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Comparação entre tiras reagentes veterinárias e humanas na urinálise de cães e gatos

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Academic year: 2021

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Maurício Eduardo Mezaroba

COMPARAÇÃO ENTRE TIRAS REAGENTES VETERINÁRIAS E

HUMANAS NA URINÁLISE DE CÃES E GATOS

Curitibanos 2019

Universidade Federal de Santa Catarina

Centro de Ciências Rurais

Medicina Veterinária

Trabalho de Conclusão de Curso

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Maurício Eduardo Mezaroba

COMPARAÇÃO ENTRE TIRAS REAGENTES VETERINÁRIAS E

HUMANAS NA URINÁLISE DE CÃES E GATOS

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Medicina Veterinária do Centro de Ciências Rurais da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a obtenção do Título de Médico Veterinário.

Orientadora: Prof. Drª. Angela Patricia Medeiros Veiga

Curitibanos 2019

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Maurício Eduardo Mezaroba

COMPARAÇÃO ENTRE TIRAS REAGENTES VETERINÁRIAS E

HUMANAS NA URINÁLISE DE CÃES E GATOS

Este Trabalho Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de “Médico Veterinário” e aprovado em sua forma final pela seguinte banca:

Curitibanos, 01 de Julho de 2019.

________________________ Prof. Alexandre de Oliveira Tavela, Dr.

Coordenador do Curso

Banca Examinadora:

________________________ Prof.ª Angela Patricia Medeiros Veiga, Dr.ª

Orientadora

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________ Prof. Malcon Andrei Martinez Pereira, Dr.

Membro

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________ Mayara Vavassori, Médica Veterinária

Membro

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Este trabalho é dedicado à minha mãe, Eliane, e minha orientadora, Angela.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Eliane dos Santos de Souza Andreola e Estevão Santo Mezaroba, por não medirem esforços para me auxiliar em toda minha permanência no curso, além de todo o apoio emocional nos momentos de fraqueza. Aos meus irmãos, Fabricio Guilherme Mezaroba e Winicio Arthur Mezaroba, por todo o companheirismo durante toda minha trajetória.

Aos meus professores, os quais são os grandes responsáveis pela minha evolução no decorrer da faculdade, especialmente à minha orientadora Angela Patricia Medeiros Veiga por ter acreditado em meu potencial, por ter me orientado até eu encontrar a minha vocação e por sempre estar disposta a ajudar.

À minha professora Katia Jakovljevic Pudla Wagner que não mediu esforços para me auxiliar quando necessário e que esteve contribuindo fortemente para a produção desse estudo.

Ao meu companheiro, Cristian Carpes Fernandes, por todo o apoio durante o decorrer da faculdade e por compreender minha ausência nos momentos de estudo.

A todos meus amigos, especialmente à Lorena Rodrigues Ramos Peres, que sempre esteve ao meu lado nos momentos de produção científica e não seria diferente nesse caso. Obrigado por fazerem essa trajetória mais divertida.

À equipe Vet Análises – Florianópolis por me proporcionarem a oportunidade de realizar estágio em um laboratório comercial e também sou grato a todas as amizades construídas nesse período.

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“No semblante de um animal que não fala há um discurso que somente um sábio realmente entende.”

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RESUMO

O exame de urina é composto de três etapas: análise física, química e microscópica. Atualmente, há um grande número de marcas de tiras reagentes para análise química da urina disponíveis no mercado, que apresentam resultados divergentes entre si em alguns parâmetros. Objetivou-se realizar a comparação de uma fita destinada ao uso humano, UriGold® (Analisa), com uma tira específica para o uso na veterinária, UriQuest Plus Vet® (Labtest), e seus respectivos padrões-ouro na determinação de proteinúria, potencial de hidrogênio (pH), leucocitúria e hematúria. Utilizaram-se 50 amostras aleatórias de caninos e felinos oriundos da rotina de atendimentos da Clínica Veterinária Escola da Universidade Federal de Santa Catarina e Laboratório de Análises Veterinárias – VetAnálises (Florianópolis), as quais foram submetidas ao exame comum de urina, com análise química pelas duas fitas reagentes, determinação de proteínas urinárias por metodologia colorimétrica (vermelho de pirogalol), determinação de pH por pHâmetro digital de bancada e avaliação de leucocitúria e hematúria pela sedimentoscopia qualitativa. Conclui-se que as tiras UriGold ® apresentam maior aplicabilidade no exame de rotina de urina de caninos e felinos com amostras oriundas de micção espontânea do que as tiras Uriquest Plus Vet ®, enfatizando a necessidade de um patologista clínico preparado para a indicação, execução e interpretação de cada teste.

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ABSTRACT

The routine urinalysis is composed of three steps: physical, chemical and microscopic analysis. Currently, there are a large number of reagent strip brands for chemical analysis of urine available in the market, which present divergent results among some parameters. The objective of this study was to compare UriGold® (Analisa) with a specific strip for veterinary use, UriQuest Plus Vet® (Labtest), and their respective gold-standard tests in the determination of proteinuria, hydrogen (pH), leukocyturia and hematuria. Fifty random samples of dogs and cats from Universidade Federal de Santa Catarina’s School of Veterinary Clinics and Laboratório de Análises Veterinárias - VetAnálises (Florianópolis) were used, in which urinalysis was performed with chemical analysis by the two reagent strips, determination of total urinary proteins by colorimetric methodology (pyrogallol red), determination of pH through a digital bench pHmeter and evaluation of leukocyturia and hematuria by qualitative sedimentation. It is concluded that UriGold® strip is more applicable in the routine examination of canine and feline urine with free voided samples from than the Uriquest Plus Vet® strip, emphasizing the need of a veterinary clinical pathologist prepared for the indication, execution and interpretation of each test.

Keywords: Urinalysis, Veterinary, Reactive strips.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Impregnação por bilirrubina na análise microscópica em duas urinas de caninos em

um aumento total de 400x. ... 24

Figura 2. Presença de cristais de carbonato de cálcio e de fosfato triplo amoníaco magnesiano

em urina de felino (A) e de canino (B). ... 25

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Resultados de leucocitúria pela tira Urigold® e por sedimentoscopia, em amostras oriundas de micção espontânea de cães e gatos. ... 30

Quadro 2. Comparação entre a tira Uriquest Plus Vet ® e a sedimentoscopia na avaliação de

leucocitúria em amostras oriundas de micção espontânea de cães e gatos. ... 31

Quadro 3. Comparação entre a tira UriGold® e a sedimentoscopia na avaliação de hematúria em amostras oriundas de micção espontânea de cães e gatos. ... 31

Quadro 4. Comparação entre a tira Uriquest Plus Vet ® e a sedimentoscopia na avaliação de

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Médias de pH urinário de amostras oriundas de micção espontânea de caninos e

felinos determinados pela tira UriGold® e pHmetro de bancada. ... 32

Tabela 2. Médias de pH urinário de amostras de micção espontânea oriundas de felinos e

caninos determinado pela tira Uriquest Plus Vet ® e pHmetro de bancada. ... 33

Tabela 3. Médias da concentração de proteínas urinárias de amostras de caninos e felinos

oriundas de micção espontânea pela tira UriGold® e por metodologia bioquímica úmida (Sensiprot®). ... 33

Tabela 4. Médias da concentração de proteínas urinárias de amostras oriundas de micção

espontânea de caninos e felinos pela tira Uriquest Plus Vet ® e por metodologia de bioquímica úmida (Sensiprot®). ... 34

Tabela 5. Reagentes utilizados nas fitas urinárias Uriquest Plus Vet ® e UriGold ®. ... 34 Tabela 6. Interferentes informados pelos fabricantes das tiras Uriquest Plus Vet® e UriGold®. ... 35

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 15 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 16 2.1 NOMENCLATURA ... 16 2.2 COLETA DO MATERIAL ... 16 2.3 EXAME FÍSICO ... 18 2.4 EXAME QUÍMICO ... 19 2.5 ANÁLISE MICROSCÓPICA ... 25 3 MATERIAL E MÉTODOS ... 27 4 RESULTADOS ... 30 5 DISCUSSÃO ... 36 6 CONCLUSÃO ... 40 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 42

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1 INTRODUÇÃO

Uma das primeiras realizações da medicina laboratorial foi a análise de urina. Estudos revelam que ela já acontecia de forma rústica cerca de 1700 a.C. Encontraram-se referências nos hieróglifos egípcios, como o papiro cirúrgico de Edwin Smith, onde é possível ver representações dos médicos da época realizando a observação de um recipiente de urina. Como já era esperado, não existiam métodos sofisticados de exame, no entanto, a visualização já permitia observar características físicas, como cor, turbidez, volume ou viscosidade e até características químicas, como a presença de açúcares na urina pela atração de insetos pela urina de alguns pacientes (BOLODEOKU & DONADSON, 1996; STRASINGER, 1996). Segundo STRASINGER (1996), houve a presença de várias pessoas estudando a urina, inclusive Hipócrates (460-370 a.C.), mas durante o século XX ocorreu um aumento do conhecimento científico-tecnológico, onde a análise de urina tornou-se uma ciência, denominada urinálise.

