Procº de insolvência n.º 332/12.5 TBVLC – 1º Juízo
Insolventes: ANTÓNIO JORGE FERREIRA DA SILVA E HERANÇA ABERTA P/ ÓBITO DE ANTÓNIO JOSÉ DIAS FERREIRA
Tribunal Judicial de Vale de Cambra
R
R
E
E
L
L
A
A
T
T
Ó
Ó
R
R
I
I
O
O
O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155.º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas – CIRE.
A – Nota Introdutória:
Para a elaboração do presente relatório foram efectuados trabalhos de pesquisa informativa nos serviços públicos: finanças, segurança social e conservatórias, tendo sido efectuada deslocação à Rua da Vista Alegre, Lugar de Búzio, freguesia de Macieira de Cambra, concelho de Vale de Cambra, morada fixada ao primeiro insolvente e na qual este efectivamente reside.
Pela parte do insolvente ANTÓNIO JORGE FERREIRA DA SILVA, que nos acompanhou na diligência de apreensão de bens, foi prestada a colaboração solicitada e necessária à elaboração do presente Relatório, sendo certo que grande parte dessa informação já constava dos autos.
Sendo certo que, a herança é representada pelo cabeça de casal CARLOS JOSÉ DE ALMEIDA FERRREIRA, filho do falecido ANTÓNIO JOSÉ DIAS FERREIRA, então residente na Av.ª Vale do Caima – Edf. Dairas, n.º 192 – 6º Dt., freguesia e concelho de Vale de Cambra, morada fixada na douta sentença, e onde o cabeça de casal efectivamente reside.
Destaca-se que previamente à deslocação foram efectuadas pesquisas matriciais, prediais e automóveis, tendo sido apurada a inexistência de quaisquer imóveis ou veículos na propriedade dos insolventes, uma vez que todos os imóveis identificados nas informações existentes no processo, foram vendidos em processos executivos, tendo sido adjudicados a terceiros.
Deste modo,
O presente processo teve início com a apresentação de requerimento por parte do credor EHLIS, S.A., tendo sido proferida douta sentença de declaração de insolvência em 09 de Outubro de 2013, entretanto já transitada em julgado.
O objectivo do presente Relatório, segundo o disposto no artigo 155º do CIRE, é apenas o de servir de ponto de partida para uma apreciação do estado económico-financeiro dos insolventes. In casu, os dados obtidos permitem-nos cumprir o desiderato legal, sem restrições.
O insolvente ANTÓNIO JORGE FERREIRA DA SILVA é casado e não tem filhos menores.
Presentemente o insolvente encontra-se a residir na morada supra indicada e correspondente à fixada na douta sentença, que é pertença de familiares da esposa, não pagando qualquer contrapartida pela ocupação.
Conforme consta do auto respectivo, o insolvente não possui quaisquer bens móveis, pois os que existem na residência são pertença dos proprietários da habitação, pelo que não se procedeu à sua apreensão.
Actualmente o insolvente ANTÓNIO JORGE FERREIRA DA SILVA é reformado e recebe a título de pensão a quantia mensal de 343,29 €; por outro lado, a mulher do insolvente trabalha na empresa “Vicaima, Lda.”, auferindo o salário mensal de 485,00 €, dado incidir uma penhora sobre o seu vencimento.
Pelo que nos é dado a conhecer o insolvente não possui quaisquer activos, nomeadamente PPR´s, saldos bancários, participações sociais, nem veículos automóveis ou quaisquer outros activos.
Ponto um – Análise dos elementos incluídos no documento referido na alínea c) do nº 1, do artigo 24º do CIRE:
Os documentos conhecidos são os que se encontram nos autos, a que acrescem as declarações anuais de rendimentos dos anos de 2009, 2010 e 2011 que nos foram entregues pelo insolvente ANTÓNIO JORGE, bem como a demonstração de liquidação de IRS do ano de 2012 referente à herança aberta por óbito de ANTÓNIO JOSÉ DIAS FERREIRA, e ainda as reclamações de créditos recebidas e respectiva documentação de suporte.
Ora, de tais documentos, verifica-se o montante das obrigações vencidas e a situação de incumprimento generalizado com que se deparam, actualmente, os insolventes.
As obrigações conhecidas mais relevantes provêm da falta de pagamento de diversos créditos contraídos junto de instituições bancárias e parabancárias, bem como junto de fornecedores particulares, aquando do exercício da actividade comercial exercida pelo insolvente, tendo sido prestadas garantias pessoais de modo a assegurar o cumprimento das obrigações contratuais estabelecidas.
