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OLHOS BRASILEIROS EM SUEZ: LEITURAS DIPLOMÁTICAS DO APROFUNDAMENTO DE UM CONFLITO (JUL/1956-DEZ/1956) 1

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OLHOS BRASILEIROS EM SUEZ: LEITURAS DIPLOMÁTICAS DO

APROFUNDAMENTO DE UM CONFLITO (JUL/1956-DEZ/1956)1

Mateus José da Silva Santos2 Universidade Federal da Bahia mateus_santos29@hotmail.com Resumo: Amparados nos Relatórios Políticos e Militares, produzidos pela embaixada brasileira no Egito, este texto discute as percepções da diplomacia brasileira a respeito do aprofundamento da Crise de Suez a partir de Julho de 1956, com ênfase para as relações deste episódio com a chamada Guerra Fria. Argumentamos que, a partir de uma perspectiva de internacionalização do conflito, algumas das características mais gerais da Política Externa Brasileira (PEB) no período estiveram presentes em tais construções, com enfoque para uma tendência anticomunista nos olhares fornecidos ao Rio de Janeiro.

Palavras-Chave: Crise de Suez; Política Externa Brasileira; Relações Brasil – Egito. Entre 29 de Outubro e 7 de Novembro de 1956, uma coligação

anglo-franco-israelense empreendeu uma invasão militar ao território egípcio,3 episódio que ficou

conhecido como Guerra de Suez. Mais do que os Estados beligerantes, a crise envolveu outros atores políticos de natureza global, considerando o que Salgado Neto compreendeu como uma “sobreposição de Três Conflitos” (SALGADO NETO, 2012).

As relações do Brasil com este processo ficaram mais conhecidas academicamente a partir das investigações sobre o chamado Batalhão Suez, isto é, a participação do país na chamada Força de Emergência das Nações Unidas (FENU ou UNEF), durante aproximadamente dez anos. Tal engajamento, porém, não resume totalmente as interações do país com a crise de Suez. Considerando as informações como um processo relevante estrategicamente na formulação da política externa (DUROSELLE, 2000), a circulação de análises entre representantes diplomáticos brasileiros constitui uma fonte interessante para a compreensão de algumas das leituras

1 Este texto é produto das pesquisas desenvolvidas ao longo do Trabalho de Conclusão de Curso. Na

ocasião, o objetivo principal foi analisar as relações Brasil – Egito no ano de 1956, com enfoque para as percepções da diplomacia brasileira sobre o país africano.

2 Mestrando em História pela Universidade Federal da Bahia. Atualmente desenvolve investigações sobre

as Relações Brasil – Egito durante a Política Externa Independente (1961-1964), com apoio financeiro da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB).

3 Apesar da demarcação da Guerra entre outubro e novembro de 1956, cumpre destacara que as tropas

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políticas brasileiras sobre o episódio. Não tomando tais relatos de forma acrítica, nossa proposta reside em tomar tal documentação como uma série de representações sobre o

conflito,4 no sentido de fornecer ao Rio de Janeiro considerações possíveis sobre a

conjuntura local, num movimento que envolve seleção, mas também construção sobre um processo em desenvolvimento.

A partir dos Relatórios Políticos e Militares produzidos na embaixada brasileira no Cairo, buscaremos identificar quais as principais linhas interpretativas sobre o que consideramos como o aprofundamento da Crise de Suez com a nacionalização do Canal, até aos desdobramentos que levaram à Guerra. Tendo como principal recorte, as interações entre este episódio e a conjuntura global de Guerra Fria, nossa principal hipótese reside na vinculação entre as perspectivas apresentadas de internacionalização do conflito de Suez e algumas das características da Política Externa do Brasil neste

período, especialmente o anticomunismo.5

1. A crise de Suez e seu aprofundamento: extensão de fronteiras

A Guerra de Suez foi produto de uma trajetória complexa, envolvendo a interação entre diferentes cenários. Admitindo a leitura proposta por Salgado Neto (2012) enquanto uma sobreposição de três conflitos, mais do que a nacionalização do Canal em Julho de 1956, a crise reflete uma tendência de choque entre Egito, Israel, França e Grã-Bretanha em algumas vertentes, não estando dissociada também da conjuntura mundial.

Numa dimensão local, as clivagens entre árabes e israelenses foram um primeiro ponto para a compreensão de Suez. Os efeitos da Partilha da Palestina e da derrota árabe na Guerra contra Israel (1948-1949) trouxeram grande efervescência para a situação política regional. A assinatura dos armistícios não foi o suficiente para uma caminhada

4 Enquanto um dos objetivos de estudos da História Cultural, um estudo sobre as representações

consistem em investigar as “classificações, divisões e delimitações que organizam a apreensão do mundo social, como categorias fundamentais de percepção e de apreciação do real” (CHARTIER, 1990).

