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Condições de potabilidade de águas subterrâneas utilizadas para consumo humano no município de Campina Grande, Paraíba / Underground potable water conditions utilized for the human consume at the city of Campina Grande, Paraíba

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Academic year: 2020

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Condições de potabilidade de águas subterrâneas utilizadas para consumo

humano no município de Campina Grande, Paraíba

Underground potable water conditions utilized for the human consume at the

city of Campina Grande, Paraíba

DOI:10.34117/bjdv6n8-339

Recebimento dos originais: 08/07/2020 Aceitação para publicação: 19/08/2020

José Lima Silva Júnior

Graduando em Odontologia pela Universidade Estadual da Paraíba E-mail: jose.lima@aluno.uepb.edu.br

Deyse Karoline Rodrigues dos Santos

Mestranda em Ciência e Tecnologia Ambiental pela Universidade Estadual da Paraíba E-mail: dkrsrodrigues30@gmail.com

Joyce Salviano Barros de Figueiredo

Mestranda em Engenharia Química pela Universidade Federal de Campina Grande E-mail: joyce.barros24@hotmail.com

José Matias da Silva Neto

Graduando em Engenharia de Minas pela Universidade Federal de Campina Grande E-mail: jmsneeto@outlook.com

Jahy Barros Neto

Mestrando em Engenharia Petrolífera e Mineral pela Universidade Federal de Campina Grande E-mail: jahybn@hotmail.com

Otaciana Pereira Leite Neta

Mestranda em Ciência e Tecnologia Ambiental pela Universidade Estadual da Paraíba E-mail: otacianaleite21@gmail.com

Najla Silva Furtado

Graduanda em Engenharia de Minas pela Universidade Federal de Campina Grande E-mail: najla_furtado@hotmail.com

Rayza Lívia Ribeiro Andrade

Graduanda em Engenharia de Minas pela Universidade Federal de Campina Grande E-mail: rayliviaandrade@gmail.com

RESUMO

O município de Campina Grande, Paraíba, está inserido em uma região que apresenta litologia com predominância de rochas cristalinas, de maneira que a acumulação da água subterrânea, geralmente, se limita em fissuras rochosas. Diante disso, o presente estudo tem o objetivo de avaliar a qualidade

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potabilidade de água estabelecidos pelo Ministério da Saúde (MS) e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). A metodologia consiste em um estudo descritivo e exploratório, com abordagem quantitativa e comparativa. Os dados analisados advêm dos laudos físico-químicos de águas para consumo humano realizados pelo Laboratório de Irrigação e Salinidade (LIS) e do cadastro de poços tubulares da Divisão de Hidrogeologia e Sondagens (DHS) da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Minerais da Paraíba (CDRM/PB). Foram estudados e avaliados os índices de STD, Dureza Total (CaCO3), Cloretos (mg/L), Ferro (mg/L), Sódio (mg/L) e Sulfatos (mg/L). Todas as amostras foram classificadas como salobras e com elevados índices de STD. Quanto aos índices de Sódio, Cloreto, Sulfato, Ferro e Dureza Total, foram obtidos valores aceitáveis em aproximadamente 7%,7%,76%,46% e 30%, respectivamente, das amostras estudadas. Conclui-se que nenhuma amostra estudada foi considerada potável, de acordo com as normas vigentes. Observa-se ainda a grande influência que o clima e a composição da rocha exercem na qualidade da água.

Palavras-chave: Rochas Cristalinas, Abastecimento de Água, Águas Subterrâneas, Padrão de

Potabilidade da Água.

