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Imortância da familia na prestação dos cuidados aos idosos que sofreram fratura de colo de fémur: assistênciade enfermagem

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO MINDELO ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ANO LETIVO 2015/2016

AUTORA: MARIA ODETE TIENNE Nº 3666

Mindelo, 24 de novembro de 2016

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III

Trabalho apresentado à Universidade do Mindelo como parte dos requisitos para obtenção do grau de Licenciatura em Enfermagem

.

Discente: Maria Odete Tienne

Importância da família na prestação dos cuidados aos idosos que

sofreram fratura de colo de fémur: assistência de enfermagem

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IV

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu filho, Carlos Júnior Tienne Pires, pelo carinho e incentivo constante e por ter-me inspirado em fazer a licenciatura.

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V

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço à minha orientadora Jericia Duarte pela orientação empenho e dedicação no decorrer do trabalho.

Agradeço aos idosos e aos familiares pela disponibilidade e pela oportunidade de conhecer suas experiências e conhecimentos compartilhado, uma vez que, sem os quais não seria possível a concretização da pesquisa.

Agradeço ainda aos meus amigos Reinaldo Évora e Livramento Évora pelo carinho e paciência nos momentos em que mais necessitei de apoio.

Agradeço à Universidade do Mindelo assim como o Hospital Baptista de Sousa em conjunto com os meus colegas de trabalho pela ajuda constante.

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VI

EPÍGRAFE

“Deve-se temer a velhice, porque ela nunca vem só. Bengalas são provas de idade e não de prudência.”

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VII

Índice

Introdução ... 1

Justificativa e Problemática ... 3

Capítulo I - Enquadramento Teórico ... 12

1 - Fundamentação teórica ... 13

1.1. O envelhecimento ... 13

1.2. Geriatria e gerontologia ... 15

1.3. Pessoa idosa/terceira idade ... 16

1.4. Vulnerabilidade da pessoa idosa ... 17

1.5. Quedas nos idosos ... 19

1.6. Fraturas e tipos de fraturas ... 20

1.7. Conceito de osteologia - Osteologia femoral ... 23

1.8. Tipos de fraturas de colo de fémur ... 24

1.9. Diagnóstico das fraturas de colo do fémur ... 26

1.10. Tratamento das fraturas de colo do fémur ... 26

1.11. Possíveis Complicações que podem acometer os idosos com fratura de fémur 29 1.12. Cuidados de enfermagem aos idosos com fraturas de colo do fémur ... 30

1.13. Hospitalização dos Idosos com fratura do colo do fémur ... 32

1.14. Alta terapêutica ... 33

1.15. Importância da família dos idosos que sofreram fratura do colo do fémur ... 35

1.16. Assistência de enfermagem aos idosos com fratura de fémur ... 37

1.17. Teórica de enfermagem... 39

1.18. Diagnósticos de enfermagem (NANDA) e Classificação das Intervenções de enfermagem (NIC) ... 41

Capítulo II - Fase Metodológica ... 44

2 - Fundamentação Metodológica ... 45

2.1. Tipo de estudo ... 45

2.2. Instrumento de recolha de informações ... 46

2.3. População alvo ... 47

2.4. Descrição do campo empírico ... 48

2.5. Procedimentos éticos ... 48

Capítulo III - Fase Empírica ... 50

(8)

VIII

3.1. Apresentação dos dados dos participantes ... 52

3.2. Conclusão da análise dos resultados ... 67

Considerações finais ... 70

Propostas ... 72

Referências Bibliográficas ... 73

Apêndices ... 81

Apêndice I - cronograma ... 82

Apêndice II – Guião de entrevista ... 83

Apêndice III - Carta dirigida a estatística ... 85

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IX

Índice de tabelas e quadros

Tabela 1: Projeções etária relativa ao aumento das fraturas de colo de fémur ... 8 Quadro 1: Dados recolhidos no Hospital Baptista de Sousa dos doentes internados no serviço de orto-traumatologia de 2012 a 2015 por fratura do colo de fémur ... 9 Quadro 2- diagnósticos de enfermagem (NANDA) e intervenções de enfermagem-NIC...42 Quadro 3- Categorias e subcategorias………51 Quadro 4

-

Perfil/Caracterização geral dos participantes da entrevista……….52

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X

Índice de figuras

Figura 1: Pirâmide etária da população mundial ... 5

Figura 2: Pirâmide etária de Cabo Verde ... 7

Figura 3: Imagem do colo de fémur sem fratura ... 24

Figura 4: Imagens do colo de fémur fraturado ... 25

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XI

Resumo

O trabalho cujo titulo: “Importância dos familiares na prestação de cuidados aos idosos que sofreram fratura de colo de fémur: assistência de enfermagem” tem por finalidade demonstrar a importância da atuação das famílias na prestação de cuidados aos idosos que sofreram fratura de colo de fémur, visto que estes constituem um grupo bastante vulnerável, cujo número tem aumentado a nível mundial e em Cabo Verde em particular. Em consequência desse aumento da população idosa surge também as doenças crónicas e degenerativas que acompanham essa fase de vida e, tendo em conta a especificidade dessa fase encontra-se também a ocorrência de fraturas que advém de vários fatores como, principalmente, a perda da massa óssea. Nota-se que é importante a assistência de enfermagem junto a família no processo de recuperação do doente, com o propósito de proporcionar um cuidado específico, sendo assim o estudo tem como objetivo: Identificar a importância das famílias nos cuidados aos idosos que sofreram fratura do colo de fémur e que foram internados no serviço de ortortraumatologia do hospital Baptista de Sousa. Para a realização do trabalho optou-se por um estudo de abordagem qualitativa, descritiva, exploratória e de caráter fenomenológica. A população do estudo foi constituída por 6 familiares que representam-se como cuidadores dos idosos, o instrumento de recolha de informações foi entrevista semiestruturada. Os resultados apontam que os cuidadores tem um papel essencial na recuperação do idoso que sofreu fratura de colo de fémur e que apesar das poucas condições e dificuldades dos mesmos sempre estão presentes para proporcionar o cuidado ao idoso levando a um aumento da qualidade de vida dos idosos institucionalizados. Pode-se constatar também que o nível de conhecimento é fundamental para a prestação de qualquer cuidado de saúde, ajuda a prevenir de doenças e complicações, é essencial estar capacitado. Quanto mais conhecimentos melhores são os cuidados e poucos são as complicações. Através das entrevistas pode-se observar a importância da assistência de enfermagem principalmente quando se fala das orientações facultadas aos familiares após o idoso receber alta, orientações essas que têm capacidade de melhorar a saúde do idoso fraturado mesmo não estando no hospital. Deve-se apostar mais nas orientações antes da alta hospitalar de modo a preparar e a rever as dúvidas dos familiares com antecedência.

Palavras-chave: envelhecimento, idoso, fratura de colo de fémur, importância da família, assistência de enfermagem.

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XII

Abstract

The present work entitled “The importance of family members in caring for elderly people who have had a femoral neck fracture: nursing care" has the purpose of demonstrating the importance of the families’ act when helping and providing care to the elderly who have suffered from a femoral neck fracture since it is a very vulnerable group, and which number has increased worldwide, as a result of this, the occurrence of femoral neck fractures occurs in this phase of life at a very rapid pace, so it is noted that the nursing care is important in the process of the patient’s recovering with the family, in order to provide specific care. The aging process is marked by several stages that take place throughout life. From its conception, the human organism undergoes different phases in its evolution leading to incapacities or diseases most often associated with aging claiming, in this way, that there are several changes that are natural with aging. The population is aging and such an event event will provoke, in society and in the family, changes in social, economic as well as in health matters to attend this population. For the accomplishment of this work an investigative study was opted, based on a qualitative descriptive approach. The studied population consists of 6 family members who present themselves as caregivers of the elderly who have had a femoral neck fracture, the instrument of data collection was semi-structured interviews to relatives (caregivers). The data was processed through its analysis. With the results, we can verify that the caregivers have an essential role in the recovery of the elderly who have had a femoral neck fracture and that despite their few conditions and difficulties, they are always present to provide care to the elderly leading to an increase in quality of life of the institutionalized elderly. Through the interviews, we can observe the importance of nursing care, especially when we talk about the guidelines provided to the family after the elderly are discharged, guidelines that have the capacity to improve the health of the fractured elderly even when not in the hospital.

