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Biblioteca Digital do IPG: Relatório de Estágio Curricular - Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários (Gouveia)

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Academic year: 2021

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO

Curso Técnico Superior Profissional

em Gerontologia

João Manuel Lopes Ferreira

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Relatório de Estágio

Instituto Politécnico da Guarda

Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto

Curso Técnico Superior Profissional de Gerontologia

João Ferreira

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I

Elementos Identificativos

1. Aluno

João Manuel Lopes Ferreira Numero: 5009073

2. Estabelecimento de Ensino

Instituto Politécnico da Guarda

Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto

3. Associação acolhedora do estágio

Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Gouveia Código de postal: 6290-520 Gouveia

Telefone: 238492138 Fax: 238494715

Endereço correio eletrónico: secretaria@bvgouveia.pt

Web. Site: www.bvgouveia.pt

4. Duração do estágio

Inicio: 5 de março de 2018 Fim: 10 de junho de 2018 Total de 750 horas

5. Supervisor do estágio

Comandante Nelson Pacheco Tenreiro de Pina

6. Orientador de estágio no Instituto Politécnico da Guarda

Prof. Coordenador Maria do Rosário Santana

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II

Agradecimentos

Foram muitas as pessoas que estiveram comigo, que me apoiaram e que contribuíram para que esta etapa da minha vida fosse alcançada.

Agradeço em primeiro lugar ao Instituto Politécnico da Guarda por toda a formação ministrada e em seguida à minha orientadora Prof. Dra. Maria do Rosário Santana, tendo desde logo mostrado total disponibilidade para me ajudar.

Agradeço a todos os meus professores que ao longo destes dois anos partilharam conhecimento, mostrando o seu profissionalismo e a sua entrega para a formação de novos profissionais nesta tão importante área de atuação.

À Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Gouveia, instituição que acolheu o meu estágio.

Aos meus pais pela pessoa que hoje sou, e por todo o apoio que me deram e que me continuam a dar.

Agradeço ao meu irmão, também por todo o apoio, pois foi uma ajuda preciosa, visto ser licenciado em Gerontologia, e assim me ter ajudado ao longo deste percurso.

Ao meu supervisor, Comandante Nelson Pina, que desde cedo abraçou a minha proposta de realizar o meu estágio em tão nobre associação, bem como a todos os meus colegas bombeiros com quem partilhei experiencias e conhecimentos.

Por último, e não menos importantes, aos meus amigos em geral, vendo neles exemplos de vida.

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III

Resumo

Este relatório pretende descrever todas as atividades realizadas ao longo do estágio nos Bombeiros Voluntários de Gouveia tendo como objetivo mostrar o trabalho desenvolvido estabelecendo os objetivos e as estratégias a aplicar em face dos públicos que se nos apresentam.

Assim, e no âmbito deste estágio curricular, foram desenvolvidos e aplicados múltiplos conhecimentos adquiridos ao longo da formação em Técnicas de Gerontologia, nomeadamente aqueles que concernem a pessoa idosa e as múltiplas patologias que apresentam em contexto de emergência pré-hospitalar.

Sendo Tripulante de Ambulâncias de Socorro (TAS) fui integrado na equipa de emergência pré-hospitalar. Durante o estágio pude contactar e analisar todos os serviços nos quais as vitimas tinham idades iguais ou superiores a 65 anos, respondendo assim a todos os tópicos presentes no meu plano de estágio.

Assim, são apresentados os elementos que melhor descrevem este período de estágio - 5 de março a 10 de junho de 2018 -, nomeadamente aqueles que concernem a caraterização da instituição de acolhimento, a justificação teórica que suporta a prática da Gerontologia como disciplina importante para a sociedade e a pessoa idosa, nomeadamente as respostas sociais e a prática de socorro em contexto de emergência pré-hospitalar, e a análise das diversas situações de socorro que se nos apresentam nesse contexto(Anexo I).

Palavras-chave: Emergência Pré-hospitalar, Socorro, Gerontologia, Técnico de Gerontologia, Envelhecimento.

