Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação
Departamento de Comunicações
Análise de Desempenho de Sistemas
CDMA Utilizando Arranjo de Antenas
em Canais Seletivos em Freqüência
Autora:
SilviaRegina Coelho daRosa
Orientador:
Prof. Dr. Celso de Almeida
Dissertaçãoapresentada à Faculdade de Engenharia
Elé-tricaeComputaçãodaUNICAMP comopartedos
requi-sitosexigidospara aobtençãodotítulode MESTRE EM
ENGENHARIAELÉTRICA.
CDMA Utilizando Arranjo de Antenas
em Canais Seletivos em Freqüência
Autora:
SilviaRegina Coelho daRosa
Orientador:
Prof. Dr. Celso de Almeida
Dissertaçãoapresentada à Faculdade de Engenharia
Elé-tricaeComputaçãodaUNICAMP comopartedos
requi-sitosexigidospara aobtençãodotítulode MESTRE EM
ENGENHARIAELÉTRICA.
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Celso de Almeida (Orientador) FEEC/UNICAMP
Prof. Dr. Hélio Magalhãesde Oliveira DES/UFPE
Prof. Dr. Renato BaldiniFilho FEEC/UNICAMP
O objetivo deste trabalho é o de analisar o desempenho dos enlaces reverso e direto de
um sistema CDMA constituído de apenas uma célula empregando um arranjo linear de
antenas naestação rádiobase. Esta análiseé fundamentada nocálculo daprobabilidadede
erro de bit média. A análise de desempenho do sistema é desenvolvida com sinais BPSK
transmitidos através de um canal com múltiplos percursos com desvanecimento Rayleigh.
Odesvanecimento éconsideradoestatisticamenteindependente edescorrelacionadoentre as
antenas. Ainterferência de acessomúltiplo émodeladausando-se aaproximação gaussiana.
Naanálisede desempenhodoenlacereverso,consideramosnaestaçãorádiobaseumreceptor
Rake bidimensional (Rake 2D) que combina sinais nos domínios temporal e espacial. Na
análise de desempenho do enlacedireto, as estações móveis são equipadas com um receptor
Rake convencional enquanto que a ERB dispõe de um arranjo de antenas. Os resultados
analíticosmostramque umarranjo de antenasnaestaçãorádio base melhorao desempenho
de ambosos enlacesde um sistemaCDMA constituídode apenas uma célula.
Abstract
The aim of this work is to carry out a performance analysis of a single cell CDMA cellular
system with a uniform linear antenna array at the base station for both downlink and
uplink. This analysis is based on the evaluation of the average bit error probability. The
systemperformanceanalysisisdevelopedwithbinaryshiftkeying(BPSK)modulatedsignals
ona Rayleighfading multipathchannel. The fadingis considered statisticallyindependent
and uncorrelated among antennas. The Gaussian approximation is used to model all the
interferences. In the uplink performance analysis, the receiverstructure atthe base station
is assumed to be a two-dimensional RAKE receiver (2D-RAKE) that combines signals in
bothspatialandtimedomains. Inthedownlinkperformanceanalysis,aconventionalRAKE
receiveris employed atthe mobile stations. The analyticalresults show that antenna array
atthebasestationcanimprovebothdownlinkanduplinkperformanceofasinglecellCDMA
Agradeço a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para a realização deste
trabalho.
AgradeçoespecialmenteaminhamãeReginaporseu ternoamor,dedicação, porsuavoz
sempredoce e carinhosa.
A você, Marcelo, minha graça alcançada, obrigada pelo amor, cumplicidade, apoio e
paciência. Obrigada ainda porter mudadominha vida.
Agradeço as minhas irmãs Sheila e Suzelle pela força do amor que nos une, pelo apoio
incondicionale descontraídas conversas à distância.
Aomeu orientador, Celsode Almeida, pelaoportunidade,orientaçãoe paciência,sem as
quaisnão seria possívela execução econclusão deste trabalho.
Agradeço imensamente aos Grasseschi & Mathias Duarte por terem me acolhido como
um dos seus. Obrigada pelocarinhoe incentivo.
Agradeçoaquelesque(con)viveramcomigoetornarammeudias emCampinasbemmais
alegres: Adriana, André, Ana Paula & Cia, Carlos Henrique, Carolina, Daniel, Daniela,
Divanilson, Fabrício, Gustavo, Igor, Jim, Joselan, Luciana, Márcio, Raquel, Raul, Verena,
Vírginia,Vítor,Taciana. Obrigadapelaalegriadosnossosmomentos,pelocarinhoepreciosa
amizade.
Aos amigos da Unicamp: Cínthia, Gonzalo, Hélcio, Irênio, Jorge, Letícia, Rafael,
Ro-drigo Gusmão,Romis, Tarciana,Teógenes e tantos outros. Obrigada pelocompanheirismo,
agradávelconvivência e apoio.
AosProfs.Drs.HélioMagalhãesdeOliveira(UFPE)eRenatoBaldiniFilho(UNICAMP),
porparticiparem dabanca examinadora.
Aos professores da UFPA, Eurípedes Pinheiro, João Crisóstomo e Luiz Aonso Guedes,
pelaamizade eincentivo.
Às funcionáriasda FEEC,Lúcia e Noêmia,que sempreforam muito atenciosas comigo.
Gostaria de expressar meus sinceros agradecimentos aos que contribuíram de forma
in-dispensávelnaconclusãodestetrabalho: RodrigoRamos, pelapaciênciaeauxílioemL A
T
E X
ebugs do computador. Gustavo,pelas dicasde simulaçãoeporter desvendado omistério
doruído complexo. Fabrício,peloauxíliono Matlab epelainndávelpaciência.
AgradeçoaCoordenaçãodeAperfeiçoamentodePessoaldeNívelSuperior(CAPES)pelo
1 Introdução 1
2 Introdução Teórica 5
2.1 SistemaMóvel Celular . . . 5
2.1.1 Introdução . . . 5 2.1.2 Interferência . . . 5 2.1.3 Setorização . . . 6 2.1.4 Atividade de Voz . . . 6 2.2 Perdas noCanal. . . 6 2.2.1 Perda de Percurso. . . 6 2.2.2 Sombreamento . . . 7
2.2.3 Desvanecimentoem Canaiscom Múltiplos Percursos . . . 7
2.3 Caracterização de Canais porMúltiplos Percursos . . . 9
2.4 Modelo de Canal com Múltiplos Percursos . . . 10
2.5 Técnicas de Diversidade . . . 11
2.6 Espalhamento Espectral . . . 13
2.7 Seqüências de Espalhamento . . . 16
2.7.1 Seqüências de ComprimentoMáximo . . . 17
2.7.2 Seqüências Gold. . . 18
2.7.3 Seqüências Puramente Aleatórias . . . 19
2.7.4 Seqüências Walsh . . . 19
2.8 SistemasCDMA . . . 20
2.8.1 Modelo de um SistemaCDMA. . . 21
2.8.2 Receptor Rake . . . 23
2.8.3 Desempenho do Receptor Rakeem SistemasCDMA . . . 24
2.9 ArranjoLinear de Antenas . . . 30
2.9.2 Vetor de AssinaturaEspacial . . . 33
2.9.3 RelaçãoSinal-Interferência . . . 35
2.9.4 Interferência Média Normalizada . . . 36
2.9.5 Modelo de Canal Espaço-Temporal . . . 38
2.9.6 Introdução aoReceptor Rake 2D . . . 40
3 Enlace Reverso 43 3.1 Modelo doSistema . . . 43
3.2 Modelo doReceptor . . . 45
3.3 Probabilidadede Erro de Bit Média . . . 50
3.3.1 SNIR porBit Média . . . 52
3.4 CasosParticulares . . . 53
3.4.1 Sistema CDMA sem arranjo de antenas na ERB em um canal com desvanecimento plano. . . 53
3.4.2 SistemaCDMA semarranjo de antenas naERB emum canalseletivo em freqüência . . . 54
3.4.3 SistemaCDMAcom umarranjodeantenasnaERBemum canalcom desvanecimento plano. . . 54
3.5 Resultados Numéricose Conclusões . . . 55
4 Enlace Direto 61 4.1 Modelo doSistema . . . 62
4.2 Modelo doReceptor . . . 65
4.3 Probabilidadede Erro de Bit Média . . . 70
4.3.1 SNIR porBit Média . . . 72
4.4 CasosParticulares . . . 73
4.4.1 Sistema CDMA sem arranjo de antenas na ERB em um canal com desvanecimento plano. . . 73
4.4.2 SistemaCDMA semarranjo de antenas naERB emum canalseletivo emfreqüência . . . 74
4.4.3 SistemaCDMAcom umarranjodeantenasnaERBemum canalcom desvanecimento plano. . . 74
4.5 Resultados Numéricose Conclusões . . . 76
5 Conclusão 83 5.1 ConsideraçõesFinais . . . 83
A Simulação Computacional 87
A.1 Modelo Básicode Simulação . . . 87
A.2 Simulador_ER . . . 88
A.3 Simulador_ED . . . 91
2.1 Exemplo de resposta a um impulso de um canal com múltiplos percursos
variantenotempo. . . 7
2.2 Canalseletivo emfreqüência modeladocomo uma linha de atrasos com deri-vações. . . 10
2.3 Modelo de um sistema de comunicações com espalhamentoespectral. . . 14
2.4 Espalhamento espectral do tipoDS. . . 15