ABSTRACT

The city of Campina Grande, Paraíba, is located in a region that has lithology with a predominance of crystalline rocks, so that the accumulation of groundwater is generally limited to rocky cracks. Therefore, the present study aims to assess the quality of groundwater in the municipality of Campina Grande - PB, according to potability standards established by the Ministry of Health (MS) and the National Environment Council (CONAMA). The methodology consists of a descriptive and exploratory study, with a quantitative and comparative approach. The data analyzed comes from the physical-chemical reports of water for human consumption made by the Laboratory of Irrigation and Salinity (LIS) of and from the register of tubular wells of the Hydrogeology and Drilling Division (DHS) of the Paraíba Mineral Resources Development Company (CDRM / PB). The STD, total hardness, chloride, iron, sodium and sulphate indices were studied and evaluated. All samples were classified as brackish and with high STD rates. As for the Sodium, Chloride, Sulfate, Iron and total hardness indices, acceptable values were obtained in approximately 7% ,7%, 76%, 46% and 30%, respectively, of the studied samples. It is concluded that no sample studied was considered drinkable when comparing the data with the VMP of the current standards. It is also possible to observe the great influence that the climate and the composition of the rock have on water quality.

Keywords: Crystalline Rocks, Water Supply, Groundwater, Water Potability Standard.

1 INTRODUÇÃO

A água é o recurso natural e renovável mais importante para o desenvolvimento da vida humana e para garantir a sobrevivência da biodiversidade. A água doce, utilizada com uma maior facilidade para consumo humano, vem apresentando variações de volume com as mudanças climáticas, surgindo assim as preocupações com a quantidade e a qualidade das águas disponíveis. De acordo com a Agência Nacional de Águas – ANA, de toda água existente na terra,

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nas geleiras. As águas subterrâneas correspondem a cerca de 30% e se encontram armazenadas em aquíferos e 1% corresponde a água encontrada em rios. Em seu trabalho, Augusto et al (2012) expõe sobre a desigualdade quanto a distribuição dos recursos hídricos na região brasileira, que detém 2,8% da população mundial apresenta 12% da água doce do planeta, porém 70% dessa água está na bacia Amazônica onde a densidade populacional é a menor do país. Em contrapartida, a região mais árida e pobre do Brasil, o Nordeste, com cerca de 30% da população, possui somente 5% dessa água doce.

Shiklomanov (1998) afirmou que as águas subterrâneas são aproximadamente 100 vezes mais abundantes do que as águas superficiais, embora ocorram em fissuras e poros de pequenas dimensões das rochas, estas geram grandes volumes de água, constituindo-se em importantes reservas de água potável.

Com o cenário de escassez mundial de água, essas águas encontradas no subsolo têm se mostrado como uma alternativa importante de abastecimento, uma vez que em períodos de maior estiagem ocorre uma diminuição significativa da vazão de águas superficiais. Diante disto, a CETESB (2016) afirma que os padrões de qualidade se apresentam como instrumentos legais utilizados para avaliar os componentes e suas concentrações, presentes nas águas subterrâneas, que podem vim a causar danos à saúde humana.

Dentre estes instrumentos legais, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) dispõe da Resolução 357 (BRASIL, 2005), que classifica os corpos de água e estabelece as diretrizes ambientais para o seu enquadramento, por meio da análise de parâmetros de qualidade comparados aos padrões de referência. A Portaria do Ministério da Saúde de n° 2.914 de 12 de dezembro de 2011 (BRASIL, 2011) dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de qualidade da água para o consumo o humano e em alguns casos em conformidade com o padrão organoléptico de potabilidade, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde – OMS (CETESB, 2016).

Diante deste quadro, os recursos hídricos subterrâneos são de extrema importância para o desenvolvimento socioeconômico e subsistência da população. Com a gestão integrada dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos e do estudo para avaliação do potencial hídrico, é possível minimizar esse quadro de escassez. Nessa ótica, o presente estudo tem o objetivo de avaliar a qualidade das águas subterrâneas do município de Campina Grande, Paraíba, Brasil, de acordo com os padrões normativos de potabilidade da água estabelecidos pelo Ministério da Saúde (MS) e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 LOCAL DE ESTUDO

O município de Campina Grande, Paraíba, está inserido na compartimentação geomorfológica e estrutural da Província da Borborema, possui altitude de 512 metros, área territorial de 591,658 km² e está distante a 113 km da capital João Pessoa. Sua população, incluindo a região metropolitana formada por dezenove municípios, é estimada em 638.017 habitantes, que movimentaram um total de R$888.332.360 (IBGE, 2010). O município é um polo universitário com mais de 17 centros de ensino superior, onde para cada 590 habitantes, 1 possui o título de doutor, colocando a cidade dentre as que mais possui doutores no Brasil.

