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Academic year: 2021

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Análise da Casa do Hip Hop como equipamento de lazer e

cultura em Diadema, SP

Analysis of the House of Hip Hop as an equipment for leisure and culture in Diadema, SP

André Felipe de Souza dehsouza25@yahoo.com.br Orientador: José Guilherme de Almeida

RESUMO: O presente artigo aborda a cultura hip hop e a sua influência nas atividades de lazer e cultura, por meio da análise do centro cultural multidisciplinar conhecido popularmente como Casa do Hip Hop, localizado em Diadema/SP. Para tanto, foram utilizadas pesquisas in loco de caráter quantitativo e qualitativo, além da aplicação de formulário com visitantes e entrevista com um dos coordenadores deste centro cultural. O estudo apontou que a Casa do Hip Hop, mesmo com dificuldades de estrutura e promoção, é um espaço que alcança o objetivo de oferecer atividades artísticas principalmente com temática musical, sendo utilizada também como ponto de encontro dos seguidores do movimento hip hop.

Palavras-chave: lazer; cultura; arte; hip hop; Casa do Hip Hop; Diadema.

ABSTRACT: This article discusses about the hip hop culture and its influence on the activity of leisure and culture, through the analysis of multidisciplinary cultural center popularly known as House of Hip Hop located in Diadema, SP. Therefore, we used in loco surveys of quantitative and qualitative character, besides the application form with visitors and interview with one of the coordinators of this cultural center. The study pointed out that the House of Hip Hop, even with the difficulties of structure and promotion, is a space that achieves the goal of providing artistic activities mainly themed musical, also being used as a meeting place for followers of the hip hop movement.

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1. Introdução

Com apenas 13 anos de história, o Centro Cultural Canhema, conhecido popularmente como Casa do Hip Hop, localiza-se na região do ABC paulista (região metropolitana da cidade de São Paulo), no município de Diadema. Fundado por um grupo que inclui alguns dos mais importantes seguidores da cena hip hop como Nelson Triunfo e King Nino Brown, o intuito principal deste centro cultural é incluir, em apenas um espaço físico, atividades que proporcionam conhecimento e aprendizagem sobre os quatro elementos da cultura hip hop, tais como a dança, o “MC”; o grafite e o DJ.

Por tratar-se de um centro cultural multidisciplinar, a Casa do Hip Hop – Centro Cultural Canhema oferece diversas atividades aos seus visitantes, como oficinas de dança, de grafite e de DJ, além de aulas de teatro, circo e informática, para adultos e crianças. Há ainda apresentações frequentes de peças de teatros e shows musicais com o tema hip hop e/ou cultura negra. Conforme informado pelo website da Casa do Hip Hop, este local é considerado pelo Ministério da Cultura, Ponto de Cultura de Hip Hop de Diadema, recebendo apoio institucional e financeiro deste órgão do governo federal, por meio de ações de fomento a atividade cultural da Casa do Hip Hop. Este tipo de equipamento se mostra com relativa importância para a cidade de Diadema, pois, além de oferecer diversas atividades culturais e técnicas para o seu público, o Centro Cultural Canhema participa na formação de jovens carentes da região de Diadema, proporcionando lazer e cultura à comunidade diademense. Além disto, conforme Buzo (2010), importante ressaltar que o movimento hip hop brasileiro teve sua origem e evolução em São Paulo, fazendo com que esta cidade seja um dos grandes pólos latino-americanos desta modalidade de cultura, servindo de exemplo para outras cidades brasileiras que também possuem, nos dias de hoje, espaços e pessoas que se dedicam ao hip hop. Assim sendo, caracteriza-se como justificativa para a elaboração deste artigo a importância da cultura hip hop ao território paulistano,

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além da Casa do Hip Hop ser o primeiro local do Brasil a se destinar aos ensinamentos e modalidades da cultura hip hop, conforme o portal EBC.

Não há bibliografia específica e direta no meio acadêmico de Turismo para este equipamento, o que torna o estudo relevante para a área acadêmica. Desta forma, o objetivo geral deste artigo é avaliar a Casa do Hip Hop como equipamento de lazer e cultura de Diadema, com objetivos específicos tais como analisar a estrutura física, organizacional, de promoção e distribuição do equipamento, descrever os serviços oferecidos e a demanda atual da Casa do Hip Hop e posteriormente, analisar criticamente todos os itens estudados do equipamento estudado, com base na observação direta do autor e na análise de dados coletados nas entrevistas com o público e com um dos coordenadores da Casa do Hip Hop.

2. Lazer, arte e manifestações culturais e populares

De acordo com Marcellino (2007), o lazer, as artes e as manifestações populares podem ser consideradas atividades de desenvolvimento pessoal, auxiliando na criação de uma cultura de uma pessoa, de uma classe social, ou mesmo de um povo. É no tempo livre, longe de suas obrigações cotidianas, que o ser humano desenvolve seu talento, sendo este literário, artístico-plástico, cênico ou mesmo musical. A ação de escrever, atuar ou cantar/produzir sons, é realizada pelo ser humano primeiramente como forma de distração de suas obrigações, caracterizando lazer. Posteriormente, dependendo da quantidade e da qualidade ao escrever, atuar, cantar e produzir sons, o ser humano pode utilizar desta atividade para fins profissionais.

A música, uma das artes mais conhecidas e praticadas pela humanidade, pode ser considerada a arte de expressar-se através de sons (FERREIRA, 2001). Portanto, quando unem-se bases, ritmos e harmonia, utilizando-se de instrumentos musicais, voz ou “instrumentos de improvisação” em conjunto ou não, o ser humano está criando música.

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Há diversos conceitos de música ao longo da história da humanidade. Entre eles, podem destacar-se duas: “A música é o tipo de arte mais perfeita: nunca revela o seu último segredo”, pensamento do escritor e poeta irlandês Oscar Wilde e “Pouco importam as notas na música, o que conta são as sensações produzidas por elas”, pensamento do russo Leonid Pervomaisky, onde o mesmo cita que a música é mais que uma arte, tornando-se um sentimento, independente da característica da música.

