Portuguesa, Música, Saúde e Biologia para educação. Na área da Educação foram selecionados três, porém nenhum utilizado na pesquisa, por seu conteúdo não fazer parte desse recorte dessa pesquisa1.

Quadro 1 - Quadro que representa as áreas do conhecimento pelo portal eletrônico da CAPES.

1 Os critérios utilizados para essa pesquisa foi utilizar pesquisas pudesse ajudar no entendimento do conceito e historia da dislexia, e que trouxesse informações sobre dislexia no parâmetro das Políticas Educacional Brasileira e Política da Educação Especial no sentido atender esse sujeito.

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CAPES ÁREAS DO CONHECIMENTO

ENCONTRADAS ÁREA DO CONHECIMENTO DA EDUCAÇÃO

Genética Educação Física

Pediatria Linguística

Sistema de Computação Língua Portuguesa

Psicologia do ensino do

desenvolvimento Música

Clinica Médica Saúde e Biologia para educação

Psiquiatria Neurologia Engenharia/Tecnologia/Gestão Saúde Biologia EDUCAÇÃO

Elaboração própria. Fonte: CAPES

Para obter mais recursos para a pesquisa realizei mais um segundo balanço, também nos portais SCIELO.BR e GOOGLE ACADÊMICO. Pelo sistema SCIELO.BR foram encontrados sessenta e três trabalhos, mas destes foram selecionados dezesseis trabalhos, que em sua maioria tinham como objetivo comparar, traçar, analisar, mapear, verificar, relacionar, revisar, discutir, identificar e caracterizar o tema da dislexia, mas só foram utilizados três trabalhos por trazer em seu conteúdo os critérios apresentados em rodapé anteriormente.

Ao analisar os trabalhos selecionados percebi que a maioria é da área da psicologia e fonoaudiologia. Observei que as pesquisas, em sua maioria, não citavam os documentos da Política da Educação Especial, e nem da Política Pública Educacional Brasileira. Os temas mais recorrentes que abarcaram a dislexia foram Educação Inclusiva quando o trabalho tratava da inclusão dos estudantes disléxicos, currículos (disciplinas Português, Artes, Educação Física, Inglês), escolas, aprendizado escolar e construção do conhecimento. Nenhum trabalho

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tratou especificamente sobre como os estudantes diagnosticados com dislexia são contemplados no âmbito da política educacional.

No Google Acadêmico foram encontrados quinhentos e vinte e três trabalhos, os quais foram selecionados dezesseis. Mas ao analisar os trabalhos desenvolvidos na área da educação esse total foi reduzido para apenas seis trabalhos.

Quadro – 2: Segunda Pesquisa Scielo.br e Google Acadêmico

TEXTOS ENCONTRADOS PELO SISTEMA GOOGLE ACADÊMICO

TÍTULOS/

AUTORES PERIÓDICOS/ ANO AUTORES TÍTULOS/ PERIÓDICOS/ ANO

1 Desenvolvimento De Ferramentas Pedagógicas Para Identificação De Escolares De Risco Para A Dislexia. Olga Valéria Campana Dos Anjos Andrade; Paulo Sérgio Teixeira Do Prado; Simone Aparecida Capellini REV. PSICOPEDAG. 2011 9 - Ultrapassando As Dificuldades Da Dislexia Atr avés Da Arte. Isabel De Lurdes Sousa Pereira *Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Instituto de Ciências da Educação Mestrado Em Ciências Da Educação – Educação Especial Domínio Cognitivo E Motor 2009 2 - Abordagens Sobre Dislexia Na s Publicações Em Bases Dedados No Período De 2005 CADERNOS DA FUCAMP 2 2010 10 - Dificuldade De Aprendizagem: Principais Abordagens REV. CEFAC 2007

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A 2009 Pricila Fátima Rodrigues Ferreira Freitas, Msc.Rafael César Bolleli Faria Terapêuticas Discutidas Em Artigos Publicados Nas Principais Revistas Indexadas No Lilacs De Fonoaudiologia No Período De 2001 A 2005. Tereza Cristina Ferraz de Lima; Ana Cláudia Rodrigues Gonçalves Pessoa 3 - História E Doença: Imagens Histórico Representativas De Algumas Doenças Antigas E Novas E Da Dislexia Na Escola.

José Arnaldo Vieir a DIA A DIA EDUCAÇÃO NÃO INDICA O ANO 11- Dislexia – Dificuldade Específica Nos Processamentos Da Linguagem. 3 Mônica Abud Perez de Cerqueira Luz *ABP – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGI A 2010 4 - As Dificuldades De Aprendizagem Na Política Da Educação Especial Cenci, Adriane/ Costas, Fabiane *4SÓ DIZ QUE É UM TRABALHO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO/ UNIVERSIDA 12 - Alfabetização: Há Um Melhor Caminho Para A Aprendizagem? Vânia Mara da Silva *PSICOLOGIA.PT PORTAL DOS PSICÓLOGOS 2015

3 Esse trabalho diz ser uma pesquisa, mas não identifica para qual instituição só achei informações da autora.

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Adela Tonetto DE FEDERAL DE SANTA MARIA 2010 Santos/Lucia Helena Tiosso Moretti 5 - Dislexia: Um Desafio Para Os Professores. Carmene De Souza Cruz Otália Moreira De Jesus Vandimar Pereira De Souza Welton Jose Leite *MONOGRAFI A APRESENTAD A AO CENTRO UNIVERSITÁR IO DE BRASÍLIA – UNICEUB. 2005 13 - O Psicólogo Na Rede Pública De Educação: Possibilidades E Desafios De Uma Atuação Na Perspectiva Crítica. Aline Morais Mizutani Gomes *CATÁLOGO USP Instituto De Psicologia 2012 6 - Aprender A Ensinar Para Ensinar A Aprender: A Desacomodação Dos Professores Frente Às Especificidades Dos Alunos. Esp. Daiane Dos Santos Keller Mestranda Em Educação – UNISC Dr. Rodrigo Dos Santos Keller Professor - ULBRA *TRABALHO PARA O SIEDUCA 2011 14 - Inclusão Do Estudante Disléxico No Contexto Escolar. Gomes, Rilda Antônia *BDM-BIBLIOTECA DIGITAL DE AMNOGRAFIAS Monografia (Especialização em Desenvolvimento Humano, Educação e Inclusão Escolar)— Universidade de Brasília. 2012