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IV

Índice

Elementos Identificativos ... I Agradecimentos ... II Resumo ... III Lista de Siglas ... VI Introdução ... 1

Capítulo Ι – Enquadramento Institucional ... 2

1.1. Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Gouveia ... 2

1.2. Missão ... 2

1.3 – Envelhecimento populacional no Concelho de Gouveia ... 3

1.3.1. A população idosa no concelho de Gouveia ... 3

1.3.2. Respostas sociais ao envelhecimento no concelho em estudo ... 3

Capítulo II – Estágio ... 4

2.1. A prática de socorro em contextos de emergência pré-hospitalar - Principais causas da origem da chamada de socorro ... 4

2.2. Condições de habitabilidade ... 5

2.2.1. Idosos que vivem sozinhos ... 5

2.2.2. O cuidador idoso ... 6

2.2.3. O idoso institucionalizado ... 6

2.3. Principais patologias de base nos idosos ... 7

2.4. Medicação predominante nos idosos ... 9

2.5. Diferentes contextos de atuação durante o estágio curricular. ... 11

2.5.1. Quedas ... 11

2.5.2. Doenças súbitas ... 11

2.5.3. Intoxicações medicamentosas ... 11

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V 2.5.5. Tentativas de suicídio ... 12 Conclusão ... 13 Bibliografia ... 15 Webgrafia ... 16 Anexos ... 17

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VI

Lista de Siglas

TAS - Tripulante de Ambulâncias de Socorro INE – Instituto Nacional de Estatística

PCR – Paragem Cardio-respiratória AVC – Acidente Vascular Cerebral

DPOC – Doenças Pulmonar Obstrutiva Cronica

ESECD – Escola Superior de Educação Comunicação e Desporto IPG – Instituto Politécnico da Guarda

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1

Introdução

Gouveia é uma cidade do interior do país que espelha uma realidade emergente duma população envelhecida, com poucos recursos económicos e onde o investimento por parte das autoridades não é visível, contrastando com um litoral com maior investimento, perante uma população mais jovem. Deste êxodo resultam diversos constrangimentos que analisaremos no presente relatório em face das atividades desenvolvidas.

O presente relatório descreve as observações realizadas durante o estágio curricular no âmbito do Curso Técnico Superior Profissional (TeSP) de Gerontologia, realizado na Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Gouveia. Foi realizado no departamento de emergência pré-hospitalar, sob a orientação do Comandante Nelson Pina, tendo também o contributo dos diversos elementos que constituem as equipas. Este relatório comporta quatro capítulos. No primeiro capítulo faremos um enquadramento teórico e institucional do estágio, definindo a missão da instituição. No segundo capítulo falaremos do envelhecimento populacional no concelho de Gouveia e das respostas sociais ao envelhecimento. No terceiro capítulo analisaremos as principais causas da chamada de socorro. Abordaremos as condições de habitabilidade dos idosos falando também dos que vivem sozinhos, dos seus cuidadores e dos que são institucionalizados. As principais patologias de base e a principal medicação também serão temas abordados neste capítulo. Por fim, no quarto e último capítulo, fazemos uma abordagem geral do estágio, dos diferentes contextos de atuação durante o mesmo. Para a elaboração deste relatório foram efetuadas diversas pesquisas, nomeadamente no que concerne o suporte papel e digital, assim como webgrafia.

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Capítulo Ι – Enquadramento Institucional

No presente capítulo apresentarei a instituição onde realizei o estágio curricular no âmbito do Curso Superior Tecnológico de Gerontologia, apresentando a Associação de Bombeiros Voluntários de Gouveia e a sua missão no território onde está inserida.

1.1. Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Gouveia

A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Gouveia foi fundada a 10 de julho de 1904, dado que nos finais do seculo XIX se foi acentuando cada vez mais a ideia de que o concelho de Gouveia necessitava de um corpo de bombeiros para fazer face a todas as ocorrências que vinham a existir, e que até a esta data eram resolvidas pelo próprio povo que se juntava para fazer face a essas ocorrências. Assim, foi criada uma comissão a favor dos Bombeiros Voluntários, gerando uma grande manifestação pública. Foram muitos os apoios de figuras ilustres do concelho que ajudaram com a doação de algumas quantias de dinheiro, sendo também organizadas diversas iniciativas, afim de angariação de fundos para aquisição de equipamentos e para fazer face a tudo o que fosse necessário. E assim foi, os tempos foram passando e a associação foi evoluindo até aos dias de hoje. (Guerrinha, 2004)

