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Mapeamento Participativo em Sete Unidades de Conservação no Extrativismo Não Madeireiro

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Academic year: 2021

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Mapeamento Participativo em Sete Unidades de Conservação no

Extrativismo Não Madeireiro

Mônica Suani Barbosa da Costa1 Karina de Oliveira Milhomem2 Therezinha de Jesus Pinto Fraxe3

Suellen Amorim da Silva4 Marilia Gabriela Gondim Rezende5

Resumo: O trabalho tem como objetivo analisar o levantamento de dados referentes ao potencial dos produtos florestais não-madeireiros estudados nas Unidades Estadual de Conservação como: FLORESTA Tapauá, FLORESTA Canutama, RESEX Canutama, RDS Igapó-Açu, RDS do Rio Madeira, RDS do Matupiri e PAREST do Matupiri. A pesquisa foi de cunho quantitativo e qualitativo, onde foram coletados dados através de formulários e realizado mapeamento participativo com os comunitários e indígenas nas unidades de conservação. Além dessas ferramentas, os dados foram tabulados em planilha do Excel e no programa Arcgis 9.3. O mapeamento participativo surge como parte de um enfoque em que as comunidades tradicionais são elevadas para o status de agentes do seu próprio desenvolvimento, no momento que aprendem ferramentas tecnológicas que lhes proporcionam identificar seus recursos naturais e a totalidade da área de uso.

Palavras-chave: Mapeamento e Unidades de Conservação

1. INTRODUCÃO

A Amazônia é uma região que apresenta algumas particularidades no que tange os aspectos físicos. Sua imensa cobertura vegetal e os seus labirintos de rios, paranás, furos e igarapés condicionam uma ocupação do interior, em comunidades rarefeitas e dispersas, distantes umas das outras com um relativo isolamento. Os imensos obstáculos para circulação, principalmente as distâncias, acabam por dificultar a ocorrência de fluxos mais permanentes. As trocas com outras comunidades acontecem nos ritmos da natureza, nos ritmo das cheias e vazantes.

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Os fluxos que ocorrem entre as comunidades se dão por meio de festas (religiosas ou não), por escambos e, também por pequeno comércio. Observa-se ainda, dentro de outra escala, fluxos entre as comunidades e os centros locais, regionais e até centros mundiais. Tais fluxos enquadram as comunidades dentro da esfera capitalista através de discursos e ações relativos à preservação ambiental, geração de renda e aproveitamento dos recursos florestais. Esses ocorrem por intermédio dos agentes econômicos, governamentais e das universidades, dentro e fora do país. Nessa escala, muitas vezes, os ritmos não são os da natureza e das culturas locais, mas estranhos aos interesses da comunidade em si.

É de suma importância a Lei Complementar nº 53, que instituiu o Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC), o qual estabelece normas e critérios para criação, implantação e gestão das unidades de conservação estaduais, incluindo infrações e penalidades nessas áreas (CEUC/SDS, 2010b). Um dos principais destaques do SEUC são as Reservas de Desenvolvimento Sustentável, modalidade bastante adequada à realidade local que abriga diversas populações tradicionais no interior da floresta. Essa categoria, atualmente, é a mais representativa no Sistema Estadual, refletindo uma política voltada à conservação e ao desenvolvimento de forma conciliada, já que as RDS abrigam comunidades tradicionais, cuja subsistência baseia-se em sistemas sustentáveis de utilização dos recursos naturais.

Além das Reservas de Desenvolvimento Sustentável, o SEUC também prevê a consolidação de mosaicos de Unidades de Conservação, que constituem conjuntos de UC em uma mesma região e que podem incluir ambas as modalidades (proteção integral e uso sustentável), tanto da esfera Federal quanto da Estadual. (CEUC/SDS, 2010a). As unidades de Uso Sustentável são passíveis de utilização, desde que garantam a preservação da floresta, o uso sustentável. Isso significa exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade, de forma social e econômica.