2.5 Registradorde deslocamentode m-estágioscom realimentaçãolinear. . . 17
2.6 Modelo de enlace reverso de um sistema CDMA. . . 22
2.7 Diagramaesquemático de um receptor Rake. . . 24
2.8 Geometria de um arranjo linear uniforme de M antenas orientado ao longo doeixox. . . 31
2.9 Arranjolinear de antenas orientado ao longo do eixo x recebendo uma onda planada direção. . . 32
2.10 Sinaisincidentes emum arranjo de antenasconsiderando um canal com múl-tiplospercursos. . . 38
2.11 Modelode canalespaço-temporalentre ol-ésimo percursodok-ésimousuário eum arranjo linear de M antenas uniformementeespaçadas. . . 39
2.12 Modelo de um receptor Rake 2D. . . 41
3.1 Resultados teóricose de simulaçãoResultados teóricose de simulaçãopara o desempenho doenlace reverso de um sistemaCDMA assíncrono empregando umreceptorRake2D,emfunçãodonúmerodeusuários,paraG=16,M =3, L=2 eE b =N 0 =10 dB . . . 55
3.2 Probabilidadedeerrodebitmédia,emfunçãodocarregamento,paraE b =N 0 = 10 dB e parametrizada pelo número de percursos, considerando um arranjo linearuniforme de 3 antenas naERB. . . 56
considerandoum canal seletivocom 3percursos. . . 57
3.4 Probabilidade de erro de bit média em função da relação sinal-ruído,
para-metrizadapelonúmerode percursos epelocarregamentodosistema,
conside-randoum arranjo linearuniforme de 3 antenas naERB. . . 58
3.5 Probabilidadedeerrode bitmédia,emfunçãodarelaçãosinal-ruído,
parame-trizadapelonúmero de antenas e pelo carregamento, considerando um canal
seletivo com 3 percursos. . . 59
3.6 Probabilidade de erro de bit média, em função do carregamento,
parametri-zadapelonúmero de percursos e pelonúmerode antenas. . . 60
4.1 Modelo de canal para o l-ésimo percurso entre o arranjo de antenas na ERB
eo k-ésimousuário. . . 63
4.2 Resultadosteóricosede simulaçãoparaodesempenhodoenlacediretode um
sistema CDMA síncrono com um arranjo de antenas na ERB, em função do
númerode usuários,para G=16,M =3, L=2 e E
b =N
0
=10dB. . . 76
4.3 Probabilidadedeerrodebitmédia,emfunçãodocarregamento,paraE
b =N
0 =
10 dB e parametrizada pelo número de percursos, considerando um arranjo
linearuniforme de 3 antenas naERB. . . 77
4.4 ProbabilidadedeerrodebitmédiadoenlacediretodeumsistemaCDMA,em
função do carregamento, para E
b =N
0
= 10 dB e parametrizada pelo número
de antenas, considerandoum canal seletivo com L=3 percursos. . . 78
4.5 Probabilidade de erro de bit média, em função da relação sinal-ruído,
para-metrizadapelonúmerode percursos epelocarregamentodosistema,
conside-randoum arranjo linearuniforme de 3 antenas naERB. . . 79
4.6 Probabilidadedeerrode bitmédia,emfunçãodarelaçãosinal-ruído,
parame-trizadapelonúmero de antenas e pelo carregamento, considerando um canal
seletivo com L=3percursos. . . 80
4.7 Probabilidadedeerrodebitmédia,utilizando-seseqüênciasWalshou
seqüên-ciasaleatóriasemfunçãodocarregamento,paraM =3,L=2eE
b =N
0
=10dB. 81
A.1 Modelo básico de simulação. . . 87
A.2 Modelo doreceptor doSimulador_ER. . . 90
Abreviaturas
BPSK -Binary Phase Shift Keying
DOA - Direction-of-arrival (Direção de chegada)
DS/SS -Espalhamentoespectral por seqüênciadireta
ERB - Estação rádio base
ERM - Estaçãorádio móvel
CDMA - Code DivisionMultiple Access (Acesso múltiplopordivisão de códigos)
FDMA - Frequency Division Multiple Access (Acesso múltiplo pordivisão emfrequência)
FH/SS - Espalhamentoespectral por saltos emfreqüência
ISI - IntersymbolInterference (Interferência Intersimbólica)
Rake 2D - Receptor Rake bidimensional
SCM - Seqüência de comprimentomáximo
SIR - Relação sinal-interferência
SNR -Relação sinal-ruído
SNIR - Relaçãosinal-ruído-mais-interferência
SS - Spread Spectrum (Espalhamento Espectral)
L -Número de percursos resolvíveis
M -Número de antenas
K - Númerode usuáriosdo sistema
G - Ganho de processamento
K 1
G
- Carregamentodo sistema
W -Banda dosinal transmitido
T - Intervalo de duração de um símbolo
T
c
- Intervalode duração de um chip
E
b
-Energia média por bit
A
k
- Amplitudedo sinal dok-ésimo usuário
A -Amplitude dosinal transmitido quando ocontrole de potênciaé perfeito
b
k
-Seqüência de bits de informaçãodok-ésimo usuário
c
k
-Seqüência de espalhamentoespectral dok-ésimo usuário
k
- Atraso de transmissãodo sinal dok-ésimo usuário
k
-Fase inicialdo sinal dok-ésimo usuário
s
k
(t) - Envoltória complexado sinal dok-ésimo usuário
h
k (t;
l ;k
) - Resposta impulsivado canal dok-ésimousuário
l ;k
- Atenuação dol-ésimo percurso dok-ésimousuário
l ;k
- Fase do l-ésimo percurso dok-ésimo usuário
l ;k
- Atraso dol-ésimopercursodo k-ésimo usuário
n(t) - Ruído aditivogaussiano branco
' - Diferença de faseentre sinais recebidos emantenas adjacentes de um arranjo linear
- Ângulo de chegada
a() -Vetor de assinatura espacialna direção
P
b
- Probabilidadede erro condicionadaaodesvanecimento
p(
b
) - Função densidade de probabilidadeda variável
b
P
b
- Probabilidadede erro de bitmédia
E b =N 0 -Relação sinal-ruído b
- Relaçãosinal-ruído-mais-interferênciaporbit instantânea
b
- Relaçãosinal-ruído-mais-interferênciaporbit média
Notações
() - Operaçãode convolução
() T
- Operaçãode transposição de vetores
() H
- Operação Hermitiana(conjugado transposto)
jxj -Módulo de x x -Conjugado de x sen(x) - Seno de x cos(x) -Co-seno de x
Re(x) - Valorreal de x
E[x] ou x - Valoresperado de x
Var[x] - Variânciade x
Æ(t) - Distribuiçãode Dirac
Introdução
O sistema de acesso múltiplopor divisão de códigos (Code Division Multiple Access
-CDMA)éumatecnologiadigitalbaseadanatécnicadeespalhamentoespectraldossinais[1],
em quediversos usuáriosutilizamsimultaneamenteo mesmoespectrode freqüência, porém,
o sinal de informação de cada usuário é multiplicado por uma seqüência de espalhamento
única queo diferenciados demais[2].
Emum sistema CDMA, àmedidaque onúmero de usuáriosaumenta, ainterferência de
acessomúltiplotambémaumenta,oquedegrada odesempenho dosistema. Umatecnologia
quepodeserutilizadaparareduzirainterferênciadeacessomúltiploe,dessaforma,melhorar
o desempenho de sistemas CDMA é o arranjo de antenas [3], que consiste de um grupo de
antenas espacialmentedistribuídas de acordocom o padrão geométricodesejado.
Esta é a motivação deste trabalho, que propõe um estudo do desempenho de sistemas
CDMA utilizandoum arranjo de antenas operando em canal que sofre os efeitos do
desva-necimento por múltiplos percursos. Estes efeitos podem ser combatidosatravés de técnicas
de diversidade. Uma destas técnicas, é o receptor Rake que combina as versões do sinal
transmitidoproduzidaspelocanalcommúltiplospercursos paraobterganhodedesempenho.
No entanto, ao utilizarmos arranjo de antenas, a dimensão espacial é introduzida, sendo,
portanto,ocanalem questãodefinidocomoespaço-temporal. Neste caso, surgeumreceptor
bidimensional - o Rake 2D - que explora a diversidade espacial e temporal do sistema.
Em outras palavras, o receptor Rake 2D nada mais é que uma extensão do receptor Rake
convencional,ondeéincorporadoodomínioespacialatravésdousodeumarranjodeantenas
na recepção. Dentre as estruturas possíveis de arranjo de antenas, aquela utilizada neste
trabalhoé ade um arranjo linear uniforme.
Portanto, o principal objetivo deste trabalho é o de avaliar o desempenho dos enlaces
usan-do um arranjo linear de antenas na estação rádio base e uma antena omnidirecional na
estação rádio móvel. A análise de desempenho do sistema é desenvolvida com sinais BPSK
transmitidosatravésde um canalcom múltiplospercursos comdesvanecimentoRayleigh. O
desempenho dosistemaéanalisadosob diversas condições, onde parâmetroscomo arelação
sinal-ruído,carregamentodosistema,númerodeantenasenúmerodepercursossãovariados.
