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OS ÍNDIOS DO BRASIL EM PERSPECTIVA HISTÓRICA.

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COLEÇÃO

Formaj,

Relações Étnico-Raciais LUUVflU

ü Formarão (Je Professores t>6Relaçoi

Copyright © 2 0 1 6 Editora Livraria da Física Ia Edição

Direção editaria! José Roberto Marinho

Revisão

Roseany do Socorro Santos Caxias Projeto gráfico

Fabrício Ribeiro Diagramação e capa

Fabrício Ribeiro

Edição revisada segundo o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa Dados Internacionais de Catalogação na Publicação [CIP)

(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

A Diversidade em discussão: inclusão, ações afirmativas, formação e práticas docentes / Wilma de Nazaré Baía Coelho, Carlos Aldemir Farias da Silva, Nicelma Josenila Brito Soares, organizadores. — São Paulo : Editora Livraria da Física, 2016. — {Coleção

formação de professores & relações étnico-raciais]

B i b l i o g r a f i a I S B N 9 7 8 - 8 5 - 7 6 6 1 - 4 4 2 - 3

1. Brasil Relações raciais 2. Cultura afrobrasileira 3. Diversidade cultural 4. Educação -Brasil 5. Inclusão social 6. Professores - Formação I. Coelho, Wilma de Nazaré Bafa,

n. Silva, carlos Aldemir Farias da. IH. Soares, Nicelma Josenila Brito. IV. Série.

16-07891 CDD-306.4 30981 índices para catálogo sistemático:

1. Brasil: Formação de professores e relações étnico-raciais: Sociologia educacional 306.430981

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida sejam quais forem os meios empregados sem a permissão da Editora. Aos infratores aplicam-se as sanções previstas nos artigos 102, 104, 106 e 107

da Lei N" 9.610, de 19 de fevereiro de 1998

ü

Editora Livraria da Física www.livrariadafisica.com.br

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histórica: possibilidades de trabalhar

a História Indígena em sala de aula

Mauro Cezar Coelho Vinícius Zúniga Melo

O

s censos demográficos do IBGE (Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística) revelam ter havido um crescimento nas últimas décadas da população indígena no Brasil. Em 1991, havia um total de 294.131 índios no país. Em 2000, esse número foi para 734.127. O mais recente censo, o de 2010, revelou que no Brasil exis-tiam 817.963 índios. Portanto, segundo levantamento do Instituto, a população indígena entre 1991 a 2010 quase que triplicou no país, apesar dela ter diminuído nas regiões sul e sudeste. Com relação ao Pará, especificamente, também se verifica um crescimento. Em 2000, havia no Estado 37.681 indígenas, enquanto que em 2010, esse número saltou para 39.081. O município paraense com o maior número de índios é Jacareacanga, localizado nas divisas com os Estados de Amazonas e Mato Gròsso. A capital Belém concentra a maior população urbana de indígenas do Pará, apesar de ter havido uma diminuição em seu número entre 2000 e 2010,

passando de 3.583 para 2.281 índios.39

39 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: http://

www.ibge.gov.br/indigenas/indigena_censo2010.pdf. Segundo a pesquisadora do IBGE, Nilza Pereira, em 1991, o Instituto, em seu levantamento» introduziu

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1 2 8 A diversidade em discussão: inclusão, ações afirmativas, formação e práticas docentes

Nos últimos anos, mais especificamente a partir do início da década passada, o número de indígenas nas uni-versidades também cresceu significativamente. Mariana Paladino, em estudo que discute "as condições de acesso e permanência de estudantes indígenas em algumas univer-sidades brasileiras", afirma que em 2003, baseando-se em dados da FUNAI, cerca de 1.300 índios cursavam o ensino

superior.40 Em 2011, esse número saltou para quase 7.00O.41

Apesar desse incremento, a autora argumenta que as con-dições de permanência dos estudantes indígenas no ensino superior ainda são problemáticas. As queixas dos alunos vão desde a ausência e falta de diálogo com os seus conhe-cimentos na universidade até ao preconceito do qual são alvos no espaço acadêmico. Essas queixas indicam a neces-sidade de haver maior institucionalização de programas de

permanência e acompanhamento aos discentes indígenas.42

E válido destacar aqui duas importantes conquistas recentes dos povos indígenas na Universidade Federal do Pará (TJFPA) e na Universidade do Estado do Pará (UEPA). a categoria "indígena" no quesito "cor ou raça". De acordo com a pesquisa-dora, a metodologia utilizada para a contagem de índios foi o da "autoiden-tificação". Isto é, o IBGE levou em consideração a informação fornecida pelo próprio indivíduo no quesito "cor ou raça", para identificá-lo como indíge-na ou não. As outras categorias eram "branca", "preta", "parda" e "amarela". Disponível em: http://indigenas.ibge.gov.br/video-2.

4 0 PALADINO, Mariana. Algumas notas para a discussão sobre a situação de acesso e permanência dos povos indígenas na educação superior. In: Práxis

Educativa. Ponta Grossa: v. 7, número especial, p. 175-195, dez./2012, p. 176.

Disponível em: http://www.revistas2.uepg.br/index.php/praxiseducativa/ article/view/5 D62/3330

4 1 Mariana Paladino destaca que esse aumento se deve, entre outros fatores, a políticas afirmativas adotadas pelos Sistemas de Ensino dos Estados e pelos Conselhos Superiores das universidades federais. Não podemos perder de vis-ta, porém, que tal incremento se deve também ao interesse dos próprios indí-genas em ingressarem no ensino superior e, a partir de suas formações, darem conta das demandas de suas comunidades. Ibidem, p. 177-184.

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Na UFPA, em novembro de 2015, Almires Martins Machado, da etnia Guarani, tornou-se o primeiro indígena doutor da instituição, com o trabalha "De Sonhos ao Oguatá Guassú em busca da(s) Terra(s) Isenta(s) de Mal", defendido no Programa de Pós-graduação em Antropologia. Já na UEPA, em abril de 2016, colou grau a primeira turma do curso de Licenciatura Intercultural Indígena da Universidade, a qual reunia índios de diferentes etnias. A partir dessa formação, os professores atuarão nas escolas indígenas de suas comu-nidades, e desenvolverão com os alunos processos específi-cos de ensino e aprendizagem.