O atual exame de urina de rotina pode nos trazer informações sobre o diagnóstico e prognóstico em diversas situações clínicas, não só em animais com afecções renais, como também em afecções hepáticas ou desvio portossistêmico, animais com suspeita de enfermidades infecciosas ou do trato urogenital, avaliação preliminar de animais desidratados, afecções endócrinas e como ferramenta de avaliação pré-anestésica (CHEW & DI BARTOLA,1998).

É intrigante que na fase em que se encontra a medicina laboratorial veterinária, com avanços técnicos e novas metodologias para análises, escolha-se investir em estudos relacionados ao exame de urina de rotina, uma análise já tão elucidada. A escolha se deve ao fato de que a realidade dos laboratórios comerciais comparados aos universitários é outra, carecendo de padronizações no exame, devido à ausência de uma normativa específica para análises de urina específica de animais. Segundo DA SILVA FLORÊNCIO (2016), é de extrema necessidade a padronização do exame de urina e de suas tiras reagentes na medicina veterinária, pois este se trata de um valioso auxílio ao diagnóstico de afecções renais e extra renais.

Atualmente, há um grande número de marcas de tiras reagentes para análise química da urina disponíveis no mercado, que apresentam metodologias e resultados divergentes entre si em alguns parâmetros (DA SILVA COLOMBELI, 2006).

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Objetivou-se realizar a comparação de uma fita destinada ao uso humano, UriGold® (Analisa), com uma tira específica para o uso na veterinária, UriQuest Plus Vet® (Labtest), e seus respectivos testes padrão ouro na determinação de proteinúria, potencial de hidrogênio (pH), leucocitúria e hematúria, a fim de conseguir optar pela tira com maior aplicabilidade ao exame de urina de rotina na medicina veterinária.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 NOMENCLATURA

Uma das grandes discussões da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (2018) é a padronização de um nome para o exame de urina, o qual sofre diferentes designações variando com o local, podendo ser chamado de exame comum de urina, urina tipo 1, análise físico química e sedimento urinário, PEAS (pesquisa de elementos anormais e sedimento), rotina da urina, urina simples, urinálise, uroanálise, entre outros. Por ser a mais utilizada no cotidiano e a mais adequada ao seu significado, definiu-se como padrão a fim de minimizar as diferenças de cada laboratório o termo “exame de urina de rotina”.

O exame de urina de rotina inclui a avaliação macroscópica e microscópica da amostra, contendo também avaliação química, física e sedimentoscopia (CHEW & DI BARTOLA,1998). Apesar de ainda utilizado, o termo sedimentoscopia não é o mais ideal para descrever o processo de análise microscópica da urina, visto que atualmente existem metodologias automáticas ou semi-automáticas, mais utilizadas na medicina humana, que não realizam a centrifugação para avaliação dos elementos, podendo ser chamado somente de análise microscópica (SBPC/ML, 2018).

2.2 COLETA DO MATERIAL

A metodologia da coleta interfere significativamente na interpretação dos resultados finais, bem como o processo de conservação entre a coleta e a análise (MUNDIM, 2010). Quando viável, a amostra não deve ser refrigerada e analisada em, no máximo, 2 horas. Caso não seja possível a amostra, em geral, se mantém com mínimas alterações em um período de 12 horas, se refrigerada. Lembrando que a amostra nunca deve ser congelada, pois o congelamento prejudica diretamente a avaliação dos elementos figurados da urina (SBPC/ML,

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2018). Outros autores defendem que a urina deve ser analisada em no máximo 30 minutos após a coleta sem refrigeração e, se refrigerada (0 a 4ºC), deve ser por no máximo 6 horas, causando um leve aumento da densidade (MUNDIM, 2010) e precipitação de cristais amorfos (SINK & FELDMAN, 2006), enquanto NAVARRO (1996) defende que o período de refrigeração não deve exceder 4 horas e à temperatura de refrigeração seja de 4 a 8ºC. Caso a urina tenha sido refrigerada (2 a 8ºC), deve-se aguardar retornar a temperatura ambiente para iniciar a análise (SBPC/ML, 2018). A ABNT NBR 15268:200511 regulamenta que a análise de urina deve ocorrer em condições de temperatura ambiente em até 4 horas, após esse prazo a amostra deve ser refrigerada de 4 a 8ºC sem estabelecer um tempo na normativa.

A ABNT NBR 15268:200511, que regulamenta a realização dos exames de urinálise, estabelece que o mínimo de volume indicado para o exame de urina de rotina é de 10 mL. No entanto, caso seja usado um volume menor (pediatria, neonatos ou anúricos), a normativa recomenda que seja recalculada a quantidade de elementos figurados e se realize uma anotação sobre isso no laudo final. Nenhuma parte da normativa faz referência a animais, mas MUNDIM (2010) ressalta em seu trabalho que a quantidade mínima para realizar o exame de rotina de urina em animais é de 10 mL, enquanto NAVARRO (1996) informa que 10 mL é a quantidade ideal, porém 5 mL é considerada a quantidade mínima de amostra.

A melhor amostra de urina seria coletada em 24 horas, seguida de três coletas realizadas no período da manhã/tarde/noite (MUNDIM, 2010). Como isso é muito difícil na medicina veterinária, prioriza-se a realização da coleta da primeira urina da manhã, a qual reflete mais fidedignamente o quadro clínico do paciente (MEDEIROS, 1993; MUNDIM, 2010).

As três metodologias principais de coleta para exames laboratoriais incluem micção espontânea, seguida de cistocentese e cateterismo (GREGORY, 2005; CARVALHO, 2008), no entanto, ainda há disponível na veterinária a massagem na região pré-pubiana e óstio prepucial, compressão manual da bexiga ou coleta em 24 horas (MUNDIM, 2010). Segundo GREGORY (2005) e CARVALHO (2008), na coleta por micção espontânea deve ser desprezado o primeiro jato, coletando a partir do jato médio de urina, no entanto, é a forma de coleta mais propensa à contaminação de bactérias, células epiteliais, leucócitos ou espermatozoides oriundos do trato urinário inferior ou sistema reprodutivo. Por outro lado, a cistocentese apresenta-se como o método ideal para urocultura, no entanto, deve-se salientar o cuidado a ser tomado com a coleta a fim de evitar hemorragias ou entrada de patógenos no trato urinário de forma iatrogênica (MUNDIN, 2010).

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A limpeza dos órgãos genitais é indicada em qualquer método de coleta em que haja contato com estes, além de os locais de coleta estarem limpos, secos e sem resíduos. Enfatiza-se que, para coletas que viEnfatiza-sem urocultura ou adentrem o sistema urinário, os recipientes e instrumentos para coleta devem estar estéreis (MUNDIN, 2010).

2.3 EXAME FÍSICO

A primeira parte do exame de urina de rotina consiste na avaliação física da amostra, determinando-se cor, volume, odor, aspecto e densidade (NAVARRO, 1996). No entanto, o odor não é um parâmetro habitualmente mencionado na análise, pode ser tido como um parâmetro avaliado ocasionalmente, mas existem situações especiais nas quais deve ser considerada a sua utilidade, sendo referido no laudo (SBPC/ML, 2018). A ABNT NBR 15268:200511 rege que os parâmetros organolépticos do exame físico de urina devem ser decididos por cada laboratório sobre a inclusão ou não no laudo, constando como parâmetro obrigatório somente a densidade específica e o potencial de hidrogênio (pH), além de que, se optarem por incluir os parâmetros no exame físico devem ser estabelecidos métodos padronizados e de terminologia consistente, a fim de reduzir a ambiguidade e subjetividade ao relatar a coloração e aspecto da urina.

