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A CONSTRUÇÃO DA CONTRA HEGEMONIA E A POLÍTICA NACIONAL DE COMUNICAÇÃO DA CATEGORIA PROFISSIONAL

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A CONSTRUÇÃO DA CONTRA HEGEMONIA E A POLÍTICA NACIONAL DE COMUNICAÇÃO DA CATEGORIA PROFISSIONAL

SILVA,

Natalli Pazini Silva1 NEGRI, Fabiana Luiza2

Resumo

O presente artigo tem como objetivo propor reflexão acerca da comunicação como estratégia de resistência para a construção de uma contra hegemonia, nesse sentido tratar-se-á a Política Nacional de Comunicação do Conjunto CFESS\CRESS como eixo central do debate. Inicia-se apresentando o Conjunto CFESS\CRESS, posteriormente apresentam-se elementos teóricos sobre hegemonia e comunicação. Na sequência, descreve-se a construção da Política Nacional de Comunicação e sua relevância para o Serviço Social, tanto na interlocução com a categoria como também com a sociedade e, por fim, aponta-se como se materializa a Política Nacional de Comunicação no CRESS Santa Catarina.

Palavras Chave: Comunicação; Serviço Social; Hegemonia.

1. Introdução

O presente artigo tem por finalidade refletir sobre a construção de posicionamentos contra hegemônicos a partir da Política Nacional de Comunicação do Conjunto CFESS/CRESS. O ponto de partida e motivação para abordar esse tema tem origem na observação da relevância da comunicação para o Serviço Social a partir da participação na Comissão de Comunicação do CRESS Santa Catarina.

Inicia-se com a apresentação sobre o Conjunto CFESS/CRESS, que é composto pelo Conselho Federal de Serviço Social – CFESS e pelos Conselhos Regionais de Serviço Social – CRESS os quais são regulamentados pela Lei 8.662 de 1993, que em seu artigo 8º prevê o objetivo básico destas instâncias de “orientar, disciplinar, normatizar, fiscalizar e defender o exercício da profissão de assistente social”, em todo o território nacional, conforme os princípios e normas estabelecidos pelo Encontro Nacional CFESS/CRESS (BRASIL, 1993, p. 17).

Em seguida discorre-se sobre algumas reflexões teóricas e conceituais para embasar a discussão sobre hegemonia e comunicação, na sequência aborda-se a Política Nacional de

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Assistente Social, Especialista em Gestão Estratégica em Serviço Social, Servidora do CREAS em Balneário Camboriú.

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Comunicação e a sua importância para o Serviço Social, nesse contexto apresenta-se como se configura a estrutura e organização da Comissão de Comunicação em Santa Catarina.

Encerra-se a reflexão com a aproximação de elementos que visam conhecer o processo histórico de construção da Política Nacional de Comunicação do Conjunto CFESS/CRESS e de como o Serviço Social vem pensando e consolidando através dessa política um posicionamento contra hegemônico.

2. O Conjunto CFESS/CRESS

No ano de 1957 é aprovada a primeira Lei 3.252 em 27 de agosto, que regulamenta a profissão de Serviço Social e cria o Conselho Federal de Assistentes Sociais (CFAS) e os Conselhos Regionais de Assistentes Sociais (CRAS). O CFAS e os CRAS não diferentes dos outros conselhos profissionais também nascem numa perspectiva burocrática focando suas atividades de “fiscalização” apenas em inscrições dos profissionais e no pagamento do tributo, distante de refletir o papel dos Conselhos como um espaço de diálogo coletivo. No período de criação dos CFAS e dos CRAS a profissão está imersa num conservadorismo que era guiado por pensamentos e posicionamentos despolitizados e, portanto, as ações exercidas pelos mesmos seguem essa linha conservadora.