Os resultados obtidos mostram a melhorade desempenho quando um arranjo de antenas é
utilizado.
É importante salientar queas expressões analíticasobtidas neste trabalho, que
determi-nam aprobabilidadede erro de bitmédia,tantopara oenlace reverso quantopara odireto,
emfunção de vários parâmetros, aindanão existemna literatura.
Este trabalhoestá dividido nos seguintes capítulos:
O Capítulo 2 apresenta uma revisão dos principaisconceitos utilizados neste trabalho.
Inicialmente, faz-se uma breve descrição dos sistemas móveis celulares e docanal de
comu-nicação. Em seguida, é feita uma abordagem sobre o tipo de desvanecimento sofrido pelos
sinais e sobre as características do canal com múltiplos percursos. Além disso, é feita uma
breve introdução das técnicas de diversidade mais utilizadas. A partir destes conceitos, é
apresentado o modelo de canal com múltiplospercursos.
Ainda neste capítulofaz-se uma apresentação das principaiscaracterísticasdos sistemas
CDMA, como o espalhamento espectral, os diversos tipos de seqüências de espalhamento
utilizados e suas principais características de correlação. Mais adiante, são apresentados
os conceitos de sistemas CDMA assíncrono e síncrono. Para finalizar a abordagem sobre
sistemasCDMA, éapresentado oreceptor Rake e,apartirdomodelode canal adotado,são
determinadas asequações para a obtenção da probabilidadede erro de um sistema CDMA
utilizandoeste tipo de receptor.
Para concluirestecapítulo,são apresentados algunsconceitoseterminologiasobre
arran-joslineares de antenas,que são relevantes noentendimento destetrabalho, taiscomo: vetor
deassinaturaespacialeinterferênciamédianormalizada. Omodelodecanalespaço-temporal
tambémé discutido além de uma breve introdução doreceptor Rake 2D.
NoCapítulo3éavaliadoodesempenhodoenlacereverso deumsistemaCDMAusando
arranjolinear de antenasnaestaçãorádiobase emum canalseletivoemfreqüência,ouseja,
considerando naestação rádio base um receptor Rake 2D que combina sinais nos domínios
temporal e espacial. Nesta análise, deduzimos expressões analíticas para determinar o
de-sempenhoemtermosdaprobabilidadedeerrodebitmédiadosistemacombasenaobtenção
darelaçãosinal-ruído-mais-interferêncianarecepção. A formafechadadaexpressão da
sinal-ruído-mais-interferência do sistema em situações particulares que confirmam
resulta-dos já conhecidos. A expressão daprobabilidade de erro de bitmédia évalidadaatravés de
simulaçãocomputacional.
No Capítulo 4é avaliado odesempenhodo enlacediretode um sistemaCDMA usando
arranjo linear de antenas na estação rádio base para transmissão de sinais em um canal
seletivo em freqüência. Cada usuário é equipado com uma antena omnidirecional e um
receptor Rake convencional. Mesmo sabendo que no enlace direto de sistemas CDMA são
empregadas seqüências ortogonais, considera-se que as seqüências de espalhamento podem
ser ortogonais ou aleatórias. Devido às características do modelo de canal adotado, são
deduzidas expressões analíticas aproximadas para determinar o desempenho do sistema.
A expressão de probabilidade de erro de bit média é resolvida numericamente. Similar ao
desenvolvimentodoCapítulo3,sãoobtidasequaçõesquedeterminamarelação
sinal-ruído-mais-interferência do sistema para alguns casos particulares. Além disso, uma simulação
computacionalédesenvolvidaparaavaliareaomesmotempovalidaraexpressãoaproximada
de probabilidadede erro de bit média.
O Capítulo 5 trata das conclusões, comentários finais sobre os resultados obtidos e
Introdução Teórica
2.1 Sistema Móvel Celular
2.1.1 Introdução
Em um sistema celular, três elementos são fundamentais: as células, as estações rádio
base (ERBs) e as estações rádio móveis (ERMs). Uma célula é definida como sendo uma
região idealmente circular, cuja cobertura é feita por uma ERB que trabalha com antenas
omnidirecionaisou com antenas direcionais, se utilizadaa setorização dacélula. Dentro de
cada célula opera um determinado número de ERMs. Estas ERMs trabalham com antenas
omnidirecionais e transmitem e recebem informação da ERB através dos diversos canais
específicos de cada sistema (CDMA, TDMA, FDMA, etc). Outras células também podem
estar presentes no sistema e são denominadas células vizinhas, operando da mesma forma
com seus próprios usuários.
O enlace para transmissão de sinais da ERB para a ERM é denominado de direto
(forward link ou downlink). Para a transmissão no sentido contrário, ou seja, da ERM
para aERB, o enlace édenominado de reverso (reverse link ou uplink).
2.1.2 Interferência
Interferência é qualquer sinal indesejável que atinge um determinado receptor. Quando
esse sinal indesejável é proveniente dos usuários pertencentes à própria célula chamamos
de interferência interna e quando ela é proveniente de usuários oriundos de outras células
denominamos de interferência externa. No caso de interferência externa proveniente de
células queutilizam o mesmorecurso (freqüência, intervalode tempo, código) dacélula em
Veremos adiante que em um sistema CDMA todos os usuários de uma mesma célula
utilizamsimultaneamentea mesma banda de freqüência, o queresulta em uma nova forma
de interferência, denominadade interferência de múltiploacesso.
2.1.3 Setorização
Uma técnica muito comum empregada para aumentar a capacidade do sistema é a
se-torização [4]. A técnica de setorização consiste em dividir uma célula em setores através
dautilizaçãode antenas direcionais nas ERBs. Desta forma, o valormédio dainterferência
diminuicom onúmerode setores. Na prática ascélulas são divididas em 3 setoresde 120 Æ
.
2.1.4 Atividade de Voz
EmsistemasCDMA amonitoraçãodaatividadede vozémuito utilizadacom oobjetivo
de se diminuir a interferência e aumentar a capacidade do sistema [4]. Toda vez que um
usuárioentraem estado de silêncio,a transmissão écessada enenhuma informaçãoé
trans-mitida pelo canal, fazendo com que a interferência total sobre os demais usuários diminua.
Ao estado de silêncio éassociada a probabilidade1 e aoestado ativo, períodoemque o
usuárioestá falando, corresponde aprobabilidade. Oparâmetro é conhecido comofator
de atividade de voz. Neste trabalhovamos considerar que osusuários estão sempreativos.
2.2 Perdas no Canal
2.2.1 Perda de Percurso
Um modelo de propagação bastante simples, onde a perda de percurso cresce com uma
potência dadistânciaé dado por:
P R P T =D (2.1) onde P R é a potência recebida, P T
é a potência transmitida, D é a distânciaentre o
trans-missor e o receptor e é o expoente de perda de propagação [5]. Para ambientes externos,
oexpoente apresenta valores entre 3 e5. A propagação emespaço livreapresenta valores
2.2.2 Sombreamento
O sombreamentoé causado por grandesobstáculos entre o usuário e a ERB. Estas
obs-truções são em geral causadas por prédios, árvores, montanhas e até mesmo por grandes
veículos em movimento. A potência do sinal recebido diminui drasticamente e, em alguns
casos,háperdacompletadosinalporumcertoperíododetempo,quedependedasdimensões
do obstáculo. O sombreamento faz com que a potência do sinal recebido apresente uma
flutuação em torno do valor médio dado pela perda de percurso, sendo que esta flutuação
varia lentamente com o tempo e pouco com a distância. Medidas de campo [6] mostraram
queoefeitodosombreamentosobreapotênciamédiaem umdadopontopode sermodelado
por uma variável aleatória com distribuição log-normal com média de 0 dB e cujo desvio
padrãositua-se entre 4 e 12dB.
2.2.3 Desvanecimento em Canais com Múltiplos Percursos
t=t 0 t=t 0 + t=t 0 + t=t 1 t=t 1 + 11 t=t 1 + 12 t=t 2 t=t 2 + 21 t=t2+22 t=t 2 + 23 t=t 3 t=t 3 + 31 Sinal Transmitido Sinal Recebido
Fig.2.1: Exemplo de resposta a um impulso de um canal com múltiplos percursos variante no
tempo.
Em sistemas de comunicações móveis, além da propagação em linha de visada direta
(LOS), a propagação também ocorre devido à reflexão, difração e espalhamento do sinal
transmitido por diversos percursos do canal. Se um pulso estreito é transmitido em um
sequecaracterísticasdos pulsosrecebidos,como aamplitude,onúmero depulsos eoatraso
entre eles, também variam com otempo.
Vamos considerar que a diferença de tempo de chegada entre dois pulsos consecutivos é
dada por
l
. Considerando agora um sistema cujo intervalo de sinalização seja denotado
por T
s
, pode-se afirmar que os percursos onde
l T
s
não são resolvíveis pelo receptor
e portanto tendem a um único percurso. Então temos uma situação em que o canal é
representado porum único percursoresolvível. Caso contrário, haverá mais de um percurso
resolvívelno receptor.
Associado a cada percursoresolvível tem-se um atraso de propagaçãoe uma atenuação,
osquais variam notempoem conseqüência das mudanças na estrutura docanal.