A música pode ser sinônima de cultura popular. Ao redor do mundo, os países podem ser conhecidos de forma globalizada, através de suas respectivas expressões musicais: samba no Brasil, tango na Argentina, rock na Inglaterra, hip hop nos Estados Unidos, entre outros exemplos. Assim sendo, a música influi na característica de um povo, já que este povo necessita de expressões artísticas para exprimir seus sentimentos ou mesmo livrar-se de suas obrigações e dos problemas do país em que reside. Sobre isto, o escritor Joffre Dumazedier relata:

Até nos países em vias de desenvolvimento e de industrialização, nos quais a nota predominante é a luta contra a miséria, a doença e o fatalismo tradicional, torna-se imprescindível e fundamental o desenvolvimento entre as massas de uma cultura moderna, a fim de que estas possam participar ativamente da transformação econômica e social da própria vida desses países (DUMAZEDIER, 2008, p. 140).

Não há uma descrição conceitual a respeito de arte, lazer e cultura em conjunto, já que os três termos, quando unidos, só podem ser analisados através da experiência de seus praticantes ou mesmo pela vivência dos mesmos. Conforme Marcellino (2007), a conseqüência disto é a criação de diversos modelos de manifestações artísticas, devido às diferenças entre as classes sociais existentes na sociedade contemporânea. A arte oferecida para tal classe social está de acordo com o contexto em que a mesma está inserida, determinando o comportamento social daquele individuo. Isto gera certos

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conflitos entre as classes sociais, a respeito de o que pode se considerado arte ou não.

Em um contexto histórico, a distribuição das manifestações artísticas entre as classes tem evoluído pouco a pouco. De acordo com Nadai e Neves (1993), entre os séculos XV e XVI, período também conhecido como Renascimento, a arte e cultura erudita começavam a fazer parte do cotidiano da sociedade, através do incentivo dos burgueses para com os artistas. Entretanto, como eram os burgueses que financiavam estes artistas, somente os mesmos tinham acesso a tais produções artísticas, isolando essas atividades da classe mais baixa da sociedade da época. Conforme Marcellino (2007), a partir do século XX, com o advento do capitalismo e de novas tecnologias, novas práticas de arte passam a ser distribuídas com maior homogeneidade, porém ainda não suficientemente equilibrada ao ponto de todas as camadas sociais conhecerem as manifestações artísticas entre elas. Sobre a homogeneização da cultura e da arte na sociedade contemporânea, Marcellino ainda comenta:

Para pensarmos a arte como forma de lazer, está estabelecido aqui, portanto, um primeiro desafio: reverter essa compreensão de que se trata de algo para poucos, concepção que ainda hoje é mais forte do que a principio poderíamos conceber. A arte não é superior, é ordinária, sendo necessário, portanto, desmontar as hierarquias construídas ao seu redor (MARCELLINO, 2007, p. 73).

Já existe em algumas cidades do Brasil, o evento conhecido como Virada Cultural, que tenta equilibrar todas as culturas e manifestações artísticas através de shows, palestras, peças de teatro e workshops, objetivando a disseminação de diversas atividades por todo espaço da cidade, de forma gratuita. A partir de ações como estas, caracterizadas por eventos multiculturais, a homogeneização da arte e da cultura para toda a população é cada vez melhor alcançada.

Por fim, a arte, o lazer e a cultura são termos que sempre estão em conjunto, a partir do instante onde é levada em conta a vivência e experiência do praticante de tais atividades. Se não há uma maior distribuição focada no equilíbrio de

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todas as atividades relacionadas a lazer, arte e cultura, sempre haverá debate entre as classes sociais envolvidas, discutindo sempre o que pode e o que não pode ser considerada boa arte, bom lazer e boa cultura.

3.

A cultura hip hop: definição e histórico

O hip hop pode ser considerado um movimento sóciocultural, que engloba manifestações artísticas tais como dança, música e arte plástica. O termo hip hop significa, de forma literária, “balançar os quadris” (hip = quadril, hop = saltar), fazendo alusão ao movimento físico no qual a pessoa realiza para lidar com a dança desta cultura. Tal termo foi criado pelo DJ Afrika Bambaataa, no final dos 60, com o intuito de classificar as festas entre dançarinos de rua de periferias estadunidenses. Por tratar-se de periferia, onde a violência, a miséria e o descaso dos órgãos públicos para com esta população são evidentes, tais festas serviam para distração para seus moradores (CASSEANO, DOMENICH, ROCHA, 2001).

Conforme os autores acima citados, a cultura hip hop é composta de quatro elementos básicos que, quando unidos, dão base ao termo “movimento hip hop”: o break dance, conhecido também como breaking ou dança de rua; o MC, sigla derivada de master of cerimonies ou mestre de cerimônias, função esta realizada pelo músico principal de um evento relacionado a hip hop ou do próprio apresentador de tal evento; o DJ, abreviatura de disc-jóqueis, termo este direcionado ao responsável por produzir a base sonora de uma música e a pintura de rua, conhecido popularmente como grafite. Existem ainda seguidores do hip hop que incluem o conhecimento que provém de arte literária como quinto elemento do movimento.

O hip hop é intensamente confundido como rap (abreviação do termo inglês rythm and poetry, no qual significa em português ritmo e poesia). Este termo é apenas um estilo de música que é parte integrante da cultura hip hop, sendo esta música interpretada pelos MC’s ou mesmo pelos rappers, termo usado para quem canta rap.

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A respeito da história e do conceito de hip hop, tem-se o conceito a seguir:

A definição conceitual de hip hop ainda é problemática. Rappers, b.boys, grafiteiros, DJs e estudiosos acadêmicos do tema sabem dizer o que faz ou não parte do hip hop e avaliar sua importância para a juventude excluída, mas resta uma questão: o hip hop é um movimento social ou uma cultura de rua? (CASSEANO; DOMENICH; ROCHA, 2001 p. 17)

Sobre a origem da cultura hip hop, há ainda o comentário do jornalista, escritor e pesquisador Oswaldo Faustino, que escreveu o prefácio da obra supracitada. O pesquisador relata que “o hip hop não foi inventado pela mídia. Nasceu naturalmente nas ruas, forjado em sangue, suor e lágrimas”.