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7 - Alunos Que Não Acompanham O Ensino: Algumas Tendências De Análise. Ilana Laterman – Ufsc *PROTAL ANPED SUL 2002 15 - Dificuldades De Leitura Nas Séries Iniciais Do Ensino Fundamental. Ceresa, Daniela Mazo Chiarato *REPOSITORIO UNICEUB 2015 8 - Interação Entre Crianças Com E Sem Necessidades Educacionais Especiais: Possibilidades De Desenvolvimento. Márcia Aparecida Marussi Silva É Mestre Em Educação Universidade Estadual De Maringá PR. Maria Terezinha Bellanda Galuch É Doutora Em Educação Universidade Estadual De Maringá PR. INTERMEIO: REVISTA DO PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO. 2009 16 - Análise Da Estrutura Organizacional E Conceitual Da Educação Especial Brasileira (2008-2013). Franco Ezequiel Harlos Fátima Elisabeth Denari Rosimeire Maria Orlando REV. BRAS. EDUC. ESPEC 2014

Elaboração própria. Fonte: Scielo.br e Google Acadêmico

Foi observado durante a pesquisa que o periódico com mais trabalhos com o tema dislexia é a Revista CEFAC – Speech, Language, Hearing Sciences and Education Journal, com doze trabalhos, e as áreas que mais pesquisam a dislexia são: fonoaudiologia e psicologia.

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Foram encontrados cinco periódicos referente/considerados da educação: REV. BRAS. Linguística, PAIDEIA, EDU. REV., DIA DIA EDUCAÇÃO, REV. INTERMEIO, REV. BRA. EDUC. ESPEC. Também foram encontrados outras pesquisas e trabalhos apresentados em congressos por meio de seus portais, bem como monografias e trabalhos de mestrado sem identificação do gênero de texto (se é ou não artigo, dissertação, etc;)

Na análise dos trabalhos foram também identificados os autores mais citados e aqueles mais próximos da área da educação, porém os em negritos que foram utilizados na pesquisa:

Quadro - 3: Autores mais citados nas pesquisas

AUTORES MAIS CITADOS NAS PESQUISAS

ABAURRE, M.B.; AJURIAGUERRA, J.; CAGLIARI, L. C.; CAPELLINI SA,; CAPOVILLA AGS; CIASCA, S. M.; CHARLOT, Bernard; DAVIS, R. D; ELLIS, A. W; FONSECA V.; GERMANO GD; MASSI, G.; PATTO, M. H. S.; PINHEIRO ÂMV.; SANTOS, C. C.; SNOWLING M.; VYGOTSKY, L..

Elaboração própria.

Porém, não foi encontrado nenhum artigo, tese, dissertação ou Trabalho de Conclusão Curso - TCC, diretamente relacionado à presente pesquisa cujo tema é “As Políticas Educacionais voltadas aos Estudantes com dislexia”. Os trabalhos selecionados no balanço de produção desenvolvido, foram classificados de acordo com as categorias: conceituação da dislexia; história da dislexia; dislexia e gênero; tipos de dislexia, os quais contribuíram com a discussão desenvolvida.

Elaborei uma síntese5 de cada trabalho, objetivando reunir os conteúdos que nos proporcionassem mais elementos e estivesse mais

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próximo do tema, de forma a extrair elementos sobre a dislexia, quanto à classificação (tipo de dislexia), dos sujeitos diagnosticados (gênero), a história da dislexia, o conceito de dislexia, pois os trabalhos são bem diversificados com um conteúdo mais clínico do que pedagógico como já foi citado, porém nenhum sobre Política Pública Educacional que ampare esses estudantes.

2.1.1 Análise documental

O procedimento análise documental foi desenvolvido mediante seleção e leitura de documentos representativos da política educacional brasileira. Foram analisados os seguintes documentos:

 Constituição da República Federativa do Brasil (1988);  DECRETO Nº 6.571 de 17 de setembro de 2008;

 Diretrizes Curriculares Nacionais, RESOLUÇÃO de nº 7 de novembro de 2010;

 Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica PARECER 17/2001;

 Diretrizes Nacionais da Educação Especial na Educação Básica, RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 2, de 11 de setembro de 2001;

 Leis de Diretrizes de Base da Educação Nacional nº 9394/1996

 Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva - 2008

 Portaria SEESP/MEC nº 6 de 5 de JUNHO de 2008;

 Projeto de Lei nº 402 de 2009 – (Parecer nº 203 de 2010 e Parecer nº 204 de 2010);

 Projeto de lei de nº 7081/2010 - (Projeto de Lei de nº 3.040 de 2008, Projeto de Lei de nº 4.933 de 2009, Projeto de Lei de nº 5.700 de 2009).

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3 OS PRIMEIROS RELATOS SOBRE A DISLEXIA

Segundo HOUT E ESTIENNE (2001), AJURIAGUERRA (1984), MASSI (2007), ALVES, MOUSINHO E CAPELLINI (2011) os primeiros relatos da dislexia apareceram no ano de 1896, quando um menino de 14 anos declarou que não entendia por que conseguia ser bom em matemática, porém não conseguia aprender a ler e escrever. Segundo Hout e Estienne (2001, p. 18), o menino procurou o médico inglês Pingle Morgan que o atendeu, segundo o médico, o menino tinha uma incapacidade de aprender a ler e escrever, a qual avaliou com “cegueira verbal”.

As primeiras descrições sobre dificuldade de aprendizagem da linguagem escrita segundo Massi (2007), coincidem com a história da própria institucionalização do ensino no século XIX. A autora aponta dois aspectos para essa situação: a primeira relação existente entre universalização/democratização do sistema escolar e os estudos e diagnósticos que estavam sendo elaborados numa perspectiva que se afasta do entendimento desse processo de construção dessa realidade.