5 Um olhar sobre a internacionalização do conflito de Suez, no seu contexto de aprofundamento, é apenas

uma variável possível de estudo sobre as leituras políticas da diplomacia brasileira frente a este episódio. Duas outras vias residem na análise sobre os papéis de França e Inglaterra no conflito e mesmo um olhar a partir dos relatórios produzidos pela Legação Brasileira em Tel-Aviv. Apesar de também termos desenvolvido nossos olhares sobre essas duas perspectivas, as limitações espaciais e a proposta apresentada não dariam conta de envolver os resultados obtidos nas vertentes sugeridas anteriormente.

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rumo à paz. Muito pelo contrário: uma série de golpes e revoluções tomou conta do

Mundo Árabe.6 Somado a isso, as tensões entre israelenses e seus vizinhos nas

fronteiras e os impasses na política interna de Tel-Aviv sobre como proceder diante das questões de conflito com palestinos e demais árabes fizeram parte de um processo de desgaste político profundo.

Do ponto de vista regional, os efeitos da Revolução de 1952 no Egito,7

especialmente a partir do governo de Gammal Abdel Nasser, trouxeram implicações significativas para as relações daquele país com as potências europeias. Em relação aos franceses, a defesa do pan-arabismo e o apoio à soberania dos povos da região contrapunha a presença de Paris no Norte da África. No caso britânico, a administração do Canal e a influência de Londres no país durante o período monárquico foram apenas algumas das causas de maiores divergências.

Do ponto de vista da conjuntura global, as relações entre a Guerra Fria e o mundo árabe possuíram contornos, a princípio, bem delimitados. Após votar favoravelmente em apoio à Partilha da Palestina em 1947, juntamente com os EUA, a URSS se afastou da região, voltando apenas a concentrar esforços a partir de 1955. Para Washington, o país africano poderia representar uma importante aliança estratégica na contenção do comunismo na região, evidenciado nos esforços pelo estabelecimento de boas relações e a construção de organismos de segurança regional com a participação do Cairo (SHLAIM, 2004).

As aproximações do Egito Nasserista com o bloco socialista, expresso em ações como a compra de armamento soviético e o reconhecimento da China Popular foram alguns dos motivos para o recuo estadunidense em colaborar (FERABOLLI, 2013), de forma direta e a partir de organismos financeiros internacionais, na construção da Barragem de Assuã. Visando também procurar alternativas para a concretização desse empreendimento, Nasser nacionalizou a Companhia do Canal de Suez, semanas após o

6 Segundo Salgado Neto (2012), cerca de 35 rupturas, entre golpes e revoluções, marcaram a trajetória do

Mundo Árabe após a Guerra de 1948/1949.

7 Adota-se aqui a concepção de que a ruptura política no Egito em 1952 foi revolucionária, possuindo

uma natureza, de acordo com Peter Dermant (2004), antimonárquica e antibritânica, inaugurando uma nova fase na trajetória daquele país.

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término da evacuação das tropas inglesas da região, fator que gerou apreensão por parte dos EUA e das potências ocidentais.

Acordos secretos entre Tel-Aviv, Paris e Londres culminaram com uma ação militar das três partes contra o Egito. O conflito armado teve seu início em 29 de outubro a partir de uma invasão israelense ao território egípcio. Como parte dos referidos acordos, franceses e ingleses emitiram um ultimato aos Estados beligerantes. Em 31 de março, Paris e Londres interviram militarmente no Egito (SHLAIM, 2004). A guerra foi rechaçada tanto por Moscou, como também por Washington, num momento em que, segundo Hourani (2007), as “estruturas de poder” global ficaram nitidamente evidenciadas. De diferentes formas, as pressões de ambos os lados culminaram com um

rápido cessar fogo ainda no início de novembro,8 com efeitos devastadores para as

potências europeias especialmente.

2. Encontros entre Política Externa e Política Interna: Guerra Fria e Anticomunismo.

As conexões de Suez com a Guerra Fria, sugeridas a partir da documentação estudada podem ser pensadas no âmbito da Escola Francesa das Relações Internacionais, especialmente no tocante às interligações entre Política Externa e Política Interna. Autores como Duroselle (2000) defendem que não existe um ato de política exterior que não tenha relação com questões internas do Estado e da sociedade, apontando para a necessidade de estudarmos tanto questões sistêmicas como características conjunturais e estruturais do local.