A respeito deste movimento no Brasil e de acordo com Buzo (2010), o hip hop brasileiro tem surgimento datado da metade da década de 1980. Assim como nos Estados Unidos, os primeiros sinais do nascimento da cultura hip hop brasileira se dão através das reuniões dos dançarinos de rua para trocar experiências de música e danças em um local em comum. No Brasil, o primeiro ponto onde viam-se atividades relacionadas ao hip hop fica na cidade de São Paulo, mais precisamente no Largo São Bento, região central da capital paulista. Este local é reconhecido por adeptos da cultura hip hop como “berço do hip hop nacional”, pois eram ali que se reuniam grandes nomes do movimento hip hop conhecidos mundialmente como Nelson Triunfo, Thaíde, Marcelinho Back Spin e King Nino Brown.

Sobre o início do movimento hip hop no centro da capital paulista, Gilberto Yoshinaga, escritor da biografia de Nelson Triunfo (um dos precursores do movimento hip hop), comenta no livro de Alessandro Buzo, intitulado Hip Hop dentro do movimento:

E ali se formou o embrião do hip hop brasileiro, porque o espaço começou a se popularizar e atrair muita gente que hoje é referência nacional, como os Racionais, o Thaíde, o DJ Hum, os grafiteiros Osgemeos, o Marcelinho Back Spin e muitas outras pessoas (YOSHINAGA, 2010, apud BUZO, 2010, p. 26).

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4. O Centro Cultural Canhema – Casa do Hip Hop

O Centro Cultural Canhema, conhecido popularmente como Casa do Hip Hop, é caracterizado como um centro cultural de caráter multidisciplinar, além de um espaço de lazer e de cultura. As informações a seguir a respeito do histórico da Casa do Hip Hop foram retiradas do mural da linha do tempo, presente em um dos muros internos do próprio local.

O Centro Cultural Canhema foi fundado no mês de julho do ano de 1999, a partir da idéia de oferecer atividade e reunir os elementos do hip hop (música, dança, grafite e DJ) junto à comunidade carente em Diadema. Entretanto, a história do Centro Cultural Canhema remete ao início dos anos 1990, quando um mutirão do povo diademense reivindicava aos governantes do respectivo município um espaço de cultura dirigido ao público jovem. A partir desta exigência, é inaugurado no ano de 1992 o Centro Juvenil de Cultura de Canhema, no mesmo espaço onde se localiza atualmente a Casa do Hip Hop. No ano de 1994, o espaço foi renomeado e entregue como Centro Cultural e Biblioteca Canhema.

Somente a partir do ano de 1999, o Centro Cultural e Bilbioteca Canhema passam a ser conhecidos como Centro Cultural Canhema - Casa do Hip Hop. Influenciado pelo movimento hip hop, logo no início do ano de 2000 a administração e organização deste centro cultural inicia o projeto de biblioteca com acervo da cultura afro-americana, com referências a música, dança e literatura em geral, que permanecem até hoje no acervo da Casa do Hip Hop. Além disto, o palco de alvenaria que serve para aulas e apresentações de shows também foi construído em meados do ano 2000.

A Casa do Hip Hop sofreu algumas reformas durante a última década, principalmente na sua parte estética com a pintura dos muros através de grafites, desenhos estes realizados por grandes artistas do ramo e inclusões de projetos como as oficinas Kinoforum no ano de 2002 e o projeto de resgate da cultura popular em 2004.

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No ano de 2008, o vereador do município de Diadema, Jair Batista da Silva, criou a lei ordinária N° 2780/08, de 21/07/2008, a respeito do nome do Centro Cultural Canhema, descrita a seguir: “Dispõe sobre denominação de próprio municipal. (Centro Cultural Canhema, localizado na Rua 24 de maio, n° 38, Bairro Canhema, com o nome de Casa do Hip Hop)”.

Este centro cultural é reconhecido como Ponto de Cultura de Hip Hop de Diadema, sendo sede do Ponto de Cultura “A Cultura Hip Hop Construindo a Cidadania Juvenil”. O Ponto de Cultura é uma das cinco ações do Programa Nacional de Cultura, Educação e Cidadania – CULTURA VIVA, idealizado no ano de 2005 pelo Ministério da Cultura do Brasil, com o objetivo de “estimular e fortalecer no país rede de criação e gestão cultural” (MINISTÉRIO DA CULTURA,2005).

Localizada na Rua 24 de maio, número 38, no bairro do Jardim Canhema em Diadema, município da região metropolitana de São Paulo, a Casa do Hip Hop pode ser acessada pelas principais vias centrais da cidade de Diadema, as Avenidas Antônio Piranga e Fábio Eduardo Ramos Esquível, pelos diversos meios de transporte, sejam públicos ou privados.

Com aproximadamente 50 metros de largura x 20 metros de comprimento, a Casa do Hip Hop conta com diversos espaços internos, sendo divididos conforme o esboço de planta baixa do atrativo estudado neste artigo, representado pela Figura 1:

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Figura 1 – Esboço de planta baixa da Casa do Hip Hop

Fonte: O autor (2012)

A Casa do Hip Hop dispõe de uma mesa profissional de mixagem para DJ, um palco de alvenaria de 3 metros de comprimento por 9 metros de largura, duas caixas de som sub-grave, 10 microcomputadores, um aparelho de som micro-system e uma biblioteca com mais de 50 obras literárias da cultura afro. O espaço onde se localiza a Casa do Hip Hop é plano em sua grande parte, contando com alguns degraus internos quando o visitante se desloca do pátio para o ambiente onde se localizam os espaços Breaking, Graffite e a sala de informática. A região do pátio e do palco é toda coberta com telhas tijoladas, cobertura esta que fica a 10 metros de altura do chão. No portão de entrada e no espaço interno do atrativo há rampas para pessoas com deficiência física facilitarem a sua visitação. Não há piso tátil, corrimões e elevadores.

Durante o percurso realizado da região central da cidade de São Paulo até a Casa do Hip Hop, no Jardim Canhema em Diadema, não foram encontradas placas de sinalização turística que se referiam ao Centro Cultural Canhema.

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Dentro do centro cultural, as sinalizações dos espaços e salas são feitos através da pintura grafite.