Assim, como citado anteriormente a dislexia aparece nas bibliografias dos autores estudados como CIASCA (2008), ALVES, MOUSINHO, CAPELLINI (2011) e ZORZI E CAPELLINI (2009) como “dificuldade de aprendizagem”. Ao analisar o estudo percebe – se que os estudiosos mencionam esse termo, mais do que o termo dislexia. Então me atentei para compreender no que essa nomenclatura poderia contribuir para a compreensão da dislexia.

A aprendizagem como fenômeno relacionado ao ato de aprender vem sendo aprofundado (desenvolvido e pesquisado) desde o último século, mas só nas décadas de 1950 e1970 ganhou maior valor científico, pois alguns pesquisadores realizaram uma restruturação de programas de estudos, por ter intenções de investigar o desenvolvimento psíquico de estudantes. “Tal desenvolvimento trouxe uma série de controvérsias entre teorias, programas e conceitos relacionados a todas as áreas científicas”. (Ciasca, 2003, p. 19).

Na perspectiva de Vigotski (2002, p.115) “a aprendizagem pressupõe uma natureza social específica e um processo através do qual

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as crianças penetram na vida intelectual daqueles que a cercam”, ou seja, a criança aprende desde o momento em que nasce.

Porém, essa nomenclatura “aprendizagem” é complementada como aquisição de conhecimento e mudança de comportamento. Conforme Ciasca (2003, p. 20), “aprendizagem é uma alteração, não é um evento singular, mas um sistema de eventos inter-relacionados”. A autora esclarece que toda e qualquer alteração presente no desenvolvimento da linguagem oral pode resultar em quadro de dificuldade de aprendizagem.

Ciasca (2008. p. 27 - 28) informa que, “A dificuldade escolar pode atingir de 5 a 20% da população em idade escolar em países desenvolvidos, nos quais 7% teriam algum tipo de disfunção neurológica, sendo 5% com sinais neurológicos leves e 2% com disfunções graves”.

Com base nas leituras e segundo os estudos de ANDRADE, PRADO, CAPELLINI, (2011, P. 15), [...] “no Brasil não há dados conclusivos sobre a dificuldade escolar, pois essa desordem não é reconhecida, e não faz parte das categorias oficiais do sistema educacional do nosso país, porém alguns estimam de 2 a 8 %”6.

As leituras realizadas para essa pesquisa indicam que a dislexia atinge em maior porcentagem o gênero masculino de estudantes e tem recorrência familiar. (CRENITTE, SILVA. 2014, p. 464). Zorzi e Capellini (2009, P.18) salientam que “23 a 65% das crianças com pais disléxicos apresentam dificuldade em leitura, o que evidencia que a identificação pode ser realizada precocemente”.

4 QUANTO AO CONCEITO DE “DISLEXIA”

Refletir sobre a dislexia não foi fácil, pois os estudiosos não utilizam um termo padrão, a dislexia também aparece com os termos “Dificuldade de Aprendizagem, Transtorno e Desordem”. Embora não

6 Os autores indicam o percentual de dificuldade de aprendizagem, mas não especificam se tratar de uma estimativa a respeito da população em idade escolar, ou de uma etapa da educação.

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conste na literatura como doença, a dislexia é aceita e reconhecida na Classificação internacional de doenças (CID 107) e sob o código F81 como Transtorno específico do desenvolvimento das habilidades escolares, e também aparece com o código R48 – Dislexia e outras disfunções simbólicas, não classificadas em outra parte, e pelo código R48. 0 – Dislexia e alexia.

Mas o que é a dislexia? Se não é uma doença, o que é então? Para uma melhor reflexão apreendi alguns conceitos científicos para obter compreensão e comparar com o que pesquisei:

Os autores Hout e Estienne (2001, p. 20) contam que Dislexia na Europa em 1968, era definida como:

[...] transtorno da aprendizagem da leitura que ocorre apesar de uma inteligência normal, da ausência de problemas sensoriais ou neurológicos, de uma instrução escolar adequada, de oportunidades socioculturais suficientes; além disso, depende de uma perturbação de aptidões cognitivas fundamentais, muitas vezes de origem constitucional.

Fadini e Capellini (2011, p. 856) explicam que “A dislexia é uma desordem definida como uma dificuldade de realizar leitura, mesmo com inteligência dentro dos padrões normais, motivação e educação adequada”.

Alves, et. al (2011, p.31) afirmam que, a dislexia é um “transtorno específico de aprendizagem da leitura comprovadamente de origem neurobiológico caracterizado pela dificuldade na habilidade de decodificação e soletração, fluência e interpretação”.

7 A Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde

(também conhecida como Classificação Internacional de Doenças – CID 10) é publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e visa padronizar a codificação de doenças e outros problemas relacionados à saúde. A CID 10 fornece códigos relativos à classificação de doenças e de uma grande variedade de sinais, sintomas, aspectos anormais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas para ferimentos ou doenças. A cada estado de saúde é atribuída uma categoria única à qual corresponde um código CID 10.

Disponível em: < http://www.medicinanet.com.br/cid10.htm> Acesso em: 31 de Janeiro de 2015.

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O site da Associação Brasileira de Dislexia8 apresentam a seguinte definição:

A dislexia do desenvolvimento um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração. Essas dificuldades normalmente resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas. (Definição adotada pela IDA – International Dyslexia Association em 2002. Essa também é a definição usada pelo National Institute of Child Health and Human Development – NICHD).

Segundo Pereira (2009), “a dislexia é uma disfunção que interfere no processamento visual, auditivo e motor da criança, dificultando o seu processo de aprendizagem de leitura, independentemente da sua inteligência, do seu nível cultural e da adequação pedagógica”.

Ao ler os conteúdos para pesquisa sobre a dislexia, além dos termos já mencionados, (transtorno, desordem, disfunção), encontrei também os termos Distúrbio Específico da Leitura e Transtorno Específico da Leitura utilizados por alguns autores já citados.

Interpretei, com base nas leituras mencionadas, que dislexia é uma alteração na aquisição da aprendizagem da leitura e da escrita, podendo ter origem neurobiológica, se e quando assim for hereditário.

