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Relatorio do Estágio em Psicologia Clínica e da Saúde

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Academic year: 2021

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Departamento das Ciências Humanas, Jurídicas e Sociais

Estágio Curricular

Curso: Psicologia Clínica e da Saúde

RELATÓRIO DE ESTÁGIO

CURRICULAR EM PSICOLOGIA

CLÍNICA E DA SAÚDE

Estagiário: Anderson Andrade

Orientadora: Dra. Zaida Freitas

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Locais de estágio:

Instituto Cabo-verdiano da Criança e do Adolescente (ICCA)

Centro Juvenil Nhô Djunga (CJND)

Estagiário: Anderson Andrade

Orientadora: Dra. Zaida Freitas

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mesmo, assumo inteira responsabilidade das informações contidas neste relatório elaborado pelo estagiário Anderson Jorge Gomes Andrade.

Tendo iniciado o estágio no dia 26 de Novembro de 2012, com o seu término em 13 de Julho de 2013.

Mindelo, de 2013

Assinatura

/Zaida Morais de Freitas/

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Dedicatória

Ao meu irmão Esmeraldino (Dino), pelo apoio e confiança depositado em mim durante esses quatro anos de muita luta, trabalho, empenho e dedicação.

A minha tia Ana e o meu tio Jorge e Olavo.

Aos meus colegas de curso que sempre me motivaram para continuar.

(5)

Ao meu colega João Santos pelos momentos de troca de ideias e convivência.

A minha orientadora de estágio Dra. Zaida Morais de Freitas pelo apoio e disponibilidade durante esses anos.

A associação dos estudantes da Universidade do Mindelo (AEUM). A empresa Alfa gráfica.

A todos os membros da minha família que estiveram presentes durante esse percurso. Aos profissionais do ICCA e do Centro Juvenil Nhô Djunga que de certa forma colaboraram para que eu chegasse ao fim do meu estágio sem constrangimento.

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Elaborado por: Anderson Andrade

Introdução---1

CAPITULO I- Caracterização dos respectivos locais de estágios ---2

- Instituto Cabo-verdiano da criança e do Adolescente (ICCA) ---2

-Caracterização do Centro Juvenil Nhô Djunga (CJND)---5

CAPITULO II- Reflexões pessoais sobre as actividades desenvolvidas seguindo o projecto de estágio ---8

-Projecto 1- “oficina das emoções”.Análise crítica das sessões---8

-Projecto 2- Escola de Pais “Rumo a uma parentalidade mais positiva”: Análise crítica das sessões---9

-Projecto 3- Monitores “Pensar um trabalho em conjunto”: Análise critica das sessões---10

CAPITULO III- Estudos de casos ---11

Fundamentação teórica para o caso I: Enurese nocturna primária: Uma perspectiva dinâmica---11

A relação afectiva com o pai---11

-Sentimentos Maternos frente ao Desenvolvimento da Criança---12

-A neurose de adulto e neurose infantil---13

-Enurese nocturna primária como sintoma reactivo de uma neurose em vias de organização---14

Fundamentação teórica para o caso 2---14

-O narcisismo da infância a adolescência ---14

(7)

Elaborado por: Anderson Andrade

História clínica do caso I---18

História clínica do caso II---30

Conclusão ---43

Bibliografias---44

Anexos---45

Índice de anexos---46

Anexo I ---49

Dados referentes ao ICCA---50

Anexo II ---54

Descrição das sessões segundo os projectos elaborados e implementados no CJND--55

Anexos III ---102

Genogramas dos estudos de casos I e II ---103

Anexos – IV---115

(8)
(9)

Elaborado por: Anderson Andrade

1

INTRODUÇÃO

Os desafios sempre têm que existir, pois, dão significados à vida. Hoje sinto-me diferente e se me perguntarem porque responderia que estou prestes a terminar mais uma etapa desafiante da minha vida e iniciar outros que supostamente vão exigir mais de mim.

Durante a minha formação académica ultrapassei varias barreiras, após três anos quase praticamente assentado nas teorias de uma das ciências do comportamento chamada Psicologia, no quarto ano iniciei o estágio curricular no Instituto Cabo-verdiano da Criança e do Adolescente (ICCA) num período de 8 meses.

Sendo uma parte indispensável no processo de formação do estudante, o estágio curricular teve como objectivo estabelecer a interlocução entre a formação académica e o mundo profissional, através de uma aproximação contínua entre a teoria e a realidade psico-social de crianças e adolescentes institucionalizados.

Pelo facto de muitos serem provenientes de meios familiares disfuncionais e estarem inseridos no centro, houve a necessidade de desenvolver o projecto de estágio de uma forma ecológica, abrangendo a família o centro e os profissionais que trabalham mais directamente com as crianças e adolescentes. Não obstante somente isso, também tive a oportunidade de atender casos de pessoas que por uma preocupação ou outra procuram ou são encaminhados ao serviço da psicologia do ICCA para fazerem a avaliação /Intervenção psicológica ou outros serviços prestados pelo psicólogo.

Inserido no 4º ano do curso de psicologia, o relatório de estágio curricular ora aqui presente decorreu entre 26 de Novembro de 2012 a 13 de Julho de 2013, orientado pela Dr.ª Zaida Morais de Freitas. A sua estrutura interna está dividida em três capítulos, sendo o primeiro o leitor encontrará uma breve caracterização dos respectivos locais de estágio, no segundo uma reflexão critica dos projectos implementados e no ultimo capitulo dois estudos de casos clínicos avaliados durante o estágio.

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Elaborado por: Anderson Andrade

2

CAPITULO I - CARACTERIZAÇÃO DOS RESPECTIVOS LOCAIS

DE ESTÁGIO

Instituto Cabo-verdiano da criança e do adolescente (ICCA)

O instituto Cabo-Verdiano da Criança e do Adolescente (ICCA), antes chamado Instituto Cabo-Verdiano de Menores (ICM), situa-se na rua Fernando Ferreira Fortes. É uma instituição coletiva de direito pública com autonomia administrativa, financeira e patrimonial.

Foi criado pelo Decreto-lei nº89/82 a 25 de Setembro de 1982, tendo iniciado as suas funções em Janeiro de 1984. A sede situa-se na cidade da Praia, sendo esta a estrutura central, tem Delegações noutros concelhos do país: Santa Catarina (Santiago), Espargos (Sal), São Filipe (Fogo), São Vicente, Porto Novo (Santo Antão). A instituição visa bem-estar e desenvolvimento harmonioso e integral da criança e do adolescente e a sua proteção perante situações de risco, defendendo assim os seus direitos.

Nos concelhos onde a instituição não tem delegações, foram abertos em 2006, em parceria com as Câmaras Municipais, a Procuradoria, o Tribunal, a Policia Nacional, a Delegacia de Saúde e a Delegação de Educação, os Comités Municipais de Defesa dos Direitos da Criança.

Missão

O ICCA está encarregue de promover e executar a política governamental para a criança e o adolescente. Cujo objetivo é a proteção da criança e do adolescente contra situações de risco, que possam de alguma forma pôr em risco o seu desenvolvimento.

Principais Competências do ICCA

Contribuir para formação de uma política de atendimento aos direitos da criança e do adolescente; decretar medidas de proteção, assistência e educação para os menores em situações de risco

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Elaborado por: Anderson Andrade

3 programar, supervisionar, coordenar e executar atividades e projetos, bem como, promover acções de prevenção que visem a senilização e mobilização da comunidade para as problemáticas das crianças e adolescentes e para a defensa dos seus direitos;

Supervisionar as instituições de atendimento a menores; coordenar e promover o desenvolvimento da cooperação Nacional e Internacional na defesa dos direitos da criança e do adolescente; promover estudos a nível nacional sobre as crianças e adolescentes.

OBS: Ver organigrama da instituição em anexo I.