O Centro Cultural Canhema – Casa do Hip Hop funciona de terça a sábado, das 9h às 18h. As atividades oferecidas por este centro cultural ao público em geral estão relacionadas com oficinas e workshops, destinados à temática musical, teatral, pintura, entre outras. Desta forma, a Casa do Hip Hop oferece as oficinas de pintura em tela, dança de salão e samba rock para adultos, cursos de circo para crianças e inclusão digital (informática) para grupos de crianças e adultos. Há ainda o workshop de teatro de bonecos, também destinados às crianças e aulas de capoeira e violão.

Focado nos elementos do hip hop, são oferecidas aulas de DJ iniciante, MC, dança de rua nas modalidades “iniciante” e “avançado” e grafite iniciante. Tanto as oficinas com a temática hip hop quanto os outros diversos cursos são oferecidos de terça a sexta-feira, de forma gratuita e conduzidas por monitores voluntários, entre eles os renomados Nelson Triunfo e Marcelinho Back Spin, dançarinos de rua brasileiros. Contudo, o grande potencial de atratividade turística da Casa do Hip Hop está relacionada com a oferta de eventos que são organizados pela própria administração do centro cultural, juntamente com a prefeitura de Diadema. Aos finais de semana a Casa do Hip Hop oferece eventos como o “Encontro com a Comunidade”, realizado mensalmente aos domingos, onde são discutidas questões cotidianas, além de atividades de sarau e grupos de leitura. Este evento é destinado aos visitantes com faixa etária superior aos 30 anos.

Outro evento com número elevado de visitantes é o “Encontro de MC’s”, realizado aos sábados quinzenalmente (de acordo com as datas marcadas pelo próprio centro cultural), com o intuito de reunir o maior número de MC’s para que os mesmos possam discutir a música rap e divulgar os seus respectivos trabalhos musicais.

O evento de maior visitação e de maior divulgação das atividades da Casa do Hip Hop é oferecido no último sábado de cada mês, das 13h às 20h e é

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nomeado como “Hip Hop em Ação”, no qual o autor deste artigo participou das edições de março, abril e maio do ano de 2012. Neste evento, são reunidos os quatro elementos do hip hop em apresentações do movimento, contando com a participação dos jovens alunos que cursam durante a semana as oficinas do Centro Cultural Canhema e os próprios visitantes. Durante as 7 horas aproximadas do evento ocorrem apresentações de dança de rua, disputas entre os b-boys e b-girls presentes, a “Hora do Conhecimento”, em que o também coordenador da casa King Nino Brown sobe ao palco para debater com o público, artigos sobre literatura afro entre outros gêneros, shows musicais que comumente são feitos por artistas/grupos independentes de rap, e por fim, a tão esperada batalha de MC’s, os quais são chamados pelos monitores e coordenadores, visitantes que se propõe a “improvisar suas rimas” em cima do palco. É importante ressaltar que simultaneamente às atividades do palco, podem ser vistos artistas e visitantes em aulas de grafite, além da visitação aberta à sala de leitura.

Durante os 13 anos de existência deste centro cultural, já ocorreram apresentações de diversos nomes conhecidos do rap nacional como os rappers Rappin Hood, Emicida, Fernandinho Beat Box, Thaide, além dos grupos Z’África Brasil e Racionais MC’S. Assim como as oficinas, a entrada em todos os eventos oferecidos pela Casa do Hip Hop é gratuita e aberta ao público. Este centro cultural não conta com monitores caracterizados como guias formais. Este papel é realizado pelos próprios coordenadores do centro cultural (Nelson Triunfo e King Nino Brown), que auxiliam nas informações e direcionamento dos visitantes às atividades oferecidas pelo Centro Cultural Canhema. A venda de produtos e souvenirs é realizada pelos próprios visitantes (mediante autorização da equipe administrativa) que trazem consigo os produtos e as mesas de exposição dos produtos. Os produtos mais comuns que estão à venda nestas “bancas improvisadas” são discos e CD’s musicais, livros com temática da cultura negra e/ou hip hop e pequenos bonecos produzidos artesanalmente. A venda destes produtos ocorre em sua grande parte durante os eventos da Casa do Hip Hop.

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Quanto ao serviço de alimentação, o centro cultural estudado neste artigo possui apenas uma cozinha, pouco divulgada entre os visitantes, que oferece frutas e pequenos lanches. Entretanto, na parte externa em frente ao portão de entrada do local, podem ser encontrados ambulantes vendendo lanches rápidos. O serviço de segurança é terceirizado junto à Prefeitura de Diadema e conta com apenas um monitor de segurança.

4.1 Estrutura Organizacional da Casa do Hip Hop

O Centro Cultural Canhema – Casa do Hip Hop é equipamento municipal administrado pela Secretaria de Cultura de Diadema, contando com o apoio das organizações Zulu Nation Brazil, Produtto Paralelo e P.O.V.O. Embora seja administrado e gerido pela Prefeitura Municipal de Diadema, o corpo de colaboradores é formado em sua maioria por pessoas que estão envolvidas diretamente com o movimento hip hop como os coordenadores/monitores de oficina Nelson Triunfo, King Nino Brown e Dan Dan, além de toda a equipe de monitores das oficinas oferecidas, selecionados também pela Prefeitura de Diadema.

Em entrevista concedida no dia 31 de março de 2012 em uma das visitas do autor deste artigo à Casa do Hip Hop, Nelson Triunfo, coordenador de cultura do centro cultural, comenta sobre as dificuldades e o papel da Prefeitura de Diadema na gestão da Casa do Hip Hop e a participação de artistas voluntários nas atividades do centro cultural:

Nós temos apenas uma verba que vem para nosso centro cultural, uma mixaria, R$ 1500,00 por mês. E nós, além de termos a despesa daqui, procuramos ajudar a todos e estamos abertos a receber doações de todos. Os artistas em sua maioria vêm aqui para somar, visto que não é cobrado ingresso, o portão é aberto como você pode ver. É hip hop, é um lugar livre!