Diante disso, ao pensarmos a terceira dimensão da Crise de Suez, a Guerra Fria, precisamos considerar também suas repercussões para a política brasileira. Para Éric Hobsbawm (1995) e Paulo Fagundes Vizentini (2003), os mais de 40 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial não podem ser tomados de forma homogênea. Na visão do britânico, a Guerra Fria teria sido fruto do receio mútuo entre URSS e Estados Unidos, países em situações políticas e econômicas, além de objetivos imediatos distintos.

8 Tony Judt (2011) estabeleceu uma divergência sobre a participação da URSS na Guerra de Suez, do

ponto de vista diplomático. Em sua concepção, as cartas de Bulganin aos três países invasores não teriam surtido efeito, especialmente diante das possíveis impossibilidades de Moscou em concretizar sua ameaça. Contudo, tal posição é exceção frente à literatura consultada.

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Porém, um tom “apocalíptico” foi desenvolvido essencialmente por Washington (HOBSBAWM, 1995).

De acordo com Aron, a Guerra Fria também pode ser caracterizada como uma

“combinação permanente de dissuasão, persuasão e subversão” (ARON, 1986).9 Ainda

em sua caracterização sobre o mundo no Pós-Guerra, o cenário internacional teria sido marcado pelo “duopólio termonuclear”, além da “extensão mundial do sistema diplomático” (ARON, 1986). Perry Anderson (2015) considera que a crença de uma ameaça soviética foi um dos principais motores da Política Externa Estadunidense no pós-guerra. Apesar de ser um dispositivo de segurança de natureza defensiva, a contenção foi um motor eminentemente ofensivo, convergindo para uma política que aliou auxílio econômico e militar aos Estados, financiamentos de partidos e sindicatos e até possibilidade de intervenção em Estados considerados estratégicos, caso houvesse um revés favorável aos socialistas.

Enquanto um ator político de relevo regional, a Guerra Fria influenciou a política externa e interna brasileira sob os mais diferentes aspectos. Durante o governo Dutra, as expectativas em torno de um relacionamento privilegiado com Washington resultaram numa política de significativo alinhamento, expresso na participação do país nos mecanismos de segurança e integração continental a partir da hegemonia estadunidense, mas também na postura multilateral.

No segundo mandato de Getúlio Vargas (1951-1954), a Política Externa ganhou um forte contorno de continuidade até o ano de 1964 (VIZENTINI, 2003). Em que pese as especificidades dos governos Juscelino Kubitschek (1956-1960), Jânio Quadros (1961) e João Goulart (1961-1964), a crença de que a política exterior se constituía como um instrumento indispensável para a conquista do desenvolvimento e a busca de algum grau de autonomia frente dos Estados Unidos foram alguns dos pontos mais marcantes na trajetória de um país em profundas transformações internas.

9 No interior dos modos de relacionamentos, compreende-se a dissuasão como uma espécie de recuo ou

mudança de determinada posição, diante dos riscos ou das desvantagens apresentadas num determinado contexto. A persuasão se apresenta enquanto outro tipo de relacionamento entre Estados ou indivíduos na busca pela conquista de seus objetivos. A subversão consiste num tipo de intervenção em um determinado Estado ou sociedade visando alterações institucionais. As três definições acima estão baseadas também no estudo de Raymond Aron (1986).

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Apesar disso, o período entre a morte de Getúlio Vargas e os dois primeiros anos do governo Kubitschek se caracterizou por um hiato nesta trajetória (VIZENTINI,

2003).10 Durante o governo Café Filho (1954-1955), a composição a partir da presença

de segmentos contrários ao varguismo trouxe alguns reflexos para a Política Externa. Um deles foi uma tendência de maior cooperação com os EUA, em casos como acordos em torno da política atômica (MONIZ BANDEIRA, 2011) e com as demais potências ocidentais. Essa tendência de maior alinhamento prevaleceu também, com algumas ressalvas, nos dois primeiros anos do governo Kubitschek, na expectativa de ter retorno político e econômico frente aos laços mais estreitos.

Olhando também para a política interna, o anticomunismo foi uma das características essenciais na trajetória brasileira durante décadas, bem como também neste período em específico. Sob as mais diferentes intensidades, mobilizados por grupos distintos socialmente e ideologicamente, a aversão ao comunismo foi um dos fatores mobilizados em ao menos duas rupturas políticas na República (1937 e 1964). Não sendo somente fruto de oportunismo político, o anticomunismo no Brasil foi marcado também como uma reação a um sentimento de perigo real (MOTTA, 2000), ainda que supervalorizada em muitos casos. Sua trajetória se caracterizou por um engajamento militante de indivíduos e organizações, tornando-se uma matéria importante no interior das agendas políticas do país.