A avaliação de volume só tem valor clínico quando é realizada a coleta em 24 horas, porém como na rotina veterinária isto não é normalmente realizado, na maioria dos casos, o volume de urina não possui valor diagnóstico (MUNDIM, 2010).

A cor sofre influência da concentração e urocromos e pode sofrer variações em quadros patológicos, sendo amarelo ao âmbar as principais variações de cores encontradas em urinas de animais saudáveis (NAVARRO, 1996; MUNDIM, 2010).

O odor normal da urina é chamado de sui generis e deve-se aos ácidos voláteis presentes; no entanto, afecções podem cursar com urinas com odor acético, adocicado, pútrido, amoniacal, medicamentoso ou inodoras. (SINK & FELDMAN, 2006).

O aspecto pode ser classificado em turvo, ligeiramente turvo, límpido ou floculento. Os aspectos límpido e ligeiramente turvo estão relacionados, na maioria das vezes, à urina de animais saudáveis, no entanto, o aspecto turvo pode ser considerado normal para equídeos devido à alta quantidade de sais de carbonato de cálcio e muco (MUNDIN, 2010). O aspecto floculento é relatado em urinas com aumento da quantidade de muco (MATOS & MATOS, 1995) ou agregação de cristais, células descamadas, bactérias e leucócitos (ALMOND & STEVENS, 1995).

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A densidade urinária reflete a capacidade dos túbulos renais em concentrar urina e é definida como o peso da urina em relação à água destilada (MUNDIM, 2007) e deve ser estimada através do índice de refratometria (KERR, 2003). A densidade avaliada por refratometria sofre influência direta da quantidade de proteínas presente na urina e da glicose da seguinte maneira: 10 g/L de proteína eleva a densidade em cerca de 0,003 e 10 g/L de glicose, em cerca de 0,004 (SBPC/ML, 2006).

O potencial de hidrogênio (pH) é determinado pela ABNT NBR 15268:200511 e por CEZAR (2016) como parte do exame físico de urina, no entanto, DA SILVA FLORÊNCIO et.al (2016), MUNDIM (2007) e Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (2006) tratam a análise como pertencente ao exame químico de urina. A análise é realizada com o uso de tiras reagentes e, caso seja necessária a determinação mais exata do pH, pode se fazer o uso de pHmetro (SBPC/ML, 2006). A maioria das tiras faz o uso de uma reação com indicador duplo contendo vermelho de metila e azul de bromotimol. O vermelho de metila agiria como indicador na faixa de 4,4 a 6, produzindo uma alteração de cor de vermelho para amarelo, e o azul de bromotimol agiria na faixa de 5,8 a 7,4, alterando de amarelo para azul (HARTKE & MUTSCHLER, 1987). Há em algumas tiras, como a tira Roche Combur Test® UX, a presença de um terceiro indicador, a fenolftaleína, que é incolor até o pH 8,2 e adquire cor vermelha de 8,3 a 10, tornando-se novamente incolor acima desse valor (DA SILVA COLOMBELI, 2006). O pH urinário está relacionado diretamente com a alimentação da espécie em questão e com a capacidade dos rins em eliminar álcalis e ácidos não voláteis, sendo mais ácido em animais carnívoros, lactentes ou com dietas ricas em grãos, devido à presença de fosfatos ácidos de cálcio e sódio, e normalmente alcalina em herbívoros (MUNDIN, 2010).

2.4 EXAME QUÍMICO

A ABNT NBR 15268:200511 permite a realização da avaliação química da urina por tiras reagentes, definidas como fitas de material inerte contendo almofadas com reagentes para o desenvolvimento de uma reação detectável, além de indicar testes de química úmida para validação e confirmação de testes obtidos através do uso de tiras reativas, que devem ser processadas segundo as informações do fabricante. Além disso, inclui como elementos a serem pesquisados no exame: proteína, glicose, corpos cetônicos, bilirrubina, urobilinogênio/urobilina, nitrito, hemoglobina/hemácias e esterases/leucócitos.

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A avaliação química da proteinúria renal é de suma importância na medicina veterinária, visto que pode indicar a presença de doença renal antes mesmo da azotemia ou qualquer sinal grave da doença (GRAUER, 2007), estando relacionada com o aumento da morbidade e mortalidade do doente renal (JACOB et al., 2005). Ao contrário do que muitos pensam, a proteinúria nem sempre é patológica, podendo ser classificada como fisiológica, como em casos de estresse, exposição ao calor ou frio intenso. Acredita-se que principalmente a vasoconstrição renal transitória, isquemia e congestão estão envolvidas nos mecanismos fisiopatológicos que a causam (GRAUER, 2007). A proteinúria patológica pode ser classificada em pré-renal (geralmente envolve proteínas de baixo peso molecular, como hemoglobina, mioglobina e proteínas de Bence-Jones), renal (oriundas de doenças glomerulares, tubulares ou um combinação de ambas) e pós-renal (inclui todas as causas que adicionam proteínas à urina após a formação nos rins, como cistite, urolitíase, neoplasias e uretrites) (GRAUER, 2007; SYME, 2009).

A ABNT NBR 15268:200511 recomenda para a pesquisa de proteínas na urina uma confirmação de testes realizados por química seca, com química úmida, contendo ácido sulfossalicílico, nítrico ou tricloroacético, pela alta importância clínica.

A hematúria, atualmente, vem frequentemente sendo relatada como uma causa de proteinúria pós-renal; no entanto, é superestimada. Apesar de o sangue conter proteínas, a contaminação sanguínea deve alterar marcantemente a cor da urina para que a mensuração proteica seja alterada (PEREIRA, 2012).

Atualmente, como testes rotineiros para determinação da proteinúria, encontram-se os testes semi-quantitativos, como o teste colorimétrico da fita (o mais usual) e o teste turbidimétrico com ácido sulfossalicílico (ASS) (GRAUER, 2007).

Existem muitas limitações para o uso da fita colorimétrica em pequenos animais, como maior sensibilidade para albumina do que outras proteínas (SYME, 2009), negativos em urinas ácidas, diluídas ou com baixa concentração de albumina e falsos-positivos podem ocorrer com maior frequência em urinas muito alcalinas, concentradas ou com longo tempo de contato com a fita (GRAUER, 2007). A determinação de proteinúria através de tiras reativas parte do principio de que certos indicadores, como azul de tetrabromofenol ou tetraclorofenoltetrabromossulfoftaleína , mudam de cor devido à presença ou não de proteínas (STRASINGER, 1996).

A vantagem do ASS em comparação à fita é que ele consegue detectar globulinas e proteínas de Bence Jones, mas falsos positivos podem ocorrer na reação quando a urina apresenta agentes radioativos, cefalosporinas e penicilinas. Os resultados falsos negativos

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ocorrem em menor escala quando comparados à fita reagente, justificado pela alta sensibilidade do teste (PEREIRA, 2012).

A proteinúria deve ser interpretada levando-se em consideração a densidade e o sedimento urinário (PEREIRA, 2012). O melhor método para avaliação de proteínas urinárias é baseado no método bioquímico quantitativo de determinação de proteína urinária que, idealmente, deve ser realizado pela aferição da proteína produzida na urina de 24 horas (ADAMS et al., 1992). Devido a dificuldade do teste na veterinária, demonstrou-se alta correlação entre a determinação da proteína de uma amostra dividida pela creatinina da mesma amostra, a fim de evitar interferências da concentração urinária (MCGROTTY, 2008). Atualmente, na medicina humana, a determinação da razão proteína:creatinina urinária pode ser realizada por meio de fitas, as quais, em estudos com cães e gatos mostrou-se aplicável somente em cães (WELLES et al., 2006).