1.2. Missão

O corpo de bombeiros de Gouveia é uma unidade operacional tecnicamente organizada, preparada e equipada para o desempenho de varias missões entre as quais:

 O combate a incêndios rurais e florestais;

 O socorro às populações em caso de incêndios, inundações, desabamentos e em todos os acidentes, catástrofes ou calamidades;

 O socorro a náufragos e buscas subaquáticas;

 O socorro de sinistrados e doentes, incluindo a urgência pré-hospitalar. A prevenção contra incêndios em edifícios públicos, casas de espetáculos e divertimento público e outros recintos;

 A participação noutras ações para as quais estejamos tecnicamente preparados;

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 O exercício de atividades de formação cívica, com especial incidência e outros acidentes domésticos.

Estas permitem resolver de imediato as situações que se apresentam no concelho sendo depois conduzidas superiormente para os locais mais adequados. (Guerrinha, 2004)

1.3 – Envelhecimento populacional no Concelho de Gouveia

No presente capítulo faremos uma breve caracterização da população idosa no concelho de Gouveia, fator relevante na nossa atuação em termos de emergência pré-hospitalar.

1.3.1. A população idosa no concelho de Gouveia

O envelhecimento é hoje um fenómeno universal, que se tem refletido em todo o território nacional de um modo geral, sendo o interior do país mais afetado. Gouveia é uma cidade do interior, pertencente ao distrito da Guarda. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE 2011) Gouveia, é a cidade mais envelhecida do país, existindo 246 idosos para cada 100 jovens, relacionando a população com 65 anos ou mais, com a população entre os 0 e os 14 anos. Uma das principais causas deste envelhecimento acentuado da população é a desertificação, fenómeno que tem vindo a aumentar, em contraste com os baixos valores de natalidade.

1.3.2. Respostas sociais ao envelhecimento no concelho em estudo

São várias as respostas sociais desenvolvidas para fazer face ao envelhecimento em Gouveia. Gouveia é um concelho com 16 freguesias e cerca de 14000 habitantes. Existem em todo o concelho 17 lares de idosos, sendo também alguns destes, centros de dia. Estes lares procuram o bem-estar dos seus utentes, proporcionando melhor conforto e incentivando atividades que visam o conforto social e o envelhecimento ativo das populações. O município de Gouveia também tem desenvolvido algumas iniciativas de apoio ao envelhecimento ativo. A universidade sénior de Gouveia é uma resposta social de promoção do envelhecimento ativo e valorização pessoal e social. Foram também criadas medidas de apoio aos idosos economicamente mais desfavorecidos, tais como isenção do pagamento de transportes públicos, e a comparticipação de 30% sobre medicamentos prescritos, na parte não comparticipada pelo serviço nacional de saúde.

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Capítulo II – Estágio

No presente capítulo são abordadas as principais causas de socorro e emergência pré-hospitalar nomeadamente no que concerne a caracterização da população a que se destina, nomeadamente a que origina as causas de chamada, condições de habitabilidade, os cuidadores e, por fim, os idosos institucionalizados.

2.1. A prática de socorro em contextos de emergência pré-hospitalar -

Principais causas da origem da chamada de socorro

São inúmeras as causas da origem de uma chamada de socorro pré-hospitalar. Perante uma população envelhecida, maioritariamente com idade superior a 65 anos, as causas dos pedidos de socorro são muito variáveis. Constatamos em primeiro lugar que são um público que, na sua maioria, é portador de múltiplas patologias que, muito embora medicados, por vezes agudizam. Este acontecimento, acrescido do facto de serem polimedicados também traz por vezes algumas iatrogenias, ou seja, efeitos secundários decorrentes da medicação por vezes excessiva. As hiper e hipotensões, as hiper e hipoglicemias, bem com as alterações do estado de consciência são a maioria das causas da chamada de socorro para que fomos accionados, existindo porem múltiplas causas associadas.

