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Condições de conforto termo-acústico ao longo de uma trilha no Parque das Dunas em Natal/RN.

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Virgínia Maria Dantas de Araújo

Universidade Federal do Rio Grande do Norte virginiaamdaraujo@gmail.com

Condições de conforto termo-acústico ao longo de uma trilha no Parque das

Dunas em Natal/RN.

Cleyton Santos de Medeiros Universidade Federal do Rio Grande do Norte cleytonsantosm@hotmail.com Dayany Barreto Vasconcelos

Universidade Federal do Rio Grande do Norte dbarreto863@gmail.com

Dorotheu Ximenes de Farias Universidade Federal do Rio Grande do Norte dorotheufarias@gmail.com Fernanda Araújo Azevedo

Universidade Federal do Rio Grande do Norte fearaze@gmail.com

Marcela Karla Moura Silva Universidade Federal do Rio Grande do Norte marcelakarlamourasilva@gmail.com Nayana Helena Barbosa de Castro

Universidade Federal do Rio Grande do Norte nayanahelena@gmail.com

Tamáris da Costa Brasileiro Universidade Federal do Rio Grande do Norte tamarisbrasileiro@gmail.com 1012

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CONGRESSOLUSO-BRASILEIROPARAOPLANEAMENTOURBANO,

REGIONAL,INTEGRADOESUSTENTÁVEL(PLURIS2018)

Cidades e Territórios - Desenvolvimento, atratividade e novos desafios Coimbra – Portugal, 24, 25 e 26 de outubro de 2018

CONDIÇÕES DE CONFORTO TERMO-ACÚSTICO AO LONGO DE UMA TRILHA NO PARQUE DAS DUNAS EM NATAL/RN – BRASIL V. M. D de Araújo, C. S. De Medeiros, D. B. Vasconcelos, D. X. de Farias, F. A.

Azevedo, M. K. M. Silva, N. H. B. de Castro, T. C. Brasileiro

RESUMO

Apresenta-se neste artigo uma análise exploratória de conforto ambiental, nos aspectos térmico e acústico a partir de uma pesquisa de campo, realizada ao longo de uma trilha natural e de seu entorno, na zona urbana da cidade de Natal, de clima quente e úmido. Tendo como o universo de estudo o Parque das Dunas, esta contribuição foi resultado de um esforço conjunto dos participantes da trilha a partir do levantamento das características ambientais ao longo desta. O objetivo da pesquisa foi identificar as variáveis ambientais e compreender a interação entre essas e a percepção dos participantes da trilha, no tocante aos aspectos de conforto térmico e acústico. Com a tabulação dos dados coletados e suas análises foi possível observar que os fatores que mais influenciaram na percepção dos usuários sobre o conforto térmico foram à velocidade dos ventos e o sombreamento natural (vegetação) ou artificial (edificações).

1 INTRODUÇÃO

O artigo retrata uma pesquisa de campo aplicada ao longo de uma trilha urbana realizada no dia 06 de junho de 2017 do Parque das Dunas, situado na cidade de Natal, (05°47'42"S, 35°12'34" W), litoral nordestino brasileiro de clima quente e úmido (Figura 1).

A cidade

Segundo Carvalho (2001), a década de 90 foi marcada pela instituição, no Rio Grande do Norte, de instrumentos legais que refletiam o avanço do processo de conscientização ambiental que continua até os dias atuais. Dentre esses instrumentos destacam-se a Lei Orgânica do Município de Natal (1990), a Lei nº4100/92 (Código do Meio Ambiente do Município de Natal), e a Lei nº 6.908/96 (Política Estadual de Recursos Hídricos do RN). Em meio a esse contexto foi criado o novo Plano Diretor da cidade do Natal – Lei complementar nº007/94. Nesse Plano o Parque das Dunas foi identificado como Região de Preservação. As dunas possuem largura média de 1,5 km e comprimento em torno de 8,0 km, cuja altitude atinge 120 metros de altura (MONTEIRO, 2001 apud RIO GRANDE DO NORTE, 1989).

Quanto à vegetação, o Plano de Manejo do Parque das Dunas divide a área em três zonas distintas: Mata de Duna Litorânea ou Mata Atlântica (80%); formação das praias e Sopé das Dunas (10%); e formação Vegetal Tabuleiro Litorâneo (10%). As Dunas apresentam valores paisagísticos e cênicos únicos na paisagem urbana de Natal..

