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Eixo Temático – Direito e Cidadania – sala nº 37

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XIII ERIC – (ISSN 2526-4230)

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XIII ERIC – (ISSN 2526-4230)

O PODER DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Acadêmico: Eduardo Vinicius Pereira Professor Wanderlei Lukachewski Junior

1 – INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo analisar a de uma forma direta a investigação criminal procedida pelo Ministério Público, demonstrar a evolução histórica do Ministério Público no Brasil, e as suas competências.

A Constituição Federal de 1988 concedeu poderes para que o Ministério Público realizasse diretamente investigação criminal. Serão abordados alguns assuntos tendo como objeto principal o caráter investigatório concedido ao Ministério Público no âmbito da Constituição Federal de 1988.

Tal posicionamento será objeto de pesquisa bibliográfica, demonstrando um pouco sobre essa atividade exercida pelo Ministério Público, por fim, vamos abordar sobre a investigação criminal pelo Ministério Público sobre uma visão constitucional.

2 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA

O Ministério Público é fruto do desenvolvimento do estado brasileiro e da democracia. Essa história é marcada por dois grandes processos que culminaram na formalização do Parquet como instituição e na ampliação de sua área de atuação.

No período colonial, o Brasil foi orientado pelo direito lusitano. Não havia o Ministério Público como instituição. Mas as Ordenações Manuelinas de 1521 e as Ordenações Filipinas de 1603 já faziam menção aos promotores de justiça, atribuindo a eles o papel de fiscalizar a lei e de promover a acusação criminal. Existiam ainda os cargos de procurador dos feitos da Coroa (defensor da Coroa) e o de procurador da Fazenda (defensor do fisco).

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Só no Império, em 1832, com o Código de Processo Penal do Império, iniciou-se a sistematização das ações do Ministério Público.

Na República, o decreto nº 848, de 11/09/1890, ao criar e regulamentar a Justiça Federal dispôs, em um capítulo, sobre a estrutura e atribuições do Ministério Público no âmbito federal. Neste decreto destacam-se:

a) a indicação do procurador-geral pelo Presidente da República;

b) a função do procurador de “cumprir as ordens do Governo da República, relativas ao exercício de suas funções” e de “promover o bem dos direitos e interesses da União.” (art.24, alínea c).

Em 1951, a lei federal nº 1.341 criou o Ministério Público da União, que se ramificava em Ministério Público Federal, Militar, Eleitoral e do Trabalho. O MPU pertencia ao Poder Executivo.

Em 1981, a Lei Complementar nº 40 dispôs sobre o estatuto do Ministério Público, instituindo garantias, atribuições e vedações aos membros do órgão.

Em 1985, a lei 7.347 de Ação Civil Pública ampliou consideravelmente a área de atuação do Parquet, ao atribuir a função de defesa dos interesses difusos e coletivos. Antes da ação civil pública, o Ministério Público desempenhava basicamente funções na área criminal. Na área cível, o Ministério tinha apenas uma atuação interveniente, como fiscal da lei em ações individuais. Com o advento da ação civil pública, o órgão passa a ser agente tutelador dos interesses difusos e coletivos.

Quanto aos textos constitucionais, o Ministério Público ora aparece, ora não é citado. Esta inconstância decorre das oscilações entre regimes democráticos e regimes autoritários ditatoriais.

Constituição de 1824: não faz referência expressa ao Ministério Público. Estabelece que “nos juízos dos crimes, cuja acusação não pertence à Câmara dos Deputados, acusará o procurador da Coroa e Soberania Nacional”.

Constituição de 1891: não faz referência expressa ao Ministério Público. Dispõe sobre a escolha do Procurador-Geral da República e a sua iniciativa na revisão criminal.

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Constituição de 1934: faz referência expressa ao Ministério Público no capítulo “Dos órgãos de cooperação”. Institucionaliza o Ministério Público. Prevê lei federal sobre a organização do Ministério Público da União.

Constituição de 1937: não faz referência expressa ao Ministério Público. Diz respeito ao Procurador-Geral da República e ao quinto constitucional.

Constituição de 1946: faz referência expressa ao Ministério Público em título próprio (artigos 125 a 128) sem vinculação aos poderes.

Constituição de 1967: faz referência expressa ao Ministério Público no capítulo destinado ao Poder Judiciário.

Emenda constitucional de 1969: faz referência expressa ao Ministério Público no capítulo destinado ao Poder Executivo.

Constituição de 1988: faz referência expressa ao Ministério Público no capítulo “Das funções essenciais à Justiça”. Define as funções institucionais, as garantias e as vedações de seus membros. Foi na área cível que o Ministério Público adquiriu novas funções, destacando a sua atuação na tutela dos interesses difusos e coletivos (meio ambiente, consumidor, patrimônio histórico, turístico e paisagístico; pessoa portadora de deficiência; criança e adolescente, comunidades indígenas e minorias ético-sociais). Isso deu evidência à instituição, tornando-a uma espécie de Ouvidoria da sociedade brasileira.

3 – ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

A Constituição Federal em seu artigo 27 nos traz os princípios institucionais do Ministério Público, garantindo o direito de atuação deste órgão perante a sociedade, sendo eles: o princípio da unidade, princípio da indivisibilidade e o princípio da independência funcional.

• Princípio da Unidade – O princípio da unidade preconiza a atuação dos membros do Ministério Público enquanto um só corpo, consistindo em vontade una, de modo que a manifestação de vontade de cada um de seus membros representa a manifestação de todo o órgão.

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• Princípio da indivisibilidade – o princípio da indivisibilidade consubstancia-se na verdadeira relação de logicidade que deve haver entre os membros do Ministério Público que agem em nome da Instituição e não por eles mesmos, por isso a possibilidade de um membro substituir o outro, dentro da mesma função, sem que com isso haja qualquer disparidade.

