Programa Global de Realojamento de 56 Famílias
27 de Janeiro de 2006
no Município de LAGOS
Habitação Social
Câmara MunicipalI. Programa Global de Realojamento de 56 Famílias
Breve Enquadramento Metodológico
A operação de realojamento tem inerente uma estratégia de futuro, que assenta em duas vertentes: a resolução dos problemas da população em situação de insolvência e, simultaneamente, a demolição das Unidades de Alojamento Precário e consequente requalificação das zonas degradadas.
Neste tipo de planeamento, as propostas surgem ao longo do próprio processo de elaboração do programa de realojamento, existindo uma interacção permanente entre os objectivos/propostas de actuação e a sua concretização. Desta forma é possível o controlo efectivo das acções a prosseguir, o que tem conferido um carácter adaptativo ao planeamento, que surge de ajustamentos sucessivos, na medida em que a realidade social não é estática, mas dinâmica.
Trata-se de um trabalho assente numa vertente multidisciplinar de articulação e síntese entre os vários saberes em presença (urbanismo, engenharia e sociais), responsáveis pelo planeamento, construção, distribuição e atribuição dos fogos, não esquecendo, nesta fase, o envolvimento e coordenação dos meios operários e logísticos necessários às acções físicas de realojamento. O objectivo último é resolver os problemas habitacionais de uma forma auto sustentada, a nível urbanístico e social, por forma a atender ao perfil sócio económico e cultural das famílias que irão residir nos vários empreendimentos, sem descurar a importância dos novos empreendimentos contribuírem para uma imagem positiva e agradável em termos de vivência urbana.
Enquadramento Histórico
Iniciado em 1999, este programa de realojamento assenta num planeamento estratégico feito a partir do levantamento e análise dos 334 processos ou pedidos de habitação então existentes nos Serviços Municipais de Habitação, os quais têm vindo a ser actualizados, de acordo com um sistema de organização para acompanhamento da dimensão e composição das famílias, do seu crescimento quer natural, quer migratório, sua localização, bem como da evolução dos seus modos de vida.
No dia 1 de Março de 2002, a Câmara Municipal de Lagos e o Instituto Nacional de Habitação assinaram os termos de um Acordo de Colaboração para o realojamento de 56 famílias identificadas em pior situação socio-habitacional. Esse Acordo foi posteriormente reformulado, em 2005, à luz da nova legislação entretanto publicada (PROHABITA). (Vide Anexo I)
Acordo celebrado em 2002 entre o INH e o Município
? Freguesia de São Sebastião (52 situações):
" São João - junto ao Estádio Municipal (Barracas); " Chinicato (Casas Pré-Fabricadas e Barracas);
" Bairro 25 de Abril da Meia-Praia (Construções clandestinas);
" Situações dispersas (Casas degradadas e sem condições higiénico-sanitárias; contentores; construções clandestinas, vítimas de acções de despejo e sem abrigos);
? Freguesia de Odiáxere (2 Situações):
" Situações dispersas (Contentores e construções clandestinas);
? Freguesia da Luz (2 Situações):
" Situações dispersas (Casas degradadas e sem condições higiénico-sanitárias; contentores e construções clandestinas);
No total serão abrangidas 197 pessoas, o que corresponde a uma dimensão média de agregado familiar de 3,5 pessoas.
No total serão abrangidas 197 pessoas, o que corresponde a uma dimensão média de agregado familiar de 3,5 pessoas.
Proveniência e tipo de carências habitacionais a enquadrar:
Os empreendimentos para realojamento das 56 famílias
encontram-se localizados e distribuídos por 4 empreendimentos
A tipologia e localização dos empreendimentos que constituem os 56 fogos de realojamento tiveram em conta a localização das carências e o perfil sociocultural das diferentes categorias sociais em presença. Optou-se, assim, por construir e distribuir os 56 fogos por quatro aglomerados habitacionais de forma dispersa e diferenciada, o mais próximo possível da zona residencial actual das famílias bem como, junto de áreas urbanas já existentes, que integrem diversos estratos sociais e equipamentos de apoio à vivência quotidiana dos futuros habitantes.
Barracas em S. João
Casas pré-fabricadas e Barracas no Chinicato
Na povoação do Chinicato, onde se localiza três dos quatro novos núcleos habitacionais, tem vindo a ser feito um investimento na ampliação das infra-estruturas desportivas, lúdicas e educativas, das quais irão benefeciar os novos moradores.