Os estudos mostraram que os pesquisadores possuem olhares diferentes, por não concordarem com a maneira como são feitos os diagnósticos específicos da dislexia, mas a compreensão predominante

8 Associação Brasileira de Dislexia. Disponível em: <

http://dislexia.org.br/v1/index.php/health-living-c/50-haretra-faucibus-eu-laoreet-9> Acesso em: 11/01/2016.

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indica a dislexia como fenômeno no campo dos transtornos, disfunções e dificuldades relacionadas à aprendizagem.

Massi (2007, p.51) ressalta que “a medicina, distancia do contexto escolar e do entendimento do papel constitutivo neste contexto, vem se mostrando determinante na propagação e perpetuação de um conceito vago [...]”. Também segundo a autora,

[...] a área médica, desprovida de conhecimentos específicos dessa modalidade de linguagem – seu processo de apropriação e funcionamento, bem como do sujeito-aprendiz, acaba por tomar inadvertidamente fatos singulares desse processo como sintomas de uma categoria nosográfica geral, à qual chama de dislexia. (p.52)

Encontrei nos estudos as designações como “Fenômeno” ou “Patologia” para dislexia, tratados de forma critica por MASSI (2007). Também foram encontrados termos que classificam a dislexia, dividida e subdividida como aponta ELLIS (1995).

Quadro – 4: Representa as classificações, divisões e subdivisões da dislexia.

DISLEXIA DO DESENVOLVIMENTO DISLEXIA ADQUIRIDA

DISLEXIAS

Dislexias Periféricas

Dislexia por negligência Dislexia da atenção Leitura não semântica

Dislexias Centrais

Dislexia de superfície Dislexia fonológica Dislexia profunda

(27)

Fonte de referência: Leitura, Escrita E Dislexia: uma análise cognitiva. ELLIS, Andrew W. Modelos de Reconhecimento de Palavras. 2ª ed. Artes Médicas ed. 1995. P. 30

Elaboração própria.

Salientei essas classificações, para mostrar que a dislexia é um tema de estudo que apresenta muitas variantes na forma de ser apreendida e compreendida.

Percebe-se que não há um consenso no conceito da dislexia, o analisar os trabalhos referentes ao tema, os estudos estão divididos em duas vertentes, uma dos estudiosos da perspectiva organicista como, “é representada pela área médica, cujas várias explicações parecem multiplicar-se de acordo com cada especialidade da medicina disposta a esclarecer questões escolares relacionadas ao processo de apropriação da linguagem escrita” Massi (2007, P.30); e a outra dos pesquisadores considerados sociointeracionistas como menciona Signor, (2015):

[...] médicos, psicopedagogos, psicólogos e fonoaudiólogos que embasados na corrente sociointeracionistas, entendem o chamado TDAH e a suposta Dislexia do desenvolvimento como um processo de patologização da educação. Ou, dito de outro modo, acreditam que questões de caráter afetivo, socioeducacional, pedagógico, linguístico, cultural e político se transformam em aspectos de ordem orgânica na escola e na clínica. (p. 972).

Com base nesses achados, a compreensão da Dislexia vai estar de acordo com o processo de definição do diagnóstico, ou seja, de acordo com cada autor concebe a dislexia em sua perspectiva.

5 DISLEXIA E POLÍTICA EDUCACIONAL NO BRASIL 5.1 Como a Política Educacional atende os estudantes

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A Educação no Brasil segundo a Constituição Federal (BRASIL, 1988), no artigo 205 (2008, p. 136) é um direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

A educação não é só formar e transformar, concordo com Paro, quando afirma que:

A educação é, pois, a apropriação da cultura produzida historicamente. Essa apropriação tem pelo menos duas dimensões intrínsecas: por um lado, é ela que possibilita a preservação do acervo cultura, dando condição para a continuidade histórica: por outro, é a forma pela qual cada indivíduo se faz humano-histórico, processando-se sua necessária atualização histórico-cultural, ou seja, como cada ser humano nasce puramente natural, sem um átomo de cultura, é a educação que lhe propicia acesso à cultura produzida historicamente, eliminando ou reduzindo a defasagem que há entre o estado natural e a cultura vigente. (2011, p.26)

Os estudos realizados mostraram que a dislexia está mais presente nas crianças do ensino fundamental, momento em que elas começam a ler e escrever, como explicam Alves, Mousinho, Capellini (2011 apud Catts),

[...] o principal sintoma da dislexia é a dificuldade em aprender a ler palavras, os profissionais e os educadores em geral têm de esperar até que a instrução adequada da palavra seja dada, antes de ser realizado o diagnóstico de dislexia. Esta prática, muitas vezes, adia a identificação para depois da 2ª e 3ª serie. (P.55-56)

Pelos estudos que realizei percebi que os pesquisadores MASSI (2007), FADINI, CAPELLINI, (2011), CIASCA (2008), em seus textos

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se referem aos estudantes da Educação Básica, quando utilizam as nomenclaturas “aluno”, “escolares”, “1ª serie”, “estudantes”.

Partindo desse pressuposto percebi que esses autores e outros se referem às crianças do ensino fundamental, assim analisei na Lei de Diretrizes de Base da Educação Nacional, que “é uma das etapas da educação básica”, de acordo com a lei nº 9.394 de 1996, LDB no Art. 22, declara, que “têm por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”. (BRASIL, 1996).

Para compreender como a diretriz estabelecida para essa etapa da educação básica foi consultar a Resolução CNE/CEB Nº 7/2010 que fixa as diretrizes curriculares nacionais, aprovado no ano de 2010, para o ensino fundamental de nove anos.

No capítulo fundamentos das Diretrizes Curriculares Nacionais (BRASIL, 2010) diz que o ensino fundamental é um direito que assegura, proporciona, atende, garante, compromete – se com a qualidade e a igualdade do ensino e da educação dos estudantes;

No capítulo das Diretrizes Curriculares Nacionais (2010) do Ensino Fundamental de nove anos, sustenta que o Projeto Político Pedagógico seja estruturado (planejado) para os estudantes (crianças) de forma coerente, articulado, integrado, para atender, desenvolver nos seus diferentes contextos sociais. (Art. 18.)

