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Disciplina Oficina de Compreensão e Produção de Textos I

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Academic year: 2021

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

Disciplina

Oficina de Compreensão e

Produção de Textos I

Belém-PA 2013

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

LICENCIATURA EM LETRAS – MODALIDADE A DISTÂNCIA DISCIPLINA: OFICINA DE COMPREENSÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS I

OBJETIVOS1

Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

 reconhecer as principais características do gênero resumo;

 compreender o resumo como fruto de um processo de retextualização, resultante da “transformação” de um texto de determinado gênero (texto base) para outro gênero diferente (o resumo);

 aplicar os procedimentos de supressão, seleção e generalização de passagens de um texto a ser resumido;

 identificar as ideias núcleo apresentadas no texto a ser resumido;  delimitar as diferentes “vozes” que emanam do texto resumido.

Para início de conversa...

Diante da necessidade de se “enxugar” um texto, alguns desafios se impõem àquele que se propõe a realizar tal tarefa; em outros termos, há determinados procedimentos importantes que, quando não respeitados, podem vir a comprometer a elaboração de um resumo. A prática de resumir permite que, a partir de um dado texto base, sejam mantidas as informações principais e suprimidas as que são secundárias, respeitando-se a perspectiva adotada pelo autor do texto base. De acordo com Medeiros (2006, p. 121), o resumo é “[...] um tipo de redação informativo-referencial que se ocupa de reduzir um texto a suas ideias principais”, sendo que deve haver “[...] fidelidade às ideias do autor”, sem que, contudo, se mantenha a mesma estrutura linguística.

O resumo é, portanto, um gênero em que não se devem acrescentar informações que não estejam presentes no texto base, tampouco se deve discordar do posicionamento do autor do texto resumido. Ainda que seja necessário se manter fiel às ideias do autor, as palavras a serem utilizadas no resumo são de responsabilidade daquele que elabora esse texto; não se deve, simplesmente, “apagar” passagens secundárias do texto base e transcrever o que for principal: trata-se, antes disso, de um processo de “reescritura” do texto, obedecendo-se aos critérios supramencionados.

Há vários tipos de resumo: resumo de filme, resumo de artigo, resumo de livro, resumo acadêmico (c.f.: MACHADO, LOUSADA e ABREU-TARDELLI, 2004)... e a lista não para por aí. É possível que o resumo apareça “dentro” de outros gêneros, como, por exemplo, nas seções teóricas de monografias, em que, frequentemente, as principais ideias dos autores adotados como referencial são apresentadas de maneira sucinta; além do próprio resumo de textos monográficos em geral, enquanto elemento pré-textual. Aqui, especificamente, será focalizado esse tipo de resumo

1 Material elaborado pelas professoras Marília Freitas e Eunice Braga, da Universidade Federal do Pará (Campus Belém).

TEXTO E TEXTUALIDADE: FATORES PRAGMÁTICOS, ASPECTOS SEMÂNTICOS, COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAL

AULA II

A PRÁTICA DE RESUMIR TEXTOS: estratégias de compreensão e elaboração AULA IV

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que se inscreve em determinados gêneros acadêmicos e que apresenta certas peculiaridades, as quais serão abordadas mais tarde.

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A M O S

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E F L E T I R U M

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O U C O

...

Para que possamos responder aos questionamentos lançados acima, vejamos, a seguir, alguns procedimentos importantes na elaboração de resumos, os quais podem ser traduzidos em três estratégias básicas: supressão, generalização e seleção.

1) Supressão: elimina termos secundários - advérbios, adjetivos, preposições, conjunções, entre

outros, desde que não sejam necessários à compreensão do texto. Exemplo:

• O polêmico “Cinquenta Tons de Cinza”, megassucesso da inglesa Erika Leonard James,

conquistou milhões de leitores em todo o mundo.

• “Cinquenta Tons de Cinza”, de Erika Leonard James, atraiu muitos leitores.

2) Generalização: permite substituir elementos específicos por outros genéricos.

Exemplo:

• Plácido conheceu Elizângela no hospital, quando ela estava com febre, manchas pelo corpo e

dores nas juntas.