As quedas também são uma causa muito comum. Estas são a segunda causa de morte por acidente a nível mundial. Grande parte dos alertas para que fomos solicitados foram quedas acidentais. A mobilidade e o equilíbrio já são reduzidos, aumentando assim a probabilidade destes acidentes ocorrerem. Devemos referir também as condições estruturais das habitações que influenciam na ocorrência de quedas acidentais. Por vezes, associado também às quedas, está primariamente uma agudização súbita que leva posteriormente à queda desamparada provocando estas, por vezes, lesões severas. De entre as nossas atuações, é de salientar o elevado número de paragens cardio respiratórias para que fomos solicitados. Entre três a quatro vezes por semana eramos chamados para este tipo de socorro, o que para Gouveia que é um concelho com pouco mais de 14000 habitantes e com a nossa área de intervenção a abrangermos cerca de 9000 habitantes, um número muito elevado de ocorrências; estes números refletem-se no crescente despovoamento do interior.

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2.2. Condições de habitabilidade

Ao longo deste período de estágio foi considerável o número de idosos que, em pleno século XXI vivem sem condições de habitabilidade. Verificamos que não existe higiene, conforto, sendo que as habitações tem inúmeros problemas estruturais e de acesso, dificultando a deslocação de pessoas com dificuldades de mobilidade e, consequentemente o socorro rápido das equipas chamadas ao local.

Devemos referir que não é de todo trabalho dos bombeiros ou de qualquer equipa de emergência pré-hospitalar fazerem uma observação/análise das condições de habitabilidade das vítimas a quem prestam socorro, mas é algo que muitas vezes é impossível de ultrapassar. Quando falo em impossível refiro-me à dificuldade que temos em retirar as pessoas de suas casas devido aos espaços exíguos onde se encontram, assim como os maus cheiros presentes, que trazem consigo, falta de higiene, tendo por vezes associadas infeções muitas vezes transmissíveis.

2.2.1. Idosos que vivem sozinhos

Segundo estudos recentes (INE,2011), mais de 43 mil idosos vivem sozinhos em Portugal, sendo os distritos de Viseu e da Guarda os mais afetados. Em Gouveia, cidade pertencente ao distrito da Guarda, a situação é particularmente alarmante. Foram inúmeras as ocorrências que assisti, em que me deparei com idosos já com perda de mobilidade e vitalidade, fenómenos inevitáveis com o avançar da idade, a viverem sozinhos. É de realçar nestes idosos o olhar triste e abatido, refletindo a solidão e o isolamento do mundo.

O declínio anatómico e fisiológico em idosos que vivem sozinhos arrastam consigo inúmeros problemas, tais como dificuldade em manter uma higiene pessoal e habitacional adequada. A solidão leva a que estes idosos não preparem refeições completas e balanceadas, conduzindo-os assim à desnutrição e à desidratação, levando ao aparecimento de diversas doenças que só são diagnosticadas aquando de uma fatalidade, momento esse em que somos chamados, e em que grande parte das vezes já não há nada a fazer. Mesmo aqueles que são seguidos pelos seus médicos têm dificuldade em seguir os tratamentos receitados. Por vezes não tomam a medicação ou

procedem à ingestão descontrolada e despropositada, refletindo-se tais

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Todos estes idosos carecem de um acompanhamento e supervisão quase que permanente. As quedas são outra das fatalidades a que somos chamados com frequência, e neste público-alvo, por vezes, têm um desfecho fatal. Grande parte das vezes são os vizinhos que dão os alertas, por vezes são tardios, pois só dão conta quando os deixam de ver. É importante todos estes idosos estarem referenciados e serem aconselhados e ajudados a serem acompanhados por instituições e entidades competentes, a fim de minimizar ou evitar acontecimentos trágicos.

2.2.2. O cuidador idoso

Ao longo deste período de estágio foram alguns os casos em que prestamos cuidados a vítimas idosas cujo cuidador era também idoso. Foi visível o stress, a ansiedade, a inquietação, a preocupação destes cuidadores, que para além de cuidadores são também idosos, com declínios anatómicos e fisiológicos próprios do avançar da idade. A sobrecarga, o aumento dos problemas físicos, psicológicos acabam por inevitavelmente surgir com o desempenho das funções de cuidador. Estes perdem a sua rotina e a sua vitalidade pois amplia o tempo e a energia requeridos com o idoso. Tudo isto leva à deterioração do estado de saúde do cuidador. A depressão e a ansiedade são dois problemas significativos presentes na maioria dos cuidadores, estando associados ao desespero, à frustração, à inquietação e à tristeza.

Nestas situações, o nosso trabalho passa, para além da prestação de cuidados à vítima, pelo saber ouvir os desabafos do cuidador e, se possível e dentro dos nossos conhecimentos, aconselhar, podendo mesmo referenciar estes casos às entidades competentes.

