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Vista do A Utilização da Biomassa da Cana-de-Açúcar como fonte de energia renovável aplicada no setor sucroalcooleiro

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Revista de Administração da Fatea

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A UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA DA CANA-DE-AÇÚCAR COMO

FONTE DE ENERGIA RENOVÁVEL APLICADA NO SETOR

SUCROALCOOLEIRO

Priscilla Rodrigues de Oliveira Costa: priscillaocosta@ig.com.br Fábio Soares Duarte: fabio.duarte@fatea.br

RESUMO

O bagaço da cana-de-açúcar que antes era considerado um problema ambiental devido a seu grande volume após a geração de álcool e açúcar que são seus principais derivados; hoje gera com a sua queima, a co-geração de energia elétrica a partir da biomassa da cana-de-açúcar, limpa e renovável para o uso das próprias usinas e venda de excedente. Sendo uma alternativa viável para empresa, porque usará uma energia limpa e que será produzido por ela mesma, com o auxílio de tecnologia feita no Brasil. Com a utilização do bagaço da cana-de-açúcar minimizam-se os impactos ambientais e tornam-se mais uma alternativa de negócios no setor sucroalcooleiro. O bagaço que antes era desperdiçado vira fonte de receita para as usinas tornando-as empresas sustentáveis. Palavras-chave: biomassa, cana-de-açúcar, energia

ABSTRACT

The bagasse of the sugar cane-of-sugar that before was considered an ambient problem due its great volume after the alcohol generation and sugar that are its main derivatives; today it generates with its burning, the co-generation of electric energy from the biomass of the sugar cane-of-sugar, clean and renewable for the use of the proper plants and sales of excess. Being a viable alternative for company, because it will use a clean energy and that it will be produced by same it, with the aid of technology made in Brazil. With the use of the bagasse of the sugar cane-of-sugar the ambient impacts are minimized and become plus an alternative business-oriented in the sucroalcooleiro sector. The bagasse that before was wasted turns source prescription for the plants becoming them sustainable companies.

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INTRODUÇÃO

Existe uma grande tendência mundial de se produzir energia limpa para se ter o desenvolvimento sustentável baseado em três pilares: ambiental, social e econômico. O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, base para a produção de álcool, combustível menos poluente que os derivados de petróleo.. Ela é cultivada em países tropicais e subtropicais para obtenção do açúcar, do álcool e da aguardente. Entretanto, depois de transformada em um desses produtos, em usinas de grande porte a cana-de-açúcar também geram resíduos, especialmente um grande volume de bagaço.

Os combustíveis fósseis de energia como o carvão mineral e o petróleo, são considerados não renováveis porque irão se esgotar em algum momento, uma vez que foram criados pela natureza em evolução não controlada pelo homem.

A Biomassa é um material que, normalmente, imagina-se como resíduo, sendo constituído por substâncias de origem orgânica, vegetal, animal e microorganismos. É um recurso natural renovável que resulta do uso de resíduos agrícolas, florestais, pecuários, fezes de animais ou lixo. A Biomassa é positiva no meio ambiente porque pode ser: reduzida, reciclada, reutilizada e aproveitada para produzir energia. Isso a torna, em caso de aproveitamento como fonte de energia, uma alternativa que ajuda a reduzir a necessidade de outras fontes, especialmente às não renováveis.

Espera-se demonstrar com esse artigo que através de conceitos básicos de administração, pode-se estudar o quanto é possível diminuir os problemas ambientais, sociais e ainda gerar um negócio lucrativo, base do desenvolvimento sustentável.

A importância de se discutir o aproveitamento do bagaço de cana-de-açúcar está na possibilidade de geração de receita e redução de custos para as usinas sucroalcooleiras e, concomitantemente, diminuir o impacto ambiental, uma vez que o resíduo poderá ser totalmente eliminado ao ser utilizado como combustível. Além disso, para um gestor da área administrativa, poder desenvolver a alternativa de aproveitamento de biomassa é um desafio interessante a ser perseguido.

