Reconstrução dos conhecimentos sobre pesca acidental de tartarugas marinhas
Knowledge reconstruction about accidental fishing for sea turtles
DOI:10.34117/bjdv6n5-543
Recebimento dos originais: 13/04/2020 Aceitação para publicação: 27/05/2020
Amanda Hazan
Formação acadêmica: Graduanda do Curso de Ciências Biológicas do Instituto de Biologia, ex-bolsista do ProPET Biofronteiras.
Istituição: Universidade Federal Fluminense. E-mail: amandahazan@gmail.com
Luana Vieira Campos
Formação acadêmica: Licenciada em Ciências Biológicas do Instituto de Biologia, ex-bolsista do ProPET Biofronteiras.
Instituição: Universidade Federal Fluminense (UFF) E-mail: vieiraluanac@hotmail.com
Suzana Machado Guimarães
Formação acadêmica: Doutora em Biologia Marinha.
Fundadora e coordenadora técnica e científica do Projeto de Monitoramento de Tartarugas Marinhas da Baía e Guanabara e Adjacências - Projeto Aruanã.
E-mail: suzanamgr@hotmai.com Neuza Rejane Wille Lima
Formação acadêmica: Professora Titular do Instituto de Biologia, ex-tutora ProPET Biofronteiras. Instituição: Universidade Federal Fluminense.
E-mail: rejane_lima@id.uff.br RESUMO
Desde 1950, há registros de que as sete espécies de tartarugas marinhas existentes no mundo estão listadas como “em perigo” ou “ameaçadas”, principalmente devido a pesca acidental ocasionada pela captura de camarão realizada através do arrasto de camarão. Além desse impacto, colisões com barcos, a presença de óleo naágua, plástico e outras artes de pesca também contribuem para o desaparecimento desses animais. O objetivo do presente estudo foi abordar questões de preservação de tartarugas marinhas em uma turma de Engenharia de Recursos Hídricos e Ambiental da Universidade Federal Fluminense, visando verificar a reconstrução do conhecimento sobre o tema em questão, aplicando pré e pós-teste com 10 questões cada para 31 alunos presentes na aula. A atividade do presente estudo envolveu levantamento bibliográfico para planejar, elaborar e ministrar a aula de 40 minutos de duração sobre “Pesca Acidental de Tartarugas Marinhas” contendo 45 slides com figuras que estão disponíveis no banco de imagens do Google. A aula foi ministrada com auxílio de Datashow que projetou 45 slides e abordou questões sobre as características biológicas e as ameaças que tartarugas marinhas vem sofrendo,
bem com a importância de sua preservação. As respostas qualitativas foram analisadas pelo programa WordArt para gerar as 20 nuvens de palavras. Foi verificado que no processo de ensino-aprendizagem os conteúdos sobre a preservação de tartarugas marinhas foram reconstruidos pelos alunos, possibilitando o despertar a o interesse pelo tema em questão.
Palavras-chave: Extinção, Nuvem de Palavras, Conservação, Preservação, Pré-teste, Pós-teste. ABSTRACT
Since 1950, there are records that the seven species of sea turtles that exist in the world are listed as "endangered" or "threatened", mainly due to the accidental fishing caused by the capture of shrimp carried out by shrimp trawling. In addition to this impact, collisions with boats, the presence of oil in the water, plastic and other fishing gear also contribute to the disappearance of these animals. The objective of the present study was to address issues of preservation of sea turtles in a class of Water and Environmental Resources Engineering at Federal Fluminense University, aiming to verify the reconstruction of knowledge on the subject in question, applying pre and post-test with 10 questions each for 31 students present in class. The activity of the present study involved a bibliographic survey to plan, elaborate and teach the 40-minute class on “Sea Turtle Accidental Fishing” containing 45 slides with figures that are available in the Google image bank. The class was taught with the help of Datashow, which projected 45 slides and addressed questions about the biological characteristics and threats that sea turtles have been suffering, as well as the importance of their preservation. Qualitative responses were analyzed by the WordArt program to generate the 20-word clouds. It was found that in the teaching-learning process, the contents on the preservation of sea turtles were reconstructed by the students, making it possible to awaken interest in the subject in question.