Acompanhando o Movimento de Reconceituação do Serviço Social que ocorre a partir da década de 1960 e com o III CBAS (Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais) em 1979 que caracteriza uma virada histórica na profissão, também conhecido como o Congresso da Virada, as entidades da categoria iniciam um processo de reflexão e de discussão das legislações que regem a atuação do Serviço Social, dentre elas o Código de Ética Profissional e a Lei de Regulamentação da Profissão. Segundo Bravo (2009, p.690), o III CBAS foi de extrema importância para a “consolidação do projeto profissional do Serviço Social de ruptura com o conservadorismo” e para o fortalecimento e articulação das entidades da categoria.

Em 07 de junho de 1993 é aprovada a Lei 8.662 que dispõe sobre a profissão de Assistente Social, e além de regulamentar a profissão a referida Lei também altera a nomenclatura dos Conselhos, de Conselho Federal de Assistentes Sociais (CFAS) e dos Conselhos Regionais de Assistentes Sociais (CRAS), para, respectivamente, Conselho Federal

de Serviço Social (CFESS) e Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS).3

3Destaca-se que no decorrer deste artigo se utilizará o termo “Conjunto CFESS/CRESS”, denominação usada pela

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O Estatuto do Conjunto CFESS/CRESS, aprovado pela Resolução CFESS Nº469/2005, importante instrumento normativo interno que regula as atividades de atribuição do Conjunto, formaliza que a instância máxima de deliberação da categoria é o Encontro Nacional do Conjunto CFESS/CRESS, que deverá ser convocado anualmente, e sendo nesse espaço que as decisões e posicionamentos da categoria são definidos após discussão e deliberação.

Nesses encontros são definidos os rumos e diretrizes da profissão, pois, conforme o artigo 11 do Estatuto, “o Encontro Nacional CFESS/CRESS é a instância máxima de deliberação deste Conjunto, composto de delegados do CFESS e dos CRESS, com direito a voz e voto, assim como por observadores e convidados com direito a voz” (CFESS, 2005, s/p).

Visando dar agilidade ao processo de tomada de decisões do conjunto CFESS/CRESS são criadas, de acordo com o Estatuto do Conjunto, comissões que serão compostas por conselheiros/as efetivos/as e suplentes, assessores/as e convidados/as; estas comissões serão regimentais e temáticas, no caso de Santa Catarina, as comissões são: Permanente de Ética; de Orientação e Fiscalização; Inscrição; Licitação; Administrativo-Financeira; Ética e Direitos Humanos; Inadimplência; Comunicação e Seguridade Social.

Essas comissões tem como função precípua a organização política, a defesa da profissão e a orientação e fiscalização do exercício profissional cabendo ao CFESS e aos CRESS o árduo desafio de assegurar os avanços históricos materializados no Código de Ética Profissional e na Lei de Regulamentação da Profissão e no projeto ético-político do Serviço Social.

Segundo Netto (2006) as linhas deste projeto pautadas teórica e metodologicamente, conquistaram a hegemonia no Serviço Social, por estar em sintonia com as tendências dos movimentos da sociedade brasileira. Para o autor este projeto profissional vinculou-se a um projeto societário que, antagônico ao das classes proprietárias e exploradoras, tem raízes na vida social. Corroborando com esse pensamento, Negri (2016, p. 41) apresenta que em “em relação à categoria „hegemonia‟, a produção teórica do Serviço Social se refere à pertinência da reflexão crítica sobre o fortalecimento do projeto profissional vinculado a um projeto societário capaz de disputar a direção social da profissão”.

Nesse sentido, as reflexões críticas e leituras da realidade social, levando em consideração o movimento do real, são importantes elementos a serem observados pela categoria profissional na materialização do projeto profissional, com vistas à construção de processos contra hegemônicos.

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3. Hegemonia e Comunicação

Entende-se necessário apresentar os conceitos que são considerados os fios condutores dessa análise, no caso hegemonia e comunicação. Etimologicamente a palavra

hegemonia vem do grego “HEGEMON” e se refere à liderança, chefia, ao ato de ir em frente;

diz respeito à preponderância de alguma coisa sobre a outra.