Nelson Triunfo também deu ênfase ao comentar sobre a união dos colaboradores, voluntários e apoiadores da Casa do Hip Hop quanto à dinâmica das atividades oferecidas pela Casa do Hip Hop:

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“Tem também água, luz, que também é pago por eles (Prefeitura de Diadema), por se tratar de um espaço público. Mas a grande maioria das coisas que acontecem aqui são feitas pela força do hip hop mesmo, pelos próprios manos que participam. Tem também os trabalhos feitos pelos oficineiros mas fora isto nós arranjamos dinheiro por fora e oferecemos workshops para as pessoas, pagamos alguns shows, pagamos vans, através de alguma verba que a gente consegue. As vezes faço show, pego uma verba e trago para cá também. Muitas vezes nós vamos fazer shows em algum lugar e temos uma grana predestinada para realizarmos esses shows do final do mês. Também temos no domingo o forró da comunidade, onde as pessoas vêm (tecladista e equipe) para curtir este tipos de shows.” A entrevista concedida por Nelson Triunfo na íntegra pode ser lida no anexo B deste artigo.

4.2 Análise da Demanda

Para o estudo e a análise referente ao perfil do visitante da Casa do Hip Hop foram aplicados 104 questionários, com auxílio de dois amigos do autor deste artigo, no dia 28 de abril de 2012, na edição de abril do evento “Hip Hop em Ação”, com autorização do coordenador Nelson Triunfo. Assim sendo, dos 104 visitantes que responderam aos formulários, 59 pertenciam ao sexo masculino e 45 ao sexo feminino, representando aproximadamente 57% e 43% do total de entrevistados, respectivamente. De todo o público masculino, 55% tem idade na faixa etária de 18 a 25 anos, enquanto no público feminino 35% tem menos de 18 anos de idade e outros 35% estão na faixa 18 e 25 anos. Portanto, o público feminino jovem (até 25 anos) é responsável por 31% do total dos visitantes entrevistados.

Um dado importante que também deve ser analisado é o motivo da visita dos freqüentadores da Casa do Hip Hop (questão nº 7 do questionário aplicado). Avaliando os 104 questionários, foi constatado que além das atividades oferecidas pelo equipamento estudado, tais como eventos, oficinas e apresentações em geral, a Casa do Hip Hop é também considerada um ponto de encontro de amigos, conforme o gráfico 1:

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Gráfico 1 – Motivo da visita à Casa do Hip Hop

Através do gráfico 1, observa-se que a segunda atração com maior número de respostas foi “hip hop”, mostrando que os visitantes também são motivados pela ideologia e pelas ações do movimento hip hop e não somente por elementos singulares como dança e a música.

Do público entrevistado, 37% possuem apenas escolaridade básica e apenas 7% tem educação superior completa, mesma proporção daqueles que possuem ensino fundamental completo. Tal resultado é relativamente proporcional se levado em conta a faixa etária dos visitantes do Centro Cultural Canhema, já que 49 dos 104 entrevistados possuem idade entre 18 e 25 anos, faixa etária onde o estudante está transitando do ensino médio e ingressando no ensino superior. É válido ressaltar que 19% possuiam ensino superior cursando/incompleto.

Referente a frequência da visitação na Casa do Hip Hop, 34,32% entrevistados faziam a sua primeira visita ao equipamento estudado, mostrando que mesmo com pouca divulgação, assunto a ser estudado no item 4.3, o centro cultural ainda recebe cada vez mais novos visitantes. Dos formulários aplicados, o item

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que recebeu mais resposta como ponto a ser melhorado foi a divulgação da Casa do Hip Hop, mostrando a ineficácia da exposição da Casa do Hip Hop para toda a população. A partir deste dado, o gráfico 2, abaixo, permite analisar os pontos de melhoria a serem discutidos, se considerado a frequência do visitante do Centro Cultural Canhema.

Gráfico 2 – Propostas de melhorias baseado na frequência do visitante

O gráfico 2 auxilia no estudo pois os visitantes que possuem maior índice de frequência tendem a avaliar minuciosamente todos os itens a serem melhorados na Casa do Hip Hop. Neste estudo, os visitantes que frequentam o centro cultural mais de três vezes por mês apontam ainda a divulgação como item a ser melhorado. Daqueles que estavam no centro cultural pela primeira vez, a programação foi o elemento que obteve maior número de respostas, totalizando 50 %.

Outro importante dado a ser estudado a respeito do perfil do visitante da Casa do Hip Hop é o local de residência de tais frequentadores, auxiliando no estudo da expansão do conhecimento da existência deste centro cultural por toda população. A Tabela 1 detalha o local de residência dos visitantes entrevistados.

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Tabela 1 – Local de Residência do visitante da Casa do Hip Hop

Local de Residência Frequência Relativa (%)

São Paulo 42,3 Diadema 44,2 S.B.Campo 4,8 Santo André 1 Outros 7,7 Total geral 100

Pelos resultados da pesquisa, 44,2% dos frequentadores é residente do municipio de Diadema, evidenciando que o equipamento estudado é um dos locais de lazer bem frequentados pelo morador diademense. Por conseguinte, a cidade de São Paulo também fornece grande número de visitantes a Casa do Hip Hop. Apenas 7,7% dos entrevistados residem em outro local que não seja a capital paulista ou na região do ABC, porém vinham de cidades do interior e do litoral do estado de São Paulo como Bauru e São Vicente, respectivamente. 4.3 Meios de Promoção e Distribuição

A Casa do Hip Hop conta com meios de divulgação, sejam estes impressos ou virtuais, principalmente em locais relacionados ao hip hop como a Galeria do Hip Hop no centro de São Paulo. No entanto, o meio que mais divulga e distribui a existência e as atividades da Casa do Hip Hop é o “boca a boca”. Abaixo, a tabela 2 demonstra a força deste meio de divulgação:

Tabela 2 – Como conheceu a Casa do Hip Hop?

Meios de Divulgação Frequência relativa (%)

Jornal/Revista 1,9 TV/Rádio 2,9 Internet 14,4 Musicas de Rap 3,9 Folhetos de Divulgação 5,8 Por amigos 71,1 Total geral 100

Os dados da Tabela 2 auxiliam na avaliação do meios de divulgação se considerado o local de residência do visitante, conforme o gráfico 3:

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Gráfico 3 – Local de Residência x Como conheceu a Casa do Hip Hop?

Através da análise do gráfico acima, observa-se que em Diadema o “boca a boca” é o principal meio de divulgação da Casa do Hip Hop. Já em locais mais distantes como São Paulo, a Internet auxilia consideravelmente na distribuição das atividades e existência do Centro Cultural Canhema.