O município se encontra na região do semiárido, de forma que vem a apresentar baixa precipitação pluviométrica e, consequentemente, frágil hidrografia, sendo insuficiente para sustentar rios que se mantenham perenes nos períodos de ausência de precipitações (SUDENE, 2017).

O suprimento de água em Campina Grande é efetuado através da captação no açude Epitácio Pessoa, localizado no município de Boqueirão, que até 2018 sofria com a escassez de chuvas que atinge todo o território paraibano, chegando a 3,5% de sua capacidade (Portal Saneamento Básico, 2017).

2.2 GEOLOGIA DO LOCAL

O subsolo do município de Campina Grande, Paraíba, tem formação de boa parte do Pré- cambriano, predominando rochas metamórficas tipo gnaisse do Arqueano e Mesoproterozoico (Figura 1).

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Figura 1. Mapa Geológico do Município de Campina Grande.

Fonte: Adaptado de CPRM (2005).

Há uma grande ocorrência de intrusão granítica do Neoproterozoico na fronteira com o município de Massaranduba. Na fronteira com o município de Boa Vista, existe a ocorrência de Rochas da Formação Campos Novos (argilito, arenito e basalto) do Cenozoico.

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De acordo com o Serviço Geológico do Brasil - CPRM (2005), nas superfícies suavemente onduladas, ocorrem os planossolos (moderadamente profundos, ácidos e fortemente drenados) e os podzólicos (profundos e de textura argilosa). Nas partes mais elevadas têm-se os solos litólicos, rasos e de textura argilosa.

2.3 POTABILIDADE DA ÁGUA

A água doce líquida que circula em muitas regiões do mundo vem perdendo a característica de recurso renovável devido à degradação de sua qualidade, em particular nos países ditos em desenvolvimento, na medida em que os efluentes e os resíduos domésticos e industriais são dispostos no ambiente sem tratamento ou de forma inadequada. Além disso, desequilíbrios na oferta de água à população e conflitos pelo seu uso também apresentam aspectos preocupantes (CAPUCCI

et al., 2001).

Diante desse contexto turbulento, a água subterrânea vem assumindo uma importância cada vez mais relevante como fonte de abastecimento. Devido a uma série de fatores que restringem a utilização das águas superficiais, bem como ao crescente aumento dos custos da sua captação, adução e tratamento, a água subterrânea está sendo reconhecida como alternativa viável aos usuários e tem apresentado uso crescente nos últimos anos, obtidas em poços bem locados e construídos. Além dos problemas relacionados à facilidade de contaminação das águas superficiais, o maior interesse pelo uso da água subterrânea foi despertado pela maior oferta desse recurso e em decorrência do desenvolvimento tecnológico, que promoveu uma melhoria na produtividade dos poços e um aumento de sua vida útil (CAPUCCI et al., 2001).

As reservas subterrâneas brasileiras se encontram em avaliação. Sua disponibilidade estimada é de 11.430 m³/s (reserva explorável), número consideravelmente inferior à disponibilidade superficial de 91.300 m³/s (ANA, 2015, p.29). Elas não representam a solução da crise hídrica, mas são uma fonte importante, principalmente para o abastecimento público e consumo humano (BERTOLO et al., 2015).

A disponibilidade hídrica subterrânea e a produtividade dos poços geralmente são os principais fatores determinantes na exploração dos aquíferos. Em função do crescimento descontrolado da perfuração de poços tubulares e das atividades antrópicas, que acabam contaminando os aquíferos, a questão da qualidade da água subterrânea vem se tornando cada vez mais importante para o gerenciamento dos recursos hídricos no país (Zoby e Oliveira, 2005).