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O referido Parque (Figura 1) é considerado o segundo maior parque urbano do Brasil e se configura como uma reserva de mata atlântica com um ecossistema devidamente preservado. A reserva é uma grande gleba que influencia na regulação do clima local, contribuindo com a recarga do aquífero subterrâneo, com a fixação das dunas, purificação do ar e tem forte apelo visual e paisagístico para a cidade. Essa ambiência natural, inserida em um contexto urbano pode proporcionar condições de conforto diferenciadas.

Fig. 1 Mapa da cidade de Natal com destaque em verde do Parque das Dunas.

Fonte: Base cartográfica do IDEMA, 2006, adaptada pelos autores.

De Paula (2004), aponta que “é fato conhecido que a vegetação tem um papel preponderante na atenuação da radiação solar incidente e na obtenção de um microclima que proporcione maiores condições de conforto térmico”, dessa maneira, investigações sobre as condições de conforto em ambientes externos é uma crescente no campo de estudo sobre espaços públicos e entende-se que a análise do conforto ambiental de praças, parques e/ou largos, alimentam o exercício projetual dos planejadores e projetistas dos espaços públicos, se conformando como parâmetros e ferramentas para a melhoria dos espaços de usufruto da população.

2 OBJETIVO

O objetivo do presente artigo é analisar bioclimatologicamente o meio antrópico do Parque das Dunas, identificando a interação entre as variáveis ambientais do microclima do parque e a sensação de conforto térmico dos participantes da trilha, complementado também esse estudo bioclimático com as condições de pressão sonora encontradas no local.

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3 MÉTODO

Foram analisadas variáveis ambientais e subjetivas a partir de seis pontos de levantamento, elencando o conjunto das condições climáticas através da metodologia de Katzschner (1997), como também a descrição do meio urbano e do ambiente edificado, apoiada na metodologia de Bustos Romero (2001). Na pesquisa de campo, foram identificadas áreas características que integram os elementos próprios do espaço público, apoiando-se naqueles elementos inerentes ao edifício e ao urbano.

Aplicaram-se questionários com os participantes da trilha e realizaram-se medições em seis pontos distribuídos ao longo da trilha Perobinha no Parque das Dunas, no Bosque dos Namorados e em ruas do entorno. A análise dos dados foi realizada por meio do cruzamento das informações obtidas na estação do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET, 2017), coletados na estação meteorológica dentro do Campus da UFRN para o dia da trilha, com as variáveis ambientais, pessoais e subjetivas coletadas em campo, as sensações de conforto térmico foram retiradas das respostas dos questionários e também a partir do modelo PET (Temperatura Fisiológica Equivalente) pelo software RayMan 1.2.

3.1 Comportamento higrotérmico

A cidade de Natal, tem características de clima quente e úmido, por conta de sau localização litôranea. Dessa maneira, o conceito de maritimidade influencia na baixa amplitude térmica da cidade, que em muitos dias do ano apresenta um comportamento de temperatura variando entre 24 a 29° C. No dia em que os levantamentos foram realizados a média da temperatura do ar foi de 26,8°C, sendo que no momento em que as medições foram realizadas houveram os maiores valores, cerca de 29,6 °C às 14:00. Diferente da temperatura, a umidade apresentou seus menores valores no momento da coleta, ficando abaixo dos 70% como observado no Gráfico 1. O comportamento da curva higrotérmica é referente a um início de período chuvoso na cidade, no dia o céu encontrava-se com nuvens mais densas, e o comportamento da curva girou em torno da amplitude térmica comum a muitos dias na cidade de Natal.

Gráfico 1 – Comportamento higrotérmico no dia da análise.

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3.2 Identificação dos pontos na Trilha Perobinha

Para a realização do levantamento foram selecionados pontos com características ambientais distintas. Um localizado na Via Costeira; dois localizados ao longo da trilha; dois inseridos no Bosque dos Namorados; e outro posicionado na Avenida Salgado Filho (Figura 2).

