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TENDÊNCIAS DA REDE URBANA PAULISTA: O CASO DA AGLOMERAÇÃO URBANA DE SOROCABA

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TENDÊNCIAS DA REDE URBANA PAULISTA: O CASO DA

AGLOMERAÇÃO URBANA DE SOROCABA

Henrique Frey1 Daniel Joseph Hogan2 Aurílio Sérgio Costa Caiado3

Resumo

O presente trabalho se insere na discussão teórica em torno das questões da estruturação urbana à luz de um estudo de caso – a Aglomeração Urbana de Sorocaba. A análise da composição, dinâmica e estrutura atual da AU na rede urbana paulista em face à literatura que aponta para a mudança no tipo de deslocamento da população no espaço, orienta este estudo. Sinaliza ainda para a importância de se pensar políticas públicas integradas, uma vez que as relações existentes extrapolam os limites municipais.

Apresentação

O presente trabalho tem como objetivo estudar o processo de ocupação do espaço na aglomeração urbana de Sorocaba-SP a partir da análise demográfica orientada pelo fenômeno migratório. Esta proposta insere-se na discussão da (re)estruturação urbana e visa contribuir com a discussão teórica do tema. Por outro lado, um estudo de caso deve auxiliar na compreensão de uma das partes que constitui esta complexa rede urbana que é o interior paulista.

O estudo, deste modo, deve abarcar as transformações espaciais sob uma perspectiva histórica na aglomeração urbana de Sorocaba. Tendo em vista os deslocamentos diários para estudo ou trabalho, buscaremos entender se se trata de uma morfologia mais compacta ou dispersa no espaço. São esses movimentos diários que entenderemos por deslocamento pendular. Essa informação, disponibilizada pelo censo brasileiro de 2000, tem como unidade de desagregação máxima possível o município. Nestes termos, a mudança analítica que sugere a literatura sobre mobilidade espacial da

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população (de deslocamentos de longas distâncias para curtas) deve ser expressa pela dinâmica e estrutura atual da AU, seja pela mobilidade intra-AU ou intra-regional4. Estruturação urbana

Villaça (2001) atribui à localização no espaço urbano o ponto de partida para a análise da estruturação urbana, que seria expressa pela necessidade de deslocamento das pessoas e pela relação que os diferentes pontos do espaço estabelecem entre si: “[...] para explicar as formas urbanas – os bairros, as direções de crescimento, a forma da mancha urbana, a verticalização, densidades, etc. – é indispensável considerar as relações de determinado ponto, ou conjunto de pontos, com os demais pontos do espaço urbano.” (VILLAÇA, 2001, p.24)

Nesse sentido, as alterações no espaço (estruturação) teriam o seu correspondente nas relações sociais e não na reforma de lugares específicos da cidade. De acordo com o autor a localização urbana teria dois atributos: a infra-estrutura e as possibilidades de transporte e comunicação. “Dentre essas possibilidades, a de deslocamento do ser humano (para os locais de trabalho, de compras, de serviços, de lazer, etc.) dominará a estruturação do espaço intra-urbano” (idem, p. 23). Essa

constituição do espaço urbano como apresenta Villaça compõe o nosso referencial teórico-metodológico.

O processo de produção do espaço observado pela discussão em torno da (re) estruturação urbana é analisado sob distintas abordagens. Sem incidir em determinismos ou generalizações tentar-se-á marcar as diferenças entre algumas dessas leituras e como essa discussão tem sido incorporada nas análises recentes acerca do tema. O que se coloca como difícil tarefa, uma vez que a problemática urbana apresenta-se nos desdobramentos sociodemográficos, político, econômicos, etc.

Para o caso brasileiro, a literatura referente à expansão urbana destaca o processo de periferização como um dos produtos da consolidação das metrópoles (que pressupõe concentração econômica e populacional numa determinada área). O maior crescimento dos municípios localizados no entorno do município-sede, como no caso de São Paulo, seria a expressão das desigualdades sociais e econômicas dadas pela segregação espacial.

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Antico (2004), ao analisar o caso de São Paulo entre as décadas de 1980 e 90, mostra a localização dos postos de trabalho nas áreas que dispõem de melhor infra-estrutura e por isso são mais caras: as regiões centrais. Sendo assim, às camadas mais empobrecidas da sociedade caberiam as regiões mais afastadas e, portanto, mais baratas. Nestes termos, a mobilidade pendular teria forte relação com a distribuição da população no espaço, aumentando progressivamente a distancia do deslocamento casa-trabalho (CUNHA, 1994).