• Princípio da independência funcional – A autonomia funcional ou independência funcional garante a liberdade de atuação do órgão do Ministério Público, sem sofrer influência hierarquicamente superior. O membro atua livremente no caso concreto, de acordo com as regras legais e a sua consciência, sem direcionamento vinculativo e compulsório dos órgãos superiores, para que possam servir aos interesses da lei e não aos dos governantes. Agem conforme a sua convicção fática e jurídica

Com a grande evolução do Ministério Público durante todos esses anos, com o surgimento de novas leis e funções direcionadas a esse órgão, tais funções são essenciais para a manutenção de um Estado de Direito, a Constituição Federal instituiu ao Ministério Público as seguintes funções:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;

II – zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;

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III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;

IV – promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição;

V – defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;

VI – expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;

VII – exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior;

VIII – requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais;

IX – exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.

4 – O PODER DE INVESTIGAR DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Há muito tempo se arrasta a discussão sobre a legitimidade para que o Ministério Público possa proceder e conduzir à investigação criminal, tendo essa questão voltada a tona depois da Proposta de Emenda a Constituição n⁰ 37, mais conhecida como “PEC 37”, sendo ela rejeitada perante a Câmara dos Deputados, e

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considerada por muitos uma grande vitória para a sociedade, pois garante o direito do Ministério Público fazer parte das investigações criminais.

5 – CRITICAS E LIMITES A ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Os defensores da posição favorável em que o Ministério Público proceda a investigações criminais também apresentam um conjunto de argumentos para demonstrar o quão importante a sua interferência na investigação, sendo eles:

a) O Ministério Público, na condição de titular da ação penal pública (CF, art. 129, I), não é um mero espectador da investigação a cargo da autoridade policial, podendo, por isso, não só requisitar diligências, como realizá-las diretamente, quando elas se mostrem necessárias.

b) A Constituição atribuiu ao Ministério Público o poder de expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva (art. 129, VI). Essa competência abrange tanto a esfera cível quanto a criminal.

c) A Constituição atribuiu ao Ministério Público, de forma ampla, o controle externo da atividade policial (art. 129, VII), além de dispor que cabe ao Parquet requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial.

d) O sistema do art. 129 da Constituição visa a fornecer ao Ministério Público autonomia para levar a cabo a apuração dos fatos necessários ao oferecimento da denúncia, por meio inclusive da expedição de notificações para a coleta de depoimentos.

e) Não há conflito entre as normas constitucionais indicadas acima e o que dispõe o art. 144 da Carta, tanto porque tais normas têm caráter principiológico, como porque o art. 144 não conferiu exclusividade à Polícia no que diz respeito à investigação de infrações penais.

f) Outras normas constitucionais fundamentam a atribuição dessa competência ao Ministério Público: (i) o art. 127, caput, 10, que impõe ao Parquet a defesa da ordem jurídica e dos interesses individuais indisponíveis; (ii) o art. 129, II11, que conferiu ao Ministério Público o dever de zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; (iii) o art.

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129, IX12, que admite que o Ministério Público exerça outras funções compatíveis com sua finalidade; (iv) o art. 144, caput13, que indica a segurança pública como dever do Estado e direito e responsabilidade de todos; e (v) os arts. 1º14, 3º15 e 5º16, que cuidam dos direitos fundamentais, da dignidade humana e da cidadania, já que a persecução penal rápida e eficiente é exigida por esses bens constitucionais.

g) Quanto à ordem infraconstitucional, a Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei nº 8.625 de 1993), em seu art. 26, I, “a” e “b”17, prevê a expedição de notificações para colher depoimento ou esclarecimentos, bem como a requisição de informações, exames periciais e documentos de autoridades e órgãos públicos.

6 – CONCLUSÃO

Através do presente estudo foi possível verificar que como grande a responsabilidade do Ministério Público zelar pela segurança pública, a Polícia Judiciária exerce uma função investigativa, ou seja, uma fase pré-processual, sendo seu trabalho de suma importância perante a sociedade, sendo capaz de proporcionar melhores condições para a resolução de crimes e delitos na fase processual.

Foram apresentados os argumentos relativos à temática, sendo que ficou demostrado que o Ministério Público tem sim a legitimidade para realizar a investigação. Com isso, enquanto não houver uma mudança constitucional que não permita que membros do Ministério Público investiguem diretamente, esse órgão poderá continuar participando nas investigações.

7 – REFERÊNCIAS

 LOPES, J. A. V. Democracia e cidadania: o novo Ministério Público. Rio de janeiro: Lumen Juris, 2000.

 MAZZILLI, H. N. Introdução ao Ministério Público. São Paulo: Saraiva, 1997.  SALLES, C. A. Entre a razão e a utopia: a formação histórica do Ministério

Público. In: VIGLIAR, J. M. M. e MACEDO JÚNIOR, R. P. (Coord.). Ministério Público II: democracia. São Paulo: Atlas, 1999.

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 Santin, Valter Foleto. O Ministério Público na Investigação Criminal. Bauru: Edipro, 2001, P. 199.