Fig. 2 Pontos analisados ao longo da trilha: a) Via Costeira, ponto 1; b) e C) Trilha Perobinha no Parque das Dunas- pontos 2 e 3 ; d) Bosque dos namorados- ponto 4

e)Bosque dos namorados-ponto 5 e f)Avenida Salgado Filho, ponto 6.

a) b) c)

d) e) f)

3.3 Levantamento de campo

Para realizar as medições das variáveis climáticas nos ponto selecionados, foram utilizados cinco equipamentos: luxímetro, para medir a iluminância do local; anemômetro de paleta, juntamente com fita e uma bússola, para verificar a velocidade e a direção dos ventos predominantes; termohigrômetro digital, para medir a temperatura e a umidade do ar; termômetro de sensor infravermelho, para medir a temperatura de superfície; e o sonômetro, configurado para filtro de bandas de oitavas (1/3) em tempo real, para verificar os níveis de pressão sonora (Figura 4).

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Fig. 4 Instrumentos de medição utilizados na pesquisa de campo: a) luxímetro; b) anemômetro de paleta, fita e bússula; c) termohigrômetro digital; d) termômetro de

sensor infravermelho; e) medidor de nível de pressão sonora (sonômetro).

Inicialmente, cada participante preencheu no questionário suas características pessoais, como: idade, peso, altura e a descrição da roupa que estava usando. Posteriormente, após as medições, os participantes informaram no questionário o tipo de atividade que estava desenvolvendo e seu nível de conforto térmico em cada ponto medido. Cada medição teve duração de cinco minutos, tempo necessário para os sensores entrarem em equilíbrio. Para evitar que possíveis ruídos interferissem na coleta dos dados acústicos, a equipe se manteve em silêncio durante a realização das medições.

As medições foram realizadas na altura do tronco de uma pessoa em pé, ou seja, a aproximadamente 1,10m do piso. No caso do termohigrômetro, o equipamento foi posicionado um pouco afastado do corpo do operador, a fim de a temperatura radiante emitida pelo corpo da pessoa não interferir na medição da temperatura do ar. O sonômetro, por sua vez, foi posicionado na direção dos ventos predominantes e longe de muros e possíveis barreiras que pudessem aumentar as reflexões das ondas sonoras e interferir nos resultados coletados. Para coletar a velocidade dos ventos foi necessário identificar, inicialmente, por meio da fita e da bússola, a direção dos ventos predominantes. Posteriormente, posicionou-se as paletas perpendicularmente a essa direção predominante para registrar a velocidade dos ventos. Como o equipamento não faz o cálculo da velocidade média, foi necessário anotar a velocidade máxima e a mínima que havia sido encontrada em cada ponto, para posteriormente realizar o cálculo da velocidade média.

3.4 Identificação das variáveis pessoais

Após coletadas as variáveis ambientais foi possível identificar as condições de conforto térmico dos participantes da trilha. As características individuais e humanas são consideradas para avaliar as condições de conforto no ambiente construído interno ou externo. Está previsto nas normas de avaliação do conforto a inclusão dos aspectos individuais e observa-se as variáveis que interferem na sensação de conforto térmico de uma pessoa, ao qual tem como fator principal o metabolismo e o nível de isolamento térmico das roupas (ISO 7726, 1998).

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Como exposto acima, a ISO 7726 considera no modelo de balanço térmico a vestimenta e a atividade exercida no ambiente, sendo estas mensuradas pela resistência das roupas em Clo e pelo metabolismo produzido em Watts. O conjunto de variáveis humanas presentes neste trabalho são referentes às condições dos participantes da trilha. A equipe era composta por nove pessoas, sendo três integrantes do sexo masculino e seis do feminino, observando os aspectos de vestimenta dos participantes, tem-se que:

● Para a realização da trilha no Parque das Dunas, é exigido pela coordenação do parque o uso de vestuário apropriado (roupas leves) e, obrigatoriamente, o uso de um tênis para a proteção dos pés e suporte de caminhada na trilha;

● Os nove participantes desse trabalho na trilha seguiram o aconselhamento da coordenação e utilizaram roupas leves, considerando algumas variações. Todos utilizaram tênis como calçado nos pés;

● As variações de vestimenta se deram basicamente por conta do tecido das roupas, sendo alguns mais leves, como tecidos de algodão ou nylon, outros mais pesados, como foi o caso do jeans;

A partir da análise dos dados sobre o tipo de vestimenta dos pesquisadores, pôde-se averiguar a contribuição destas sobre o conforto térmico dos indivíduos, uma vez que os tecidos são participantes no processo de resistência quanto às trocas térmicas das pessoas com o ambiente. Os valores do Clo estão dispostos na ISO 7730 (2005). De modo geral, calculando a quantidade de Clo de cada um dos participantes da trilha temos um valor de 0,50 Clo.