Keywords: Extinction, Word Cloud, Conservation, Preservation, Pretest, Posttest.
1 INTRODUÇÃO
O curso de Engenharia de Recursos Hídricos e Ambiental da Universidade Federal Fluminense “forma profissionais capazes de desenvolver projetos e pesquisas que buscam na criatividade e inovação, promover continuamente o progresso tecnológico e científico de forma sustentável, visando sempre o bem-estar da sociedade, procedendo com conhecimento, ética e responsabilidade” (UFF, 2020).
No primeiro período letivo desse curso é ofertada a Disciplina Biologia Geral que aborda temas nas áreas de zoologia, ecologia e genética, reunindo temas ambientais atuais. Assim, foi elaborada uma aula sobre a “Pesca Acidental de Tartarugas Marinhas” que foi precedida de um pré-teste e seguida de um pós-teste para avaliar a reconstrução do conhecimento dos alunos envolvidos no processo sobre captura acidental de tartarugas marinhas.
2 CONSTRUÇÃO E RECONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
O ato de construir algo e depois reconstruí-lo faz parte do processo de formação continuada dos cidadões. Nesse processo deve-se cumprir três etapas principais: “a deliberação, a decisão e por fim, a execução” (WERNECK, 2006, p. 175).
Segundo essa autora, existem dois modos possíveis de conceituar construção: (i) “como constituição do saber feita pelo estudioso, pelo cientista, pelo filósofo resultante da reflexão e da pesquisa sistemática que leva a novos conhecimentos” ou (ii) “refere-se apenas ao modo pelo qual cada um apreende a informação e aprende algum conteúdo” (WERNECK, 2006, p. 175).
Na realidade, pode-se considerar que
a chamada “construção do conhecimento” não é então totalmente livre e aleatória levando ao solipsismo e à incomunicabilidade. Ela deve corresponder auma unidade de pensamento, a uma concordância, a um consenso universal. Não se pode imaginar que possa, cada um,“construir” o seu conhecimento de modo totalmente pessoal e independente sem vínculo com a comunidade científica e com o saber universal (WERNECK, 2006, p. 176).
Assim, o homem entende, transforma, preserva ou conserva a natureza por ação individual e/ou social num mundo cultural e revestido de valores próprios de cada cultura. Além disso, cada indivíduo compreende a sua cultura como um membro ímpar de uma sociedade que historicamente o formou e transformou com o passar dos anos.
Lembrando que conservação envolve proteção dos recursos naturais, com utilização racional dos mesmos, garantindo a sustentabilidade e a existência destes para as futuras gerações. Por outro lado, a preservação visa garantir à integridade e à perenidade dos recursos naturais, garantindo a intocabilidade integral (FRANCO, 2013).
3 CARACTERÍSTICAS DAS TARTARUGAS MARINHAS
As tartarugas marinhas são répteis que, provavelmente, surgiram no ambiente terrestre. Acredita-se que a cerca de 220 milhões os primeiros quelônios passavam a ocupar, na maior parte do tempo, o ambiente aquático (PRITCHARD, 1996). Esses animais apresentam um crescimento demorado e longevo e um complexo ciclo de vida, englobando diferentes ecossistemas como o terrestre (postura de ovos) e o marinho (migração, forrageamento, crescimento e cópula) (BOLTEN, 2003).
Existe uma grande diversidade entre os modos de vida das diferentes espécies existentes de tartarugas marinhas. Tais diferenças podem ser ilustradas por extremos reprodutivos que vão desde a
construção de ninhos de arribadas até a formação de ninho solitário, dietas que vão desde o consumo de grama marinha até a captura de água-viva e metabolismo que vai desde a redução das taxas durante o inverno (que não é hibernação) até a endotermia (capacidade que alguns animais possuem de utilizar o metabolismo para produzir calor) (BOLTEN, 2003).
O tempo que os indivíduos levam para alcançar a maturidade reprodutiva varia entre as espécies que pode variar entre sete a 30 anos (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1990 apud. VAN BUSKIRK; CROWDER, 1994). Uma vez que começam o período reprodutivo, fêmeas e machos maduros navegam de sua área de alimentação até a praia de reprodução, onde a cópula acontece na água (VAN BUSKIRK; CROWDER, 1994). A fecundidade está diretamente relacionada com o tamanho do corpo da tartaruga marinha (HIRTH, 1980) e só é possível diferenciar o sexo desse animal após atingirem a maturidade reprodutiva (PRITCHARD, 1996).