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1

Introdução

O presente trabalho surge no âmbito do curso de Licenciatura em Enfermagem da Universidade do Mindelo, sendo este designado de Trabalho de conclusão de curso intitulado: importância da família na prestação dos cuidados aos idosos que sofreram fratura de colo de fémur: assistência de enfermagem.

É de evidenciar que este estudo foi motivado pela necessidade de compreender a função da família como o principal cuidador do idoso que sofreu fratura de colo de fémur uma vez que durante as vivências profissional deparou-se com inúmeros casos de idosos que sofreram fraturas do colo de fémur. Não obstante a isso é importante ressaltar o interesse em ganhar competências e aprofundar conhecimentos no que diz respeitar a temática em estudo de modo a desenvolver as práticas de enfermagem com a máxima eficiência e eficácia possível ajudando assim na melhoria das condições de saúde do indivíduo e da saúde publica em geral.

É importante que os familiares, estando no papel de cuidadores, estejam sempre envolvidos com o idoso que sofreu fratura de colo de fémur principalmente quando se fala da prevenção e cuidados de saúde específicos voltados para essa área dando importância as caraterísticas próprias do idoso.

Nos últimos anos tem-se notado um aumento no número de fraturas de colo de fémur acometendo principalmente as pessoas idosas e devido as alterações ósseas da terceira idade, este grupo está sujeito a maior incidência de fraturas, principalmente as do colo de fémur que acarreta custos elevados tanto para o indivíduo, familiares bem como para a saúde pública.

Nesse sentido surge a família como principal cuidador do idoso para ajuda-lo a ganhar sua autonomia e prestar um cuidado adequado. A família é a principal fonte de suporte social, em termos de unidade básica de relacionamentos é onde se deseja um ambiente afetiva comum, de obtenção de aptidão e interação entre seus membros.

Mas para uma recuperação mais digna e ampla do idoso que sofreu fratura de colo de fémur há que haver uma inter ligação com os profissionais de saúde na medida em que a assistência de enfermagem tem como principal objetivo conservar e reabilitar a independência da pessoa para que esta possa satisfazer, por si só, as suas necessidades básicas, iguais a qualquer ser humano doente ou saudável.

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O enfermeiro é responsável por gerenciar os cuidados prestados aos idosos, desde o internamento até a alta hospitalar, assegurando, seu acolhimento, o aumento do seu grau de autonomia através da orientação dos outros profissionais de saúde.

A fratura de colo de fémur é uma lesão que associado o osteoporose, a perda de massa óssea, menopausa, bem como outros fatores que acometem grande parte da população idosa, assim sendo, necessita de uma atenção mais detalhada em vários níveis de assistência, e neste estudo baseou-se a nível dos cuidados que são prestados aos idosos pelos familiares após alta hospitalar a fim de ter maior conhecimento e experiências nesta área.

Relativamente a estrutura do trabalho é de referir que o este encontra-se estruturado em três capítulos, para uma melhor organização do tema em estudo. Antes de entrar no primeiro capítulo fez-se uma nota introdutória, que corresponde a uma breve apresentação do tema e a justificação pela escolha do mesmo.

O capítulo I - corresponde ao enquadramento teórico onde depara-se com alguns conceitos chave: o envelhecimento, fratura do colo de fémur, importância da família na prestação de cuidados ao idoso que sofreu fratura de colo de fémur assim como a assistência de enfermagem. No capítulo II - fase metodológica foi exposto a metodologia que serviu de base para a elaboração do estudo. Neste encontra-se bem explicito o tipo de estudo, o instrumento de recolha de informações, a população alvo do estudo, o campo empírico bem como os preceitos éticos que foram respeitados durante toda a investigação.

E por último o capítulo III - a fase empírica do estudo, nesta fase está bem clara a apresentação, a análise e discussão dos dados do processo de investigação, por fim segue as considerações finais, referências bibliográficas, os apêndices e anexos.

É de realçar ainda que o presente trabalho foi redigido e formatado segundo as normas da redação e formatação do trabalho científico proposta pelo Doutor Albertino Graça, no livro Introdução À Investigação Científica: Guia para investigar e redigir publicada no ano 2004.

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Justificativa e Problemática

O tema escolhido para a realização desta investigação científica surgiu no decorrer dos anos de trabalho, enquanto enfermeira no serviço de orto traumatologia do Hospital Dr. Baptista de Sousa, em que deparou-se com muitos casos clínicos de idosos com fraturas do colo de fémur. Sendo assim houve a necessidade de estudar o tema, com o intuito de obter mais conhecimentos e competências nessa área a fim de ajudar a população idosa na prevenção de fraturas que quando associadas a outras patologias tais como: alterações degenerativas, doenças cardiovasculares e com a idade avançada podem levar a complicações que podem ser fatais quando não são devidamente tratadas, bem como ajudar na orientação dos familiares após as altas hospitalares relativamente aos cuidados que devem ser prestados aos idosos.

O fato da população idosa estar aumentando cada vez mais, nota-se a necessidade de maior atenção por parte dos profissionais de saúde, dos próprios familiares e da sociedade em geral de modo a melhorarem a saúde do mesmo, pois nota-se que este aumento da população exige que a sociedade esteja preparada para dar respostas as necessidades dos mesmos de forma holística. É importante também como parte da sociedade a atenção dos familiares, pois estes surgem como o principal cuidador do idoso nomeadamente aquele que sofreu fratura de colo de fémur.

Sendo assim é de salientar que a temática em estudo traz interesse a nível pessoal, académico e profissional. A nível pessoal este estudo é de grande relevância uma vez que que todos estão suscetíveis de serem cuidadores a partir do momento em que possuem um membro da família necessitando de cuidados. Quanto ao nível académico para além de alcançar os objetivos preconizados com a elaboração do trabalho pretende contribuir para realização de novos trabalhos dos estudantes de enfermagem e os enfermeiros e, trazer novos conhecimentos relativamente a esta temática em estudo principalmente sobre as perceções dos familiares sobre o cuidar dos idosos.

Essa contribuição é de grande relevância uma vez que permite que a sociedade tenha mais conhecimentos sobre como o cuidador enfrenta essa realidade nomeadamente após alta hospitalar.

A nível profissional é importante realçar que quanto mais preparado o profissional estiver melhor será sua atuação e melhor será a saúde da população em geral. Relativamente

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ao idoso em si, com base na experiência profissional adquirida no serviço de orto-traumatologia pode-se constatar que os idosos acometidos a fraturas de colo de fémur apresentam várias necessidades humanas fundamentais afetadas tais como: mobilidade física, higiene, necessidades fisiológicas, entre outros que nem sempre são suprimidas, dificultando ainda mais a recuperação do idoso, prolongando o processo hospitalar e dificultando assim o seu retorno nos níveis de funcionamento normal. Quanto mais capacitado o profissional estiver melhor será o seu contributo, melhores serão os cuidados prestados e maior será a satisfação das necessidades do utente facilitando assim a sua rápida recuperação.

Portanto é um indício de que o enfermeiro é o elemento mais importante, no que se refere ao tratamento e recuperação do utente, na medida em que este pode atuar quando o utente esta internado bem como após este receber alta, pois, o enfermeiro quando dotado de competências, é capaz de detetar possíveis complicações ou riscos que poderão ocorrer nos idosos fraturados e repleto de conhecimentos consegue dessa forma informar os familiares dos cuidados a serem prestados no ambiente extra hospitalar de modo a abarcar o utente no seu todo.

Nos últimos anos tem-se verificado várias melhorias na área da saúde objetivando melhorar o bem-estar dos indivíduos, mas, porém, ainda existem alguns problemas que persistem em afetar a saúde do indivíduo, das famílias e da sociedade onde estes se encontram. Um caso específico são as fraturas do colo de fémur na 3ª idade, onde, somente os profissionais da saúde não conseguem prevenir tal fenómeno, e nem garantir o máximo bem-estar e qualidade de vida aos indivíduos quando este ocorre. Portanto torna-se imprescindível o apoio familiar, na medida em que é na família que o idoso vai receber apoio e conforto tornando menos vulnerável a condição que se encontra e proporcionando dessa forma a qualidade de vida do mesmo.