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A indicação da potabilidade da água subterrânea para o consumo é feita a partir da análise de um conjunto de parâmetros microbiológicos e físico-químicos, de acordo com as normas vigentes no país e eventualmente as internacionais (CELLIGOI, 1999).

No Brasil, a avaliação da potabilidade da água subterrânea é realizada considerando os limites máximos apresentados pela Portaria nº. 2.914, de 12 de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde (BRASIL, 2011).

A água potável não deve conter microrganismos patogênicos e deve estar livre de bactérias indicadoras de contaminação fecal. Os indicadores de contaminação fecal, tradicionalmente aceitos, pertencem a um grupo de bactérias denominadas coliformes. O principal representante desse grupo de bactérias chama-se Escherichia coli. A Portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde estabelece que sejam determinados, na água, para aferição de sua potabilidade, a presença de coliformes totais e termo tolerantes de preferência Escherichia coli e a contagem de bactérias heterotróficas. A portaria também recomenda que a contagem padrão de bactérias não deve exceder a 500 Unidades Formadoras de Colônias por 1 mililitro de amostra (500/UFC/ml) (BRASIL, 2004).

A condutividade elétrica da água indica a sua capacidade de transmitir a corrente elétrica em função da presença de substâncias dissolvidas, que se dissociam em ânions e cátions. Quanto maior a concentração iônica da solução, maior é a oportunidade para ação eletrolítica e, portanto, maior a capacidade em conduzir corrente elétrica. Muito embora não se possa esperar uma associação direta entre condutividade e concentração de sólidos totais dissolvidos, já que as águas naturais não são soluções simples, tal correlação é possível para águas de determinadas regiões onde exista a predominância bem definida de um determinado íon em solução. Enquanto que as águas naturais podem atingir teores de condutividade na faixa de 10 a 100 µS/cm, em ambientes poluídos por esgotos domésticos ou industriais os valores podem chegar a 1.000 µS/cm (BRASIL, 2014).

A presença de sólidos na água é relacionada aos parâmetros físicos, muito embora os sólidos possam, também, estar associados a características químicas ou biológicas. Os sólidos que estão presentes na água podem estar distribuídos em suspensão (sedimentáveis e não sedimentáveis) e dissolvidos (voláteis e fixos). Sólidos dissolvidos são formados por partículas de diâmetro inferior a 10-3 µm e que permanecem em solução mesmo após a filtração. A entrada de sólidos na água pode ocorrer de forma natural (processos erosivos, organismos e detritos orgânicos) ou antropogênica (lançamento de lixo e esgotos). Para o padrão de potabilidade dos sólidos totais dissolvidos, a portaria Funasa nº. 190/2014 estabelece o limite máximo permissível de 1000 mg/L (BRASIL, 2014).

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Os cloretos, geralmente, provêm da dissolução de minerais ou da intrusão de águas do mar, e ainda podem advir dos esgotos domésticos ou industriais. Em altas concentrações, conferem sabor salgado à água ou propriedades laxativas (BRASIL, 2014). O cloreto é um dos principais íons que ocorrem em água subterrâneas, ou seja, é encontrado em maiores concentrações quando comparado aos demais ânions (FEITOSA et al., 2008).

O sulfato (SO4-2) é um íon solúvel em água e um dos mais abundantes da natureza, que pode ser encontrado nas águas subterrâneas por meio da dissolução das rochas e solos e pela oxidação de sulfatos e nas águas superficiais, por meio de lançamentos de esgotos domésticos e efluentes industriais. As concentrações de sulfato em águas naturais podem variar em uma faixa de 2 a 80 mg L-1. Segundo a Portaria 2.914/2011 do Ministério da Saúde, o valor máximo permitido para sulfato na água superficial e subterrânea é de 250 mg L-1 (Piveli e Kato, 2005).