Por meios impressos, os eventos e atividades do centro cultural são divulgados através de folheteria, distribuídos pela cidade de Diadema, além de revistas de cultura afro como a revista Espelho Negro, que publicou a matéria “Casa do Hip Hop – Chega mais que a casa é nossa”. O guia Programação Cultural, distribuído em Diadema mensalmente, informa principalmente sobre o Hip Hop em Ação, evento realizado pela Casa do Hip Hop todo último sábado de cada mês. Além destes, os parceiros, principalmente a Zulu Nation, auxilia na exposição da imagem da Casa do Hip Hop.

Por meios virtuais, O Centro Cultural Canhema – Casa do Hip Hop possui o blog “A Casa do Hip Hop” (http://acasadohiphop.blogspot.com/), pelo Portal de Diadema e o website Catraca Livre (pertencente ao Portal Uol), além de contas nas redes sociais Facebook, Orkut e do Twitter, por meio das contas de alguns coordenadores do centro cultural. Contudo, o Facebook da Casa do Hip Hop foi criado apenas em maio de 2012, após quase 13 anos da inauguração da Casa

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do Hip Hop e 8 anos da criação do Facebook. Este atraso na criação de contas nas redes sociais além do centro cultural possuir um simples blog mostra o quanto a divulgação virtual da Casa do Hip Hop pode ser melhor distribuída. Por meios televisivos, a exposição da Casa do Hip Hop já aconteceu em programas populares como “A Liga”, da TV Bandeirantes, “Manos e Minas”, da TV Cultura e “SPTV” da TV Globo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No mundo atual, no qual o lazer está se transformando em sinônimo de individualidade, espaços como centros culturais, onde são oferecidos troca de experiência pessoal e contato com a cultura, tornam-se alternativas de espaços para o desfrute do lazer comunitário.

O propósito do Centro Cultural Canhema – Casa do Hip Hop de oferecer lazer e cultura à comunidade é bem alcançado, considerando a dedicação e união dos idealizadores da Casa do Hip Hop que, mesmo após 13 anos da inauguração do espaço, continuam auxiliando no aprimoramento deste centro cultural. Assim sendo, percebe-se que a cultura e o movimento hip hop ganham cada vez mais força no desenvolvimento pessoal do cidadão que enfrenta tantas dificuldades cotidianas decorrentes da pobreza e da exclusão social, tornando-se assim a voz dos cidadãos de comunidades carentes ao demonstrar, por meio de modalidades de arte urbana, o valor dos excluídos da periferia. Além disto, no decorrer do século XXI, o hip hop desponta como um dos elos entre a sociedade periférica e a sociedade central.

Centros de cultura como a Casa do Hip Hop, que oferecem atividades diversas de lazer, cultura e entretenimento ao seu público representam para o cidadão um espaço onde é possível a troca de informações e de experiências entre si, fazendo com que o público visitante sinta-se efetivamente como participante da respectiva cultura. Ao realizar a pesquisa de campo, os visitantes demonstraram imensa satisfação em estarem presentes em uma das edições do Hip Hop em Ação, além de demonstrar voluntariedade e espontaneidade

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para responder abertamente ao formulário aplicado, enfatizando ainda mais a característica de coletividade do movimento hip hop. Depoimentos como “este lugar é incrível” ou mesmo “demorei a chegar e não voltarei tão cedo para casa” demonstram a importância da Casa do Hip Hop como espaço de lazer e entretenimento ao seu público, periférico ou não. A Casa do Hip Hop, desta forma, pode ser considerada também como local de inclusão social.

Entretanto, a Casa do Hip Hop ainda precisa de maior reconhecimento para que seja considerado um atrativo turístico paulistano. Este equipamento requer maior investimento principalmente em divulgação da existência deste centro cultural e respectivas atividades oferecidas (por meio de mídias impressas por exemplo), além de auxílio na chegada do visitante no local.

Como citado anteriormente neste artigo, durante todo o percurso da região central de São Paulo à Rua 24 de maio não foi encontrada nenhuma sinalização turística referente à Casa do Hip Hop. Estruturação para o público com deficiência visual e a construção de um website, com maior detalhamento sobre a programação, atividades oferecidas, histórico, entre outros pontos, também despontam como melhorias para aperfeiçoamento do espaço.

Embora seja considerada Ponto de Cultura da cidade de Diadema, a Casa do Hip Hop ainda está “escondida” para a maioria da população, o que não significa que este local não é bem freqüentado, principalmente por visitantes interessados em lazer e cultura através da troca de informações, manifestações artísticas, coletividade e diversão.

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ANEXO A

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ANÁLISE DA CASA DO HIP HOP COMO EQUIPAMENTO DE LAZER E CULTURA EM

DIADEMA/SP.

Examinador__________________________________ Data____/_______/_________

FORMULÁRIO AOS VISITANTES

1. Sexo

a. Masculino b. Feminino 2. Qual a sua idade?

a. Menos de 18 anos b. Entre 18 e 25 anos c. Entre 26 e 30 anos d. Mais de 30 anos 3. Qual a sua escolaridade?

a. Ensino Fundamental Incompleto b. Ensino Fundamental Completo c. Ensino Médio Incompleto d. Ensino Médio Completo e. Ensino Superior Incompleto f. Ensino Superior Completo 4. Onde você mora?

a. São Paulo b. Diadema c. São Bernardo d. Santo André 5. Outro. Qual o local

(estado/cidade/país)?______________ 6. Como você conheceu a Casa do Hip Hop?

a. Jornal/Revista

b. Programas de TV/Rádio c. Internet

d. Através das músicas de rap/hip hop

e. Folhetos de divulgação f. Por amigos

7. No que você se sente atraído para visitar a Casa do Hip Hop?

___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________

8. Com que frequência você vem à Casa do Hip Hop?

a. Uma vez por mês b. Duas vezes por mês c. Mais de três vezes por mês d. Uma vez por ano

e. Nunca vim, esta é a primeira vez 9. Você conhece outros centros culturais na

cidade de São Paulo? a. Sim?