Princípios do funcionamento e da dinâmica da instituição

O ICCA tem como recursos humanos: 1 Delegado, 3 Educadoras Sociais e 1 Psicóloga, 1

Assistente de serviço social,estes trabalham em parceria com outros centros, 1 Motorista e

1 Ajudante de Serviços Gerais. Na delegação são as Educadoras que fazem todos os atendimentos dos casos que chegam à instituição e encaminham para serviços especializados quando houver necessidades disso.

Caracterização do Serviço de Psicologia

Este serviço de psicologia atende os casos encaminhados pelas Educadoras Sociais. As solicitações provêm dos responsáveis dos outros centros, a pedidos por vezes de pais/encarregados de educação apreensivos quanto ao rendimento escolar e os comportamentos apresentados pelos seus filhos. Atualmente a atenção encontra-se mais virada para programas de Serviços Sociais e Comunitários, situações de emergência infantil e integração em famílias substitutas quando for o caso, reforçando os esforços para a sensibilização das comunidades.

Programas/Domínios de intervenção do ICCA

Promoção e divulgação dos direitos da criança

Difundir as informações sobre a convenção dos direitos da criança e do adolescente através da produção de materiais informativos e educativos, promoção dos serviços prestados pela instituição, realização de palestras, exposições e outros eventos.

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Elaborado por: Anderson Andrade

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Dinamização e intervenção comunitária

Proporcionar a informação e formação de agentes comunitários para mobilizar as comunidades em relação à defesa e cumprimento dos direitos da criança e do adolescente.

Serviço social

Garantir um serviço de atendimento diário, aconselhamento e encaminho de crianças e adolescentes e suas respetivas famílias aos serviços de promoção e de proteção.

Emergência Infantil

Atendimento de situações de Emergência diariamente e garantia de proteção 24 horas por dia, 7 dias por semana, através dos Centros de Emergência Infantil da Praia e do Mindelo de Crianças vítimas de Abuso e Exploração Sexual, Maus-Tratos, Negligência e Abandono.

Famílias substitutas/de acolhimento

Criar redes de famílias substitutas/de acolhimento em todo o país, que garanta a proteção imediata às crianças em situações de alto risco.

Atendimento psicossocial

Proporcionar um serviço de apoio psicossocial e de acompanhamento à criança/adolescente e sua família.

Centros de acolhimento

Garantir proteção e segurança à criança, em situação de risco, em espaço de acolhimento, facilitadores da sua posterior integração escolar, sócio-familiar e/ou profissional.

Educação em ambiente aberto

Proporcionar oportunidades de reintegração sócio-familiar, escolar e profissional às crianças e adolescentes em situação de rua.

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Elaborado por: Anderson Andrade

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Estudos, Pesquisas e Planeamentos

Promover a recolha e sistematização de informações sobre a situação dos menores no país, e, dotar os profissionais de saberes adequados para a sua intervenção.

Formação

Melhorar a capacidade de intervenção do pessoal que trabalha tanto no ICCA como noutras instituições cujo alvo sejam as crianças e adolescentes, através de ações de formação e capacitação.

Reforço institucional

Actuar de forma a reforçar o papel do ICCA enquanto instituição responsável pela promoção e execução das políticas sociais para a criança e adolescente.

Cooperação e Articulação

Incentivar e reforçar a cooperação com organismos nacionais e internacionais, com vista a melhoria da articulação e criação de condições para o desenvolvimento das ações.

Caracterização do centro juvenil Nhô Djunga (CJND)

Breve resgate Histórico e evolutivo

O Centro Juvenil Nhô Djunga é uma instituição de acolhimento com características mistas de internato e semi-internato que há 24 anos funciona em instalações próprias na cidade do Mindelo - S. Vicente, Cabo Verde.

População Actual

Segundo a educadora de infância no centro actualmente frequenta 28 crianças e adolescentes entre esses Internos e semi-internos. Desses 14 frequentam o ensino básico integrado (E.B.I) 8 no ensino secundário, 1 interno na formação profissional em carpintaria, 1 no ensino especializado e 4 encontram sem nenhuma ocupação. O centro ainda por sua vez apoia de uma forma pontual, alguns ex-internos.

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Elaborado por: Anderson Andrade

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Actividades desenvolvidos

Praticam desportos e outras actividades de lazer. No que tange a orientação individual são feitas entrevistas de avaliação, orientação individual, exercícios de estimulação, apoio psicológico individual

Com as famílias o centro aposta no atendimento Individualizado / Orientação, reuniões de pais quinzenalmente, e visitas Domiciliárias (quando necessárias)

Já a reinserção sócio-familiar o centro tem apostado na preparação da criança e do adolescente ou jovem e da família bem como tentando manter contactos e negociações com postos de trabalho.

Espaço Físico

O Centro ocupa uma área coberta de 3032m2, onde se incluem o bloco administrativo,

salas de aula, instalações sanitárias, dormitórios e apartamentos cedidos para o funcionamento de 2 instituições sociais.

Recursos Humanos

Quanto aos Recursos Humanos há uma equipe de 17 profissionais de diferentes áreas na qual consta, uma Psicóloga que exerce as funções de Directora, uma Educadora Social, cinco Monitores de Educação de Infância, três Formadores das Oficinas, um Técnico Administrativo, uma Ajudante de Serviços Gerais, um condutor, duas Ajudantes de Cozinha, dois Guardas (um deles trabalha apenas aos fins de semana e feriados).

Horários e regras de funcionamento

O Centro funciona no horário da Administração Pública, das 8 às 16 horas para uma parte A partir das 16 horas permanece um Monitor de serviço e às 18 horas entra outro Monitor e um Guarda, ficando os três no Centro. Às 22 horas sai um dos trabalhadores, que iniciou o turno às 15 horas e permanece um Monitor e o Guarda até o dia seguinte às 8 horas.

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Elaborado por: Anderson Andrade

7 Segundo a Directora levantam-se às 6 horas, fazem a higiene pessoal até às 6.30, cumprem os deveres que se traduzem na arrumação dos quartos, na distribuição do pequeno-almoço e na limpeza do pátio.

Os semi-internos entram no Centro às 7 horas da manhã e tomam o pequeno-almoço das 7 até às 7:30.

Nessa dinâmica alguns internos têm aulas de manhã e outros à tarde nas escolas do Ensino Básico (1º ao 6º ano) e Secundário (7º ao 12º ano). Os que ficam no Centro de manhã têm a sala de estudo orientada por um monitor ou técnico social, depois praticam desporto, fazem a higiene pessoal, almoçam às 12.30 e à tarde acontece o mesmo com o outro grupo, até o jantar às 18.30. Depois do jantar os semi-internos regressam a casa.

Admissão de casos

As solicitações são feitas pela mãe, pai ou um dos avós da criança, na maioria dos casos. Os casos de maior risco são encaminhados pelo Tribunal, pelo Instituto Cabo-verdiano da Criança e do Adolescente (ICCA), por algumas instituições de acolhimento.

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Elaborado por: Anderson Andrade

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CAPITULO II – REFLEXÕES PESSOAIS SOBRE AS ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS SEGUINDO O PROJECTO DE ESTÁGIO.

Sessões dinâmicas com crianças e adolescentes individual e em grupo

Projecto “Oficina das emoções”

Análise crítica das sessões

Partindo da importância em apostar na formação pessoal e social das crianças e adolescentes do respectivo Centro, durante o projecto foi proporcionado momentos de reflexão a partir das capacidades de usar e controlar as suas emoções no sentido do equilíbrio emocional. Por outro lado o projecto visou optimizar os resultados académicos e pessoal das crianças e adolescentes demonstrando-lhes a importância do projecto de vida, e também orientando-as a pensarem, julgar si mesmo para poderem adquirir as suas própria autonomia e tornar-se responsável.