A existência de cursos interculturais nas universida-des brasileiras, aliás, é uma importante conquista do movi-mento indígena. Rosa Helena Dias da Silva demonstra que desde a década de 1980, nas assembleias indígenas reali-zadas pelo país, já se fazia presente a demanda por escolas dentro das aldeias, com processos de ensino e aprendiza-gem diferenciados e ministrados por professores índios". Essas assembleias são um dos reflexos do fortalecimento pelo qual passou os "movimentos indígenas" no Brasil a partir dos anos setenta do século passado, com atuações em níveis locais, regionais e nacionais, e cujo eixo aglutinador

entre as diferentes etnias foi a luta pelo direito a terra.44

SILVA, Rosa Helena Dias da. Movimentos indígenas no Brasil e a questão edu-cativa: Relações de autonomia, escola e construção de cidadanias. In: Bevisla

Brasileira de Educação. Rio de Janeiro: n. 13, p. 95-112, jan./fev./mar./abr.,

2000, p. 101-103. Disponível em: http://anped.tempsite.ws/novo_portal/rbe/ rb e digital/RB DE 13 /RBDE13_07_ROS A_HELENA_DIAS_D A_SILVA .pdf íbidem, p. 96. Além da luta pelo direito a terra, a autora aponta outros três fatores que contribuíram para o fortalecimento dos "movimentos indígenas" no Brasil: a realização de assembleias indígenas, as quais reuniam etnias de diferentes regiões do país, o surgimento de entidades civis de apoio à causa indígena e o estabelecimento de alianças entre indígenas e outros setores da sociedade, como os trabalhadores. íbidem, p. 96-g7.

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1 3 0 A diversidade em discussão: inclusão, ações afirmativas, formação e práticas docentes

Os números e informações aqui destacados, os quais demonstram ter havido nas últimas décadas um aumento da população indígena no Brasil e, mais especificamente, nas universidades, e o fortalecimento do movimento prota-gonizado por esses agentes, vai de encontro ao pensamento ainda muito corrente entre parte importante da sociedade brasileira, de que os povos indígenas são todos iguais, que vivem apenas em suas aldeias, nas matas, isolados ou mantendo contanto muito restrito com a população não indígena, e que vem passando, gradativamente, por um pro-cesso de desaparecimento. Segundo John Manuel Monteiro, aprendemos na escola, desde cedo, que tais sujeitos "são coisa do passado, não propriamente da história, mas antes de uma distante e nebulosa pré-história", de modo que "para dar conta da situação atual, fala-se dos índios de hoje como meros remanescentes (...), resquícios que continuam agarrados ao pouco que lhes resta após cinco séculos de

depredação e espoliação".45

Em face desse pensamento compartilhado entre parte importante da sociedade brasileira, o objetivo a que este capítulo se propõe é o de perscrutar, no processo histórico, explicações ao menos parciais, que justifiquem essa signifi-cativa e atuante presença indígena na atualidade, tendo em vista que, de fato, são povos contra os quais a violência física e cultural sempre se fez (e ainda se faz) presente. Violência esta, existente desde o período da colonização, que embasa a reflexão acima referida, de que os grupos indígenas não têm outro caminho que não seja o do desaparecimento.

45 MONTEIRO, John Manuel. ARMAS E ARMADILHAS: História e resistência dos índios. In: NOVAES, Adauto (org) A outra margem do ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 1999, p. 237-238.

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O público alvo desse trabalho são os profissionais da educação básica, especialmente os professores da disciplina de História. Buscaremos, aqui, destacar, sucintamente, a trajetória do lugar do indígena na produção intelectual brasileira desde meados do século XIX até os dias de hoje. Demonstraremos que no início da década de 1990, a pro-dução historiográfica, especificamente, passou por uma inflexão no modo de interpretar o indígena na história do Brasil, na medida em que esses agentes saíram da condição de coadjuvantes para a de protagonistas no processo his-tórico. Nos basearemos, fundamentalmente, nesses novos trabalhos (alguns, nem mais tão novos assim), para dar conta do objetivo a que nos propomos, elencado no pará-grafo anterior. A nosso modo de ver, essas obras oferecem estudos de caso e conceitos relacionados aos povos indíge-nas, em diferentes tejnporalidades, imprescindíveis para os professores que venham a tratar da temática em suas aulas. Imprescindíveis, pois auxiliarão o docente em sua aborda-gem dos indígenas junto aos alunos, dando-lhes à condição de agentes atuantes da história, a despeito da violência a que foram (e que continuam) sendo alvos.

O indígena e os seus lugares na história do Brasil

Muito já se escreveu sobre o vaticínio de Adolpho Varnhagen, segundo o qual "para o índio não há história, há

apenas etnografia".46 Ainda no século XIX, contestou-se o

juízo do eminente historiador do Império.47 Havia sim

46 VARNHAGEN, Francisco Adolpho. História Gera/ do Brasil. São Paulo: Edusp, 1981, v. 1, p. 30.

47 REIS, José Carlos. As identidades do Brasil: de Varnhagen a FHC. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007, p. 28-25.