A noção vigente de hegemonia foi criada dentro da tradição marxista como forma de pensar sobre as diferentes configurações sociais dentro de um período histórico. No entanto, foi Gramsci que aprofundou o debate e análise sobre o conceito de hegemonia. E, portanto, tomaremos o pensamento gramsciano como referência, assim como se utilizará autores que pesquisam, e fundamentam seus estudos em Gramsci para compreender o conceito de “hegemonia”.

Nessa perspectiva, cabe destacar que segundo Negri (2016, p. 31) “o Serviço Social se alicerça num processo sócio-histórico em que se instituem articulações com diversos pensadores e correntes teórico-metodológicas que formam o arcabouço teórico da profissão, dentre os quais se destaca o pensamento de Antonio Gramsci.” A hegemonia para Gramsci (2011, p. 95) é,

O exercício “normal” da hegemonia, no terreno tornado clássico do regime parlamentar, caracteriza-se pela combinação da força e do consenso, que se equilibram de modo variado, sem que a força suplante muito o consenso, mas ao contrário, tentando fazer com que a força pareça apoiada no consenso da maioria.

Na mesma linha de pensamento, para Simionatto,

Quando Gramsci fala da hegemonia como “direção intelectual e moral”, afirma que essa direção deve exercer-se no campo das ideias e da cultura, manifestando a capacidade de conquistar o consenso e de formar uma base social. Isso porque não há direção política sem consenso. A hegemonia pode criar, também, a subalternidade de outros grupos sociais que não se refere apenas à submissão à força, mas também às ideias. Não pode se perder de vista que a classe dominante repassa a sua ideologia e realiza o controle do consenso através de uma rede articulada de instituições culturais, que Gramsci denomina de “aparelhos privados de hegemonia”, incluindo: a escola, a Igreja, os jornais e os meios de comunicação de maneira geral. (SIMIONATTO, 2011, p.49). Ainda destaca Simionatto (2011, p.49) que estes “aparelhos privados de hegemonia” têm o intuito de tornar a classe dominada cada vez mais subordinada por meio de “um complexo de ideologias formadas historicamente”.

Gramsci dirá que a grande massa dos homens pensa segundo uma concepção de mundo imposta mecanicamente a partir do ambiente externo e obedece a essa concepção de modo passivo. Assim, é necessário que os homens sejam educados no sentido de elaborar a sua própria concepção de mundo, pois, quando vem assimilada passivamente do exterior, ela é ocasional, desagregada e acrítica, produzindo inevitavelmente contradições. (SIMIONATTO, 2011, p.54).

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Portanto, deve-se considerar a partir de Gramsci, a grande mídia como um “aparelho privado de hegemonia” e partindo desse pressuposto é indispensável pensar em estratégias para romper com esta hegemonia posta, na medida em que se faz necessário pensar uma contra hegemonia que permita o acesso às informações, aos conteúdos de forma crítica e imparcial, caso isto não seja possível, que se disponibilize a população todas as alternativas para que a mesma escolha qual informação tem realmente credibilidade.

É certo que a grande mídia está a serviço do capital, e imbricada aos seus interesses não mede esforços para garantir a hegemonia burguesa, dessa forma é essencial considerar mídias alternativas, como por exemplo, as rádios e televisões comunitárias, que apesar de não serem muitas e não possuírem muito espaço disponibiliza um conteúdo alternativo de informações.

Para Ruiz (2011, p. 94) “há no Brasil, atualmente, ricas experiências, embora ainda pulverizadas, sendo desenvolvidas por movimentos sociais e organizações não-governamentais no tocante a comunicação”. Demonstrando uma real possibilidade de construção de movimentos contra hegemônicos, a partir de experiências que estejam de fato vinculadas aos interesses da classe trabalhadora.