Para tal ao longo do estágio foram realizados 16 sessões dentro desse projecto, na qual, inicialmente encontrei algumas dificuldades em colocar a ordem no seio do grupo, pois muitos dos participantes apresentava-se nas sessões agitados, principalmente quando iam passar os fins de semana com os familiares.

Quando iniciamos constatamos que cerca de 98 % do grupo estudava, mas a um dado tempo devido as situações internas do centro, bem como a desmotivação individual muitos começaram a faltar as aulas.

Nesse sentido, após uma sessão na qual ninguém compareceu tomamos uma iniciativa que consistiu em rever o projecto inicial e incluir sessões que trabalhassem de uma forma dinâmicos aspectos inerentes ao projecto de vida. Com isso conseguimos despertar atenção de uma amostra significativa dessa população e começamos a ver o projecto desenvolvendo gradualmente. Cada sessão proporcionava um momento de crescimento que certamente ficara na memória para seguirem bons exemplos. Quanto aos objectivos traçados acredito que a amostra de crianças e adolescentes que nos acompanharam durante

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Elaborado por: Anderson Andrade

9 esse projecto sofreram evoluções significativas, pois apresentaram sempre motivados nas sessões.

Apelo aos funcionários do centro que continuem a estimular esses participantes para darem continuidade a trabalhos de formação pessoal do tipo, bem como motivar os que resistem a não participar nas mesmas, demonstrando-lhes sobretudo a importância que isso tem para as suas vidas.

Avaliando de uma forma geral as sessões, acredito que foi positivo, mas há que pensar uma forma mais multidisciplinar e interacionista de trabalharem no centro com as crianças/adolescentes.

Sugeria que atribuíssem aos monitores mais responsabilidades e autonomia nos seus trabalhos diários, como por exemplo, estimula-los no sentido de desenvolverem e

implementar projectos que promovam a formação pessoal e social das crianças e

adolescentes. Também sugeria aqui que estipulassem no regulamento do Centro, a obrigatoriedade de todos os internos e semi-internos bem monitores em participar nas actividades do Centro. (ver descrições das sessões e projecto em anexos II).

Projecto escola de pais “Rumo a uma parentalidade mais positiva”

Análise crítica das sessões

O projecto escola de pais foi no sentido de encorajar os pais e encarregados de educação a apostarem no diálogo e a ouvirem as crianças e os adolescentes, mostrando carinhos de modo a os incentivar a serem responsáveis e auto-confiantes nas suas relações, prevenindo condutas impulsivas, agressivas ou excessivamente inibidas.

Durante esse projecto realizamos um total de 10 sessões com uma amostra bem reduzida de pais e encarregados de educação dos internos e semi-internos.

Por outro lado penso que as famílias devem partecipar mais nas iniciativas que visam

promover o bem-estar das crianças e adolescentes, nos vários domínios da saúde. Nessa óptica tentamos implementar um grupo de ajuda mútua no centro mas devido as circunstâncias que emergem no seio dos pais e encarregados de educação, ficamos numa

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Elaborado por: Anderson Andrade

10 fase bem avançada na qual iríamos distinguir o líder para o grupo. Mas isso não nos decepcionou porque a amostra que participou das sessões ficou com a ideia da importância e os benefícios de ter um grupo de pais/encarregados de educação que se reúnem para discutirem os problemas e as soluções para educarem os seus filhos.

No final do estágio ficou publicamente anunciado a pessoa no grupo que supostamente apresentava um melhor perfil para ser líder do grupo.

Para os próximos anos deveriam dar continuidade a esse processo que consiste na implementação dessa estratégia de intervenção que tem tido resultados positivos em muitas partes do mundo.

Os participantes foram pessoas muito dinâmicas e motivadas pelo que no final mereceram ser reconhecidos publicamente com um certificado de participação pela motivação e desejo de ver as crianças/adolescentes num ambiente familiar saudável

De um modo geral os objectivos foram cumpridos pelo que o balanço foi positivo, mas espero que as entidades que tutelam o respectivo centro pensem numa estratégia urgente para os familiares próximos dos internos e semi-internos e vice-versa, bem como promover intervenções multidisciplinares. (ver descrições das sessões e projecto em anexos II).

Projecto – 3:Monitores“ Pensar um trabalho em conjunto”

Análise crítica das sessões

Analisando o mesmo posso afirmar que foi o projecto mais difícil de implementar no qual foram realizadas 3 sessões após vários tentativas de reunirem o grupo, pelo que faço uma avaliação pouco satisfatória, pelo que a grande maioria dos objectivos não foram alcançados.

Vendo os monitores nesse ou em qualquer outro centro como uma figura na qual muitos internos e semi-internos se identificam, as intervenções do tipo são de extrema importância, pois, a uma grande necessidade em estarem sempre a actualizados.

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Elaborado por: Anderson Andrade

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CAPITULO III- ESTUDOS DE CASO

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA PARA O CASO 1

Enurese nocturna primária: Uma perspectiva dinâmica

A relação afectiva com o pai

Mucchielli 1993 considera que o pai é a figura cuja importância na vida da criança vai aumentando progressivamente dos dois aos seis anos, tornando-se omnipotente na idade mágica. Ele está, juntamente com a mãe, no centro do Universo da criança e como tal não é o único que assegura a sua tranquilidade. A sua força física, a sua voz, o seu poder misterioso, as suas chegadas e partidas súbitas, o seu poderio e o seu ascendente sobre a mãe fazem com que ele seja ao mesmo tempo o senhor e o representante do Universo animista e mágico característico desta idade. A relação que a criança vai ter com o pai é, portanto a Relação essencial deste estádio.

Aimard & Kohler 1970 consideram que a superação normal deste período mais ou menos crítico assenta na identificação da criança com o progenitor do mesmo sexo ou pelo menos na parte de identificação que consegue alimentar através dele. Essa identificação constitui um mecanismo de progresso psicológico que conserva durante muito tempo um lugar importante na psicologia da criança, mais tarde do adolescente.

No rapaz o pai ocupa um lugar tão grande, ao qual se torna mais ou menos doloroso conceder um lugar privilegiado no amor materno. Esse pai rival representa ao mesmo tempo uma personagem que goza de qualidades próprias e tem um prestigio especial único como se representasse um retrato ou um modelo a seguir.

Para tal a identificação sedimenta a formação do “eu” ideal através de uma espécie de desejo de substituição absoluta e mágica despertando o primeiro embrião da consciência moral. O modelo introjetado sob a forma de valor ou de “eu” ideal, impondo o controlo e a critica dos desejos espontâneos.

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Elaborado por: Anderson Andrade

12 Osterrieth, Mucchieli determinaram que as atitudes paternas autoritárias provocam alterações na relação entre a criança e o pai, constitui neste estádio um drama semelhante a carência materna e comprometem as ligações futuras que possam vir a estabelecer com o real e com os outros. Nesse sentido no Universo mágico desta idade, e na impossibilidade de estas crianças diferenciarem o imaginário do real, destrói assim sem remorso toda a força nascente do “eu” e semeia-se os germes para das futuras neuroses.

Sentimentos Maternos frente ao Desenvolvimento da Criança

Winnicott 2000, defende que as tarefas ligadas aos primeiros estágios do desenvolvimento emocional da criança só podem ser levadas a cabo em um ambiente suficientemente bom. Esse ambiente, principalmente nesses períodos iniciais, deve adaptar-se ativamente às necessidades do bebé, colocando-se de modo empático ao atendimento de suas demandas. Logo, um ambiente suficientemente bom, proporcionado pelos cuidados fornecidos sobretudo pela mãe, capacita o bebe a ter novas experiências, a construir um ego pessoal individualizado, a dominar seus instintos e a defrontar-se com as dificuldades inerentes à vida (Winnicott, 1979/1983 citado por Lopes, R on line ).

