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ESTUDO DE CASO DE UM EVENTO METEOROLÓGICO EXTREMO NO NORDESTE BRASILEIRO ENTRE OS DIAS 15 E 18 DE JULHO DE PARTE I

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Academic year: 2021

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ESTUDO DE CASO DE UM EVENTO METEOROLÓGICO EXTREMO NO NORDESTE BRASILEIRO ENTRE OS DIAS 15 E 18 DE JULHO DE 2011. PARTE I

Thiago Luiz do Vale Silva¹, Vinicius Gomes Costa Júnior¹, Daniel Targa Dias Anastacio¹, Patrice Rolando da Silva Oliveira¹, Flaviano Fernandes Ferreira¹

¹GMMC - APAC – Pernambuco - Brazil – gmmc@apac.pe.gov.br

RESUMO: Este trabalho tem como objetivo explanar sobre os eventos meteorológicos ocorridos no Nordeste Brasileiro (NEB), que causaram transtornos à sociedade, como inundações em ribeirinhas, queda de barreiras, quedas de pontes na BR 101, entre outras perdas materiais. O evento consistiu em dois sistemas atuando simultaneamente, um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) e uma Onda de Leste (OL), sendo que o primeiro atuou em um mês atípico, caracterizando uma ocasião rara.

ABSTRACT: The aim of this paper is to provide a brief explanation of the meteorological events that occurred in Northeast Brazil (“NEB”), which were the source of major problems for society, as landslides, floods, etc. The situation was established by two atmospheric systems acting simultaneously, an upper-tropospheric cyclonic vortex (“VCAN”) and an easterly wave, characterizing a rare condition, since the “VCAN” is atypical at this time of year.

INTRODUÇÃO

A região Nordeste do Brasil (NEB) apresenta temperaturas elevadas ao longo do ano e características pluviométricas complexas, com precipitações anuais que variam de 300 a 2.000 mm. O NEB é, ainda, caracterizado por três tipos de clima distintos: clima equatorial úmido, clima litorâneo úmido e clima tropical semi-árido (Menegheti, 2009). Segundo Pereira (1995), os sistemas meteorológicos que atuam na produção ou inibição de chuvas no NEB podem ser divididos em mecanismos de grande escala, responsáveis por até 80% da precipitação observada, mesoescala e microescala. São mecanismos de grande escala: Zona de Convergência Intertropical (ZCIT); Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) e frentes frias. Segundo Molion e Oliveira (2002), existe, também, a atuação de Vórtices Ciclônicos em Altos Níveis (VCAN). Na mesoescala, têm-se as Perturbações Ondulatórias dos Alísios (POA), Ondas de Leste (OL) e as brisas marítimas e terrestres. O objetivo deste trabalho é a realização de um estudo dos eventos ocorridos entre os dias 15 e 18 de julho, no NEB, na Parte I através da análise de imagens de satélite e dos dados e, na Parte II, através da análise de linhas de corrente e radiossondagens.

METODOLOGIA

Foi realizada uma triagem dos dados coletados pelo Instituto Tecnológico de Pernambuco (ITEP), em conjunto com a Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC). Durante os

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eventos ocorridos, a APAC executou um plano emergencial de plantão para monitoramento do sistema meteorológico e dos níveis dos rios, portanto, muitas das informações foram cedidas pelos plantonistas ali presentes. Compararam-se as médias mensais, o acumulado mensal até os dias em questão, bem como o total precipitado nestes dias. Para a primeira etapa do trabalho, foram selecionadas imagens do satélite GOES no canal infravermelho realçado e do vapor d’água para melhor analisar a temperatura do topo das nuvens e estimar o teor do vapor d’água.

RESULTADOS

Os valores de precipitação para a Zona da Mata pernambucana, bem como o acumulado para o mês de ocorrência, ficaram acima da média, chegando ao patamar de 83% do total mensal em três dias, e acumulando 61% acima da média pluviométrica até o dia 18 de julho. A Figura 1 mostra os totais acumulados para os dias do evento, o acumulado do mês (até o dia 18) e a climatologia mensal, para os municípios onde ocorreram as maiores precipitações.

Figura 1 – Valores numéricos do total precipitado nos dias 15 a 18 de Julho de 2011, para os municípios com as maiores intensidades de chuva durante o evento.