Iamamoto (2012) provoca a reflexão de que não é possível para a classe trabalhadora alcançar a hegemonia sem luta e resistência, e estas devem pautar-se em princípios e concepções, mesmo não estando fundamentada em saberes teóricos, segundo a autora, neste sentido a ideologia é base estruturante na luta pela hegemonia,

É assim uma força real que altera e modifica a vida humana, mesmo quando seu conteúdo cognitivo não seja “científico”, no sentido de não corresponder adequadamente à reprodução objetiva da realidade, abrangendo o folclore, o senso comum e a filosofia da práxis. É um componente fundamental na luta pela hegemonia, que requer a construção de um universo intersubjetivo de crença e valores, pressuposto para uma ação voltada para resultados objetivos no plano social. (IAMAMOTO, 2012, p.402). A hegemonia das classes dominantes sobre a classe trabalhadora está posta na sociedade em que vivemos, o sistema capitalista perpetua essa hegemonia e conta com o apoio da grande mídia para isso, através dos aparelhos ideológicos. Para Guareschi os aparelhos ideológicos,

São aqueles aparelhos, ou mecanismos, que sua função de manutenção e reprodução das relações numa sociedade usam a persuasão, a cantada, isto é, a ideologia. Eles são bem mais difíceis de serem identificados, pois é necessária certa astúcia, certa perspicácia para poder perceber seu papel. (GUARESCHI, 2008, p.92).

No que se refere ao conceito de Comunicação, tem-se que a palavra é derivada do termo latino "communicare", que significa "partilhar, participar algo, tornar comum". É através da comunicação que trocamos informações com os demais seres vivos. Para Guareschi (2013,

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p.22) a comunicação “constrói a realidade.” O autor apresenta essa afirmativa através da perspectiva de que hoje tudo passa pela mídia e, portanto, pela comunicação, como se pode observar,

Chegamos à era em que a comunicação ocupa todos os espaços e penetra em todos os interstícios da vida. Nas suas múltiplas formas, pictórica, sonora, escrita, digital e analógica, interpessoal e de massa, a comunicação constituiu o ambiente em que se forma o ser humano contemporâneo. (GUARESCHI, 2013, p.22).

Ruiz (2011) apresenta elementos para refletir a comunicação como direito humano e salienta que é necessário partir para estratégias de romper com o discurso neoliberal e abrindo espaço para a ascensão dos movimentos sociais,

O direito à comunicação é mais do que direito a informação e liberdade de expressão: é o direito de produzir e veicular informação, de possuir condições técnicas e materiais para dizer e ser ouvido, de ser protagonista de um sistema de comunicação plural. É, acima de tudo, compreender a comunicação como um bem público, o que pertence ao conjunto da sociedade (MOYSÉS; BRANT, 2004 apud RUIZ 2011, p. 97).

Para cogitar um posicionamento contra hegemônico através da Politica Nacional de Comunicação do Conjunto CFESS/CRESS, é preciso acreditar, investir e segundo Ruiz (2011, p. 99) “fortalecer a visão do assistente social como profissional que atua para viabilizar o acesso aos direitos, aprimorando as políticas e as ações já desenvolvidas neste sentido”. Nesse viés argumentativo, defende-se o incentivo aos movimentos sociais e as mídias alternativas, visto que em sua maioria não estão corrompidas pelo grande capital, e apresentam potencial organizativo e ético-político no processo de construção de uma nova sociabilidade.

Ainda se faz necessária à luta pela democratização da mídia, que é uma das bandeiras do Conjunto CFESS/CRESS, o qual apoia o projeto de lei de iniciativa popular que discute a democratização da mídia. Entre os pontos que o projeto discute, o Conjunto CFESS/CRESS defende especialmente: a divisão do sistema nacional de comunicação em: privado, estatal e público, conforme prevê a Constituição, reservando 33% para o sistema público, sendo que metade desse número deve ser utilizado de forma comunitária. O referido projeto também prevê a criação de um Fundo Nacional visando contribuir na manutenção do sistema público. Ressalta-se que no mínimo 25% desses recursos deveriam ser destinados a promover ações de comunicação comunitária. São elementos que por certo permitem o fortalecimento das mídias alternativas, viabilizando os processos contra hegemônicos a serem construídos.