Assim nesta lógica Potter e Perry (2009, p. 282) referem que “a família tem uma responsabilidade enorme na recuperação do doente, de modo a obterem ao máximo a sua saúde em todos os aspetos, como nas suas funções e independência de si mesmo”. Nota-se que é bem visível o contributo enorme da família na recuperação do doente e para que assim seja, há que ter um maior envolvimento de toda a família, devendo ter em atenção o contributo da enfermagem, pois o enfermeiro consegue preparar o familiar para estar apto para cuidar do doente independentemente da patologia.

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Segundo Santos (2006) “a assistência de enfermagem é fundamental para permitir conforto e bem-estar do utente quando houver instabilidade nas situações deste. Neste aspeto é importante o envolvimento dos familiares no processo de saúde dos utentes, eles são responsáveis pela higiene pessoal, alimentação, conforto do doente, ou seja, a família ajuda o individuo acometido no seu todo”. Tanto os familiares como os profissionais devem estar preparados técnica e cientificamente para cuidar dos seus utentes principalmente no mundo atual que se vive a transição epidemiológica.

Nota-se que a população esta a envelhecer a um nível deveras acelerado, tendo em conta as melhorias das condições de vida principalmente quando se fala dos países desenvolvidos em que a taxa de natalidade diminui e consequentemente houve o aumento da população idosa, que nos últimos anos mostrou-se muito preocupante. Concluindo dessa forma que a esperança média de vida aumentou em consequência graças a melhoria da qualidade de vida da população. Pode-se constatar na figura abaixo.

Figura 1- Pirâmide etária da população mundial

Fonte: ONU 1998

A pirâmide acima apresenta uma estimativa da população idosa que vem aumentando desde 1995 até 2025, assim sendo, pode-se observar o estreitamento da base da pirâmide e o alargamento do topo, observando uma redução da população jovem e o aumento da população idosa, caracterizando assim o envelhecimento populacional.

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Nesta perspetiva, a Organização Mundial de Saúde (OMS) (2014) refere que “a população mundial, principalmente os idosos a partir dos 60 anos alcançaram cerca de 800 milhões para 2 bilhões de pessoas nas quatro décadas seguintes, e com esta descrição percebe-se que o aumento do nível de doença nesta faixa etária também vai aumentando, constituindo assim um grande desafio de saúde pública”.

Ainda nesta mesma linha de pensamento segundo o Fundo de População das Nações Unidas (2012, p. 4) estima-se que “em 1950, havia 205 milhões de pessoas com 60 anos ou mais no mundo. Em 2012, o número de pessoas mais velhas (…) aumentou para quase 810 milhões. Projeta-se que esse número alcance 1 bilhão em menos de 10 anos e que duplique até 2050, alcançando 2 bilhões (...)”.

De acordo com Beltrão, Camarano e Kanso (2004, p. 46) “espera-se que o contingente de idosos atinja a magnitude de aproximadamente 30,9 milhões de pessoas, no ano de 2020, vindo a constituir 14% da população, ocupando, então, o sexto lugar na classificação mundial”.

Relativamente a Cabo Verde, este país não foge a regra, portanto Cabo Verde também vem acompanhando as mudanças que ocorrem a nível mundial, verificou-se grandes melhorias a nível da saúde e deparou-se também com a diminuição da taxa de natalidade e mortalidade e com o aumento da esperança média de vida.

E de acordo com os dados do Plano de Desenvolvimento Sanitário (PNDS) (2012, p. 131) “a transição demográfica em curso aponta para uma frequência cada vez maior de pessoas com idades superiores aos 65 anos estimada em 7,7% da população residente”.

Ainda a mesma fonte acrescenta que:

“a população com mais de 65 anos de idade no ano de 2000 era de 37 116 e em 2010 era de 37 815 pessoas (Instituto Nacional de Estatística, 2010). O censo de 2010 indica que em cada cem idosos, 31% apresenta algum tipo de deficiência que dificulta a mobilidade, 43,3% apresentava problemas de visão, 23,3% são pessoas com deficiência auditiva e 11% encontram-se em situação de dependência. A esperança de vida à nascença em Cabo Verde (CV) é hoje de 72 anos para os homens e 76 anos para as mulheres”.

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Segundo o Relatório Estatístico Cabo Verde (2012) o país registou-se um aumento da sua população idosa nos últimos anos, o que é visível na pirâmide que vem no gráfico a seguir na figura 2:

Figura 2: Pirâmides etárias, Cabo Verde 2000 e 2010

De acordo com os dados disponíveis pelo instituto nacional de estatística de Cabo Verde na pirâmide pode-se observar na faixa etária dos 60 aos 69 anos uma redução do número de efetivos. Este fato poderá ser explicado pelo período de fome de 1947 em que houve uma sobre mortalidade de crianças e também devido à emigração. O topo da pirâmide apresenta um número de efetivos muito reduzido para ambos os sexos, nomeadamente ao envelhecimento.

Além disso, projeta-se também um crescimento mais acentuado do grupo de idosos com 80 anos, indicando mudanças da composição etária dentro do próprio grupo, o que revela a heterogeneidade deste segmento populacional, indicando que a população tem mais risco de ter fraturas do colo de fémur quando a faixa etária for maior. Nestas duas pirâmides está bem evidenciada a transição demográfica demarcada em Cabo Verde. A taxa de natalidade (em consequência da diminuição da taxa de fecundidade) e de mortalidade diminuíram consideravelmente e a esperança média de vida aumentou no decorre dos anos bem como as melhorias a nível das questões de saúde.

Nesta sequência da análise do plano nacional de desenvolvimento sanitário de Cabo Verde 2008-2011 relativamente ao 2012- 2016 nota-se mudança clara, o PNDS (2008, p. 103) apresenta que “a transição demográfica em curso aponta para uma maior frequência de pessoas com idades superiores aos 60 anos, estimada em 9 % da população residente (…).

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A esperança de vida à nascença em Cabo Verde é hoje de 71 anos”. Enquanto no PNDS 2012-2016 a esperança de vida à nascença em Cabo Verde é hoje de 72 anos para homens e 76 anos para mulheres.

Em relação a população idosa submetido a fraturas do colo de fémur depara-se com as seguintes projeções segundo INE, Projeções 2010-2030:

Tabela 1- Projeções etária relativa ao aumento das fraturas de colo de fémur

Idade Total Masculino Feminino

De N.º % N.º % N.º % 0 ano 10.066 2,0 5.147 2,1 4.918 2,0 1 – 4 anos 41.038 8,2 20.458 8,3 20.581 8,2 5 – 9 anos 52.077 10,4 25.983 10,5 26.094 10,4 10 – 14 anos 53.638 10,7 27.077 10,9 26.562 10,5 15 – 19 anos 57.177 11,4 28.737 11,6 28.442 11,3 20 – 24 anos 54.487 10,9 27.942 11,3 26.547 10,5 25 – 49 anos 163.478 32,7 84.404 34,1 79.078 31,4 50 – 64 anos 38.045 7,6 16.461 6,6 21.584 8,6 65 anos e + 29.913 6,0 11.605 4,7 18.308 7,3 Total 499.917 100,0 247.814 100,0 252.115 100,0

Fonte: INE, Projeções 2010-2030

Conforme os dados da tabela apresentados pelo instituto nacional de estatística de Cabo Verde pode-se observar que dos 0 anos a 65 e + anos à um aumento enorme relativamente a fratura do colo de fémur, pois quando maior é a idade, maior é o número de pessoas acometidas. As pessoas idosas (65 anos e +) constituem 29.913 habitantes dos 499.917 habitantes de Cabo Verde, isto é, os idosos constituem 6% da população total cabo-verdiana em que 11.605 são do sexo Masculino e 18.308 são do sexo Feminino.