Em breve o Chinicato terá um local para a prática desportiva.
Inauguração de Parque Infantil amplia oferta para as crianças
Ampliação da Eb1 do Chinicato e Novo Edifício já está a funcionar.
T0
T1
T2
T3
T4
5 6 17 22 6
Total
56
Lagos / A (Rua Filarmónica 1.º de Maio)
7 fogos de habitação colectiva
Chinicato / B
16 moradias unifamiliares
Chinicato / C
29 fogos de habitação colectiva
Chinicato / D
4 moradias unifamiliares
O número de fogos segundo as tipologias é o seguinte:
Os critérios de selecção das famílias abrangidas por este
acordo de colaboração foram os seguintes:
! Famílias sem habitação ou a viverem em unidades de alojamento precário ( barracas junto ao Estádio Municipal; casas pré-fabricadas em acentuado estado de degradação situadas no Chinicato e Bairro Operário; roulotes e contentores metálicos em situação dispersa pelo Município).
! Habitações degradadas e sem o mínimo de condições higiénico-sanitárias, abrangidas por vistorias ao abrigo do regime jurídico da urbanização e edificação (situações dispersas pelo município).
! Famílias a viverem em alojamentos precários e clandestinos; sem o mínimo de condições higiénico sanitárias, implantadas em áreas urbanas degradadas e sujeitas a projectos de qualificação/valorização ambiental (Mercado Municipal de Stº Amaro; Bairro Operário e Chinicato).
! Em simultâneo com a grave carência habitacional, as famílias deviam demonstrar uma insuficiência de rendimentos para as suas necessidades mais elementares e muito concretamente para a compra ou arrendamento privado.
Distribuição das famílias pelos novos fogos e empreendimentos
A distribuição das famílias pelos novos fogos e empreendimentos alicerçou-se em critérios de equidade social e de perfil psico-cultural, procurando compatibilizar os interesses privados das famílias com o interesse público em termos de auto- sustentabilidade das futuras zonas residenciais :
! Conjugar a proximidade de residência actual com a futura zona de realojamento, bem como a adequação da tipologia das habitações à dimensão do agregado familiar;
! A população idosa ou com problemas de deficiência e mobilidade foram preferencialmente distribuídos pelos andares inferiores dos blocos ( rés-do-chão e 1.º andar);
! Procurar diluir divergências/conflitos e potenciar os sentimentos de pertença espacial e grupal por forma a potenciar o processo de adaptação e integração nos novos aglomerados urbanos.
Acções de promoção e de desenvolvimento sócio-culturais
De entre as 56 famílias a realojar é preocupante, particularmente, a situação de uma parte, na generalidade beneficiárias de Rendimento Social de Inserção e que representam 48,21% do universo da população. A actualização dos dados socio-económicos e habitacionais das famílias revela que, um número significativo associado ao problema habitacional apresenta outro tipo de carências sociais. Com base no pressuposto de que, a Câmara Municipal ao delinear programas de realojamento não pretende criar guetos, nem acalentar problemas sociais, mas resolvê-los, são delineadas estratégias de resolução, em colaboração com as Instituições Sociais responsáveis pelas causas associadas às situações de pobreza, nomeadamente:
" Baixa escolaridade e formação profissional; " Desemprego ou trabalho precário;
" Disfunções pessoais e familiares resultantes de problemas ao nível do seu desenvolvimento pessoal e social;
" Problemas de saúde crónicos, nalguns casos associados a estilos de vida pouco saudáveis. O trabalho desenvolvido e futuro assenta num trabalho interdisciplinar, com os principais parceiros sociais a operar no município, por forma a enquadrar e dar resposta aos problemas diagnosticados, no quadro de uma estratégia global de melhoria da qualidade de vida da população, com o objectivo primordial da sua autonomização/inserção. Para além do apoio/acolhimento social prévio, os futuros moradores continuarão a ser acompanhados pelos serviços da autarquia e parceiros sociais.