Apesar das influências externas, o anticomunismo no país não pode ser compreendido enquanto uma mera reprodução do estrangeiro, mas como um conjunto de manifestações de natureza própria relacionada à formação social brasileira. Motta (2000) identifica três matrizes do anticomunismo no Brasil. Numa matriz católica, a luta contra o comunismo foi concebida, pelos setores mais tradicionais, como o enfrentamento ao mal. Já do ponto de vista liberal, apesar de possuir menos apelo do que o catolicismo, críticas à falta de liberdade se constituía em um dos elementos mobilizados contra o perigo vermelho. Para além do Liberalismo e do Catolicismo, o Nacionalismo foi, na visão de Motta (2000), uma terceira matriz do anticomunismo no

10 Para Clodoaldo Bueno (2008), o hiato na trajetória da Política Externa Brasileira neste mesmo período

esteve mais evidente no mandato de Café Filho, quando, na visão deste autor, ocorreu uma retomada de características do alinhamento empreendido pelo governo Dutra em relação aos EUA.

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país. Além de sua natureza internacionalista, o comunismo foi encarado também enquanto um movimento de agressão estrangeira ao país, o que sugeria uma luta em defesa da pátria.

Tais matrizes possuem uma historicidade ao longo do período analisado pelo mesmo autor. Uma prova disso reside no componente anticomunista no golpe de 1964. Enquanto um verdadeiro elemento de coesão dos setores anti-Goulart, os contrapontos ao comunismo estiveram expressos na construção de sua contradição à democracia, na concepção sobre a subversão e a defesa de valores e organizações tradicionais como a família e a propriedade privada.

Na formulação da política externa, as matrizes também estiveram presentes. Questões como o reatamento de relações com a URSS foram encaradas com bastante cautela (MOTTA, 2007). Apesar do estreitamento de relações comerciais em 1959 e o reestabelecimento de relações diplomáticas somente em 1961, ainda diante de muitas polêmicas, a trajetória de reaproximação entre Brasil e URSS possui maiores complexidades. Partindo da perspectiva de Caterina Gianfranco (2019), ao menos desde 1954, alguns empresários brasileiros defenderam a possibilidade de entendimentos comerciais. Além deste episódio, a mesma autora aponta outras evidências dessa aproximação, tais como a existência de missões parlamentares, as mudanças na política soviética para o Terceiro Mundo e a América Latina, os contatos diplomáticos entre as duas partes via outros países, dentre outros.

3. Suez aos olhos brasileiros no Cairo.

Entre Julho e Dezembro de 1956,11 a Embaixada Brasileira no Cairo, tendo à

frente o diplomata Carlos Maximiano Figueiredo,12 produziu cerca de seis relatórios de

natureza política e seis voltados para as questões militares. Tais documentos são

11 Uma das características temporais dos relatórios reside na cobertura do mês anterior em relação ao

período de produção. Portanto, apesar da nacionalização do Canal ter ocorrido no final de Julho de 1956, o Relatório enviado neste mês faz referências à política egípcia em junho. A escolha por considerar o referido documento como parte das análises sobre o aprofundamento da crise residiu na necessidade de identificarmos quais temas foram vinculados antes da nacionalização por parte da diplomacia brasileira no país africano.

12 Embaixador brasileiro no Egito entre 1954 e 1959. Sua carreira diplomática foi bastante vasta,

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caracterizados pela tendência de curtas leituras sobre os processos políticos egípcios ou mesmo regionais, tratando-se de uma espécie de balanço mensal sobre o que, na visão do autor, constituiria nos principais acontecimentos daquele país.

Como uma agenda que extrapolava as fronteiras daquele país e da sua própria região, o aprofundamento da Crise de Suez foi um dos principais temas analisados por parte da diplomacia brasileira naquele país. Ao considerar, em conjunto, as abordagens desenvolvidas ao longo dos 12 relatórios consultados, as relações de Suez com o contexto de Guerra Fria se tornam uma variável relevante para a compreensão do conflito. Identificando as principais referências ao contexto político mundial, podemos

reunir os seguintes dados: 52 citações à URSS e 30 citações aos Estados Unidos. 13

As dimensões globais desse episódio se caracterizaram pelo maior enfoque sobre a postura soviética frente à questão. Quatro grandes pontos marcaram a visão da embaixada em relação aos relacionamentos de Moscou com a questão de Suez: 1 – Contradições entre a soberania egípcia após 1952 e a influência do Kremlin naquele país; 2 – A suposta interferência política de Moscou no aprofundamento da crise; 3 – As impossibilidades de um país muçulmano caminhar para a construção de um Estado socialista; 4 – A consciência muçulmana capaz de redirecionar a inserção internacional egípcia.