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1 3 2 A diversidade em discussão: inclusão, ações afirmativas, formação e práticas docentes

história para os povos indígenas e alguns estudiosos

con-sideraram-nos em seus trabalhos, desde então.48 Nesse

sentido, poderiam parecer sem sentido as demandas de movimentos sociais pela inserção da História dos povos

indígenas na Educação Básica49 e as formulações do, então,

emergente campo da História Indígena e do Indigenismo em favor da incorporação dos povos indígenas nas análises sobre o passado brasileiro. N o entanto, as críticas acerca do lugar dos povos indígenas na produção de saber histó-rico no Bfn£ÜJi©~a afirmação de que o veredito de Varnhagen conformou um paradigma na historiografia são pertinentes. Os indígenas têm estado presentes nos estudos de História do Brasil, desde a formulação inicial do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Não obstante, ao longo de décadas, as análises atribuíram-lhes a condição de figuras passivas, de personagens coadjuvantes mesmo, nas tramas da História do Brasil. Via de regra, os indígenas compare-ciam na condição de objeto das ações de outrem - europeus/ colonizadores. Levaram a cabo, na interpretação de muitos, apenas ações de resistência, quando a opressão, a violência e a desapropriação tornaram insuportáveis as condições de

48 Para alguns clássicos da historiografia brasileira na qual os povos indígenas são considerados como elementos importantes da análise empreendida, ver: ABREU, J. Capistrano de. Capítulos de História Colonial: 1500-1800. Brasília: Conselho Editorial do Senado Federal, 1998; FRANCO, Afonso Arinos de Melo. O índio brasileiro e a Revolução Francesa: as origens brasileiras da teo-ria da bondade natural. Rio de Janeiro: Toopbooks, [s.d.]; FRE.YRE, Gilberto.

Casa-grande & Senzala: formação da família brasileira sob o regime da

eco-nomia patriarcal. Rio de Janeiro: Record, 1996; HOLANDA, SéTgio Buarque de. Caminhos e Fronteiras. São Paulo: Companhia das Letras, 1994; PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo - Colônia. São Paulo: Editora Brasiliense, 1977.

49 Referiuio-nos, particularmente, às discussões que resultaram na Lei n° 11.645/2008 e na formulação de diretrizes específicas para as Escolas Indígenas.

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vida. Nesse sentido, os povos indígenas compareceram em muitos estudos acerca do passado brasileiro, não na con-dição de agentes, mas, como "escada" — no sentido que o jargão teatral atribui ao termo: personagens cuja função na trama é destacar o protagonista da ação central. Via de regra tais personagens não são sequer caracterizados, não

pos-suem trama própria, não encetam qualquer ação relevante.50

Conforme tal postura, a história dos povos indígenas ensejaria três tramas possíveis — a inserção na sociedade envolvente, a resistência ao contato e o desaparecimento. Assim, os povos indígenas durante longo tempo foram per-cebidos conforme a perspectiva recusada por George Rudé em seus estudos sobre o homem comum — como meros

rea-gentes de uma ação impetrada por outrem.51 Logo, ainda

que compusessem as narrativas, os povos indígenas não configuravam agentes históricos plenos. Senão vejamos.

O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro traçou as diretrizes a partir das quais projetava a construção do saber histórico: atrelar a história do Brasil à trajetória europeia, por meio da formulação de uma narrativa integradora da

50 Ver, sobre o tema: GRIJÓ. Wesley Pereira; SOUSA, Adam Henrique Freire. O negro na telenovela brasileira: a atualidade das representações. In: Estudos em

Comunicação: Covilhã, n° 11, p. 185-204, mai. 2012. Disponível em: http://

www.ec.ubi.pt/ec/ll/pdf/ECll-2012Mai-09.pdf; LAPERA, Pedro Vinícius Asterito. A escada negra para o protagonismo branco: comédia, melodrama e retórica racial em A Dupla do Barulho (1953). In: E-compós - Revista da

Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação.

Brasília: v.17, n.3, p. 1-16, set./dez. 2014. Disponível em http://compos.oig.br/ seer/index.php/e-compos/article/view/1022/792.

51 RUDÉ, George F. E. A multidão na história: estudo dos movimentos po-pulares na França e Inglaterra, 1730-1848. Rio de Janeiro: Campus, 1991; HOBSBAWM, E. J. Mundos do TYabalho: novos estudos sobre história ope-rária. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987; KRANTZ, Frcdcrick (org.). A Outra

História - ideologia e protesto popular nos séculos XVII a XIX. Rio de Janeiro:

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1 1 3 4 A diversidade era discussão: inclusão, ações afirmativas, formaçao e práticas docentes

imensa diversidade herdada da colonização portuguesa52.

Nesse sentido, a história que se pretendia contar elegia um

agente, o branco,53 conformado como o protagonista. Não

se tratava, notem bem, de suprimir a referência aos demais elementos, indígenas e negros, mas de situar o seu lugar na trama: aos primeiros caberia a função de heróis nacionais

e aos segundos a condição de força de trabalho.54 Desde o

início, então, a ação, o protagonismo, o lugar central nas tramas em estudo, todas as ações relevantes eram atributo desse agente: o branco.

A contribuição de Varnhagen, então, ainda que em

discordância com alguns de seus contemporâneos,55 se não

52 MATTOS, limar Rohloff de. O Tempo Saquarema: a formação do Estado Imperial. São Paulo: HUCITEC, 1990, p. 9-18.

53 Entendemos que, na trajetória brasileira, a cor não conforma uma única di-mensão. Ela não é. somente, indício de um atributo de Raça fsic). mas, funda-mentalmente, uma condição social. Ela expressa um indicativo importantíssi-mo na hierarquia social constituída desde a colonização portuguesa. Por meio dela, ao gradiente resultante da mistura entre os diversos elementos reunidos na América Portuguesa correspondia uma escala social que relacionava o lugar social de cada um em acordo com a cor de sua pele. Nesse sentido, a cor não constituía um fator absoluto, posto que sempre esteve relacionado a outros fa-tores, como riqueza e condição social. Para uma reflexão sobre estas questões ver: MACHADO, Cacilda. Cor e hierarquia social no Brasil escravista: o caso do Paraná, passagem do século XVDI para o XIX. In: Topoi: Rio de Janeiro, v. 9, n. 17, p. 45-66, dez. 2008. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/topoi/ v9nl7/2237-101X-topoi-9-17-00045.pdf; RAMINELLI, Ronald. Impedimentos da cor. Mulatos no Brasil e em Portugal c. 1640-1750. In: Varia História: Belo Horizonte, v. 28, n. 48, p. 699-723, jul./dez. 2012. Disponível em http://www. scielo.br/pdef/vh/w28n48/ll.pdf.