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XIII ERIC – (ISSN 2526-4230)

A JORNADA DE TRABALHO E O DIREITO À DESCONEXÃO

Fabio Sukekava Junior - FAFIMAN fabiosukjr@hotmail.com Aluísio Henrique Ferreira – FAFIMAN(orientador) aluisioferreira.adv@gmail.com Comunicação Oral

RESUMO: O presente artigo apresenta ao leitor uma abordagem de um tema de

extrema importância para o direito e, consequentemente, para as relações de trabalho, entre empregado e empregador. É objeto de conclusão do Projeto de Iniciação Científica vinculado a esta instituição PROBIC. Com a expansão da tecnologia e dos meios de comunicação atuais, temos maior facilidade para encontrar quem queremos. O contato pode ser através de telefone celular, e-mail, ou simplesmente por uma mensagem via rede social, por exemplo, Whats App ou Messenger. Entretanto, o que temos observado nas relações de trabalho é que o uso da tecnologia coloca o patrão diretamente conectado com seus empregados praticamente sem interrupções. Em se tratando de praticidade, ajuda muito, mas isso também pode ocasionar sérios problemas para os funcionários que não conseguem se desligar de seus trabalhos, mesmo estando em casa, no seu horário de descanso e repouso. Trabalharemos este artigo buscando elencar os pontos negativos da tecnologia nas relações de trabalho com estudos de caso através de método dedutivo e sistêmico.

Palavras-chave: Direito; Jornada de Trabalho; Direito do Trabalho.

ABSTRACT: This article presents to the reader an approach to a topic of extreme

importance for the law and, consequently, for the labor relations, between employee and employer. With the expansion of technology and the current media, we have greater facility to find who we want. The contact can be through cell phone, email, or simply through a message via social network, for example, Whats App or Messenger. However, what we have observed in work relationships is that the use of technology places the boss directly connected with his or her employees with virtually no interruptions. When it comes to practicality, it helps a lot, but this can also cause

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serious problems for employees who can not get away from their jobs, even when at home, during their rest and rest hours. We will work on this article seeking to identify the negative aspects of technology in the work relations with case studies through a deductive and systemic method.

Keywords: Law; Working hours; Labor Law.

1 INTRODUÇÃO

No estudo deste artigo abordaremos a importância da desconexão do empregado em face da sua jornada de trabalho para que seja garantida a incolumidade física e psíquica do mesmo.

O que podemos observar é que o principal fator que determina a importância de tal direito do empregado vem sendo o crescimento da tecnologia nos últimos anos.

É através das novas tecnologias e aparelhos modernos que conseguimos entrar em contato com qualquer pessoa, onde quer que ela esteja. Na relação entre patrão e empregado não é diferente, pois o patrão, até mesmo fora do horário de serviço de seu funcionário, consegue encontra-lo e entrar em contato com ele.

Na facilidade de encontrar o empregado é que está o problema. Enquanto ele está no seu horário de trabalho, o patrão entrar em contato, mandar mensagens e entre outras formas de contato é correto, pois está a disposição de seu patrão. Mas, quando esse contato passa a ser realizado fora da jornada de trabalho, aí nos deparamos com um problema, que é objeto de estudo deste artigo.

Tudo se resume à inclusão de aparelhos de telefone celular que vem habilitados para o uso de aplicativos de redes sociais como, por exemplo, “WhatsApp Messenger” e “Messenger” do Facebook.

2 O DIREITO À DESCONEXÃO

Com a vinda dos novos aparelhos dotados de alta tecnologia, fica ainda mais acentuada a conexão do trabalhador com o seu ambiente de trabalho, ficando

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conectado de forma contínua e, muitas vezes, não tendo opção, a não ser se envolver em assuntos profissionais fora da sua carga horária laboral.

Quanto ao exposto, o posicionamento de Volia Bomfim Cassar 1é o seguinte:

“O trabalhador tem direito à ‘desconexão’, isto é, a se afastar totalmente do ambiente de trabalho, preservando seus momentos de relaxamento, de lazer, seu ambiente domiciliar, contra as novas técnicas invasivas que penetram na vida íntima do empregado.”

O que não pode acontecer é a imposição de que este trabalhador fique conectado ao ambiente de trabalho, ficando difícil conseguir descansar, esquecer dos problemas e assuntos profissionais e poder se recompor para seu próximo dia de trabalho.

Trabalhar é uma das formas mais eficazes de se buscar satisfazer as ações pessoais, pois através do labor, é possível conquistar sonhos, crescer e se desenvolver como pessoa e profissional. Só não podemos ultrapassar os limites, pois o abuso pode até ser considerado uma privação de liberdade, visto que o funcionário não tem sossego porque a empresa não o deixa descansar.

No sentido exarado acima, Jorge Luiz Souto Maior2 nos diz:

Releva notar que se a tecnologia proporciona ao homem uma possibilidade quase infinita de se informar e de estar atualizado com seu tempo, de outro lado, é esta mesma tecnologia que, também, escraviza o homem aos meios de informação, vez que o prazer da informação transforma-se em uma necessidade de se manter informado, para não perder espaço no mercado de trabalho.

Conforme nos relatou o renomado autor, o homem fica preso à tecnologia, o que impede de realizar muitas ações cotidianas e, quando se trata de relações de trabalho, o problema fica ainda mais acentuado.

Quando o empregador respeita o direito do seu funcionário de ter o seu descanso e sossego fora do horário de serviço, ele está garantindo uma melhor qualidade de vida para o mesmo, além de propiciar um maior rendimento do seu trabalho nos dias e horários que estiver à disposição da empresa.

1 CASSAR, Volia Bonfim. Direito do Trabalho. 5ª ed., Rio de Janeiro: Impetus, 2011, p. 660. 2 Disponível em: http://www.amdjus.com.br/doutrina/trabalhista/268.htm Acesso em 14 mar. 2017.

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Com os comunicadores cada vez mais interligados via internet, fica fácil o contato de empregador com empregado, porém, este não consegue se desligar totalmente de seu trabalho, o que lesiona inúmeros direitos inerentes à sua condição de pessoa que trataremos à seguir.