Tais Diretrizes Curriculares Nacionais de 2010 referem a todos os estudantes, independente de sua conjuntura cultural, física e mental este conjunto de normas faz garantir os direitos a todos os alunos, por conseguinte destinam-se aos princípios éticos, políticos e estéticos.

Porém, o estudante disléxico possui uma especificidade para aprender, como explicam Zorzi e Capellini, (2009): “apesar da grande necessidade de uma atenção mais diferenciada, esta criança corre um grande risco de ficar em um segundo plano em relação aos demais alunos”. Portanto, fica evidente que este estudante precisa de um atendimento especializado para seu desenvolvimento intelectual e

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educacional. Segundo as diretrizes da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva,

a educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os serviços e recursos próprios desse atendimento e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilização nas turmas comuns do ensino regular. (BRASIL, 2008, p.16)

Ao analisar as Diretrizes Curriculares para a Educação Especial na Educação Básica, pesquisei se o estudante diagnosticado com dislexia faz parte do público-alvo dessa modalidade. Para essa pesquisa utilizei a RESOLUÇÃO CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 2001, referido documento, no art. 3º está registrado que se entende por educação especial:

[...] um processo educacional definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviço educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da educação básica. (BRASIL. 2001, p.18)

Nesse mesmo documento, verifiquei que o público-alvo da educação especial, são considerados pelas necessidades educacionais especiais que apresentam.

Podemos identificar que a dislexia faz parte das características desse público-alvo por meio da sua nomenclatura, uma vez que a literatura acadêmica considera a dislexia como uma “dificuldade de aprendizagem”. Nas diretrizes em foco, no art. 5º, parágrafo I está definido que os educandos que possuem “dificuldade acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento que

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dificultem o acompanhamento das atividades curriculares” constituem o público-alvo da educação especial. Acrescenta ainda, no inciso a: “aquelas não vinculada a uma causa orgânica específica”. (BRASIL, 2001)

No PARECER CNE/CEB 17/2001, os relatores Rhoden e Gouvêa explicam que foi utilizada uma “linguagem consensual” para “eliminar a cultura de exclusão escolar e efetivar os propósitos e as ações referentes à educação de alunos com necessidades educacionais especiais”. (p.17)

Entende-se por meio desse documento que o estudante disléxico “tem direitos a acompanhamento especializado para seu desenvolvimento educacional”, e que a educação especial estava sendo pensada de forma inclusiva como referido no PARECER CNE/CEB 17/2001. HARLOS, DENARI E ORLANDO (2014, P.501) aprofundam e expõem que “tais diretrizes propunham a adoção da categoria necessidades educacionais especiais (NEE) a partir da qual afirmavam assumir compromisso com a inclusão de uma gama mais ampla de pessoas”.

Mas nas diretrizes políticas para a educação especial a partir de 2008 as nomenclaturas foram alteradas em relação a sua redação na Resolução de 2001 quando foi utilizado "atendimento dos educandos com necessidades educacionais especiais”. No Decreto Nº 6.571 de 17 de setembro de 2008, tal redação relativa ao público - alvo passou a enfatizar os “alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação”, como traz o Art. 1º,

A União prestará apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na forma deste Decreto com a finalidade de ampliar a oferta do atendimento educacional especializado aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou Superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular. (BRASIL, 2008)

(32)

Porém, por meio deste Decreto Nº 6.571 de 17 de setembro de 2008 percebe-se que o estudante diagnosticado com dislexia deixa de fazer parte do público-alvo da política de educação especial. A questão que formulamos é por que foi retirado se esse aluno precisa de uma atenção específica?

Segundo Halos, Denari e Orlando (2014),

ao que parece, a esta mudança no público-alvo da Educação Especial está associada à demarcação de um conjunto de segmentos mais específicos, identificável por diagnósticos clínicos, centrados

em suas condições orgânicas e/ou

comportamentais. (p.501),

Compreendo os autores citados quando perguntam “quem está sendo beneficiado?”. Então pergunto: como os estudantes com dislexia estão sendo atendidos, ou melhor, como estão sendo contemplados pelas políticas educacionais?

5.1.1 O começo de um recomeçar

Consta no sítio eletrônico do Ministério da Educação que no mesmo ano por meio da Portaria9 de nº 6 de 5 de junho de 2008, foi constituído um grupo de trabalho “para realizar estudos sobre os transtornos e elaborar um documento com orientações capaz de ajudar os professores na educação de alunos com distúrbios como a dislexia, disortografia, disgrafia, discalculia, transtornos de déficit de atenção e hiperatividade”.

O referido grupo de trabalho foi “formado por especialistas do MEC, universidades, associações de pais e alunos e entidades ligadas a transtornos funcionais, entre outros membros”. No art. 1º da Portaria, o

9 A Portaria de nº 6 de 5 junho de 2008 está disponível no link: http://www.fonosp.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2010/02/portaria-6-5-de-junho-de-2008.pdf

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grupo é “constituído por representantes dos seguintes órgãos e instituições”:

I - Claudia Maffini Griboski, da Secretaria de Educação Especial – SEESP/MEC

II- Rosângela Machado, da Secretaria de Educação Especial – SEESP/MEC

III - Jeanete Beauchamp, da Secretaria de Educação Básica – SEB/MEC

IV- Marcelo Soares Pereira, da Secretaria de Educação Básica – SEB/MEC

V- Milca Severino Pereira, do Conselho Nacional de Secretários de Educação – CONSED

VI - Magela Lindner Formiga, da União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação – UNDIME

VII – Paulo Vinícius Silva Alves, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO

VIII – Rita Vieira Figueiredo, da Universidade Federal do Ceará – UFC

IX - Alessandra Gotuzo Seabra Capovilla, da Universidade Presbiteriana Mackenzie

X – Vicente Martins, da Universidade Estadual do Vale do Acaraú – UVA

XI – Giselle Massi, da Universidade de Tuiuti do Paraná.