Segundo a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (2018), a avaliação de glicosúria pode ser feita com o reativo de Benedict ou por metodologias enzimáticas com hexoquinase ou glicose oxidase presentes nas tiras reativas. Um estudo realizado por TINELI, MEZAROBA e VEIGA (2018) em que duas tiras urinárias: Uri-Color Check® (Wama; São Carlos, SP, Brasil) e Urigold® (Analisa; Belo Horizonte, MG, Brasil) foram comparadas com o teste de Benedict, mostrou que, assim como em humanos, o teste de Benedict é mais eficiente do que as tiras na detecção de glicosúria em cães e gatos.

A glicosúria pode ser classificada em fisiológica, patológica ou acidental, devendo ser sempre interpretada em conjunto com a glicemia do paciente. Causas fisiológicas incluem pós-prandial, pós-exercício, estresse agudo, terapia com corticoides ou fluidoterapia com soluções glicosadas. A glicosúria patológica é causada por enfermidades como diabetes mellitus, necrose pancreática, hipertireoidismo, afecções crônicas hepáticas, hiperadrenocorticismo, nefropatias com lesão tubular, feocromocitoma e síndrome de Fanconi. A glicosúria falsa ou acidental ocorre devido a presença de drogas na urina, como antibióticos, ácido ascórbico, morfina, pentoses, formaldeído e lactose, conferindo reações falso-positivas (MUNDIN, 2007).

A avaliação de corpos cetônicos na urina pode ser realizada pelo nitroprussiato presente nas tiras reagentes ou em reação no tubo (química úmida). Essa área da fita reagente é, em particular, extremamente sensível a umidade ambiente. Nas cetonúrias, o ácido acetoacético normalmente corresponde a 20% da composição total de corpos cetônicos, acetona a 2% e o ácido beta-hidroxibutírico a 78% da composição dos corpos cetônicos

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presentes na urina (SBPC/ML, 2018). As tiras reativas apresentam baixa sensibilidade para a detecção de ácido beta-hidroxibutírico, detectando ácido acetoacético com maior facilidade. O nitroprussiato de sódio presente nas tiras urinárias reage com o ácido acetoacético em meio alcalino, gerando a cor púrpura (DA SILVA COLUMBELI & FALKENBERG, 2006).

Causas de cetonúria na veterinária incluem diabetes mellitus, jejuns prolongados, dietas ricas em gordura e febre em pequenos animais. Para grandes animais, repetem-se as causas anteriores, incluindo atonia ruminal, cetose clínica do leite ou toxemia da prenhez.

Apesar de o urobilinogênio ser incluso pela normativa vigente nas tiras reativas, a eficácia do teste é discutida pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (2018), devido ao fato, da presença de urobilinogênio poder ser avaliada com o reativo de Ehrlich. No entanto, essa técnica não serve para avaliar a diminuição ou ausência de excreção do urobilinogênio. Além disso, para detectar a diminuição de urobilinogênio na urina, a análise deve ser feita logo após a coleta, pois ao entrar em contato com a luz, o urobilinogênio sofre oxidação, convertendo-se em urobilina. Algumas bulas utilizam dietilaminobenzaldeído como reagente; no entanto, há outras tiras que fazem o uso de um sal de diazônio derivado do metoxibenzeno, sendo mais específico que o reagente de Ehrlich (STRASINGER, 1996).

MUNDIN (2007) ressalta que somente 1/32 do urobilinogênio de cães e gatos se encontra na urina, reportando hepatites, cirrose hepática, doenças hemolíticas e desvio porto sistêmico como causas de diminuição e obstrução de ductos biliares, redução da hemocaterese, antibioticoterapia oral, diarreias e nefrites crônicas como causas de aumento de urobilinogênio na urina.

Segundo STRASINGER (1996), a detecção de nitrito na urina é tida como um método rápido para a avaliação indireta da presença de bactérias redutoras de nitrato, como

Escherichia coli, espécies de Enterobacter, Citrobacter, Klebsiella e Proteus. No entanto,

para que a reação de redução ocorra e seja analisada na fita, a urina deve permanecer na vesícula urinária por, no mínimo, 4 horas, por isso também, é eleita a primeira urina da manhã de uma única coleta como a amostra mais apropriada. Alterações de cor na fita reativa do branco para qualquer tom de rosa são consideradas positividade, indicando presença de 105 microrganismos ou mais por mililitro; no entanto, a tonalidade da cor não é proporcional ao número de microrganismos. Geralmente, a avaliação de nitrito através de tiras reagentes faz o uso de ácido p-arsanílico originando um composto diazônico, o qual se associa ao composto quinolona, produzindo uma cor rosa. A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (2018) alerta que a demora em análises pode alterar significativamente o nitrito,

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tanto aumentando (pela produção pelas bactérias presentes) ou o diminuindo (pela degradação a nitrogênio, seguida de evaporação).

A avaliação de leucócitos na urina ocorre através da atividade de esterases leucocitárias, por meio de uma reação onde ocorre a hidrólise do carboxilato heterocíclico pelas esterases dos neutrófilos, monócitos, eosinófilos e basófilos, liberando uma fração capaz de reagir com um sal diazônio, formando um pigmento violeta. Falsos negativos podem ocorrer em urinas com glicose, proteínas, alta densidade (devido a alta osmolalidade promover crenação e impossibilitar a liberação de esterases pelos leucócitos), presença de ácido ascórbico, ácido oxálico, cefalexina, cefalotina, gentamicina e tetraciclina. Falsos positivos podem ocorrer com a presença de agentes oxidantes, como detergentes fortes, presença de conservantes como formalina e presença de medicamentos, como acido clavulânico (STRASINGER, 1996).

A positividade para sangue oculto na urina pode detectar hemoglobinúria, mioglobinúria e hematúria (MUNDIN, 2007). Segundo PERES (2010), os fabricantes de tiras reativas fornecem dois resultados possíveis para análise de sangue em urina, um com pontos verdes na zona amarela, que indica a presença de eritrócitos intactos (que podem ser visualizados na avaliação microscópica de elementos figurados) e outro resultado a partir de uma área de coloração verde homogênea com variação de intensidade, que indica hemoglobina, mioglobina ou eritrócitos lisados. Apesar de no rótulo dos frascos conter um número aproximado de eritrócitos por microlitro, não deve ser levado em conta, pois a área absorvente, muitas vezes, incorpora mais de um microlitro para gerar a reação.

De acordo com MUNDIN (2007) as principais causas de hematúria são afecções renais, neoplasias urogenitais, urólitos, traumatismos por cateterismo e cistocentese, hematúria enzoótica bovina, coagulopatias, acidentes ofídicos e parasitoses renais ou vesicais. As principais causas de hemoglobinúria, por sua vez, são acidentes ofídicos, hemoglobinúria pós parto nos bovinos, leptospirose, isoeritrólise neonatal, fotossensibilização, intoxicação por cobre, mercúrio, mamona, azevém e incompatibilidade sanguínea. Nas causas de mioglobinúria encaixam-se todas as afecções que podem levar a lesão muscular.

A análise do sangue oculto por tiras reativas baseia-se na atividade de peroxidases no anel heme da molécula de hemoglobina e mioglobina, que catalisam a reação entre o peróxido de hidrogênio e um cromógeno reduzido (ortololidina, tetrametilbenzidina), oxidando o cromógeno e formando a cor verde azulada (PERES, 2010).

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Salienta-se que em urinas com baixa densidade as hemácias podem se romper quando a urina é mantida a temperatura ambiente por um longo período, resultando em hemoglobinúria in vitro. Para diferenciar a hematúria de hemoglobinúria e mioglobinúria basta submeter a amostra a centrifugação, sedimentando somente em casos em que há a presença de hemácias e alterando a coloração do sobrenadante. A fim de diferenciar a mioglobinúria de hemoglobinúria laboratorialmente pode-se realizar a precipitação da hemoglobina em solução saturada de sulfato de amônia a 80%. Contaminantes oxidantes, como hipoclorito e peroxidases microbianas, podem resultar em falsos-positivos na análise através de tiras reativas (MUNDIN, 2007).