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4. O Serviço Social e a Comunicação

O Conjunto CFESS/CRESS passa desde a década de 1990 a incluir nos seus debates a temática da Comunicação. Em 2001 no Relatório de deliberações XXX Encontro CFESS-CRESS no eixo que trata da Comunicação consolida-se o debate com a construção da primeira versão da Política Nacional de Comunicação que apresenta a comunicação como “estratégia chave no sentido da ampliação da visibilidade social da profissão de Assistente Social” e tendo como objetivo “o fortalecimento do projeto ético-político profissional, garantindo respeitabilidade e projeção dos profissionais e da relevância dos serviços prestados aos usuários” (CFESS, 2001, p.18).

Orientados pela Política Nacional os CRESS possuem autonomia para elaborarem seus materiais, estratégias e documentos referentes à comunicação que serão destinados a categoria e a sociedade, desde que os mesmos estejam em sintonia com o projeto ético-político profissional.

Vale destacar que a partir a década de 1980 o projeto ético-político profissional se expande através de diferentes formas de comunicação, nesse sentido Braz enfatiza que,

A perspectiva profissional que está na base do que hoje designamos de projeto ético-político obteve êxito, dentre outros tantos fatores, valendo-se de estratégias de comunicação que socializaram entre a categoria os novos princípios que renovariam definitivamente a profissão. É evidente que, para que isso ocorresse, foi necessário que se compreendesse a comunicação como meio de disputa de hegemonia fundamental para a construção de um novo projeto profissional. (BRAZ, 2011, p.380).

A Política Nacional de Comunicação do Conjunto CFESS/CRESS tem por objetivo ser mais um instrumento político com a função de fortalecer e potencializar a elaboração e a troca de informações entre os CRESS e o CFESS e também socializar e fortalecer a comunicação destes com a categoria e com a sociedade em geral, no sentido de reafirmar o projeto ético-político profissional. Desse modo, a defesa que aqui se quer construir, parte do entendimento de que comunicar é disputar a hegemonia, é formar opinião.

Compreende-se que mesmo essa não sendo uma comissão precípua dentro do conjunto CFESS/CRESS é de importância estratégica, visto que além de pensar formas e estratégias de diálogo com a categoria, ainda tem o desafio de pensar a comunicação com a sociedade.

Segundo a Política Nacional, as Comissões de Comunicação devem ser,

Composta por integrantes da diretoria e assistentes sociais da base, a comissão tem a tarefa de coordenar estratégias comunicativas que viabilizem e ampliem o acesso à informação qualificada sobre as pautas e as lutas da categoria, além de contribuir para realização de campanhas e veiculação de notícias em diversos meios, como informativos impressos, site, redes sociais, cartilhas, entre outros. Possibilita também

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edição de livros e outros materiais impressos, divulgação de eventos, além de coordenar o trabalho da assessoria de comunicação, que também integra a comissão. Seu trabalho é pautado nas decisões do Conselho Pleno e deve ser articulado com as demandas da entidade e de outras comissões, no âmbito da comunicação. (CFESS, 2016, p. 16).

O CRESS\SC conta com uma Comissão de Comunicação extremamente atuante. Atualmente compõem essa Comissão além de integrantes da diretoria e de assistentes sociais de base, o Assessor de Comunicação, função esta prevista e recomendada pela Política Nacional de Comunicação, que também descreve e sugere algumas funções para este cargo e reforça sua importância.

A Comissão de Comunicação do CRESS\SC realiza reuniões ordinárias mensalmente e quando há necessidade se reúne extraordinariamente, além desses encontros presenciais,

diariamente seus membros ficam em contato e trocam informações através de diversas mídias4.