Tendo presente que a criança aos 12 meses apresenta diversas habilidades, bem como uma incipiente separação emocional da mãe, é plausível supor que esse momento seja de extrema importância para o desenvolvimento infantil e para os próprios pais. Contudo, para que a criança possa explorar ativamente seu ambiente e apresentar um senso de iniciativa e de curiosidade, é preciso que cuidadores e, sobretudo a mãe, se comportem como organizadores do ambiente da criança (Elkind, 2004; Mahler & cols., 1975/2002; Stern, 1991; Winnicott, 1979/1983, Lopes 2007 on line).

Por volta dos 18 meses a 3 anos, quando percebe o externo com confiança e vivência a satisfação das suas necessidades de uma forma adequada, a criança começa a se perceber como indivíduo e passa a experimentar seus limites e possibilidades, buscando autonomia e controle sobre si. À medida que a criança sente-se encorajada nesse processo, com uma imagem de si predominantemente positiva, experimenta independência e a possibilidade de lidar com novos desafios.

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Elaborado por: Anderson Andrade

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A neurose de adulto e neurose infantil

Freud nos seus estudos descobriu que os conflitos infantis são interiorizados e núcleo fundamental das neuroses, a partir dai a infância tornou-se no mais importante campo de estudo das doenças psíquicas (citado por Santos 1973 In Introdução ao estudo das neuroses e sintomas reactivos da criança).

Freud mostrou o carácter adquirido da neurose e explica a sua organização como dinâmica. A neurose é o resultado dum conflito intra-psíquico que se trava entre a necessidade do indivíduo satisfazer os impulsos e a de obedecer ao princípio da realidade. Esse princípio completa o princípio do prazer que é mais direccionado para a satisfação do prazer total. Se o conflito interior e o conflito exterior encontram resolução satisfatória, o indivíduo prossegue a sua evolução adequadamente. Se no caso o conflito interiorizado ou neurose infantil persista sem solução mental, o indivíduo repete pela sua vida fora a sua forma particular de estar no mundo e as suas reacções estereotipadas de neurótico.

Revelou-se por sua vez que as neuroses do adulto têm origem na neurose infantil que resulta por sua vez numa situação emocional que se organiza á volta do complexo de Édipo.

A neurose infantil é portanto, o núcleo conflitual arcaico que se descobre através da análise das várias fases ou etapas evolutivas pelas quais a criança passa.

Assim, a neurose aparece na obra de Freud como um conflito interior, cujos os sintomas são a expressão da luta entre os impulsos e exigências do meio, entre os desejos e as defesas do eu.

Enurese nocturna primária como sintoma reactivo de uma neurose em vias

de organização

Santos (1973 in Introdução ao estudo das neuroses e sintomas reactivos da criança), defende que os sintomas reactivos são aqueles que pela sua dominância tomam o aspecto

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Elaborado por: Anderson Andrade

14 clínico da doença. Aparecem como resultado de um conflito exterior, e são essencialmente a consequência duma tentativa para resolver mentalmente o conflito exterior, entre eles a enurese nocturna.

Segundo o DSM-IV-TR a característica essencial da Enurese é a emissão repetida, diurna ou noturna, da urina na cama ou na roupa (Critério A).

Isto ocorre com maior frequência de forma involuntária, mas ocasionalmente pode ser intencional. Para corresponder a este diagnóstico, a emissão deve ocorrer no mínimo duas vezes por semana por pelo menos 3 meses, ou então deve causar um sofrimento ou prejuízo significativo no funcionamento social, académico/ocupacional ou outras áreas importantes na vida do indivíduo (Critério B).

Este deve ter alcançado uma idade na qual a continência é esperada (isto é, a idade cronológica da criança deve ser de no mínimo 5 anos, ou, para crianças com atrasos do desenvolvimento, uma idade mental de no mínimo 5 anos) (Critério C).

A incontinência urinária não se deve exclusivamente aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por ex., diuréticos) ou a uma condição médica geral (por ex., diabete, espinha bífida, transtorno convulsivo) (Critério D).

Mais do que 80% das crianças enuréticas apresentam os sintomas típicos dessa patologia chamada de Enurese Noturna - EN somente à noite.

Pode ainda ser primária ou secundária, primária se nunca chegou a verificar-se o controlo dos esfíncteres, secundária quando após um período de controlo se verifica uma regressão.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA PARA O CASO 2

O narcisismo da infância a adolescência

O termo vem da descrição clínica e foi escolhido por P. Näcke, em 1899, Freud 1914 para designar a conduta em que o indivíduo trata o próprio corpo como se este fosse o de um objecto sexual.

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Elaborado por: Anderson Andrade

15 Freud (1914) abre caminho para o entendimento desse termo como elemento constitutivo do amor-próprio e da auto-estima. Esta destinada à auto-preservação do sujeito e formação dos laços sociais. Esse aspecto é intrínseco à personalidade. Os investimentos libidinais podem ser direccionados ao próprio ego ou aos objectos e quando ela é investida no ego, diz-se libido do ego ou libido narcísica.

Quando é investida nos objectos, diz-se libido do objecto. Para ele, a fase da infância que antecede a formação do ego é caracterizada pela ausência de relações objectais. Nessa todo o investimento libidinal do bebé é feito no seu próprio corpo, por meio das zonas erógenas. A esse estado de satisfação em si mesmo, Freud chamou de narcisismo primário.

Freud citado por Nick e co 1979 recorda que os pais depositam na criança pequenas expectativas de que todos os seus desejos se cumprirão. Com efeito, desde cedo, a criança está exposta às exigências do ambiente assim como os seus pais. Aos poucos, a criança irá se dar conta que não é tudo para a sua mãe, de que esta tem outros interesses.

Poulichet 1992, Araújo 2010; defendem que essa percepção da criança foi considerado como sendo a ferida infligida ao narcisismo primário da criança. A partir daí, o seu objectivo consistirá em fazer-se amar pelo outro, em agradá-lo para reconquistar seu amor; mas isso só pode ser feito através de certas exigências do “ideal do eu”. É dessa forma, pois, que a criança entra no segundo estágio de narcisismo, ao qual Freud denominou de narcisismo do ego ou narcisismo secundário. Isso deu-se porque foi retirado dos objectos a partir dos processos de identificação com as figuras parentais ou seus representantes. De modo geral, tanto os traços do narcisismo primário como os do narcisismo secundário irão constituir a personalidade e acompanhar o indivíduo durante toda a sua existência. Foi a partir do olhar libidinizado da mãe que a criança reconheceu-se e se sentiu amada. Daí para a frente, todas as suas escolhas objectais e realizações terão por base esse período em que foi possível o desenvolvimento do amor por si mesmo.

Sobre as escolhas objectais, Freud (1914) escreve que existem dois tipos de modelos, o analítico e o narcisista. O primeiro deles, também denominado de ligação, tem a mãe como modelo, por ter sido esta, ou aqueles que a substituíram, o seu primeiro objecto de amor.

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Elaborado por: Anderson Andrade

16 Esse amor está vinculado à satisfação de suas necessidades básicas. O outro modelo de escolha objetal, ao qual chamou de narcisista, toma a si mesmo como objecto amoroso. Geralmente, essas duas modalidades de escolhas objectais estão presentes em todas as pessoas, embora em graus diferenciados.

Quanto às realizações pessoais, essas têm por base o ideal de ego que foi forjado a partir das identificações parentais e que permitiu o surgimento do narcisismo secundário em substituição ao período do narcisismo primário, quando a criança era o seu próprio ideal. Daí em diante, o ego idealizado passará a ser objecto dos investimentos libidinais que nortearão o desenvolvimento e fortalecimento do ego. Paralela e intrinsecamente ligado à evolução das escolhas objectais e das realizações, outro aspecto da personalidade derivado do narcisismo é a auto-estima. Essa também é aumentada, segundo ele, quando se é amado. Mostra, assim, que a auto-estima depende de três aspectos: O primeiro deles é o resíduo mesmo do narcisismo infantil, o segundo decorre das realizações do ideal do ego juntamente com as expectativas infantis, e o terceiro provém da satisfação da libido objetal, ou seja, de relações amorosas satisfatórias.