Neste sentido foi, igualmente, elaborado um manual contendo conselhos práticos sobre uso e manutenção em relação à futura habitação, que funcionará como instrumento de apoio para acções de formação. Este trabalho foi elaborado em estreita articulação com a área de Serviço Social, Engenharia, Urbanismo, Protecção na Saúde e Higiene e Segurança, dado que foi necessário integrar conhecimentos em relação aos materiais e equipamentos utilizados na construção dos fogos, condições acústicas e ambientais, bem como determinantes bio-psico-sociais.
Câmara Municipal ao delinear programas de realojamento não pretende criar guetos são delineadas estratégias de resolução, em colaboração com as Instituições Sociais responsáveis pelas causas associadas às situações de pobreza
manual onselhos práticos sobre uso e manutenção em relação à futura habitação
acções de formação
c
Acções Físicas de Realojamento
A operacionalização sequencial das acções físicas de realojamento obedece à seguinte ordem de critérios ou prioridades:
a) Realojamento de agregados familiares cuja situação não implica demolição do domicílio: " Indivíduos sem abrigo ou a viverem por favor em casa de amigos ou familiares; " Famílias ou pessoas com Acções de Despejo concretizadas ou eminentes; a) Realojamento de agregados familiares cuja situação não implica demolição do domicílio:
" Agregados familiares residentes em prédios ou moradias particulares cujo proprietário passou declaração a comprometer se a reabilitar ou demolir o imóvel (conforme o caso) após o realojamento da família;
" Indivíduos residentes ou alojados temporariamente na sequência de vistorias que concluíram que o estado de conservação do imóvel colocava em causa a sua integridade física.
Na cerimónia de 27 de Janeiro serão entregues chaves às dezasseis famílias que reúnem as condições para ocuparem já as novas habitações. Às restantes serão entregues chaves simbólicas com indicação do fogo que lhes foi atribuído e que irão habitar logo que se concretizem as necessárias acções de demolição das unidades precárias que ocupavam até agora.
b) Realojamento de agregados familiares cuja situação residencial implica a demolição dos imóveis ou situações abarracadas.
As acções físicas de demolição das barracas tiveram início na segunda quinzena de Janeiro, com a demolição das primeiras barracas em S. João ( junto ao Estádio Municipal) e continuarão a desenvolver-se, por etapas, a partir do próximo dia 30, seguindo-se as casas pré-fabricadas e as barracas existentes no Chinicato, em função de prioridades previamente definidas, que compatibilizem o grau de urgência com a logística. Estas acções de demolição assentam nos seguintes princípios orientadores:
" Acompanhamento personalizado de cada uma das famílias, por forma a serem facilitados os meios e as condições mais adequadas às necessidades e mudança dos haveres para a nova residência;
" Demolição imediata das Unidades de Alojamento Precário, após o realojamento das famílias;
" Controlo eficaz que impeça o surgimento de outras situações clandestinas ou degradantes nas áreas urbanas intervencionadas;
" Reabilitação das áreas urbanas intervencionadas, após as acções físicas de realojamento.
É importante salientar que o sucesso de qualquer programa de realojamento não é tarefa de alguns, mas de todos, e muito particularmente daqueles a quem foram confiadas responsabilidades públicas, sociais e educativas.
b) Realojamento de agregados familiares cuja situação residencial implica a demolição dos imóveis ou situações abarracadas.
II. Linhas estratégicas da política habitacional do Município
A Câmara Municipal de Lagos continuará a assumir, como prioridade no desenvolvimento do concelho, a implementação de um conjunto de respostas habitacionais diversificadas em função dos diferentes perfis e necessidades sócio-económicas e culturais da população. Em termos sociais, faz todo o sentido diversificar e descentralizar as respostas habitacionais, uma vez que vai de encontro às necessidades actuais de políticas ou medidas multiculturais de coexistência que assegurem a equidade e a coesão municipal.
É, por isso, importante realçar que, a todas as respostas que a Câmara Municipal de Lagos tem tentado dar nesta área, está subjacente uma estratégia de cobertura territorial ampla, uma vez que se pretende evitar o desenraízamento social das famílias e a desertificação do interior do concelho.
A experiência mostra que a realização de programas de habitação ou de recuperação, não passam por receitas tipo. O sucesso de qualquer tipo de intervenção tem de alicerçarse no conhecimento da realidade em que se pretende intervir, com objectivos e métodos bem definidos e aferidos, sempre que se mostre necessário, bem como por um processo abertamente participado por todos: políticos, técnicos e população em geral.