54 GUIMARÃES, Manoel Luís Salgado. Nação e Civilização nos Trópicos: o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e o Projeto de uma História Nacional. In: Estudos Históricos - CPDOC/FGV. Rio de Janeiro: n. 1, p. 5-27, 1988, p. 17.

55 Sobre a querela envolvendo a questão indígena no âmbito do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, ver: TREECE, David. O indianismo român-tico, a questão indígena e a escravidão negra. In: Novos Estudos CEBRAP. São Paulo: n. 65, p. 141-151, mar. 2003. Disponível em: http://novosestudos.uol. com.br/vl/files/uploads/contents/99/20080627_o_indianismo_romantico. pdf; ORLANDI, Eni P. A língua brasileira. In: Ciência e Cultura. São Paulo: v. 57, n. 2, p. 29-30, jun. 2005. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/

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conformava o pensamento dominante naqnele instituto, repercutiu de modo decisivo na produção historiográfica subsequente. Nela, verifica-se que a despeito da referên-cia aos povos indígenas, eles não cumprem na narrativa outra função que não a de responder às ações, à vontade, ao voluntarismo de outros. Assim, eles aparecem nas tramas na condição de coadjuvantes, não raro de vítimas das ações dos colonizadores.

Em certas obras, os indígenas assumem a condição de associados dos portugueses nos processos de constru-ção da nacionalidade brasileira. É o caso de Jorge Hurley, para quem os indígenas habitantes da América Portuguesa possuíam grande senso de nacionalidade e uma índole que

os predispunha para a cooperação com os portugueses.56

O mesmo ocorre com Arthur Cezar Ferreira Reis. Segundo ele, a nacionalidade brasileira resulta da associação de índios e portugueses com vistas à expulsão dos

"entrelo-pos gauleses".57 Em outras obras, os indígenas são

percebi-dos como tábulas rasas, nas quais o colonizador teve total liberdade para inscrever o que bem entendeu. Em tais tra-balhos as relações mantidas entre indígenas e ocidentais são apreendidas desde uma única perspectiva. É o caso dos trabalhos de Luís Felipe Baeta Neves, no qual as aldeias indígenas surgem como produto exclusivo da intervenção scielo.php?script=sci axttext&pid=S0009-67252005000200016&lng=en&iixm 56 HURLEY, Jorge. Nações de história do Brasil e do Pará. Separata da Revista do

Instituto Histórico e Geográfico Paraense. Belém, v. 1 1 , p. 1-576, 1938, p. 6, 1 1

e 13-16. ' ' 57 REIS, Arthm Cezar Ferreira. Limites e Demarcações na Amazônia Brasileira.

Belem: Secretaria de Estado da Cultura, 1993, v. 1, p. 20-23 e idem A política

de Portugal no Vale Amazônico. Belém: Secretaria de Estado da Cultura, 1993

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1 3 6 A diversidade era discussão: inclusão, ações afirmativas, formaçao e práticas docentes

missionária, e de Luis Felipe de Alencastro, em que a ação indígena é quase sempre um espasmo resultante de uma

provocação portuguesa.58

Tais exemplos, ébom que se diga, não esgotam o volume de trabalhos nos quais os povos indígenas aparecem. Não obstante, eles sintetizam a forma como freqüentemente têm sido vistos. Evidência importante, nesse sentido, é o que encaminha a literatura didática. É consenso entre os espe-cialistas que as escassas referências aos povos indígenas nas narrativas históricas voltadas para a Educação Básica têm sua origem na produção historiográfica. Naquelas nar-rativas, as abordagens relativas aos povos indígenas estão circunscritas ao passado colonial e conformam uma visão idealizada dos povos indígenas. Assim, esses sujeitos resul-tam de tais narrativas como personagens restritas ao pas-sado e com participação ínfima e irrelevante na trajetória

histórica brasileira.59

Não obstante, desde há alguns anos, uma inflexão tem sido gestada. Na sua conformação, foram fundamentais a constatação e o reconhecimento de que os povos indígenas tinham, sim, história e que esta não se restringia ao con-tato com a sociedade envolvente. O avanço dos estudos antropológicos desde os anos 1960, pautados por um olhar mais atento para os processos vividos por aqueles povos,

58 NEVES, Luiz Felipe Baeta. O combate dos soldados de Cristo na terra dos

papa-gaios: colonialismo e repressão cultural. Rio de Janeiro: Forense-Universitária,

1978; ALENCASTRO, Luís Felipe. A interação européia com as sociedades brasileiras, entre os séculos XVI e XVIÍÍ. In: COMISSÃO NACIONAL PARA AS COMEMORAÇÕES DOS DESCOBRIMENTOS PORTUGUESES. Brasil nas

vésperas do mundo moderno. Lisboa: Quetzal Editores, 1991. p. 97-119.

59 COELHO, Mauro Cezar. A história, o índio e o livro didático: apontamentos para uma reflexão sobre o saber histórico escolar. In: ROCHA, Helenice; A. Bastos; REZNTK, Luís; MAGALHÃES, Marcelo Souza (Orgs.): A história na

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facultaram a emergência de estudos que ressaltassem esco-lhas, agendas, contradições e conflitos, tanto nas dinâmicas

internas quanto no trato com o outro.60

Os historiadores acompanharam a trilha aberta por aqueles pesquisadores e iniciaram um campo de estudos hoje reconhecido como História Indígena e do Indigenismo. Conforme a reflexão de Manuela Carneiro da Cunha, nele exerce-se uma crítica e assume-se um desafio. A primeira está relacionada à recusa da perspectiva eurocêntrica no trato da trajetória histórica brasileira, de modo a perceber esta última desde suas lógicas internas e não como meros desdobramentos dos processos ocorridos na Europa. O segundo corresponde à necessidade de incorporar a pers-pectiva indígena nas análises sobre esses mesmos proces-sos, considerando-a como fator constituinte dos contextos, das tomadas de decisões e dos desdobramentos relativos aos processos históricos em estudo.