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Dessa maneira, analisou-se, nessa pesquisa, o levantamento de dados referentes ao potencial dos PFNMs inserido nas Unidades de Conservação, entre as quais estão: FLORESTA Tapauá, FLORESTA Canutama, RESEX Canutama, RDS Igapó-Açu, RDS do Rio Madeira, RDS do Matupiri e PAREST do Matupiri, procurando observar de que forma as comunidades suprem as demandas relativas ao extrativismo.

2. METODOLOGIA

A área de estudo desta pesquisa foi nas Unidades de Conservação, localizadas em diferentes microrregiões do Estado do Amazonas (Figura 1), FLORESTA Tapauá (Município de Tapauá no interflúvio do rio Purus-rio Madeira), FLORESTA Canutama e RESEX Canutama (Município de Canutama no interflúvio rio Purus-Rio Madeira), RDS Igapó-Açu (Município de Careiro Castanho), RDS do Rio Madeira (Município de Novo Aripuanã no rio Madeira), RDS do Matupiri e PAREST do Matupiri (Município de Borba no interflúvio do rio Purus-rio Madeira).

Segundo Gil (2008), a pesquisa descritiva, tende descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática. Apresenta, em geral, a forma de levantamento. A pesquisa exploratória tem como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores.

Para tanto, foi realizada uma pesquisa de cunho quantitativo e qualitativo, através da qual se realizou a coleta de dados através de formulários aplicados no período de março a abril de 2013 e realização do mapeamento participativo com os comunitários e indígenas nas unidades de conservação: FLORESTA Tapauá, FLORESTA Canutama, RESEX Canutama, RDS Igapó-Açu, RDS Rio Madeira, RDS Matupiri e PAREST Matupiri, restringindo nossa pesquisa a construir uma

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amostragem significativa das relações estabelecidas nas unidades. Além dessas ferramentas, foram também realizadas oficinas com o mapeamento participativo para a validação dos dados dos instrumentos de coletas, os dados obtidos foram tabulados em planilha do Excel e no programa Arcgis 9.3.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Mapeamento Participativo do Extrativismo Não-Madeireiro

O Mapeamento participativo é uma técnica baseada na coleta de informações baseadas na percepção e conhecimento que os indivíduos e grupos têm do espaço em que vivem. Durante a elaboração vários questionamentos podem ser feitos, como questões sobre o problema ambiental, questão fundiária, as formas de ocupação da área, as potencialidades e limitações, entre várias outras questões (SOUZA, 2009). O mais importante é permitir que a comunidade desenvolva a técnica sem muita interferência da equipe de diagnóstico. Esta deve apenas fomentar a construção do mapa e o debate sobre as questões geradas pela atividade.

A análise do mapeamento participativo foi feitas por Unidade de Conservação, logo após o retorno das excussões realizadas pelos pesquisadores. Sendo assim foi confirmada atividade voltada para o extrativismo vegetal não madeireiro e verificada as ocupações econômicas predominantes nas comunidades da região (Figura 1). Os comunitários e usuários das UCs identificavam com polígonos nos mapas as áreas com a intensificação de uso das florestas dentro e no entorno da unidade. Assim destacavam-se produtos importantes na alimentação cotidiana das populações residentes (castanha, açaí, tucumã, bacaba entre outros) e a comercialização direta ou indiretamente de madeira em algumas unidades de conservação.

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Figura 1. Distribuição das áreas de uso dos produtos não-madeireiro.

3.2 Produtos Extrativistas Não-Madeireiros

As atividades econômicas realizadas pelos agricultores familiares da região em que se localizam as unidades de conservação. São atividades importantes para a reprodução das famílias, sendo necessárias para suprir as necessidades internas das unidades de produção, no que tange aos recursos, principalmente os usados como materiais para remédios, alimentos, fonte energética, fonte de renda pela comercialização de produtos agrícolas no mercado regional ou para os atravessadores.

De acordo com Noda (2008), é importante ressaltar que a região do médio Purus (Canutama e Lábrea) é uma das regiões que mais explora o extrativismo, principalmente, da castanha, haja vista, que as microrregiões são ricas em áreas de castanhais, açaizais e seringais.