As formas de comunicação que a Comissão do CRESS\SC vem utilizando, que estão previstas na Política Nacional de Comunicação e no Plano Operativo da referida comissão, entendendo que são estratégias utilizadas para disseminar informações para a categoria e para a sociedade, atualmente são: materiais impressos: Jornal Via Social, aborda temas que estão em cena e que interferem diretamente na atuação dos (as) assistentes sociais; CRESS em Debate que tem a prerrogativa de ser um instrumento de debate e informação de temas atuais. Esses dois materiais são elaborados em (03) três edições por ano e enviadas para todos (as) assistentes sociais inscritos ativos no CRESS\SC. Ressalta-se também as Campanhas de

Gestão, nesse sentido, já foram elaboradas duas campanhas com os temas: “Autonomia

Profissional” e outra em “Defesa do Concurso Público”, nessas campanhas foram elaborados materiais como folders, adesivos cartazes e marca páginas para serem disponibilizados para os/as assistentes sociais em, eventos da categoria. Igualmente tem-se os Boletins Eletrônicos, trata-se de informativos eletrônicos, com temas específicos elaborados de forma mais sucinta que são disponibilizados nas redes sociais do CRESS e encaminhados por e-mail aos profissionais.

Na perspectiva de garantir acesso às informações, destaca-se ainda que fica sob a responsabilidade da Comissão de Comunicação a manutenção e alimentação do site e paginas nas redes sociais, as quais são atualizadas diariamente. A comissão contribui na organização e reprodução de rodas de conversas gravadas e disponibiliza-as na pagina do CRESS nas redes sociais, permitindo a socialização das reflexões produzidas nos espaços de debates de temas de interesse da categoria.

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A Politica Nacional de Comunicação apresenta três eixos de fundamental importância e que devem ser realizados pelo CFESS e pelos CRESS: Capacitação para as direções do CFESS e dos CRESS, para apresentar aos novos integrantes a Politica Nacional de Comunicação do Conjunto; Campanhas do dia do/a Assistente Social: após a aprovação do tema no Encontro Nacional; Seminário Nacional de Comunicação com o objetivo de capacitar os integrantes das Comissões de Comunicação, estes espaços tem sido um importante instrumento de formação política. A região Sul se destaca, visto que realiza o ComunicaSul anualmente, que debate a política de comunicação dos três estados.

5. Desafios e Possibilidades

O espaço do Conselho Regional de Serviço Social é por si só uma experiência única de aprendizado e de um contato mais profundo com as questões da profissão que perpassam tanto a atuação profissional, quanto questões referentes a pensar as diretrizes da profissão.

Os desafios são muitos, visto que se vive atualmente num contexto cada vez mais conservador, com retrocessos incalculáveis que atingem diretamente a classe trabalhadora, através do desmonte das políticas públicas, do retrocesso dos direitos sociais e do ataque frontal a democracia.

Para Netto (2006), o contexto e cenário pautado no neoliberalismo passa a ser uma ameaça real a implementação do projeto profissional do Serviço Social. Para a luta em defesa do projeto profissional é necessário além de vontade majoritária dos/as profissionais, o apoio e o “fortalecimento do movimento democrático e popular, tão pressionado e constrangido nos últimos anos” (NETTO, 2006, p. 19).

Um dos documentos que rege o fazer profissional de assistentes sociais, o Código de Ética Profissional, traz princípios que fundamentam o modelo de comunicação defendido pelo Conjunto CFESS/CRESS, especialmente, a defesa da democracia, da liberdade, dos direitos humanos, da cidadania, do pluralismo, de uma sociedade emancipada, entre outros.

Considerando-se a necessidade e a importância estratégica da Política Nacional de Comunicação do Conjunto CFESS-CRESS que estabelece diretrizes para organizar a informação que o Serviço Social tem a dizer à sociedade.

Este é o cerne da Política Nacional de Comunicação do Conjunto CFESS-CRESS, que tem como tarefas primordiais: defender a democratização da comunicação, dando visibilidade à profissão de assistente social, em sintonia com a radicalidade e com os princípios que regem o projeto ético-político do Serviço Social brasileiro; comunicar para mostrar à sociedade quem é esta categoria profissional, o que ela faz, o que ela tem a dizer; denunciar as expressões de injustiça e desigualdade que marcam a realidade social no país; comunicar e dialogar para fortalecer os movimentos sociais e a classe

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trabalhadora, na direção da liberdade e da formação crítica; por fim, e não menos importante, levar os princípios do Serviço Social a usuários e usuárias das políticas públicas no Brasil. (CFESS 2016, p.10).