XII - Edwiges Maria Morato, da Universidade de Campinas - UNICAMP

XIII - Maria Ângela Nogueira Nico, da Associação Brasileira de Dislexia – ABD

XIV - Clélia Argolo Ferrão Estill, da Associação Nacional de Dislexia – AND

XV – Maria Consuelo de Jesus Mazzini, da Associação de Pais e Amigos de Disléxicos – APAD

XVI - Iane Kestelman, da Associação Brasileira de Déficit de Atenção – ABDA.

A finalidade do trabalho a ser desenvolvida está apresentada no artigo 2º:

(34)

Art. 2 O Grupo de Trabalho terá por finalidade: I - realizar estudos sobre os transtornos funcionais específicos; e

II - definir diretrizes voltadas para a escolarização dos alunos com transtornos funcionais específicos.

Cabe ressaltar, que ao realizar a pesquisa documental para esta pesquisa notei que três meses antes de ser publicado o Decreto de nº 6.571 de 17 de setembro de 2008, foi publicada a Portaria de nº 6 de 5 de junho de 2008. A este respeito é importante salientar que esta portaria foi engendrada pela SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL e SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, as quais consideraram importante “a necessidade de elaborar diretrizes que orientem o sistema de ensino na implementação de políticas direcionadas à educação de alunos com transtornos funcionais específicos matriculados na rede regular de ensino. (BRASIL, 2008)

A política de educação especial naquele momento rearticulou suas formas de atenção aos estudantes considerados público-alvo da educação especial em duas estratégias principais: o AEE na sala de recursos multifuncional e a presença de profissional de apoio na classe comum. Nos dois casos, não se percebe foco no estudante com dislexia, além de os mesmos terem sido retirados da categoria público-alvo dessa política. A reflexão a partir daqui sugere outra pergunta: Haveria algum programa de atenção ou política educacional específica voltada aos estudantes com dislexia?

O referido grupo de trabalho para definir diretrizes para a escolarização dos estudantes com transtornos funcionais específicos dispunha de 120 dias para a entrega de um relatório acerca do assunto (Portaria 6/2008). Tal relatório ou diretrizes do tema não foram localizados, contudo constatamos que no mesmo ano de 2008 deu entrada no Congresso Nacional projeto de lei propondo a criação do programa de identificação e tratamento da Dislexia na Rede Oficial de Educação Pública.

(35)

Para uma melhor compreensão de como foi o processo de análise dos Projetos de Lei que compuseram a construção do programa para atender esse público – alvo, apresento e discuto os dados do quadro 3.

Quadro – 5: Tramitação no Congresso Nacional dos projetos de lei que tematizam uma proposta de atendimento aos estudantes com dislexia.

Mês/

Ano 10 Parecer Projeto

Autor/ Relator (a) Comissão Natureza Março/ 2008 - PL 3040 Autor Dep. Sandes Júnior. Relator Pepe Vargas Comissão de Seguridade Social e Família Dispõe sobre a criação do programa de identificação e tratamento da Dislexia na Rede Oficial de Educação Pública e outras providências. E a primeira rejeição do programa feita pelo relator. Outubro/ 2008 PLS 402 Autor Senador Gerson Camata - Dispõe sobre o diagnóstico e o tratamento da dislexia na educação básica. Março 2009 - 4933 PL Dep. Marconde s Gadelha (Médico) - Dispões sobre reconhecimento e definição da dislexia e da outras providências.

10 O mês e ano foram colocados quando aparecem somente na apresentação. O ano é quando aparece somente no documento.

(36)

Junho 2009 Parecer 203/ 2010 PL 402 Sen.ª Marisa Serrano Sen. “AH DOC” e Sen. Mão Santa. Comissão de Educação, Cultura e Esporte. Alteração no Artigo 5 (mudança de redação) Agosto 2009 - 5700 PL Dep. Homero Pereira (Falecido) - Solicita o desarquivamen-to da lei PL 5700. Acrescenta alínea ao art. 24, V da lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as Diretrizes de Bases da Educação Nacional. Março 2010 Parecer 204/ 2010 PL 402 Sen.ª Marisa Serrano Comissão de Educação, Cultura e Esporte. Aprova pela comissão do Projeto de Lei 402. Inclui o TDAH assim a redação fica acolhida (Dispõe sobre o diagnóstico e o tratamento da dislexia e do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade na educação básica). Abril 2010 - PL 7081 Senador Gerson Camata - Dispõe sobre o diagnóstico e o tratamento da

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dislexia e do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade na Educação Básica. Dezembro 2010 - 7081 PL Relatora Rita Camata Comissão De Seguridade Social e família Aprovado pela comissão o Parecer da Dep. Rita Camata, o qual é aperfeiçoado a matéria e toma como base o texto da promoção principal, incorpora sugestões pertinentes do conselho Federal de Fonoaudiologia. Agosto 2011 - PL 7081/ 2010 Foi apensa-da Relatora Dep. Mara Gabrilli Comissão Educação e Cultura Substitui o termo psicopedagogo por profissionais especializado em psicopedagogia (foi trocado segundo a relatora Dep. Mara Gabrilli para que não seja confundido por uma formação acadêmica em nível de pós-graduação).

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Setembro 2011 - PL 7081/ 2010 (PLs 3040/ 2009, 4933/ 2009 e 5700/ 2009). Dep. Nazareno Fonteles Comissão de Educação e Cultura Rejeita o Projeto de Lei 7081/2010. Dezembro 2012 - PL 7081/ 2010 Relatora Dep. Mara Gabrilli Comissão Educação e Cultura Dispõe sobre o acompanhamen-to integral para educandos com dislexia ou Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). 2013 - PL 7081/ 2010 - Comissão de Educação, Comissão de Finanças e Tributação, Plenário, Coordena -ção da Câmara dos Deputados, Coordena - ção de Comissão Permanente e Mesa diretora da Câmara dos Deputados. Nesse ano o Projeto de Lei 7081/2010 esteve em tramitação e discussões por vários setores. Não houve nesse momento nenhuma emenda. Maio 2013 - PL 7081/ 2010 Dep. Stepan Nercessin

- Projeto de Lei Rejeito o 7081/2010

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2014 - 7081/ PL 2010 Relator João Dado Comissão de Finanças e Tributação. Continuou em tramitação. Nesse estágio é levantado questionamento sobre a medicalização da criança com TDHA, Transtorno que não estava Projeto de Lei, que foi complementado

pela Dep. Mara Gabrilli, por compreender segundo a Deputada poderia alcançar um universo mais representativo de estudantes. 2015 - 7081/ PL 2010 Relator Enio Verri Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos deputados. Aprovado pela comissão a proposta que obriga o Estado a manter o programa. Foi aprovado por unanimidade o Parecer. Pois segundo relator Enio Verri já existe orçamento no âmbito de três ministérios (Saúde, Educação e Desenvolvimen-to Social) o qual

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preveem despesas com crianças e adolescentes na rede escolar pública. Novembro 2015 - PL 7081/ 2010 Relator Pr. Marcos Feliciano Comissão de Constituiçã o e Justiça e cidadania. O Projeto de Lei foi designado ao relator Pr. Marcos Feliciano. Até o momento não foi apresentada nenhuma emenda.