2.2.3. O idoso institucionalizado

Os lares são instituições que pretendem contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos idosos que, inevitavelmente, vão sofrendo com o tempo um conjunto de modificações fisiológicas e psicológicas. Para que seja possível esta melhoria, é necessário que existam estruturas adequadas às necessidades dos idosos, bem como profissionais formados e treinados para o exercício das funções que lhes são confiadas.

Gouveia é um concelho com 16 freguesias, existindo em cada uma delas pelo menos um lar de idosos. É nestes que se concentra grande parte dos serviços de emergência pré-hospitalar. Ao longo deste estágio foram muitos os lares onde prestei socorro,

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podendo assim observar muitas lacunas no seu funcionamento. A profissionalização e qualificação dos serviços não responde aos padrões de rigor, eficácia, transparência e respeito pela dignidade das pessoas idosas. O que mais sobressai pela negativa é a falta de conhecimento dos profissionais no que concerne a cuidados básicos de saúde, existindo uma grande falta de conhecimento, pondo em causa a vida dos utentes. A falta de conhecimento de primeiros socorros é evidente, entre os quais o suporte básico de vida, algoritmo que devia ser do conhecimento de todos os profissionais dos lares, pois nestes está concentrado um público com probabilidades altas de sofrerem Paragens Cardio-Respiratórias (PCR). Foram inúmeros os casos de PCR ocorridos em lares, e em nenhum, à nossa chegada, existia uma primeira tentativa de reanimação. Outro dos problemas que existem nos lares são os acessos e as estruturas que são, na sua grande parte, desadequadas. Deparei-me com lares com difíceis acessos, com ruas estreitas para meios de socorro. A sinalização dos mesmos nas proximidades é inexistente. Em termos de estrutura do próprio lar é de referir que existem lares com vários pisos, o que de certa forma embaraça a locomoção do próprio idoso, aumentando também o risco de quedas, e que dificulta também o trabalho dos profissionais de socorro. Alguns destes lares nem elevador têm, e os que os possuem, os mesmos não têm espaço suficiente para transportar doentes em maca. Os quartos, por vezes, são pequenos e estão superlotados com utentes. Nota-se que em quartos com espaço para um utente se encontram três.

Verificamos, no entanto, que nos últimos tempos as instituições têm feito um enorme esforço na melhoria das condições de vida dos utentes e dos cuidados que lhe são prestados, dignificando a pessoa idosa no seu todo.

2.3. Principais patologias de base nos idosos

O envelhecimento normal acompanha-se de fenómenos naturais de deterioração das estruturas orgânicas e das suas funções. O sistema circulatório é um dos mais afetados com o avançar da idade. São várias as doenças cardiovasculares, sendo as mais frequentes a insuficiência cardíaca, a hipertensão arterial e o enfarte agudo do miocárdio. A doença das artérias coronárias (artérias do coração), também é preocupante em idades mais avançadas. Grande parte destas doenças é provocada por aterosclerose, ou seja, pela deposição de placas de gordura e cálcio no interior das artérias, dificultando a circulação sanguínea, podendo mesmo impedi-la, originando

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assim patologias como a angina de peito ou mesmo o enfarte do miocárdio. (Coelho,2016)

O sistema nervoso também não foge aos declínios provocados pelo avançar da idade. A aterosclerose quando se desenvolve nas artérias do cérebro origina alterações fisiológicas, tonturas ou pode ainda causar Acidente Vascular Cerebral (AVC), que é uma das principais causas de morte nesta faixa etária. O declínio dos neurotransmissores, alterações na vascularização do sistema nervoso central, redução da densidade das sinapses e do número de neurónios está associado a demências. Demência é designada pela perda de capacidades cognitivas e funcionais, de modo progressivo num individuo que adquiriu previamente competências intelectuais, ou seja, perda das competências que se obtiveram. A doença de Alzheimer representa a maior percentagem dos casos de demência, provocando uma deterioração global, progressiva e irreversível de diversas funções cognitivas tais como a memória, a linguagem e o pensamento. (Nunes,2014) A depressão também é uma das doenças mais comuns nos idosos. É um estado emocional grave, tratando-se de uma perturbação na qual são experienciadas emoções de angústia, tristeza e frustração, resultantes de experiencias traumáticas vividas no passado. É uma doença mental grave e incapacitante, estando

associada a sentimentos de tristeza profunda1.