3.5 Avaliação do nível de ruído

O método de avaliação do ruído baseia-se em uma comparação entre o nível de pressão sonora corrigido (Lc) e o nível de critério de avaliação (NCA). As medições acústicas tiveram como principal objetivo captar, por meio do sonômetro, os níveis de pressão sonora nos pontos observados.

Foram consideradas normas e legislações internacionais e nacionais referentes à poluição sonora. Destacam-se a International Organization for Standardization (ISO), que trata especialmente da metodologia e procedimentos de comparação dos resultados, e a International Electrotechnical Commission (IEC), que aborda os aspectos relacionados às instrumentações necessárias para avaliação do ruído ambiental (BRÜEL & KJÆR, 2000). Dentre as normas brasileiras, destaca-se a NBR 10151/ 2000. O objetivo dessa norma é avaliar o ruído em áreas habitadas, visando ao conforto da comunidade. Para tal, fixa as condições exigíveis para avaliação da aceitabilidade do ruído em comunidades, independente da existência de reclamações, e especifica um método para a medição de ruído.

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4 RESULTADOS

Visto que o percurso da trilha foi realizado entre às 14:28h e 16h, pode-se comparar os dados obtidos com os dados do INMET das 15h e 16h. Ao observar as variáveis ambientais, percebe-se os seguintes valores:

Tabela 1 Variáveis ambientais coletadas ao longo da trilha Variável ambiental

Variável Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Ponto 5 Ponto 6

Temperatura do ar (*C) 32.1 32.5 31.7 31.8 31.9 31.4 Umidade do ar (%) 67.8 69.9 66.3 68.3 65.6 68.4 Velocidade dos ventos (m/s) 1.2 a 1.5 0 a 1.0 0 a 1.7 1.3 a 3.7 1,3 a 3,7 1.7 a 3.9 Direção dos

ventos (graus) Norte

Norte/ Nordeste Sul/ Sudeste Noroeste/ Oeste Noroeste/ Oeste Sul Nível de Pressão Sonora (dB) 44.1 38.4 48.9 57.5 73.0 68.4 Iluminancia (lux) 800 907 47000 500 a 600 1100 50000

Fonte: Levantamento dos dados pelos autores.

Tabela 2 Temperaturas superfícias do piso e vegetação Temperaturas superficiais

Superfície Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Ponto 4 Ponto 5 Ponto 6

Temperatura superficial da superfície horizontal (*C) 26 27.7 27.8 a 49 25.4 a 28.9 25 a 28 34 a 35 Temperatura superficial da vegetação (*C) 27 26.8 24 a 39 26. 5 a 34.9 28 34

Fonte: Levantamento dos dados pelos autores.

Com base nos questionários respondidos por cada participante, foi possível comparar as informações das variáveis ambientais, pessoais e subjetivas em cada ponto, e assim identificar como esses fatores traduzem-se em sensação térmica. Como as medições foram realizadas para a cidade de Natal, de clima quente e úmido, e ainda durante o período da tarde, é importante constatar que não houve nenhuma queixa de frio em qualquer um dos pontos avaliados, ao mesmo tempo que os pontos 5 e 6 foram considerados como confortáveis por todos os participantes, tal fato se atribui às características de ambos os pontos, uma análise mais apurada sobre os tais resultados se apresenta no item 4.1 a seguir.

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Gráfico 2 – Votos de sensação térmica dos participantes da trilha

Fonte: Elaborado pelos autores com base nas respostas dos questionários aplicados em campo.

4.1 Análise dos resultados de variáveis térmicas e lumínicas

Neste trabalho, a avaliação do conforto térmico se deu de forma a cruzar as percepções dos participantes da trilha no Parque das Dunas junto ao modelo de avaliação de conforto nos ambientes externo a partir do índice PET, obtido através do software RayMan 1.2. Com dados de entrada no programa, as informações sobre as variavéis individuais foram padronizadas para cada ponto seguindo a literutura que desenvolveu o software, considerando uma atividade leve com metabolismo de 80W e o valor de resitência da vestimenta como 0,9 Clo. As variáveis ambientais foram as coletadas em cada ponto de medição já expostas neste artigo. O sotware Rayman 1.2 permite a alteração dos dados de metabolismo e vestimenta, apesar disso, como considera Hirashima (2010, p. 103): as variáveis individuais infuenciam pouco junto ao cálculo do índice, sendo a temperatura e velociadade do ar, assim como a temperatura radiante média, as variaveís que mais interferem no resultado do índice de conforto em ambientes externos.