• Plácido conheceu Elizângela enquanto ela estava doente no hospital.

3) Seleção: cuida de eliminar obviedades ou informações secundárias.

Exemplo:

• As famílias das vítimas exigiram das autoridades que tomassem uma providência quanto ao crime

cometido, já que, até aquele momento, nenhuma atitude punitiva contra o criminoso havia sido posta em prática.

• As famílias das vítimas pressionaram as autoridades para que o criminoso fosse punido.

Há, ainda, outras estratégias bastante produtivas para a elaboração de resumos, tais como determinadas transformações linguísticas, utilização de proformas, elipses, utilização de sinônimos, entre outras, que podem auxiliar no processo de retextualização do texto base em texto resumido, no sentido de manter as principais ideias do autor, porém, com palavras diferentes.

Por onde começar?

Abaixo, será transcrita uma passagem do artigo Gramaticalização – uma visão

teórico-epistemológica, de Ivo da Costa do Rosário, texto veiculado em meio digital

(www.pgletras.uerj.br/palimpsesto/.../palimpsesto11_dossie02.pdf), a fim de que se exemplifiquem os procedimentos discutidos acima, além de algumas outras estratégias, no que se refere à elaboração de resumos. Por questões didáticas, optou-se por demonstrar o processo de retextualização (do gênero artigo científico para o gênero resumo) parágrafo por parágrafo, o que

?

Muitas pessoas, diante da necessidade de resumir um texto, não sabem por onde começar. Nesse caso, algumas questões se impõem:

 Que tipos de procedimentos podem ser viáveis diante da tarefa de elaborar um resumo?

 No processo de elaboração de um resumo, por onde posso começar?

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não significa dizer que, no ato de resumir um texto, todos os parágrafos do texto base devam ser considerados; em outros termos, é possível suprimir, muitas vezes, grandes extensões do texto original.

A gramaticalização está no cerne dos estudos funcionalistas. Para que possamos abordá-la adequadamente, é necessário precisá-la em termos conceituais, já que há na literatura especializada uma série de conceitos em competição. Logo em seguida, investigaremos seu campo de ação e suas relações com outros fenômenos de natureza morfossintático-semântica.

Em primeiro lugar, concordarmos com Haspelmath (2002), quanto ao estatuto teórico da gramaticalização. Segundo o autor, não costuma fazer parte dos interesses dos linguistas defensores da gramaticalização estabelecer o estatuto de teoria para esse processo de mudança. Os termos teoria, fenômeno ou paradigma são frequentemente tomados de forma intercambiável, conforme também o faremos em nossa pesquisa. Não queremos dizer que de fato o sejam, mas para nossos propósitos, essa diferenciação não é de maior importância.

Segundo Poggio (2003, p. 59), a gramaticalização tem aparecido intimamente relacionada com outros nomes. Alguns autores associam o termo gramaticalização a uma perspectiva histórica, e gramaticização a uma perspectiva sincrônica da mudança contínua de categorias e significados. Há, contudo, vários outros termos intercambiáveis ou não, que são os seguintes: gramatização, apagamento semântico, condensação, enfraquecimento semântico, morfologização, reanálise, redução, sintaticização etc.

Conforme afirmou Rosário (2007), é necessário que tenhamos bastante prudência, já que tais termos nem sempre são sinônimos de gramaticalização. Muitas vezes expressam uma de suas características sintáticas ou semânticas, ou ainda tomam o fenômeno sob outra perspectiva ou estágio (ROSÁRIO, 2010, pp. 1-2).

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A M O S

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A seguir, buscaremos indicar determinados passos que podem ajudar no processo de resumir o fragmento mostrado acima.

1º passo: identificação das ideias “núcleo” dos parágrafos

Em primeiro lugar, a elaboração de um resumo pressupõe, antes de tudo, uma boa compreensão do texto base. Não se trata de fazer uma leitura “palavra por palavra”, mas sim da construção de um sentido global para o texto a ser resumido. Nessa etapa, um procedimento que pode ajudar é tentar, em breves palavras, delimitar a “ideia núcleo” de cada parágrafo (vale lembrar que, muitas vezes, uma única ideia núcleo se desdobra em vários parágrafos). O quadro a seguir ilustra, de maneira simplificada, aquilo que pode ser considerado como ideia núcleo de cada um dos quatro parágrafos da citação acima:

?

