orgânicos. Horticultura Brasileira 29: S1763-S1769.
Crescimento de mudas de melão sob fontes de adubos orgânicos
Daniel Lima Pereira2; Rosa Honorato de Oliveira1; Enio Gomes Flor Souza2;Aurélio Paes Barros Júnior1; Bruno Novaes Menezes Martins2; André Pereira Freire Ferraz2; Falkner Michael de Sousa Santana2
1Docentes da UAST/UFRPE, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada.
Fazenda Saco, s/n, Serra Talhada, PE, Caixa Postal 063, CEP 56900-000; honorato@uast.ufrpe.br. 2Discentes do Curso de Agronomia da Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE); Email: daniellima.ibimirim@hotmail.com.
RESUMO
Este trabalho visou avaliar o crescimento de mudas de melão, cv. Amarela, em diferentes fontes orgânicas no substrato. O experimento foi desenvolvido em telado na Unidade Acadêmica de Serra Talhada da Universidade Federal Rural de Pernambuco - (UAST/ UFRPE), no período de fevereiro a março de 2011. O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado com quatro tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram: T1 - substrato comercial; T2 - esterco bovino + areia; T3 - esterco caprino + areia e T4 - esterco caprino + esterco bovino + areia. A proporção de esterco/areia para cada fonte foi de 1:1. Foram analisadas as seguintes variáveis: número de folhas, altura de plântulas, comprimento de raiz e diâmetro de caule, 15 dias após a semeadura. A maior altura de plântulas e maior número de folhas foram obtidos no esterco caprino, enquanto que esterco bovino reduziu o desempenho deste parâmetro em 50%. As fontes orgânicas de esterco caprino e bovino promoveram resultados semelhantes aqueles obtidos pelo substrato comercial. O maior comprimento de raiz foi obtido no substrato comercial,
porém não foi influenciado pelas fontes orgânicas.
PALAVRAS-CHAVE: Cucumis melo L., crescimento de plântulas, esterco bovino, esterco caprino.
ABSTRACT
Growth the melon seedlings of under sources organic fertilizers.
This study evaluated the growth melon seedlings cv. Amarelo under different sources organic manure in substrate. The experiment was conducted in a greenhouse at the Unidade Acadêmica de Serra Talhada, Universidade Federal Rural de Pernambuco - (UAST / UFRPE), the period of february and march 2011.The estatistical design was completely randomized with four treatments and four replications. The treatments were: T1-Substrate Tropstrato HT, T2- cattle manure + sand; T3-caprine manure + sand; T4- cattle manure + sand + caprine manure. The ratios of manure/sand for each source was 1:1. We analyzed the following variables: leaf number, seedlings length, root length and stem diameter, 15 days after sowed. The height plant length and leaf number was with caprine manure, while the cattle manure decreased performance in 50%
orgânicos. Horticultura Brasileira 29: S1763-S1769. both plant height and leaf number. The organics sources caprine manure + cattle manure was similar the commercial substrate in production of seedlings of melon. The root length was higher with the commercial
substrate, but was not affected by organic sources.
Keywords: Cucumis melo L., growth of seedlings, cattle manure, caprine manure.
INTRODUÇÃO
O Brasil é, atualmente, um dos maiores produtores de melão da América do Sul, com 17% da produção total. A produção nacional aumentou substancialmente nos últimos anos, sendo uma das espécies olerícolas de maior expressão econômica e social (IBGE, 2007); onde a região Nordeste detém mais de 90% da produção desta curcubitácea.
O sucesso de uma cultura depende em grande parte da utilização de mudas de alta qualidade, (Mina mi, 1995) e um dos principais fatores envolvidos na sua formação é o substrato (Bezerra & Bezerra, 2001). Segundo Gomes & Silva (2004) a escolha do substrato deve ser feita levando em consideração as características físicas e químicas exigidas pela espécie a ser plantada e aspectos econômicos, pois, além de propiciar adequado crescimento à planta, o material utilizado na composição do substrato deve ser abundante na região e ter baixo custo.
O uso de estercos na produção de mudas de hortaliças em áreas semiáridas tem sido uma boa alternativa considerando a grande disponibilidade na região e ao seu alto valor nutricional (Melo
et al., 2009), contribuindo, dentre outras fatores para aumentar a disponibilidade de água e
nutrientes para as plantas (Menezes et al., 2000) e por sua vez aumentar a sua produção, produtividade e a quantidade de frutos.
A utilização de esterco bovino tem sido a alternativa mais utilizada na produção de hortaliças especialmente no Nordeste pela sua grande disponibilidade. Na região Nordeste, em especial no semiárido, não é comum a aplicação de esterco caprino como fonte de nutriente para a cultura do melão (Melo et al., 2009), embora seja considerada uma fonte muito mais rica em nutrientes quando comparada com a fonte bovina. Segundo Alves & Pinheiro (2002) os estercos caprinos e ovinos apresentam concentrações de NPK superiores ao esterco de bovinos. Esta idéia é também compartilhada por Cavalcante et al. (2010) que comparando estes dois materiais orgânicos em substrato para produção de mudas de quiabeiro observaram maiores teores de potássio no esterco de caprino em relação ao esterco de bovino nas folhas das plantas.