Os trabalhos históricos que assumiram aquela crítica e aquele desafio já são em número suficiente a conformar, portanto, uma historiografia (em que pese o fato dela se res-tringir, em larga medida, a análise de processos anteriores ao século XX). Historiografia da qual faz parte, inclusive,

60 Destacamos alguns trabalhos nos quais aquela perspectiva é evidente: CUNHA, Manuela Carneiro da; VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo Viveiros de (org.).

Etnologia e História Indígena na Amazônia: novas perspectivas. São Paulo:

FAPESP e Núcleo de História Indígena e Indigenismo, 1993; AMOROSO, Marta. Cotequese e evasão: etnografia do aldeamento indígena de São Pedro de Alcântara, Paraná (1855-1895). Tese (Doutorado). São Paulo. Universidade de São Paulo, 1988; COHN, Clarice. A criança indígena: a concepção Xikrin da infância e do aprendizado. Dissertação (Mestrado). São Paulo. Universidade de São Paulo, 2000; INGLEZ DE SOUZA, Cássio N. Vantagens, vícios e desafios: os Kayapó Gorotire em tempos de desenvolvimento. Dissertação (Mestrado). São Paulo. Universidade de São Paulo, 2000; GORDON, César. Folhas

páli-das: a incorporação Xikrin (Mebengokre) do dinheiro e das mercadorias. Tese

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1 13 A diversidade era discussão: inclusão, ações afirmativas, formaçao e práticas docentes

uma série de trabalhos voltados especificamente para

regi-ões que hoje se constituem na Amazônia Legal.51 Existe

um rol de estudos que analisam a escravidão indígena no passado colonial. Tais estudos jogam luzes sobre um dos mais longos processos do passado brasileiro — a escravidão — apontando a presença indígena. Eles também destacam a atuação destes povos, recusando uma postura que os assu-mem como mão de obra ou como joguetes nas mãos dos

europeus.62 Outro conjunto de trabalhos analisa a legislação

indigenista colonial, destacando o papel desempenhado pelos povos indígenas, especialmente os índios aldeados,

na formulação e na vigência dos instrumentos legais.63

Destacam-se, também, os trabalhos que priorizam o estudo da resistência indígena, entendendo-a por meio de um sem número de ações desses agentes as quais permitem consi-dera-las não somente como recusa à expansão da sociedade colonial, mas, sobretudo, como uma inserção ponderada

61 A Amazônia Leal abrange os seguintes territórios brasileiros: os Estados do Acre, Rondônia, Roraima, Amazonas, Pará, Amapá, Tocantins, Maranhão e Mato Grosso. A conformação desse território foi se dando ao longo da história, pelo menos desde o início do século XVII, período no qual passou a ocorrer de forma mais efetiva a colonização portuguesa ao norte da América do Sul. 62 SCHWARTZ, Stuait B. Segredos internos', engenhos e escravos na sociedade

colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1999; MONTEIRO, John Manuel.

Negros da Terra: índios e bandeirantes nas origens de São Paulo. São Paulo:

Companhia das Letras, 1994; VAINFAS, Ronaldo. A Heresia dos índios: cato-licismo e rebeldia no Brasil colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1995; ROLLER, Heather Flynn. Expedições coloniais de coleta e a busca por oportu-nidades no sertão amazônico, c. 1750-1800. Revista de História. São Paulo: n" 168, p. 201-243, janeiro/junho 2013.

63 DOMINGUES, Angela. Quando os índios eram vassalos: colonização e rela-ções de poder no Norte do Brasil na segunda metade do séculõ XVlU. Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 2000; SAMPAIO, Patrícia Maria Melo. Espelhos partidos: etnia, legislação e desigualdade na Colônia. Manaus: Editora da Universidade Federal do Amazonas, 2012; COELHO, Mauro Cezar. Do Sertão para o Mar - uxn estudo

sobre a experiência portuguesa na América: o caso do Diretório dos índios

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naquela sociedade.64 Por fim, os trabalhos que analisam o

papel desempenhado pelos povos indígenas na formação da sociedade brasileira. Neles, recusa-se os princípios do

mito da democracia racial e a hierarquia a ela subjacente65.

A historiografia que conforma o campo da História Indígena e do Indigenismo é, evidentemente, mais ampla e abrangente que o recorte oferecido neste capítulo. No entanto, ele corresponde ao objetivo de demonstrar a con-formação do campo e as possibilidades que ele abre, nos dias que correm, para a inserção sistemática das questões referentes à História dos Povos Indígenas do Brasil no uni-verso escolar.

64 SANTOS, Francisco Jorge dos. Além da Conquista: guerras e rebeliões indíge-nas na Amazônia Pombalina. Manaus: Editora da Universidade do Amazoindíge-nas, 1999; ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Metamorfoses indígenas: identi-dade e cultura nas aldeias coloniais do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2003; LEMOS, Marcelo SanfAna. O índio que virou pó de café? A resistência dos índios Coroados de Valença frente à expansão cafeeira no Vale do Paraíba (1768-1836). Dissertação (Mestrado). Rio de Janeiro. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2004; FONTENELE, Francisca Nescylene. Grão

Pará Pombalina: Trabalho, Desigualdade e Relações de Poder. Dissertação

(Mestrado). São Paulo. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2008; ROCHA, Rafael Ale. Os oficiais índios na Amazônia Pombalina: Sociedade, Hierarquia e Resistência (1751-1798). Dissertação (Mestrado). Niterói, Universidade Federal Fluminense, 2009; SANTOS, Rafael Rogério Nascimento dos. ?Dis o índio...?: Outra dimensão da lei — políticas indígenas no âmbito do Diretório dos índios (1777-1798). Dissertação (Mestrado). Belém: Universidade Federal do Pará, 2014.