 Você já ouviu falar no tema apresentado no fragmento acima?

 Ainda que você não conheça o conceito de “gramaticalização”, você conseguiu perceber o

propósito do autor do texto, na passagem em questão?

 Esse fragmento, a partir de sua compreensão, parece apresentar, desenvolver ou concluir

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Parágrafos do

texto base Ideia núcleo

Parágrafo 1 - Breve apresentação do termo “gramaticalização” e definição daquilo que será feito ao longo do texto.

Parágrafo 2 - Posicionamento do autor quanto a não preocupação em discutir o estatuto teórico da gramaticalização.

Parágrafo 3 - Esclarecimento acerca da relação terminológica do termo “gramaticalização” com outros termos relacionados, sinônimos ou não.

Parágrafo 4 - Alerta do autor, quanto à oscilação terminológica do termo “gramaticalização” em relação aos outros termos referidos no parágrafo anterior; desdobramento do parágrafo anterior.

Com o auxílio do quadro acima, é possível perceber mais claramente aquilo que o autor “quis dizer” ao longo dos quatro parágrafos. Assim, fica bem mais fácil prosseguir com as outras etapas da elaboração do resumo.

2º passo: detecção das partes que podem ser apagadas ou transformadas

É chegado o momento de aplicarmos os procedimentos mencionados no início de nossas discussões ao texto que se pretende resumir. Vejamos, agora, como poderíamos proceder à

supressão, generalização e seleção de elementos do texto base, a fim de transformá-lo em resumo.

Para tanto, os quatro parágrafos já citados serão transcritos novamente, para facilitar a visualização dos procedimentos adotados na elaboração do resumo.

A gramaticalização está no cerne dos estudos funcionalistas. Para que possamos abordá-la adequadamente, é necessário precisá-la em termos conceituais, já que há na literatura especializada uma série de conceitos em competição. Logo em seguida, investigaremos seu campo de ação e suas relações com outros fenômenos de natureza morfossintático-semântica.

Em primeiro lugar, concordarmos com Haspelmath (2002), quanto ao estatuto teórico da gramaticalização. Segundo o autor, não costuma fazer parte dos interesses dos linguistas defensores da gramaticalização estabelecer o estatuto de teoria para esse processo de mudança. Os termos teoria, fenômeno ou paradigma são frequentemente tomados de forma intercambiável, conforme também o faremos em nossa pesquisa. Não queremos dizer que de fato o sejam, mas para nossos propósitos, essa diferenciação não é de maior importância.

Segundo Poggio (2003, p. 59), a gramaticalização tem aparecido intimamente relacionada com outros nomes. Alguns autores associam o termo gramaticalização a uma perspectiva histórica, e gramaticização a uma perspectiva sincrônica da mudança contínua de categorias e significados. Há, contudo, vários outros termos intercambiáveis ou não, que são os seguintes: gramatização, apagamento semântico, condensação, enfraquecimento semântico, morfologização, reanálise, redução, sintaticização etc.

Conforme afirmou Rosário (2007), é necessário que tenhamos bastante prudência, já que tais termos nem sempre são sinônimos de gramaticalização. Muitas vezes expressam uma de suas características sintáticas ou semânticas, ou ainda tomam o fenômeno sob outra perspectiva ou estágio (idem).

Os elementos sublinhados poderiam, por meio das regras de supressão, seleção e generalização, ser eliminados ou transformados, respectivamente. Por exemplo, no primeiro parágrafo, a partir de supressões e seleções, poderiam ser eliminadas informações óbvias e palavras que não “fazem falta” para a compreensão da ideia núcleo do parágrafo. No terceiro parágrafo,

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poderíamos condensar, com o uso de uma expressão de valor genérico como “diversas nomenclaturas”, a passagem em que se faz a seguinte enumeração: “[...] gramatização, apagamento semântico, condensação, enfraquecimento semântico, morfologização, reanálise, redução, sintaticização etc.”. Estes são apenas exemplos de partes do fragmento em análise que poderiam ser “enxugadas”, a fim de se elaborar um resumo.