Diante da grande disponibilidade dos estercos na região Nordeste semiárida e pelo seu alto valor nutricional este trabalho tem como objetivo avaliar o crescimento de mudas de melão, cv. Amarela, em diferentes fontes orgânicas no substrato.
orgânicos. Horticultura Brasileira 29: S1763-S1769. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em área de telado com 50% de sombreamento, na Unidade Acadêmica de Serra Talhada da Universidade Federal Rural de Pernambuco - (UAST/ UFRPE), nos meses de Fevereiro a Março de 2011. O município de Serra Talhada situa-se na mesorregião do Sertão pernambucano, microrregião do Pajeú a 429 m de altitude, a 07º59’31”, de latitude sul e 38º17’54” de longitude oeste. O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é BSwh' isto é, do tipo tropical semiárido quente. Como típica região semi-árida apresenta irregularidades climáticas constituindo de duas estações bem definidas (seca e chuvosa). Anualmente apresenta temperatura média de 27ºC, umidade relativa por volta de 40% e precipitação em torno de 400 a 800 milímetros anuais.
Os tratamentos foram instalados em delineamento estatístico inteiramente casualizado com quatro repetições. Os tratamentos foram: T1- Substrato Tropstrato HT®; T2- esterco bovino + areia; T3- esterco caprino + areia e T4-esterco caprino + esterco bovino + areia. A proporção de esterco/areia para cada fonte foi de 1:1. Cada repetição foi representada por 32 células da bandeja, de uma bandeja de 128 células, sendo considerada para efeito de avaliação apenas as 12 células centrais. A cultivar de melão utilizada foi cv. amarela, cujo seus frutos são de formato elíptico, coloração da casca amarela enrugada, polpa da cor creme, com peso médio de 1,4 a 1,6 kg e colheita entre 80 a 90 dias (FELTRIN SEMENTES, 2011).
O substrato comercial utilizado foi o Tropstrato HT® composto por casca de pinus, turfa e vermiculita expandida com umidade de 60% p/p, CRA (capacidade de retenção de água) de 130% p/p; densidade de 490 kg/m3; pH em água na proporção água: substrato de 1,5:1 e de 5:1 de 5,8 e 5,8 respectivamente; CE (condutividade elétrica) na proporção água:substrato de 1,5:1 de 2,0 mS/cm e de 5:1 de 0,5 mS/cm (VIDA VERDE LTDA, 2011).
A semeadura do melão foi realizada no dia 05 de fevereiro de 2011, em bandejas de poliestireno de 128 células, preenchidas com os substratos, correspondentes aos tratamentos sendo irrigadas diariamente. As plântulas foram avaliadas no dia 28 de fevereiro de 2011, onde foram analisadas as características de: número de folhas, altura de plântulas, diâmetro de caule e comprimento de raiz. A altura de plântulas, diâmetro de caule e comprimento de raiz foram realizadas usando-se régua milimetrada e paquímetro digital. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Houve diferença significativa dos tratamentos para o número de folhas, altura de plântulas, comprimento de raiz (p<0,01) e diâmetro de caule (p<0,05) de plântulas de melão (Tabela 1). Comparando as médias dos tratamentos para estas variáveis (Tabela 2) observa-se que o maior
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número de folhas (1,71), a maior altura de plântulas (10,41 cm) e o maior diâmetro de caule (0, 236 cm) foram obtidos no substrato a base de esterco caprino, já o substrato contendo esterco bovino reduziu os valores destes parâmetros em aproximadamente 50%. Dada a superioridade do esterco caprino esta fonte mostra-se viável para a mudas de melão. Tradicionalmente o esterco bovino é utilizado para compor os substratos na produção de mudas de olerícolas ou de outras espécies cultivadas, porém de acordo com Alves & Pinheiro (2008) o esterco caprino apresenta concentrações de nitrogênio, fósforo e potássio superiores ao esterco bovino. Melhores respostas na produção de mudas de melancia com esterco caprino em comparação ao esterco bovino também foram obtidas por Araújo Neto et al., (2002). Cavalcante et al., (2010) também atestam a melhor qualidade do esterco caprino em relação ao bovino na concentração de nutrientes em folhas de mudas de quiabeiro. Redução no crescimento de mudas de meloeiro pela aplicação de esterco bovino quando comparado ao caprino também foi encontrada por Bezerra & Bezerra (2001). Observa-se ainda na tabela 2 que a associação do esterco caprino com o bovino promoveu resposta semelhante aquela obtida para substrato comercial. Essa resposta sinaliza para a possibilidade de utilização dessas duas fontes de matéria orgânica (esterco caprino e bovino) em substituição deste substrato comercial. Essa possibilidade reveste-se de importância quando se consideram que na escolha do substrato hortícola deve ser levado em conta o custo de aquisição e a disponibilidade do substrato, ou seja, deve ser economicamente viável e estar disponível em quantidade, em qualquer época do ano (Matarredona Neto et al., 2008). Embora o substrato comercial apresente-se, muitas vezes, como o mais adequado na produção de mudas de hortícolas este poderá ser preterido a fontes orgânicas por estas se encontrarem em abundância nas propriedades rurais, representando uma economia na aquisição dos insumos pelos produtores. Além do mais são fontes altamente ricas em nutrientes importantes para o desenvolvimento das mudas e por meio da mistura das diferentes fontes disponíveis na propriedade poderá se chegar a um substrato com as qualidades físicas, químicas e biológicas desejáveis. Aliás, a mistura de materiais para obter substratos com características adequadas é recomendado por Rios et al. (2010).