As tartarugas marinhas adultas apresentam grande fidelidade às suas áreas tanto de alimentação quanto de reprodução e migram entre elas nos períodos apropriados. Esse modo de vida, que caracteriza as tartarugas marinhas, está ligado à habilidade de se orientar e navegar com precisão por grandes extensões de oceano podendo estar ligada com a detecção do campo magnético da terra desde filhotes (GOMES et al., 2006).
Atualmente, existem sete espécies de tartarugas marinhas que são divididas em duas famílias, sendo elas Cheloniidae, composta pelos gêneros Chelonia, Eretmochelys, Lepdochelys, Caretta e Natator e Dermochelyidae, representada apenas pelo gênero Dermochelys (PRITCHARD, 1996; REIS; GOLDBERG, 2017).
Desde da década de 1950, existem registros de que todas as espécies de tartarugas marinhas estão listadas como “em perigo” ou “ameaçadas” em todo mundo. Diversos estudos e monitotamentos ambientais demostram que a principal causa vem sendo a pesca acidental derrorente da pesca de camarão pelo método de arrasto que mata mais tartarugas do que todas as outras atividades humanas juntas, tais como outras outras artes de pesca, colisões com barcos, lançamento óleo na água, descarte de plástico (LEWISON, 2004).
Em uma análise global que foi realizada por quase vinte anos (1990 a 2008), foi estimado que cerca de 85 mil tartarugas marinhas foram capturadas por pesca acidental (WALLACE et al., 2010) em decorrência de pouca gestão e falta de metas quantitativas de redução das capturas acidentais (MOORE et al., 2013). Para resover essas questões, projetos como o TAMAR (que atua em todo Brasil) e o Aruanã (presente nas praias sobre influencia das águas da Baía de Guarabara, RJ) vem atuando junto à
comunidade de pescadores e comunidades que vivem à beira-mar (MARCOVALDI et al., 2011; UFF, 2016).
TAGLIOLATTO, Alicia Bertoloto; GOLDBERG, Daphne Wrobel | GODFREY, Matthew H.; MONTEIRO-NETO, Cassiano. Spatio-temporal distribution of sea turtle strandings and factors contributing to their mortality in south-eastern Brazil. Aquatic Conservation Marine and Freshwater Ecosystem, p. 1–20, 2019.
4 IMPORTÂNCIA DO PROJETO TAMAR
Segundo o atual Coordenador Nacional do Projeto TAMAR, Guy Guagni Dei Marcovaldi “até o final da década de 70, praticamente não havia informação sobre as tartarugas marinhas no Brasil. Levantamento realizado no início dos anos 80 identificou as áreas de reprodução no litoral e confirmou a ocorrência de cinco espécies, todas elas prestes a desaparecer” (MARCOVALDI et al., 2011, p. 2).
Chegou-se a conclusão que o planejamento para a preservação de espécies de tartarugas marinhas deveria contar com a partucipação das comunidades costeiras humanas, principalmente os pescadores que costumavam utilizar os ovos, as fêmeas e os cascos das espécies que desovavam nas praias, e, assim, tinham conhecimentos sobre o ciclo de vida destes animais marinhos (MARCOVALDI et al., 2011).
Deste modo, por muitos anos e até os dias de hoje, se dá o intercambio de conhecimentos entre pescadores e pesquisadores sobre esses animais marinhos. As primeiras bases de pesquisa foram construidas nas áreas escolhidas pelas tartarugas para as desovas. Como consequencia, estabeleceu-se um intercambio construtivo de conhecimentos e experiências entre estes grupo de profissionais que suscitou na mudança de comportamento dos pescadores em relação às tartarugas marinhas e também a geração de novos postos de trabalho remunerado para todos (MARCOVALDI et al., 2011).