Suez e as Relações entre Egito e União Soviética: da liberdade à “sovietização”? Abordando questões que também ultrapassavam a política interna egípcia, a inserção internacional deste país, suas relações com os Estados Árabes e também com países do ainda nascente movimento terceiro-mundista foram alguns dos elementos tratados por parte dos Relatórios. Em especial, a condição egípcia frente aos demais estados regionais possuía uma perspectiva de um debate internacionalizado, na medida

13 O critério para o registro de citações se baseou em referências diretas e indiretas. Sobre as últimas,

destacaram-se termos que comumente se relacionam aos países em questão, seja do ponto de vista de sua atuação externa, seja enquanto caracterizações presentes em construções contemporâneas ao processo destacado, mesmo que de forma pejorativa. No caso soviético, elencamos como referências àquele país termos como “Comunismo”, “Credo Vermelho” e nomes de lideranças políticas. No caso estadunidense, além de nomes destacados de sua política, contabilizamos também referências à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Por conta das limitações no número de páginas, resolvemos não abordar as considerações feitas sobre a Organização das Nações Unidas e sua possível participação na resolução da Crise de Suez, no contexto posterior à nacionalização.

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em que a capacidade de influência deste país nos rumos do Mundo Árabe poderia sugerir complexos contornos quanto aos rumos do Oriente Médio frente a uma Guerra Fria em processo de expansão de suas fronteiras (VIZENTINI, 2000).

As aproximações entre o Egito e o bloco socialista, evidenciadas na compra de armas junto à Tchecoslováquia em 1955 sugeriam uma atenção maior frente ao papel

daquele país em relação aos demais Estados do Oriente Médio.14 Tal hipótese pode ser

avaliada a partir das considerações feitas sobre o reconhecimento da China Comunista por parte do governo Sírio. Considerado como um ato que somente foi concretizado a partir da visita do Ministro soviético ao governo de Damasco, o processo de aproximação com o governo de Pequim foi lido como fruto também de um engajamento regional:

Se bem que, como levei oportunamente ao conhecimento do Itamaraty, esse

ato fosse esperado, devido em grande parte ao trabalho desenvolvido, em tal sentido, pelo Egito e pela Liga dos Estados Árabes, o fato é que a

aludida providência só foi tomada depois da visita feita a Damasco pelo Senhor Dimitri Shepilov, Ministro dos Negócios Estrangeiros da U.R.S.S., especialmente convidado e em seguida ao seu comparecimento, em meados de junho último, às festividades nacionais egípcias, pela evacuação das tropas britânicas que ocupavam o Canal de Suez (BRASIL/ 244).15

Num esforço conjunto entre URSS e Egito, o reconhecimento sírio ao governo de Pequim teria sido encaminhado. Chamou atenção também a citação feita ao trabalho da Liga dos Estados Árabes. A influência egípcia sobre essa organização reitera a

posição de relevância do país frente às relações internacionais de sua região. 16 Longe de

ser um quadro de passividade dos demais autores, incompatível com as rivalidades regionais, uma inclinação do Cairo como um Estado aliado dos socialistas poderia gerar grandes contornos políticos para o Oriente Médio, alimentando ainda mais as

14 O acordo entre Egito e Tchecoslováquia envolveu o fornecimento de materiais militares, como Aviões

e Tanques, em troca de produtos primários como algodão e arroz (HRBEK, 2010).

15 Grifo Nosso.

16 Enquanto um território fundamental para a organização da luta aliada no contexto da Segunda Guerra, o

Egito foi, na concepção de Hourani (2007), protagonista na construção de um processo de integração entre os povos árabes, aspecto que não era contraditório frente as expectativas britânicas na região. Construída ao longo de duas conferências (Alexandria – 1944 e Cairo – 1945), a Liga dos Estados Árabes reuniu inicialmente sete estados (Egito, Síria, Líbano, Transjordânia, Arábia Saudita, Iraque e Iêmen), defendendo, dentre outras coisas, a soberania e a não-intervenção. A presença egípcia na organização, para além da sede ser situada no Cairo, foi evidenciada pela sequência dos secretários gerais da organização (cargo monopolizado por egípcios até 1980) e pelo financiamento (40% até o final dos anos 50) (FERABOLLI, 2013).

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preocupações frente ao novo posicionamento da Síria frente ao regime da China Continental.

