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Eritrodermia e alopecia por intoxicação sistêmica por mercúrio / Erythroderma and alopecia from systemic mercury poisoning

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Academic year: 2020

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p.55604- 55610 aug. 2020. ISSN 2525-8761

Eritrodermia e alopecia por intoxicação sistêmica por mercúrio

Erythroderma and alopecia from systemic mercury poisoning

DOI:10.34117/bjdv6n8-113

Recebimento dos originais:08/07/2020 Aceitação para publicação:12/ 08/2020

Alice de Oliveira de Avelar Alchorne

Médica. Livre Docente. Docente do Curso de Medicina da Universidade Nove de Julho – UNINOVE

Instituição: Universidade Nove de Julho - UNINOVE

Endereço: Rua Iraúna, 469 – São Paulo – SP – CEP 04518-060, Brasil E-mail: a.alchorne@terra.com.br

Maurício Mota de Avelar Alchorne

Médico. Livre Docente. Docente do Curso de Medicina da Universidade Nove de Julho – UNINOVE

Instituição: Universidade Nove de Julho - UNINOVE

Endereço: Rua Iraúna, 469 – São Paulo – SP – CEP 04518-060, Brasil E-mail: mauricio.alchorne@terra.com.br

Maria Laura de Oliveira de Avelar Alchorne Trivelin Advogada. Administradora de Empresas

Enfermeira. Especialista em Enfermagem de Emergência e Urgências Mestre em Medicina pela Universidade Nove de Julho – UNINOVE

Doutoranda em Medicina pela Universidade Nove de Julho – UNINOVE. Docente dos Cursos de Medicina e Enfermagem da Universidade Nove de Julho – UNINOVE e do Curso de Pós-graduação em Auditoria em Serviços de Saúde da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert

Einstein – FICSAE

Instituição: Universidade Nove de Julho - UNINOVE

Endereço: Rua Dr. José Cândido de Souza, 110 – São Paulo – SP – CEP 04518-050, Brasil E-mail: mltrivelin@uol.com.br

Stefano de Avelar Alchorne Trivelin

Médico. Residente de Dermatologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Endereço: Rua Dr. José Cândido de Souza, 110 – São Paulo – SP – CEP 04518-050, Brasil E-mail: stefano_trivelin@hotmail.com

RESUMO

Introdução: A eritrodermia por mercúrio pode ser grave. Seu mecanismo de intoxicação se dá pela inalação, ingestão, inoculação dérmica e parenteral. OBJETIVO: Relato de caso com manifestações cutâneas importantes e alterações sistêmicas neurológicas e cardiológicas. MÉTODO: Relato de caso de intoxicação por mercúrio com repercussão dermatológica e sistêmica. RESULTADOS: Paciente de 22 anos, pardo, ajudante geral, natural de Pernambuco, procedente de São Paulo, que

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há um mês apresentou dermatite esfoliativa e perda abrupta de cabelos. Trabalhava em indústria de embalagem de mercúrio para odontologia. Ao exame físico geral apresentou edema de face e membros inferiores, obnubilado, tremores de extremidades. Exames complementares alterados: aumento de mercúrio urinário. O ECG mostrou ritmo idioventricular, bloqueio de ramo esquerdo intermitente, ritmo juncional e extrassístoles supraventriculares, sem repercussão hemodinâmica. Na pesquisa bibliográfica, não foram encontrados relatos destas alterações eletrocardiográficas relacionadas à intoxicação por mercúrio. Tratado com cremes de corticoide e salicilato e eritromicina, com evolução do quadro dermatológico e repilação completa. Evoluiu com diminuição lenta e progressiva das anormalidades do eletrocardiograma. O paciente, ao ser afastado de seu ambiente de trabalho e com tratamento medicamentoso, teve melhora sensível do quadro de eritrodermia com repilação total e melhora da intoxicação sistêmica. CONCLUSÃO: Trata-se de um caso clínico ocupacional grave com repercussão dermatológica (eritrodermia e alopecia) e sistêmica, principalmente com alterações eletrocardiográficas não descritas na literatura.