Em 1982, o TAMAR iniciou a aplicar a técnica de “marcação-e-recaptura” das fêmeas que desovavam para se conhecer os padrões de deslocamento das tartarugas marinhas para viabiliza o levantamento das principais informações ecológicas e biológicas sobre as espécies (TAMAR, 2020). Porém, foi através da instalação de microshipes nas tartarugas marinhas passou a ser possível rastrea-las por satélite e, assim, foi possível desvendar várias incógnitas sobre o ciclo de vida destes animais (MARCOVALDI et al., 2011).
Graças a todos esse esforços, o Brasil tem sido signatário de vários acordos internacionais para conservação desses recursos naturais que são compartilhados com outros países. Por exemplo, o Plano de Ação Nacional-PAN divulga os conhecimentos adiquiridos e gerados pelo TAMAR, em seus 40 anos
de atuação, visando que as cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no nosso litoral se mantenham ao longo do tempo, longe de ameaças decorrentre de atividades humanas negativas (MARCOVALDI et al., 2011).
Para garantir esse cenário, é necessário maior esforço de observação e relatos da interação tartaruga marinha-pesca tanto em escala comercial como em pequena escala que envolve pescadores profissionais e amadores (BERKES et al., 2001; WALLACE et al., 2010).
5 PROJETO ARUANÃ
Este projeto surgiu em 2009 e está cediado no Laboratório de Biologia do Nécton e Ecologia Pesqueira (Ecopesca), do Departamento de Biologia Marinha da UFF, em Niterói, com a missão “não só trabalhar diretamente com as tartarugas, mas também conscientizar a população litorâneas nas praias do enterno da Baía de Guanabara e nas áreas que estão sob influência de suas águas, principalmente através da Educação Ambiental (UFF, 2016; TAGLIOLATTO et al., 2019).
No dia 16 de junho comemora-se o Dia Internacional da Tartaruga Marinha é celebrado em 16 de junho, em homenagem ao nascimento do biólogo Dr. Archie Carr que a partir da década de 1950 começou a estudar as tartarugas marinhas e contribuir para sua preservação destes animais em Tortuguero, na Costa Rica, sendo como um dos mais importantes pesquisadores que atuaram nessas questões (TAMAR, 2012).
Desse modo, o objetivo do presente estudo foi abordar questões de preservação de tartarugas marinhas para uma turma de Engenharia de Recursos Hídricos e Ambiental, visando verificar a reconstrução do conhecimento sobre o tema em questão.
6 METODOLOGIA
O projeto “Pesca acidental de tartarugas marinhas” foi cadastrado na Plataforma Sigproj, tendo recebido o número de processo 334895.1779.08062019. Esse projeto faz parte das atividades do Projeto de Programa de Educação Tutorial do Instituto de Biologia da Universidade Federal Fluminense (UFF - ProPET Biofronteiras) que está subordinado à Escola de Inclusão da UFF que tem autorização do comitê de ética do Hospital Universitário da UFF.
Antes de iniciar as atividades, os participantes receberam um Termo de Livre Consentimento e Esclarecimento (TLCE) para que conhecessem os detalhes das atividades propostas e participassem das mesmas. Todos eles assinaram o referido termo.
A atividade envolveu levantamento bibliográfico para planejar, elaborar e ministrar uma aula de 40 minutos de duração contendo 45 slides com figuras que estão disponíveis no banco de imagens do Google a exemplo daqueles ilustrados nas Figuras 1 a 4, abordando as características biológicas de tartarugas marinhas e os impactos que ameaçam a sua preservação, contendo as informações que estão descritas na introdução do presente estudo.
Figura 1 – Exemplos de espécies de tartarugas pertencentes a cinco dos sete gêneros existentes.
Fonte: <https://www.google.com/search?biw=1366&bih=635&tbm=isch&sa=1&ei=WBnrXPi1EobJ5 OUPhOm2wAI&q=esp%C3%A9cies+de+tartarugas+marinhas&oq=esp%C3%A9cies+de+tartarugas+marinhas&gs_l=img. 3..0j0i24l2.7931.12719..13510...3.0..0.298.1562.0j8j1...0.1..
gws-wiz-img0i30j0i5i30.N0AbH0FEz7g#imgrc=_0yA2VKbo_iP9M>
Figura 2- Imagens ilustrando a Fibropapilomatose (A: vista lateral e B: vista abdominal).