3º passo: transformação de fragmentos do texto

Após serem feitos os “cortes” nos fragmentos dispensáveis do texto base e marcadas as passagens que poderiam ser generalizadas, é o momento de proceder às “transformações” no texto. Nessa etapa é que o autor do resumo põe em prática sua habilidade de “fazer suas” as palavras do autor, não no sentido de repetir o que já está posto, mas de dizer de maneira “diferente” aquelas informações que forem consideradas principais no texto. Nesse sentido, poderíamos assim resumir nosso texto:

A gramaticalização tem papel central nos estudos funcionais, sendo que esse termo deve ser definido de maneira precisa, pois não há consenso quanto à sua conceituação. Segundo Haspelmath (2002), não costuma ser preocupação dos estudiosos da área classificar a gramaticalização como teoria; muitas vezes, os termos fenômeno ou paradigma, juntamente com teoria, são empregados como sinônimos, o que não quer dizer que de fato o sejam. Há diversas nomenclaturas associadas ao rótulo gramaticalização, de acordo com Poggio (2003, p. 59), as quais podem corresponder à mesma noção ou não, dependendo da perspectiva adotada.

Os quatro parágrafos do texto base foram reduzidos a um único, o que foi possível não apenas pelos recortes feitos (note-se a supressão quase total do último parágrafo, o qual reitera a ideia contida no parágrafo anterior, podendo ser, portanto, retirado), mas também pela utilização de outros expedientes, tais como o uso de formas nominais hiperonímicas (c.f.: KOCH e ELIAS, 2009, p.141), designativas de classes de elementos (p.ex.: roupas, hiperônimo em relação à saia, blusa, vestido, etc.). Exemplo disso pode ser visto na substituição do fragmento “linguistas defensores da gramaticalização” por “estudiosos da área”, o que acaba por convergir para a regra de generalização.

Outros tipos de transformação podem ser vistos, por exemplo, nas mudanças de ordem de sentenças, utilização de sinônimos, utilização de sentenças breves, entre outros aspectos.

4ª passo: delimitação das vozes no texto

No início de nossas discussões, mencionou-se que há variados tipos de resumo; diante de tal diversidade, optou-se por enfatizar aquele tipo de resumo que vem no corpo de trabalhos acadêmicos, não só como elemento pré-textual, mas ao longo das seções teóricas de TCCs, dissertações de mestrado, teses de doutorado, entre outros. Faz-se necessário, nesse tipo de resumo que vem ao longo de outros trabalhos, creditar aos autores utilizados as ideias ali resumidas, deixando claro que são de diferentes autores, e não daquele que se propôs a resumir tais ideias. É imprescindível, nesse sentido, que as vozes do texto estejam bem marcadas, delimitadas. Há várias maneiras de se fazer isso; algumas delas serão mostradas aqui.

Nosso texto resumido acima carece de uma delimitação adequada das vozes que aparecem ao longo dele, mais especificamente, no que se refere aos fragmentos sublinhados. Por exemplo, não foi deixado claro, no resumo feito, que as ideias ali apresentadas são de Rosário (2010), autor do texto base. Além disso, esse autor cita outros autores, não diretamente lidos por aquele que resumiu o texto; nesse caso, é preciso indicar que se trata de um outro autor citado pelo autor do texto resumido. Procedendo a essas modificações, nosso resumo poderia ficar assim:

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De acordo com Rosário (2010), a gramaticalização tem papel central nos estudos funcionais, sendo que esse termo deve ser definido de maneira precisa, pois não há consenso quanto à sua conceituação. Segundo Haspelmath (2002, apud ROSÁRIO, 2010, p.2), não costuma ser preocupação dos estudiosos da área classificar a gramaticalização como teoria; muitas vezes, os termos fenômeno ou paradigma, juntamente com teoria, são empregados como sinônimos, o que não quer dizer que de fato o sejam. Há diversas nomenclaturas associadas ao rótulo gramaticalização, de acordo com Poggio (2003, p. 59, apud ROSÁRIO, 2010, p.2), as quais podem corresponder à mesma noção ou não, dependendo da perspectiva adotada.