Objetiva-se com esse trabalho, demonstrar a viabilidade econômica do aproveitamento do bagaço da cana-de-açúcar (biomassa) para a geração de energia elétrica, e de que forma as usinas podem alcançar a auto-suficiência, a venda dos eventuais excedentes, bem como contribuir para a redução do impacto ambiental com a eliminação do resíduo.

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A pergunta de pesquisa deste trabalho é: o que as usinas sucroalcooleiras estão fazendo com o resíduo (bagaço) que sobra da produção, já que está tecnicamente comprovado que o seu aproveitamento é viável?

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Biomassa

Segundo o ambientalista Bubu (2004), a biomassa é ainda um termo pouco conhecido fora dos campos da energia e da ecologia, mas já faz parte do cotidiano brasileiro. Fonte de energia não poluente, a biomassa nada mais é do que a matéria orgânica, de origem animal ou vegetal, que pode ser utilizada na produção de energia. Para ter-se uma idéia da sua participação na matriz energética brasileira, a biomassa responde hoje por um quarto da energia consumida no País.

Segundo o ambientalista Nunes (2004), pesquisador do Centro Nacional de Referência em Biomassa (CENBIO), lembra que uma das principais vantagens da biomassa é a capacidade de renovação.

“É muito importante para um país como o Brasil produzir energia onde ela será consumida e poder produzi-la sem o risco de que acabe”, diz.

Segundo Jank (2008), presidente da ÚNICA (União das Indústrias de Cana-de – Açúcar), a bioeletricidade é a energia elétrica produzida a partir da biomassa de origem vegetal, sendo que a melhor matéria-prima que se conhece hoje para produzir a bioeletricidade é a cana-de-açúcar. Isso ocorre porque a cana é uma excelente conversora de luz e água em matéria verde via fotossíntese, seja porque dois terços da energia da planta – presentes no bagaço e palha – subutilizados ou desperdiçados ao longo de séculos, só agora começam a ser valorizados.

Segundo Scrivano (2009), o Brasil detém matéria-prima abundante para geração de eletricidade a partir da biomassa. Além disso, aparentemente, as usinas sucroalcooleiras têm interesse em começar (ou ampliar) a geração de eletricidade.

De acordo com o Programa de Educação Ambiental (2007), on-line no portal Natureba, a biomassa é uma fonte limpa de energia. Ela reduz a poluição ambiental, pois utiliza lixo orgânico, restos agrícolas, aparas de madeira ou óleos vegetais, que eventualmente ficariam na natureza.

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Para Dantas (2009), o principal diferencial do aproveitamento do bagaço da cana é a importância de ser uma energia renovável que pode contribuir com a redução na emissão de gases que provocam o efeito estufa.

2.2 Energia Limpa

Segundo Jank (2008), 46% da energia renovável, o Brasil tem uma matriz energética limpa e renovável. Em 2008, a biomassa de cana já será a principal fonte de energia termoelétrica do país (30%), à frente do gás natural, dos derivados de petróleo, da energia nuclear e do carvão mineral. Com a biomassa o Brasil dependerá menos das chuvas, da escassez de combustíveis fósseis e carvão.

Para Soares (2008), superintendente da Equipav, usina de açúcar e álcool situada em Promissão, no noroeste paulista, o bagaço é um material orgânico que sobra depois do processo de moagem da cana-de-açúcar, quando extraído o caldo para produzir açúcar e álcool. O acúmulo de bagaço significava um problema ambiental para as usinas. Porque não se sabia ao certo o que fazer com ele, então o resíduo era enterrado. Atualmente, a situação é outra, o resíduo forma uma enorme pilha com a altura de um prédio de quatro andares que se acumula na usina sendo visto como fonte de riqueza pelos usineiros. É um sinal de como pode ser promissor o negócio da biomassa.