Mesmo sendo associada aos desdobramentos do processo de periferização, essa modalidade de deslocamento aparece como elemento de integração entre duas ou mais áreas5, assumindo, porém, diferentes características quanto às formas de estruturação do espaço urbano. Com relação a isso, Ojima (2007) aponta para a complexificação da dinâmica intra-urbana e sugere que o par explicativo centro-periferia, que marca o desenvolvimento do capitalismo, restringe a análise à mobilidade de uma camada social específica e não consegue elucidar a consolidação de novas formas urbanas.

Gottdiener (1990), tendo como referência uma perspectiva histórico-espacial, indica um arcabouço analítico que engendra as novas formas espaciais. Para tanto, destaca alguns elementos que devem ser observados: as relações de trabalho a partir da flexibilização produtiva, as diferentes formas de ocupação do espaço capitaneada pela especulação fundiária – com destacada valorização imobiliária de áreas periféricas –, programas governamentais e o papel dos avanços tecnológicos e do conhecimento. Sobre os avanços tecnológicos, sublinha as mudanças com relação ao transporte e comunicação, uma vez que alteram a dimensão espaço-temporal da ação social.

Ojima (2007) identifica essas formas espaciais apoiado no referencial teórico-metodológico do urban sprawl norte-americano. Segundo o autor a contribuição destes

estudos está assentada na “[...] análise da dimensão espacial enquanto uma variável analítica cara ao entendimento da reestruturação urbana a partir das mudanças na esfera individual e coletivas.” (OJIMA, 2007, p. 105). O autor elaborou um indicador para medir a dispersão urbana baseado nas principais dimensões observadas empiricamente e

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discutidas pela literatura internacional. São elas: densidade, fragmentação, linearidade/orientação e centralidade/integração.

A abordagem da reestruturação pela dispersão urbana indicaria pelo menos duas maneiras de entender o processo. A primeira destaca um descompasso entre crescimento populacional e expansão física para designar um padrão de ocupação de baixa densidade. A outra versa sobre a forma e alocação fragmentada da malha urbana e aponta para a relativa autonomia dos indivíduos nos deslocamentos urbanos diários.

Cabe indicar outro aporte. Numa escala mais ampla de análise, Scott et al.

(2001) afirmam que a reestruturação econômica e a globalização consolidam um tipo de cidade cultural e demograficamente heterogênea que se estabelece de forma policêntrica: são as cidades-regiões que extrapolam os limites territoriais. O papel do Estado, conforme colocam os autores, opera em dois caminhos. Um deles pela fusão com os interesses privados e o outro, num viés institucionalista onde “[...] a governança das cidades-regiões faz parte de um problema mais amplo de coordenação global contemporânea” (SCOTT et al., 2001, p. 19).

Nessa formulação a questão da governança das cidades-regiões aparece como elemento importante. Pensar conjuntamente para além das fronteiras de um determinado território de maneira articulada pode se traduzir em alternativas para problemas comuns, ainda que por vezes as alternativas se apresentem na forma de guerra fiscal. Os enfrentamentos atrelados ao meio ambiente ou o planejamento do sistema viário e de transportes exemplificam essa formulação.

Uma vez que nossa unidade de análise está na rede urbana paulista, mais especificamente nos processos que engendram a formação e consolidação das aglomerações urbanas, cabe destacar alguns dos esforços que têm sido feitos no sentido de compreender o tecido urbano e as funções que suas respectivas partes assumem.

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Matos (2000) cita alguns estudos que se preocuparam em identificar a rede urbana no Brasil e a sua hierarquia6. O autor assinala que o uso do conceito

aglomeração urbana, incorporado pelo Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), é relativamente recente e apesar das imprecisões a que está sujeito “[...] serve para designar outros espaços urbanos, situados em nível sub-metropolitano, que congregam mais de uma cidade, notadamente cidades que começariam a experimentar o processo de conurbação” (MATOS, 2000, p. 2).