Fonte: Site da Câmara dos Deputados Link:

http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=47244 Elaboração própria

(41)
(42)

Em março de 2008 o Deputado Sandes Junior do Partido Progressista do Goiás – (PP-GO) dá entrada no Congresso Nacional no projeto de lei 3040/2008 que dispõe sobre a criação do Programa de Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede Oficial de Educação Pública e dá outras providências.

O texto do projeto prevê que o poder executivo deve implantar o referido programa em noventa dias, objetivando a detecção precoce e o acompanhamento dos estudantes com dislexia. Explica que a obrigatoriedade se refere à aplicação de exames nos educandos matriculados na primeira serie do ensino fundamental, propiciar capacitação permanente dos educadores para que possuam obter condições para identificar vestígios da dislexia e de outros distúrbios no educando.

O Projeto (3040/2008, s/p) contém também que “Caberá aos Ministérios da Saúde e da Educação a formulação de diretrizes para viabilizar a plena execução do programa”, e obriga a criação de equipes multidisciplinar. Profissionais das áreas de Psicologia, Fonoaudiologia e Psicopedagogia. O programa aparece no projeto como tendo “caráter preventivo” e “proverá o tratamento”.

Na justificava o Deputado Sandes Junior (PP-GO) no Projeto de lei 3040/2008 apresenta a dislexia como:

é uma incapacidade específica de aprendizagem, de origem neurobiológica e genética, caracterizada por dificuldades na aprendizagem da leitura e da escrita. É uma perturbação que necessita de intervenção precoce e especializada. Crianças disléxicas quando tratadas, superam o problema e passam a se assemelhar àquelas que nunca tiveram qualquer dificuldade de aprendizado.(s/p)

Também recorre à estudiosa Sally Shaywitz e colaboradores (1998) para explicar de forma cientifica seu argumento. E ressalta que “O diagnóstico, o acompanhamento e o tratamento devem ser feitos por uma equipe multidisciplinar formada por fonoaudiólogo, psicólogo,

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educadores, neurologistas e outros especialistas que se fizerem necessários”.

Porém, o relator da comissão de seguridade social e família, o sr. Deputado Pepe Vargas do Partido dos Trabalhadores – (PT-RS) em seu relatório questiona a “abrangência do programa” e na “avaliação do educando”, na “capacitação dos educadores” e a “criação da equipe multidisciplinar”. Segundo o Deputado Pepe Vargas (PT-RS), “Programas dessa natureza, tipicamente relacionados à gestão da Educação e da Saúde, devem ser iniciativas do Poder Executivo, inclusive em decorrência de competências a ele cometidas por outros diplomas legais”, (P.2) Também ressalta que:

definição de prioridades, ao menos sob a ótica sanitária, deve se basear em dados epidemiológicos consistentes, sob pena de dispersarmos os recursos já tão difíceis para aplicação nas ações e serviços dessa área. Chama atenção, desse modo, que a previsão de recursos para custeio do citado programa seja baseada numa singela referência a “dotações orçamentárias próprias”, mas sem definir se do Orçamento da Saúde ou da Educação. (Relatório. 2008, p.3)

Por esses motivos o relator Deputado Pepe Vargas (PT-RS), rejeita o Projeto de Lei 3040/2008.

Localizei que na Câmara dos Deputados está em tramitação o Projeto de lei 7081/2010 de autoria do Senador Gerson Camata (PMDB-ES) documento apresentado no dia sete de abril de dois mil e dez. Em sua ementa “Dispõe sobre o diagnóstico e o tratamento da dislexia e do Transtorno do Déficit de atenção”.

Para esclarecimento, o Projeto de Lei 7081 é oriundo do Senado Federal, porém a formação inicial foi o Projeto de Lei de nº 402/2008 do mesmo autor que esclarece na sua justificação para a constituição do projeto que:

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A dislexia é uma disfunção neurológica que afeta a aprendizagem na área da leitura e da escrita. Não é considerada doença, mas uma dificuldade no processamento da linguagem para reconhecer, reproduzir, associar e ordenar os sons e as letras, de modo a organizá-los corretamente. A pessoa com dislexia é, em maior ou menos grau, incapaz de compreender o que lê, apesar de possuir inteligência, audição e visão consideradas normais.

As causas da dislexia são ainda muito debatidas entre os especialistas. Fatores socioafetivos, neurológicos, fonológicos e até visuais e auditivos são apontados. No entanto, a descoberta de quatro genes ligados à dislexia levou, recentemente, à admissão do caráter hereditário da maioria dos casos. Embora os indivíduos com dislexia quase sempre nasçam com o problema, ele pode, ainda, ser originado por acidente vascular cerebral (AVC).

A dislexia constitui questão de grande relevância no processo educativo infantil, pois as crianças com a disfunção apresentam, naturalmente, ritmo inadequado de aprendizagem. Uma vez que a linguagem está presente em todos os campos do conhecimento humano, a dislexia pode influenciar negativamente o desempenho em todos os componentes curriculares. Assim, por exemplo, deficiências no aprendizado de matemática podem ter origem na dificuldade de leitura dos enunciados das questões apresentadas ao estudante, e não na inabilidade de raciocínio lógico. (BRASIL, 2008, p.2)

O projeto de lei passou por dois pareceres de números 203 e 204 de 2010. O Parecer de nº 203 da Comissão de assuntos sociais, e o Parecer de nº 204 Comissão de Educação, Cultura e Esporte.