O sistema osteoarticular também é afetado pelo envelhecimento. Tornando-se, por vezes, muito incapacitante, tem grandes probabilidades de assim despoletar outras patologias associadas à perda de mobilidade e ao sedentarismo. A osteoartrose, vulgarmente conhecida por artrose, é uma doença muito comum no seio dos mais idosos. Acima dos 65 anos de idade, 90% dos indivíduos têm artrose. É uma doença que atinge fundamentalmente a cartilagem articular, que é um tecido conjuntivo elástico que se encontra nas extremidades das áreas que se articulam entre si. A osteoporose é uma patologia frequente em mulheres pós menopausa e homens e mulheres idosos. Caracteriza-se pela diminuição da massa óssea e a deterioração da arquitetura do osso,

conduzindo assim ao aumento de fraturas2.

A diabetes também é uma patologia muito frequente nos indivíduos com idades mais avançadas. Mais de um quarto dos idosos em Portugal tem diabetes, arrastando consigo

1. https://rotasaude.lusiadas.pt/depressao-na-terceira-idade/

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um maior risco de outras doenças associadas. É uma doença crónica caracterizada pelo aumento dos níveis de glicose no sangue e pela incapacidade do organismo transformar a glicose que acompanha os alimentos. Este mau funcionamento pode, nos idosos, ser fatal3.

As patologias respiratórias também são uma das principais causas de incapacitação e mortalidade nos idosos. A Doença Pulmonar Obstrutiva Cronica (DPOC) é uma doença pulmonar caracterizada pela diminuição prolongada do calibre das vias aéreas superiores e também pela destruição do tecido pulmonar, com diminuição da elasticidade pulmonar e redução da superfície pulmonar capaz de fazer as trocas gasosas. As infeções respiratórias, nomeadamente a pneumonia, representam um grave problema de saúde pública, apresentando grandes taxas de mortalidade, em particular

nos indivíduos com idades acima dos 65 anos4.

2.4. Medicação predominante nos idosos

Com o aumento da idade eleva também a necessidade de consumir medicação face ao crescimento acentuado das doenças. Os medicamentos representam um dos principais recursos terapêuticos, e a polimedicação é o principal fator de risco de efeitos adversos dos medicamentos. Logo, esta realidade associada à automedicação potencializam o risco de reações adversas. A medicação nos idosos é considerada um dos agentes principais envolvidos na ocorrência de episódios de emergência pré-hospitalar nomeadamente as quedas, fraturas, hemorragias, entre outras.

Associado às principais patologias de base os idosos, na sua maioria as perturbações cardiovasculares, são, por norma, os anti hipertensores como o Captopril, o Enalapril e o Ramipril para a hipertensão arterial, assim com a Furosemida (Lasix), um diurético e anti hipertensor usado também no tratamento da hipertensão arterial e na insuficiência renal e insuficiência cardíaca, patologias estas também muito comuns nos idosos. Os anticoagulantes como a Heparina e a Varfarina, e os antiagregantes plaquetários como o Acido Acetilsalicílico (Aspirina, AAS) e o Clopidogrel, são utilizados para evitar a agregação entre plaquetas e, assim, prevenir tromboses em pacientes de risco como no caso do AVC isquémico e em embolias pulmonares e venosas.

3https://bibliotecadigital.ipb.pt/bitstream/10198/8345/1/O%20IDOSO%20E%20A%20MEDICA%C3%87%C3%83O.pdf

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Os antidiabéticos também são uma classe de medicamentos muito utilizada nos idosos. A patologia diabética, nomeadamente a diabetes mellitus tipo II, é muito comum na faixa etária acima dos 65 anos. Esta patologia apresenta variáveis graus de resistência à insulina, o que conduz ao uso de antidiabéticos orais distintos. Os mais utilizados neste tipo de casos são a Acorbose, a Metformina e a Glibenclamida.