O sinal recebido é uma combinação de réplicas não-resolvíveis do sinal transmitido que
chegam de diversas direções com diferentes atrasos, variações de amplitude e fase em
vir-tude dapropagaçãopormúltiplospercursos. Emdeterminadosinstantes talcombinaçãode
sinais é construtiva enquanto que em outros é destrutiva, de acordo com a relação de fase
dos sinais envolvidos. Quando a combinação é destrutiva, a amplitude do sinal recebido é
muito pequena oupraticamente nula. Por outro lado, quando a combinação é construtiva,
o sinal recebido apresenta maiores amplitudes. Este efeito do canal que causa variações de
amplitudedosinalrecebidoéconhecidocomodesvanecimento(fading). Ataxadevariação
daamplitudeedafasedosinalrecebido dependedafreqüênciadaportadoraedavelocidade
domóvel.
Quando oreceptor está forada linha de visada direta com sua respectiva estação
trans-missora,osinal recebido é constituídode componentes refletidasdosinal transmitido,entre
as quais não há uma componente dominante. Neste caso, a envoltória do sinal recebido é
modeladacomo um processo estocástico com amplitudes que têm distribuiçãodo tipo
Ray-leigh. Assim, este tipo de desvanecimento é conhecido como desvanecimento Rayleigh. No
caso em que houver linha de visada direta entre o transmissor e o receptor, a envoltória
do sinal recebido é uma função do tipo Rice. Neste trabalho vamos considerar apenas o
desvanecimento Rayleigh.
A função de densidade de probabilidade de uma variável aleatóriaR do tipoRayleighé
dada por: p R (r)= 2r exp r 2 ; r0 (2.2)
onde r é aenvoltória dosinal recebido e
2
2.3 Caracterização de Canais por Múltiplos Percursos
A propagação por múltiplos percursos causa uma dispersão temporal do sinal (Delay
Spread). Na Fig. 2.1 foi mostrado um pulso estreito transmitido em tempos diferentes,
em um canal que apresenta dispersão temporal gerada pelos múltiplos percursos. Devido
à estrutura do canal ser variante no tempo, no receptor são encontrados trens de pulsos,
com diferentes amplitudes e atrasos em cada um dos experimentos. A largura de banda
máximaemque hácorrelaçãoentre ossinaisé conhecidacomo bandade coerênciadocanal
[7]. Assim, dois sinais com separação em freqüência maior que a banda de coerência são
afetados diferentemente pelocanal.
Se a dispersão temporalfor muito maiorque um períodode símbolo,pode ocorrer
inter-ferência intersimbólica (ISI). Quanto maior a taxa de transmissão de um sistema, maior a
possibilidade de ISI nosistema devido àdispersão temporal.
DenotandoT
m
como otempomáximo de dispersão temporalde um canal, seu recíproco
corresponde aproximadamenteàbanda de coerênciado canal[8], dadapor:
(f) c ' 1 T m (2.4)
Para sinaisdelarguradebandamaiorqueabandadecoerência,ascomponentesdosinal
chegamaoreceptoratenuadasemfreqüênciasdiferentes, oquecaracterizaum canalseletivo
em freqüência. Neste caso, o sinal pode ser severamente distorcido pelo canal enfrentando
degradaçõesdiferentesparafreqüênciasdistintas. Poroutrolado,seabandadecoerênciafor
maiorqueabandadefreqüênciadosinaltransmitido,ocanaléchamadodecanalnão-seletivo
em freqüência ou plano, onde todas as componentes do sinal em diversas freqüências são
igualmenteafetadaspelocanal,de formaque osinalrecebido, muitoemboracom amplitude
diferente,possui essencialmentea mesma conformação espectral.
Odesvanecimentoéprovenientedasvariaçõesnaestruturadocanalemfunçãodotempo.
Estas variaçõessão responsáveis pelo aparecimento de um outro efeito que é denotado por
espalhamentoDoppler e queresulta noespalhamentodo sinal em uma bandade freqüência
B
d
. Umadas principaiscausas éa movimentação relativadousuárionacélula. Orecíproco
dabandadeespalhamentoDopplercorrespondeaointervalodetempodecoerênciadocanal,
que édenotado por:
(t) c ' 1 B d (2.5)
caracteriza o desvanecimento lento, o que implica em variações lentas de amplitude e fase
dos sinais, quando comparado com ointervalode símbolo.
Éimportanteobservarqueseletividadeemfreqüênciaedesvanecimentosãoconsiderados
dois tipos diferentes de perturbação. O primeiro depende da dispersão temporal causada
pormúltiplospercursosou, de maneiraequivalente, depende dabandadecoerênciadocanal
comparadaàbandade freqüênciadosinaltransmitido,definindoseocanaléounãoseletivo
em freqüência. O desvanecimento, por outro lado, depende da variação das características
do canal em função do tempo, ou seja, do intervalo de tempo de coerência do canal ou da
banda de espalhamentoDoppler, podendoser caracterizadocomo lentoou rápido.
Para um canal com desvanecimento do tipo lento,onde o deslocamento dafase do sinal
recebidovarialentamenteepodeserestimadasemerro,épossívelrealizardetecçãocoerente,
melhorandoa qualidade eo desempenho dosistema.
2.4 Modelo de Canal com Múltiplos Percursos
h 1 (t) h 2 (t) h 3 (t) h L (t) P 1 2 3 L
Fig.2.2: Canal seletivoem freqüência modeladocomo umalinhade atrasos comderivações.
Ocanalseletivoemfreqüênciaéusualmentemodeladocomo umalinhade Latrasoscom
derivações(tapped delay line),conformeilustraaFig.2.2, ondeL éonúmerode percursos
resolvíveis. Os coeficientes de derivação fh
l
(t)g caracterizam o desvanecimento de cada
percurso.
h(t; l ) = L X l =1 h l (t)Æ(t l ) = L X l =1 l (t)e j l ( t) Æ(t l ) (2.6) onde l (t), l (t) e l
representam a atenuação,a fase eo atraso dol-ésimo percurso.
Em geral, fh
l
(t) g são processos aleatórios gaussianos complexos de média nula. Assim,
jh
l
(t) j
l
(t) são variáveis aleatórias independentes e identicamente distribuídas (i.i.d)
do tipo Rayleigh e as fases
l
(t) são variáveis aleatórias independentes e uniformemente
distribuídas nointervalode [0;2].
2.5 Técnicas de Diversidade
Quando um canal sofre um desvanecimento profundo ocorre degradação do sinal
trans-mitido e, conseqüentemente, erros na recepção do sinal. Este efeitodo desvanecimento por
múltiplospercursos pode ser combatidousandouma técnicade recepção quepermitacaptar
aenergia dos múltiplos percursos. Esta técnicaé conhecida como diversidade.
A diversidade é mais eficientequando o desvanecimento que ataca osdiversos percursos
for independente entre eles. Desta forma, se transmitirmos a mesma informação em dois
ou mais canais independentes, é de se esperar que a probabilidade desta informação ser
atacadaporum desvanecimento profundo,ocorrendo em todos os canais ao mesmo tempo,
seja pequena. Assim, se p éa probabilidadede que aamplitude do sinal caia abaixo de um
certo limiar,então p L
éa probabilidadede quea amplitude de todos ossinais também caia
abaixo domesmo limiar,onde L é onúmerode canais independentes.
Então, umesquema dediversidadepode servistocomouma formade redundância, onde
réplicasdosinal de informaçãosão transmitidassimultaneamenteem canais independentes.
Na recepção, as cópias do sinal são combinadas convenientemente, de forma que os efeitos
dodesvanecimento são minimizados.
As técnicas de diversidade mais utilizadassão:
Diversidade em Freqüência
A separação emfreqüência entre oscanais, para que os mesmossejam independentes,
cientementeumasdasoutras,paraobterversõesdosinalatacadaspelodesvanecimento
de formaindependente.
Diversidade Temporal
O mesmo sinal de informação é transmitido em intervalos de tempo diferentes, com
separação entre osinstantes de transmissão maior que o tempo de coerência do canal
para que oscanais sejamindependentes. A diversidade temporalpode ser comparada
aouso de códigos de repetição para correção de erros.
Diversidade Espacial
Emprega-se um arranjo de múltiplas antenas transmissoras ou receptoras, com
sepa-ração entre antenas adjacentes maior que alguns comprimentos de onda para que os
canais sejamindependentes, de formaque sejamobtidas cópias descorrelacionadasdo
mesmosinal.
Dado que é possível estabelecer L canais com desvanecimento independente com uma
destas técnicas, podemos usar um métodode combinaçãoenvolvendoL receptores
indepen-dentes. Vejamos osmétodos de combinação mais conhecidos:
Combinação porseleção
SomenteumdosLsinaisdeentradaéusadoporinstantedetempo,sendoqueestesinal
éselecionado segundo algum critériopré-estabelecido,como porexemplo, selecionar o
sinal de maior potência:
r =máximofr 1 ;r 2 ; ;r L g
onderéosinalresultantedométododecombinaçãoer
i
sãoossinaisde entrada,onde
i=1; ;L. Astécnicas pertencentes aeste gruposão acombinaçãoporseleçãopura
ecombinaçãoporseleção porlimiar.