O elemento ferro não apresenta inconveniente à saúde nas concentrações normalmente encontradas nas águas naturais, ele pode provocar problemas de ordem estética (manchas em roupas, vasos sanitários) ou prejudicar determinados usos industriais da água. Desta forma, o padrão de potabilidade das águas determina valores máximos de 0,3 mg/L para o ferro. Altas concentrações deste elemento é também encontrada em situações de ausência de oxigênio dissolvido, como, por exemplo, em águas subterrâneas ou nas camadas mais profundas dos lagos (BRASIL, 2014).

A dureza indica a concentração de cátions multivalentes em solução na água. Os cátions mais frequentemente relacionados à dureza são os de cálcio e magnésio (Ca+2, Mg+2) e, em menor escala, ferro (Fe+2), manganês (Mn+2), estrôncio (Sr+2) e alumínio (Al+3). A dureza é classificada como dureza carbonato ou dureza não carbonato, dependendo do ânion com o qual ela está associada. A origem da dureza das águas pode ser natural (por exemplo, dissolução de rochas calcárias, ricas em cálcio e magnésio) ou antropogênica (lançamento de efluentes industriais). A dureza da água é expressa em mg/L de equivalente em carbonato de cálcio (CaCO3) e pode ser classificada em mole ou branda: < 50 mg/L de CaCO3; dureza moderada: entre 50 mg/L e 150 mg/L de CaCO3; dura: entre 150 mg/L e 300 mg/L de CaCO3; e muito dura: >300 mg/L de CaCO3. Para águas de abastecimento, o padrão de potabilidade estabelece o limite de 500 mg/L CaCO3 de acordo com a portaria Funasa nº. 190/2014. Valores desta magnitude geralmente não são encontrados em águas superficiais no Brasil, podendo ocorrer, em menor concentração, em aquíferos subterrâneos (BRASIL, 2014).

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3 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, com abordagem quantitativa e comparativa. Os dados analisados advêm dos laudos físico-químicos de águas para consumo humano realizados pelo Laboratório de Irrigação e Salinidade (LIS) da Universidade Federal de Campina Grande, Campus I, e do cadastro de poços tubulares da Divisão de Hidrogeologia e Sondagens (DHS) da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Minerais da Paraíba (CDRM/PB).

Dentro do banco de dados do LIS, foram filtrados os laudos de amostras correspondentes ao município de Campina Grande e ao período de 2010 a 2013. Em seguida, relacionou-se o local dos pontos de coleta de água dessas amostras com os locais dos poços tubulares cadastrados na CDRM/PB, a fim de identificar quais amostras do LIS originaram-se de poços tubulares. Após excluir os laudos não correspondentes aos objetivos desta pesquisa, a amostra resultante foi sumarizada e comparada com os padrões normativos de potabilidade de água.

As variáveis estudadas foram: Salinidade (através do valor de Sólidos Totais Dissolvidos), Cloretos (mg/L), Dureza Total (mg/L), Ferro (mg/L), Sódio (mg/L) e Sulfato (mg/L).

O banco de dados do LIS forneceu os valores de Condutividade Elétrica (CE), para encontrar os valores de Sólidos Totais Dissolvidos (STD), multiplicou-se a CE por 0,640 (METCALF & EDDY, 1991; ALI et al, 2012).

A classificação quanto à salinidade seguiu a Resolução nº357 de 2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), na qual estabelece os seguintes critérios: água doce apresenta salinidade igual ou inferior a 0,05% (500 mg/L); água salobra apresenta salinidade superior a 0,05% e inferior a 3,0% (500 mg/L à 30.000 mg/L); água salina apresenta salinidade igual ou superior a 3,0% (30.000 mg/L). Seguiu-se também a Portaria nº2.914 de 2011 do Ministério da Saúde que estabelece os valores máximos permitidos de 1000 mg/L para Sólidos Totais Dissolvidos (STD), 200 mg/L para Sódio (mg/L), 250 mg/L Cloreto (mg/L), 250 mg/L para Sulfatos (mg/L), 0,3 mg/L para Ferro (mg/L) e 500 mg/L para Dureza Total (CaCO3).