Pode-se observar que as regiões mais atingidas localizam-se no Litoral e Mata Norte, tendo Goiana, o município mais atingido, registrado 265 mm, e próximo a este, Igarassu teve o registro de 183 mm, ambas as localidades na Mata Norte. No Litoral, Recife e Abreu e Lima, pertencentes à Região Metropolitana, as precipitações foram de 208 mm e 244 mm, respectivamente e, na Mata Sul, Barreiros registrou 121 mm. Isto mostra que o sistema ficou localizado nas regiões da Zona da Mata e Litoral, sendo que, em direção ao interior e ao sul do Estado, o sistema perdeu força. Portanto, pode-se presumir a contribuição de outros sistemas na intensificação das precipitações nas proximidades do Litoral.

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É possível visualizar, na Figura 2 (anexo), imagens do satélite GOES no canal de vapor d’água, que permitem a verificação de locais onde existem, aproximadamente, zonas úmidas e secas, dois sistemas atuantes nos dois dias. As figuras estão organizadas do dia 15 ao dia 17 de julho em horário sinótico, das 00Z do dia 15 às 00Z do dia 18 de julho. Observa-se, na região central do país, a atuação de um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN), com o seu núcleo no centro do Brasil. Este sistema possui uma formação climatológica ligada aos meses de verão, sendo, portanto, raro a esta época do ano. Percebe-se que, durante a atuação deste, as regiões da borda leste do vórtice não apresentavam áreas de umidade características de nuvens verticalmente extensas. Às 06Z do dia 15, essas formações começaram a se desenvolver, intensificando-se até as 18Z do dia 17 de julho. Observa-se um deslocamento do núcleo do VCAN para o interior do país e, posteriormente, seu desaparecimento, o que indica que a formação de nuvens acompanhou o vórtice em seu movimento para oeste.

A Figura 3 (anexo) mostra imagens do satélite GOES, no canal infravermelho realçado, para os dias do evento, onde se pode ver, com mais clareza, o comportamento da convecção. No dia 15 de julho às 00Z, o vórtice se fazia presente, no entanto as nuvens não apresentavam desenvolvimento vertical significativo. A partir das 06Z, percebe-se o maior desenvolvimento das nuvens convectivas na costa do Rio Grande do Norte, podendo-se equipará-lo à posição mais oriental do VCAN e onde se deu a aproximação da OL em um primeiro momento. A partir das 12Z do dia 15 de julho, verifica-se a intensificação do sistema, que perdurou até as 12Z do dia 17 de julho.

AGRADECIMENTOS: Agradecemos ao Instituto Tecnológico de Pernambuco pelos dados fornecidos, e ao Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos pelas imagens de satélite e as simulações numéricas.

4. CONCLUSÕES

Pode-se perceber que os eventos ocorridos tiveram como caracteristica principal a atuação de um VCAN e uma OL. O VCAN nessa época do ano é considerado raro, visto que, para esta região, os meses de mais frequente atuação do sistema estão entre dezembro e fevereiro. É necessário um estudo com maiores detalhes do evento, visto que esta situação se deu em uma época atípica, sendo de suma importância este tipo de análise para que, caso ocorram sistemas raros, uma previsão mais precisa destes seja feita com antecedência, evitando maiores transtornos à sociedade.

REFERÊNCIAS

Meneghetti, G. T., Ferreira, N. J. ; Variabilidade sazonal e interanual da precipitação no Nordeste Brasileiro, Anais XIV Simpósio

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Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Natal, Brasil, 25-30 abril 2009, INPE, p. 1685-1689.

PEREIRA, G. A. R. Construindo Alagoas. São Paulo: FTD, 1995. 160p. : il.

Molion L. C. B.; Bernardo, S. O. . Uma Revisão da Dinâmica das Chuvas no Nordeste Brasileiro. Revista Brasileira de Meteorologia, RIO DE JANEIRO (RJ), v. 17, n. 1, p. 1- 10, 2002.

ANEXO

Figura 2 – Imagem do satélite GOES do produto vapor d’água, para os horários sinóticos, nos dias 15 ao dia 18 de julho.

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Figura 3 – Imagem do satélite GOES do produto realçado, para os horários sinóticos, nos dias 15 ao dia 18 de julho.

Referências

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