Combinação poradição
Osinal resultante éuma combinação lineardos sinais recebidos, ouseja,
r= L X i=1 i r i onde i
Na combinação por razão máxima, os pesos são proporcionais à estimação do
desva-necimento de cada canal e na combinação por ganhos iguais, como o próprio nome
sugere,os pesos são unitários.
2.6 Espalhamento Espectral
A técnica de espalhamento espectral (em inglês Spread Spectrum ou SS) foi
original-mentedesenvolvidaemmeadosdoséculoXXcomobjetivosmilitares,visandoprincipalmente
resistência às interferências propositais (jamming)e a garantia de privacidade nas
trans-missõesde mensagens possivelmente interceptadas porouvintes indesejáveis[9].
Maisrecentementeesta técnicacomeçoua ser utilizadacomercialmente,onde
caracterís-ticascomoobomdesempenhoemcanaiscom desvanecimentoemúltiploacessosãotambém
importantes.
A técnica de espalhamento espectral de sinais digitais apresenta duas características
importantes [10]:
Abandaespectraldosinaltransmitidoémuitomaiorquealarguraespectralda
seqüên-ciadeinformação,ouseja,umaexpansãodabandadosinalérealizadapropositalmente
notransmissor;
Este espalhamentoespectral dosinalé realizadoatravésdouso de seqüências de
espa-lhamento, que são independentes da seqüência de informação. A mesma seqüência é
utilizadatanto notransmissorquantono receptor, sendoeste responsávelpela
contra-ção espectral erecuperaçãoda seqüênciade informaçãoenviada.
Existem diversas maneiras de se implementar um sistema de espalhamento espectral,
sendo queem todas elas é semprenecessário [2]:
Espalhamento dosinal por meio de seqüências;
A Fig. 2.3 mostra o modelo de um sistema de comunicações com espalhamento espectral.
Primeiramente, osinal de informaçãoembandabaseé espalhado,fazendo com queabanda
de transmissãosejamuitomaiorque abandadosinal original. Aseguir, osinalespalhado é
moduladoe,porfim,transmitidopelocanaldecomunicação. Osinalrecebidoédemodulado
para obtenção do sinal em banda base, que é contraído para recuperação do sinal original.
A contraçãoespectral é realizadade acordo com atécnica de espalhamento utilizada.
Recuperado
Sinal de
Informação
Modulador
Canal
Demodulador
Sinal
Espectral
Espalhador
Contrator
Espectral
Fig.2.3: Modelode umsistemade comunicaçõescomespalhamento espectral.
Oprocessodemodulaçãoéindependentedaseqüência,porestemotivo,atécnicade
espa-lhamentoespectralpodeser associadaadiversosmétodosde modulação,comoporexemplo:
BPSK,QPSK, MSK, etc.
As técnicas de espalhamento espectral mais comuns são a de saltos em freqüência (em
inglês, frequency hopping ou FH)e a de seqüência direta (em inglês, direct sequence ou
DS).
Emum sistema com espalhamentoespectralporsaltos em freqüência(FH/SS), abanda
do canal é dividida em um grande número de pequenas faixas de freqüências. O sinal
transmitidoocupauma destas sub-faixas durante um intervalode transmissão T. A seleção
de tais faixas a cada intervalode tempo T segue um padrão ditado pelaseqüência de
espa-lhamento.
Emumsistemadecomunicaçãocomespalhamentoespectralporseqüênciadireta(DS/SS),
a seqüência de bits de informação b(t) é multiplicada diretamente pela seqüência de
espa-lhamento c(t) , como ilustrado na Fig. 2.4, considerando sinais em banda base. Sendo a
seqüênciadebits deinformaçãoumsinalde bandaestreitaB easeqüênciadeespalhamento
um sinal de banda larga W, o sinal resultante deste processo terá um espectro com banda
igual a dosinal de banda larga c(t). Destaforma, a seqüência de espalhamento realizasua
função de espalhar o espectro do sinal de informação. Para este processo funcionar,ambas
as seqüências são bipolares, ou seja, possuem dois níveis iguais em amplitude e opostos em
polaridade (+1,-1). A contração espectral é realizada através da multiplicação (correlação)
0
0
-1
0
+1
+1
+1
-1
-1
Seqüência de Informação b(t) Seqüência de Espalhamentoc(t) Seqüência Espalhada t t t T T c T =GT cFig.2.4: Espalhamento espectraldo tipo DS.
Em síntese, a utilização de uma seqüência de espalhamento torna o sinal transmitido
em um sinal de banda larga e com baixa densidade espectral de potência. São estas
ca-racterísticas que garantem a esta técnica uma grande imunidade à interferência e tornam
suas transmissões de difícil interceptação por parte dos receptores que não conheçam a
seqüência de espalhamento utilizada. Por outro lado, tais sistemas apresentam uma maior
complexidade erequerem uma amplafaixa do espectropara sua transmissão.
Neste trabalhotem-separticular interessenatécnicaDS/SS, ondeuma seqüênciadigital
éespalhada utilizando-se uma seqüência específica para cada usuário.
Comomostrado naFig.2.4, amultiplicaçãode cada bitde informaçãopelaseqüênciade
espalhamento resulta na divisão deste bit em partes menores, denominadas de chips. O
intervalode duração de um bitde informaçãoé denotado porT eo intervalode duração de
cada chip é T
c
. Tipicamente, a taxa de chips é muito maior que a taxa de bits do sinal de
informação,de tal formaquea bandado sinal resultantedoespalhamento étambém muito
maior. A razão entre ointervalode bitde informaçãodosinal eo intervalode chip define o
ganhode processamentoGdosistema. Oganhode processamentotambémédefinido como
arazão entre abanda dosinal espalhado pelabanda dosinal original,assim:
G= T T = W R (2.7)
onde W éa banda dosinal espalhado e R
b
é ataxa de bits do sinal transmitido.
2.7 Seqüências de Espalhamento
Odesempenhode umsistemabaseado natécnicadeespalhamentoespectralestá
relacio-nado, entre outros fatores, àscaracterísticas daseqüência de espalhamentoutilizada.
Nesta seção, são definidas as funções de autocorrelação e de correlação cruzada para
seqüências periódicas. Emseguida,apresentamos aconstruçãodealgumasseqüências esuas
propriedadesde correlação.
A função de autocorrelação é ograu de distinção entre uma seqüência x(t) e elamesma
para diferentesdeslocamentos e éexpressa por:
x;x ()= Z 0 x(t)x(t+)dt (2.8) onde 0 <T.
A função de correlação cruzada determina o grau de distinção entre duas seqüências
diferentesx(t) e y(t) de períodoT, em funçãodo deslocamento, eé dada por:
x;y ()= Z 0 x(t)y(t+)dt (2.9)
onde 0 < T. Quando a correlação cruzada entre duas seqüências de espalhamento é
nula, diz-se que asseqüências são ortogonais.
Emparte devido à relativa simplicidadede geração, as seqüências aqui consideradassão
formadas por uma série de pulsos de duração finita e amplitude fixa. Como as seqüências
têm períodoT, então T deve ser múltiplode T
c
. Portanto,o comprimentodas seqüências é
dado peloganho de processamento G= T
Tc .
Em geral, as seqüências de espalhamentosão bipolares ou antipodais onde a amplitude
dos pulsos assume apenas osvaloresde f 1;1g.
Um caso particular de (2:8) e (2:9) é o dafunção discretade autocorrelação periódica e
dafunção discreta de correlação cruzada periódica,expressas respectivamente por:
R x;x (j) = G 1 X i=0 x i x i+j (2.10) R x;y (j) = G 1 X x i y i+j (2.11)
onde j éum número inteiro.
2.7.1 Seqüências de Comprimento Máximo
Seqüências de comprimento máximo (SCM) trata-se do tipo de seqüências de
espalha-mento mais conhecido, pois em alguns casos estão direta ou indiretamente envolvidas no
processo de obtenção de outrostiposde seqüências.
As propriedades de autocorrelação das SCMs em muito se assemelham às propriedades
de uma seqüênciapuramente aleatória[11]. Esta éa razãodestas seqüências tambémserem
conhecidas como Seqüências PN (Pseudo-Noise ouPseudo Aleatórias).
As SCMs não apresentam características tão boas de correlação cruzada quanto de
au-tocorrelação. Por outro lado, a obtenção deste tipo de seqüência é bastante simples, o que
torna atraentesua utilizaçãoem sistemaspráticos.
Estas seqüências podem ser geradas através de um circuito de registradores de
desloca-mentodem-estágioscomrealimentaçãolinearcomomostradonaFig.2.5. Searealimentação
forespecificadaporum polinômioprimitivodegrau m,entãoaseqüênciageradaéperiódica
decomprimentomáximoG=2 m
1bits. Considerando umaseqüênciainicialnão-nula[12],
cada períododa seqüênciapossui 2 m 1 1 zeros e 2 m 1 uns.
+
2
1
3
m
Saída
m-1
m estágios
Fig.2.5: Registrador de deslocamento de m-estágios comrealimentação linear.
Por polinômio primitivo, entende-se aquele que é irredutível e, além disso, não divide
nenhum polinômiodo tipo x p
+1,com p<2 m
. Um polinômio de grau m é dito irredutível
quando não for divisível pornenhum polinômio de grau menor quem.