Qua(is)_____________________ ___________________________ __________________

b. Não

10. Aponte melhorias para que a Casa do Hip Hop seja considerada um atrativo turístico e de lazer da cidade de São Paulo

( ) Oficinas ( ) Programação ( ) Monitoria ( ) Divulgação ( ) Serviços de Alimentação ( ) Administração

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ANEXO B

Entrevista na íntegra e sem cortes com Nelson Triunfo, coordenador da Casa do Hip Hop, realizada na própria Casa do Hip Hop – Centro Cultural Canhema no dia 31 de março de 2012, durante uma das edições do evento Hip Hop em Ação.

André Souza - Estamos aqui com Nelson Triunfo, grande ícone do hip hop brasileiro, um dos gestores da Casa do Hip Hop – Centro Cultural Canhema que fica em Diadema, estudando o potencial turístico deste centro cultural. Boa noite, Nelson

Nelson Triunfo - Boa noite, estamos aí, pode perguntar o que for necessário, pois agora vou dar as informações necessárias para você, mano!

André Souza - Vamos lá, Nelson. Primeiramente o seu nome completo, por gentileza.

Nelson Triunfo - Nelson Gonçalves Campos Filho, conhecido artisticamente como Nelson Triunfo!

André Souza - Nelson, qual é o seu cargo e a sua função na Casa do Hip Hop? Nelson Triunfo - Na verdade sou chefe de cultura (que eu não gosto do nome), tipo um coordenador da Casa, mas é apenas um dos meus trabalhos, pois tenho minha atividade com meu grupo, faço shows, inclusive saindo do país, representando nossa cultura “Brasil, São Paulo, Diadema” por aí.

André Souza -Nelson, sua formação, por gentileza.

Nelson Triunfo - Cara, eu sou um cara que fiz completo o ensino médio (o 3º colegial), também fiz o técnico de contabilidade geral. Hoje sou conhecido como o “notório-saber”!

André Souza - Entendi, Nelsão. Vamos então abordar a respeito da Casa do Hip Hop. Qual seria o objetivo da Casa do Hip Hop com seus visitantes, com a comunidade local, com os colaboradores e todo o pessoal que ajuda no progresso da Casa do Hip Hop?

Nelson Triunfo - A Casa do Hip Hop primeiramente é um lugar de encontro de jovens, de interação e troca de ideias e intercâmbios culturais. É um lugar para as pessoas também curtirem e aprimorarem as suas culturas e suas educações, dos elementos da nossa cultura que é a

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dança, que é o cântico, que é discotecagem, que é o graffiti (no caso das pinturas de artes plásticas). Fora isto nós oferecemos vários cursos como pintura de tela para o pessoal da terceira idade, aulas de violão, aula de circo, bonecos e etc. A Casa do Hip Hop, ainda, todo último sábado de cada mês oferece o evento chamado Hip Hop em Ação, onde se juntam os quatro elementos e onde recebe pessoas de toda a nação.

André Souza – Nelson, tem algum critério para as atividades que são oferecidas. Tem de serem atividades diretamente ligadas ao hip hop, ou tem alguma coisa do samba, estamos vendo uma apresentação do repente (mistura de música nordestina com rap). Como que vocês definem a programação da Casa do Hip Hop?

Nelson Triunfo - Nós temos o hip hop original, aquele que partiu lá do Bronx e a respeito disto nós temos toda nossa ajuda de cultura nordestina, desde a capoeira ao frevo, há também os costumes de São Paulo, os costumes de todo o Brasil, do Amazonas. Deste estilo original, nós chegamos e demos algumas “injeções” em tudo que apresentamos aqui.

André Souza - Nelson, todos estes artistas que se apresentam no hip hop em Ação se apresentam voluntariamente? Existe algum repasse a eles feito pela prefeitura, pela Casa do Hip Hop, ou algo do tipo?

Nelson Triunfo - Nós temos apenas uma verba que vem para nosso centro cultural, uma mixaria, “de um pau e meio” (R$ 1500,00) por mês. E nós, além de termos a despesa daqui, procuramos ajudar a todos e estamos abertos a receber doações de todos. Os artistas em sua maioria vêm aqui para somar, visto que não é cobrado ingresso, o portão é aberto como você pode ver. É hip hop, é um lugar livre!

André Souza - O hip hop inclusive demonstra isto, liberdade para todos. Portanto, o papel da prefeitura de Diadema é exatamente este, repassando este valor que você nos falou, somente nisto ela ajuda no crescimento da Casa do Hip Hop?

Nelson Triunfo - Tem também água, luz, que também é pago por eles, por se tratar de um espaço público. Mas a grande maioria das coisas que acontecem aqui são feitas pela força do hip hop mesmo, pelos próprios manos que participam. Tem também os trabalhos feitos pelos “oficineiros” mas fora isto nós arranjamos dinheiro por fora e oferecemos workshops para as pessoas, pagamos alguns shows, pagamos vans, através de alguma verba que a gente consegue. As vezes faço show, pego uma verba e trago para cá também. Muitas vezes nós vamos fazer shows em algum lugar e temos uma grana predestinada para realizarmos

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esses shows do final do mês. Também temos no domingo o forró da comunidade, onde as pessoas vêm (tecladista e equipe) para curtir este tipos de shows.

André Souza - Nelson, como ocorre a divulgação do trabalho da Casa do Hip Hop? Tem algum jornal, o site da prefeitura mesmo de vez em quando divulga, o boca a boca, o rap mesmo tem algumas músicas que citam muito a Casa do Hip Hop, como Thaíde... (neste momento Nelson Triunfo recebe cumprimento das integrantes da Odisséia das Flores, grupo de rap feminino responsável pelo show realizado nos instantes anteriores a entrevista).

Nelson Triunfo - Na verdade a gente necessita de quanto mais divulgação melhor. Mas por causa desta verba, a nossa divulgação tem sido mais pela Internet, no Facebook, no Orkut, no Twitter, onde divulgamos numa boa. O ser humano também fala de uma para o outro (boca a boca) e assim que funciona, pode ver que a Casa hoje estava lotada. Imagine se tivéssemos divulgação de panfletos, de cartazes, de rádio, não ia caber ninguém aqui dentro mano!

André Souza - Realmente Nelsão, mesmo sem a divulgação a gente percebe que o público é grande, a adesão da galera é forte e o pessoal vem mesmo. Ainda sendo um lugar longe do centro de São Paulo, localizando-se em Diadema, proporciona muita festa para todos os visitantes. Nelson, a última pergunta. Qual seriam os futuros projetos para a Casa do Hip Hop? Sei que tem oficina de graffiti, de dança, de DJ, de b-boys e b-girls. Em suma, qual seriam os novos projetos?