O TST – Tribunal Superior do Trabalho 3vem decidindo favoravelmente ao

respeito à desconexão do trabalhador em face da sua função profissional, conforme segue:

“A concessão de telefone celular ao trabalhador não lhe retira o direito ao percebimento das horas de sobreaviso, pois a possibilidade de ser chamado em caso de urgência por certo limita a sua liberdade de locomoção e lhe retira o direito à desconexão do trabalho.”

Deste modo, podemos concluir que a desconexão do empregado em relação ao seu trabalho é essencial para que não haja problemas piores futuramente, como complicações físicas e psicológicas, além de garantir o respeito à dignidade da pessoa humana, que também deve ser respeitada no âmbito das relações de trabalho.

3 A DESCONEXÃO E O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

Quando falamos sobre o direito à desconexão do empregado em relação ao seu ambiente de trabalho, não podemos deixar de evidenciar o descumprimento do princípio da dignidade da pessoa humana, visto que são desrespeitados vários fatos geradores de tal princípio.

Não podemos deixa de lado que o direito à desconexão também se vincula à tutela do obreiro em face da automação (art. 7º, XXVII, da CF), relacionando-se, também, com os direitos fundamentais trabalhistas não especificado, a exemplo do direito que nos é garantido de forma fundamental ao lazer (artigo 6º, caput, da CF) e dos direitos que também garantem a intimidade e a vida privada (artigo 5º, inc. V e X, da CF).

3 Processo: RR - 64600-20.2008.5.15.0127 Data de Julgamento: 27/06/2012, Relatora Juíza Convocada: Maria Laura Franco Lima de Faria, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 29/06/2012

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No descumprimento da desconexão, deixamos de lado o direito ao descanso, ao sossego, à vida social do empregado e o submetemos a jornadas exaustivas de trabalho, até mesmo quando ele está em casa.

A Constituição Federal4 assevera o seguinte:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania; II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

O artigo é claro quando trata da dignidade da pessoa humana e também dos valores sociais do trabalho, tudo para que se possa ter uma ambiente laboral cada vez melhor, mais respeitoso e que satisfaça da melhor forma, para ambas as partes, as suas necessidades.

Portanto, além do desrespeito com o próprio funcionário que não vê escolha a não ser atender às solicitações de seu empregador, o empregados que pratica tais atos também desrespeita os fundamentos principais do nosso país, que garantem uma vida melhor para seus cidadãos.

4 A SÍNDROME DE BURNOUT E SUA RELAÇÃO COM A DESCONEXÃO

Sabe-se que com a tecnologia, também aumentaram as pressões realizadas em cima dos funcionários em diversos horários e dias que não estão em serviço. Com o crescente aumento dessas pressões, também aumentaram a insegurança, o isolamento e a ansiedade nos funcionários.

Todos esses sintomas são causados, pois o funcionário em seu horário de descanso, nunca sabe quando e onde o seu patrão ou superior vai ligar, mandar mensagem e solicitar alguma informação ou algo parecido.

4 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.

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Não restam dúvidas de que práticas reiteradas dessas ações podem ocasionar doenças físicas e psicológicas, o que podemos chamar de Síndrome de Burnout.

A Síndrome de Burnout ou Burn-out, é um termo muito antigo. No vernáculo popular quer dizer àquilo que não funciona mais porque não tem energia.

Nos dizeres de Cyro Masci em entrevista para a Editora Abril5,

“É como se o corpo e a mente colocassem um ponto final: “Agora chega!” Um cansaço devastador revela falta absoluta de energia. Todas as reservas estão esgotadas. No trabalho, a pessoa, antes competente e atenciosa, liga o “piloto automático”. No lugar da motivação, surgem irritação, falta de concentração, desânimo, sensação de fracasso. Esses são indícios de uma doença cruel e de difícil diagnóstico que avança nos hospitais, nas empresas, escolas… A síndrome de burnout, ou esgotamento profissional, decorre de stress prolongado no trabalho. O termo em inglês significa estar chamuscado, queimado, calcinado por um fogo que se alastra como numa floresta.”

Sendo assim, é definido como alguém que está no seu limite que, por faltar forças, não consegue mais desempenhar física ou psicologicamente alguma ação.

Há estudos que apontam, inclusive, que os portadores da síndrome de Burnout trabalham, em média, cinco horas a menos por semana. Essa síndrome é muito mais séria do que imaginamos.

Portanto, além de ser prejudicial à dignidade da pessoa humana, como já mencionado acima, também causa diversos sintomas que, interligados, são chamados de Sindrome de Burnout e vem sendo cada vez mais comum encontrar casos deste tipo.

4.1 Estudo de Caso – Vendedor

Conforme fez-se necessário, foi realizado o referido estudo de caso para se constatar, na prática, como funciona o exercício exacerbado do poder diretivo do empregador em face do empregado e o que isso pode ocasionar física e psicologicamente na vida do trabalhador.

5 Disponível em: http://claudia.abril.com.br/saude/burnout-os-sinais-da-sindrome-que-e-causada-pelo-esgotamento-no-trabalho/ Acesso em: 21 abr. 2017.

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Um funcionário trabalhava para uma determinada empresa no ano de 2015, o qual foi admitido para o função de vendedor. Ele exercia suas funções como vendedor, atendendo e prospectando clientes em todo o Brasil através de intercomunicador e telefone fixo para uma empresa que trabalha com fabricação de máquinas para lavanderia industrial na cidade de Mandaguari – Estado do Paraná.

Durante alguns meses, após a sua admissão na empresa, o funcionário foi informado de que exerceria mais uma função na empresa. Ele, além de executar as ações de vendas e atendimento aos clientes, também seria comprador desta.