O Narcisismo e a adolescência

Tem sido considerado como sendo o primeiro fenómeno psicológico que marca a consciência do adolescente púbere. O estádio escolar tinha conduzido a criança em relação ao outro. O adolescente desvia para conseguir uma espécie de auto-suficiência.

A esse propósito Mucchielli 1963 afirma que : “O narcisismo é o “eu” que se compraz

em si mesmo, que se sente e se basta a si mesmo .” Tendo um papel indispensável na

medida em que rompe de uma forma brutal o jogo das identificações e provoca ao mesmo tempo a tomada definitiva da consciência de si mesmo e uma súbita confiança em si mesmo. O adolescente púbere tem um vivo sentimento da sua existência , torna-se consciente de que existe . O “Eu sou eu” toma um significado diferente do dos quarto anos.

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Elaborado por: Anderson Andrade

17 Na puberdade não tem o significado de um renascer do desejo de domínio, mas de um delicioso sentimento de existir e de uma satisfação em sentir-se como existente. O narcisismo aqui salva o “eu “ do desertismo. O adolescente já não necessita dos outros, e está atento ao que se passa em si.

Na puberdade não tem o significado de um renascer do desejo de domínio, mas de um delicioso sentimento de existir e de uma satisfação em sentir-se como existente . Daqui pode resultar primeiramente o sentimento de isolamento.

A este propósito varias modalidades se tornam, então possíveis segundo Mucchielli 1963:  Uma espécie de megalomania, uma presunção do “eu” que se sente superior aos

outros, que os despreza, uma exaltação da confiança em si.

 A agitação interior que pode seguir uma solidão afectiva e conduzir a fases mais ou menos prolongadas de depressão .

 As adolescentes, sobretudo, estão sujeitas a estas depressões da puberdade; choram por tudo e por nada como afirma Héléne .Deutsch.

Evolução afectiva e sentimental na adolescência

Kohler e Aimarde 1970 consideram que é na adolescência que vão surgir de novo, como angustia, os problemas não resolvidos no período do complexo de Édipo. A sua presença pode ser detectada no psiquismo de inúmeras jovens adultas, após uma adolescência caótica. Este considera que a procura do ponto de equilíbrio desta afectividade no adolescente decorre na desordem das emoções e dos sentimentos extremos e contraditórios que caracterizam a adolescência entre elas: Hipersensibilidade, instabilidade emocional, impulsividade, alterações de humor. Por outro lado pessoas, uma vaga de sentimentalismo desaba, conforme o contexto, sobre pessoas ideias e opções. Chegam a desejar a destruição da ordem estabelecida para instaurar um mundo melhor e isso leva com que o adolescente atravessa períodos de duvidas, durante os quais se sente mais ou menos profundamente deprimidos por não encontrar, em si ou no exterior, solução para o inconciliável.

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Elaborado por: Anderson Andrade

18

HISTÓRIA CLÍNICA DO CASO 1

a) Identificação do paciente

Peter (pseudo-nome) é uma criança do sexo masculino, nove anos de idade, frequenta a segunda classe do Ensino Básico Integrado. È o último filho numa fratria de quatro irmãos, ambos do sexo masculino. A mãe tem 49 anos de idade, vendedeira de cuscuz nas ruas da cidade do Mindelo e o pai 50 anos ajudante de pedreiro.

Vive na casa da mãe juntamente com um irmão de 18 anos.

b) Motivo da consulta

A mãe procurou o Gabinete de psicologia do ICCA alegando que Peter tem vindo a apresentar dificuldades em prestar atenção nas aulas, acompanhado de comportamentos bizarras que perturbam a atenção dos colegas.

c) Razões da avaliação psicológica para o caso

O caso foi encaminhado por uma das educadoras de infância do ICCA após a mãe ter apresentado as suas preocupações relativamente aos comportamentos da criança. Por outro lado a professora tem demonstrado certas preocupações perante tais comportamentos que ele tem apresentado na sala de aula como por exemplo; meter debaixo das mesas e morder os pés dos colegas, bem como esconder os materias dos mesmos.

d) Antecedentes pessoais do desenvolvimento e das aprendizagens prévias

Peter é proveniente de uma gravidez não planeada, na qual a mãe relata que inicialmente rejeitou a mesma ficando aborrecida devido a idade que tinha. Chorava muito porque sempre teve conflitos com o pai da criança, mas após alguns meses conformou-se com a gravidez. Aos sete meses acabou por descobrir que estava grávida de gémeos heterozigotos, logo começou a ter muita vontade em ver os dois filhos.

Durante esse período a mãe teve internada cerca de 11 dias em repouso antes do nascimento da criança devido a problemas de saúde como anemia, hipertensão arterial.

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Elaborado por: Anderson Andrade

19 Relata que com o aproximar do parto ficou muita ansiosa, e esteve internada na maternidade cerca de nove horas antes do parto. O mesmo foi assistido no Hospital local, pelo que recorda que foi muito gemelar mesmo tendo sido a termo.

O momento e depois do parto foi de grande sofrimento, pois um dos filhos acabou por morrer.

A criança amamentou cerca de seis meses, embora a mãe começou a administrar-lhe alimentos caseiros aos três meses alegando que o leite materno tinha poucas propriedades nutricionais.

Não há índice de utilização de quaisquer substâncias psico-activas a não ser cafeína durante a gravidez.

O seu desenvolvimento motor e linguístico deu-se de forma normal. O controlo diurno dos esfíncteres (fezes) foi por volta dos três anos tanto ao nível diurno como nocturno, em contrapartida ainda tem problemas em controlar a Urina no período nocturno, chegando a ter um padrão de descontrolo que vai dos dois aos três vezes semanais.

Aos três anos sofreu uma queda de uma escada na qual sofreu algumas escoriações na cabeça tendo que ser submetido a exames médicos (Raio X), mas nada de alarmante. Frequentou o jardim-de-infância cerca de dois anos com alguma recusa, findo esses entraram para o Ensino Básico também com alguma dificuldade de adaptação a esse contexto.

Quanto a socialização gosta de brincar com crianças com idades superior a sua, tem poucos amigos na zona de residência, gosta de brincar mais com a sua sobrinha de nove anos no quintal da casa. Gosta muito de fazer queixas, não gosta que ninguém mexa nas suas coisas, esconde e não cumprimenta as pessoas estranhas que vão para a casa da mãe.

A mãe afirma que quando entra em conflitos com a sua prima afirma chorando que vais mata-la. Tem tido dificuldades em controlar a Urina na sala de aula quando a professora demora para lhe dar autorização.

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Elaborado por: Anderson Andrade

20 È uma criança com pouca autonomia na sua aprendizagem, não se preocupa em colocar duvidas.

Tem medos de fantasmas e de bruxas durante a noite.

A sua rotina diária é precisamente; sair da escola ir para casa, brincar com a sobrinha, e de vez em quanto vai a casa de uma amiga da mãe que lhe passa algumas cópias.

Dorme bem durante a noite, pelo que não há ocorrências significativas para além da emissão nocturna da Urina em alguns dias da semana.

e) Antecedentes familiares

A criança apresenta-se sempre na consulta acompanhado da mãe que refere não ter nenhum tipo de relacionamento com o pai desde que essa tem três anos de idade. O pai nesse momento encontra-se na Ilha de Santo Antão, há índices de consumo abusivo do álcool e do tabaco por parte dele. A mãe considera que ele é muito repressivo na educação do filho, apresenta problemas visuais.

Por outro lado há índices de problemas psiquiátricos no seio familiar sendo que: um primo da mãe já falecido apresentava problemas psiquiátricos sazonais com fugas de casa.