Foto: Raffaela Rosseto

Figura 1: Depósito de bagaço para co-geração de energia elétrica Fonte:http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-acucar/arvore/CONTAG01_108_22122006154841.html

A fonte de energia renovável da biomassa do bagaço da cana-de-açúcar produz menos emissão de gases que ocasionam o efeito estufa quando em comparação com a energia não renovável do petróleo, que é fortemente poluidora da atmosfera. O dióxido de carbono (CO2) a ser produzido na queima da biomassa do bagaço será compensado

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pela quantidade de carbono já absorvida durante o período do cultivo da cana. Além de ser uma energia limpa, as usinas serão beneficiadas, pois evitará às queimadas e conseqüentemente a liberação de gases à atmosfera.

No caso do setor sucroalcooleiro, a biomassa e os resíduos da produção de açúcar e álcool estão sendo aproveitados para a co-geração de energia elétrica (bioenergia), surgindo assim, com a relevante expansão do setor e com desafios do abastecimento energético uma nova oportunidade de negócio, a oferta de energia limpa e renovável, neste mercado extremamente competitivo, que segundo Tachizawa (2005), se caracteriza por uma rígida postura dos clientes, voltada à expectativa de negociar e interagir com empresas que atuam de forma ecológica.

De acordo com Gregori Filho (2009), gerente de novos negócios da CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz) essa fonte de energia limpa e renovável é diferente da gerada pela água, já que as áreas de plantio de cana-de-açúcar já existem; diferente de uma hidrelétrica que, para ser constituída, precisa inundar áreas, mexendo no ecossistema local e faz com que muita gente perca suas terras. Além de ser uma alternativa às outras fontes de energia, como a eólica e a proveniente do petróleo, a bioeletricidade produzida a partir do bagaço da cana também estimula o mercado interno. “Cerca de 90% dos equipamentos usados na usina, como caldeira, turbina e geradores, são brasileiros. Com isso, há o benefício sócio-econômico, que estimula a indústria interna.” Outro benefício apontado por Gregori é o combate ao desperdício. A quantidade de bagaço de cana produzido no Brasil é muito grande para ser desperdiçado. Já que se pode utilizá-lo, por que não investir nessa área?

2.3 Benefícios

Segundo o Programa de Educação Ambiental (2007), a maior utilização de energias renováveis traz muitos benefícios como: aumento da diversidade da oferta de energia; maior geração de empregos no setor energético e novas oportunidades nas regiões rurais; evita alagar novas grandes áreas (floresta) preservando a biodiversidade; reduz a poluição e a emissão de gases de efeito estufa; representa economia para os consumidores; assegura a geração de energia sustentável a longo prazo e afasta o risco de novos apagões.

Para Rabello e Yonega (2008), o bagaço que era um subproduto pouco vendido ou por vezes doado para outras usinas sucrooalcooleiras, tornou-se resíduo primordial para assegurar a auto-suficiência energética das usinas sucroalcooleiras. Se não fosse o

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uso do bagaço em relação a geração de energia, toneladas estariam abarrotando os pátios das usinas, já que cada tonelada de cana gera 250 quilos de bagaço, conforme o especialista em bioletricidade Onório Kitayama, da União da Indústia da Cana-de-Açúcar (Unica), que representa 117 usinas produtoras de açúcar, álcool e bionergia.

Segundo Tavares (2009), desde as caldeiras, turbinas, o projeto de engenharia utilizado, o insumo (cana-de-açúcar), todos os componentes são brasileiros. Esta condição transformou o Brasil em maior especialista de geração de energia elétrica por meio da biomassa, então equipar adequadamente as usinas para gerar energia a partir da queima do bagaço de cana no futuro será um fator importante de geração de empregos e renda, aumentando a ocupação da capacidade industrial brasileira. A cogeração também cria uma oportunidade para a venda de créditos de carbono.