Palavras-Chave: Eritrodermia, Alopecia, Intoxicação por mercúrio, Doença ocupacional. ABSTRACT

Introduction: Mercury erythroderma can be severe. Its mechanism of intoxication is through inhalation, ingestion, dermal and parenteral inoculation. OBJECTIVE: Case report with important cutaneous manifestations and neurological and cardiological systemic alterations. METHODS: Case report of mercury intoxication with dermatological and systemic repercussions. RESULTS: A 22 year old patient, brown, general helper, native of Pernambuco, from São Paulo, who one month ago presented exfoliative dermatitis and abrupt hair loss. He worked in the mercury packaging industry for dentistry. On general physical examination she presented edema of the face and lower limbs, obnubilated, and tremors of extremities. Altered complementary examinations: increased urinary mercury. The ECG showed idioventricular rhythm, intermittent left branch block, junctional rhythm and supraventricular extrasystoles without hemodynamic repercussion. No reports of these electrocardiographic alterations related to mercury intoxication were found in the literature. They were treated with corticoid and salicylate creams and erythromycin, with dermatological evolution and complete repilation. It evolved with slow and progressive decrease of the electrocardiogram abnormalities. The patient, when removed from his work environment and with drug treatment, had a sensible improvement of the erythroderma picture with total repilation and improvement of systemic intoxication. CONCLUSION: This is a severe occupational clinical case with dermatological (erythroderma and alopecia) and systemic repercussions, mainly with electrocardiographic alterations not described in the literature.

keywords: Erythroderma, Alopecia, Intoxication by Mercury, Occupational disease.

1 INTRODUÇÃO

O mercúrio é um metal que se encontra no estado líquido, nas condições normais de temperatura e pressão, volátil e extremamente tóxico, usado, mundialmente, em diversos produtos como amalgamas dentais, cosméticos e produtos domésticos1-3. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o mercúrio é um dos elementos químicos mais problemáticos para a saúde pública4. Os impactos clínicos em relação à exposição ao mercúrio ainda não são bem estabelecidos. O quadro clínico depende da forma em que o mercúrio se encontra, sendo as formas mais usadas o

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mercúrio metálico, mercúrio em forma de vapor (Hg0), íon mercuroso (Hg2++), sais de mercúrio (Hg++) e o mercúrio orgânico3-6. A dose e o tempo de exposição ao material são aspectos importantes, que devem ser considerados ao se analisar o quadro clínico do paciente.

Atualmente, sabe-se que a exposição por mercúrio metálico pode levar, quando em grande quantidade e em sua forma de vapor, a uma pneumonite3. Os sintomas da exposição crônica em baixa quantidade são mais sutis e inespecíficos: fraqueza, fadiga, anorexia, perda de peso, dermatite e alterações gastrointestinais3,4,7. Com exposições a uma quantidade maior, ainda de forma crônica, pode-se encontrar tremores, gengivite, salivação excessiva, disfunção imunológica assim como alterações neurológicas (memória de curto prazo, coordenação, concentração mental, labilidade emocional, expressão facial e estado mental), dermatite, síndromes feocromocitoma “like” e cardiológicas (hipertensão, doenças isquêmicas cardíacas e acidentes vasculares cerebrais).1,3

As alterações laboratoriais, em relação aos níveis séricos e/ou urinários, devem ser analisadas com cautela, pois suas várias formas apresentam diferentes meia-vidas, o que incita a necessidade de se estabelecer pesquisa com diferentes parâmetros, conforme a história do paciente. É importante ressaltar que, o nível de mercúrio no sangue e urina refletem a exposição recente, uma vez que o tempo médio da sua excreção é de 3 a 5 dias. Porém, quando analisamos em ambos pode-se correlacionar melhor uma possível estimativa do total absorvido pelo paciente. Um outro método de avalição é análise dos órgãos sólidos pela biópsia. Entretanto, por meio desta técnica não se consegue avaliar o tempo ou quantidade de exposição, mas apenas definir o prognóstico. Atualmente, o US Federal Biological Exposure Index (BEI) considera, para o diagnóstico de intoxicação, valores urinários maiores que 50 mcg/l. Contudo, diferentes estudos já comprovaram que não é possível definir uma quantidade mínima, que leve a alterações importantes na saúde da população3,5-7.

2 OBJETIVOS 2.1 PRIMÁRIO

Descrever alterações não usuais pela intoxicação crônica em altas concentrações de mercúrio.

2.2 SECUNDÁRIO

Relatar o curso clínico, os agravos e o desfecho das alterações relacionadas à intoxicação por mercúrio.

Relatar a exposição ao mercúrio em ambiente de trabalho e suas consequências ao trabalhador.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p.55604- 55610 aug. 2020. ISSN 2525-8761 3 JUSTIFICATIVA

Como já foi citado anteriormente, o mercúrio é um elemento extremamente presente na indústria e no meio de convívio social do século XXI. Seus efeitos, quando em longo prazo, podem apresentar grandes riscos à população e gerar danos irreversíveis. Segundo documentos da OMS4, o Brasil é um dos países mais vulneráveis à exposição crônica desse metal. Portanto, considerando o impacto e relevância é notória a necessidade de se relatar os efeitos causados pelo mercúrio através da exposição prolongada, principalmente quando se trata de quadros atípicos da intoxicação, evitando que esses casos sejam omitidos, uma vez que são de grande importância para a literatura médica.