Estes pressupostos ( de que a realidade não é estática mas dinâmica) norteiam o trabalho dos Serviços Municipais de Habitação e concretamente o planeamento em relação ao futuro realojamento das famílias que irão residir nos vários empreendimentos em curso.
Encontra-se, neste momento, em curso um vasto programa habitacional que vai desde a construção de fogos para venda e arrendamento, à promoção de loteamentos para auto-construção, passando pelo apoio a Cooperativas de Habitação Económica e reabilitação de fogos sociais e privados.
Para além deste programa de realojamento, decorre, até 30 de Janeiro, concurso público para aquisição de parcela de terreno, destinada a desenvolver, na Freguesia da Luz, um programa habitacional, composto por 54 fogos de tipologia diversificada.
Em Lagos está em fase de análise um novo conjunto de 50 fogos em terrenos municipais dentro da cidade, a desenvolver pela Câmara no âmbito de parcerias com outras entidades. A Junta de Freguesia de Odiáxere está a promover, com o apoio da autarquia, um loteamento nesta vila, composto por 16 lotes para auto construção destinados a moradias unifamiliares e 60 fogos a custos controlados. Esta medida integra-se no Programa Global de Habitação para Odiáxere, cujo objectivo é fixar os estratos mais jovens na Vila.
A) Construção de fogos a custos controlados
Freguesia da Luz 54 fogos
Lagos 50 fogos Odiáxere
16 lotes para auto construção 60 fogos a custos controlados
Terreno em Espiche (Freguesia da Luz) destinado à construção de 54 fogos.
B) Cooperativas de Habitação Económica
O apoio às cooperativas reveste-se de vital importância na medida em que possibilita colocar no mercado habitação para venda a custos controlados. Este tipo de fogos visam suprir as carências habitacionais das famílias que, embora dificilmente possuam condições para recorrer à iniciativa privada, dispõem de uma situação económica relativamente estável, que lhes permite recorrer a empréstimo bancário para a aquisição deste tipo de habitações.
As facilidades de aquisição destes fogos têm a ver com o facto do valor de venda não ultrapassar os “plafonds” de crédito oficialmente estipulados, para a concessão de empréstimos, situação esta em regra possível, dado que a Autarquia dá o seu contributo, ao disponibilizar terrenos a baixo custo.
Existe, neste momento, um conjunto de incentivos às CHE(s) em relação à construção deste tipo de fogos como forma de responder ao perfil de um numero significativo de famílias passíveis de enquadramento através desta modalidade.
Freguesia de Bensafrim - Celebrado protocolo com a Cooperativa Lacóbriga para o desenvolvimento de um programa habitacional que passa pela cedência de três lotes, nos quais serão construídos 28 fogos de tipologias diversificadas, para habitação a custos controlados.
Lagos - Decorre, neste momento, a construção de 224 fogos, que constituem a segunda fase do loteamento municipal promovido pela Cooperativa Chesgal.
28 fogos
Assinatura de Protocolo com a Cooperativa de Habitação Económica Lacóbriga.
C) Auto-Construção
D) Reabilitação
Esta modalidade, serve os interesses de uma franja da população que possuindo recursos médios consegue, por esta via, resolver o seu problema habitacional de uma forma personalizada e com custos acessíveis. A auto-construção tem a virtude de fixar uma população, em idade activa, em zonas estratégicas em termos de desenvolvimento, servindo nomeadamente a revitalização das freguesias rurais com índices de envelhecimento preocupantes. Esta modalidade tem sido seguida em povoações como Barão de São João, Bensafrim e Sargaçal.
Paralelamente ao fomento da construção de novos fogos para realojamento a Câmara assume a reabilitação como um papel fulcral na problemática habitacional. Os diplomas legais em vigor sobre esta matéria, nomeadamente o RECRIA e o SOLARH, continuarão a merecer a atenção da autarquia, no sentido de enquadrar as situações ou imóveis passíveis de comparticipação para reabilitação. É intenção da Câmara continuar atenta à conservação do património habitacional municipal, não só porque a tendência é para a sua degradação, mas também como forma de exemplo e incentivo aos particulares sobre a necessidade de preservar e não deixar degradar o património.
Barão de São João, Bensafrim e Sargaçal.