Nas Unidades de Conservação, as comunidades praticam o extrativismo vegetal para fins medicinais, alimentícios e econômicos. A partir de dados coletados

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diretamente com os comunitários e indígenas no Estado do Amazonas, através de questionários aplicados no período de 20 a 29 de maio de 2013, pode-se afirmar que tais comunidades e aldeias têm no extrativismo não madeireiro como fonte de renda, como recursos para alimentação e para utilização como fármacos. Os principais recursos não madeireiros de origem vegetais utilizados pelos comunitários do entorno e dentro das unidades (Figura 2), sendo que alguns moradores escoam seus produtos para os municípios do Careiro Castanho, Tapauá, Canutama, Novo Aripuanã e Borba. A castanha e açaí são as duas espécies mais utilizadas pelos moradores dessas Unidades de Conservação. Os dados fazem parte da pesquisa de campo realizada pela equipe do NUSEC (2013).

Nas Unidades de Conservação estudadas, encontramos os dados de quantidade significativa de extração da castanha e do açaí. Foram os produtos mais coletados com diversas finalidades, principalmente para a alimentação e a comercialização. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Castanha Açaí Tucumã Palha branca

Copaíba Cipó titica Piquiá Bacaba Andiroba Patauá

Fr e q u ê n ci a re lativ a

Produtos Não Madeireiro

RDS do Matupiri PAREST do Matupiri FLORESTA Tapauá RDS Rio Madeira RDS Igapó Açu RESEX Canutama

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Figura 2. Principais produtos não madeireiros utilizados pelos moradores das Unidades de Conservação Estadual no Amazonas.

Os modos de vida das populações rurais residentes nas unidades de conservação são condicionados pelas formas de uso dos recursos naturais. A capacidade de uso dos recursos naturais garante a essa população os meios para a sua sobrevivência.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por considerações finais, afirma-se que a cultura é movimento que carrega os valores do passado sem deixar de transformar-se na perspectiva do futuro. Os aspectos culturais não podem ser desprezados em consideração de uma exploração capitalista. Os ritmos cotidianos anteriores a formação das unidades de conservação devem ser levado em conta para a exploração dos recursos madeireiros e não madeireiros dentro das comunidades pesquisadas. O desenvolvimento sustentável só é possível se os ciclos culturais e da natureza forem respeitados. A própria vida dos moradores, ou seja, o cotidiano encarrega-se da dinâmica de trabalho. Os processos de gestão devem observar esses ritmos para que gerações subsequentes das atuais continuem a compor um fator de preservação da floresta e não de degradação.

A cultura regional pode apresentar-se como esperança no futuro através do esforço no presente. Vários autores, como observado ao longo da pesquisa bibliográfica, relatam a importância de respeitar os tempos da natureza e da cultural para exploração econômica dos recursos florestais.

Sendo assim, é importante a gestão de exploração econômica que vise uma geração de renda para os moradores dentro das reservas implantadas. Essa exploração deve ser monitorada para evitar que interesses externos a comunidade ditem o ritmo da produção. Além dos interesses econômicos da comunidade devem-se levar em conta os ritmos de restauração da natureza. A cultura dos moradores é relevante para observar esse tempo de restauração natural, visto que, são eles que

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convivem a gerações com tais recursos e criaram, a partir de tentativas com erros e acertos, o conhecimento bio-sócio-cultural da diversidade dos recursos da Amazônia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMAZONAS (Estado). Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Plano de Gestão da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Rio Amapá. Manaus: Centro Estadual de Unidades de Conservação, 2010a. 232 p.

______. Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Plano de Gestão da Reserva Extrativista do Rio Gregório. Manaus: Centro Estadual de Unidades de Conservação, 2010b. 285 p.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

NODA, E. A. do N. Políticas Agrícolas e Ambientais no Baixo e Médio Purus-AM. Dissertação (Mestrado). UFAM. Manaus, 2008.

SOUZA, M. M. O. A Utilização de Metodologias de Diagnóstico e Planejamento Participativo em Assentamentos Rurais: O Diagnóstico Rural/ Rápido Participativo (Drp). Em Extensão, Uberlândia, MG, v. 8, n. 1, p. 34 - 47, jan./jul. 2009.

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