Para Vettorazzo (2009), do ponto de vista ambiental, o grande mérito da central energética é a redução dos impactos causados pela queima do bagaço e da palha da cana, já que a geração se dará a partir dos subprodutos dos processos industriais da usina.

De acordo com Maximiano (2005), na época de Taylor e Ford, os administradores não precisavam preocupar-se com a poluição provocada por suas fábricas, no entanto, à medida que os problemas ambientais tornaram-se mais graves, afetando a saúde e o bem estar das pessoas, a sociedade reagiu.

E para Souza (1993), algumas empresas estão procurando mudar a filosofia de satisfação das necessidades do consumidor, visando uma melhor qualidade de vida para a sociedade, buscando minimizar os problemas ambientais e ao mesmo tempo aproveitar as oportunidades do ecobusiness.

O bagaço de cana-de-açúcar é visto pelos especialistas como a fonte alternativa mais apropriada para a questão energética no Brasil a médio e longo prazo. Mais do que a questão do preço da eletricidade, cabe destacar a contagem de pontos para as usinas de biomassa. Neste caso, pesam favoravelmente os aspectos da utilização dos resíduos orgânicos como comburente, o grande potencial para a produção de cana no País, a menor agressão ao ambiente e o estímulo à produção de álcool combustível, já que a venda de energia constitui mais uma fonte de renda para os usineiros. (HENGEL, 2007).

Segundo Dantas (2009), a produção de energia eléctrica a partir do bagaço de cana tem diversas vantagens econômicas e ambientais. A principal vantagem é que esse processo torna-se uma terceira fonte de receitas das centrais que a utilizam, podendo

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gerar até uma quarta fonte de receitas, a emissão de créditos de carbono sob as regras do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), créditos estes comercializáveis em bolsas de valores.

“É um processo natural. Ao gerarem a energia limpa automaticamente estão habilitados para requererem aos projetos para certificação de emissão de créditos de carbono. É um caminho natural” destaca Dantas.

Dantas esclarece trata-se de um investimento viável uma vez que o tempo de retorno do capital aplicado está entre 5 e 7 anos. “Os investimentos industriais, por exemplo, são da ordem dos 12 a 13 anos para retorno do negócio”. Outra vantagem na implantação deste sistema de produção de energia é a venda do excedente para as concessionárias. Dantas aponta que se tratam de contratos longos, da ordem dos 20 anos mas que garantem uma fonte de receita muito menos vinculada às oscilações de mercado.

2.4 Localização das Usinas

Segundo o Jornal Jundiaí (2009), a maioria das usinas de cana-de-açúcar estão localizadas no Estado de São Paulo, o maior consumidor de energia do País. O Estado de São Paulo responde por 87% da produção de cana-de-açúcar do Brasil, em regiões que são atendidas pelo grupo CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz) por meio de suas subsidiárias, em particular a CPFL Paulista. A companhia vê com boas perspectivas o crescimento desse setor, de uma geração renovável, com efeitos positivos para o meio ambiente.

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Figura 2: Potencial de Geração de Energia Elétrica a partir de bagaço de cana Fonte: mpmartins@aspe.es.gov.br

Fonte: Maria Paula Martins

De acordo com o site da ÚNICA (2009), o potencial de geração de bioeletricidade pelo setor sucroalcooleiro para a safra brasileira de 2020/2021, com produção estimada em um bilhão de toneladas de cana, o potencial para geração de bioeletricidade apenas com o bagaço é de 7.600 MW médios, chegando a 14.400 MW médios com a utilização também da palha. Em relação aos outros países, há diferentes situações. O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo e a tecnologia é avançada. A Índia, por exemplo, tem um volume de produção de cana comparável ao do Brasil, mas o ponto negativo é que não tem o mesmo nível de desenvolvimento industrial porque ainda faz usos artesanais. Em países que têm um nível de industrialização comparável ao brasileiro, o problema é o volume pouco expressivo de produção de cana-de-açúcar. Nesta categoria, estão África do Sul, Austrália e Tailândia. Também são muito pequenas as produções de países da América Central e do Sul.