Uma característica importante de uma SCM é a sua função discreta de autocorrelação
periódica, com apenas dois valores, dada por:
R x;x (j)= ( G j =0 (2.12)
Uma seqüência de espalhamento ideal deveria possuir função de autocorrelação que
re-sultasse em R
x;x
(0) = G e R
x;x
(j) =0 para 1 j G 1. Quando as SCMs são longas
(Ggrande ), o valor relativo de pico de correlação cruzada,
Rx;x( j)
Rx;x(0)
= 1=G, tende a zero,
sendo, portanto, do ponto de vista prático, uma seqüência com propriedades de
autocorre-lação ideais.
Emalgumas aplicações, como éocaso de sistemasCDMA, acorrelação cruzada é ainda
mais importante. Idealmente, as seqüências dos usuários deveriam ser ortogonais entre si,
entretanto, exibem na prática alguma correlação cruzada. Embora seja possível selecionar
um conjunto de SCMs que apresentem valores desprezíveisde correlaçãocruzada, o número
de seqüências neste conjunto é muito pequeno para aplicações como sistemas CDMA, em
que cadausuário utiliza uma seqüênciadiferente.
A partir das SCMs é possível gerar outros tipos de seqüências de espalhamento com
melhorespropriedadesdecorrelaçãocruzadaemaiornúmerodeseqüênciasintegrantes,sendo
portantomais adequadas asistemas CDMA.
2.7.2 Seqüências Gold
Gold e Kasami provaram que certos pares de SCMs de comprimentoG = 2 m
1
apre-sentam melhores propriedades de função de correlação cruzada periódica com apenas três
valores f 1; t(m);t(m) 2g,onde: t(m)= ( 2 (m+1) =2 +1 seméímpar 2 (m+2) =2 +1 semépar (2.13)
UmpardeSCMsqueapresentamcorrelaçãocruzadacomvaloresf 1; t(m);t(m) 2g
são chamadas de seqüências preferidas.
Dadoumpardeseqüênciaspreferidasaeb,podemosconstruirumconjuntodeseqüências
de comprimento G fazendo a soma módulo-2 de a com as G versões cíclicas de b ou
vice-versa. Assim, incluindo as duas seqüências originais teremos um total de G+2 seqüências
com osmesmos valores de correlação cruzada. As seqüências construídas desta maneirasão
conhecidas porSeqüências Gold.
EmrelaçãoàsSCMs,asseqüênciasGoldapresentammelhorespropriedadesdecorrelação
2.7.3 Seqüências Puramente Aleatórias
Uma seqüência bipolarpuramente aleatória de comprimento G é aquela onde cada
ele-mento tem probabilidade 1/2 de ser +1 e 1/2 de ser -1. Dessa forma, como cada chip
permitedois valores possíveis, existem 2 G
seqüências diferentes. Trata-sedocaso mais geral
de seqüências bipolares,sendo todos os demaistipos de seqüências casos particulares desta.
Asfunçõesde autocorrelação ede correlaçãocruzada deseqüências puramentealeatórias
permitem, em módulo, todos os valores entre 0 e G, entretanto, o valor quadrático médio
dacorrelação cruzada é parecido com o das SCMs. Por outro lado,porsua fácil construção
e por terem propriedades de correlação bem conhecidas, têm sido bastante utilizadas nas
análisesde desempenho de sistemas CDMA.
As propriedades de correlação das seqüências puramente aleatóriassão dadas por[13]:
E[ x;y ()]=0 E[ 2 x;y ()]= ( 1 G
para sistemas síncronos
2
3G
para sistemas assíncronos
(2.14)
onde o operador E[x] representa o valor esperado da variável aleatória x. O conceito de
sistemassíncronos eassíncronos será visto mais adiante.
2.7.4 Seqüências Walsh
Seqüências Walsh de comprimento N podem ser obtidas a partir de uma matriz de
Hadamard H
N
, onde N é sempre uma potência de 2. Uma matriz de Hadamard pode ser
geradaatravésdo seguinte procedimentorecursivo para N 2:
H N = " H N =2 H N =2 H N =2 H N =2 # (2.15) onde H 1 =[ 1] H 1 =[1]
H 2 = " 1 1 1 1 # ; H 4 = 2 6 6 6 6 4 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 3 7 7 7 7 5 ; etc.
e assim sucessivamente. As seqüências Walsh se constituem de todas as linhas da matriz
H
N
. Através deste procedimentopodemosobter N seqüências Walsh de comprimento N.
Observe que as linhas destas matrizes são sempre ortogonais duas a duas, ou seja,
R
x;y
(0) = 0 para quaisquer linhas x 6= y. Desta forma, são seqüências ideais quando se
trabalhacom sistemas quepossuamsincronismo de bit, comono caso de enlaces diretos.
Para sistemassemgarantiade sincronismo,osvaloresrelativosde correlaçãocruzadasão
muitoaltoseodesempenhodasseqüênciasWalshtorna-sepéssimo. Algumasseqüênciassão,
inclusive,versõesdeslocadasdeoutrasdemesmocomprimento. Portanto,sãocompletamente
inadequadas para sistemas CDMA sem garantia de sincronismo de bit, como no caso de
enlacesreversos.
O padrão IS-95 emprega 64 seqüências Walsh no enlace direto, onde o sincronismo é
mantido durantea transmissão, já quea ERB é a originadorade todos os sinais.
2.8 Sistemas CDMA
O sistema CDMA foi desenvolvido pela Qualcomm, Inc e padronizadopelaTIA (T
ele-communicationsIndustry Association)comopadrãoIS-95etornou-se operacionalem1993.
O sistema CDMA é uma tecnologia digital baseada na técnica de espalhamento espectral
dos sinais. Vimosque a principal característica desta técnica é a banda de transmissão ser
muito maior quea banda dosinal original.
Neste sistema, diversos usuários podem utilizar simultaneamente o mesmo espectro de
freqüência, porém, o sinal de informaçãode cada usuário émultiplicadopor uma seqüência
deespalhamentoúnicaqueodiferenciadosdemais. Veremosmaisadiantequeasseqüências
escolhidas para identificarcada usuáriodevem apresentarbaixa correlação cruzada.
A correlação cruzada é a medida de ortogonalidade entre dois usuários do sistema. Se
as seqüências dos usuários forem ortogonais, de forma a anular a correlação cruzada, a
interferência de acesso múltiplo desaparece, restando apenas o ruído aditivo. Neste caso, o
desempenho dosistemaédeterminado pelonível de potênciadosinal recebido emrelaçãoà
potência doruído.
usuáriodesejado,masqueapresentem baixascorrelaçõescruzadas,odesempenhodosistema
dependerábasicamentedonívelde potênciadosinalrecebidoemrelaçãoaoníveldepotência
dos demais usuários.
A interferência dos outros usuários pode se tornar excessiva se os níveis de potência
dos sinais destes usuáriosforemsuficientemente grandesem relaçãoaonívelde potênciado
usuário desejado. Este problema chamado de near-far (efeito próximo versus distante)
em sistemas de acesso múltiplo acontece no enlace reverso, onde a potência recebida dos
usuáriospróximosàERBtorna-semaiorqueadosusuáriosdistantes. Istopodeserresolvido
aplicando um algoritmode controle de potência para que os sinais de todos usuários sejam
recebidos com a mesmapotênciamédia naERB [14].
Portanto, a seleção de seqüências com boas características de correlação cruzada e um
controle de potência são fundamentaispara o bomdesempenho de um sistema CDMA.
O sistema CDMA é dito síncrono quando as seqüências dos usuários são perfeitamente
alinhadas bit a bit. Caso contrário, o sistema é assíncrono. O sistema CDMA síncrono é
possível apenas no enlace direto, onde a ERB pode sincronizar a transmissão dos sinais de
todos osusuários dacélula. Poroutrolado, noenlace reverso o sistemaé assíncrono,já que
não é possível garantir osincronismo entre os sinais transmitidospelos diversos usuários.
2.8.1 Modelo de um Sistema CDMA
UmmodelodeumsistemaCDMAcomumtotaldeK usuáriosestáilustradonaFig.2.6.
Neste modelo, b k (t), c k (t) e k
são, respectivamente, a seqüência de bits de informação, a
seqüênciade espalhamentoeo atrasorelativodok-ésimousuáriono canal. Este é omodelo
para o enlace reverso de um sistema CDMA, ouseja, é um sistema assíncrono. No caso do
enlace diretoo sistemaserá síncrono, istoé,
k
=0para todo equalquer usuário.
Cada usuário transmite um sinal s
k
(t) formado pelaseqüência de informaçãob
k
(t)
mul-tiplicadaporsua seqüênciade espalhamentoc
k
(t)emoduladoconvenientemente. Considere
que o sinal é moduladopor uma constelação BPSK. Assim, a envoltória complexa do sinal
transmitidopelok-ésimo usuárioserá dada por:
s k (t)=A k b k (t k )c k (t k )e j k (2.16) onde A k e k
representam a amplitude do sinal transmitido e a fase inicial de transmissão
dok-ésimo usuário, respectivamente. Vamos assumir sem perda de generalidade que a fase
k
+
Receptor
da ERB
Modulador
Modulador
Modulador
desvanecimento
Rayleigh
Canal seletivo com
BPSK
BPSK
BPSK
Ruído
Aditivo
n(t)
r(t)
A 1 b 1 (t) A k b k (t) A K b K (t) c 1 (t) c k (t) c K (t) s 1 (t) s k (t) s K (t) 1 k K PFig. 2.6: Modelode enlace reverso deum sistemaCDMA.