Para se pensar um processo de contra hegemonia através da Politica Nacional de Comunicação do Conjunto CFESS/CRESS defende-se a democratização da mídia e acredita-se que uma das estratégias é investir e apoiar as mídias alternativas, por serem espaços democráticos e de participação popular e com posicionamento anticapitalista.

Portanto, pensar um posicionamento contra hegemônico é defender uma sociedade justa e igualitária, onde o acesso à informação e aos meios de comunicação seja descentralizado e popularizado.

Assim sendo, Boschetti traduz o que se acredita ser um dos caminhos para democratização da comunicação e para uma contra hegemonia ao sistema capitalista vigente, que se apoia na exploração da classe trabalhadora.

Democratizar a comunicação implica em reconhecer legal e legitimamente a comunicação como direito humano; criar instrumentos e mecanismos que garantam a socialização da informação sem filtros e vieses ideológicos; desconcentrar o domínio e o poder midiático; assegurar a fala e expressão das lutas dos movimentos sociais pela ampliação e materialização de direitos. (BOSCHETTI, 2011, p.22).

A democratização da comunicação é, portanto, a garantia de acesso a ela, é um direito humano. Entende-se que são necessárias condições para que a população não seja mera receptora, mesmo que essa recepção seja pautada numa análise crítica e a população tenha condições de problematizar o sentido e o significado das informações que recebe, o que de fato não ocorre. A luta vai além, compreende-se que a população deve se apropriar dos meios de comunicação visando dar “eco” a sua fala e a realidade política vivida junto à sociedade.

6. Conclusão

Entende-se que este é apenas o inicio do debate, sendo necessário um maior aprofundamento teórico sobre os conceitos de hegemonia e comunicação, bem como, um diálogo minucioso com a sociedade e com a categoria profissional.

Compreende-se que é fundamental ampliar e popularizar as discussões sobre a comunicação e a democratização da mídia e é nesse viés que a Politica Nacional de Comunicação do Conjunto CFESS/CRESS vem propor à categoria profissional discutir esses temas internamente e posteriormente problematiza-los com a sociedade.

Pontua-se necessária e visceral a compreensão dos/as assistentes sociais estarem organicamente conectados/as ao projeto ético-político profissional, considerando os diferentes

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artifícios envolventes que o sistema vigente nos impõe enquanto classe trabalhadora. Nesse sentido Iamamoto alerta que,

Assim as condições que circunscrevem o trabalho do assistente social expressam a dinâmica das relações sociais vigentes na sociedade. O exercício profissional é necessariamente polarizado pela trama de suas relações e interesses sociais. Participa tanto dos mecanismos de exploração e dominação, quanto, ao mesmo tempo e pela mesma atividade, da resposta às necessidades de sobrevivência das classes trabalhadoras e da reprodução do antagonismo dos interesses sociais. Isso significa que o exercício profissional participa de um processo que tanto permite a continuidade da sociedade de classes quanto cria as possibilidades de sua transformação. (IAMAMOTO, 2009, p.12)

Tem-se a clareza do quanto parece desafiador se chegar a almejada construção de uma nova hegemonia, porém a luta e resistência nos oferecem o campo necessário para a construção de um posicionamento contra hegemônico, assim, concorda-se com Iamamoto (2007) quando a autora problematiza que para atuar como assistente social nestes tempos de inúmeros desafios, impostos pela barbárie do sistema capitalista, se faz necessário ser um/a profissional com repertório teórico, crítico e consistente, rompendo com o senso comum e disposto a construir coletivamente estratégias para conquistar uma nova sociabilidade.

Nesse contexto, acredita-se que a Politica Nacional de Comunicação do Conjunto CFESS/CRESS é um importante instrumento que possibilita problematizar o fazer profissional, e contribuindo na construção de ideologias que visando estreitar a relação de conhecimento e compreensão da profissão tanto com a própria categoria como com a sociedade.

Referências

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