Gestão de riscos nas
Gestão de riscos nas
organizações
organizações
Gilmar da Cunha Trivelato
Pesquisador Titular - Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho - FUNDACENTRO
Brasilia, 30 e 21 de outubro de 2011.
Realização e organização:
TST-Tribunal Superior do Trabalho
Tópicos da apresentação
• Pressupostos sobre Gestão de Riscos
• Conceitos básicos sobre Risco e Gestão de Riscos • Maturidade da gestão de riscos
• Situação atual, obstáculos e possíveis avanços na gestão de riscos em organizações brasileiras
Foco
• Riscos à segurança e saúde dos trabalhadores (SST) • Organizações produtivas [bens e serviços]
Pressupostos gerais
• Gestão de riscos é uma ação humana
intencional e situada (ocorre num contexto). • Atividades de gestão de riscos faz parte do
cotidiano de todos os indivíduos, de forma explícita ou tácita.
• Risco pode ser visto tanto como ameaça ou oportunidade.
Pressupostos gerais
• Há gestão de riscos, em alguma extensão, em todas as organizações produtivas, de forma explícita ou tácita, sistematizada ou não.
• A gestão de riscos é um processo de melhoria contínua:
– risco zero é uma meta impossível
– Através de uma gestão efetiva pode-se alcançar níveis de riscos residuais socialmente aceitáveis.
5
Pressupostos gerais
Pressupostos gerais
Evolução das abordagens de gestão de riscos (SST)
Ações reativas
Ações preventivas localizadas
Ações preventivas sistematizadas (programas / sistemas)
6
Fundamento básico da gestão de riscos:
Fundamento básico da gestão de riscos:
Ciclo PDCA proposto por Deming (melhoria
Ciclo PDCA proposto por Deming (melhoria
contínua) contínua) P – Plan – Planejar D – Do – Implementar C – Check - Verificar A – Act – Atuar corretivamente
Pressupostos gerais
A efetividade da gestão de riscos é um processo complexo e interdependente VONTADE RECURSOS CONHECIMENTO AMBIENTE EXTERNO AMBIENTE INTERNO
Centralidade do conceito de risco
“ Sistemas sociais necessitam definir critérios para permiti-los priorizar suas ações e
desconsiderar aqueles riscos que parecem ser triviais” – Renn(1992)
Fonte: Renn, Ortwin. “Concepts of Risk: a classification.” In: Social Theories of Risk. Sheldon Krimsky, Dominic Golding (Eds). Wesport (Connecticut) / London: Praeger, 1992, Cap. 3.
Conceito de risco
A abordagem do conceito de risco contém três elementos
• Consequências indesejáveis
• Possibilidade / probabilidade da ocorrência • Concepção de realidade (objetividade x
subjetividade)
Conceito de risco
Risco é uma representação simbólica (mental)
de uma situação (recorte da realidade), construída a partir dos conhecimentos, crenças, práticas, valores e interesses do indivíduo ou grupo de indivíduos.
Implicação prática para a gestão de gestão de riscos: necessidade de confrontação das
11
11
Sentido amplo
“é a possibilidade de acontecer algo que irá ter um impacto sobre os objetivos. Ele é medido em termos de conseqüências e probabilidade.”
AS/NZS 4360: 2004
Norma australiana / neo-zelandesa de Gestão de Riscos, substituída pela ISO 31000
Conceito de risco
Conceito de risco
“efeito da incerteza nos objetivos”
Nota 1: Um efeito é um desvio do esperado – positivo
e/ou negativo.
Nota 2: Objetivos podem ter diferentes aspectos (tais
como objetivos financeiros, saúde e segurança e ambientais) e podem ser aplicados em diferentes níveis (tais como estratégico, em toda organização, projeto, produto e processo). [grifo nosso]
13
Descrição de risco
[ISO 31000:2009]
FONTE DE RISCO EVENTO CONSEQUÊNCIA
RISCO
14
Modelo genérico de determinação dos RISCOS (multicausal) CONSEQUÊNCIAS EVENTO Incidentes perigosos Exposições excessivas Sobrecargas de trabalho
O que pode acontecer? Como pode acontecer? (explicações) Impactos sobre a Segurança e Saúde dos Trabalhadores Fontes de risco
(Baseado na ISO 31000:2009 + Diagrama de Ishikawa) fatores de risco
15 P R O B A B I L I D A D E G R A V I D A D E RISCO BAIXO ACEITÁVEL RISCO ELEVADO: NÃO ACEITÁVEL RISCO
RISCO = função da probabilidade e gravidade da Consequência
16
Matrizes de Risco: priorizar ações e
Matrizes de Risco: priorizar ações e
subsidiar a tomada de decisão
17
Tratamento / Controle de riscos
[ISO 31000:2009]
Tratamento de riscos: processo de modificar os
riscos.