Ainda na tabela 2, o substrato comercial foi mais efetivo que os estercos em promover o crescimento das raízes. O comprimento de raiz é um aspecto importante na produção de mudas, podendo favorecer uma melhor absorção de água e de nutrientes pela planta. A resposta se deve possivelmente mais a características físicas do que químicas do substrato comercial, favorecendo o crescimento das raízes. De acordo com Filgueira (2000) os substratos comerciais possuem grande de capacidade de retenção de umidade, absorvendo até cinco vezes o próprio volume em água.
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Assim a umidade adequada no substrato comercial favoreceu o ambiente das raízes estimulando seu crescimento.
De maneira geral as fontes orgânicas de esterco caprino e bovino promoveram resultados semelhantes aqueles obtidos pelo substrato comercial. O maior comprimento de raiz foi obtido no substrato comercial, porém não foi influenciado pelas fontes orgânicas.
REFERÊNCIAS
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CAVALCANTE LF; DINIZ AA; SANTOS LCF; REBEQUI AM; NUNES JC; BREHM MAS. 2010. Teores foliares de macronutrientes em quiabeiro cultivado sob diferentes fontes e níveis de matéria orgânica, Semina: Ciências Agrárias 31: 19-28.
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GOMES JM; SILVA AR. 2004. Os substratos e sua influência na qualidade de mudas. In: BARBOSA JG; MARTINEZ HEP; PEDROSA MW; SEDIYAMA MAN. Nutrição e adubação
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IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2007, 10 de janeiro. Lavouras temporárias. Disponível em http://www.ibge.gov.br.
MATTARREDONA NETTO R; SILVA JB; SCHWENGBER JE; SCHIEDECK G. 2008. Produção de mudas de alface em diferentes substratos orgânicos. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 17 e 5 ENCONTRO DE PÓS GRADUAÇÃO. Anais... Pelotas: UFPel. CD-ROM.
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MINAMI K. 1995. Produção de mudas de alta qualidade em horticultura. São Paulo: T.A Queiroz. 128 p.
RIOS ES; SANTOS NT; SANTOS LS; SILVA MJR; PEREIRA MC; ARAGÃO CA. 2010. Avaliação de substratos para produção de mudas de melão. Horticultura Brasileira 28: 1499-1504.
VIDA VERDE LTDA. 2011. 02 de maio. Substrato Tropstrato HT Hortaliças. Disponível em http://www.vidaverde.agr.br/produtos.
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Tabela 1. Resumo da análise variância do número de folhas (NF), altura de plântulas (AP), diâmetro de caule (DC) e comprimento raiz (CR) de 2
plântulas de melão Amarelo em função de fontes orgânicas de adubos no substrato. (Summary of variance analysis of the number leaves (NL), seedling 3
height (PH), stem diameter (AD) and root length (CR), melon cv. Amarelo seedlings under organic sources of fertilizer in the substrate). Serra Talhada-4 PE, UFRPE/UAST, 2011. 5 Fontes de Variação GL NF AP (cm) DC (cm) CR (cm) Tratamento 3 0,59272 ** 16,28122 ** 0,25513* 8,71201** Resíduo 12 0,03749 1,44881 0,05764 0,36516 CV (%) - 16,02668 15,45760 11,27199 7,18427 Média Geral 1,20813 7,78688 2,13000 8,4112
**, * - Significativo a respectivamente 1% e a 5% de probabilidade, pelo teste F (Significant at respectively 1% and 5% probability by F test).
6 7 8
Tabela 2. Número de folhas (NF), altura de plântulas (AP), diâmetro de caule (DC) e comprimento (CR) de raiz de plântulas de melão Amarelo em 9
função de fontes orgânicas de adubos no substrato (Number of leaves (NL), seedling height (PH), stem diameter (AD) and length (CR) of the roots of 10
seedlings of melon cv. Amarelo under organics sources of fertilizer in the substrate). Serra Talhada-PE, UFRPE/UAST, 2011. 11 Substratos NF AP (cm) DC (cm) CR (cm)
Tropstrato HT® (Testemunha) 1,23 b 7,73 b 0,225a 10,60a
Esterco bovino + areia 0,79 c 5,49 c 0,192 b 7,69 b
Esterco caprino + areia 1,71a 10,41a 0,236a 7,39 b
Esterco caprino + bovino + areia 1,10 bc 7,67 b 0,201ab 7,98 b
Médias seguidas de letras distintas diferem entre si pelo Teste de Tukey, a 1% de probabilidade (Means followed by same letter in the column, did not differ from each other,
12
Tukey’s test, p≤0,05).