A partir das leituras políticas da embaixada, esse engajamento egípcio em prol de uma ação diplomática favorável aos socialistas possuía contornos mais profundos, especialmente quando situada num quadro mais amplo relativo às percepções sobre a política interna do país africano e o estabelecimento de uma contradição histórica. Em novembro de 1956, ao buscar analisar os acontecimentos políticos daquele país no mês anterior, Figueiredo buscou traçar um verdadeiro balanço geral sobre a trajetória egípcia ao longo de séculos, enxergando uma tendência de ruptura com uma condição histórica e a possibilidade de um quadro de mudanças mais profundo:

Conforme registra a história, a grande maioria do povo egípcio, há muitas centenas de anos, tem sofrido enormemente, tratado onde foi como escravo, mesmo pelos seus compatriotas, desde os tempos dos Faraós, assim como por algumas potências estrangeiras [...] Em agôsto de 1952, imediatamente após a Revolução, que implantou a República e expulsou automaticamente, o Rei Farouk e seu regime, as condições gerais do país começaram a melhorar, paulatinamente, quando assumiu o Gôverno o General Mohamed Naguib, que, a 14 de novembro de 1954, passou a chefia ao Tenente-Coronel Gamal Abdel Nasser [...] O presidente Nasser, ao tomar conta do Governo, esforçou-se, imediatamente, no sentido de elevar o nível de vida de seus concidadãos, sobretudo os pertencentes às classes menos favorecidas e que representam cerca de 80% da população do país (BRASIL/399)

Para compreender a própria inserção internacional egípcia e mesmo a trajetória do país frente aos novos fatos da Crise de Suez, um olhar conjuntural sobre o país africano levaria a crer, na visão do embaixador, estar-se diante de um marco histórico relativamente recente. Ao considerar que a Revolução de 1952 empreendeu uma espécie de ruptura com uma tradição política de dominação estrangeira, o regime militar egípcio representaria uma fase de maior soberania política do país, aliado aos esforços de transformação interna.

Essa perspectiva adotada pelo diplomata brasileiro dialoga, em alguma medida, com os olhares do próprio Gammal Abdel Nasser sobre o que a derrubada do Rei Farouk I representou para a trajetória daquela sociedade. Para o presidente egípcio, os militares foram a única força capaz de romper com o status quo vigente no país, superando antigos esforços de mudança política no país, como a Revolução Urabista e o movimento de Saad Zaglhoul (MACHADO, 1963). Num processo que, em sua opinião,

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convergia alteração simultânea nas estruturas políticas e sociais, a experiência de transformação egípcia seria marcada pela valorização da sua trajetória enquanto povo, porém sem deixar de sofrer adversidades. Se internacionalmente a Revolução pouco foi compreendida pelos seus contemporâneos (HRBEK, 2010), quatro anos após, numa retrospectiva histórica da embaixada, esta seria o início do reencontro dos egípcios com uma condição política mais distinta.

Proclamando um socialismo árabe, a proposta nasserista estaria numa condição intermediária entre o socialismo marxista e o capitalismo, defendendo a ideia de uma sociedade sem conflitos de classe a partir de um governo de União Nacional. Ao valorizar a dimensão da experiência enquanto base para o processo de transformação social e política, Nasser colocava suas ressalvas frente ao que considerava enquanto “teorias pré-concebidas” ou importação de experiências de outros povos diante dos desafios egípcios. Demarcava-se, portanto, a singularidade do conceito de “socialismo árabe” e sua desvinculação parcial das tradições socialistas europeias.

Este mesmo Relatório Político nº10 (BRASIL/399) foi bastante sintomático ao ultrapassar a narrativa de uma História Geral do Egito e alcançar linhas explicativas para a compreensão do aprofundamento da Crise de Suez. Apesar de evidenciar essa característica quase que emancipadora do movimento empreendido pelos Oficiais Livres, as contradições na leitura da Embaixada começam a aparecer quando, nesta mesma narrativa, destaca-se a influência soviética neste país. A participação do Egito em Bandung (1955) foi compreendida como uma etapa deste processo de aproximação com o bloco socialista, ao entender aquela Conferência enquanto um espaço permeado por “representantes e propagandistas da ideologia e do regime comunista” como um

passo importante neste processo de aproximação com o mundo socialista.17

17 O relatório nº6, referente ao mês de junho de 1956, expõe uma contradição entre o que significou a

Conferência de Bandung para o Egito e o aprofundamento de suas relações com os países que posteriormente seriam chamados de Terceiro-Mundistas. Se em novembro a concepção predominante foi a tendência socialista da maioria dos países envolvidos na referida conferência, bem como parte do processo de aproximação do Egito com a URSS, o texto anterior ao processo de nacionalização do Canal propõe uma linha diferente. Noticiando a viagem de Nasser à Iugoslávia, num encontro programado com Tito e Nehru, Figueiredo propõe uma expectativa internacional para tal encontro, especialmente diante da promessa de criação de uma “terceira-força”, com compromisso de estabelecer um novo tipo de relacionamento entre os dois blocos. De forma cautelosa, apontando para a necessidade de