A função extra atribuída ao funcionário não veio acompanhada de uma gratificação, tampouco de outros benefícios. Porém, o que acontecia com frequência, era que, aos sábados ou fora do horário de expediente o empregador entrava em contato com seu funcionário para pedir esclarecimentos ou realizar algum tipo de serviço externo sem que houvesse remuneração para tais ações.

Estamos analisando uma situação real, e se tratando de um funcionário que precisa manter seu emprego, como não atenderia uma solicitação de seu patrão? Correria o risco de ser despedido pelo simples fato de não querer fazer algo o qual não é obrigado a fazê-lo fora do seu horário de expediente?

Pudemos observar que o empregado fica subordinado a obedecer as normas de seu patrão até mesmo fora do seu horário de expediente.

No caso em análise, o funcionário após várias situações similares a esta, começou a apresentar sinais de estresse elevado e algumas feridas em todo o corpo, o que tiveram que ser tratadas por profissionais da área para que não virassem problemas maiores.

Em última situação ocorrida, o empregador se estressou muito com o empregado sobrecarregado e estressado também, em virtude de todo um contexto de exploração labora e demitiu-o sem mesmo explicar os principais motivos que o levaram para tal decisão fatal para esta relação de emprego.

Não obstante, podemos observar que os comunicadores atuais são uma forma mais pratica de entrar em contato com quem precisamos. Porém, é notório salientar que o exagero e a pratica reiterada dessa comunicação fora do horário de trabalho atrapalha muito a vida de quem é incomodado.

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Esta relação de emprego poderia ter durado muito mais tempo se não tivesse sido submetida a uma alta carga de atribuições e abusos por parte de seu superior.

Portanto, não somente neste caso, mas também em outros, deve ser respeitado o direito do funcionário de desconectar-se de seu ambiente de trabalho, para que haja um melhor rendimento em suas atribuições profissionais e também para garantir sua saúde física, psicológica e seu direito de estar onde quiser sem preocupações fora de seu horário de trabalho.

5 CONCLUSÃO

Com a modernização se expandindo a todo o momento, surgem aplicativos capazes de interligar pessoas em todo o mundo a qualquer momento e em qualquer lugar. Estas ferramentas são utilizadas por pessoas comuns, empresários, celebridades e também por trabalhadores, o que auxilia na execução de suas tarefas laborais, em muitas das vezes.

Porém, alguns trabalhadores utilizam-se da facilidade de comunicação com seus empregados para incomodá-los em suas folgas ou horários de descanso, os quais não fazem parte da carga horária de trabalho.

Com isso, muitos destes funcionários acabam desenvolvendo sintomas referentes a tais ações, pois não conseguem gozar do devido descanso o qual todos tem direito, pois o seu superior ou patrão sempre o incomoda neste horário.

Não obstante, o incômodo e alguns sintomas como ansiedade e estresse, há casos em que estes funcionários acabam desenvolvendo uma síndrome, denominada Síndrome de Burnout que aparece quando a pessoa está esgotada, sem energias ou forças para prosseguir devido a insistência de fatores externos e cobranças por parte de seus superiores em horários indevidos e alheios ao horário de trabalho.

Desta forma, é preciso saber ponderar a utilização dos benefícios que a tecnologia e as redes sociais trazem para a comunicação e entender que o direito do funcionário a desconexão de sua jornada de trabalho é algo que lhe é garantido constitucionalmente levando-se em conta alguns princípios e fundamentos que se baseiam o nosso país.

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Portanto, é preciso saber ponderar, se colocar no lugar do outro para que todos possam ter qualidade de vida com lazer, diversão e descanso. Caso haja a necessidade de se contatar o funcionário de forma reiterada enquanto não está trabalhando, que pelo menos ele possa ser remunerado para tal atribuição, conforme a legislação vigente assevera.

Desta feita, todos conseguem sair satisfeitos da relação de emprego e, consequentemente, evita-se conflitos e dentre outras situações que não são agradáveis, tampouco saudáveis para um ambiente de trabalho.

6 REFERÊNCIAS

CASSAR, Volia Bonfim. Direito do Trabalho. 5ª ed., Rio de Janeiro: Impetus, 2011, p. 660.

MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. São Paulo: Atlas, 2015;

NASCIMENTO, Amauri Mascaro: Curso de direito do trabalho. 23ª edição, São Paulo: Saraiva, 2008.

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XIII ERIC – (ISSN 2526-4230)

CORRUPÇÃO: UM DOS MALES DO SÉCULO

1Jardel Cezar dos santos

2Paulo Fernando Bandeira da Silva

1Acadêmico de Direito da União das Faculdades Metropolitana de

Maringá-UNIFAMMA; E-mail: cezarprojetos@outlook.com

2Mestre em Direito e Professor na União das faculdades metropolitanas de

Maringá-UNIFAMMA; E-mail: plbandeiras@uol.com.br

Comunicação oral RESUMO

Este trabalho focou seus esforços em analisar as situações contemporâneas da sociedade atual brasileira. Abordando a temática, crimes de corrupção, praticados por agentes públicos e privados. Além disso, foi analisado seus efeitos nocivos na economia nacional, que retarda o desenvolvimento social. Os reflexos da imagem do país frente a cenário mundial, afastando investidores, levando o Brasil a uma estagnação da economia, gerando impactos nas áreas da saúde, educação e segurança pública. Segundo a ONU (Organizações das Nações Unidas, 2002), se desvia no Brasil mais de R$ 200 (Bilhões) por ano. Isto coloca o Brasil no rank dos países com níveis de corrupção endêmica. Neste trabalho, foi abrangido a falta de representatividade do interesse político de estabelecer mecanismos eficazes de combate aos crimes de corrupção, mesmo havendo previsão constitucional, no art. 5º inc. XLIII, (CF 88), e nas leis de impropriedade administrativa (nº 8.072/1992) e de anticorrupção (nº 12.846/2013), não o fazendo por interesse próprios, contrariando a construção do Estado Democrático de Direito. Com isto, trouxe à tona os projetos de iniciativa popular como medida de proteção a cidadania, pôr exemplo: as dez medidas contra a corrupção promovida pelo ministério público federal.