No relatório da Comissão de Assuntos Sociais do Parecer 203, de 2010 a relatora Senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) e o relator “Ad

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Hoc” 11, Senador Mão Santa (PMDB-PI) em suas análises aprovam o Parecer por “mérito relativo à saúde”, porém fazem alteração na redação do art. 5 em que define a data início da vigência da lei. (BRASIL. 2010, p.3)

Já em relação ao Parecer de nº 204, de 2010, o relatório executado pela relatora Senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), da comissão de Educação, Cultura e Esporte, usa como fundamento o Art. 208, III da Constituição Federal, a Lei de nº 9394, de 20 de dezembro de 1996 – LDB, que expõem que “apesar de não exigir atendimento em classe ou escola especializada, a dislexia demanda serviços especializados, o que o Projeto de Lei do Senado - PLS busca assegurar em apreço”.

Também em sua análise expressa que:

A dislexia é um distúrbio do aprendizado de certos aspectos da linguagem e que se manifesta principalmente como dificuldades na leitura. Existem, basicamente, dois tipos dessa disfunção neurológica: dislexia adquirida e dislexia de desenvolvimento. A adquirida é mais comum em adultos e tem como principais causas o acidente vascular cerebral e o traumatismo craniano com dano cerebral. A de desenvolvimento tem causas ainda não bem definidas e manifesta-se tão logo a criança aprenda a ler.

O tipo de dislexia de que trata o projeto em apreciação é a de desenvolvimento, ou seja, a que acomete crianças e adolescentes no período escolar. [...]

Embora em muitos casos a dislexia leve não chegue a causar transtornos ao seu portador, os

11Ad hoc é uma expressão latina cuja tradução literal é "para isto" ou "para esta

finalidade". É mais empregada no contexto jurídico, no sentido de “para um fim específico”. No Legislativo, o relator ad hoc é o parlamentar que, em determinada ocasião, foi escolhido para ler o parecer sobre um projeto feito por outro parlamentar, devido à impossibilidade deste último de comparecer à comissão ou ao

Plenário. Disponível em:

http://www.senado.gov.br/noticias/agencia/infos/inforelator_ad_%20hoc_.htm Acesso em: 20/03/2016.

(46)

estudantes com grau mais acentuado do distúrbio são alvos de incompreensões e de discriminação, tanto por parte de colegas quanto de professores que desconhecem ou que não percebem a condição. A dificuldade de leitura muitas vezes é interpretada como sinal de debilidade mental e as zombarias e as repreensões afetam a autoestima da criança ou do adolescente disléxico.

O diagnóstico oportuno da dislexia de desenvolvimento possibilita ao corpo docente e aos profissionais especializados instituir medidas destinadas a melhorar o aprendizado dos alunos disléxicos e a prevenir distúrbios emocionais e comportamentais consequentes aos atos discriminativos de que são vítimas. (BRASIL. 2010, P.2)

A relatora Senadora Marisa Serrano (PMDB-MS) complementa sua analise do Parecer incluindo no texto mais duas ações como diagnóstico e tratamento e mais o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), passando a ter a seguinte redação “Dispõe sobre o diagnóstico e o tratamento da dislexia e do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade na Educação Básica”. (BRASIL. 2010, P. 8)

O Deputado Homero Pereira (PR12-MT) em fevereiro de 2011 solicita o desarquivamento do Projeto de lei 5700/2009, e justificava que há projetos que pretendem criar um programa nacional para identificação e tratamento da dislexia, cita os especialistas Sonia Moojen e Marcio França que classificam,

os transtornos da aprendizagem em leves, moderados e graves, sendo que a forma mais grave é a dislexia, transtorno específico das operações implicadas no reconhecimento das palavras (precisão e rapidez) que compromete, em maior ou menor grau, a compreensão da leitura. As habilidades de escrita ortográfica e de

12 O Deputado Homero Pereira no momento do requerimento do desarquivamento era do

Partido da República – PR, depois em 2011 que passou para PSD até o momento do seu falecimento.

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produção textual também estão gravemente comprometidas. (BRASIL. 2011, P.2)

Também acrescenta um “dispositivo” no capítulo referente à educação básica, acrescentando alínea ao artigo 24 da lei nº 9394/96 que estabelece a diretrizes e bases da educação nacional e inclui a avaliação e o acompanhamento dos transtornos que diz:

f) avaliação e acompanhamento dos transtornos de aprendizagem dos alunos, especialmente, na leitura e na escrita, por equipe multidisciplinar, com acomodação especial destes alunos nas classes da educação básica. (BRASIL. 2011, s/p) Quanto ao diagnóstico, o acompanhamento e o tratamento o Projeto de lei – PL 4933/2008 do Sr. Deputado Marcondes Gadelha do Partido Socialista Cristão – (PSC- PB) em seu relatório relata que haverá “acompanhamento dos transtornos de aprendizagem dos alunos, por equipes multidisciplinares, com acomodação especial desses alunos nas classes de educação básica”.

Art. 5º - O diagnóstico da dislexia, em uma criança deve ser feito por uma equipe multidisciplinar e deverá ter um profissional das áreas de Psicologia, Fonoaudiologia e Psicopedagogia. No caso das crianças menores de idade, o diagnóstico deve ser comunicado aos pais ou ao responsável.

Art. 6º - O Ministério da Educação e da Saúde devem promover atividades para alcançar a identificação precoce dos alunos com dislexia. O resultado dessas atividades não é, contudo, um diagnóstico real da dislexia. (BRASIL. 2008, s/p) No relatório sobre o tratamento, no artigo 11 do Projeto de lei 4933/2009, do Dep. Marcondes Gadelha (PSC-PB) expõe que “As escolas devem fornecer aos alunos com dislexia, como parte da sua autonomia organizacional e de ensino, nos termos da legislação em vigor, todas as medidas adequadas”. No Projeto de Lei do Senado – PLS 402/2008 do Senador Gerson Camata “assegura que as crianças” terão:

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