As transformações da rede urbana brasileira foram objeto de estudo recente (IPEA/IBGE/IE-UNICAMP, 2001) que classificou cada uma das aglomerações a partir de uma gama de critérios que teve base em indicadores econômicos e demográficos referenciados pelo censo de 1991. A partir dessa classificação estabeleceu-se a hierarquia da rede urbana. Baseado na constituição fragmentada do território, o estudo identificou nas diferentes aglomerações analisadas os seguintes processos: novos padrões de articulação das economias regionais, novos recortes territoriais (reestruturação a partir de eixos de desenvolvimento), novas espacialidades e novos padrões de mobilidade espacial da população.

De acordo com Caiado (2004) e Caiado e Santos (2003) a forte relação entre a dinâmica econômica e populacional da rede urbana paulista estaria expressa na estrutura territorial – três RMs, onze AUs e outras cidades de porte médio – e sua interligação através dos principais eixos viários. Deste modo, o processo de redistribuição da população no estado de São Paulo teria bases na interiorização da produção e, consequentemente, reflexo na alteração da divisão regional do trabalho.

Baeninger (2004) aponta para o menor crescimento das RMs e o papel de atração que as aglomerações urbanas assumem ante o processo de redistribuição da população de modo mais contundente na década de 1990: “[...] a contrapartida desse processo de menor crescimento da população metropolitana refletiu-se no expressivo crescimento da população residente em cidades não-metropolitanas [...], especialmente quando se considera os aglomerados urbanos” (BAENINGER, 2004, p.5).

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Dentre eles, o que seria a base para os demais DAVIDOVICH, F. e LIMA, O. M. Buarque de. Contribuição ao estudo de aglomerações urbanas no Brasil. Revista Brasileira de Geografia, ano 37, n. 1, jan/mar, 1975., além de, IBGE. Indicadores Sociais; regiões metropolitanas, aglomerações

urbanas, municípios com mais de 100 000 habitantes. MASSENA, R.M. Rosa. (org.). Rio de Janeiro.

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A autora pondera que apesar de apreender novas formas de mobilidade como parte da reestruturação econômica, esses deslocamentos compõem também um novo mosaico de interações sociais (BAENINGER, 2004, p.10). Desta forma, o eixo explicativo que vincula economia – em particular nos efeitos da desconcentração industrial a partir das regiões metropolitanas – à mobilidade espacial da população numa relação de causa e efeito não comporta a complexidade do processo.

Baeninger sugere, então, perspectivas para a explicação do fenômeno migratório. Uma delas diz respeito ao uso do conceito de urbano de Villaça (2001), que é o que vamos utilizar para estudar as “novas territorialidades”. Conforme destacamos acima, Villaça entende o urbano como o espaço do deslocamento de pessoas onde os diferentes pontos do território relacionam-se entre si. Nestes termos, procuraremos entender como a mobilidade espacial da população define os contornos da região de Sorocaba.

Tendências da rede urbana paulista x Sorocaba

Conforme colocado, o estudo tem como pano de fundo os processos de desconcentração econômica e populacional (ver quadro abaixo) verificados em âmbito nacional e em particular no estado de São Paulo desde a década de 1970, momento em que ocorre a crescente urbanização e industrialização no interior do estado. A migração intra-estadual e o fortalecimento e expansão dos aglomerados urbanos marcam a abertura de novas possibilidades de análise (FARIA, 1991).

Quadro 1: Taxa Geométrica de Crescimento da População (% a.a.), RA, RG e AU de Sorocaba x RMSP e RG Campinas, 1980/91 e 1991/2000

Período Localidade

1980/91 1991/2000

RA Sorocaba 2,65 2,31

RG Sorocaba 3,30 2,82

RMSP 1,86 1,68

RG Campinas 3,39 2,5

Alumínio * 1,18

Araçoiaba da Serra 4,96 3,55

Iperó 4,35 6,38

Itu 3,39 2,67

Mairinque 3,10 3,52

Piedade 1,77 1,60

Salto de Pirapora 5,08 3,74

Salto 4,95 2,95

São Roque 2,29 1,83

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Votorantim 3,87 1,99 Fonte: Seade (www.seade.gov.br)

*Município criado em 1991 a partir do desmembramento de Mairinque.

Pelos dados apresentados é possível perceber um incremento populacional maior para as Regiões de Governo de Sorocaba e Campinas em detrimento da Região Metropolitana de São Paulo, como coloca Faria (1991). A partir da análise específica dos municípios que compõem a Aglomeração Urbana, observa-se um aumento ainda mais significativo, demonstrando assim, uma dinâmica diferenciada para a localidade.