A utilização de analgésicos pelos idosos também é muito comum. As multipatologias de que são portadores exigem um adequado controlo da dor. As perturbações do sistema osteoarticular com distúrbios do aparelho de locomoção, dores de origem vascular como as dores causadas pela angina de peito e pela claudicação intermitente, e dores oncológicas são das principais causas de dor nos idosos. O Paracetamol e o Metamizol são dos analgésicos mais utilizados, sendo o Tramadol e a Morfina utilizados em casos de dor mais intensa.

A utilização de antiulcerosos é frequentemente devido a perturbações gástricas que são muito comuns nos idosos. Esta classe de medicamentos também é adoptada devido ao desconforto gastrintestinal causado pela sobrecarga de medicação. O Omiprozol e o Pantoprazol são os mais utilizados.

Pelo exposto, somos a destacar a importância que tem o socorro atempado e o acompanhamento de um técnico especializado na área da Gerontologia. É na eficácia desse socorro e na prontidão das equipas de emergência pré-hospitalar que se faz a diferença nas atuações e diagnósticos, sendo que são estas equipas que podem salvar vidas e contribuir para o bem-estar e a qualidade de vida do idoso numa altura das suas vidas onde a atenção, a competência e o carinho marcam a diferença e apoiam na sua caminhada nesta vida. (Verissimo,2014)

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2.5. Diferentes contextos de atuação durante o estágio curricular.

A emergência pré-hospitalar é muito variada e complexa. São inúmeras as situações que levam ao acionamento de equipas de emergência pré-hospitalar, sendo visível no meu estágio o predomínio de doenças súbitas e de quedas, em especial em indivíduos com idade igual ou superior a 65 anos. As intoxicações medicamentosas, as tentativas de suicídio e casos de solidão são também acontecimentos particulares nos idosos.

2.5.1. Quedas

As quedas, como já referido no capítulo anterior, são muito comuns nos idosos. O que se apura é que a origem das quedas e multifactorial. A idade, as condições de saúde agudas e cronicas, fatores comportamentais, socioeconómicos, como é o caso do isolamento social, ambientais, como é o caso dos perigos existentes no meio ambiente, e a inexistência de estruturas de apoio à mobilidade nos espaços físicos, são fatores que representam a origem das quedas nos idosos.

2.5.2. Doenças súbitas

As modificações fisiológicas, bioquímicas e psicológicas inerentes ao avanço da idade aumentam a probabilidade de ocorrência de doenças súbitas. As suas origens são muito variadas e por vezes assintomáticas, impedindo assim um tratamento preventivo e prematuro, refletindo-se grande parte na morte. São sem dúvida a principal causa do acionamento das equipas de emergência pré-hospitalar.

2.5.3. Intoxicações medicamentosas

Os medicamentos administrados de forma incorreta e em doses demasiado elevadas, podem originar uma intoxicação. A intoxicação por medicamentos é, atualmente, um fenómeno bastante frequente, sobretudo nas pessoas idosas. Os analgésicos, os sedativos e os hipnóticos são os que provocam maior perigo pois são os de maior utilização nos idosos. Estas intoxicações são por vezes fruto da automedicação justificada pelas dores de variadas origens e pela dificuldade em dormir.

2.5.4. Solidão

A solidão nos idosos é um dos problemas que mais afeta a população idosa em Portugal. A reforma, a viuvez e o abandono pela família são os principais fatores que levam a solidão. A solidão afeta a saúde nos idosos, levando-os a um mau estar físico, mental e

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social. É comum o acionamento por parte destes idosos de equipas de emergência médica, para situações inventadas, tendo apenas por objetivo a chamada de atenção. Estes idosos acabam sempre por ser encaminhados a um serviço de urgência.

2.5.5. Tentativas de suicídio

Os pensamentos de morte são habituais nos idosos. A depressão é uma patologia comum nestes indivíduos, estando presente na maioria dos suicídios concretizados. Outros fatores como o sexo masculino, a ansiedade, personalidade obsessiva, fraca integração do idoso na sociedade, morte do conjugue e a presença de doenças físicas ou disfunção neurocognitiva, são também causas de suicídio. Foi nos idosos que assisti aos suicídios mais violentos.

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Conclusão

Ao finalizar este período de estágio curricular, posso concluir que a experiência foi muito enriquecedora apesar de ser realizada num contexto que já conheço dado ser nos Bombeiros Voluntários de Gouveia. Esta experiência, além de me possibilitar pôr em prática os conhecimentos adquiridos ao longo da minha formação em Técnicas de Gerontologia na Escola Superior de Educação Comunicação e Desporto (ESECD) do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) permitiu-me também ter uma visão diferente da realidade que se vive neste tipo de resposta social em contexto de emergência pré-hospitalar.