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O peso político particularizado em Nasser neste processo foi significativo. Sugerindo a jovialidade do líder egípcio em relação aos demais chefes de Estado do globo, os rumos da política do país africano são traduzidos em esforços voltados em direção ao coronel. A categoria “empolgação” é usada para definir as maneiras pelas quais o egípcio teria sido afetado pelo encontro na Indonésia, permanecendo em contato com os socialistas. Ainda no âmbito das relações entre indivíduo, governo e Estado, a pessoalidade continua a imperar em tal análise ao propor que o convencimento soviético ao egípcio foi uma causa para sua busca pelo fortalecimento militar nacional.

Destacado em um relatório militar de julho de 1956 enquanto parte da

transformação militar egípcia e alvo de expectativa da população,18 tal armamento foi

considerado por Figueiredo como determinante para as aspirações nasseristas em expandir seu “prestígio político” por todo o Mundo Árabe-Muçulmano, culminando numa postura de enfrentamento discursivo ao Ocidente.

Na crença de que um dos objetivos políticos soviéticos era afastar os egípcios do Ocidente, Figueiredo acrescenta uma variável relevante para a compreensão da deterioração nas relações entre o Cairo e os demais Estados interessados na questão de Suez. Na concepção da Embaixada, além do engajamento comunista, o aprofundamento da Crise também foi relacionado ou até facilitado pelas posturas das potências ocidentais. Em mais de uma oportunidade, as divergências nas negociações diplomáticas eram entendidas como fruto de um cenário bastante complexo, sob o qual haveria uma dificuldade em obtenção de acordos, especialmente diante de posições consideradas irredutíveis (BRASIL/266).

Nestas caracterizações que sugeriam um quadro bastante favorável para a aproximação entre egípcios e soviéticos, reforçado ainda pela visão da existência de

acompanhamento deste processo, o desenvolvimento de um projeto considerado “sincero” poderia trazer resultados positivos para as pretensões de uma paz mundial.

18 Destacando os desfiles militares em comemoração à saída dos soldados britânicos da Zona do Canal de

Suez, Figueiredo sugere uma mudança radical a partir do governo de Nasser na situação do exército. Em sua concepção, o “grande esforço” do líder egípcio modernizou as forças armadas do país, num processo que havia sido caracterizado também pela substituição de “dromedários” por tanques. A substituição do animal pela máquina reaparece nessa mesma análise, contribuindo para uma construção estereotipada, relacionando-os ao atraso e à inércia, aspectos que faziam parte do chamado orientalismo e suas construções imagéticas e discursivas sobre os povos árabes, conforme pontua Said (1990)

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“infiltração comunista” nas estruturas de governo, o próprio Figueiredo estabeleceu um contraponto ou uma limitação estrutural para a influência socialista no país:

enquanto os comunistas procuravam explorar o amor próprio dos egípcios e, consequentemente, conseguiram infiltrar-se nas suas esferas político-administrativas, mas – devo ressalvar – não até o fundo da consciência e do coração das mesmas, porquanto a religião muçulmana, que prevalece em todas as classes sociais do Egito, é fundamentalmente contrária ao estilo de viver e de agir dos crentes do Credo Vermelho [...] (BRASIL/399).

Enquanto uma sociedade predominantemente islâmica, a religião se situaria num polo oposto ao socialismo, limitando supostamente o avanço do país rumo à via soviética. A mesma concepção foi reforçada no mesmo texto por Figueiredo. Em sua visão, ao assumir sua consciência enquanto muçulmano, Nasser poderia empreender mudanças na política externa do país, especialmente num contexto político de repercussão das ações soviéticas na Hungria e ao que o embaixador considerou

enquanto uma “disposição estadunidense” para com a questão egípcia (BRASIL/399).19

Para além de relações formais constituídas a partir do ano de 1943 (CHIELE; DALCIN, 2017), as relações entre soviéticos e egípcios se inserem num quadro mais complexo. As estratégias de fortalecimento dos partidos comunistas locais não deram resultado. As mudanças na orientação da política externa soviética nos anos 50, especialmente após a morte de Stalin, influenciaram numa maior interação com atores não comunistas na região (GIANFRANCO, 2019), mas capazes de exercer algum tipo de contradição ou divergência com o imperialismo e o colonialismo.