Através da taxa de crescimento populacional urbano verificada entre as décadas de 1970-80: 5,8% a.a. (SEADE, 1990, p. 31-32), pode-se observar que o crescimento demográfico acelerado na região de governo de Sorocaba, deve-se principalmente ao componente migratório. O reflexo na sua estrutura ocupacional entre 1975/85 exprime as significativas transformações ocorridas na economia sorocabana7. A quantidade de pessoal ocupado aumentou em todos os setores: Indústria, 113,75%; Comércio, 102,80% e Prestação de serviços, 77,57%8.

Pelos números da fundação Seade apresentados no Quadro 2, observa-se o crescimento populacional para os três agrupamentos feitos para Sorocaba entre os anos 1980 e 2007: RA, RG e AU. No ano 2000 a aglomeração urbana ultrapassa a marca de 1 milhão de pessoas e aumenta a participação relativa sobre a Região Administrativa. Relacionar os indicadores acerca do crescimento populacional à dinâmica da AU, seja pelas trocas com as regiões metropolitanas ou pelas trocas internas, devem nos auxiliar na compreensão das especificidades da sua estrutura.

Quadro 2: População RA, RG e AU de Sorocaba e participação relativa da AU, 1980, 1991, 2000 e 2007

Localidade Participação relativa Período/ Situação

RA RG AU Sorocaba % AU/RA % AU/RG

urbana 1074559 568773 505240 rural 428923 111029 77148 1980

total 1503482 679802 582388 38,74% 85,67% urbana 1599433 839256 755113

1991

rural 406355 132178 79335

7 Algumas medidas da administração pública no município sede podem ilustrar os impactos desse processo. A partir da desconcentração econômica se inicia uma reformulação no território da cidade observado pela implantação de algumas das principais vias de acesso e, através da Lei de Zoneamento, a criação da Zona Industrial.

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total 2005788 971434 834448 41,60% 85,90% urbana 2058098 1083709 965761

rural 405656 164032 94964 2000

total 2463754 1247741 1060725 43,05% 85,01%

2007 total 2766258 1422779 1214805 43,92% 85,38% Fonte: SEADE (www.seade.gov.br)

As ações da administração pública paulista que, no começo dos anos setenta, implementa um projeto de descentralização administrativa9 a partir da capital, devem ser ressaltadas. Através da criação de secretarias de planejamento e escritórios nas divisões e subdivisões administrativas (Regiões Administrativas e Regiões de Governo), são elaborados programas de incentivo econômico que viriam atender às áreas mais dinâmicas e estrategicamente distribuídas – localidades vinculadas a um pólo urbano já constituído.

A heterogeneidade que marca o interior paulista e o configura numa complexa rede urbana pode ser descrita pelos distintos incentivos dos governos estadual e federal (nos setores agro-industrial, indústria metal-mecânica, extração mineral, etc.) destinados a cada um dos pólos nesse período. Para Caiado (2004) as particularidades de cada uma das aglomerações urbanas paulistas podem ser percebidas pela verificação da composição dos fluxos migratórios e “[...] são integrantes de dinâmicas socioespaciais engendradas a partir de alterações na divisão regional do trabalho” (CAIADO, 2004, p. 14). Cabe destacar que essas particularidades passam pela compreensão do processo regional de desenvolvimento e estão associadas à modernização do sistema de comunicação e transportes.

Nestes termos, a estruturação de um determinado espaço estaria atrelada à relação capital-trabalho consolidada nas distintas regiões. Em outras palavras, sugere-se que o tipo de urbanização verificado num aglomerado que tem na sua estrutura ocupacional maior peso para o setor agroindustrial será diferente de outro que concentra atividades relacionadas à alta tecnologia.

AU de Sorocaba

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A aglomeração urbana de Sorocaba de acordo com o censo 200010 tinha uma população de pouco mais de um milhão de habitantes. O município-sede da AU, Sorocaba, está a oeste da Região Metropolitana de São Paulo e ao sudoeste da Região Metropolitana de Campinas, sendo que as sedes dos três aglomerados distam aproximadamente 90 km um do outro.

A AU de Sorocaba é composta pelos seguintes municípios: Alumínio, Araçoiaba da Serra, Iperó, Itu, Mairinque, Piedade, Salto, Salto de Pirapora, São Roque, Sorocaba e Votorantim. Sorocaba é o município sede e concentra as principais atividades da aglomeração. Tem mais da metade da população – quase 500 mil habitantes, segundo o censo de 2000 – e, por isso, referência para os municípios da AU e de outras regiões.