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Além disso, projeta-se também um crescimento mais acentuado do grupo de idosos com 80 anos, indicando mudanças da composição etária dentro do próprio grupo, o que revela a heterogeneidade deste segmento populacional, indicando que a população tem mais risco de ter fraturas do colo de fémur quando a faixa etária for maior.

Por fim, constata-se que as fraturas ocorrem em idade superior a 65 anos, obtendo um pico de incidência nos 80 anos de idade e, que o sexo feminino é mais afetado pela fratura do colo de fémur do que o sexo masculino. Embora os óbitos ocorrem mais no sexo masculino.

Segundo o PNDS (2012, p. 70) “em 2010, o Hospital Agostinho Neto e o Hospital Dr. Baptista de Sousa, realizaram 2.999 e 3.880 consultas de orto-traumatologia. Os serviços de Traumatologia dos Hospitais centrais efetuam intervenções cirúrgicas de fraturas de grandes segmentos ósseos (fémur, tíbia, úmero), artroplastia parciais da anca, fraturas de pequenos segmentos e tenorrafias pós-traumáticas”.

Relativamente a São Vicente, segundo dados recolhidos no Hospital Dr. Baptista de Sousa nos anos de 2012 a 2015 registaram inúmeros casos de internamento no serviço de orto-traumatologia sobre fratura do colo de fémur em idosos.

Uma vez que a população idosa esta a aumentar em relação a população jovem, pode-se observar que a fratura de colo de fémur surge como uma consequência do envelhecimento.

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Quadro 1- Dados recolhidos no Hospital Baptista de Sousa dos doentes internados no serviço de orto-traumatologia de 2012 a 2015 por fratura do colo de fémur

Ano S. F. S.M. Idade S.F. Idade S.M. Total

Internados 2012 23 5 Num intervalo de 67 a 95 anos Num intervalo de 67 a 80 anos 28 Internados 2013 37 15 De 67 a 97 De 65 a 99 52 Internados 2014 30 11 De 69 a 99 De 69 a 88 41 Internados 2015 27 14 De 66 a 94 De 65 a 97 41 Internados Fonte: Elaboração própria - Departamento de estatística do Hospital Baptista de Sousa

No quadro estão representados os dados estatísticos de casos de internamento de idosos com fratura do colo de fémur nos anos de 2012 a 2015 no Hospital Dr. Baptista de Sousa e em que as causas mais referidas são quedas frequentes relacionadas com a idade, osteoporose e artroses.

No ano de 2012 verificaram-se 28 casos de internamentos, dos quais 23 eram mulheres (67 à 95 anos) e 5 homens (67 à 80 anos). No ano de 2013 foi o ano em que se verificou o maior número de casos, 52 casos, destas 37 mulheres (67 à 97 anos) e 15 homens (65 à 99 anos), nos anos de 2014 e 2015 registaram-se os mesmos números de casos de internamento, 41 casos, 30 mulheres (69 à 99 anos) e 11 homens (69 à 88 anos) em 2014 e 27 mulheres (66 à 94 anos) e 14 homens (65 à 97 anos) no ano 2015. Observa-se que nos últimos 4 anos os homens são os que mais são internados no serviço de orto traumatologia com fratura do colo de fémur, e que são afetadas em idades muito avançados. Em relação ao internamento constata-se uma diminuição considerável nos anos de 2012, 2014 e 2015 em relação ao ano de 2013 que obteve-se um aumento enorme.

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Esses números revelam-se preocupantes uma vez que se não forem dados os devido atendimento muita das vezes poderá levar a complicações que podem ser fatais quando juntamento com outros fatores como infeções pela falta de cuidado apropriado ou mesmo infeção hospitalar devido a internação prolongada, devido a fator idade, doenças crónicas entre outros aspetos. Portanto os profissionais de saúde devem trabalhar juntamente com a família com objetivo de melhorar significativamente a saúde do utente.

O enfermeiro necessita ter a família como parte integrante no processo de recuperação do idoso com fratura de colo de fémur e de acordo com Martins e Fernandes (2009, p. 88-89) “a família é o elo mais acessível na prestação de cuidados tendo de fato em muitas situações de prestar os recursos devido a escassez de serviços organizados, pelo que o enfermeiro necessita de ter presente o envolvimento da família no processo de cuidado”. Tendo em conta a pertinência da temática elaborou-se o seguinte objetivo geral:

 Identificar a importância das famílias nos cuidados aos idosos que sofreram fratura do colo de fémur e foram internados no serviço de Ortotraumatologia do hospital Baptista de Sousa.

E para alcançar o objetivo geral traçou-se os seguintes objetivos específicos:

 Identificar a perceção das famílias sobre os cuidados prestados aos idosos que sofreram fratura do colo de fémur e foram internados no serviço de ortotraumatologia do hospital Baptista de Sousa.

 Verificar se os cuidados prestados aos idosos pelos familiares satisfazem as suas necessidades básicas fundamentais;

 Descrever o contributo da Enfermagem à família do idoso com fratura do colo de fémur internado no serviço de ortotraumatologia do hospital Baptista de Sousa.

 Identificar os fatores que interferem na prestação de cuidados aos idosos com fraturas do colo de fémur e que foram internados no serviço de ortotraumatologia do hospital Baptista de Sousa.

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1 - Fundamentação teórica

Esta fase do presente trabalho revela-se de grande importância, uma vez que permite exibir as informações já existentes sobre o tema em estudo, isto é, uma revisão bibliográfica sobre os principais conceitos – chave: envelhecimento, pessoa idosa, fratura de colo de fémur, importância da família no acompanhamento dos idosos com fratura de colo de fémur e assistência de enfermagem aos idosos com fraturas de colo de fémur, esses conceitos permitem compreender a importância dos familiares bem como a pertinência da temática, principalmente quando se depara com aumento da população idosa a nível mundial.

1.1. O envelhecimento

O envelhecimento é um fenómeno complexo e que implica um conjunto de mudanças que ocorrem em todos os seres humanos com o passar do tempo independentemente da vontade.

Para Assis (2005, p. 1) “o envelhecimento humano é um processo universal, progressivo e gradual. Trata-se de uma experiência diversificada entre os indivíduos, para qual concorre uma multiplicidade de fatores de ordem genética biológica, social, ambiental, psicológica e cultural”.

Quando se fala em envelhecimento é relevante salientar que essa fase pode e deve ser seguida de saúde e satisfação para o indivíduo. E neste sentido cabe salientar de que existeo cuidado de que a velhice seja acompanhada de saúde e satisfação da pessoa.

A quanto disto Muniz, Arnaut e yoshida (2007, p.7) afirmam que “ o envelhecimento representa a passagem do tempo, não á patologia, sendo um processo natural e fisiológico no idoso”.

Nesta lógica Minayo e Júnior (2002, p.14) apontam que “o envelhecimento não é um processo uniforme. Cada pessoa experimenta essa fase da vida de uma forma, considerando sua história própria e todos os aspetos básicos (classe, género e etnia) a eles relacionados como saúde, educação e condições económicas”. Morais, Rodrigues e Gerhadt (2007, p. 375) apontam que “ (…) o processo de envelhecimento faz parte de um contínuo que se inicia com a conceção e termina com a morte”.

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Nesta perspetiva Santos e Assis (2011, p. 149) salientam que “o envelhecimento é definido como um processo de progressivas modificações biológicas, psicológicas e sociais ao longo da vida do ser humano”.

Assim sendo para Sequeira (2007, p. 34) “o conceito de envelhecimento sofreu inúmeras mudanças ao longo dos tempos progredindo de acordo com as atitudes, crenças, cultura, conhecimento e relações sociais de cada época”.

O envelhecimento é hoje um fato na maioria das sociedades. A população está envelhecendo e tal acontecimento provocará na sociedade e na família, alterações a nível social, económico bem como em questões de saúde para atender a esta população.

O envelhecimento não é da mesma essência para todos os seres humanos. Sofre influência dos processos de exclusão associados a gênero, etnia, raça, condições sociais e econômicas.

Nessa sequência Barros, Maia e Pagliuca (2011, p. 739) consideram que “as consequências do envelhecimento podem ser reduzidos pelo ajuste do cuidado relativo à promoção da saúde e aos estilos de vida”.