65 LOPES, Fátima Martins. índios, Colonos e Missionários na Colonização da Capitania do Rio Grande do Norte. Mossoró: Fundação Vingt-un Rosado/ IHGRN, 2003; GARCIA, Elisa Frühauf. As diversas formas de ser índio: políti-cas indígenas e polítipolíti-cas indigenistas no extremo sul da América portuguesa. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2009; SPOSITO, Fernanda. Nem cidadãos,

nem brasileiros: indígenas na formação do Estado Nacional Brasileiro e

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1 1 4 0 A diversidade era discussão: inclusão, ações afirmativas, formaçao e práticas docentes

História Indígena e do Indigenismo:

onde encontrá-la

Para melhor visualizarmos de que maneira ocorreu (e continua ocorrendo] essa inflexão no estudo da atuação dos povos indígenas na história do Brasil, é fundamental nos voltarmos mais detidamente para algumas das obras acima referidas. Em função disso, selecionamos duas delas, as quais se referem a grupos indígenas que habitavam a região amazônica durante o período da colonização portu-guesa, para elencarmos o objetivo e o argumento que cada uma defende. A escolha não se deu maneira aleatória, haja vista que ambos os trabalhos abordam o indígena enquanto agente atuante na sociedade colonial a partir de dois aspec-tos distinaspec-tos, embora relacionados: o político e o religioso. Comecemos com esse último.

Almir Diniz de Carvalho Júnior, em seu trabalho, "versa sobre os 'índios cristãos' e sua inserção no mundo

colonial através do processo de conversão".66 O autor

defende o argumento de que esses indígenas, ao serem batizados pelas ordens religiosas entre os anos de 1653 e

1769, não tornavam-se cristãos dentro dos moldes previstos pela igreja e pela Coroa portuguesa, pois se apropriavam das crenças e valores dessa "nova" sociedade a partir de percepções e interesses que lhes eram próprios. Segundo Diniz, esses agentes "eram cristãos a seu modo, como a seu

modo eram índios"67. A o longo do trabalho, é levantada

66 CARVALHO JÚNIOR, Almir Diniz de. índios Cristãos: a conversão dos gen-tios da Amazônia portuguesa (1653-1769). Tese (Doutorado). Campinas, Universidade Estadual de Campinas, 2005, p. 3-4. Disponível em: <http:// www .bibliotecadigitaLunicamp.br/document/?code=vtls000348218>. 67 Ibidem, p. 8-9.

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uma série de dados e informações que sustentam tal tese. O

autor demonstra casos de indígenas Principais68, guerreiros,

pilotos de canoa, carpinteiros... Os quais se valiam de suas condições no interior da sociedade colonial para almejarem e vislumbrarem ganhos para si ou para as suas comunida-des. Diniz demonstra também que muitos índios converti-dos mantinham nos aldeamentos portugueses práticas que remontavam às suas tradições, como o profundo respeito aos mais velhos, as danças típicas, a morte no terreiro e, inclusive, a utilização de elementos cristãos em suas festas de base tupi. Práticas como estas faziam com esses sujeitos fossem vistos pela igreja como "heréticos", e que acabas-sem denunciados à Santa Inquisição, quando da sua visita

ao Grão-Pará na segunda metade do século XVHÍ69.

Em relação à atuação dos indígenas sob o aspecto polí-tico, fazemos referência ao estudo de Nádia Farage. Nele, a autora tem por objetivo demonstrar que o indígena foi peça chave na colonização do Rio Branco, região da Amazônia ocidental, na segunda metade do século XVIII. A o se depa-rarem com dois projetos distintos de ocupação, o portu-guês, baseado na criação de fortificações e aldeamentos, e o holandês, baseado nas trocas comerciais, esses agentes optavam por um ou por outro, tendo como critério as vanta-gens que cada um oferecia. A racionalidade da escolha dos indígenas pode ser dimensionada nas múltiplas situações destacadas por Farage, as quais indicam uma dificuldade de visualizarmos um padrão de ação dessa população em relação à presença de portugueses e holandeses. A autora,

68 Os Principais eram os chefes de um determinado grupo de indígenas no inte-rior das povoações portuguesas.

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1 1 4 2 A diversidade era discussão: inclusão, ações afirmativas, formaçao e práticas docentes

por exemplo, elenca casos de grupos que não queriam se juntar nem a um e nem a outro projeto de colonização e de grupos que condicionavam a sua ida para os aldeamentos portugueses ao poder de decidir em qual local se estabele-ceriam. Havia, inclusive, divisões internas, na medida em que em uma mesma etnia, divergências se faziam presente em relação à opção a se tomar: ir para as povoações lusas ou

se envolver no comércio com os holandeses?70

É claro que esses dois trabalhos não demonstram em sua totalidade o modo como a História Indígena (e também do Indigenismo) vem sendo construída desde a década de noventa pela historiografia brasileira. As produções abor-dam enfoques diferenciados, em temporalidades diversas, utilizando-se de metodologias variadas. Porém, os traba-lhos de Nádia Farage e Almir Diniz já nos fornecem uma importante noção do encaminhamento que a bibliografia vem dando nos últimos anos.

Por meio dessas duas obras, percebemos que os povos indígenas saem da condição de coadjuvantes para a de agentes decisivos do desenrolar do processo histórico. Isso está claro, por exemplo, quando Nádia Farage afirma e demonstra que a colonização europeia da região do Rio Branco dependia largamente dos índios ali sediados. Talvez até mais importante do que essa constatação, seja o fato do processo de escolha desses agentes pelos projetos de colonização que tinham ao seu redor ser extremamente complexo e racional. A opção por um ou por outro projeto era baseado nos ganhos vislumbrados pelos indígenas com

70 FARAGE, Nádia. As Muralhas dos Sertões: os povos indígenas no rio Branco e a colonização. Rio de Janeiro. Paz e Terra; ANPOCS, 1991. Este livro, em forma de dissertação de mestrado, encontra-se disponível em: <http://www. biblioteca digital. unicamp.br/document/?code=0000176B2&fd=y>.