No caso das relações com os egípcios, Silvia Ferabolli (2013) aponta que a negativa do governo militar em participar do Pacto de Bagdá foi entendida por Moscou como um aceno positivo para a aproximação entre os dois países. Conforme já abordado, movimentação rendeu tanto um mercado exportador para o Egito, como também a possibilidade de importação de armamentos e o estabelecimento de

19 Não é objetivo desse texto discorrer sobre os acontecimentos na Hungria em 1956, mas, em nível de

contextualização, as referências feitas por Figueiredo diziam respeito as relações de Moscou com o governo reformista de Imre Nagy. Os acenos para a saída dos húngaros do Pacto da Varsóvia e a possível decretação de neutralidade levaram a uma intervenção soviética naquele país (HOBSBAWM, 1995). Tal processo foi bastante explorado, não somente pelo embaixador brasileiro no Egito, mas também por Cyro de Freitas Valle, em seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas.

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cooperações nas mais diferentes áreas.20 Apesar dessa tendência de estreitamento de laços, Raymond Aron (1979) sugere a inexistência de uma relação formal entre as duas partes, pois, do ponto de vista ideológico, o governo egípcio se caracterizava por forte tendência anticomunista.

Mesmo diante do peso atribuído as relações com o Egito,21 a reafirmação do

Não-Alinhamento e a própria divergência com os grupos comunistas locais eram aspectos limitadores as perspectivas de “sovietização” do país africano. Diante da tendência de tensão entre o islã e o socialismo (FERABOLLI, 2013), a apontada penetração comunista e a influência soviética na política egípcia encontraria uma barreira na própria constituição sociocultural do país. Apesar das tensas relações entre Nasser e os grupos islâmicos organizados e a opção pela construção de um Estado secular, Figueiredo considerou a religião enquanto uma variável determinante tanto para uma postura coletiva, como também nos rumos do próprio Nasser (BRASIL/434).

Com fortes tons anticomunistas, o desenho do aprofundamento da Crise de Suez por parte da embaixada brasileira no Egito supervalorizou a presença soviética naquele país, considerando-a como um dos pontos de grande importância para os impasses entre egípcios e o chamado bloco ocidental. Entre infiltrações, convencimentos e suporte material, o “perigo vermelho” foi mobilizado enquanto um “corpo estranho”, um contraponto à liberdade e a soberania egípcia, elementos presentes no imaginário anticomunista brasileiro em diferentes épocas.

Considerações finais

O aprofundamento da Crise de Suez foi um tema relevante para a embaixada brasileira no Egito, por meio de percepções subordinadas ao conflito Leste – Oeste e do anticomunismo. Os desdobramentos das tensões entre egípcios e o Ocidente foram considerados também obras dos interesses de Moscou, ainda que não se menosprezasse as posturas britânicas e francesas neste processo. Infiltração comunista, fornecimento de

20 Um dos exemplos concretos da cooperação soviética com o Egito reside no apoio ofertado à

construção da Barragem de Assuã (HOURANI, 2007), projeto de suma importância para a expansão das áreas cultiváveis no país, além de estar relacionado com a pesca e a produção de energia elétrica.

21 Segundo Hourani (2007), do ponto de vista econômico, o bloco socialista chegou a representar para o

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armas e assistência técnica, mas também convencimentos pessoais foram alguns dos elementos presentes nas percepções sobre Suez e sua natureza internacionalizada, estabelecendo uma contradição entre os rumos do país após 1952 e as perspectivas de um retorno ao passado de submissão.

Nos encontros entre uma perspectiva anticomunista de viés nacionalista e outra de viés liberal, um terceiro elemento também de aversão ao comunismo se manifesta nessa narrativa, estabelecendo uma nova contradição na perspectiva da embaixada. O que parecia ser o caminho do Egito rumo à perda de sua condição de Estado soberano diante do avanço socialista, possuía um entrave estrutural frente ao peso do islã naquela sociedade. Mais do que impedir a suposta “sovietização” do Egito, a religião poderia ser motor de uma nova inserção internacional do país, com perspectivas de maior aproximação do Ocidente.

Do Cairo ao Rio de Janeiro, os olhares brasileiros em Suez nos apresentaram uma via possível de percepção deste processo histórico, numa construção a partir de autores mais próximos a um dos principais protagonistas desta Crise. Investigar tais leituras políticas, quando estudadas, nos permitem enriquecer mais a compreensão sobre as visões de mundo de parte da diplomacia brasileira, bem como pensar as possibilidades políticas colocadas no interior da formulação da Política Externa Brasileira.

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