Mazza e Lefêvre (2005) afirmam que “a preocupação com a velhice e com o envelhecimento é tão antiga quanto a civilização. É do saber dos estudiosos que, com o passar dos anos, há um aumento da mortalidade em consequência do aumento das doenças associadas ao fenômeno”.

O processo de envelhecimento é assinalado por várias etapas que se realizam no decorrer da vida. Desde sua conceção, o organismo humano passa por fases diferentes em sua evolução levando a incapacidades ou doenças na maioria das vezes associadas ao envelhecimento alegando desta forma de que existem várias alterações que são naturais na velhice. Ainda Sequeira (2007, p. 43) frisa que “é importante referir que o envelhecimento não se abrange apenas ao idoso, antes ocorre ao longo da vida, desde o nascimento até a morte”.

De acordo com Moniz o envelhecimento (2003, p. 50) “é pois um processo no qual intervém vários elementos e não segue um desenvolvimento linear para todas as pessoas. É um processo afetado pelo contexto social e cultural em que a pessoa se insere e é vivido de forma variável para cada pessoa”.

E nesta sequência Kuznier (2007, p. 7), aponta que “fatores intrínsecos e extrínsecos parecem favorecer o envelhecimento. A partir desse fato, torna-se interessante considerar as ações que podem ser saudáveis no processo de envelhecer. Preocupações com os hábitos de

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vida, prática de exercícios, dieta adequada tornam-se palavras-chave para um envelhecimento saudável”.

Para Sequeira (2007, p. 44) “alguns autores designam a senescência como envelhecimento primário e a senilidade como o envelhecimento secundário sendo a senescência caraterizado pelas mudanças corporais da idade e senilidade caraterizado pelas mudanças que ocorrem com maior frequência mas não tem necessariamente que estar presente”.

Assim sendo Kuznier (2007, p. 8) sublinha que “a diminuição do vigor físico não significa adoecimento ou falta de saúde, compõem apenas, alteração fisiológica normal atribuída ao processo de envelhecer. A pele enrugada, o cabelo esbranquiçado, indicam que o organismo está envelhecendo, contudo não está relacionada às incapacidades e doenças”. Kuznier (2007, p. 9) ainda acrescenta que “o envelhecimento, ao mesmo tempo em que é processo “comum” a todos os seres humanos, é também qualificado pela individualidade de cada um, na medida em que considera a prática de vida, profundamente influenciada pela cultura”. Mesmo com um relativo declínio das capacidades funcionais no idoso, o mesmo pode desfrutar de um envelhecimento saudável e promissor.

1.2. Geriatria e gerontologia

Não mais correto do que explanar o conceito de geriatria e de gerontologia na medida em que são conceitos de base para a familiarizar com conceções relacionados com a população idosa, constituindo assim palavras-chave para o referido tema.

Berger e Mailloux-Poirier (1995, p. 2) sustentam que “a geriatria designa no sentido estrito do termo, os cuidados a prestar aos idosos. A geriatria advém da gerontologia na medida em que permite que o benificiário receba cuidados individualizados conservando um certo grau de autonomia”.

E Segundo Fontaine (2000, p. 25) “a área que estuda esse fenómeno chama-se gerontologia que é uma ciência que estuda o processo de envelhecimento do Homem, isto é, investiga as modificações morfológicas, fisiológicas, psicológicas e sociais sucessivas à ação do tempo no organismo humano, além de qualquer fenómeno patológico”.

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Ainda Berger e Mailloux-Poirier (1995, p. 2) acrescentam que “a origem e o significado da palavra gerontologia vêm “do grego geros, gerontos (velho) designa o estudo do processo de envelhecimento sob todos os aspetos”.

Camacho (2002, p. 232) descreve “a Gerontologia com sendo a área do conhecimento específico relativamente ao envelhecimento, na qual, dentre as várias disciplinas que nela atuam, está a enfermagem, que se relaciona com outras áreas, a interligação de ideias até a assimilação mútua de noções formuladores de um determinado conhecimento, assim como a organização da pesquisa e do ensino”.

Nessa lógica Berger e Mailloux-Poirier (1995, p. 14) apontam que “a gerontologia sempre recorreu pelo princípio da multidisciplinaridade e todas as ações realizadas nesse domínio apontaram três objetivos globais”:

 Valorizar a responsabilização dos idosos pelas suas privações;

 Privilegiar as ações aptas a melhorar as capacidades e autonomia do idoso;

 Facilitar o acesso aos recursos disponíveis.

Ainda Camacho (2002, p. 232) afirma que “a Gerontologia é capaz de reorganizar e elaborar a síntese das disciplinas do conhecimento, agrupando aquelas elaborados em sua praxis”.

Berger e Mailloux-Poirier (1995, p. 3) ainda acrescentam que “os cuidados gerontológicos apoiam-se na mesma filosofia que os cuidados de longa duração. Entre os princípios gerais dos cuidados de longa duração encontram-se a continuidade. A abordagem global, a avaliação completa do estado do benificiário, a participação do cliente e dos seus familiares e uma qualidade de cuidados a todos os níveis de prevenção”.

1.3. Pessoa idosa/terceira idade

Idoso é todo o indivíduo que atingiu a etapa final do ciclo da vida. Segundo Camacho (2002, p. 230) “a população idosa constitui-se como um grupo bastante diferenciado entre si e em relação aos demais grupos etários, e, qualquer que seja a abordagem, a situação dessa parcela da população é bastante expressiva”.

É fundamental garantir que a população idosa viva com respeito, dignidade e saúde. Através da oferta de informação, pode-se contribuir para mudanças de comportamento e

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aquisição de novos hábitos, pois acredita-se que o envelhecimento ativo é uma conquista exequível.

No dizer de Lima (2014, p. 660) “a questão do envelhecimento na sociedade atual surge como um problema social que segue tanto os países desenvolvidos como os em vias de desenvolvimento tornando-se um desafio para as políticas sociais e de saúde”.

O conceito do envelhecimento ativo vem-se difundindo, e está baseada no reconhecimento dos direitos da pessoa idosa e nos princípios de independência, participação, dignidade, assistência e auto realização.

Para tal, Nascimento e Chagas (2010, p. 10) declaram que “os idosos nos seus aspetos biológicos, psicológicos e socias apresentam alterações próprias da terceira idade, exigindo tipos de assistências diferenciadas, especialmente em termos de saúde”.

Ainda de acordo Organização Mundial da Saúde (OMS) (2002) “é considerado o idoso a partir da idade cronológica, portanto idoso é aquela pessoa com 60 anos ou mais em países em desenvolvimento e em países desenvolvidos com mais de 65 anos de idade.

Apesar dos idosos constituirem um grupo diferenciado surgem como um população especial tanto para os paises desenvolvidos bem como para os em vias de desenvolvimento, na medida em que estes apresentam alteracões próprias da idade, no entanto merecem respeito e atencão específica.

Nesta linha de pensamentos Santos (2010, p. 63) salientam que é importante centrar no conceito de idoso que é diferenciado para paises em desenvolvimento e para paises desenvolvidos “em que nos paises em desenvolvimento são considerados idosos aqueles indivíduos com 60 e mais anos e nos paises desenvolvidos são idosos aqueles com 65 anos e mais”, é importante a atenção especifica que cada sociedade dá para a sua população idosa tendo em conta o nível de desenvolvimento e necessidades de cada país.

1.4. Vulnerabilidade da pessoa idosa

O fato dos idosos apresentarem marcha prostrada, mostrarem confusão, serem incontinentes e necessitarem de cuidados específicos nesta idade torna-os vulneráveis e sujeitos a sofrerem quedas com frequência, e aumentando a incidência da mesma.

Na perspetiva de Pinheiro (2016) “a fraqueza natural dos ossos pelo envelhecimento, a perda de força muscular, a maior dificuldade para se manter equilibrado, a perda da acuidade visual e o uso de medicamentos frequente, causam redução da pressão

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arterial ou que agem no sistema nervosos central facilitam a queda e a consequente fratura nas pessoas mais idosas”.