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relação a cada um deles, de modo que muitas das vezes a decisão final não era consensual entre todos do grupo. Já o trabalho de Almir Diniz chama atenção para um aspecto fundamental: a conversão do índio ao cristianismo não era um processo unilateral. O batismo estava longe de signi-ficar uma perda total das crenças indígenas. Nos aldea-mentos portugueses, os preceitos cristãos conviviam com a cosmologia tupi ainda muito presente entre os índios, trazendo problemas e dificuldades de compreensão para a igreja. Além disso, Diniz mostra que muitos foram os indí-genas que mesmo imersos na sociedade colonial, tiravam vantagens a partir da posição que ocupavam.

Antes de prosseguirmos para a conclusão, achamos oportuno elencarmos aqui páginas existentes na web, de fácil e gratuito acesso, em que constam produções acadê-micas relacionadas à História Indígena e do Indigenismo. Devido ao número cada vez mais crescente de páginas que hospedam tais produções, as quais, por si só, vem se tor-nando cada vez mais intensas, é impossível arrolarmos nesse trabalho todo o conteúdo disponível referente à temática abordada. No entanto, nosso objetivo é sugerirmos algumas páginas que podem ao menos servir de guias para os profissionais da educação interessados em adentrar de maneira mais aprofundada no que de mais novo vem se produzindo acerca da História Indígena e do Indigenismo.

Indicamos, primeiramente, os sites de periódicos cien-tíficos ligados aos programas de pós-graduação de História das universidades brasileiras. Neles, além de ser possível acessar as edições passadas, o profissional se mantém a par de trabalhos recentemente produzidos, pois, tais peri-ódicos lançam, em sua maioria, dois números novos por

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1 1 4 4 A diversidade era discussão: inclusão, ações afirmativas, formaçao e práticas docentes

ano. Nesses números, freqüentemente vem contendo

arti-gos relacionados à História Indígena e do Indigenismo.71

Sugerimos, também, o acesso aos bancos de teses de dou-torado e de dissertações de mestrado, disponibilizados nas páginas da web desses mesmos programas de pós-gradu-ação. Tais páginas são atualizadas constantemente com

novos trabalhos72.

Destacamos, especificamente, dois dossiês lançados recentemente em periódicos científicos, cujos artigos em seu interior tratam, essencialmente, sobre História Indígena e do Indigenismo. O primeiro deles é o dossiê História e

índios, publicado em 2013, pela revista História Social,

organizada pelos estudantes do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em 2015, a Revista Estudos Amazônicos, do Programa de Pós-graduação em História Social da Amazônia da Universidade Federal do Pará (UFPA), publi-cou o dossiê História Indígena, organizado pelo professor da UFPA, Márcio Couto Henrique. Nele, os artigos voltam--se, especificamente, para diferentes questões relacionadas aos povos indígenas que habitaram ou que habitam a região amazônica. Por fim, citamos um dossiê em que, mesmo não

71 Entre outros periódicos, ver: Revista de História, publicada pelo Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Página de acesso: http://revhistoria.usp.br/index. php/br/; Revista Brasileira de História, editada pela Associação Nacional de História (ANPUH). Página de acesso: http://site.anpuh.org/index.php/2015-01-20-00-01-55/revistas-anpuh/rbh; Revista Anos 90, editada pelo Programa de Pós-Craduação em História da Universidade Federa] do Rio Crande do Sul. Página de acesso: http://seer.ufrgs.br/anos90

72 Página de acesso do Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia da Universidade Federal do Pará: http://pphist.propesp.ufpa.br/ index.php/br/. Nela, é possível acessarmos o banco de teses de doutorado e de dissertações de mestrado produzidos no Programa, as quais muitas são refe-rentes à História Indígena e do Indigenismo na região amazônica.

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tratando de História Indígena em si, se mostra fundamen-tal para o público alvo desse trabalho, pois tem por intuito auxiliar os professores de História no trato com a temática indígena na sala de aula. Nos referimos ao dossiê Ensino

de História Indígena, publicado na Revista História Hoje,

em 2012, e organizado pelas professoras Circe Bittencourt e Maria Aparecida Bergamaschi, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) e da Universidade Federal do

Rio Grande do Sul (UFRGS), respectivamente73.

Por fim, citamos aqui duas importantes plataformas de busca de produção acadêmica. Uma delas é o Scielo, que, segundo consta em sua própria página, funciona como uma espécie de biblioteca eletrônica, na qual estão armazena-dos inúmeros periódicos científicos e milhares de artigos. O usuário tem a opção de pesquisar a revista ou o artigo de seu interesse, utilizando-se como critério o nome do

autor, assunto, resumo, aas» de publicação e entre outros.74

A outra plataforma é o Google Acadêmico, de fácil utili-zação. Nele, consta uma série de produções acadêmicas, como artigos científicos e livros. O usuário, por exemplo, ao colocar "História Indígena" na barra de pesquisa, terá

73 Dossiê História e índios. In: História Social. Campinas: n. 25, 2013. Disponível em: http://www.ifch. unicamp.br/ojs/index.php/rhs/issue/view/l04/ showToc; HENRIQUE, Márcio Couto (Org.). Dossiê História Indígena. In: Revista Estados Amazônicos: Belém, v. 8, n. 1, 2015. Disponível em: http://www.ufpa.br/pphist/estudosamazonicos/index.php7optionscom_ content&view=article&id= 1 4 0 : 2 0 1 5 1 1 2 5 1 6 4 7 4 2 & c a t i d = 6 : n o t i c i a s -pphist&Itemid=l; BITTENCOURT, Circe; BERGAMASCHI, Maria Aparecida (Org.). Dossiê Ensino de História Indígena. In: Revista História Hoje: São Paulo, v. 1, n. 2, 2012. Disponível em: https://rhhj.anpuh.org/RHHJ/issue/ view/RHHJ%2C%20vl%2C%20n2/showToc

74 Página de acesso ao Scielo Brasil: http://www.scielo.br/scielo. p hp ?script=sc i_hom e&lng=p t&nxm=iso

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1 1 4 6 A diversidade era discussão: inclusão, ações afirmativas, formaçao e práticas docentes

acesso, instantaneamente, a vários trabalhos produzidos,

recentes ou não, acerca da temática.75

Considerações finais

É inegável a violência sofrida pelos povos indígenas desde a chegada dos europeus em terras que futuramente formariam o Brasil. Violência não somente física, mas também cultural, provocada não somente pelo confronto direto, mas também pelas epidemias. Violência, inclu-sive, que se estende e se faz muito presente até os dias de hoje, nos conflitos pelo direito a terra ou em Propostas de Emenda à Constituição, como a de número 215, que tramita no Congresso Nacional, a qual busca transferir do executivo para o legislativo a incumbência da demarcação das terras indígenas.