A definição do PET (independente da atividade e do vestuário) o classifica como um índice climático, ou seja, dependente apenas de parâmetros meteorológicos. O PET descreve o ambiente térmico de uma maneira termofisiologicamente ponderada, considerando as influências dos parâmetros climáticos temperatura do ar, temperatura radiante média, velocidade do ar e umidade do ar, e avaliando o efeito real dessas variáveis sobre os processos de regulação e sobre o estado térmico do corpo (HÖPPE, 1999 apud HIRASHIMA 2010).

Os dados obtidos sobre as condições de cada ponto da trilha foram conferidos junto às tabelas da litertura sobre o índice PET. Neste trabalho utilizou-se a referência de MONTEIRO (2008) apud HIRASHIMA (2010), onde o índice PET é calibrado para condições climáticas brasileiras, com enfoque na cidade de São Paulo, portanto, considera-se aqui uma “extrapolação” da classificação utlizada por MONTEIRO (2008) para os dados coletados em Natal. Dessa maneira, o tipo de condição térmica cada ponto apresentava aos usuários estão expostos na Tabela 3, a seguir:

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Tabela 3 Temperatura fisiológica equivalente segundo Rayman 1.2 Pontos de

mediçao Índice PET

Característica Térmica

Ponto 1 29.8 º C Pouco calor

Ponto 2 30.3 º C Pouco calor

Ponto 3 29.3 º C Pouco calor

Ponto 4 29.5 º C Pouco calor

Ponto 5 29.6 º C Pouco calor

Ponto 6 28.9 º C Pouco calor

Fonte: RayMan 1.2 e caracterização de Monteiro, 2008 apud Hirashima 2010.

Ao analisar a sensação térmica dos votos coletado junto ao índice PET obtido pelas saídas do software observa-se que as sensações dos participantes da trilha podem diferir um pouco da predição do índice pois em alguns pontos registra-se que os usuários sentiram calor e muito calor como nos pontos 2; 3 e 4, enquanto que pelos parametros do software os usuários sentiriam a condição de pouco calor, o que pode ser considerado como confortável. Essas diferenciações entre os votos dos usários e a predição do índice de conforto podem ocorrer devido à fatores que vão desde a adptação dos individuos como da calibração dos dados de entrada do software que ainda se encontram padrornizados para uma realidade climática diferente, Höppe (1999 apud Hirashima 2010) salienta que o PET não pode ser uma medida absoluta de conforto térmico ou estresse térmico, uma vez que as sensações térmicas também dependem do vestuário e da atividade praticada pelo indivíduo.

Ao analisar a sensação térmica, vemos que os pontos 5 e 6 se caracterizaram como os mais agradáveis na hora de medição, em que 100% dos participantes declararam se sentir confortáveis. Tais pontos também foram considerados com condições térmicas mais adequadas, com 67% para o ponto 5 e 89% para o ponto 6, e também aqueles com menores taxas de transpiração e as menores necessidades de se abanar. Dentre os fatores que fizeram com que os pontos 5 e 6 tivessem tais resultados, é possível destacar o sombreamento de cada ponto, pela vegetação no ponto 5 ou pela vegetação e edificação no ponto 6, e ainda a ventilação constante e agradável nos dois pontos, como mencionado no item anterior. Em ambos, a maioria das pessoas se encontrava em pé e paradas.

Em contrapartida, o ponto 3 foi considerado o mais desagradável dentre os pontos medidos, em que 56% das pessoas consideraram quente e 44% muito quente. Tal característica pode ser explicada, pelo menos em parte, por se tratar do ponto em que a menor velocidade do ar foi medida, com a velocidade variando entre 0 e 1,0m/s e apresentando muitos momentos de calmaria. Neste ponto, também, a maioria das pessoas (44%) se encontrava em atividade média em pé, que faz aumentar o metabolismo e, consequentemente, a sensação de calor.