Existem ainda dívidas ao Estado, nomeadamente à Fazenda Nacional (64.570,44 €), referentes a IMI, IRS, IVA e Imposto de Selo, algumas delas por reversão, referentes ao exercício do cargo de gerente pelos insolventes na sociedade “FEMACO – FERRRAGENS E MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO, LDA. – EM LIQUIDAÇÃO”.
Por outro lado, até ao momento, desconhece-se a existência de quaisquer dívidas junto do INSTITUTO DE SEGURANÇA SOCIAL.
Por conseguinte,
Existem dívidas reclamadas e provisoriamente reconhecidas no montante total de
398.943,25 €, não tendo ainda terminado o prazo para apresentação de reclamações de
créditos.
Ora,
Analisado o auto de arrolamento de bens (negativo), é mister concluir que o passivo acima referido é manifestamente superior ao activo, pelo que a situação de insolvência é, em nossa opinião, irreversível.
No momento, e tal como nos foi informado e por nós constatado pelos contactos e pesquisas efectuadas, o insolvente ANTÓNIO JORGE FERREIRA DA SILVA é reformado e recebe a título de pensão a quantia mensal de 343,29 €; por outro lado, a mulher do insolvente trabalha na empresa “Vicaima, Lda.”, auferindo o salário mensal de 485,00 €, pelo facto do seu vencimento se encontrar penhorado.
Ponto dois – Análise do estado da contabilidade dos devedores e opinião sobre os documentos de prestação de contas dos insolventes:
Trata-se da insolvência de pessoa singular, que não estava obrigada a prestação de contas de acordo com o exigido para as sociedades comerciais, pelo que parte do disposto no presente artigo não é aplicável.
A presente insolvência foi requerida, contudo, foram juntos aos autos todos os documentos necessários e comprovativos da sua situação económica, nomeadamente as declarações de rendimentos de 2009 a 2011 do insolvente ANTÓNIO JORGE SILVA, bem como a demonstração de liquidação de IRS do ano de 2012, referente à herança aberta por óbito de ANTÓNIO JOSÉ DIAS FERREIRA.
Requeridos elementos complementares no Serviço de Finanças respectivo e na segurança social, foram recebidas as informações solicitadas, que confirmam os dados já existentes no processo.
Analisadas as declarações de rendimentos de 2009, 2010 e 2011, constata-se o seguinte:
• Em 2009 o insolvente não apresentou rendimentos;
• Em 2010 o rendimento bruto apresentado foi de 1.888,10 €; • Em 2011 o rendimento anual bruto foi de 4.806,06 €.
Nota: Os rendimentos assinalados correspondem unicamente aos obtidos pelo
insolvente, excluindo-se os auferidos pela sua esposa nos anos em análise. Por outro lado, analisada a demonstração de liquidação de IRS do ano de 2012, referente à herança aberta por óbito de ANTÓNIO JOSÉ DIAS FERREIRA, constata-se que no ano assinalado o rendimento bruto global foi de 6.014,36 €.
Atentos os rendimentos auferidos nos anos em análise, mister é concluir que os mesmos não se coadunam com os montantes actualmente em dívida, provenientes dos avais prestados e consequentes taxas de juros associadas ao tipo de contratos existentes.
Assim, todos estes factores permitem aferir a situação de insolvência que hoje atravessa, sendo mister concluir que o passivo indicado é inadequado à débil situação económica em que actualmente se encontra o insolvente.
Ponto três – Indicação das perspectivas de manutenção da empresa devedora, no todo ou em parte, e da conveniência de se aprovar um plano de insolvência:
De acordo com o acima exposto, não é de aplicar a primeira parte deste normativo, pois inexiste qualquer estabelecimento comercial ou industrial.
Por outro lado, não é de propor qualquer plano de insolvência, já que os insolventes não apresentam rendimentos actuais que permitam a elaboração de Plano e o nível de endividamento existente não se compadece com um qualquer Plano de Insolvência, pelo que, a proposta de Plano de Insolvência é desajustada à realidade e inviável.
A única solução que nos parece adequada será o encerramento do processo, nos termos e ao abrigo do disposto nos artigos 39º e 232º do CIRE.
B – Solução proposta:
Face ao exposto, propõe-se:
⇒ Não haver lugar à proposta ou apresentação de qualquer plano de insolvência;
⇒ O encerramento do presente processo, nos termos do disposto nos artigos 39º e 232.º do CIRE, sem prejuízo da apreciação do pedido de exoneração do passivo restante caso venha a ser apresentado pelo aqui insolvente, sobre o qual a signatária se pronunciará, nos termos do disposto no artigo 238º, n.º 2 do CIRE e sem prejuízo também da sentença de graduação de créditos, caso venha a ser deferido o requerimento de exoneração do passivo restante.
C – Anexos juntos:
Um – Inventário;
Dois – Lista provisória de créditos.
P.D.