Atuação da Equipe
Multiprofissional no Combate
ao incêndio no Centro
Cirúrgico
Dr. Diego Marcelo May TSA – SBA
MBA – Gestão de Saúde
Origem do Fogo
Comburente (oxigênio) Fonte de ignição
Qualquer material que queime
"The basic elements of a fire are always present during surgery and a misstep in procedure or a momentary lapse of caution can quickly result in a catastrophe," says Mark
Bruley, vice president, Accident and Forensic
Incêndios no CC são aqueles que ocorrem sobre o paciente ou próximo a ele.
Nos EUA estima-se entre 50 e 200 casos de incêndios no CC.
20% destes levando a danos graves ou óbito.
Procedimentos de alto risco são aqueles em que uma fonte de ignição está próxima a um ambiente
Fontes de ignição mais comuns
Instrumentos eletrocirúrgicos, (eltrocautérios) (68%). Laser (13%).
Locais mais comuns de queimaduras:
Vias aéreas (34%). Face (28%).
Outros locais ou dentro do paciente (34%).
ASA Closed Claims
90% eletrocautério como fonte de ignição 85% dos casos em tórax, pescoço e face 81% sob sedação
Objetivo
Prevenir incêndios e queimaduras em
pacientes submetidos à procedimentos onde
a fonte de oxigênio ou óxido nitroso possa
estar próxima à fontes de ignição como: laser,
bisturi elétrico, fontes de luz e motores de
alta rotação.
Identificar Procedimentos de Alto Risco
Cirurgias de face e região oral/nasal.
Ressecção de lesões em face e região oral/nasal. Cirurgias de orofaringe.
Qualquer outra cirurgia onde haja proximidade de uma fonte de ignição e um ambiente rico em oxigênio e/ou óxido nitroso.
Normas para prevenção de incêndios e queimaduras
Ao início da cirurgia:
Ambientes enriquecidos em oxigênio e óxido nitroso aumentam a chance de combustão de campos, gazes e compressas. Esteja atento para ambientes enriquecidos em oxigênio sob os campos cirúrgicos.
Não posicionar os campos cirúrgicos até as preparações alcoólicas estarem completamente secas.
Fontes de luz por fibra ótica podem iniciar incêndios! Conectar todos os cabos, e enquanto não estiver com a fonte de luz em uso, deixe-a em standby.
Umedecer gazes e compressas para que estas sejam mais resistentes à ignição.
Normas para prevenção de incêndios e queimaduras
Em cirurgias com fontes abertas de oxigênio suplementar (independente do fluxo):
Questionar a necessidade de uso de fonte aberta de100% de oxigênio.
Na sedação leve, utilizar FiO2 < que 30% de oxigênio em procedimentos na face e cavidade oral.
Caso seja necessário utilizar concentrações acima de 30% de oxigênio, como na sedação moderada ou profunda, utilizar
dispositivos que separem o ambiente rico em oxigênio da fonte de ignição como máscara laríngea ou intubação traqueal com cuff*.
* Caso não seja possível utilizar cânula com cuff, utilizar baixas concentrações de oxigênio e/ou óxido nitrosas, além de gazes ou compressas umedecidas para reduzir o vazamento de oxigênio/oxido nitroso.
Normas para prevenção de incêndios e queimaduras
Posicionar os campos cirúrgicos de maneira a reduzir o acúmulo de oxigênio sob eles.
Manter o campo cirúrgico o mais distante possível da fonte de oxigênio.
Isolar o campo cirúrgico das fontes de oxigênio.
Cobrir cabelo e pelos (barba, sobrancelhas, etc..) que estarão expostos no campo cirúrgico com gel
lubrificante hidrossolúvel.
Normas para prevenção de incêndios e queimaduras
Em cirurgias de orofaringe:
Utilizar aspirador para “lavar” o oxigênio e óxido nitroso da orofaringe
Utilizar gazes ou compressas umedecidas para
reduzir o vazamento de oxigênio quando for utilizada cânula de intubação sem cuff.
Em caso da ocorrência de incêndios Reconhecer rapidamente a presença de fogo (chama, fumaça, odores incomuns, sons de explosão).
Parar imediatamente o procedimento. Comunicar a todos sobre o incêndio.
Desligar a fonte de oxigênio e/ou óxido nitroso. Retirar todos os materiais que estão queimando.
Extinguir o fogo através dos métodos recomendados de acordo com o tipo de incêndio.
Avaliar se o paciente necessita de algum cuidado extra devido ao evento (queimadura, inalação de fumaça). Acompanhar sua evolução
Entrar em contato com a enfermagem para notificação de Evento Adverso Grave (EAG).