A interpretação de bilirrubinúria deve ser realizada sempre em conjunto com a densidade urinária, visto que traços a leves reações não são consideradas patológicas em cães com densidade superior ou igual a 1040. No entanto, em gatos a bilirrubinúria é sempre patológica, devido à alta capacidade de reabsorção tubular (SINK E FELDMAN, 2006). Em cães, a capacidade de reabsorção tubular é baixa, sendo menor ainda em cães machos, por isso é comum ocorrer a hiperbilirrubinúria prévia a hiperbilirrubinemia, antecedendo a icterícia (THRALL et al., 2006). Como principais causas da presença elevada de bilirrubina direta na urina, podendo ser observada como impregnação por bilirrubina na análise microscópica (Figura 1), destacam-se causas hepáticas ou hemolíticas (MUNDIN, 2007).

Figura 1. Impregnação por bilirrubina na análise microscópica em duas urinas de caninos em um

aumento total de 400x.

FONTE: Arquivo pessoal.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (2018), a mensuração da bilirrubina direta (conjugada) é afetada quando a amostra entra em contato com a luz, sofrendo uma redução na sua mensuração pela oxidação da bilirrubina à

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biliverdina, podendo gerar uma amostra com coloração verde. É importante ressaltar que os chamados cristais de bilirrubina nunca tiveram um estudo publicado comprovando a sua real composição e são assim denonimados por estarem presentes em pacientes que apresentavam bilirrubinúria intensa.

Atualmente, estão disponíveis no mercado marcas de tiras reagentes que possibilitam testes de parâmetros adicionais, como cálcio, creatinina, micro-albumina e ácido ascórbico. As instruções para cada teste de cada marca de tira reativa devem ser revisadas e seguidas para evitar a interpretação de resultados equivocados (STRASINGER, 2007). Ainda há tiras que realizam a detecção de indican, onde a indicanúria teria valor diagnóstico questionável em herbívoros por eles possuírem uma eliminação maior de indol (produto da putrefação proteica), enquanto nos carnívoros a indicanúria intensa é indicativo de afecções gastrointestinais e outras decomposições proteicas corpóreas, como peritonites, grandes abcessos e gangrenas. A ausência ou traços de indican na urina pode ser considerada normal para carnívoros (MUNDIN, 2007).

2.5 ANÁLISE MICROSCÓPICA

A análise microscópica é um componente muito importante do ponto de vista clínico da análise de urina de rotina. Alterações no exame químico e físico demandam uma avaliação cuidadosa do sedimento. A avaliação apropriada do sedimento inclui a identificação das células (eritrócitos, leucócitos, células epiteliais diferenciadas por epitélio), cilindros, microorganismos e cristais (Figura 2) (MUNDIN, 2007).

Figura 2. Presença de cristais de carbonato de cálcio em urina de felino (A) e de fosfato triplo

amoníaco magnesiano em urina de canino (B).

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A ABNT NBR 15268:200511 estabelece que a análise microscópica de urina pode ser realizada através microscopia em campo claro, microscopia com luz polarizada ou microscopia de contraste de fase, além de instrumentos automáticos e semi-automáticos de avaliação dos elementos figurados. A mesma normativa relata que com sistemas automáticos é obtida melhor reprodutibilidade em comparação à microscopia manual realizada por diversas pessoas, indicando aos laboratórios considerar o uso de sistemas comerciais padronizados que possibilitem relatar elementos figurados do sedimento urinário por unidade de volume, ao invés de usar campos microscópicos.

Para efeitos de padronização nacional, o volume adotado para realizar a análise microscópica é de 10 mL, que devem ser centrifugados a uma força de centrifugação relativa de 400 g, que corresponde a uma velocidade de 1500 a 2000 rotações por minuto (RPM), variando de acordo com o raio do rotor, durante 5 minutos (SBPC-ML, 2018),

Há a possibilidade de realizar a avaliação microscópica de urina através de análise qualitativa do sedimento, atualmente a mais realizada em laboratórios devido à rapidez, e a análise do sedimento quantitativa padronizada, que encontra poucas aplicações nos dias atuais (SBPC/ML, 2018).

A análise do sedimento urinário qualitativa não é citada na ABNT NBR 15268:200511, porém é realizada na maioria dos laboratórios veterinários. Segundo a SBPC/ML (2018) baseia-se em transferir aproximadamente 10 mL de urina previamente homogeneizada para um tubo cônico, centrifugar a amostra por 10 minutos a 400 g, descartar o sobrenadante, ressuspender o sedimento utilizando uma pipeta Pasteur, colocar uma gota do sedimento (aproximadamente 50 microlitros) em uma lâmina e cobrir com uma lamínula de 32 × 24 mm. Após, deve-se avaliar 20 campos microscópicos de grande aumento (400x) (para células epiteliais, leucócitos e eritrócitos) e 20 campos microscópicos de pequeno aumento (100x ou 160x) (para cilindros) e reportar a média de elementos por campo. Enfatiza-se que os resultados obtidos por este procedimento são qualitativos, mesmo que haja quantificações, elas representam o que está contido na gota que foi colocada entre a lâmina e a lamínula e não representam com exatidão os elementos presentes na amostra, uma vez que o volume utilizado é desconhecido.

A ABNT NBR 15268:200511 indica que a análise quantitativa do sedimento seja feita desprezando-se o sobrenadante e mantendo-se 0,2 mL para ressuspensão. No entanto, a Sociedade Brasileira de Patologia Clinica e Medicina Laboratorial (2018) recomenda, também para efeitos de padronização, que sejam removidos 9,5 mL e se mantenha 0,5 mL para ressuspensão. É recomendado que a ressuspensão seja realizada com uma pipeta e não

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agitando o tubo ou batendo com o dedo, a fim de conseguir uma melhor homogeinização (SBPC/ML, 2018).

Após a resuspensão, é indicado pela ABNT NBR 15268:200511 a aspiração de 20 µL de sedimento ressuspendido que deve ser depositado sobre a lâmina e coberto por lamínulas de 22 x 22mm, enquanto a SBPC/ML (2018) indica que a aspiração de 50 µL de sedimento ressuspendido sejam depositados sobre a lâmina e cobertos por lamínulas de 32 x 24mm.

Na análise microscópica deve ser feita a observação de 10 (ABNT NBR 15268:200511) ou 20 campos (SBPC/ML, 2018), sendo que cilindros devem ser observados no aumento total de 100x e leucócitos e hemácias (Figura 4) no aumento de 400x (ABNT NBR 15268:200511; SBPC/ML, 2018). No entanto, há divergência sobre a observação de células epiteliais ser realizada no aumento de 100x (ABNT NBR 15268:200511) ou de 400x (SBPC/ML, 2018).

Figura 3. Hematúria presente em amostra de canino.

FONTE: Arquivo pessoal.

3 MATERIAL E MÉTODOS

Foram utilizadas 50 amostras oriundas da rotina de atendimentos do Laboratório de Análises Clínicas Veterinárias (LAClin) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

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do campus de Curitibanos, Santa Catarina, e do Laboratório Veterinário – Vet Análises, situado em Florianópolis, Santa Catarina.

As amostras utilizadas eram de 12 felinos e 38 caninos, hígidos ou não, fêmeas e machos, coletadas por micção espontânea e todas com um volume mínimo de 10 mL.

Todas as urinas foram submetidas ao exame de urina de rotina de acordo com os padrões impostos em cada laboratório. Paralelamente, realizou-se a avaliação de pH, proteínas, hemácias e leucócitos através de duas tiras reativas comerciais: Uriquest Plus Vet (Labtest Diagnóstica S/A ®) e UriGold (Gold Analisa Diagnóstica Ltda ®).

As tiras urinárias foram removidas do frasco (que foi armazenado conforme orientações do fabricante) somente para uso imediato, sem tocar nas áreas reagentes e fechando o frasco imediatamente após uso. Durante a análise, utilizou-se uma pipeta de Pasteur para gotejar uma gota de urina homogeneizada e à temperatura ambiente (aproximadamente 25ºC) em cada almofada de impregnação de ambas as tiras; retirou-se o excesso, escorrendo para o lado e garantindo que todas as áreas de reação estivessem com urina. Não se realizou imersão das tiras em tubos com urina a fim de evitar que haja o escorrimento de compostos para a área de reação adjacente.