A manipulação do banco de dados e a estatística descritiva foram realizadas através do

software Microsoft Office Excel 2016 e os mapas foram gerados através do Google Maps.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dentre as amostras verificadas, após aplicação dos critérios de inclusão, foram identificadas 13 amostras correspondentes às análises de água para consumo humano de poços tubulares do município de Campina Grande, analisadas no período de 2010 a 2013, conforme a Figura 2.

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Figura 2. Distribuição espacial das amostras estudadas no município de Campina Grande, Paraíba.

Fonte: Adaptado de Google Maps, 2020.

Na Tabela 1, estão apresentados os valores encontrados para as variáveis de estudo e suas medidas de posição central e de dispersão. Observa-se uma elevada dispersão nos dados, indicando uma distribuição não uniforme.

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Tabela 1. Teores físico-químicos das águas subterrâneas de Campina Grande.

Amostra Coordenadas CE STD Sódio Cloreto Sulfato Ferro DT

Latitude Longitude mS/Cm mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L P01 07°11'47''S 35°55'02''E 10350 6624 1205 2949 674.4 0.63 1905 P02 07°13' 32"S 35°53' 11"E 4889 3128.96 845.94 1358 107.52 0.23 558.75 P03 07°13'37"S 35°53'19"E 3630 2323.2 465.06 900.43 149.7 0.15 386.25 P04 07°13'45"S 35°53'41"E 3700 2368 570.4 955.38 133.44 0.31 520 P05 07°15' 36"S 35°53' 38"E 4643 2971.52 782.46 1148 33.12 0.31 631.25 P06 07°15' 43"S 36°04' 10"E 29920 19148.8 2750 123.98 2260 0.55 11216 P07 07°16' 33"S 36°02' 37"E 12527 8017.28 1903 3937 166.08 0.31 2093 P08 07°16'09"S 35°50'11"E 6411 4103.04 1396 1695 160.32 0.23 1748 P09 07°18'05''S 36°02'05''E 2165 1385.6 422.74 264.81 46.08 0.23 238.75 P10 07°19' 02"S 35°58'43"E 1873 1198.72 179.4 365.84 23.52 0.94 286.25 P11 07°13'01"S 35°52'38"E 2045 1308.8 338.1 325.08 66.24 0.23 360.62 P12 07°18'50"S 35°49'49"E 5128 3281.92 1205 1684 254.4 0.78 1758 P13 07°14'24"S 35°55'54"E 11672 7470.08 888.26 3724 109.3 0.07 3633 Média - - 7611.77 4871.53 996.26 1494.66 321.86 0.38 1948.84 D.P. - - 7606.93 4868.43 714.00 1289.13 605.92 0.26 2960.56 C.V. - - 99.9% 99.9% 71.7% 86.2% 188.3% 68.3% 151.9%

Fonte: Elaboração dos autores, 2020.

De acordo com os padrões estabelecidos pela Portaria nº 2.914 de 2011 do Ministério da Saúde, nenhuma amostra apresentou valores satisfatórios de Sólidos Totais Dissolvidos (STD). Além disso, segundo a Resolução nº 357 de 2005 do CONAMA, todas as amostras foram classificadas como água salobra, apresentando considerável nível de salinidade.

Ainda em resolução com a Portaria nº2.914 de 2011 do Ministério da Saúde, em termos de concentração de Sódio, apenas a amostra 10 possui valores aceitáveis (7,69% do total); em relação a concentração de Cloreto, apenas a amostra 06 possui valores aceitáveis (7,69% do total); quanto a concentração de Sulfato, as amostras 10, 05, 09, 11, 02, 13, 04, 03, 08 e 07 (76,92% do total) estão dentro do padrão normativo; quanto a concentração de Ferro, apenas as amostras 13, 03, 09, 11, 02 e 08 (46,15% do total) estão dentro do padrão normativo; no que diz respeito a dureza total, apenas as amostras 03, 09, 10 e 11 apresentaram valores permissíveis (30, 77% do total).