Controle: medida que está modificando o risco.
Nota 1: os controles incluem qualquer processo, política, dispositivo, prática ou outras ações que modificam o risco.
Nota 2: Os controles nem sempre conseguem exercer o efeito de modificação pretendido ou presumido.
Modelo para Controle de Riscos Diagrama “gravata borboleta”
EVENTO Causa 1 Causa 2 Causa 3 Fontes de risco Consequência 1 Consequência 2 Consequência 3 Consequência 4 Controles de prevenção Controles de mitigação e recuperação (IEC/ISO 31010:2009)
Fonte de risco ou Perigo Risco
CONTROLE DE RISCOS
Controle administrativo Substituir o perigo ou risco
Controle técnico
Eliminar a fonte/perigo ou risco
20
Abordagens para tratamento do riscos
Evitar o risco
Eliminar o risco (remoção da fonte de risco)
NAPO_3.wmv
Redução do risco
Alteração da probabilidade Alteração da consequência
Compartilhar o risco com outra parte ou partes
(incluindo contratos e financiamento do risco)
Reter o risco (por uma decisão consciente e bem
embasada)
21
Gestão de risco
“atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização no que se refere a riscos”
22 Gestão de risco [ISO 31000:2009]
Determinados pelo contexto interno – cultura recursos da organização e
pelo contexto externo
23
23
Modelos ou diretrizes para a gestão de riscos
Modelos ou diretrizes para a gestão de riscos
(SST) (SST) Há várias alternativas • Estabelecidos na legislação de SST • Acordos ou negociações • Iniciativas voluntárias
– Programas Setoriais Ex. “Atuação responsável” da indústria química
– Sistemas corporativos (ex. multinacionais)
– Sistemas de Gestão propostos por organismos normatizadores ex. BS 8800, OHSAS 18000
– Sistemas de gestão oferecidos por empresas de consultoria
– Governamentais (ex. VPP – Programa de Proteção Voluntária – US OSHA)
24
24
Aspectos em comum: estrutura para a gestão
Aspectos em comum: estrutura para a gestão
da SST
da SST
• Comprometimento da administração • Política de SST
• Concepção ou revisão da estrutura para a gestão de riscos (SST)
• Planejamento e implementação
• Acompanhamento (monitoração) e análise crítica da estrutura
25
25
Aspectos em comum: atividades ou processos
Aspectos em comum: atividades ou processos
de gestão de riscos
de gestão de riscos
• Definição de critérios/ferramentas e responsáveis pela avaliação de risco
• Avaliação de riscos (abordagem gradual) – Identificar riscos
– Analisar riscos
– Julgar e priorizar (valorar)
• Prevenção e Controle / Tratamento de riscos – Escolha de opções
– Implementação e operação
• Monitoração e ação corretiva • Comunicação e consulta
26
26
Aspectos em comum: documentação mínima
Aspectos em comum: documentação mínima
• Registros das atividades de avaliação / monitoração de riscos
– Inventário geral de riscos
– Relatórios de avaliações específicas
• Plano/Programa de Prevenção e Controle de Riscos (pode ser constituído de
27
27
Gestão de Riscos (SST) em organizações de
Gestão de Riscos (SST) em organizações de
pequeno porte X grande porte
pequeno porte X grande porte
A proteção da segurança e saúde dos
trabalhadores não pode ser flexibilizada. A prevenção e controle deve ser compatível com os riscos existentes em qualquer local de trabalho.
O que pode ser flexibilizado: - Estrutura para a gestão
28
28
Estágios ou níveis de maturidade da gestão de
Estágios ou níveis de maturidade da gestão de
riscos (SST) nas organizações
riscos (SST) nas organizações
I. Inação, desorganização ou caos. II.Busca da conformidade legal.
III.Busca da conformidade legal e eficácia IV.Busca da conformidade legal, eficácia e
29
29
Prevenção de acidentes e doenças
Prevenção de acidentes e doenças
relacionadas ao trabalho X maturidade da
relacionadas ao trabalho X maturidade da
gestão de riscos
gestão de riscos
A redução de acidentes e doenças
relacionadas ao trabalho ocorre de forma significativa quando uma organização
avança do estágio ou nível de maturidade II para III.