Fonte:<https://www.google.com/search?q=Fibropapilomatose&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved
=0ahUKEwjhjoW6pbriAhUwDrkGHQETAfkQ_AUIDigB&biw=1366&bih=635#imgrc=xDjHLnbEBhdyxM> <https://www.google.com/search?q=Fibropapilomatose&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved>
=0ahUKEwjhjoW6pbriAhUwDrkGHQETAfkQ_AUIDigB&biw=1366&bih=635#imgrc=MG 119GthrOyDFM:
Figura 3 – Esquema ilustrando o ciclo de vida das tartarugas marinhas.
Fonte:<https://www.google.com/search?q=ciclo+de+vida+de+tartarugas&source=lnms&tbm=isch&s
a=X&ved=0ahUKEwi9kLb1pLriAhX2ILkGHS5yAf8Q_AUIDigB&biw=1366&bih=635#im grc=JPKcpJCzh9uuPM:>
Figura 4 – Tartaruga marinha afogada em decorrência da pesca acidental.
Fonte:https://www.google.com/search?biw=1366&bih=635&tbm=isch&sa=1&ei=8BrrXJX8K6qb5OUPmoqB6AQ&q=aci dental+tartaruga&oq=acidental+tartaruga&gs_l=img.12...7517.12923..15140...0.0..0.243.2440.4j13j2...0.1..gws-wiz-img0.u18tLrhr66E#imgrc=XO764RKZS8H-VM:
Questionários com dez perguntas foi aplicado antes e depois da aula ministrada (pré e pós-teste) (Quadro 1). A aplicação do pré-teste teve como propósito de promover entre os estudantes a curiosidade e elaboração de questionamentos sobre o conteúdo da aula, servindo assim como um instrumento simples
de metodologia ativa (MACEDO et al., 2018). O pós-teste foi aplicado para verificar se os estudantes reconstruíram seus conhecimentos a partir da aula ministrada. As respostas foram digitalizadas no programa Microsoft Word para analisar os textos através do programa nuvens de palavras online WordArt (https://wordart.com).
Quadro 1 - Lista de perguntas que foram aplicadas antes e depois da aula sobre a “Pesca Acidental Tartarugas Marinhas”
(pré e pós teste).
Fonte: Elaborado pelas autoras.
7 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os questionários foram respondidos por 31 estudantes, 15 do gênero feminino e 16 do gênero masculino, com idades variando entre 18 e 30 anos (19,06 ± 2,25).
As respostas para a pergunta “Você já viu uma tartaruga marinha viva?” foi SIM para 23 estudantes e NÃO para sete estudantes. Adicionalmente, as respostas para a pergunta “Você já viu uma tartaruga marinha morta?” foi SIM para 11 estudantes e NÃO para 19 estudantes.
Ainda, alguns estudantes informaram que avistaram tartarugas vivas nas cidades de Cabo Frio, Arraial do Cabo, Maricá e Niterói, cidades localizadas no Estado do Rio de Janeiro. A avistagem de tartarugas mortas foi relatada para Arraial do Cabo e Niterói.
As demais respostas foram analisadas através de nuvens de palavras (Tabela 1). Essa análise informou que os estudantes tinham conhecimentos básicos sobre as características das tartarugas
1. O que é uma tartaruga marinha? 2. Você já viu uma tartaruga marinha viva? 3. Você já viu uma tartaruga marinha morta? 4. Quantos anos uma tartaruga marinha pode viver?
5. Como as tartarugas marinhas se reproduzem? 6. Qual é o habito alimentar das tartarugas marinhas? 7. Que fatores podem causar impacto nesses animais? 8. Qual é a importância das tartarugas marinhas no ecossistema?
9. Que medidas devem ser tomadas para que as tartarugas marinhas sejam preservadas? 10. O que acontecerá se as tartarugas marinhas forem extintas?
marinhas. Entretanto, no pós-testes revelou que parte das repostas continham informações que foram abordadas na aula e que não foram citadas nas respostas do pré-teste. Tais exceções são descritas a seguir. Para a pergunta “O que é uma tartaruga marinha?” somente no pós-teste foi mencionado que elas só saem da água para copular e o número de espécies existentes (n= 6).