O pai é considerado nessa esfera com sendo uma figura ausente e a mãe é a figura na qual a criança tem maior intimidade/confiança.

f) Entrevista com a professora

Teve como objectivo fazer a professora algumas questões acerca do comportamento de Peter na sala de aula. Nesse sentido a professora informou-nos que Peter é um aluno que não presta atenção nas aulas, brinca muito durante as mesmas e quando é obrigado a sentar e prestar atenção ele deita-se na carteira e recusa prestar atenção.

È uma criança que perturba muito os colegas principalmente a colega de carteira. Passa as aulas a esconder-lhe os seus materiais escolares, mete debaixo da mesas para morder-lhes

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Elaborado por: Anderson Andrade

21 os pés e quase todas as vezes que a professora chama-lhe atenção ele comporta de forma infantil fazendo carretas de troça e fica rindo.

Apesar disso tudo não considera-o ser um aluno agressivo, pois, não bate com frequência nos colegas e nem remessa objectos. O seu desempenho escolar tem sido tudo negativo, pois não tem apresentado rendimentos positivos nos testes, as vezes quando quer, copia alguma coisa no quadro ou nos colegas.

g) Genograma familiar durante a avaliação psicológica (

Ver anexo III)

h)Técnicas e provas utilizadas para avaliação do caso.

Ver protocolo das técnicas aplicadas em anexos III

 Observação psicológica

Considerada uma ferramenta de grande importância para o psicólogo porque ajuda-nos na avaliação do estado mental do sujeito, fornece-nos dados inerentes aos comportamentos verbais e nãos verbais. Considerado a primeira técnica de avaliação psicológica porque antes da entrevista inicial o psicólogo já esta observando o paciente.

Das observações tive a oportunidade de ver que Peter é uma criança canhota que aparenta um estado de nutrição adequado a sua idade, apresenta ligeiras dificuldades visuais, pelo que nas duas últimas sessões de avaliação apresentou-se com lentes. Como forma de expressar o sorriso ele projecta a língua para fora da boca.

Quanto ao estado de consciência é aparentemente vigil, o contacto humano é adequado com um olhar curioso, na qual muitas vezes utiliza comportamentos não verbais (como o abanar a cabeça e pestanejar, acompanhado por um sorriso despropositado).

È uma criança aparentemente alegre, mas as vezes os risos são despropositados dando ideia da existência de uma espécie de incongruência afectiva.

Por outro lado reage de forma súbita diante dos estímulos do meio exterior revelando uma criança incapaz de controlar a intensidade de suas reacções.

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Elaborado por: Anderson Andrade

22 No que tange a atenção distrai-se com facilidade, pelo que as tarefas têm que ser explicados algumas vezes para que possa seguir um determinado modelo.

È lento nas associações de ideias, a linguagem é pouco cuidada embora usa palavreados adequados, em contrapartida não recusa em participar nas actividades inerentes ao processo de avaliação psicológica

Nas suas brincadeiras não demonstrou ser uma criança agressiva, acaba por afastar a mãe do pai sempre na hora do jogo.

Na rua colocam as personagens do jogo sempre em fila com o pai por perto ocultando uma personagem dizendo que é um rapazinho que está lá dentro da casa a estudar. Aparenta ser uma criança pouco criativa nas suas brincadeiras.

 Entrevista de avaliação psicológica

Foram realizados um total de 9 entrevista de avaliação psicológica, sendo, 2 com a mãe, 5 com a criança uma com a professora e uma entrevista de devolução.

i) Escolha e descrição dos testes utilizados na avaliação psicológica do caso

OBS: Esses instrumentos não estão aferidos para a população Cabo-verdiana.

 Teste do desenho da família

Apliquei este instrumento de avaliação psicológica na terceira sessão, pelo facto de ser um teste gráfico e projectivo na qual a criança projecta suas atitudes e sentimentos e relacionamento em relação a sua família.

Foi Porot 1952, o primeiro a utilizar um sistema de codificação do desenho da família enfatizando três aspectos:

a) Composição da família;

b) Valorização e desvalorização dos diferentes elementos constituintes;

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Elaborado por: Anderson Andrade

23 Carmem 1979, Ortega 1981 enfocaram entre outros aspectos, a proximidade dos membros da família entre si e os personagens valorizados, desvalorizadas, incluídas e excluídas. Bandeiras & Denise consideram que apesar de tudo isso todos esses autores concordam que o desenho da família é uma técnica projectiva gráfica onde a criança projecta suas atitudes e sentimentos em relação a sua família.

O Teste do Desenho da Família é uma técnica especialmente interessante para a avaliação da afectividade infantil.

Hulse, Guilém consideram que o desenho da família permite-nos conhecer a situação do sujeito dentro do seu meio familiar. O que vê nesse meio. Como se vê; sua percepção da sua relação com as figuras parentais.

Ao pedir a criança para que desenha a sua família, proporciona ao psicólogo informação muito ampla sobre a dinâmica das relações reais e imaginarias da mesma com os diversos membros que a compõe, bem como o seu posicionamento na mesma .

 Teste do desenho da casa-arvore-pessoa

Franco, 2011 defende que o teste da casa e da árvore também avalia a personalidade por meio de um registo concreto e sensorial. O desenho da casa dá boas previsões sobre as relações interpessoais, o desenho da pessoa mostra a percepção que o indivíduo tem dele mesmo.

Nessa óptica John Buck considera que a casa desenhada assume, na maioria das vezes, duas significações:

a) Constitui um auto-retrato, expressando as fantasias, o ego, a realidade, os contactos

e a acessibilidade.

b) Expressa a percepção da situação no lar - residência.

Por meio dos desenhos, as pessoas reproduzem diversos aspectos do mundo interno e externo, revelando não somente a sua personalidade, mas, sobretudo, aquilo que realmente sente como experiência vivida (Franco, 2011).

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Elaborado por: Anderson Andrade

24 O desenho da árvore apreende, de forma mais visceral, a presença de mecanismos psíquicos que regem o mundo interno da pessoa.

Koch Guillén defendem que a árvore, é um ser que vive em função de elementos ambientais (chuvas, vento, calor etc.) é dos desenhos o que mais revela a auto-imagem da pessoa no contexto de seu relacionamento com o ambiente, além de como se sente em relação ao seu equilíbrio interpessoal.

Este instrumento foi aplicado na quarta sessão de avaliação.

 Teste Matrizes progressivas colorido de Raven

Ritzen considera que Teste Matrizes progressivas colorido de Raven é uma medida da inteligência geral e do pensamento categorial, e põe em evidência a lógica do raciocínio e a facilidade com que o sujeito manipula os símbolos. Um fracasso pode estar ligado a uma dificuldade de estruturação espacial. Avalia as capacidades imediatas de observação e raciocínio e pode ser utilização tanto em grupo como individual.

Este instrumento foi aplicado na quinta sessão de avaliação.

 Teste Toulouse Pierron (TP)

Este instrumento foi escolhido para avaliar as aptidões perceptivas, poder de realização, capacidade de atenção e concentração, resistência a fadiga, rendimento e exactidão de trabalho do paciente secundo (Agostinho Pereira S/d).

Este instrumento foi aplicado na sexta sessão da avaliação psicológica.

j) Resultados e análise dos testes aplicados

OBS: Ver protocolos dos Testes anexos III

 No Teste do desenho da família

Peter, começou por desenhar primeiramente o pai vinculado a mãe, ficando do lado da mãe dando a ideia de que os desejos edipianos ainda estão em parte por resolver. Creio que

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Elaborado por: Anderson Andrade

25 disso emergiu uma ambivalência quanto ao processo de identificação com a figura paterna. Por outro lado se compararmos a interpretação do desenho da família com a história clínica acabamos por constatar que inicialmente há uma tentativa de formação de uma relação triangular que acabou por ficar estagnado na disputa entre o pai e o filho no leito materno. Quanto ao posicionamento das figuras na folha podemos ver que estão flutuando, inferindo que há lactente na estrutura psíquica da criança uma certa ansiedade e insegurança.