4 METODOLOGIA

4.1 LOCAL ONDE FOI REALIZADO O CASO CLÍNICO

O paciente foi acompanhado pelo Serviço de Dermatologia do Complexo Hospitalar Heliópolis. Estudo aprovado pela Comissão Científica e pelo comitê de Ética em Pesquisa (CEP) – CAAE 1.977.608

4.2 PROCEDIMENTO

Descrição de caso com alterações não usuais dermatológicas e sistêmicas de intoxicação por mercúrio.

5 Resultados

Paciente com 22 anos, pardo, ajudante geral, natural de Pernambuco, procedente de São Paulo. Há um mês apresentava lesões eritematosas no abdome, que evoluíram para eritrodermia e perda abrupta dos cabelos e pelos (Figura 1). Iniciou, há 2 meses, trabalho em indústria de embalagem de mercúrio (Hg) para Odontologia. Ao exame físico geral, edema na face e membros inferiores e ao exame neurológico mostrou-se obinobilado (Figura 2) e com tremor de extremidades.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p.55604- 55610 aug. 2020. ISSN 2525-8761 Figura 1 – Paciente apresenta quadro de eritrodermia e alopecia universal.

Figura 2 – Eletrocardiograma do paciente.

Exames complementares alterados: Hemograma – Hb = 11,3, Hg urinário 34 mg/l – creatinina 0,30 g/l e 39 mg/l – creatinina 0,60 mg/l. Colega de trabalho também com altos níveis de Hg urinário. Histopatológico de pele revelou processo inflamatório crônico inespecífico, ECG com ritmo idioventricular, bloqueio completo de ramo esquerdo intermitente, ritmo juncional, extrassístoles supraventriculares frequentes (Figura 3); sem repercussão hemodinâmica; teste de

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contato positivo para Cl2Hg. Encaminhado à terapia intensiva em Cardiologia. Fez uso de cremes de corticosteroide e salicilado, eritromicina e anti-histamínico orais, com involução do quadro dermatológico. Não respondeu à terapêutica antiarrítmica com xilocaína e quinidina. Manteve-se assintomático do ponto de vista cardiológico.

Figura 3 – Paciente apresenta eritrodermia e alterações neurológicas.

Evoluiu com diminuição lenta e progressiva das anormalidades do ECG.

6 CONCLUSÃO

Trata-se de paciente com intoxicação por mercúrio com repercussão dermatológica (alopecia universal e eritrodermia) e sistêmica (neurológica e cardiológica).

7 TERMO DE COMPROMISSO

Declaro que a privacidade do paciente será resguardada quando da divulgação e/ou publicação do caso clínico. Declaramos que após diversas tentativas de comunicar-se com o paciente não foi possível contatá-lo, para que o termo de livre consentimento fosse assinado, uma vez que o

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caso ocorreu há mais de 15 anos, tornando-se inviável o contato, porém o paciente terá a sua privacidade preservada.

REFERÊNCIAS

1. LIU, Jie et al. Mercury in traditional medicines: is cinnabar toxicologically similar to common mercurial. Experimental biology and medicine, v. 233, n. 7, p. 810-817, 2008.

2. CLARO, Flávio Augusto et al. Mercúrio no amálgama odontológico: riscos da exposição, toxicidade e métodos de controle-revisão da literatura. Revista Biociências, v. 9, n. 1, 2008. 3. BERNHOFT, Robin A. Mercury toxicity and treatment: a review of the literature. Journal of environmental and public health, v. 2012, 2011.

4. “Mercury and health”, fact sheet number 361, updated on Updated January 2016, World Health Organization.

5. AITIO, Antero et al. Effect of occupational Mercury exposure on plasma lysosomal hydrolases. International archives of occupational and environmental health, v. 53, n. 2, p. 139-147, 1983. 6. SMITH, R. G. et al. Effects of exposure to mercury in the manufacture of chlorine. The American Industrial Hygiene Association Journal, v. 31, n. 6, p. 687-700, 1970.

7. KAWAI, Kyozo et al. Allergic contact dermatitis due to mercury in a weddingringand a cosmetic. Contact dermatitis, v. 31, n. 5, p. 330-331, 1994.

Imagem

Figura 1 – Paciente apresenta quadro de eritrodermia e alopecia universal.
Figura 3 – Paciente apresenta eritrodermia e alterações neurológicas.

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