Para Colucci (2011) “as pessoas idosas são mais vulneráveis, adoecem com mais frequência e demoram mais tempo para recuperar. As doenças crónicas são as causas de maior número de consultas médicas, podendo ser apontadas, ao lado de outros componentes sociais como as principais responsáveis da mortalidade na terceira idade”.

No dizer de Pinheiro (2016) “qualquer fator que contribua para enfraquecimentos dos ossos ou para um maior risco de quedas pode ser considerado um fator de risco para fratura de fémur principalmente se eles estiverem presentes em pessoas mais idosas. De acordo com Pinheiro (2016) existe alguns exemplos como:

 Uso crônico de medicamentos que enfraquecem os ossos, tais como: glicocorticóides, heparina, varfarina, fenitoína, metotrexate e vários outros que favorecem o aparecimento da osteoporose;

 Uso de drogas que causam sonolência, que baixam a pressão arterial ou que diminuam os reflexos, pois aumentam o risco de quedas;

 Sedentarismo, pois a falta de atividades deixa os ossos e a musculatura mais fracos;

 Deficiência de vitamina D, pois a falta desta vitamina esta relacionada a ocorrência de ossos mais fracos;

 Menopausa, também relacionado à perda de massa óssea;

 Mieloma múltiplo, por ser uma doença que ataca os ossos e facilita a ocorrência de fraturas;

 Tabagismo e alcoolismo, pois estão associados à perda de massa óssea. Devido a idade os idosos tornam-se mais vulneráveis e são sempre acompanhados de doenças crónicas tornando-os frágeis cada vez mais dependente de outros. Para tal é necessário apostar nos cuidados com o estio de vida desde cedo para que durante a velhice haja uma melhor qualidade de vida e menor predisposição possível a fatores de riscos, a família bem como os cuidadores de saúde são elementos cruciais para que essas mudanças sejam implementadas no seio da sociedade.

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1.5. Quedas nos idosos

A ocorrência de fraturas nesta fase da vida esta ligada a maior fragilidade óssea decorrente da osteoporose e uma maior tendência a quedas que os indivíduos idosos costumam apresentar.

Relativamente ao envelhecimento depara-se o aumento da ocorrência das condições patológicas que levam a diminuição da visão e da audição, aumento do tempo de reação a situações de perigo, diminuição dos distúrbios músculo-esqueléticos, marcha senil, sedentarismo, deformidades ósseas e diminuição da capacidade funcional.

Fabricio, Rodrigues e Junior (2004) apontam que “indivíduos de todas as idades apresentam risco de sofrer queda. Porém, para os idosos, elas possuem um significado muito relevante, pois podem levá-lo à incapacidade, injúria e morte. Seu custo social é imenso e torna-se maior quando o idoso tem diminuição da autonomia e da independência ou passa a necessitar de institucionalização”.

Filgueiras et al (2007, p. 227)referem que “o estado físico do idoso, pelo próprio envelhecimento, favorece ao aumento da ocorrência de quedas e consequentemente de complicações associadas”.

Também é essencial expôr alguns fatores de risco que contribuem para que haja queda nos idosos, como sendo uma das causas da fratura do colo do fémur. Desses fatores de risco Fialho e Coelho (2008, p. 4), apresentam os seguintes fatores de risco que promovem queda nos idosos:

 Maior de 65 anos;

 Sexo feminino;

 Raça branca;

 Hábitos tabagísticos e/ou alcoolismo;

 Antecedentes de fratura do colo do fémur;

 Baixo peso corporal;

 Inatividade física;

 Défice visual;

 Uso de psicofármacos.

Para Filgueiras et al (2007, p. 231) “as quedas e suas consequências tornam-se uma dificuldade com o avanço da idade assim, quanto maior a faixa etária, maior será o risco de quedas.

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Hebert et al (2003, p. 766) subscrevem que “a prevenção das quedas, pelos resultados que acarretam, é muito relevante na profilaxia das fraturas nos idosos. Nesse tipo de cuidado, desempenha um papel importante, a atividade física, se possível orientada, com o intuito não só de aumentar o tónus muscular, mas também de melhorar o sentido de perceção das pessoas”.

Nesta perspetiva Filgueiras et al (2007, p. 226) acrescentam que “as quedas seguidas de fraturas em idosos compõem uma principal causa de morbidade e mortalidade, sendo um problema de saúde pública pela alta incidência de casos, gravidade e custo socioeconômico; podendo levar desde uma lesão simples, à perda da capacidade de deambular ou mesmo à morte”.

De acordo com Muniz, Arnaut, Yoshida (2007) “com a idade o controle do equilíbrio se altera, consoante a marcha e está ligada a interação de vários fatores ambientais bem como do próprio individuo e que pode resultar em queda”.

Marin, Amaral, Martins e Bertassi (2004, p. 561) acrescentam que “as quedas

contribuem para o aumento da morbidade e mortalidade entre os idosos, no entanto, elas são passíveis de prevenção; o que deve ser iniciado pela avaliação do idoso e do seu ambiente quanto aos fatores que predispõe as quedas; o que permitirá o desenvolvimento de estratégias de prevenção, as quais são consideradas potencialmente úteis”.

1.6. Fraturas e tipos de fraturas

Para um maior entendimento do conceito surge a necessidade de debruçar um pouco sobre a fratura, tendo em conta que acarreta custos elevados para o indivíduo, em todos os níveis, para a família, sociedade bem como para a saúde pública levando dessa forma o acometimento no geral.

Para Marek (2003, p. 2169) “a fratura do osso ocorre normalmente em resultado de impacto no corpo, queda ou outro acidente. Porém a fratura pode ocorre durante actividades normais ou após um acidente simples e isso acontece se o osso estiver enfraquecido, em casos de doença ou cancro primário ou metastático ou mesmo osteoporose”.

Assim nesta sequência Sérgio (2005, p.19) salienta que “ as fraturas são soluções de seguimentos estabelecidos bruscamente a nível do tecido ósseo e de acordo com a sua localização podem ser epifisárias, metafisicárias e diafisárias. Seguindo a mesma linha de

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pensamento Marek (2003, p. 2169) acrescenta que uma fratura é uma descontinuidade total ou parcial do tecido ósseo”.

Nesta lógica Cunha (2008, p. 41) salienta que fraturas podem ser classificadas conforme a sua exteriorização e de acordo com a lesão no osso afetado podendo ser:

 Fratura aberta/exposta: São as fraturas em que os ossos fraturados saem do lugar, rompendo a pele e deixando exposta uma de suas partes, que pode ser produzida pelos próprios fragmentos ósseos ou por objetos penetrantes, podendo causar infeções;

 Fratura em fissura: São aquelas em que as bordas ósseas ainda estão muito próximas, como se fosse um rasgo ou fenda;

 Fratura em galho verde: É a fratura incompleta que atravessa apenas uma parte do osso. São fraturas geralmente com pequeno desvio e que não exigem redução; quando exigem, é feita com o alinhamento do eixo dos ossos. Sua ocorrência mais comum é em crianças e nos antebraços;

 Fratura completa: É a fratura na qual o osso sofre descontinuidade total;

 Fratura Cominutiva: É a fratura que ocorre com a quebra do osso em três ou mais fragmentos;

 Fratura impactada: É quando as partes quebradas do osso permanecem comprimidas entre si, interpenetrando-se;

 Fratura em espiral: É quando o traço de fratura encontra-se ao redor e através do osso. Estas fraturas são decorrentes de lesões que ocorrem com uma torção;

 Fratura oblíqua: É quando o traço de fratura lesa o osso diagonalmente;

 Fratura transversa: É quando o traço de fratura atravessa o osso numa linha mais ou menos reta.

No entanto para Moisés (2008) “a fratura corresponde a divisão brusca e violenta de um osso ou cartilagem. A incidência é maior no sexo masculino devido a uma exposição maior aos traumas, porem se inverte na idade avançada em virtude da osteoporose e pós- menopausa”.

Caraterizando desta forma as fraturas de acordo com a sua etiologia (Moisés, 2008) apresenta os seguintes:

 Traumática;

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22  Patológica;  Fadiga;  Sobrecarga;  Stress Mecanismos de trauma:  Direto:  Indireto:

 Contração muscular e compressão. Localização no osso:  Epifisária;  Metáfisaria;  Diafisária Estabilidade do osso:  Estável;  Instável Desvios do osso:  Sem desvios;  Desviados;  Impactadas.