A figura materna aparece como uma figura super protectora, “maternal” na ausência do pai, e isso é manifestado pela forma infantilizada na qual a figura do paciente e desenhado por ele próprio bem ao lado da mãe.

Nos teste em si pode observar que há uma simetria linear entre os desenhos das figuras humanas, típicos dos desenhos dos quadros neuróticos nomeadamente o obsessivo-compulsivo.

Pode-se observar que há uma comunicação entre os membros da família, que alarga para além da família nuclear, mas por outro lado falta na relação afectiva da criança com os progenitores a figura que esta juntamente com a mãe, no centro do Universo da criança. Estou aqui a falar do pai que nesse estádio dos seis anos tem um papel determinante no que tange as regras sociais.

Penso que a criança ainda não incorporou na íntegra a lei paterna que possivelmente estaria colocando em prática agora no Universo da primeira socialização caracterizado pela sua entrada escola.

 No desenho da casa-arvore-pessoa

Os resultados obtidos com essa prova de certa forma são proporcionais aos obtidos no desenho da família. Nesse sentido no desenho da casa posso deduzir que a porta e as janelas fechadas de certa forma indicam pouca interacção com a realidade social. Por outro lado creio que a casa está bem acima da linha que representa o chão sem que aparecem degraus, levando a crer que a criança tenta conservar inacessível sua personalidade. Isso é considerado comum no sujeito que procuram estabelecer contactos com os que cercam, unicamente segundo as suas convivências.

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Elaborado por: Anderson Andrade

26 As portas fechadas dão a ideia de autodefesa, aspectos de regressão e defesa contra o mundo. Há aqui latente uma falta de segurança por parte de Peter contra os estímulos externos, que leva ele a cercar a casa com um cavalo e um carro como forma de proteger a mesma.

As expressões inconscientes da própria imagem no desenho da árvore deram para ver que a omissão dos gálios traduz nas dificuldades da criança em expandir no trato com outras pessoas. A árvore encontra-se inclinada para a esquerda demonstrando claramente uma fraqueza no domínio da própria pessoa. Pode-se observar a presença de uma ave dando a ideia de uma criança brincalhona implicante e infantil, por outro lado a base do tronco é alargada a direita levando a crer que estamos perante uma personalidade teimosa, desconfiada, com medo da autoridade, e com algum ressentimento.

Analisando o desenho de uma forma geral se percebe que tanto no desenho da família, tomando, como nos desenhos da árvore e da casa são perceptíveis as mesmas características com destaque para as dificuldades no relacionamento social, e ainda características que apontam fragilidade na esfera pessoal como imaturidade, infantilidade. No desenho da pessoa podemos perceber que a criança sente-se desprotegida.

 Teste Matrizes progressivo colorido de Raven

Nele Peter obteve uma pontuação directa de 10 pontos que está abaixo do percentil 5 equivalendo a um nível intelectual deficiente, quando comparado crianças de idade cronológica 7.

De uma forma geral se comparar os relatos da professora com o rendimento e o aproveitamento escolar da criança esse pode ser um dado que traduz o aproveitamento escolar da mesma e deve ser foco de alguma intervenção.

 No Teste Toulouse Pierron

Atendendo as queixas apresentados pela mãe e pela professora da criança houve a necessidade da aplicação do referido instrumento com o objectivo de avaliar a capacidade de realização, a concentração (ID) e a resistência a fadiga (RT).

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Elaborado por: Anderson Andrade

27 Ao fazer uma análise quantitativa para o caso, é de inferir que o paciente usufrui de uma capacidade de realização ou índice de dispersão de 30.1 (ID=30.1) pontos considerado dispersíssimo, acompanhado por um rendimento de trabalho de 52 (RT=52) pontos, considerado muito lento.

De uma forma geral esses dois instrumentos podem vir a ajudar a responder alguma das preocupações das professoras referente ao rendimento escolar da criança na área cognitiva de aprendizagem. É necessário preparar algumas competências mentais na criança para desenvolver o aprendizado mais sistémico.

m) Compreensão e discussão clínica do caso

A avaliação psicológica levou com que inteirasse da dinâmica da personalidade da criança, pois, durante as sessões com as ferramentas do processo disponível vou aqui apresentar, um conjunto de aspectos que me chamaram a atenção.

Ao analisar o desenvolvimento de Peter, desde do período pré-natal constatei que a mãe engravidou numa idade na qual refere que não queria ter mais filhos, esses momentos foram vividos com conflitos conjugais entre os progenitores, acompanhado por um alto nível de ansiedade por parte dela.

A mãe desconhecia se estava grávida de gémeos, pelo que, só aos sete meses acabou por saber e que eram heterozigotos, esses momentos foram de muita tensão interna por parte dela, pelo que teve problemas de saúde (como hipertensão, anemia) que remeteram a tratamentos médicos. A mãe recorda o momento do parto com muito sofrimento porque um dos filhos acabou por falecer no momento. Compreendo que a mãe ainda não elaborou o luto proveniente dessa perda, pelo que isso pode ter levado com que ela torna-se uma mãe super - protetora nos cuidados com o filho.

Nota-se no plano psíquico que há uma tentativa de formação de uma triangulação na relação afectiva, mas o pai acabou por sair da cena quando Peter tinha três anos idade considerado pelos psicanalistas como sendo a pedra angular da afectividade culminado pelo complexo de Édipo.

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Elaborado por: Anderson Andrade

28 Como nos demonstra o desenho da família feito por Peter há uma rivalidade edipiana entre ele e o progenitor do mesmo sexo, visivelmente na disputa entre os dois no leito materno. Creio que esta identificação e internalização da lei paterna mal resolvida marcaram o complexo de Édipo. Por outro lado a ansiedade no cuidar do filho incluindo parcialmente algum sentimento de medo e culpa por parte da mãe possivelmente proveniente do luto não elaborado, foi introjetado inconscientemente por Peter levando a ter certos comportamentos.

Na mesma linha desta compreensibilidade acredito que Peter ainda não descobriu o seu lugar junto dos pais, devido ao seu pouco nível de maturidade afectiva, caracterizado sobre tudo por uma espécie de dependência emocional materna visível nessas chamadas de atenção nocturna.

Parece que em termos emocional Peter é uma criança insegura, ansioso, com pouca interacção com a realidade social, bem como pouco domínio da própria pessoa.

Quanto ao período escolar não tem sido estável nessa primeira fase, pois se formos ver há uma espécie de fixações pré-genitais traduzido nas dificuldades no controlo nocturno da urina que pode estar a incomodar-lhe, pois na idade dos sete anos supostamente a energia libidinal tinha que estar transportado para a esfera escolar.

n) Possível Hipótese diagnostica

O diagnóstico é o sinónimo de reconhecimento.

O diagnóstico infantil é construído por meio das queixas principal apresentado pelo mediador(a), das próprias falas da criança, dos seus responsáveis e da escola, bem como dos comportamentos observados durante as sessões de avaliação psicológica.

Nessa linha de pensamento na qual desvendei o processo ora aqui apresentado de acordo com as informações colectados, recebidos e verificados na avaliação levantei as seguintes hipóteses diagnostica:

 307.6 Enurese nocturna F98.0

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Elaborado por: Anderson Andrade

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o) Propostas de intervenção para o caso

A avaliação psicológica permitiu inteirar da dinâmica da personalidade dessa criança. Constatei que há um conjunto de lacunas na sua personalidade que precisam ser trabalhados de forma sistemático visando uma melhoria bem como uma projecção normal na vida futura.

Para tal optaria por utilizar as seguintes modalidades interventivas:

Terapia cognitivo -comportamental individual com a criança e a mediadora

para a questão da Enurese nocturna.