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INTRODUÇÃO

A corrupção é um problema que afeta todos os países do mundo, tanto os países desenvolvidos e os subdesenvolvidos. No Brasil existem poucas medidas que inibe tal conduta por agentes políticos e agentes privados. Foram criadas leis de combate ao crime de corrupção, dentre elas podemos citar a lei de impropriedade administrativa (Lei nº 8.429/1992) com o foco no agente corrompido, lei anticorrupção (12.846/2013) que aplica sanções a empresas, ao agente corruptor. Porem há uma falta de interesse político e efetivação do Estado em fazer cumpri-las. A Carta Magna de 1988, recepcionado os crimes hediondos, deixou para o legislador derivado a criação de lei de forma a classificar os crimes. Por motivação popular, e acontecimentos sociais, envolvendo pessoas influentes no meio econômico, se promulgou a lei 8.072/90, que classifica os crimes hediondo sendo: latrocínio, extorsão qualificada pela morte, extorsão mediante sequestro e na forma qualificada, estupro, epidemia com resultado de morte, falsificação, corrupção adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais e crime de genocídio previsto nos artigos 1º, 2º e 3º da lei 2.889/56. E os crimes equiparados a hediondos: tráfico ilícito de entorpecentes, tortura e terrorismo. Não abarcando o crime de corrupção por desinteresse político.

No cenário internacional, o Brasil tem uma imagem ruim perante os investidores estrangeiros. Os políticos brasileiros cercados por escândalos de corrupção, afasta os investidores, provocando a derrocada da economia nacional, gerando a estagnação no desenvolvimento social (BBC, 2017).

A inserção da iniciativa popular na esfera política, o cidadão comum pode intervir no seio da política como querelante de direitos, se inserindo na forma de proposta de lei, mediante aceitação popular por grande quantidade de assinatura e remetendo ao congresso nacional, passando pelos processos legislativos para apreciação.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foi utilizado para este trabalho pesquisas em livros, artigos periódicos e os meios eletrônicos.

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Corrupção nos regimes de governo

Os grandes filósofos gregos Heráclito, Platão e Aristóteles, ao perceberam o ciclo de vida de cada ser vivente, notaram que a corrupção é um processo biológico/naturalístico. O ciclo do homem passa pelo nascimento, crescimento, desenvolvimento, onde o corpo vai se degradando e ficando debilitado perdendo assim sua força vital, iniciando-se assim a corrupção (AIRES e CINTRA FILHO, 2015). Neste sentido após trazer a análise para o campo da ciência política, fica claro que pelo viés biológico e natural e no corpo político, evidencia-se que os primeiros sinais de corrupção aparecem quando à perda da força vital, e a quebra dos princípios que são a base da formação das relações sociais (AIRES e CINTRA FILHO, 2015).

No pensamento aristotélico linguístico sobre a corrupção (FILGUEIRAS, 2008), diz que ela está originalmente adstrita a ideia de degeneração, putrefação ou destruição. No entanto, esta temática já discutida entre os pensadores gregos, a palavra corrupção vem do latim Corrumpere, que para os gregos era a interação com a cosmologia, onde se tinha o mundo dos deuses, mundo perfeito, sem macula, e o mundo dos homens, mundo imperfeitos e suscetível de todas as práticas de corrupção.

A visão de Aristóteles retrata o governo como figura de um só agente, dizemos, portanto, que é um governo monárquico. Já à aristocracia é o governo que é confiado a mais de um agente (Nobres), de boa índole, honesta para o bem-estar do Estado. Enquanto a república se refere um modelo de governo em que há um grande número de agentes ou pelo povo que governa para o bem público, ou seja, para o bem da coletividade (FILGUEIRAS, 2008).

As três formas de governo podem degenerar-se: a monarquia em tirania, a aristocracia em oligarquia, a república em democracia. A tirania não é que de fato a monarquia, é utilizada em favor do próprio monarca, a oligarquia para utilidade dos ricos (timocracia), a chamada de democracia para a utilidade dos pobres, e nenhuma das três se ocupa do interesse Público (FILGUEIRAS, 2008).

Podemos ainda ressaltar que a democracia é o sistema de governo em que o Estado exerce em favor dos pobres ou da pessoa menos favorecidas, a oligarquia

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como um regime de governo dos ricos e o regime de governo monárquico é quem exerce o poder é um ser a frente do Estado.

No Brasil já tivemos vários modelos de regime de governo fazendo parte da história. Em meados dos anos 1964, houve o golpe na democracia, onde se instalou no país e no poder um regime militar, que cerceio muitos direitos fundamentais. Após 1985, com a promulgação da constituinte em 05 de outubro de 1988, nasce das lutas populares, uma nova constituinte, que é a retomada da redemocratização do Estado da República Federativa do Brasil.

Com os avanços sociais alcançados, o inimigo agora é outro, a corrupção que para Lopes (2011) é considerado uma patologia, e seus sintomas pré-diagnosticado, é a má administração, ou melhor dizendo má governança. Os altos níveis de corrupção estão ligados a fracos níveis de desenvolvimentos social, econômicos e políticos.

Rank mundial dos países com alto e baixo índice de corrupção.