Algumas questões precisam ser pontuadas aqui:

 Utiliza-se, em geral, apenas o último nome do autor quando se faz menção a ele no corpo do texto;

 Quando se faz referência ao autor dentro de parênteses, seu nome vem todo em caixa alta; nome de autor fora dos parênteses fica apenas com a inicial maiúscula;

Quando se trata de um autor citado pelo autor do texto base, utiliza-se o termo apud, termo em latim que significa “citado por”;

 É necessário indicar o ano em que a obra foi publicada, logo após o nome do autor e, em alguns casos, cita-se o número da página.

5ª passo: atribuição de atos ao autor do texto resumido

Na produção do resumo, também é importante, sempre que possível, indicar os vários tipos de atos que o autor do texto original realiza, os quais devem ser interpretados, por aquele que os resume, através da utilização de verbos ou formas verbais adequados.

Por exemplo, as formas verbais abaixo listadas:

a- “define, classifica, enumera,, argumenta” indicam o posicionamento do autor em relação a sua

crença na verdade do que é dito;

b- “aborda, trata de” indicam ideia do conteúdo geral;

c- “define, classifica, enumera, argumenta” indicam organização das ideias do texto; d- “enfatiza, ressalta” indicam a relevância de uma ideia do texto;

e- “incita, busca levar” indicam ação do autor em relação ao leitor.

O texto acima resumido poderia ser reescrito indicando diferentes tipos de atos realizados por Rosário ou pelos autores citados ao longo de seu texto.

Rosário (2010) ressalta em seu texto que a gramaticalização tem papel central nos estudos funcionais, afirmando que esse termo deve ser definido de maneira precisa, pois não há consenso quanto à sua conceituação. Segundo Haspelmath (2002, apud ROSÁRIO, 2010, p.2), não costuma ser preocupação dos estudiosos da área classificar a gramaticalização como teoria; muitas vezes, os termos fenômeno ou paradigma, juntamente com teoria, são empregados como sinônimos, o que não quer dizer que de fato o sejam. Há diversas nomenclaturas associadas ao rótulo gramaticalização, Poggio (2003, p. 59, apud ROSÁRIO, 2010, p.2) explica que elas podem corresponder à mesma noção ou não, dependendo da perspectiva adotada.

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Para não esquecer...

Na seção acima, foram mencionados e exemplificados alguns conceitos relacionados à elaboração de resumos. A título de assimilação, vamos retomar e, por vezes, aprofundar aqui as principais questões já discutidas:

Supressão, generalização e seleção são procedimentos produtivos para a elaboração de resumos, já que possibilitam o “enxugamento” do texto, eliminando obviedades e apagando o que for desnecessário, além de “encapsular”, em termos mais genéricos, expressões específicas.

Retextualização é um processo de “transformação” textual em que se observa a passagem de um gênero para outro gênero (no nosso caso, um artigo científico foi transformado em resumo) ou de uma modalidade da língua para outra (c.f.: MARCUSCHI, 2004).

A identificação das ideias principais só se torna possível após uma leitura atenta que leve à compreensão global do texto; para tanto, o texto a ser resumido deverá ser lido quantas vezes forem necessárias.

O uso de formas nominais hiperonímicas corresponde à utilização de palavras que indicam “categoria” para substituir termos específicos; por exemplo, em “Antônio comprou cadernos, canetas e livros no início do ano letivo”, os termos sublinhados poderiam ser substituídos por “material escolar”.

Mudanças na ordem das sentenças, utilização de sinônimos, utilização de sentenças breves também podem ser expedientes bastante favoráveis, no sentido de dizer com outras palavras as informações do texto base.

 É preciso deixar claro no resumo que as ideias ali expostas são do autor do texto base ou de outros autores citados por ele, mesmo que ditas com palavras diferentes.

A demarcação das vozes do texto deve, no caso do texto acadêmico, seguir algumas normas, como aquelas elencadas na seção anterior, relativas à maneira como referenciar o autor do texto resumido e à indicação de citação do tipo “apud”.