A classificação dessas águas de acordo com as referências de Logan (1965) e Custodio e Llamas (1983) apud Feitosa et al (2008), são ditas como duras e/ou muito duras. A dureza da água provém do cálcio, magnésio ou outros elementos (Fe, Mn, Cu, Ba etc.), porém, basicamente, é expresso em teores de CaCO3 e contribuem para incrustação e dificulta no cozimento dos alimentos (Feitosa et al, 2008).

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forma que o produto gerado destas transformações vai depender dos minerais envolvidos e outros fatores tais como pH, temperatura, precipitação entre outros.

5 CONCLUSÃO

Ao comparar os valores observados nas amostras com os parâmetros normativos estabelecidos pela Portaria nº 2.914 de 2011 do Ministério da Saúde, conclui-se que nenhuma amostra estudada foi considerada potável, isto é, apta para consumo humano.

É possível observar a grande influência que o clima exerce na qualidade da água, uma vez que em regiões semiáridas a pluviosidade é baixa e a evaporação muito elevada, aumentando de forma gradual a concentração de sais nas fraturas das rochas, ou seja, o elevado índice de salinidade. É observado também a importância de não utilizar os critérios de potabilidade de forma isolada como fator decisório na classificação de uma água, como por exemplo, considerar somente o índice de Cloreto e não levar em consideração o STD juntamente com outros parâmetros de qualidade.

Deve-se pontuar ainda a relação dos constituintes da rocha com a qualidade das águas subterrâneas, considerando assim que a composição da água é um reflexo da composição da rocha onde ela circula. Isto se deve a um maior tempo de contato entre a água subterrânea e a rocha, quando comparado com as águas superficiais.

Em consequência da não conformidade com os padrões normativos, a água pode acarretar problemas relacionados à saúde, sabor e odor indesejável. Além disso, pode causar rejeição da população para uso doméstico e causar infertilidade dos solos. Sendo assim, é necessário a adoção de medidas alternativas para o tratamento dessa água, no que consiste em métodos (físicos, químicos e biológicos) eficientes e de baixo custo.

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REFERÊNCIAS

ALI, N. S.; KYUNG, M.; MOONIL, K. A case study on the relationship between conductivity and dissolved solids to evaluate the potential for reuse of reclaimed industrial wastewater. KSCE Journal of Civil Engineering, v. 16, 2012.

Agência Nacional de Águas (ANA). Situação da Água no mundo. Disponível em: https://www.ana.gov.br/panorama-das-aguas/agua-no-mundo/agua-no-mundo. Acesso em: 27 jul. 2020.

Agência Nacional de Águas (ANA). Conjuntura dos Recursos Hídricos: Informe 2014. Brasília: ANA, 2015.

AUGUSTO, L. G. S.; GURGEL, I. G. D.; NETO, H. F. C.; De MELO, C. H.; COSTA, A. M. O contexto global e nacional frente aos desafios do acesso adequado à água para consumo humano. Revista Ciência & Saúde Coletiva, 17(6), pp 1511–1522, 2012.

BERTOLO, R.; HIRATA, R.; CONICELLI, B.; SIMONATO, M.; PINHATTI, A.; FERNANDES, A. Água subterrânea para abastecimento público na Região Metropolitana de São Paulo: é possível utilizá-la em larga escala? Revista DAE, v. 63, p. 6-18, 2015.

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Figura 1. Mapa Geológico do Município de Campina Grande.
Figura 2. Distribuição espacial das amostras estudadas no município de Campina Grande, Paraíba
Tabela 1. Teores físico-químicos das águas subterrâneas de Campina Grande.

Referências

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