Quadro 3 – AU de Sorocaba, população por município, 2000

Município População % Total

Alumínio 15252 1,4

Araçoiaba da Serra 20112 1,9

Iperó 18384 1,7

Itu 135366 12,7

Mairinque 39975 3,8

Piedade 50131 4,7

Salto 93159 8,8

Salto de Pirapora 35072 3,3

São Roque 66637 6,3

Sorocaba 493468 46,4

Votorantim 95925 9,0

Total 1063481 100,0

Fonte: microdados do censo 2000, elaboração própria.

A mobilidade espacial da população envolvendo menores distâncias pode ser observada na composição da população da aglomeração urbana segundo naturalidade. Isso porque a informação, apesar de referir-se a um determinado momento (ano 2000), capta a trajetória migratória ao longo do tempo. Esses migrantes distribuem-se assim: os que estavam em outra UF no ano de 1995 (UF ou país de residência em 1995), aqueles que residem na UF há no máximo dez anos (UF ou país de residência anterior) e, os que estão na UF há mais de dez anos (os demais naturais de outras UFs). Os dados apresentados na sequência do trabalho são referentes à população de quinze anos ou mais.

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Quadro 4 – Composição da AU de Sorocaba segundo naturalidade, 2000

População % Naturais da AU 309365 40,1 Estado de SP 266732 34,6

Outras UFs 194876 25,3

Total 770973 100

Fonte: microdados do censo 2000, tabulação própria.

Os naturais de outras UFs representam 25,3% (194876 pessoas) da população com quinze anos ou mais da AU. Observando apenas esse grupo podemos perceber que a dinâmica migratória desta região acompanha o que aponta a literatura referente ao tema: tendência de queda para os deslocamentos de longa distância e aumento das trocas intra estaduais.

Quadro 5 – Distribuição dos naturais de outras UFs segundo grande região e tempo de residência na AU de Sorocaba, 2000

UF Nascimento UF Anterior UF residência 1995 Região de origem

absoluto % absoluto % absoluto %

Norte 913 0,5 827 1,3 453 0,5

Nordeste 70066 36,0 20464 32,6 9139 9,8

Sul 77291 39,7 20758 33,0 8084 8,7

Sudeste 37819 19,4 7725 12,3 73048* 78,5

Centro-Oeste 4342 2,2 2433 3,9 1437 1,5

Outro País (incluso ignorado) 4445 2,3 10616 16,9 888 1,0

Total 194876 100,0 62823 100,0 93050** 100,0

Fonte: microdados do censo 2000, tabulação própria.

*Apenas no quesito sobre UF de residência por data fixa constam deslocamentos feitos na própria UF (São Paulo). São 69678 pessoas que representam 74,9% do total. **Considerando somente os não naturais da UF, são 23373 pessoas.

Para mostrar a tendência de queda desse tipo de deslocamento ao longo do tempo, os números foram decompostos. Assim, das 194876 pessoas não naturais11 de São Paulo que residiam na AU de Sorocaba em 2000, 55,8% está há mais de 10 anos, 32,2% até 10 anos e apenas 12% residiam em outra UF em 1995. Este último quesito ilustra o exposto e indica a dinâmica existente na aglomeração, pois cerca de 75% dos deslocamentos verificados foram de curtas distâncias – intra estadual.

O município que mais cedeu pessoas para um dos municípios que compõem a aglomeração urbana em estudo foi São Paulo (17534 pessoas). Na sequência, Sorocaba

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(6177 pessoas), Votorantim e Itu (4174), Osasco e Santo André (3217) e Campinas (1203 pessoas). Percebe-se, deste modo uma forte concentração dos movimentos entre os municípios da RMSP, RMC e da AU de Sorocaba.

Os importantes eixos viários que ligam essas regiões formam uma espécie de corredor por onde as pessoas transitam. Nestes termos, as rodovias Castelo Branco e Raposo Tavares (AU – RMSP) e Santos Dumont (AU – RMC) fornecem elementos para se discutir a estrutura e dinâmica dessa região para além da circulação de mercadorias e escoação da produção.