Para a pergunta “Como as tartarugas marinhas se reproduzem?” a palavra sexuada (n= 11) foi citada somente no pós-teste.
A pergunta “Qual é o hábito alimentar das tartarugas marinhas?” as palavras carnívoras e herbívoras foram mais citadas no pós-teste e a palavra omnívora (classificação correta) apareceu somente neste teste (n= 17).
A palavra pesca surgiu somente no pós-teste para a pergunta “Que fatores podem causar impacto nesses animais?” revelando que os conteúdos da aula que abordou sobre a captura acidental pelas redes de pesca (n= 26) foram assimilados por parte dos estudantes.
Para a pergunta “Qual é a importância das tartarugas marinhas no ecossistema?” somente 13 dos 30 estudantes sabiam que os animais em questão fazem parte de uma cadeia alimentar sendo, assim, importante para o equilíbrio do ecossistema marinho. No pós-teste, as respostas corretas para essa pergunta aumentaram para 30 (100%).
Tabela 1 - Nuvens de palavras das respostas obtidas, indicando quando foi pré ou pós-testes e o número (n) de
estudantes que responderam cada pergunta.
A. O que é uma tartaruga marinha?
(Pré-teste; n= 29) (Pós-testes; n= 29)
(Pré-teste; n= 22) (Pós-teste; n= 30)
C. Qual é o habito alimentar das tartarugas marinhas?
(Pré-teste; n= 27) (Pós-teste; n= 30)
(Pré-teste; n= 30) (Pós-teste; n= 30)
E. Qual é a importância das tartarugas marinhas no ecossistema?
(Pré-teste; n= 13) (Pós-teste; n= 30)
(Pré-teste; n= 29) (Pós-teste; n= 30)
G. O que acontecerá se as tartarugas marinhas forem extintas?
(Pré-teste; n= 17) (Pós-teste; n= 30)
Fonte: Elaborada pelas autoras
A pergunta “Que medidas devem ser tomadas para que as tartarugas marinhas sejam preservadas?” recebeu várias repostas que envolveram com mais frequência as palavras preservação e pesca no pós-teste, em reação ao pré-teste.
Finalmente, para a pergunta “O que acontecerá se as tartarugas marinhas forem extintas?” verificou-se que palavras como desequilíbrio, cadeia alimentar e ecossistema foram igualmente citadas.
A técnica de avaliar conteúdos qualitativos como texto de estudantes através de nuvens palavras é um recurso tecnológico que pode ser utilizado “como meio de potencializar o processo educativo, sendo instrumentos de mediação entre o ensino e a aprendizagem” (PRAIS; ROSA, 2017, 201).
Assim, através dessa técnica foi possível verificar que os testes aplicados desencadeou no grupo focal uma percepção crítico-reflexiva, estímulo este relevante no processo ensino- aprendizagem, pois resultou “em envolvimento por parte do educando na busca pelo conhecimento” (MACEDO et al., 2018).
Do mesmo modo, a licencianda de Ciências Biológicas que esteve envolvida na analise dos resultados pôde usufruir do aprendizado dessa técnica e, assim, obter uma formação relativa a uma prática pedagógica ativa simples e eficaz.
O conjunto de atividades empregado neste estudo mostrou que uma aula precedida de pré-teste e sucedida por um pós-teste serviu para avaliar o processo de ensino-aprendizagem a partir de uma perspectiva de reconstrução do conhecimento (SILVA; ZANON, 2000; VERÍSSIMO et al., 2001).
Para avaliar essa reconstrução deve-se levar em consideraração os conhecimentos prévios do aluno e envolver interações que propiciam a reformulação dos saberes de conteúdos relativos às temáticas de uma aula, palestra ou aula prática (BARBOSA, 1999; ROSITO, 2000, PERIUS et al., 2013; SODRÉ et al., 2019).
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi verificado que a aula ministrada abordando questões sobre as características biológicas e as ameaças sobre tartarugas marinhas, bem com a importância de sua preservação foi um facilitador no processo de ensino-aprendizagem de conteúdos sobre as tartarugas marinhas. Essa aula juntamente com os pré e pós testes serviram para despertar a curiosidade do aluno, que foi relevante no processo de reconstrução do conhecimento sobre o tema abordado.
REFERÊNCIAS
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