O objectivo é de modificar padrões de comportamento inapropriados, que contribuem para a persistência da Enurese, nesse sentido aplicarei as seguintes técnicas:

 Reforço Positivo

Será dirigido pela mediadora e focaliza essencialmente no automonitoramento das eventuais perdas, com prémios para as noites secas. Normalmente, usará uma escala de avaliação comportamental. Essa deve estar sempre associado a outros procedimentos, igualmente passíveis de pontuação, como aumento da ingestão de líquidos diurna, limitação de líquidos após o jantar, emissões diurnas regulares (no máximo a cada três horas) e esvaziamento vesical antes de dormir.

 Emissão Nocturna Programada

A mediadora estimula o ato de acordar com o estímulo da bexiga cheia. A criança deve ser acordada três horas após dormir e ir ao banheiro. A cada noite completamente seca, o horário de acordar é antecipado por meia hora, até ser meia hora após deitar.

 Treinamento Motivacional

A criança é motivada a assumir responsabilidade não apenas pelo problema em si, mas também pelo tratamento. Basicamente, consiste em ter que trocar e lavar a roupas de cama.

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Elaborado por: Anderson Andrade

30 Em simultâneo a essa abordagem utilizaria a Ludoterapia no sentido de levar com que, através da brincadeira Peter internalize emocionalmente melhores forma de gerir/controlar pela positiva os seus comportamentos; (atitudes, medos, emoções), preservando sobretudo a sua auto-estima, bem como ajuda-lo a ter mais autonomia na sua aprendizagem. Por outro lado terá a oportunidade de projectar na brincadeira os seus sentimentos com ajuda do psicólogo.

Na esfera escolar apostaria num apoio pisco pedagógico e o encaminhamento para a sala de recursos visando a estimulação para a aprendizagem em um contexto com uma equipe mais especializado em detrimento do contexto tradicional do ensino cabo-verdiano.

OBS: Ver a sistematização do relatório de avaliação psicológica em anexos III

HISTÓRIA CLÍNICA DO CASO II

a) Identificação do paciente

Sílvia (pseudo-nome) é uma adolescente de 14 anos nascido aos 10/8/98, frequenta o 9º Ano de escolaridade vive na casa do tio, irmão da mãe. È o quinto filho numa fratria de cinco.

b)Motivo da consulta

A mãe de criação (esposa do tio) queixa-se pelo facto de que Sílvia ter vindo a apresentar alterações de comportamentos perante as suas atitudes e decisões, considerados provocatórios. Esses comportamentos são percebidos por ela como sendo uma oposição as suas ordens em casa.

Segundo a mãe de criação Isso vem acontecendo desde dos treze anos de idade. “Ela troça

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Elaborado por: Anderson Andrade

31 Sílvia afirma não saber o porque da marcação das consultas e que as queixas apresentados pela mãe de criação não passam de invenções. Obs: No caso quando refiro a mãe está-se a falar da mãe de criação.

c) Razões de avaliação psicológica para o caso

Advém das dificuldades da mãe em entender o porque da adolescente estar a apresentar certos tipos de comportamentos perante s suas atitudes e decisões, bem como das suspeitas na família da Sílvia vir a apresentar os problemas psiquiátricos idênticas as da mãe biológica.

d) Antecedentes pessoais do desenvolvimento e das aprendizagens prévias

Segundo a mãe a gravidez da mãe não foi planeada, mas deu-se de forma normal e que acompanhou a mesma sem ter notado quaisquer problemas de saúde. Essa gravidez surgiu em sequência da morte de um irmão da Sílvia. Quando o paciente nasceu pesava quase três quilogramas, o controlo esfincteriano, deu-se por volta dos 12 meses. E o desenvolvimento motor e linguístico foi normal.

Nos primeiros anos da sua infância brincava muito com os seus colegas, mas apresentava alguns índices de agressividade segundo a mediadora, que consistia em morder as outras crianças quando brincavam, mas esses comportamentos desapareceram logo nos dois primeiros anos de vida.

Não há índice de doenças que comprometesse o seu desenvolvimento, mas é de ressaltar aqui que aos quinze dias apôs o seu nascimento teve uma congestão alimentar devido a administração de leite não materno por parte de uma prima.

A nível sensorial não há registo de nenhuma patologia.

Já sorria quando se separou da mãe biológica, adaptou-se bem ao clima do novo contexto, nas palavras da mediadora “Ela chorava sempre que eu tinha que sair de casa...mesmo

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Elaborado por: Anderson Andrade

32 Deu os primeiros passos com cerca de um ano e poucos meses, nesse período não existia indicadores nem sequelas provenientes de acidente doméstico.

Frequentou o jardim-de-infância dos três aos seis anos, altura em que entrou para na escola.

e) Antecedentes familiares

A mãe biológica apresenta problemas psiquiátricos idênticos ao da avó, tia falecida epiléptica, prima epiléptica.

A mediadora afirma ter separado a Sílvia da sua mãe biológica quando tinha sete meses de devido as más condições de vida que levavam ao ponto de verbalizar que ela “dava-lhe

alimentos inadequado a sua idade como café preto…. quando encarreguei da Sílvia as fezes dela apresentava cor prateado…ela não tinha condições de educa-la”.

A Sílvia nunca teve nenhum contacto com o pai biológico, pelo que afirma desconhecer o mesmo. Não recebe qualquer reforço além do básico por parte da família. Recebe um subsídio da Câmara Municipal para ajudar-lhe nos estudos. A Sílvia revela ser sempre injustiçado no seio familiar e que é sempre interditado quando quer sair como amigos.

f)Genogramas familiar (ver anexo III)

g)Entrevista clínica com a adolescente

A mãe considera que a Sílvia é muito preguiçosa apesar, de essa ter negado tais actos afirmando que ela sente-se injustiçada em casa em relação aos seus primos, “sinto-me que

a minha mãe gosta mais dos seus netos do que de mim…gostaria de estar a viver com a minha mãe…”

A mãe afirma que esses comportamentos da Sílvia são sentidos como uma espécie de provocação para que ela possa ir viver com a sua mãe, mas em contrapartida teme-se que ela engravide precocemente.

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Elaborado por: Anderson Andrade

33 A adolescente refere que a família lhe educa de uma forma muito repressiva pelo, que, muitas vezes, recorrem a castigos físicos para resolver os problemas familiares apesar de não haver ocorrências nos últimos dias antes das consultas.

Considera o pai de criação ser uma boa pessoa, pelo que mantém boas relações com ele. Sílvia refere sempre dormir com o primo, também de catorze anos, e que ele a provoca muito e quando entrem em confronto os familiares sempre a culpam por tal situação, e isso já levou com que muitas vezes pensasse em desistir de viver.

Estuda das seis da manhã ao meio dia hora de ir a escola, mas os resultados não justificam tanta hora de estudo, mas da para ver que a Sílvia não é considerada uma aluna

“brilhante” apesar de nunca ter fracassado na escola, destaca mais nas disciplinas de

francês e matemática, em contrapartida não gosta das que tem de escrever muito como é o caso de cultura cabo-verdiana.

Refere ter uma vontade imensa de abandonar a sua família para poder ter a sua privacidade e que já não suporte dormir na mesma cama com o seu primo, chegando a afirmar que …”Isso me incomoda muito….apesar do meu primo ser como uma criança que

gosta de fazer queixas”. Mesmo com essas verbalizações Sílvia considera que gosta dele.

Também verbaliza haver conflitos entre ela e uma prima de trinta e três anos. Mantém boas relações com a mãe biológica, bem como os seus colegas.

Na sociedade segundo ela é considerada uma adolescente que se comporta bem perante professores, colegas, amigos e amigas e todos os que lhe rodeiam.

Sílvia refere ter pouco tempo livre para se divertir.

h)Técnicas e provas utilizadas para avaliação do caso.

OBS: Ver protocolo das técnicas aplicadas em anexos III

Referências

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