Para os pontos 1, 2 e 4, é possível considerar que os três tiveram resultados em um nível parecido de sensação térmica das pessoas, apesar das diferentes características do entorno e das variáveis ambientais e pessoais. Os pontos 1 e 4 se caracterizam pela falta de sombreamento, visível a partir da análise de iluminância de cada um, com 50.000 lux para o ponto 1 e 47.000 lux para o ponto 4. Entretanto, a existência da radiação solar direta para o ponto 1 foi compensada pela forte ventilação presente (entre 1,7 e 3,9m/s), e para o ponto 4 foi compensada provavelmente por uma menor atividade metabólica dos participantes

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(66% estavam sentados, em pé parados ou com atividades leves). O ponto 2, diferente dos pontos 1 e 4, apresentou intenso sombreamento devido à vegetação do parque das dunas, e ainda uma ventilação regular e intermediária de 1,2 a 1,5m/s, abaixo da velocidade dos ventos dos pontos 5 e 6. Neste ponto, a maioria dos participantes (56%) estava em pé e paradas.

Ao observar as variáveis ambientais, percebeu-se que a temperatura média do ar medida na trilha, entre 31,4ºC para o ponto 1 e 32,5ºC para o ponto 3, manteve-se acima dos dados da estação meteorológica, que apresentou máxima de 29,6ºC para as 15h e 30,0ºC para as 16h. Tal constatação é importante para verificar a influência dos elementos do entorno de cada ponto para o acréscimo de temperatura, quando comparada à estação meteorológica.

A umidade relativa do ar, em contrapartida, teve resultados parecidos entre os dados da trilha e do INMET. Na trilha foi medida uma umidade do ar entre 65,6% para o ponto 6 e 69,6% para o ponto 3, enquanto que os dados da estação meteorológica apontam mínima de 64% para as 15h e 65% para as 16h e máxima de 68% para as 15h e 69% para as 16h. Deste modo, não houve uma diferença significativa de umidade relativa entre os dados da trilha e da estação, já que os dados medidos in loco se mantiveram dentro da faixa entre mínimas e máximas esperada.

Ao comparar os resultados de ventilação coletados na trilha com os dados obtidos pelo INMET, 6,6m/s às 15h e 6,3m/s às 16h, foi possível ver que a velocidade dos ventos na estação meteorológica foi bem superior a dos pontos medidos. Tais diferenças são importantes para constatar a influência que o entorno tem diretamente sobre a ventilação de cada ponto analisado, devido à sua rugosidade ou porosidade, além dos diversos efeitos aerodinâmicos que podem ocorrer.

A ventilação, por sua vez, é um dos elementos climáticos mais afetados pela massa construída e variável ao longo do tempo e espaço. Durante a trilha, foi possível perceber a alteração da velocidade e direção dos ventos ao longo dos pontos medidos. O ponto 1, por se tratar de um espaço aberto, teve as maiores velocidades de vento, variando entre 1,7 e 3,9m/s, em contraste com os pontos 2, 3, 4 que tiveram valores de velocidade variando entre 0 e 1,7m/s, provavelmente pela presença da densa vegetação do parque das dunas. Os pontos 5 e 6 apresentaram resultados intermediários de velocidade, entre 1,3 e 3,7m/s, sendo o ponto 5 dentro do bosque dos namorados e portanto com menos vegetação do que o interior do parque das dunas, e o ponto 6 localizado na Avenida Salgado Filho influenciado diretamente pelas edificações do entorno.

A direção dos ventos foi outro fator que variou bastante entre cada ponto, passando de sul e sudeste no ponto 4 para norte ou nordeste nos pontos 5 e 6. A direção dos ventos é um elemento que varia constantemente ao longo do tempo, então em uma análise de transcepto baseada em medições pontuais não consegue captar completamente seu padrão de mudança. Entretanto, ao analisar os dados do INMET para as 15h e 16h do dia da trilha, a ventilação teve direção predominantemente com cerca de 140ºC de azimute (sudeste). Assim, torna-se importante também a constatação de que o entorno pode alterar inclusive a direção dos ventos percebida em cada ponto, que pode ser medida ao mesmo tempo de sudeste na estação, e noroeste em um ponto específico da cidade.