2.5 Legislação e Gestão Ambiental

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O mercado global está assumindo a responsabilidade de proteger o meio ambiente, não apenas para ganhar a confiança dos clientes, mas também para atender as exigências das principais normas voltadas ao meio ambiente.

A norma ISO 14000 é uma ferramenta criada para auxiliar as empresas a identificar, priorizar e gerenciar seus riscos ambientais. A norma faz com que as organizações dêem uma maior atenção às questões relacionadas com o meio ambiente e exige o comprometimento com a prevenção da poluição e com o programa de melhorias contínuas e que estes se tornem partes do ciclo normal da gestão empresarial.

A empresa Açúcar Guarani entende que a sobrevivência dos negócios depende da utilização adequada dos recursos naturais e do respeito ao meio ambiente. Por essa razão, desenvolve uma série de projetos de preservação da natureza.

No referente ao Protocolo de Kyoto, o projeto do Açúcar Guarani consiste na produção de eletricidade a partir do bagaço de cana com uma tecnologia bem conhecida, que se chama co-geração. O fato de o bagaço ser um resíduo agrícola permite considerá-lo como um combustível renovável. Por isso, esse projeto contribui para melhorar o meio ambiente, especificamente no âmbito da luta contra o aquecimento do clima, já que evita o uso de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e derivados).

Todas essas ações no sentido da preservação ambiental culminaram no atual processo de certificação ISO 14000 do Açúcar Guarani.

Figura 3: Diagrama de Geração de Energia a partir do bagaço de cana-de-açúcar da Usina Açúcar Guarani

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2.5.2 PROTOCOLO DE KYOTO

No momento em que o mundo todo se preocupa com a elevação da temperatura global, foi decidido, em 1997, em Kyoto, Japão, que os países reduzam suas emissões de gases de efeito estufa, a níveis inferiores aos de 1990. As formas de redução das emissões efetuadas por estes países podem ser realizadas através do desenvolvimento de tecnologias menos poluentes em suas fábricas ou através da aquisição de créditos de carbono de empresas ou países que utilizem tecnologias poluentes. A co-geração de energia a partir do bagaço da cana é considerada uma tecnologia limpa, emitindo menos gases de efeito estufa quando comparada às termoelétricas a gás natural ou a óleo. Essa redução de gases pode ser mensurada, e a cada tonelada de CO2 que deixa de ser emitida, gera-se um crédito de carbono que pode ser comercializado. O projeto de co-geração de energia a partir do bagaço da cana da usina Jalles Machado permite que se obtenham créditos de carbono, que estão sendo validados por uma empresa certificadora para serem comercializados.

A Usina Jalles Machado S/A, em um período de sete anos vai contribuir com uma redução de 130.597 ton de CO2. O valor a ser comercializado é o equivalente à redução, ou seja, 130.597 ton de CO2. Isto representa, hoje, uma receita de € 587.686,50 euros, ou R$ 2.098.040,80 (dois milhões, noventa e oito mil, quarenta reais e oitenta centavos), que serão investidos na melhoria dos processos de produção da empresa.

3 METODOLOGIA DE PESQUISA

Utilizou-se de pesquisa do tipo bibliográfica, com a utilização de dados secundários, onde se apurou relacionar quais são as usinas sucroalcooleiras que se utilizam da biomassa como fonte de energia econômica e ambientalmente sustentável, como suporte para esse estudo. As fontes de dados foram obtidas por meio de fontes bibliográficas e estudos realizados em nível nacional, permitindo conhecer as correlações do objeto de estudo.

Respondente: ÚNICA (União das Indústrias de Cana-de-Açúcar)

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO

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1. O que é e para que serve o bagaço da cana-de-açúcar?