Há muitas outras questões que podem ser discutidas, a propósito da elaboração de resumos, mas nos limitamos às acima referidas. Em outras ocasiões aprofundaremos mais nossas discussões.

C

O M A

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à O N A

M

A S S A

1. O texto abaixo corresponde à continuação do fragmento do artigo de Rosário (2010, pp. 2-3). Leia atentamente, a fim de começar a identificar as ideias principais apresentadas pelo autor nesse trecho. Ignorem-se, por enquanto, as passagens sublinhadas.

O primeiro autor conhecido a empregar o termo gramaticalização, numa acepção muito próxima à adotada pelo funcionalismo, foi Antoine Meillet (1912), que a entendia como a atribuição de um caráter gramatical a uma palavra outrora autônoma (processo diacrônico). Contudo, a história desse processo pode estar relacionada a épocas bem mais remotas. Assim, no século X, na China, um escritor chamado Zhou Bo-qi, da dinastia yuan, já falava na mudança de símbolos cheios para símbolos vazios.

No século XVIII, os filósofos franceses Etienne Bonnot de Condillac e Jean Jacques Rousseau afirmavam que os lexemas concretos teriam originado tanto vocábulos abstratos quanto as complexidades gramaticais. Parece ser de Condillac (1746) a percepção de que as flexões verbais, como os sufixos, teriam vindo de

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palavras independentes mais antigas. Segundo Heine et al. (1991, p. 5), pode ter sido aí que os gramáticos comparativistas extraíram sua inspiração para os estudos do indo-europeu, a partir do século XIX.

Tal foi a importância dos estudos de Condillac que Heine et al. (1991, p. 5) conferem a Horne Tooke, contemporâneo daquele, o título de “pai dos estudos em gramaticalização”. Segundo Tooke, o “segredo” das palavras reside em sua etimologia. Este autor afirmava que advérbios, preposições e conjunções resultariam da abreviação ou “mutilação” de “palavras necessárias”, ou seja, de nomes e de verbos.

Após Tooke, vieram Franz Bopp, Humboldt, Wulnner, Whitney, Michel Bréal, entre outros, que foram refinando progressivamente as intuições dos seus predecessores até chegarmos a Meillet. Como já dissemos, foi Meillet o cunhador do termo gramaticalização, primeiramente utilizado em 1912, em seu trabalho denominado L’évolution des formes grammaticales. Contudo, é necessário afirmarmos que seu mérito não está somente na criação do termo, mas também no fato de ter justificado a relevância dos estudos de gramaticalização como uma das maiores atividades na ciência da linguagem.

2. Preencha o quadro abaixo, procedendo conforme o 1º passo da seção “Por onde começar?”, a fim de identificar as ideias núcleo de cada parágrafo.

Parágrafos do

texto base Ideia núcleo

Parágrafo 1 Parágrafo 2 Parágrafo 3 Parágrafo 4

3. Sabendo-se que as passagens sublinhadas no fragmento acima correspondem a trechos que podem ser suprimidos ou generalizados, leia-o novamente e proceda conforme o que se pede:

a) Reescreva o final do primeiro parágrafo e o segundo parágrafo inteiro (passagens sublinhadas da linha 5 até a linha 14), “enxugando” ao máximo o que for possível, mantendo a ideia de que já havia, antes mesmo de Meillet (1912), vários estudos relacionados à gramaticalização.

b) Reescreva o fragmento “Após Tooke, vieram Franz Bopp, Humboldt, Wulnner, Whitney, Michel Bréal, entre outros”, substituindo os termos sublinhados por uma expressão de valor genérico que “encapsule” os itens enumerados.

4. Reescreva o primeiro parágrafo, procurando “rearranjar” as sentenças, procedendo a adaptações, mudanças de posição entre as passagens, utilização de sinônimos e “encurtando” o que for possível. 5. Elabore um resumo do fragmento apresentado na seção acima, correspondente à continuação do texto de Rosário (2010), buscando reduzir tal passagem a um único parágrafo, cumprindo as seguintes etapas:

I) Transcreva a resposta da questão 4 (logo acima), incluindo o que você fez na letra (a) da questão 3, fazendo as conexões e adaptações necessárias;

II) Suprima os trechos sublinhados no 3º parágrafo, reescrevendo as passagens não sublinhadas, de forma a “dizer com outras palavras” tais passagens. Faça o mesmo com o 4º parágrafo, aproveitando a resposta da letra (b) da questão 3.