A organização não governamental Transparency Internacional the Global Coalibon Against Corruption (TRANSPARENCY INTERNATIONAL, 2017) analisou no ano de 2016, e elaborou um rank mundial, onde a 176 países participantes. A organização não governamental tratou com parâmetros internacionais, dando um escore de 100 pontos (altamente corrupto) a 0 pontos (limpo de corrupção). Os dados mostraram com clareza que não há países limpo de corrupção, e que 2/3 (dois terços) dos países avaliados apresentaram um escore abaixo do score 43 pontos, ficando evidente que a corrupção do setor público é considerada endêmica.

O Brasil, nos últimos anos, vem decaindo nas posições ocupando a margem de pais com o nível de corrupção endêmica. Segundo a organização não governamental Tansparency Internacional the Global Coalibon Against Corruption, o Brasil teve sua trajetória de regressão no combate a corrupção. Em 2012 tinha um escore de 43 pontos (quarenta e três), em 2013 abaixou para o escore 42 pontos (quarenta e dois). Porém, em 2014 ainda dentro do nível endêmico, com a descoberta da corrupção da lava jato chegou ao escore 38 pontos (trinta e oito). Em 2015, com a última atualização até 2016 o Brasil ocupa no rank a posição de

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número 79, com escore de 40 pontos (quarenta), ficando na margem de país com o nível de corrupção endêmica no setor público.

A saúde brasileira está em à beira de um colapso (ABRAMGE, 2017), diante da economia municipal, estadual e da União, que estão passando por ajuste fiscal. Houve uma redução no investimento na área da saúde pública por parte do governo federal, agravando mais a situação. Não é diferente com os planos privados, com os aumentos dos desempregos, muitos deixaram de pagar os planos de saúde, superlotando o SUS (Sistema Único de Saúde).

Corrupção crime contra a ordem pública

Assim preleciona Barroso (2010) “a constituição é instrumento do processo civilizatório, tem por finalidade conservar as conquistas incorporadas ao patrimônio da humanidade e avançar na direção de valores e bem jurídicos socialmente desejáveis e ainda não alcançados”.

Indubitavelmente a base norteadora de todas as normas infraconstitucionais, é a Carta Magna de 1988, “para institucionalizar um Estado Democrático de Direito, tem que estar fundado na soberania popular e na limitação do poder (político), e ainda assegurar o respeito ao direitos fundamentais (dignidade da pessoa humana), inclusive as minorias políticas, para ser mais eficaz na relações de transparência, criação de mecanismo que garantam a administração com transparência nos processo de tomada de decisões de modo a tornar o governo eficiente e probos”, (BARROSO, 2010 p.124).

Alguns crimes devem ter um tratamento diferenciado pelo legislador, sendo um tratamento mais severo, crime de sonegação de tributos, crime de lavagem de dinheiro e os crimes de corrupção, crimes este que criam obstáculos e dificultam ou para ser mais preciso, impedem os objetivos do Estado social democrático de direito (BARROSO, 2010).

Os legisladores constituintes introduziram na constituição de 1988, normas incriminadoras ao estabelecer normas de indicadores penais. De fato, que estão ligados a fatores políticos, econômicos e sociais. Durante a nova elaboração da

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nova constituinte 1988, o país saindo do regime militar outrora citado em parágrafos anteriores.

Desde então o constituinte originário inovou pela primeira vez e trouxe positivado o crime hediondo. No art. 5º da constituinte no seu inciso XLIII, “a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça e anistia a prática de tortura, o tráfico de ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como hediondo, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evita-los, sê omitirem”. Ficando a critério do legislador derivado a enquadra-lo como tal.

Deste modo, nasce a lei de crimes hediondos, lei 8.072/90, concebida da ideia extraída do próprio art. 5º. inciso XLIII, pós acontecimentos com celebridades por exemplos: o sequestro do empresário Roberto Medina, idealizador do (ROCK IN RIO). Lei positivada ainda no governo Collor, período de grandes crimes de extorsão mediante sequestro. Para Leal (1996), os grandes acontecimentos das extorsões mediante sequestro, foram fatores determinantes para a promulgação da lei de crimes hediondos com total influência do art. 5º da constituição federal de 1988, em face do direitos e garantias fundamentais.

Crime de corrupção para o código penal

O Estado democrático de direito que vêm sendo ameaçado por crimes de ordem política. Para Rogerio Greco, quanto trata do direito do preso, aduz que Estado faz um vitupério contra o direito da dignidade da pessoa humana, embora este assunto esteja na esfera penal, mas esta correlatada na intervenção do Estado quando exerce o “ius puniend”, o Estado faz de conta que cumpri as leis, mas o preso é que sofre a consequência pela má administração, pela corrupção dos poderes públicos e pela ignorância da sociedade (GRECO, 2015).

A corrupção pode ser de forma de recebimento de pecúnia ou bens móveis ou imóveis, e inerente ao ser humano. Podemos dizer que o crime de corrupção basta o agente público, fazer a troca de favores de forma ilícita para o agente privado que se beneficia dos recursos públicos (OLIVEIRA, 2012).

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Dentro das funções podemos esclarecer que o corruptor, e aquele por motivação de recebimento de certo benefício oferece pagamento seja ele de qualquer espécie para sua própria promoção, já o corrompido é o agente que aceita o ato ilegal e se beneficia.

O Código Penal Brasileiro (Lei 2.848/1940) subdivide a corrupção em dois tipos: ativa e passiva. Corrupção ativa (Art. 333) é definida como "oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício". Corrupção passiva (Art. 317) é definida como: “solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem”. Em ambos os crimes, a pena é de prisão de dois a doze anos e multa.

O direito penal tem a finalidade de proteção dos bem jurídicos essenciais a vida para subsistência do ser humano na sociedade, a objetividade do direito penal é a proteção dos direitos tutelados não alcançado pelos outros ramos do direito (GRECO, 2015).