Relativamente a fratura do colo de fémur quanto a sua etiologia está relacionada com quedas como já foi anteriormente citada e com a osteoporose, nesta perspetiva Dinis, Pereira e Fonseca (2013, p. 195) afirma que “uma das causas da fratura do colo do fémur é a osteoporose, na medida em que, “a osteoporose” é uma doença esquelética sistémica é caraterizada pela perda da massa óssea e por uma alteração da qualidade da microestrutura do tecido ósseo que leva a uma diminuição da sua resistência e consequente aumento do risco de fratura”.

Hebert et al. (2003, p.765) aludem ainda que “com o aumento da expetativa de vida da população mundial, tende a aumentar o contingente de pessoas que serão acometidas pelas afeções ortopédicas presente nos idosos, principalmente as doenças degenerativas, articulares e as fraturas mais frequentes nesta etapa da vida”.

Ainda os mesmos autores apontam que “os idosos que sofrem dessas afeções tem necessidades muito diversas em relação aos indivíduos mais novos, observando que os

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idosos são frequentemente portadores de condições acompanhantes de morbilidade que afeta o seu estado de saúde e mesmo aqueles que são aparentemente sadios, tem maior tendência a desenvolver complicações no decurso do seu tratamento (Hebert et al., 2003, p.765) ”.

1.7. Conceito de osteologia - Osteologia femoral

É relevante para o trabalho tendo em conta a temática fazer uma breve alusão a osteologia sendo que atualmente é frequente a ocorrência de fraturas e fragilidade ósseas torna importante conhecer pormenorizadamente cada aspeto relacionado com tal. De acordo com Maia (2011, p. 2) “osteologia é a ciência que estuda os ossos, e apesar de seu formato simples os ossos gozam de funções bastante complexas e básicas para o equilíbrio e a manutenção do corpo humano”.

Ainda Maia (2011, p. 3) salienta que o termo “osteologia significa, o estudo do osso. Apesar do seu aspeto simples o osso é um tecido vivo, complexo e dinâmico, composto por um conjunto de tecido distintos e especializados que contribuem para a sua combinação final”.

Nada mais importante do que salientar a definição de osteologia femoral na medida em que fémur é considerado o osso mais longo do corpo e como aponta Morais (2007) “o fémur aproximadamente é constituído por trabéculas do osso esponjoso (metáfise e suas partes são a cabeça arredondada ligando com o acetábulo). O corpo femoral tem em média 5 cm e 130 graus de angulação com a diáfise e a sua região trocantérica (englobando o trocânter maior e menor) ”.

Costa (2014, p. 114) afirma que “o fémur é o osso mais longo de todo o corpo humano e é composto por três partes, a extremidade superior, o corpo e a extremidade inferior. Em termos visuais o fémur é reconhecido pela sua extremidade superior, nomeadamente a sua cabeça que tem forma semiesférica e é situada superior e medialmente. A cabeça possui uma fóvea medial. Após a cabeça temos o colo do fémur que circunda a cabeça e provoca uma característica do fémur em que a cabeça se destaca medialmente em relação ao corpo”.

Nobeschi (2010, p. 7) o fémur é um dos ossos do esqueleto apendicular inferior e também quanto a classificação do osso é um osso longo sendo que possui o comprimento maior que a largura e espessura. Apresentando uma caraterística anatómica especifica observando nesses ossos duas extremidades unidas por uma haste central.”

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Na ótica de Fernandes (2002, p. 345) a “fratura do colo do fémur são lesões graves, consequentes de forças violentas, muitas vezes ligadas ao comprometimento de outros órgãos e que pode determinar deformidades e sequelas ao utente, em função de complicações imediatas ou tardias”.

Muniz, Arnaut e yoshida (2007, p.7) apontam que “no idoso as alterações como osteoporose, a equidade visual diminuída, fraqueza muscular são factores que contribuem para alta incidência da fratura de fémur”.

O diagnóstico das fraturas do colo de fémur é feito através do exame físico, exame clínico e radiológico. A fratura do fémur pode causar alterações negativas para o indivíduo no seu ambiente socioeconómico gerando na maioria das vezes incapacidades para realizar tarefas da vida diária, limitações funcionais e dor.

1.8. Tipos de fraturas de colo de fémur

Devidas as alterações ósseas da terceira idade, este grupo está sujeito a maior incidência de fraturas, principalmente as do colo de fémur, em que esta se situa abaixo do rebordo da cabeça femoral e acima da linha intertrocantérica como foi referenciado acima pelos vários autores. Como forma de melhor explanar a temática torna-se pertinente ilustrar algumas imagens que apontam os tipos de fraturas que o fémur pode sofrer. Relativamente às regiões anatómicas que podem sofre fraturas segue-se as seguintes imagens com a retratação das mesmas.

Figura 3- Imagem do colo de fémur sem fratura

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Figura 4- Imagens do colo de fémur fraturado

Fonte

:

http://www.mdsaude.com/2014/03/fratura-femur.html Figura 5- Imagens do colo de fémur fraturado com traço

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1.9. Diagnóstico das fraturas de colo do fémur

São várias as formas de diagnosticar as fraturas do colo do fémur, definido por vários autores

.

Na ótica deRibas (2004, p. 49) “ uma das formas de diagnóstico é a radiografia que “deve ser sempre realizado”, de forma protocolizada, uma radiografia ântero-posterior ortostática simples de ambas as articulações coxofemorais, com o paciente apoiado sobre os membros de maneira totalmente simétrica”.

Outra forma de diagnóstico é a Ressonância Magnética que na perspetiva de James e Malara (2006, p. 187) “a RMN é considerada um método muito sensível e específico para diagnóstico do conflito femoro-acetabular”

Outro diagnóstico considerado eficaz é Tomografia axial computadorizada (TAC) que segundo o autor já acima mencionado “TAC é um método fiável para a detecção de osteófitos, especialmente nos graus 2 e 3 de Tönnis. Os cortes transversais permitem um diagnóstico mais detalhado de retroversão-anteversão acetabular” (Ribas, 2004, p. 49).

Umas das formas de diagnóstico menos usado é a Ecografia porém não deixa de ser eficaz pois na visão de Buck et al (2011, p. 21) “a ecografia é um método sensível e específico apenas na deteção de alterações morfológicas na junção cabeça-colo femoral, (…)”.

1.10. Tratamento das fraturas de colo do fémur

O tratamento da fratura do colo do fémur é de extrema importância para proporcionar uma melhor qualidade de vida para o utente, pois o indivíduo portador desta fratura fica incapacitado de desenvolver suas atividades diárias, nesta ótica viu-se a necessidade de apresentar os tipos de tratamento que podem ser feitos no caso de fraturas do colo do fémur. O tratamento pode ser farmacológico e o não farmacológico. É essencial ressaltar que o tratamento normalmente é cirúrgico e deve ser realizado o mais breve possível para minimizar os riscos de complicações principalmente complicações inerentes a idade e a condição clínica do utente.

Fragoso e Soares (2010, p.690) salientam que “o tratamento pode ser conservador através de redução fechada, imobilização por gesso e tração esquelética, ou cirúrgico através

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de osteossíntese, fixação externa, fixação interna com haste intramedular, fixação por placa, artroplastia parcial ou total”.

Segundo Cunha (2008, p. 47) “a imobilização do osso fraturado é necessária e fundamental para a consolidação ter lugar, ou seja, para que o organismo na sua recomposição fisiológica e anatómica tenha o tempo de formação de calo ósseo de que necessita (…)”. A imobilização do osso é importante para que este não se complique para uma fratura mais grave e de tratamento mais complicado.

Encontra-se em destaque como sendo um tratamento farmacológico a tração cutânea ou esquelética, mas segundo Riaz, Khan, Martyn,e Parker (2005, p. 36) “não há evidência de benefícios da tração (esquelética ou cutânea) no pré-operatório de fratura de fémur em idosos para alívio da dor, não sendo portanto, recomendada como rotina”

Esta técnica é muito usado para a diminuição da dor no utente hospitalizado, segundo Cunha (2008, p. 978) “a tração cutânea tem como função proporcionar uma pressão direta na extremidade afetada, desde que a integridade da pele e o edema do membro o permitam”.