Para a tira UriGold® (Gold Analisa Diagnóstica Ltda), aguardou-se o tempo de reação de 30 a 60 segundos para os parâmetros de proteína, pH e sangue oculto e para leucócitos aguardou-se de 90 a 120 segundos para realizar a leitura dos resultados, como recomendado pelo fabricante. Para a tira Uriquest Plus Vet® (Labtest Diagnóstica S/A) aguardou-se de 60 a 120 segundos para todos os parâmetros avaliados, conforme recomendado pelo fabricante.

Após a determinação dos parâmetros através de tiras reativas, realizou-se o congelamento de alíquotas de aproximadamente 2 mL para posterior determinação do pH das urinas através de medidor de pH de bancada com calibração automática e compensação de temperatura a 25ºC. O descongelamento da amostra foi realizado em banho maria até a amostra atingir 25ºC.

Após a avaliação pelas tiras, as urinas foram centrifugadas a 1500 rotações por minuto (RPM) durante 5 minutos. Utilizou-se parte do sobrenadante para determinação de proteínas urinárias totais através do reagente Sensiprot® (Labtest Diagnóstica S/A), seguindo as recomendações realizadas pelo fabricante.

Desprezou-se o restante do sobrenadante e se ressuspendeu o sedimento para sua avaliação qualitativa, onde se depositou uma gota do sedimento ressuspendido sobre uma lâmina que foi coberta com uma lamínula de 32 x 24mm. Mais precisamente, no aumento

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total de 400 X realizou-se a estimativa de leucócitos e hemácias por campo, após avaliar 20 campos.

Para efeitos de comparação, utilizaram-se somente amostras que indicaram a presença de hematúria na fita reativa, sofrendo uma alteração de cor do amarelo para o amarelo com pontos verdes. Amostras que apresentaram indicativo de hemoglobinúria, mioglobinúria ou, presença de eritrócitos lisados na fita reativa (coloração verde homogênea após o tempo de reação recomendado pela fabricante) foram descartadas do estudo.

Utilizaram-se os valores de referência propostos por SINK & FELDMAN (2006) onde é estabelecido que um valor superior a 10 hemácias ou leucócitos por campo na sedimentoscopia de amostras oriundas de micção espontânea indicam hematúria ou leucocitúria, para enquadrar a amostra com presença ou ausência de hematúria/leucocitúria. As amostras também foram enquadradas de acordo com o resultado expresso nas tiras reativas, onde a presença de hematúria foi estabelecida em quaisquer amostras que tiveram alterações de cor para um amarelo com verdes pontuais, independente da intensidade.

Realizaram-se testes de sensibilidade e especificidade de hematúria e leucocitúria para a tira reativa humana e veterinária separadamente em comparação com a sedimentoscopia, além de calcular o valor preditivo positivo (VPP), que corresponde à proporção de resultados verdadeiramente positivos entre os diagnosticados como positivos, bem como o valor preditivo negativo (VPN), que corresponde à proporção de resultados verdadeiramente negativos entre os diagnosticados como negativos

Utilizou-se do teste T de Student para comparação entre os valores de pH estabelecidos pelo pHmetro de bancada e para cada uma das tiras reativas, devido à amostragem apresentar variância homogênea no teste de Cochran.

A fim de avaliar se havia diferença estatística entre os resultados gerados pelo Sensiprot® (Labtest Diagnóstica S/A) e das tiras reativas individualizadas utilizou-se o teste não paramétrico de Mann-Whitney, devido à amostragem apresentar variância heterogênea no teste de Cochran.

Ademais, fez-se a comparação das bulas das tiras Uriquest Plus Vet® (Labtest Diagnóstica S/A) e UriGold® (Gold Analisa Diagnóstica Ltda) quanto aos reagentes utilizados nas determinações de pH, proteínas, glicose, cetonas, bilirrubina, sangue, urobilinogênio, nitrito, densidade e leucócitos, além das informações quanto ao limite mínimo de detecção e possíveis interferências nos parâmetros analisados.

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4 RESULTADOS

Em um total de 50 amostras oriundas de micção espontânea de cães e gatos, a tira para urinálise UriGold® (Gold Analisa Diagnóstica Ltda.) mostrou uma sensibilidade de 35,71% e uma especificidade de 75% para a determinação de leucocitúria quando comparada à sedimentoscopia (Quadro 1). Baseado nesse ensaio, o valor preditivo positivo (VPP) para esta tira reativa humana é de 35,71% e o valor preditivo negativo (VPN) é de 75%, resultando em uma eficiência de 55,35%.

Quadro 1. Resultados de leucocitúria pela tira Urigold® e por sedimentoscopia, em amostras oriundas de micção espontânea de cães e gatos.

Urigold® Sedimentoscopia Total

Sem leucocitúria Com leucocitúria

Sem leucocitúria 27 (A) 9 (B) 36 (A+B)

Com leucocitúria 9 (C) 5 (D) 14 (C+D)

Total 36 (A+B) 14 (B+D) 50 (A+B+C+D)

FONTE: Elaborado pelo autor.

*(A): Verdadeiros negativos. (B): Falsos negativos. (A+B): Total de resultados negativos na fita Urigold®. (C): Falsos positivos. (D): Verdadeiros positivos. (C+D): Total de resultados positivos na fita Urigold®. (A+B): Total de resultados negativos na sedimentoscopia. (B+D): Total de resultados

positivos na sedimentoscopia. (A+B+C+D): Total da amostra (n).

Em comparação à sedimentoscopia, com a mesma amostra, a tira veterinária para urinálise apresentou uma sensibilidade de 57,1% e uma especificidade de 63,9% (Quadro 2). De acordo com o teste realizado, a tira Uriquest Plus Vet® (Labtest Diagnóstica S/A) apresenta um VPP de 38,1% e um VPN de 79,31% para a determinação de leucocitúria em amostras de cães e gatos oriundas de micção espontânea, resultando em uma eficiência de 58,71%.

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Quadro 2. Comparação entre a tira Uriquest Plus Vet ® e a sedimentoscopia na avaliação de leucocitúria em

amostras oriundas de micção espontânea de cães e gatos.

Uriquest Plus Vet® Sedimentoscopia Total

Sem leucocitúria Com leucocitúria

Sem leucocitúria 23 (A) 6 (B) 29 (A+B)

Com leucocitúria 13 (C) 8 (D) 21 (C+D)

Total 36 (A+C) 14 (B+D) 50 (A+B+C+D)

FONTE: Elaborado pelo autor.

*(A): Verdadeiros negativos. (B): Falsos negativos. (A+B): Total de resultados negativos na fita Uriquest Vet Plus®. (C): Falsos positivos. (D): Verdadeiros positivos. (C+D): Total de resultados positivos na fita Uriquest Vet Plus®. (A+B): Total de resultados negativos na sedimentoscopia. (B+D): Total de resultados positivos na sedimentoscopia. (A+B+C+D): Total da amostra (n).

Com o mesmo número de amostras oriundas de micção espontânea, a tira UriGold® mostrou 77,8% de sensibilidade e 97,6% de especificidade quando comparada ao teste de referência (avaliação microscópica de urina) para avaliação de presença ou não de hematúria em amostras de cães e gatos oriundas de micção espontânea (mais de 10 hemácias íntegras por campo) (Quadro 3). Obtendo, assim, um VPP de 87,5% e um VPN de 95,2%, apresentando uma eficiência de 91,35%.

Quadro 3. Comparação entre a tira UriGold® e a sedimentoscopia na avaliação de hematúria em amostras

oriundas de micção espontânea de cães e gatos.

UriGold® Sedimentoscopia Total

Sem hematúria Com hematúria

Sem hematúria 40 2 42

Com hematúria 1 7 8

Total 41 9 50

FONTE: Elaborado pelo autor.

*(A): Verdadeiro negativos. (B): Falsos negativos. (A+B): Total de resultados negativos na fita Urigold®. (C): Falsos positivos. (D): Verdadeiros positivos. (C+D): Total de resultados positivos na fita Urigold®. (A+B): Total de resultados negativos na sedimentoscopia. (B+D): Total de resultados positivos na sedimentoscopia. (A+B+C+D): Total da amostra (n).