Os deslocamentos diários para trabalho ou estudo corroboram a afirmação. No fluxo AU-RMSP pela rodovia Raposo Tavares, por exemplo, ter-se-ia uma integração intra-AU (partindo de Sorocaba e passando pelos municípios de Alumínio, Mairinque e São Roque) e outra inter-regional (que envolveria um dos municípios da AU com outro da RMSP). As diferentes relações que cada um desses fluxos implicam, as intervenções no espaço bem como as determinantes sociais intrínsecas indicam a complexidade da análise da estruturação do espaço urbano. Quais especificidades reservam cada uma das áreas e como participam da rede urbana são apontamentos a serem investigados.

As informações contidas no quadro 6 (ver abaixo) indicam uma série de possibilidades de análise. O município sede como referência para os municípios do entorno é uma delas. Nesse caso, as trocas diárias iriam além do par clássico estudo e trabalho. São freqüentes também os deslocamentospara compras ou lazer e mesmo para buscar atendimento médico especializado.

As particularidades que reservam o fluxo AU-RMSP compõem outro escopo de verificação. As trocas com a região metropolitana têm como origem, principalmente, Sorocaba e São Roque. A capital é o destino da maioria das pessoas que saem da sede. No segundo caso uma parte do deslocamento é feito em direção a São Paulo e outra para municípios vizinhos: Vargem Grande Paulista e Cotia.

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Votorantim também merecem destaque, pois cerca de 20% da população com quinze anos ou mais se desloca diariamente de Votorantin para Sorocaba em razão de estudo ou trabalho.

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Fonte: microdados do censo 2000, tabulação própria. Mun trabalho ou estudo/

Município de Residência Alumínio Araçoiaba da Serra Iperó Itu Mairinque Piedade Salto Pirapora Salto de Roque São Sorocaba Votorantim Total Neste município 5443 7113 6314 60928 14311 21613 35915 10410 27084 210254 25748 425133 Não trabalha/ estuda 4556 6147 5987 34003 10614 12968 24988 11024 17973 139652 27747 295659

Alumínio - 12 0 0 697 0 0 11 210 697 188 1815

Araçoiaba da Serra 0 - 26 0 0 11 10 40 0 134 19 240

Iperó 4 6 - 0 0 9 0 0 0 422 38 479

Itu 16 0 0 - 38 10 3632 43 61 803 148 4751

Mairinque 238 0 23 69 - 0 23 29 496 203 27 1108

Piedade 0 0 0 0 0 - 0 15 0 127 36 178

Salto 0 7 0 423 0 0 - 13 0 111 7 561

Salto de Pirapora 0 0 0 0 0 17 0 - 0 193 137 347

São Roque 133 0 0 39 1331 16 0 0 - 136 13 1668

Sorocaba 179 1152 310 588 352 425 194 2484 254 - 13340 19278

Votorantim 11 49 0 0 26 80 7 235 0 1324 - 1732

RMSP 81 127 44 932 360 224 477 166 1738 3717 391 8257

RMC 10 6 9 503 20 21 1017 35 53 655 50 2379

Outros SP 46 97 276 647 346 424 692 116 907 2406 390 6347

Outros UF/País 19 0 10 68 34 74 72 28 73 593 76 1047

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Ainda com relação ao total de deslocamentos, quando observado a partir da origem, os municípios que apresentam os maiores percentuais são, Salto, Sorocaba e Votorantim. As particularidades com relação ao sentido do fluxo interessam sobremaneira. Dos movimentos oriundos do município de Salto, mais da metade são intra-AU com peso significativo para Itu, a outra, inter-regional tem como principal destino a RMC. No caso de Sorocaba, os principais deslocamentos são inter-regionais com destaque para a RMSP – importante salientar que este é o único município que tem trocas diárias com todos os municípios da AU e com as RMS. Já para Votorantim, são 94% dos movimentos intra-AU e como principal destino, a sede: a quantidade de pessoas com quinze anos ou mais que vai a Sorocaba diariamente é maior do que a população de Alumínio.

Considerações finais

A preocupação deste trabalho não está assentada nos volumes registrados em cada uma dessas trocas, privilegiando os “grandes números”. O propósito é observar na intensidade desses movimentos a dinâmica populacional da AU e seu impacto na estruturação do espaço.

Nesse sentido, entender a dinâmica interna dessas unidades espaciais e sua estruturação constitui-se num importante esforço frente às tendências da rede urbana brasileira, em particular, do complexo tecido urbano paulista.

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Referências Bibliográficas

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