Considere que o controle de potência realizado pela ERB seja perfeito, onde os sinais
dos diversos usuários chegam ao receptor com a mesma potência. Neste caso, temos que
A 1 =A 2 ==A K =A.
Os sinais são transmitidos pelo mesmo canal rádio móvel que apresenta múltiplos
per-cursos edesvanecimento Rayleigh. Desta forma,osinal recebido r(t) é dadopor:
r(t)= K X k=1 h k (t; l ;k )s k (t)+n(t)
onde () representa a operação de convolução, K é o número de usuários, n(t) é um ruído
gaussiano brancoaditivode médianulaedensidade espectralde potência2N
0 eh k (t; l ;k )é
a resposta impulsivado canal dok-ésimo usuário,dada por(2:6). Considere que os atrasos
dos percursos são múltiplos inteiros dointervalode um chip T
c , ouseja, l ;k =lT c .
Aplicando-seemr(t)apropriedadedistributivadoprodutodeconvoluçãoeapropriedade
daconvolução com o impulso,obtemos:
r(t)= K X k=1 L X l =1 l ;k (t)e j l;k (t) s k (t lT c )+n(t) (2.17)
Assuma queo canal apresenta desvanecimento lento, de forma que aatenuação e a fase
decadapercursosejamconsideradasconstantesduranteumintervalode umsímbolo. Assim,
l ;k (t)e j l;k (t) = l ;k e j l;k .
r(t)= K X k=1 L X l =1 A l ;k e j l;k b k (t k lT c )c k (t k lT c )+n(t) (2.18) 2.8.2 Receptor Rake
Um aspecto interessante que deve ser levado em consideração é a utilização proposital
de um sinal cuja banda seja muito maior que a banda de coerência do canal. Neste caso,
o canal é seletivo em freqüência e a ordem da diversidade que se consegue obter é igual ao
número de caminhos resolvíveis. A resolução temporal é aproximadamente igual a 1=W,
ondeW =1=T
c
é abandadosinal transmitidoemsistemasCDMA. Considere queo tempo
máximodeespalhamentotemporaldocanalsejadadoporT
m ' 1 (f) c ,onde(f) c éabanda de coerência do canal. Em T m segundos teremos T m
W percursos resolvíveis e portanto a
diversidade conseguida é igual a L = W
(f)
c
. No caso específicode um canal seletivo, diz-se
que Lé a diversidade implícita docanal.
O artifício de transmitir um sinal de banda maior que a banda de coerência do canal,
permite explorar a diversidade implícita do canal, já que podem ser recebidas várias
com-ponentes do sinal transmitido independentes entre si com degradações diferentes. Nesta
situação, pode-seutilizar um receptor ótimo quefoi inventado porPrice e Green[15], e que
édenominadode receptorRake(RakeReceiver). Oreceptor Rakeprocurasebeneficiarda
diversidade do canalusandométodos de correlação para detectar ascomponentes dosinal e
combiná-lasconstrutivamente, no intuito de melhorara relação sinal-ruídodosistema.
AFig.2.7ilustraaidéiabásicadeumreceptorRake,queconsistedeumalinhadeatrasos
comderivações, chamadas braçosouramos,poronde passaaseqüência deespalhamentodo
usuário desejado. Os atrasos de recepção dos percursos são múltiplos inteiros do intervalo
de um chip T
c
. Cada ramo é ponderado pelo peso estimado do canal h l (t) = l ;j e j l;j ,
onde l = 1,, L e j é o usuário desejado. O sinal recebido r(t) é multiplicado pelo peso
de cada ramoetambém pelaseqüência de espalhamentodeslocada notempo,paradetectar
separadamenteossinaisquesepropagampelosLpercursosresolvíveis. Emseguida,ossinais
de saída dos ramossão somados, integrados e amostrados para formar avariável de decisão
R ()dt h 1 (t) h 2 (t) h L (t) r(t) r(t s ) P T c T c T c t s c j (t j )
Fig.2.7: Diagrama esquemático deumreceptorRake.
Se os pesos dos ramos são casados com a resposta do canal, ou seja, atenuação e fase
perfeitamente estimados, temos um receptor Rake equivalente a um combinador de razão
máximaparasistemascomdiversidadedeordemL. Nestetipodecombinador,ossinaisdosL
braçosdoreceptor sãosomadosdeformaponderada. Oefeitodemultiplicarosinalrecebido
peloganhoconjugadodocanal h
l
(t),écompensarodeslocamentodefaseeponderarosinal
por um fator que é proporcional à relação sinal-ruído daquele ramo de diversidade. Então,
sinais mais fortes carregam maior peso que sinais mais fracos, de forma que ao se fazer a
combinaçãodos sinais, osramoscom maioramplitude são privilegiadosese obtémum sinal
com melhor relação sinal-ruído. De fato, o receptor Rake tenta coletar a energia dos sinais
geradospelos diversos percursos e quecarregam a mesma informação.
2.8.3 Desempenho do Receptor Rake em Sistemas CDMA
Vamos determinar a probabilidade de erro de bit do enlace reverso do sistema CDMA
apresentadonaFig.2.6,considerandoumcanalcomdesvanecimentopormúltiplospercursos.
Neste caso, paraexplorara diversidade implícitadocanal,aestrutura de recepção utilizada
éa do receptor Rake ilustradonaFig. 2.7.
Assuma que o sinal do usuário 1 é o sinal de interesse e que b
1
=1 é o bit transmitido
no intervalo 0 t T. O sinal recebido r(t) é dado por (2:18). A variável de decisão na
saída doreceptor Rake éescrita como:
r(t s )=Re ( L X Z T+ 1 +nT c 1 +nTc n;1 e j n;1 c 1 (t 1 nT c )r(t)dt ) (2.19)
onde t s = T + 1 +LT c
é o tempo de amostragem do filtro. Sem perda de generalidade,
o atraso relativo ao usuário 1 é considerado nulo, ou seja,
1
= 0. Os atrasos dos demais
usuários são relativos ao usuário 1 e podem ser modelados como pertencentes ao intervalo
0
k
T. Assim, substituindo (2:18) em(2:19), temosque:
r(t s )=Re ( L X n=1 n;1 K X k=1 L X l =1 A l ;k e j( l;k n;1 ) I k;l ;n ) +N(t s ) (2.20) onde N(t s )=Re ( L X n=1 n;1 e j n;1 Z T+nT c nT c n(t)c 1 (t nT c )dt ) (2.21) e I k;l ;n = Z T+nT c nT c b k (t k lT c )c k (t k lT c )c 1 (t nT c )dt (2.22)
A variável de decisãoem (2:20) pode ser escrita como:
r(t s )=S 1 (t s )+g 1 (t s )+g 2 (t s )+N(t s ) (2.23)
onde o primeiro termo, correspondente ao usuário 1 e ao casamento das n componentes
resolvíveisdo sinal com os l ramos doreceptor Rake,é dado por:
S 1 = L X n=1 2 n;1 AI 1;n;n (2.24) onde I 1;n;n = Z T+nT c nTc c 2 1 (t nT c )dt = T (2.25) Assim, S 1 =AT L X n=1 2 n;1 (2.26)
O termo acima representa ovalormédio do sinal dousuário 1 condicionado ao
conheci-mento de L P 2 n;1 .
O segundo termo g
1 (t
s
), que corresponde a k = 1 e l 6= n e representa a interferência
geradapelos múltiplospercursos do própriousuário 1,é dado por:
g 1 (t s )=A L X n=1 n;1 L X l =1 l 6=n l ;1 I 1;l ;n cos( l ;1 n;1 ) Oterceiro termog 2 (t s
), correspondente ak 6=1, representa asoma das interferências de
múltiplospercursos queosoutros K 1usuáriosproduzem narecepção dosinal dousuário
1. Este termoéconhecidocomo interferênciade acesso múltiploepodemos escrevê-locomo:
g 2 (t s )=A K X k=2 L X n=1 n;1 L X l =1 l ;k I k;l ;n cos( l ;k n;1 ) O últimotermo N(t s
)representa acomponente doruído na variávelde decisão.
Desde queosdesvanecimentosqueatacamospercursos decada usuáriosão considerados
independentes, os termos g 1 (t s ) e g 2 (t s
) representam um somatório de variáveis aleatórias
independentes, cujasrespectivasmédias e variânciasvamos determinar a partirde agora.
Vamos supor que as seqüências de espalhamento espectral sejam seqüências aleatórias
bináriase independentes de média nula e queo formato de pulso de chip seja retangular, o
que implicaem [13]: E[ I k;l ;n ]=0 (2.27) E I 2 k;l ;n = ( T 2 G k=1; l6=n 2T 2 3G k 6=1; 8l (2.28)
A condição em que k = 1 e l = n não está englobada nas proposições acima porque,
conformevimos em (2:25), otermo I
1;n;n
é determinístico.