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Nas análises com a fita veterinária, a sensibilidade foi de 66,7%, enquanto a especificidade foi de 78%, ao se comparar à análise microscópica das urinas (Quadro 4), resultando em um VPP de 66,7% e um VPN de 78%, apresentando uma eficiência de 72,35%. Quadro 4. Comparação entre a tira Uriquest Plus Vet ® e a sedimentoscopia na avaliação de

hematúria em amostras oriundas de micção espontânea de cães e gatos.

Uriquest Plus Vet® Sedimentoscopia Total

Sem hematúria Com hematúria

Sem hematúria 32 3 35

Com hematúria 9 6 15

Total 41 9 50

FONTE: Elaborado pelo autor.

*(A): Verdadeiros negativos. (B): Falsos negativos. (A+B): Total de resultados negativos na fita Uriquest Vet Plus®. (C): Falsos positivos. (D): Verdadeiros positivos. (C+D): Total de resultados positivos na fita Uriquest Vet Plus®. (A+B): Total de resultados negativos na sedimentoscopia. (B+D):

Total de resultados positivos na sedimentoscopia. (A+B+C+D): Total da amostra (n).

A tabela 1 compara o pH determinado pela tira UriGold (Gold Analisa Diagnóstica Ltda ®) e por pHmetro de bancada DM-22® (Digimed). Os resultados foram submetidos ao teste t de Student, resultando em um valor aproximado de P de 0,97, indicando que a diferença entre as médias não é significativa. Na prática clínica, isso significa que os resultados da tira Urigold® seriam tão confiáveis quanto ao pHmetro.

Tabela 1. Médias de pH urinário de amostras oriundas de micção espontânea de caninos e felinos

determinados pela tira UriGold® e pHmetro de bancada.

Amostragem (n) Média Intervalo de confiança de 95%

Urigold® 50 6,45 6,23 6,67

pHmetro 50 6,55 6,31 6,8

Diferença -0.11

FONTE: Elaborada pelo autor.

A tabela 2 apresenta resultados do pH mensurado pela tira reativa Uriquest Plus Vet® (Labtest Diagnóstica S/A) e pHmetro de bancada. Os resultados submetidos ao teste t de Student foram de um valor de P <0,001, indicando que a diferença entre as médias é

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estatisticamente significativa. Na prática clínica, isso significa que os resultados da tira Uriquest não teriam os mesmos resultados do padrão ouro (pHmetro).

Tabela 2. Médias de pH urinário de amostras de micção espontânea oriundas de felinos e caninos

determinado pela tira Uriquest Plus Vet ® e pHmetro de bancada.

Amostragem (n) Média Intervalo de confiança de 95%

Uriquest Plus Vet ® 50 5,89 5,59 6,19

pHmetro 50 6,55 6,31 6,8

Diferença -0.66

FONTE: Elaborada pelo autor.

A tabela 3 mostra os valores de proteínas urinárias determinadas pela tira reativa UriGold® (Gold Analisa Diagnóstica Ltda) e Sensiprot® (Labtest Diagnóstica S/A). Os resultados foram submetidos ao teste não paramétrico de Mann-Whitney, resultando em uma ausência de significância (p=0,07). Na prática clínica, ambos os testes poderiam ser utilizados.

Tabela 3. Médias da concentração de proteínas urinárias de amostras de caninos e felinos oriundas de

micção espontânea pela tira UriGold® e por metodologia bioquímica úmida (Sensiprot®).

Amostra (n) Média Intervalo de confiança de 95%

UriGold ® 50 75,4 44,24 106,57

Sensiprot ® 50 52,14 49,48 64,80

Diferença 23,26

FONTE: Elaborada pelo autor.

A comparação entre a tira reativa Uriquest Plus Vet® (Labtest Diagnóstica S/A) e o Sensiprot (Labtest Diagnóstica S/A ®) pode ser observada na tabela 4. A comparação das médias foi realizada através do teste não paramétrico de Mann-Whitney e apresentou diferença estatística (p=0,01). Na prática clínica, a tira Uriquest Vet Plus® não produz resultados semelhantes ao padrão ouro (Sensiprot®).

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Tabela 4. Médias da concentração de proteínas urinárias de amostras oriundas de micção espontânea

de caninos e felinos pela tira Uriquest Plus Vet ® e por metodologia de bioquímica úmida (Sensiprot®).

Amostra (n) Média Intervalo de confiança de 95%

Uriquest Plus Vet® 50 117,3 65,28 169,32

Sensiprot® 50 52,14 39,48 64,8

Diferença 65,16

FONTE: Elaborada pelo autor.

Os reagentes utilizados na determinação de cada teste estão expressos na tabela 5, onde o fabricante da tira reativa veterinária informou a concentração de cada componente, enquanto que o da tira reativa de uso humano declarou a quantidade de cada componente para a reação.

Tabela 5. Reagentes utilizados nas fitas urinárias Uriquest Plus Vet ® e UriGold ®.

Teste Componente ativo da

Uriquest Plus Vet®

Componente ativo da UriGold® Cetonas Nitroprussiato de sódio 2,0% Nitroprussiato de sódio 20mg e

sulfato de magnésio 246,5mg.

Glicose Glicose oxidase 2,1%,

Peroxidase 0,9% e Cloridrato de o-tolidina 5,0%

Glicose oxidase 451 UI, Peroxidase 186 UI e iodeto de potássio 10mg.

Proteína Azul de tetrabromofenol 0,2% Azul de tetrabromofenol 0,3mg, ácido cítrico 110mg e citrato de sódio 46mg.

Sangue Tetrametil benzidina diHCL

2,0% e Hidroperóxido isopropilbenzol 21% Hidroperóxido cumeno 7mg e O-toluidina 3 mg. pH Vermelho de metila 2,0% e azul de bromotimol 10%

Vermelho de metila 0,04mg e azul de bromotimol 0,5mg.

Nitrito Ácido sulfanílico 1,9% e

tetrahidrobenzo[h]quinolin-3-ol 1,5%

Ácido p-arsanilico 5mg e n-(-1-naftil) etilenodiamino 2HCl 6mg

Leucócitos Carboxilatos heterocíclicos 0,4% e sal diazônio 0,2%

Ácido ester amino feniltiazol 1mg e sal diazônico 0,7mg

Densidade Teste não disponível na tira reagente

Azul de bromotimol 1,2mg e ácido dietilenotriaminopentaacético 12mg

Bilirrubina Teste não disponível na tira reagente

2,4-Diazônio diclorobenzeno 3mg e ácido oxálico 30mg

Urobilinogênio Teste não disponível na tira reagente

4-Diazônio metoxibenzeno 2,5mg e ácido cítrico 30mg

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As possíveis interferências nos testes em comum entre as duas marcas de tiras reativas informadas pelos fabricantes foram listadas na tabela 6.

Tabela 6. Interferentes informados pelos fabricantes das tiras Uriquest Plus Vet® e UriGold®.

Uriquest Plus Vet ® UriGold ®

Sangue oculto  Produtos de limpeza;

 Formalina;  Oxidases microbianas;  Ácido ascórbico;  Densidade alta;  Proteinúria;  Oxidases microbianas.

Glicose  Ácido gentísico;

 pH inferior a 5;  Densidade alta;  Produtos de limpeza.  Densidades altas  pH alto;  Ácido ascórbico;  Cetonúria (>40 mg/dL);  Levodopa, dipirona e glutationa.

Cetonas Sem interferentes relatados.  Urinas altamente

pigmentadas;  Levodopa. Leucócitos  Nitrofurano;  Glicosúria;  Ácido oxálico;  Antibióticos;  Secreções genitais;  O número de leucócitos detectados no exame de sedimento pode ser mais baixo que o detectado na tira de urina, já que células lisadas não são detectadas na sedimentoscopia.  Glicosúria intensa;  Densidade alta;  Albuminúria intensa;  Formaldeido;  Hematúria;  Ácido oxálico  Agentes oxidantes;

 O resultado do teste nem sempre é consistente com a sedimentoscopia. O teste faz análise de leucócitos íntegros e lisados.

Nitrito  Sensibilidade diminuída

para carnívoros;

 Amostras velhas;

 Ácido ascórbico.

 Ácido ascórbico

pH  Contaminação bacteriana.  Urina em excesso na tira.