Nelson Triunfo - Nós temos uma oficina nova começando que é de rock. Tínhamos de dança de salão, agora teremos a de samba-rock. Vamos ter também a oficina de capoeira à noite para o pessoal que não pode freqüentar aqui durante o dia. Ainda temos a aula de violão e várias outras oficinas que já estão rolando, como de DJ como você falou, de encontro de MC’s e de dança. Fora isto não tem nada determinado, pois trabalhamos com possibilidade. Então, tem sempre possibilidade de outra coisa chegar, somar e estar junto com a gente. O que temos de mais determinado na Casa é isto que já rola mesmo, como o Hip Hop em Ação, que acontece todo ultimo sábado de cada mês e no último sábado do mês de julho temos o aniversário da Casa, que também já é uma coisa já programada. De resto é o seguinte: vem aqui que a gente conversa!

André Souza - Exatamente Nelsão. Muito obrigado por esta entrevista, auxiliando imensamente no meu trabalho e na minha vida, já que desde criança admiro a cultura hip hop e sempre ouvi citações sobre Nelson Triunfo. Portanto é uma honra, não só como entrevistador, mas também como pessoa, estar com você neste momento. Sem palavras Nelson Triunfo, muito obrigado!

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Nelson Triunfo - (Risadas) Deixa eu deixar meu salve pra galera então, tipo assim (Neste momento, Nelson Triunfo começa a improvisar um rap): “Triunfo é sinônimo de vitória. Mano eu nunca me entreguei e nem agora porque eu sei quanto mais difícil a história a vida me criou e me deu o valor preciso. Eis a questão porque não é em vão, a briga dos cinco ou não. Olhe nos meus olhos, pouco importa se sou cangaceiro, na verdade eu sou um guerreiro brasileiro. Inclusive venci na batalha diária na área, isto é necessário para a sobrevivência porque aqui ninguém é mais que ninguém. A intenção é a fé, cré com cré, assim que é ser Triunfo. Não precisa jogar meu vacilo, pois trunfo. Não deixo falha com ninguém chega mais, se quiser vir vem pois se é para mim, é para vocês também!”

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REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO CULTURAL E EDUCACIONAL ZULU NATION BRASIL. Hip Hop - Chega mais que a Casa é nossa! Espelho Negro, Diadema, n. , p.10-15, 2012.

BUZO, Alessandro. Hip Hop: Dentro do movimento. Rio De Janeiro: Aeroplano, 2010. 312 p. (Tramas Urbanas).

DUMAZEDIER, Joffre. Lazer e cultura popular. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2008. 333 p.

FERREIRA, Aurelio Buarque De Holanda. MINI AURELIO ESCOLAR. 4. ed. Rio De Janeiro: Nova Fronteira, 2001

MARCELLINO, Nelson Carvalho (Org.). Lazer e cultura. Campinas: Alinea, 2007. 218 p. (Coleção Estudos do Lazer).

NADAI, Elza et al. HISTORIA GERAL. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 1993. 333 p.

ROCHA, Janaina et al. Hip Hop - A periferia grita. São Paulo: Perseu Abramo, 2001. 155 p.

CASA DO HIP HOP. Disponível em: <http://acasadohiphop.blogspot.com.br/>. Acesso em: 01 out. 2012

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<http://acasadohiphop.blogspot.com.br/2009/06/como-chegar.html>. Acesso em: 01 out. 2012

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em:<http://acasadohiphop.blogspot.com.br/2009/06/oficinas-culturais.html>. Acesso em: 01 out. 2012

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<http://acasadohiphop.blogspot.com.br/2009/06/ponto-de-cultura.html>. Acesso em: 01 out. 2012

CATRACA LIVRE. Disponível em: <http://catracalivre.folha.uol.com.br/2012/03/festival-reune-arte-urbana-de-sete-paises/>. Acesso em: 24 mar. 2012

CULTURA RS - SECRETARIA DE ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Disponível em: <http://www.cultura.rs.gov.br/v2/2012/05/festival-do-teatro-brasileiro-cena-gaucha-leva15-espetaculos-gauchos-para-o-centro-oeste/>. Acesso em: 24 mar. 2012

LEIS MUNICIPAIS – PREFEITURA DE DIADEMA. . Disponível em:

<http://www.leismunicipais.com.br/cgi-local/showinglaw.pl/>. Acesso em: 29 set.2012 MINISTÉRIO DA CULTURA. Disponível em:

<http://www.cultura.gov.br/site/2009/02/19/cultura-do-carnaval/>. Acesso em: 21 mar. 2012

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MINISTÉRIO DA CULTURA. Disponível em:

<http://www.cultura.gov.br/site/2008/07/18/capoeira-vira-patrimonio-cultural-do-brasil/>. Acesso em: 22 mar. 2012

MINISTERIO DA CULTURA. Cultura Viva. Disponível em:

<http://www.cultura.gov.br/culturaviva/cultura-viva/>. Acesso em: 29 set. 2012 MINISTERIO DA CULTURA. Ponto de Cultura. Disponível em:

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PENSADOR.INFO. Disponível em: < http://pensador.uol.com.br/frase/MTMzMzc/>. Acesso em: 12 mar. 2012

PONTÃO INTERAÇÕES ESTÉTICAS. Hip Hop Diadema. Disponível em:

<http://interacoes-esteticas.com.br/wp/http:/interacoes-esteticas.com.br/wp/featured/ponto-de-cultura-hip-hop-de-diadema>. Acesso em: 29 set.2012

PORTAL BRASIL. Disponível em:

<http://www.brasil.gov.br/sobre/cultura/carnaval/historia-do-carnaval>. Acesso em: 17 mar. 2012

PORTAL EBC. Disponível em: <http://tvbrasil.ebc.com.br/sabadosazuis/episodio/casa-do-hip-hop>. Acesso em 16 fev. 2012

REPORTER TERRA. Disponível em:

<http://www.terra.com.br/reporterterra/funk/historia_do_funk.htm>. Acesso em: 24 mar. 2012

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