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4.2 Análise dos resultados de variáveis acústicas

Para analisar os resultados, comparando o nível de pressão sonora corrigido (Lc) e o nível de critério de avaliação (NCA), consideraram-se os valores relativos às áreas “de sítios e fazendas”, para os pontos inseridos no Parque das Dunas e no Bosque dos Namorados, e a “mista, com vocação comercial e administrativa” para o ponto localizado na Via Costeira (Ponto 1) e na Av. Salgado Filho (Ponto 6). Analisando os valores obtidos nas medições sonoras percebe-se que apenas o Ponto 3, inserido no interior do Parque das Dunas, atende aos requisitos estabelecidos pela norma vigente (Tabela 2).

Tabela 2 – Tabela com os dados referentes aos níveis de pressão sonoro. Níveis de pressão sonora em dB(A)

Ponto de medição Tipos de área

Resultado das medições Valores recomendados pela NBR Atende os requisitos da norma Ponto 1 Vocação comercial 68 60 Não

Ponto 2 Áreas de sítio 44 40 Não

Ponto 3 Áreas de sítio 38 40 Sim

Ponto 4 Áreas de sítio 50 40 Não

Ponto 5 Áreas de sítio 57 40 Não

Ponto 6 Vocação

comercial 73 60 Não

Fonte: Elaborada pelos autores, 2017.

Em relação aos condicionantes sonoros, pode-se ver que a maioria dos pontos de medição encontra-se com valores acima dos recomendados pela norma, exceto o Ponto 3, apesar das medições não terem sido realizadas em horários considerados de pico. Percebe-se que a configuração urbana do entorno interfere também na propagação das ondas sonoras contribuindo para o aumento do nível sonoro.

5 CONCLUSÕES

Por meio dessa análise comparativa constatou-se que a configuração espacial presente no entorno dos pontos de medição (isto é, as características do tecido urbano) influencia diretamente nos resultados das variáveis ambientais. As variáveis que mais sofreram alteração foram a velocidade e direção dos ventos, a temperatura média do ar e o ruído ambiental. Por outro lado, percebeu-se que não houve uma diferença significativa na umidade relativa entre os dados medidos em campo e os da estação, visto que os dados medidos in loco se mantiveram dentro da faixa entre mínimas e máximas esperada.

Ao cruzar os dados quantitativos (valores registrados pelos equipamentos) e qualitativos (resultante dos questionários respondidos por cada participante) foi possível identificar os fatores físicos que se traduzem em percepções de calor aos usuários. Os fatores que mais influenciaram nessa percepção foram a velocidade dos ventos e o sombreamento natural

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(vegetação) ou artificial (edificações), pois constatou-se que mesmo com temperaturas do ar elevadas, os participantes sentiam-se confortáveis em áreas ventiladas e sombreadas.

6 REFERÊNCIAS

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10.151: Níveis de ruído para conforto acústico. Rio de Janeiro, 1982.

BRÜEL & KJÆR. Environmental noise. Denmark: Brüel & Kjær Sound & Vibration Measurement A/S, 2000.65p.

CARVALHO, Marcia Monteiro de. Clima urbano e vegetação: Estudo analítico e prospectivo do Parque das Dunas em Natal. 2001. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2001.

DE PAULA, Roberta Zakia Rigitano. A influência da vegetação no conforto térmico do

ambiente construído. 2004. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil, Arquitetura e

Urbanismo) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Campinas, 2004.

HIRASHIMA, Simone Queiroz da Silveira. Calibração do índice de conforto térmico

temperatura fisiológica equivalente (PET) para espaços abertos do município de Belo Horizonte, MG. 2010. Dissertação (Mestrado em Ambiente construído e Patrimônio

sustentetável) – Programa de Pós-Graduação em Ambiente construído e Patrimônio sustentetável, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010.

INMET – Instituto Nacional de Meteorologia. PAS - Pesquisa Anual de Serviços, 2017. Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/portal/>.

ISO (International Organization Standardization), ISO 7726: Ergonomics of the Thermal

Environment: Instruments for Measuring Physical Quantities, ISO, Geneva, 1998.

LAMBERTS, R., XAVIER, A.; GOULART, S. Conforto e Stress Térmico. Universidade de Santa Catarina, 2008.

LAMBERTS, R., XAVIER, A.; GOULART, S. Conforto e Stress Térmico. Universidade de Santa Catarina, 2011.

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ROMERO, Marta Adriana Bustos. Princípios bioclimáticos para o desenho urbano. São Paulo: 2001

Referências

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