R: O bagaço é um material que resta após a moagem da cana-de-açúcar para extração do caldo e produção de açúcar e etanol. Parte do bagaço sempre foi utilizado pelas usinas para a produção de bioeletricidade. È a queima desse material em caldeiras que torna as usinas de açúcar e etanol auto-suficientes em energia elétrica. Agora, começa a ganhar fôlego um processo que permitirá não só a auto-suficiência mas o fornecimento, por parte das usinas , de grandes excedentes para ampla distribuição. A expansão na produção de bioeletricidade pelas usinas é possível com a utilização de caldeiras de alta eficiência que permitem as usinas gerar grandes excedentes para a venda às distribuidoras de energia elétrica.

2. Como as usinas tratam o resíduo do bagaço da cana na geração de energia? R: Todo resíduo é reciclado. Parte é destinado para a geração de energia, por terceiros ou dentro das usinas, que é utilizada para consumo próprio. Outra parte é utilizada na fabricação de compensados.

3. Quanto é economizado pela empresa, na geração de energia, se utiliza o bagaço de cana-de-açúcar?

R: Algumas usinas conseguem gerar toda a energia para seu consumo e vender excedentes. Não existem dados confiáveis sobre a geração por ser ainda uma nova tecnologia em aplicação.

4. Qual o potencial de geração de bioeletricidade pelo setor sucroalcooleiro?

R: Para a safra brasileira de 2020/2021, com produção estimada em um bilhão de toneladas de cana, o potencial para a geração de bioeletricidade apenas com o bagaço é de 7.600 MW médios, chegando a 14.400 MW médios com a utilização também da palha.

Casos Levantados

Case 1: Usina Guairá/ Ltda – localizada em São Joaquim Garcia Franco,

km 16 – Fazenda Rosário – Guairá- SP

Segundo Vettorazzo (2009), a Usina Guaíra, produtora paulista de açúcar e álcool, expandirá a sua capacidade de cogeração de energia elétrica a partir do bagaço da cana-de-açúcar (biomassa), com a criação de pequena usina, a Central Elétrica

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Guaíra. A sucroalcooleira tem capacidade de gerar 8,4 megawatt (MW) por mês, volume que atende toda a necessidade da empresa. O objetivo da Usina Açucareira é ampliar o portifólio de produtos por meio da comercialização da energia excedente. Serão investidos 100 milhões no projeto que elevará a capacidade de geração para 35,4 MW.

CASE 2: COGEN- SP ( Associação da Indústria de Cogeração de Energia) – localizada na Rua Ferreira de Araújo, nº 202, cj 112 – Pinheiros - SP

Segundo o Jornal Valor Econômico (2008), os acertos na área de co-geração, com o uso do bagaço estão acontecendo alguma rapidez, atesta o presidente do Instituto Acende Brasil, Cláudio Sales. Ele lembra que os canaviais brasileiros oferecem um potencial para a produção de energia elétrica equivalente à capacidade da usina hidrelétrica de Itaipu, que é de 14 mil MW. Segundo especialistas e empreendedores, a co-geração com o bagaço de cana oferece vantagens, como a produção de energia limpa, sem a emissão de poluentes na atmosfera, o fato de proporcionar maior confiabilidade e segurança no suprimento, porque está próxima dos grandes centros consumidores. De acordo com levantamentos da Associação Paulista de Cogeração de Energia (Cogen-SP), o setor sucroalcooleiro deverá investir R$ 45 bilhões até 2015 em projetos de cogeração de energia elétrica. São cerca de 210 empreendimentos, distribuídos pelos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás, que terão uma capacidade de geração conjunta de 15 mil MW. Para consumo próprio serão utilizados 5 mil MW e os outros 10 mil MW para o sistema elétrico.