O que isto significa? NAPO_4.wmv
30
30
Prevenção de acidentes e doenças
Prevenção de acidentes e doenças
relacionadas ao trabalho X maturidade da
relacionadas ao trabalho X maturidade da
gestão de riscos
gestão de riscos
Mudanças na transição do nível II para III
• Os assuntos de SST passam a ser objeto de
preocupação dos altos executivos, que definem a política e diretrizes.
• SST planejada, com avaliação de resultados. • SST integrada aos processos produtivos.
• SST a cargo das lideranças das áreas
operacionais. Os especialistas de SST são assessores.
• Padrões de avaliação e prevenção/controle de
31
31
Situação da gestão de riscos (SST) nas
Situação da gestão de riscos (SST) nas
organizações produtivas brasileiras
organizações produtivas brasileiras
Quadro atual – fatores que favoreceram o avanço (lista não exaustiva)
• Revisões parciais na legislação de SST (trabalhista e previdenciária)
• Acordos tripartites setoriais
• Adoção de sistemas de gestão voluntários • Auditorias fiscais estratégicas do MTE
• Intervenção do Ministério Público nos ambientes de trabalho (investigações, TAC)
• Ações de reparação de danos por acidentes e doenças do trabalho na Justiça do Trabalho.
32
32
Situação da gestão de riscos (SST) nas
Situação da gestão de riscos (SST) nas
organizações produtivas brasileiras
organizações produtivas brasileiras
Quadro atual (não exaustivo)
Houve melhorias, principalmente nas organizações de médio e grande porte, mas persistem
problemas críticos
• no setor informal e pequenas empresas.
• nas empresas contratadas ou fornecedores de certas cadeias produtivas.
• no setor público e organizações contratadas. • no setor de transporte em geral.
33
33
Situação da gestão de riscos (SST) nas
Situação da gestão de riscos (SST) nas
organizações produtivas brasileiras
organizações produtivas brasileiras
Quadro atual – obstáculos à gestão de riscos eficaz (não exaustivo)
Fator cultural –
• pouca importância da SST atribuída pelo Estado, Empregadores e Trabalhadores.
• Persistência da ênfase na monetização do risco (adicionais, aposentadoria especial)
• Prevenção baseada em uso de EPI, treinamento e controle comportamental.
34
34
Situação da gestão de riscos (SST) nas
Situação da gestão de riscos (SST) nas
organizações produtivas brasileiras
organizações produtivas brasileiras
Quadro atual – obstáculos à gestão de riscos eficaz
Legislação de SST (CLT e NRs, Legislação Previdenciária) • Incompleta, fragmentada, desarmonizada ou
desatualizada tecnicamente
• Requisitos de gestão de SST com ênfase burocrática. • Desconsidera as diferenças entre os portes das
organizações.
• Falta de representação de trabalhadores por local de trabalho (independente do empregador, e não CIPA)
35
35
Situação da gestão de riscos (SST) nas
Situação da gestão de riscos (SST) nas
organizações produtivas brasileiras
organizações produtivas brasileiras
Quadro atual – obstáculos à gestão de riscos eficaz
Falta de apoio à pequena e média empresa por parte do Estado e organizações setoriais.
Falta de profissionais qualificados/competentes, e não de profissionais legalmente habilitados
Sistemas de gestão voluntários burocráticos, genéricos, deficientes tecnicamente e sem avaliação externa independente.
36
36
Situação da gestão de riscos (SST) nas
Situação da gestão de riscos (SST) nas
organizações produtivas brasileiras
organizações produtivas brasileiras
Quadro atual – Sugestões de possíveis avanços na gestão e redução de acidentes e doenças
Revisão da legislação, removendo-se os obstáculos apontados, com harmonização interministerial.
Desenvolvimento de diretrizes setoriais, com abordagens tripartites.
Apoio à pequena e media empresa.
Processo de certificação de sistemas de gestão independente.
Muito obrigado pela atenção!
Muito obrigado pela atenção!
Contato:gilmar.trivelato@fundacentro.gov.br gilmar.trivelato@gmail.com