Ao longo deste estágio desenvolvi atividades em contexto de emergência pré-hospitalar nomeadamente aquelas que concernem a quedas, doenças súbitas, intoxicações medicamentosas, solidão e tentativas de suicídio, contactando com realidades económicas, sociais e pessoais difíceis de perceber em pleno século vinte e um.

Identifiquei durante este período que muito está por fazer ao que aos idosos diz respeito. Refiro-me, em particular, às condições degradantes em que alguns idosos vivem, ao desconhecimento de cuidados apropriados tanto por parte dos cuidadores, como por parte das instituições destinadas a prestar apoio a esta faixa etária e, também, à preparação das equipas de emergência pré-hospitalar para lidarem com este público em particular.

Reconheci ainda outras causas de chamada de socorro na emergência pré-hospitalar e que em muito contribuem para a chamada dos Bombeiros nestes contextos económicos, sociais e pessoais no concelho de Gouveia.

Por fim, concluo que todos os objetivos por mim delineados no início do estágio foram atingidos, no que remete ao auxílio nas situações de emergência em socorro pré-hospitalar, sendo assim possível retirar um grande proveito de muitas atividades realizadas.

Este período de estágio possibilitou-me ainda a compreensão do dia-a-dia do profissional de socorro, bem como os contextos em que um idoso institucionalizado, ou não, necessita dessa ajuda, assim como perceber o quão fundamental é a existência de um técnico de gerontologia neste tipo de respostas sociais, pois este está tecnicamente preparado para variadíssimas tarefas no que aos idosos diz respeito. De referir que todos os idosos apresentam dificuldades e necessidades para as quais é necessário um

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acompanhamento especializado, sendo o Técnico de Gerontologia uma mais-valia nesse acompanhamento.

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Bibliografia

COELHO, Manuel (2016) Chegar de Novo a Velho. Lisboa: Prime Books. GUERRINHA, José (2004) Bombeiros de Gouveia. Coimbra: G.C,Lda NUNES, Belina (2014). Alzheimer. Lisboa: Lidel – Edições Técnicas.

PEREIRA, Fernando (2017) Teoria Pratica da Gerontologia. Viseu: Psicosoma VERÍSSIMO, Manuel (2014). Geriatria Funcional. Lisboa: Lidel- Edições Técnicas.

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Webgrafia

https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpgid=ine_main&xpid=INE (acedido a 2 de abril de 2018)

https://observador.pt/2015/03/27/80-dos-idosos-lares-multiplas-doencas/ (acedido a 7 de abril de 2018)

https://lifestyle.sapo.pt/saude/saude-e-medicina/artigos/doencas-proprias-da-terceira-idade (acedido a 19 de abril de 2018)

https://rotasaude.lusiadas.pt/depressao-na-terceira-idade/ (acedido a 3 de maio de 2018)

http://www.seg-social.pt/inicio (acedido a 3 de maio de 2018)

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EDICA%C3%87%C3%83O.pdf (acedido a 17 de maio de 2018)

http://sicnoticias.sapo.pt/incoming/2017-03-03-GNRsinalizaidosos-quevivem-sozinhos-ou-isolados (acedido a 25 de maio de 2018)

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adquiridos/lecionados ao longo da frequência do curso.

 Analisar a causa da origem da chamada de socorro, se institucionalizado ou se reside em casa, análise rápida das condições de habitabilidade assim como as condições físicas e psicológicas do seu cuidador caso exista;

 Analisar as mais comuns e principais patologias de base;  Analisar a medicação;

Deste tópico constam parte da recolha de informação praticada em todas as ocorrências, através de um modelo padrão, usado pelas equipas de emergência pré-hospitalar, a que se dá o nome de CHAMU. A nomenclatura CHAMU é um modelo pré definido de recolha de dados:

C – Como ocorreu; H – Histórico de doenças; A – Alergias;

M – Medicação; U – Ultima refeição

Esta recolha de dados é importante pois permite um socorro mais objetivo, levando também a um tratamento hospitalar mais rápido e adequado.

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Referências

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