A finalidade da pena tem no seu escopo ser necessária tanto para a reprovação e prevenção de crime (GRECO, 2015). O legislador de forma a atender este pensamento acadêmico, introduziu no próprio código penal no seu art. 59 ´caput´, a seguinte redação ´art. 59- O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime (BRASIL, 2017b).

Mecanismo de combate a corrupção, leis e iniciativa popular em defesa da cidadania

Há dispositivos já na constituição de 1988 que vêm de encontro para fiscalizar os entes federativos, tanto a administração indireta na tentativa de coibir atos de improbidade, art. 39 caputs, inc. X, art. 39, “é de competência exclusiva do congresso nacional; X fiscalizar e controlar, diretamente, ou a qualquer de suas

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casas, os atos do poder executivos, incluindo os da administração indireta”. O legislador atribuiu a competência ao congresso nacional (Planalto central) como sendo ineficaz. Para Machado (1981) devido ao desvirtuamento e pelo interesse do poder político, que nem sempre a justiça prevalece no direito o que frequentemente acontece é o interesse político, para ser mais claro do poder político e do poder econômico.

A referida Lei Ficha Limpa ou Lei Complementar nº. 135 de 2010 é uma legislação brasileira que foi emendada à Lei das Condições de Inelegibilidade ou Lei Complementar nº. 64 de 1990 originada de um projeto de lei de iniciativa popular idealizado pelo juiz Marlon Reis entre outros juristas que reuniu cerca de 1,6 milhão de assinaturas (Brasil, 2017a).

A própria constituição federal de 1988, garante ao cidadão comum o mais interessado a participar da vida política de várias formas assim está no ordenamento maior pátrio, no art. 1º e parágrafo único (CF88), “ todo poder emana do povo que o exerce por meios de representantes ou diretamente nos termos desta constituição”. Paralelamente o art. 14 caputs. inc. I, II, III: “A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direito e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei mediante”. Inciso: I. plebiscito; referendo; e iniciativa popular.

Recentemente uma iniciativa do Ministério Público federal (BRASIL, 2017c), elaborou um projeto de lei de iniciativa popular, lei 4.850/2016 “Dez medidas contra a corrupção” com o apoio da população, através de baixo assinado. Talvez não tão eficaz, mas podendo ser utilizada como um agente catalisador, de forma inibitória, com a proposta do cidadão COSMO LUCIANO DOS SANTOS – RJ (SENADO FEDERAL, 2017), tornar corrupção crime hediondo, com pena de 30 anos sem regime fechado sem progressão de pena.

Somente os dispositivos contidos na constituição federal de 1988 que se mostram mutáveis a favor daqueles que a operam, e a própria inciativa popular, não basta para pôr fim a corrupção, para Filgueiras (2008), o crime de corrupção ocorre juntamente na interface dos setores públicos e privados. Os crimes de corrupção, dependem do modo como as organizações institucionais permitem o uso do dinheiro público para a satisfação do interesse privado. O poder discricionário do agente

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político fomenta a pratica para ato de pagamento de propina e suborno tanto no setor público e setor privado.

Para Filgueiras (2008), coibir ações de improbidade é abranger reforma institucional acabando com os monopólios, e a captura de burocracia estatal por parte de funcionário público e de agentes privados, ainda assim com excesso de controle no combate pode levar a um outro problema, a ineficiências da administração pública.

CONCLUSÃO

Os fatos relatados neste trabalho são, na maioria das vezes, desconhecidos pelo cidadão comum. Porém, todos têm o poder de mexer no mundo político e jurídico, promovendo uma ação de iniciativa popular como exemplo.

Como efeito catalisador para proteção da dignidade da pessoa humana e os direitos e garantias fundamentais, o enquadramento do crime de corrupção ao nível de crime hediondo, onde se faz em face do código penal para proteção de direitos tutelado e não alcançados por outros ramos direito.

REFERÊNCIAS

ABRAMGE – Associação Brasileira de Planos de Saúde. O drama do acesso à

saúde no Brasil. Disponível em:

<https://abramge.com.br/portal/index.php/pt-BR/abramge-na-midia/816-o-drama-do-acesso-a-saude-no-brasil>. Acessado em: 22/08/2017.

AIRES, H. B.; CINTRA FILHO, D. O combate à corrupção como mecanismo de proteção à cidadania. Revista Cidadania e Direitos Humanos, v. 1, n. 1, p. 1-19, jul./dez., 2015.

BARROSO, L. R. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo. Rio de Janeiro, 2 edição, 2010.

BBC – Brasil. ’Imagem internacional do Brasil não poderia estar pior’, diz

brasilianista. Disponível em:

<http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/03/160305_lula_kenneth_maxwell_la b>. Acessado em: 22/08/2017.

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BRASIL – Presidência da República Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos.

Decreto - Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm>. Acessado em: 18/08/2017b.

BRASIL / MPF – Ministério Público Federal. 10 medidas contra a corrupção. Disponível em: <http://www.dezmedidas.mpf.mp.br/tramitacao-no-congresso>. Acessado em: 22/08/2017c.

FILGUEIRAS, F. Corrupção, Democracia e Legitimidade. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.

GRECO, R. Curso De Direito Penal /Rogerio Greco. Rio De Janeiro: Impetus -17º edição, 2015.

LEAL, J. J. Crimes hediondos – Aspectos político-jurídicos da Lei n° 8.072/90. São Paulo: Atlas, 1996.

LOPES, J. M. O espectro da corrupção. Coimbra: Almedina, 134 p., 2011. MACHADO, P. A. Direito e poder. Rio de Janeiro: Forense, 1981.

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SENADO FEDERAL. Tornar a corrupção crime hediondo, com pena de 30 anos

sem regime fechado sem progressão de pena. Disponível em:

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Referências

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