Proteínas  pH básico (pH 9);  Densidade alta;  Medicamentos com quinina;  Amônia quaternária.  pH básico (pH 9);  Urinas turvas.

FONTE: Elaborado pelo autor.

Comparando as eficiências calculadas para as duas tiras, pode-se observar que a tira UriGold® (Gold Analisa Diagnóstica Ltda) apresentou uma eficiência de 55,35% para a

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determinação de leucocitúria em amostras de cães e gatos oriundas de micção espontânea, sendo inferior à Uriquest Plus Vet (Labtest Diagnóstica S/A ®), que apresentou uma eficiência de 58,71%.

No entanto, ao analisar a eficiência em determinar a hematúria em urinas eliminadas por micção espontânea de caninos e felinos, a tira para uso humano apresentou uma eficiência de 91,35%, enquanto que a tira de uso veterinário apresentou uma eficiência de 72,35% comparadas à microscopia.

O teste t de Student revelou diferença entre a determinação do pH através da tira de uso veterinário e o pHmetro, enquanto que os resultados de pH entre a tira humana e o pHmetro foram iguais. Já a tira humana apresentou comparação positiva de dados com o pHmetro, quando submetida ao mesmo teste.

A determinação de proteínas totais pela tira UriGold® (Gold Analisa Diagnóstica Ltda) comparada à determinação pelo método Sensiprot (Labtest Diagnóstica S/A ®) não mostrou diferença estatística quando os resultados foram submetidos ao teste não paramétrico de Mann-Whitney, enquanto a Uriquest Plus Vet (Labtest Diagnóstica S/A ®) mostrou diferença estatística.

5 DISCUSSÃO

A baixa sensibilidade para leucocitúria na tira de uso humano (35,71%) encontrada nesse estudo pode ter sido em decorrência do valor de referência de 10 leucócitos por campo, enquanto que a sensibilidade mínima para detecção de leucócitos informada nas instruções de uso da tira reagente é de 20 a 25 leucócitos/µL. Já a maior sensibilidade encontrada na tira para uso veterinário (57,1%) pode ser justificada por apresentar a detecção mínima de leucócitos de 15 leucócitos/µL informada nas instruções de uso da tira urinária. No entanto, o cálculo para análise da eficiência das duas tiras resultou em valores próximos e ambos inferiores a 60%, não sendo um boa maneira de avaliar a presença de leucocitúria em amostras de cães e gatos oriundas de micção espontânea. Resultados semelhantes eram esperados, visto que as almofadas impregnadas para avaliação de leucócitos nas tiras reagentes possuíam o mesmo princípio de teste por meio de uma reação onde ocorre a hidrólise do carboxilato heterocíclico pelas esterases de alguns leucócitos, liberando uma fração capaz de reagir com um sal diazônio formando um pigmento violeta. Segundo a Sociedade Brasileira de Patologia Clinica/ Medicina Laboratorial (2018), outras células que

podem estar presentes na urina, como

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um, podem conter esterases e, por essa razão, o resultado da reação não substitui o exame

microscópico do sedimento urinário. Além disso, agranulócitos, como os linfócitos, não produzem esterase, logo, nas linfocitúrias, a pesquisa será negativa.

Apesar de o teste apresentar o mesmo princípio em ambas as tiras, são listados interferentes diferentes, em que na tira de uso veterinário os principais interferentes são nitrofurano, glicose, áxido oxálico, cefalexina, cefalotina, tetraciclina e na fita de uso humano são listados glicose, hiperestenúria, intensa albuminúria, presença de sangue, alta concentração de formaldeído, ácido oxálico, agentes oxidantes, mostrando uma falta de padronização na expressão de interferentes nas instruções de uso das tiras reativas. As bulas ressaltam que ambos os testes podem diferir da análise micróscopica devido à detecção de leucócitos íntegros e lisados. Em um informativo sobre o uso de tira reagente no exame de urina emitido pela Labtest®, é relatado que a análise das esterases leucocitárias só tem positividade quando houver a presença de quantidade suficiente de neutrófilos, monócitos, eosinófilos ou basófilos, ressaltando que linfócitos e células epiteliais não contêm esterase leucocitária, além de enfatizarem que qualquer resultado negativo na análise pode ter significado clínico relacionado à leucocitúria.

A tira reativa para uso humano apresentou uma eficiência superior à tira de uso veterinário em aproximadamente 20% na detecção de hematúria em amostras oriundas de micção espontânea de caninos e felinos. Isso pode ser explicado pela diferença nos reagentes utilizados em cada tira, onde a Uriquest Vet Plus® utiliza tetrametil benzidina di-HCL a 2,0% e hidroperóxido de isopropilbenzol a 21% e a tira UriGold® é composta por hidroperóxido cumeno (7mg) e O-toluidina (3 mg). Os dois fabricantes relatam que a atividade microbiana associada a infecções pode resultar em falso positivo e que o ácido ascórbico causa interferência nos testes, no entanto, só a tira de uso veterinário traz o parâmetro de ácido ascórbico na tira urinária. Além disso, produtos de limpeza e formol são relatados como interferentes pela Uriquest Vet Plus® e hiperestenúria e intensa proteinúria, pela tira UriGold®.

Apesar de o fabricante da tira veterinária relatar que a reação tem positividade a partir de 5 eritrócitos/µL, apresentou, no presente estudo, uma sensibilidade inferior (66,7%) para detecção de hematúria em amostras oriundas de cães e gatos do que a tira para uso humano (77,8%), cujo fabricante informou que a reação tem positividade a partir de 10 eritrócitos/µL.

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As duas marcas de tiras urinárias avaliadas fazem o uso dos mesmos compostos, vermelho de metila e azul de bromotimol, para a determinação do pH. No entanto, a tira de uso veterinário relata somente a concentração de cada reagente e não seu volume final, não se podendo avaliar se as duas marcas contêm a mesma quantidade de reagente. Se analisada no período correto, nenhuma das tiras de urinas relata um interferente relevante. Apesar de muitos laboratórios realizarem a imersão de tiras urinárias em tubos contendo urina, essa prática não é recomendada, podendo causar interferências em alguns parâmetros. As instruções de uso da tira UriGold® informam sobre a possibilidade da urina em excesso na fita mover o ácido do tampão do reagente da proteína, que está situado na área vizinha, para a área do pH, e causar uma falsa acidificação. Por isso, no presente estudo, não se imergiu nenhuma tira urinária em tubos com urina, e sim, realizou-se o gotejamento em cada almofada, seguida de um escorrimento lateral, evitando a contaminação das almofadas.

Um estudo realizado por CORATO et al. (2016) com a finalidade de comparar tiras veterinárias e humanas em urinálises de animais concluiu que a avaliação de pH não é aconselhável pela tira reagente de uso humano, no entanto, fez a conclusão baseado somente na discrepância dos resultados entre uma e outra e não utilizou nenhum teste de referência como o presente estudo, além de a amostragem ser inferior à metade do presente estudo, ser composta só de cães e ter sido avaliada somente outras marcas de tiras reagentes e não a UriGold®.

A tira urinária UriGold® apresentou maior concordância com o teste de referência para determinação de pH do que a tira urinária Uriquest Vet Plus® em amostras de urina oriundas de cães e gatos. A diferença dos resultados entre as duas marcas pode ser justificada por uma possível diferença no volume final de cada reagente.

As duas marcas de tiras reativas utilizam o uso de azul de tetrabromofenol como reagente para determinação de proteínas urinárias; no entanto, a tira de uso humano utiliza, adicionalmente, ácido cítrico e citrato de sódio na reação.

O fabricante da tira de uso veterinário relata que o mínimo de detecção é de 15 mg/dL de albumina, enquanto que a tira de uso humano relata que é de 30 mg/dL de albumina, apesar do mesmo princípio de reação. É relatado nas bulas que o teste é mais sensível à detecção de albumina e que as outras proteínas são detectadas, mas com menor sensibilidade.

O fabricante do kit Sensiprot® informa em suas instruções de uso que o teste apresenta uma sensibilidade semelhante para albumina e globulinas, diferente das tiras. No entanto, o presente estudo mostrou boa correlação da determinação quantitativa de proteinúria

Referências

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