Case 3: Usinas sucroalcooleiras em geral

Segundo Revista Energia (2007) Durante o 8º Encontro de Energia, em São Paulo, especialistas mostraram que é possível investir em usinas que processam biomassa.O setor sucroalcooleiro deve aquecer muito este mercado. Ao processar, por exemplo 400 toneladas de cana-de-açúcar por hora, uma usina gera cerca de 100 toneladas de bagaço, considerando um passivo ambiental complicado de se administrar. Através da co-geração é possível utilizar esses insumos para fornecer energia que atenda a demanda da usina, no funcionamento da caldeira de alta pressão, no gerador elétrico e no tratamento de água e ainda comercializar cerca de 70% do excedente para consumidores locais. Entre o esboço do projeto até o inicio da operação , leva-se 34 meses e os equipamentos quando bem utilizados podem ter sua vida útil em

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aproximadamente 35 anos ou mais. Além de ser atrativo como negócio rentável, a co-geração traz benefícios significativos para redução da poluição do planeta. Com a queima da biomassa é feita em baixas temperaturas, diferentemente do que ocorre com os petroderivados, não é gerado óxido de nitrogênio, gás responsável por 70% do efeito estufa. Já há inclusive tecnologia disponível para o processamento de biomassa com emissões zero de gases nocivos.

Case 4: Usina Jalles Machado/SA – localizada em Goianésia, na região do Vale São Patrício, uma das mais importantes regiões do Estado de Goiás

Segundo o site da usina Jalles Machado ela gera a sua própria energia. A partir do bagaço de cana como fonte de energia térmica, mecânica e elétrica, a indústria iniciou um projeto pioneiro no Estado de Goiás de co-geração. O novo sistema surge como uma das peças de sua estratégia de modernização e expansão definida há três anos. A nova central termoelétrica, inaugurada em 2003, tem capacidade para gerar 40MWh, suficientes para abastecer uma cidade de 150.000 habitantes.As vantagens econômicas e ambientais da co-geração vão além, especialmente quando comparadas às tradicionais hidrelétricas. Na co-geração de energia a partir do bagaço da cana, os custos de implantação são em média 50% mais baratos que de uma central hidrelétrica.Outra vantagem adicional é o prazo de construção de 15 a 18 meses num total de 34 meses, diante dos quatros anos para montagem de uma hidrelétrica. Evita-se inundações de terras produtivas e o inconveniente de desapropriações. Vista como solução para o resíduo da cana-de-açúcar.

5 Considerações Finais

Conforme se pretendia demonstrar, a biomassa proveniente do bagaço de cana-de-açúcar serve como fonte de geração de energia. Aproveitam-se os desperdícios de outras atividades, elimina-se do meio ambiente o resíduo que antes era descartado de maneira inadequada, torna-se uma alternativa viável para diminuir o consumo dos combustíveis fósseis, sendo uma fonte de energia limpa que reduz a poluição ambiental por fazer uso dos resíduos.Os usineiros usam a biomassa devido ao acúmulo de resíduos do bagaço da cana-de-açúcar, co-gerado na produção de álcool ou açúcar. Quando é feita a queima do resíduo, cria-se situações desfavoráveis para o meio ambiente e para a população, ao mesmo tempo em que deixa de gerar energia alternativa. Além disso,

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deve-se levar em consideração que a matéria-prima tem custo zero para as usinas sucroalcooleiras. A geração de energia a partir da biomassa com o bagaço da cana-de-açúcar apresenta uma direção oportuna para colaborar na solução dos desafios na questão ambiental, tais como conservar o meio ambiente, gerar energia limpa e renovável, para consumo da própria usina sucroalcooleira e venda de excedentes, muito embora não fosse objeto de estudo.

Uma alternativa para trabalhos futuros poderia ser o estudo do impacto positivo que a geração desta energia limpa acarreta nas mais diversas áreas onde as usinas estão instaladas. O impacto poderia se estudado pelo ângulo da sustentabilidade e apresentado como uma contribuição para o desenvolvimento regional.

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Referências

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