Aplicando-se (2:27), constata-se facilmente que g
1 (t s ) e g 2 (t s
) têm média nula. A
va-riânciade g 1 (t s ) édada por: 2 g1 =A 2 L X n=1 2 n;1 L X l =1 l 6=n E 2 l ;1 E I 2 1;l ;n E cos 2 ( l ;1 n;1 )
Osdesvanecimentosassociadosaos múltiplospercursos de cadausuáriosão considerados
independentes eidenticamentesdistribuídos,oqueimplicaemE 2 l ;k =E[ 2 ]. Alémdisso, E[cos 2 ( l ;1 n;1 )] = 1=2, dado que l ;1 n;1
é uma variável aleatória uniformemente
distribuída de [0;2]. Portanto, substituindo(2:28) em 2
g1
2 g 1 = A 2 T 2G (L 1)E 2 L X n=1 2 n;1 (2.29) A variância de g 2 (t s ) é dada por: 2 g2 =A 2 L X n=1 2 n;1 K X k=1 k6=1 L X l =1 E 2 l ;k E I 2 k;l ;n E cos 2 ( l ;k n;1 ) Para determinar 2 g2
valem as mesmasconsideraçõesfeitas para obter 2 g1 . Assim, 2 g 2 = A 2 T 3G (K 1)LE 2 L X n=1 2 n;1 (2.30)
Acomponentedoruídonavariáveldedecisãoéumavariávelaleatóriagaussianademédia
nulae variância dada por:
2 n =N 0 T L X n=1 2 n;1 (2.31)
Vamos usar a aproximação gaussiana para determinar o desempenho do sistema. Desta
forma, a variável de decisão r(t
s
) pode ser modelada por uma variável aleatória gaussiana
condicionadaaos pesos dos ramos do receptor f
n;1
g. Esta variávelde decisão tem média e
variânciadadas, respectivamente, por:
S 1 (t s )=AT L X n=1 2 n;1 (2.32) e 2 r = 2 g 1 + 2 g 2 + 2 n = A 2 T 2G (L 1)E 2 L X n=1 2 n;1 + A 2 T 3G (K 1)LE 2 L X n=1 2 n;1 +N 0 T L X n=1 2 n;1 (2.33)
Comoestamosanalisandoodesempenho dosistemaemrelaçãoaousuário1,asvariáveis
de índice 1 são exclusivamente relacionadas a este usuário. No entanto, eliminaremos este
índice de algumas variáveis que, apesar de corresponderem a valores instantâneos que
Para os valores de média e variância dados, respectivamente, por(2:32) e (2:33), a
pro-babilidade de erro condicionadaao conhecimento dodesvanecimentoé dada por:
P b =Q p 2 b (2.34)
onde Q(x)é afunção definida por:
Q(x)= 1 2 Z 1 x exp t 2 2 dt (2.35) Além disso, b
é a relação sinal-ruído-mais-interferência instantânea do sinal recebido,
dada por: b = S 2 1 (t s ) 2 2 r (2.36) Substituindo (2:32)e (2:33) em (2:36), obtemos: b = L P n=1 2 n;1 (L 1) G E[ 2 ]+ 2 3 (K 1)L G E[ 2 ]+ 2N 0 A 2 T (2.37)
A relaçãosinal-ruído-mais-interferência pode ser tambémescrita como:
b = L X n=1 n (2.38) onde n = 2 n;1 (L 1) G E[ 2 ]+ 2 3 (K 1)L G E[ 2 ]+ 2N0 A 2 T (2.39)
é a relaçãosinal-ruído-mais-interferência instantânea do sinal recebido don-ésimo percurso
dousuário 1.
Para obter a probabilidadede erro de bit média, é necessário determinar a função
den-sidade de probabilidade p(
b
). Esta função pode ser facilmente determinada através da
função característica de b . Para L = 1, b = 1
tem distribuição exponencial [8], cuja
função característicaé dada por:
1 (j) = E e jv 1 = 1 1 jv (2.40)
onde
c
éarelaçãosinal-ruído-mais-interferênciamédiaporcanal,queéamesmaparatodos
oscanais, ouseja, c = E[ n ] = E 2 n;1 (L 1) G E[ 2 ]+ 2 3 (K 1)L G E[ 2 ]+ 2N0 A 2 T (2.41)
Comoodesvanecimentoéconsideradoindependenteeidenticamentedistribuído,E 2 n;1 = E[ 2 ]. Assim, c = 1 (L 1) G + 2 3 (K 1)L G + 2N 0 A 2 TE[ 2 ] (2.42)
Desde que osdesvanecimentos nos Lpercursos são independentes, ostermos
n
também
são estatisticamente independentes. Desta forma, a relação sinal-ruído-mais-interferência
médiado sinal recebido é dada por:
b = L X n=1 E[ n ] = L c = 1 1 G (L 1) G + 2 3 (K 1) G + 2N 0 A 2 TLE[ 2 ] (2.43)
Dado que (2:38) é a soma de L variáveis aleatóriasindependentes de distribuição
expo-nencial,podemosescrever afunção característica de
b como: b (j)= 1 (1 jv c ) L (2.44)
Esta éa função característica de uma chi-quadrada com 2L graus de liberdadee função
densidade de probabilidade dadapor:
p( b )= 1 (L 1)! c L ( b ) L 1 exp b c ; b >0 (2.45)
Para obtermos a probabilidade de erro de bit média devemos eliminar a estatística do
P b = Z 1 0 Q( p 2 b )p( b )d b
A expressão anterior possui a seguinte formafechada [8]:
P b = 1 2 L L 1 X n=0 L 1+n n 1+ 2 n (2.46)
onde, pordefinição,
= s c 1+ c
Mas de (2:43) temos que:
c = b L Assim, = s b L+ b (2.47) Quando c
1,a probabilidadede erro pode ser aproximada por[8]:
P b ' 1 4 c L 2L 1 L (2.48)
Podemos observar em (2:48) que a probabilidade de erro de bit média é inversamente
proporcional àrelação sinal-ruído-mais-interferênciamédia por canal elevada àL-ésima
po-tência.
2.9 Arranjo Linear de Antenas
2.9.1 Introdução
Um arranjo de antenas consiste de M antenas espacialmente distribuídas de acordo
com o padrão geométrico desejado. Os padrões podem variar largamente, no entanto, as
configuraçõesmaiscomuns são: oarranjocircularonde,como opróprionomesugere,as
an-tenasestãoposicionadasemtornodeumcírculo,oarranjoplanareoarranjolinearuniforme
Neste trabalho, a geometria considerada é a de um arranjo linear uniforme de antenas.
A grande vantagem do uso de arranjos lineares é a simplicidade matemática do modelo do
sinal nasaída do arranjo.
Para simplificara análise,vamos assumirque:
O espaçamento entre as antenas seja suficientemente pequeno para que não haja
va-riaçõesde amplitude entre ossinais recebidos em antenasdiferentes;
Nãoexista acoplamento mútuo entre as antenas;
Todas as fontes de sinais estejam localizadas longe o bastante de forma que os sinais
incidentes no arranjo sejamcompostos de um número finitode ondas planas;
Os sinais sejam de banda estreita, ou seja, a banda do sinal incidente é pequena
comparadacom a freqüência daportadora.
Sinal incidente
na antena 1
antena1 antena 2 antenaM
x y d ds e n
Fig.2.8: Geometria de umarranjolinearuniforme deM antenas orientado aolongo doeixo x.
A geometria de um arranjo linear uniformede M antenas orientado aolongo doeixo x,
é mostrada na Fig. 2.8, onde d é o espaçamento entre duas antenas adjacentes. Considere
que uma onda plana é recebida no arranjo na direção . Dado que uma defasagem de 2
ocorrequandosepercorreadistânciade umcomprimentode ondadaportadora,adiferença
de fase entre os sinais incidentes em antenas adjacentes édada por:
'= 2d
sen (2.49)
onde éo comprimentode onda da portadora.
Um caso particular de interesse é aquele em que o espaçamento entre duas antenas
'=sen
Usando (2:49),pode-se determinaradiferençade faseentre osinal incidentenam-ésima
antena e aquele incidente na antena de referência localizada na origem (antena 1) através
de:
'
m
=(m 1)' (2.50)
A Fig.2.9mostraum arranjolinear uniformede M antenasidênticas orientado aolongo
do eixo x, onde a saída de cada antena é ponderada por um peso complexo w
m
, onde
m=1;; M. Ajustando oconjuntode pesos fw
m
g, épossíveldirecionar o feixeprincipal
doarranjo na direçãodesejada.
Receptor
Combinador
na antena m
Sinal incidente
Sinal incidente
na antena 1
x y z(t) r 0 (t) r 1 (t) r m (t) r M 1 (t) d P w 0 w 1 w m w M 1 antena1 antena2 antenam antenaMFig.2.9: Arranjo linear de antenas orientado ao longo do eixo x recebendo uma onda plana da
direção .
ConsidereumaondaplanaincidentenadireçãonoarranjodaFig.2.9. Vamosconsiderar
quetodas asantenas doarranjosão isotrópicas esem ruído. Usando(2:50), osinalrecebido
nam-ésima antena é dado por:
r m (t) = s(t)e j' m j(m 1) '