rev port saúde pública.2014;32(1):89–105
w w w . e l s e v i e r . p t / r p s p
Artigo
de
revisão
A
formac¸ão
de
profissionais
de
saúde
para
a
prevenc¸ão
de
lesões
musculoesqueléticas
ligadas
ao
trabalho
a
nível
da
coluna
lombar:
uma
revisão
sistemática
Margarida
Neves
a,∗e
Florentino
Serranheira
b,caCentroHospitalardeLisboaOcidental,HospitalEgasMoniz,Lisboa,Portugal bEscolaNacionaldeSaúdePública,UniversidadeNovadeLisboa,Lisboa,Portugal
cCMDT–CentrodeInvestigac¸ãodaMaláriaeoutrasDoenc¸asTropicais–SaúdePública,Lisboa,Portugal
informação
sobre
o
artigo
Historialdoartigo: Recebidoa28defevereirode2013 Aceitea13dejaneirode2014 Palavras-chave: Lesõesmusculoesqueléticas Profissionaisdesaúde Enfermeiros Mobilizac¸ãodedoentes Programasdeformac¸ão Ergonomiar
e
s
u
m
o
A morbilidadeassociadaàs lesõesmusculoesqueléticasligadasao trabalho(LMELT)da
colunalombaréestimadaem0,8milhõesdeDALYSemtodoomundo,constituindoamaior
causadeabsentismoprofissional. Osprofissionaisdesaúdesãoum grupovulnerávelà
ocorrênciadestaspatologias,emparticularaquelesquemobilizamdiariamenteosdoentes.
PeranteanecessidadedeprevenirasLMELTefaceàimutabilidadedasituac¸ãodetrabalho,
observa-seumaapostanaimplementac¸ãodeprogramasdeformac¸ãodosprofissionaisde
saúdesobretécnicasdemobilizac¸ãodedoentes.
Oobjetivodesteestudoéidentificarasprincipaisintervenc¸õesdescritasnabibliografia
sobreoimpactodaformac¸ãodosprofissionaisdesaúdenamobilizac¸ãodedoentes,
nomea-damenteenfermeiros,demodoaanalisaroscontributosparaaprevenc¸ãodeLMELTanível
dacolunalombar.
Realizou-seumarevisãosistemáticasegundoametodologiadoPrismaStatement®nas
basesdedadosPubMed,WebofScience,B-On,JSTOR,Science,Nature,ScieloeIndeX,noperíodo
de1998-2011,emportuguês,inglêsefrancês.Foramidentificados79artigosatravésdos
descritores«profissionaisdesaúde»(healthpersonnelORhealthcareworkers),«enfermeiros»ou
outrasexpressõesassociadasaenfermagem(nursesORnurs*),lesõesdacolunavertebral(low
backpainORspinal/Spin*cordinjuries),movimentac¸ãodedoentes(movingandliftingpatientsOR handlingpatientsORpatienthandlingtask),capacidadefísica(physicalactivityORphysicalfitness)
eintervenc¸ãoeducacional(educationalinterventionORtrainingintervention).Apóstriageme
avaliac¸ãodaqualidadedosestudosforamselecionados11.
Verificou-sequenãoexisteevidênciacientíficaquesuporteoinvestimentoemprogramas
deformac¸ão/informac¸ãodosprofissionaisdesaúdeacercadastécnicasdemobilizac¸ãode
doentescomointuitodeprevenirasLMELTaníveldacolunalombar.Constatou-sequeos
programasdeintervenc¸ãomultifatorial,apoiadosnumaabordagemsistémicaeintegrada,
sãomaisefetivosnaprevenc¸ãodasLMELT.
©2013EscolaNacionaldeSaúdePública.PublicadoporElsevierEspaña,S.L.Todosos
direitosreservados.
∗ Autorparacorrespondência.
Correioeletrónico:margarida.neves@gmail.com(M.Neves).
0870-9025/$–seefrontmatter©2013EscolaNacionaldeSaúdePública.PublicadoporElsevierEspaña,S.L.Todososdireitosreservados.