Na ótica de cunha (2008, p. 979) “a tração esquelética é colocada sob anestesia local ou geral, utilizando material diverso e diferenciado para cada caso, podendo passar pelo compasso de Crutchfield (craniano) e pelos fios de Kirrschener ou cavilha e Steinmann, sendo inserido através do osso distal da fatura”.

Outra forma de tratamento de tratamento usado no pós-operatório para a profilaxia de infeções é o uso de antibióticos que na perspetiva de Aros, Tosteson, Gottlieb e Koval (2008, p. 466) “o uso de antibiótico para profilaxia de infeção comparado ao placebo mostrou benefícios significativos na redução de infeção de feridas no pós-operatório de fraturas de fémur”.

Com isto no ponto de vista de Ono et al (2010, p. 383) “as decisões do tratamento das fraturas do colo femoral são comummente baseadas em dois aspetos: a condição clínica do paciente e o tipo de fratura”. Muitas vezes o utente não possui todos os critérios necessários para ser submetido a uma cirurgia do colo do fémur.

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28 “o tratamento da maioria das fraturas do colo do fémur é cirúrgico, sendo o conservador é reservado somente para algumas fraturas incompletas ou sem desvio. O idoso tem sua reserva funcional diminuída e apresenta um número grande de doenças crónicas associadas, estando assim muito mais sujeito a complicações no pós-operatório tanto imediato quanto tardio”.

Como uma forma de tratamento para ajudar o utente surge a fisioterapia que segundo Moniz (2003, p. 33):

“a fisioterapia inicia no período de internação hospitalar tendo como objetivo promover orientações quanto ao pós-operatório e estimular o retorno às atividades de vida diária, melhorando assim a qualidade de vida do paciente. A fisioterapia visa preservar a função dos segmentos corporais não acometidos e evitar úlceras de decúbito e deformidades, diminuindo o tempo de internação e os gastos hospitalares, bem como minimizando a morbidade.A fisioterapia visa preservar a função dos segmentos corporais não acometidos e evitar úlceras de decúbito e deformidades, diminuindo o tempo de internação e os gastos hospitalares, bem como minimizando a morbidade ”.

O objetivo do tratamento é a estabilização precoce da fratura, com mínimo de morbidade, permitindo dessa forma o restabelecimento imediato da função visto que o tratamento geralmente é longo e desgastante.

Atendendo a isto, Hebert et al (2003, p. 767), aludem” que quando se trata de idosos alguns pormenores devem ser levados em conta. Sempre que possível a opção preferencial deve estar voltada para tratamentos menos agressivos que permitam uma reabilitação precoce e que evite períodos de imobilização e mobilidade prolongados”.

Ainda convém ressaltar que “deve-se lembrar também que devido a osteoporose, a qualidade óssea pode estar afetada, sobretudo na mulher idosa comprometendo a fixação dos implantes e o resultado final de um procedimento” (Hebert et al 2003, p. 766).

Hebert et al (2003, p. 769) concluem que “no que toca as complicações é muito mais interessante atuar na sua prevenção do que no tratamento. Para as situações mais frequentes em geriatria e ortopedia inúmeras medidas são recomendadas esse objetivo e nesse caso cabe frisar a importância da atuação do clínico geriátrico na avaliação cuidadosa dos pacientes antes e depois de qualquer procedimento”. O objetivo do tratamento é a estabilização precoce da fratura, com mínimo de morbidade, permitindo dessa forma o restabelecimento imediato da função.

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1.11. Possíveis Complicações que podem acometer os idosos com fratura

de fémur

As complicações da fratura do colo do fêmur afazem ser derivadas do longo período de recuperação necessário para a cura da lesão. Assim sendo para Ariyoshi (2013, p. 94) as complicações resultantes das fraturas de colo de fémur são:

 Pseudoartrose – mais comum em fraturas do colo de fémur com desvio: os fatores que predispõem a pseudoartrose são: redução inadequada, fixação interna instável, a vascularidade da cabeça femoral e cominuição posterior no foco da fratura

 Necrose;

 Fenómenos tromboembólicos- descritos na literatura como a principal causa da morte. A incidência encontrada é de 40% em pacientes com FCF e menos ¼ desses indivíduos relatam sintomas clínicos de trombose venosa profunda e embolia pulmonar;

 Infeção.

A imobilização prolongada pode causar profundas modificações fisiológicas e bioquímicas em praticamente todos os órgãos e sistemas do corpo. Muitas vezes a imobilização dos doentes de idade avançada leva a uma maior grau de incapacidade do que o causado pela fratura, pondo em risco o processo de reabilitação e aumentando significativamente o custo da assistência hospitalar.

Ainda fragoso e Soares (2010, p. 690) acrescentam que as complicações das fraturas podem ser precoces ou tardias. “As precoces incluem choque, síndrome compartimental, tromboembolia, coagulopatia intravascular disseminada e infeção”. Relativamente às tardias, estes “compreendem união tardia, não união, necrose vascular, reação dos aparelhos de fixação interna, osteoartrose, distrofia simpática reflexa, e ossificação heterotrófica.”

Pinheiro (2016) acrescenta que “muitos pacientes ficam acamados e, por serem idosos e acompanhados de várias outras patologias, acabam não conseguindo mais voltar a andar. Isso facilita a surgimento de complicações devido à imobilização crônica, como trombose venosa profunda, embolia pulmonar, úlceras da pele, pneumonia, infeções urinárias. Quanto mais idosos e debilitado o doente era antes da fratura, maior é o risco dele não conseguir uma recuperação completa.

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1.12. Cuidados de enfermagem aos idosos com fraturas de colo do fémur

O enfermeiro é responsável por gerenciar os cuidados prestados aos idosos, desde o internamento até a alta hospitalar, assegurando o seu acesso, seu acolhimento, o aumento da capacidade resolutiva e o aumento do seu grau de autonomia através do diálogo e orientação dos outros profissionais da equipa multidisciplinar.

Posto isto Watson (2002, p.10) salienta que cuidar na enfermagem, transporta atos físicos mas, envolve a mente-corpo-alma á medida que reclama o espirito corporizado como centro da sua atenção.

Kuznier (2007, p. 17) menciona que “o cuidado constitui-se a essência do ser humano, sendo que o indivíduo somente existe no mundo através do cuidado. Na ausência do cuidado, deixa-se de ser humano. É um jogo de interdependências, no qual o homem necessita de cuidado e relações humanas para manter-se vivo”.

Nesta perspetiva Moniz (2003, p. 23) “o cuidar em enfermagem foca-se na ligação interpessoal do enfermeiro com a pessoa ou do enfermeiro com um grupo de pessoas, família ou comunidade. Esta ligação leva o entendimento do outro na sua particularidade, admitindo estabelecer diferenças entre as pessoas e, assim, a prestarem cuidados de enfermagem de forma individualizada”.

Assim sendo Watson (2002, p. 11) sublinha que “o cuidar na enfermagem e entre todos os profissionais da saúde requer tanto teoria como prática, indo além do simples pensamento á ação, baseada numa posição diferente e, reflexão crítica, dentro de um quadro concetual e de opções construtivas como parte de um modelo de cuidar-curar”. O cuidado é único e não é baseado apenas no doente abrange todos os elementos mais próximos do indivíduo, bem como o seu meio envolvente.

No que tange ao cuidado de enfermagem aos idosos com fraturas do colo de fémur é pertinente frisar todo o acompanhamento que o enfermeiro faz desde dos cuidados pré-operatório quando estes são submetidos a intervenções cirúrgicas até a alta hospitalar momento em que o doente regressa para sua casa e para sua família.

Pré Operatório

Pré-operatório é considerado o período desde a véspera da cirurgia até o momento em que o utente é recebido no bloco operatório. Segundo o Gerenciamento do cuidado: centro de atenção especializada (GCCAE, 2009, p.13), nesta fase específica o enfermeiro deve:

Referências

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