N o entanto, paralelamente a essa violência, constata--se nas últimas décadas um fortalecimento do Movimento Indígena no Brasil, assim como um aumento do número de índios no país e nas universidades brasileiras. Nos resta, então, a seguinte indagação: o que explica essas informa-ções e números tendo em vista a violência histórica da qual a população indígena é alvo? Essa foi a pergunta a que nos propomos responder nesse trabalho, ao menos parcial-mente, pois, certaparcial-mente, outros fatores podem ter influído no incremento da população e da organização dos povos indígenas, como um melhor acesso ao sistema de saúde e aos meios de comunicação. Argumentamos, porém, que é

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fundamental nos voltarmos ao processo histórico para res-ponder ao questionamento colocado.

Diferentemente do que pensou por muitos anos a pró-pria produção intelectual no Brasil, os grupos indígenas, a despeito das grandes perdas que sofreram ao longo da his-tória fruto da hostilidade do contato com os não indígenas, sempre conseguiram se articular a fim de se apropriarem de códigos externos à sua comunidade da maneira que mais lhe convinha e de um modo que viesse a satisfazer suas demandas. Voltemos para o período colonial. O que a his-toriografia vem demonstrando nos últimos anos por meio de vários estudos de caso, responde a uma crítica colocada por John Manuel Monteiro. Para o autor, vigorou por muito tempo a idéia de que existiria dois tipos de indígenas bem distintos: os aliados dos portugueses e os inimigos dos portugueses. Em relação a esse segundo grupo, especifica-mente, a sua reação se daria de maneira natural à presença do colonizador, como se não houvesse uma razão para tal

postura.76 Estudos vêm demonstrando, por outro lado, que

a situação se mostrou sempre mais complexa que essa sim-ples dicotomia.

Conforme vimos, baseando-se em estudo de Nádia Farage, as ações dos indígenas em relação à presença do colonizador eram movidas por um alto grau de racionali-dade, havendo, inclusive, divergências no interior de um mesmo grupo. A não ida para os aldeamentos portugueses, não significava, necessariamente, uma inimizade ou uma repulsa espontânea à presença lusa, mas, tão somente, a percepção de que a aliança com os holandeses (ou com

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1 1 4 8 A diversidade era discussão: inclusão, ações afirmativas, formaçao e práticas docentes

nenhum europeu) se mostrava mais proveitosa aos índios do Rio Branco. Essa percepção, no entanto, poderia mudar a qualquer momento, a depender da conjuntura. Por outro lado, Almir Diniz demonstra que viver nos aldeamentos nem sempre era sinônimo de inserção plena às crenças cris-tãs e, inclusive, de adversidades a todo o momento. Muitos dos indígenas descidos mantinham suas tradições e ambi-cionavam ter projeção no interior da sociedade colonial.

Portanto, ao atentarmos para esses exemplos ocorridos na região amazônica ao longo dos séculos XVII e XVni, e para os outros inúmeros casos contidos na historiografia aqui citada, chegamos à conclusão que indígenas atuantes e protagonistas no rumo de sua própria história (e na própria história do Brasil, inclusive), em uma sociedade que lbe é extremamente hostil, não é um fenômeno recente. Muito pelo contrário: esses povos, de algum modo, apesar das adversidades encontradas, sempre agiram politicamente visando garantir direitos e ganhos, e a interferência nas leis destinadas a si. O que varia, com o passar do tempo, é apenas a forma dessas ações, as quais dependem, em larga

medida, do contexto em que são engendradas77.

A escola se constitui em lugar fundamental para tra-balhar com crianças e adolescentes esse protagonismo

desempenhado pelos povos indígenas ao longo da história

77 Patrícia Melo Sampaio, por exemplo, aponta as diferenças existentes nas "es-tratégias de sobrevivência" dos indígenas do Grão-Pará e Rio. Negro do iní-cio do século XIX, em relação às estratégias adotadas durante a vigência da lei do Diretório dos índios (1757-1798). SAMPAIO, Patrícia Melo. índios e brancos na Amazônia Portuguesa: políticas e identidades no século XVm. In: CHAMBOULEYRQN, Rafael; ALONSO, José Luis Ruiz-Peinado (Org.).

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do Brasil e, assim, contribuir para a desconstrução de cer-tos estereótipos relacionados a esses agentes, como os que foram elencados no início desse estudo. Afinal de contas, o ensino de história, por exemplo, constituído pelo saber científico, saber docente e saber do aluno, tem como um de seus atributos, de acordo com Ana Maria Monteiro, se rela-cionar com a memória, e com ela dialogai- e nela interferir. E uma dessas memórias sobre a qual o ensino de história pode interferir é justamente a que se tem sobre os povos indígenas, a partir do modo como o conteúdo da temática

é trabalhado.78

Para que seja eficaz o diálogo com a memória trazida pelos alunos à sala de aula, referente aos povos indígenas, é fundamental que o docente se mantenha atualizado acerca das produções acadêmicas relacionadas à História Indígena e do Indigenismo. Por meio da leitura delas, o professor terá cada vez mais subsídios em seu esforço de tornar a sala de aula espaço de difusão da idéia de que os diferentes gru-pos indígenas, em decorrência de suas ações e articulações, foram, e continuam sendo, agentes fundamentais na trajetó-ria histórica do Brasil.

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Referências

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