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III) Por fim, já cumpridas as etapas (I) e (II), reescreva seu texto, conforme demonstrado no 4º passo da seção “Por onde começar?”, a fim de delimitar as vozes que aparecem no seu resumo.

Produção de texto

As atividades acima nos ajudaram a desenvolver habilidades relacionadas ao ato de resumir, a partir do fragmento de um texto acadêmico; mas sabemos que é possível resumir vários outros textos, pertencentes a outras esferas da atividade humana, com outras finalidades, usos e formas. Agora que você já sabe por onde começar, elabore um resumo a partir do texto abaixo, procurando seguir os 4 passos discutidos, exemplificados e exercitados anteriormente.

Como a internet está mudando você

19 DE MARÇO DE 2013, 12:26 - VIDA DIGITAL - TAGS: TAGS:DÉBORA NOGUEIRA, GALILEU

Mais do que pessoas, somos produtores de conteúdo: Como o mundo mudou entre um conclave e outro// Reprodução: NBC News

Incorporamos a internet no nosso dia-a-dia numa velocidade impressionante. Se você olhar para trás verá como hoje ela ocupa um espaço importante em nossas vidas, muito maior que há dez anos. Nada de novo até aqui, mas cabe uma reflexão: o quanto a internet está nos mudando? Como o seu modo de pensar mudou depois que a internet entrou na sua vida?

Sou hard user de internet há pelo menos 15 anos, mas faz pouco tempo que ando com ela no bolso. Nos anos 90 a internet ainda não me salvava de conversas sociais chatas. Não me ajudava a pegar um ônibus nem a criar novos amigos. Hoje ela é parte importante do meu convívio social. Ao contrário do senso comum sobre textos na internet, leio e escrevo muito mais hoje (na tela do computador, claro). Assisto a filmes e ouço músicas que nunca teria acesso se não fosse ela. Ela me fez uma pessoa melhor.

A internet mudou ainda a forma como me relaciono com os outros. Mudou a minha noção de tempo e a minha atenção e paciência para filmes e livros que demoram mais do que 30 minutos (ou 30 páginas) para engatar. Me mostrou que sou dependente dela. Não posso ficar um dia (tá, algumas horas) sem

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acessá-la. Não sou mais a mesma depois da internet, e provavelmente você também não seja. Talvez ela também tenha me feito uma pessoa pior.

Vivemos vidas digitais. Estamos sempre navegando, indo de um tópico para outro, seja na web, seja na vida. Desconectar-se não é mais uma opção. Antigamente, se falava: “não gosta da internet ou das mudanças que ela vem provocando no mundo? então não conecte-se”. Isso não é mais uma opção. A internet é meio (e fim) para vivermos no mundo de hoje. E é sobre isso que quero tratar na minha coluna semanal: como nos adaptamos à internet, o que podemos tirar dela, e o que podemos abrir mão para vivermos melhor. Assine o RSS ou volte às terças. Será um prazer conversar.

Disponível em: http://colunas.revistagalileu.globo.com/colunistas/author/dnogueira/ acesso: 02/04/13

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A M O S

A

O

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Ó R U M

A fim de questionar, tirar dúvidas e discutir o que aprendemos nesta lição, vamos ao fórum, tomando como ponto de partida aquilo que talvez não tenha ficado muito claro, aquilo que nos “inquietou” nas leituras feitas e atividades desenvolvidas; enfim, será um fórum para tentar esclarecer o que ficou “nebuloso” e também para lançar outras questões relacionadas ao ato de resumir, no intuito de ampliar nossos conhecimentos.

REFERÊNCIAS

KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e Escrever: estratégias de produção textual. São Paulo: Contexto, 2009.

MACHADO, A. R.; LOUSADA, E. G.; ABREU-TARDELLI, L. S. Resumo. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2004.

MEDEIROS, João Bosco. Redação Científica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

GRAMATICALIZAÇÃO. Disponível em: http//

Referências

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