Em caso da ocorrência de incêndios Caso o incêndio ocorra dentro das vias aéreas do paciente
Retirar o tubo imediatamente Trocar as traquéias
Retirar todo material inflamável
Atuação da equipe multiprofissional Enfermeiros
Técnicos de enfermagem
Equipe de engenharia clínica Médicos
Anestesiolgistas Cirurgiões
Caso de Sucesso
:
Prevenção de dano decorrente de incêndio em Centro CirúrgicoCASO
Paciente de 51 anos, sexo feminino, com diagnóstico de carcinoma basocelular de lábio superior internou para realização de exerese da lesão.
Durante o procedimento foi utilizado cateter de oxigênio simples, sendo inserido cerca de 14cm na narina contralateral ao procedimento. Ao aproximar o bisturi elétrico, houve uma faísca e então a combustão, gerando fogo.
Ações
Desenvolvimento de alerta de segurança para a equipe a ser fixado nos carros de anestesia.
Realizada simulação da combustão de O2 /bisturi/paciente no CSR. Desenvolvimento de diretriz institucional (válida como documento oficial) de prevenção de incêndio em cirurgia e divulgar esta diretriz como padrão de prática que deverá ser seguido OBRIGATORIAMENTE pelas equipes (inclui corpo clínico aberto) que atuam em procedimentos cirúrgicos que contém de alto risco para incêndio em campo
Prevenir incêndios e queimaduras em
pacientes submetidos à procedimentos onde
a fonte de oxigênio ou óxido nitroso possa
estar próxima à fontes de ignição como: laser,
bisturi elétrico, fontes de luz e motores de
alta rotação.
Definição de atores e seus papéis na prevenção de incêndios em campo cirúrgico.
Anestesista
Sedação leve: utilizar FiO2 < que 30%
Sedação moderada ou profunda: utilizar máscara laríngea ou IOT
com cuff Cirurgião
Avisar a equipe sobre fonte de ignição Utilizar compressas e gases umedecidas Cobrir cabelos e pelos.
Enfermagem
Reconhecer procedimentos de risco
Orientar equipe cirúrgica quanto ao protocolo
Responsável Ação
Enfermagem
Identificar no mapa cirúrgico procedimentos em face e orofaringe com potencial de incêndio (blefaroplastia, ritidoplastia, exérese de lesões, em face e região oral, cirurgias oftalmológicas, resscção de papilomas laríngeos, amigdlaectomia, septoplastia,
turbinectomia, traquesotomias, etc...).
Enfermeiro
Mapear no dia os procedimentos de risco, confirmar com o anestesiologista e cirurgião sobre o procedimento e orientar quanto ao risco de incêndio e as formas de prevenção. Apresentar este protocolo e o alerta de segurança anexo.
Notificar EAG em caso de ocorrência de incêndio.
Técnico de enfermagem
Identificar se as medidas para prevenção de incêndio e queimaduras foram tomadas. Caso haja resistência pela equipe, avisar ao enfermeiro e utilizar o Fluxo de Resolução de Conflitos na Assistência ao Paciente (GEPM.BI.FL.002)
Anestesista Conhecer e seguir as normas de prevenção de incêndio e queimaduras deste protocolo.
Cirurgião Conhecer e seguir as normas de prevenção de incêndio e queimaduras deste protocolo.
Paciente ENS, sexo masculino, 73 anos, portador de tumor de pele há seis meses em região de
dorso nasal. Interna para
exerese.
7h25 admitido em SO consciente, calmo,
contactuando;
Realizado sedação leve EV pelo anestesista.
Enfermeira do CC questiona a equipe médica se seguirá política
institucional
Sedação leve: FIO2 < 30%
Equipe médica refere que conhece a política e que não
seguirá.
Utilizará FiO2> 30% através de cateter nasal para manter
saturação do paciente
Enfermeira reforça a importância de seguir o protocolo.
Máscara laríngea ou IOT
Equipe médica mantém recusa.
Equipe médica questiona sobre custos ao paciente e refere que em outros
serviços isso não acontece Médico solicita contato com gestor da
anestesia
Gestor do CC é acionado e não autoriza iniciar
procedimento cirúrgico.
Aguardar sua chegada.
Anestesista aceita realizar a passagem
de máscara laríngea
Acionado Gerenciamento de Conflito
Realizado procedimento
sem intercorrências
Pontos chave
Reconhecimento pelo time de enfermagem
Política clara com atores e papéis
Empowerment do time de enfermagem para
bloquear o procedimento.
Escalonamento do conflito
Respaldo das lideranças
Referências
http://www.jointcommission.org/assets/1/18/SEA_29.PDF
ECRI. A clinician´s guide to surgical fires: how they occur, how to prevent them, how to put them out [guidance
article]. Health Devices 2003 Jan; 32(1):5-24.
Practice Advisory for the Prevention and Management of Operating Room Fires; Anesthesiology 2008; 108:786– 801