90
rev port saúde pública.2014;32(1):89–105The
health
professionals
training
for
preventing
work-related
musculoskeletal
disorders
of
the
lumbar
spine:
A
systematic
review
Keywords: Work-relatedmusculoskeletal disorders Healthcareprofessionals Nurses Handlingpatients Trainingprogrammes Ergonomics
a
b
s
t
r
a
c
t
Morbidityfromwork-relatedmusculoskeletaldisorders(WRMSD)isestimatedtobearound
0.8millionDALYSworldwideandisthemaincauseofabsenteeismfromwork.Healthcare
professionalsareoneofthemostvulnerablegroupstothosedisorders,namelythosemoving
andhandlingpatientseveryday.
InviewoftheneedtopreventWRMSDandtheinabilitytochangeworkingconditions,
thereisaclearrelianceontheimplementationofprogrammestotrainhealthprofessionals
inpatientmobilisationtechniques.
Theaimofthisstudywastofocusonthemaininterventionsdescribedinthe
bibli-ography concerningtheimpactofhealthcareprofessionaltrainingonpatient handling,
morespecificallynurses,withregardtohelpingtopreventWRMSDofthelumbarspine.
AsystematicreviewwasconductedaccordingtothePrismaStatement®methodbased
ondata fromPubMed,WebofScience,B-On,JSTOR,Science,Nature,Scielo andIndeX,
between1998and2011,inPortuguese,EnglishandFrench.79articleswerefoundwiththe
followingsearchterms:healthpersonnelORhealthcareworkers,nursesORnurs*,lowbackpain
ORspinal/Spin*cordinjuries,movingandliftingpatientsORhandlingpatientsORpatienthandling task,physicalactivityORphysicalfitnessandeducationalinterventionORtrainingintervention.
Afterscreeningandassessingthequalityofthestudies,11wereselectedandanalysed.
There is no scientific evidence to warrant investment in programmes focused on
healthcareprofessionaltraining/informationonpatientmobilizationtechniquesto
pre-ventmusculoskeletaldisordersofthelumbarspine.Multifactorialinterventionprogrammes
basedonsystemicandintegrativecomponentsaremoreeffectiveinWRMSDprevention.
©2013EscolaNacionaldeSaúdePública.PublishedbyElsevierEspaña,S.L.Allrights
reserved.
Introduc¸ão
Amobilizac¸ãomanualdecargasrepresentaumpeso
impor-tante na sociedade em geral, nas organizac¸ões e para os
própriostrabalhadoresporqueafetamapopulac¸ãoemidade
ativa,contribuemparaoaumentodoabsentismolaboral,para
adiminuic¸ão da produtividade eda qualidade devida dos
trabalhadores1,2.
Aatividadedosprofissionaisdesaúdeimplicaexposic¸ões
aumavariedadede fatoresde riscoque podemcontribuir
paraoaparecimentoedesenvolvimentodelesões
musculo-esqueléticasligadas aotrabalho(LMELT)3,4.Nessecontexto,
a mobilizac¸ão de doentes é muito frequente e envolve a
realizac¸ão deuma tarefacomplexa com exigências
marca-damentemotoras,frequentementeemsobrecargadosistema
musculoesquelético5.
Deacordo com os dados estatísticos doBureau of Labor
Statistics6, a profissão de enfermagem destaca-se entre as
ocupac¸ões fortemente associadas à prevalência de LMELT.
Aincidênciaanualdedoresdacolunalombarentreos
enfer-meirosquemobilizamdoenteséde40-50%7eaprevalência
aolongodavidaéde35-80%8.Hátambémregistossegundo
osquaisosenfermeirosapresentammais30%dediasde
tra-balhoperdidosdevidoaproblemaslombaresqueapopulac¸ão
emgeral9.NosEstadosUnidosdaAmérica,apatologia
mus-culoesquelética entre os enfermeiros é de cerca de 72,5%,
empelomenosumaregiãocorporal.Destes,15,8%
apresen-tamsintomassimultaneamentenasregiõeslombar,pescoc¸o
eombros10.EmPortugal,umrecenteestudorealizadoanível
nacionalnoqualparticiparam2.140enfermeirosrevelouuma
elevadaprevalênciadesintomasautoreferidosnoúltimoano,
nomeadamenteaníveldacolunalombar(60,6%),dacoluna
torácica(44,5%)edacolunacervical(48,6%)11.
Vários autoresreferemqueaformac¸ãodosprofissionais
desaúdesobremobilizac¸ãodedoentestemsido,aolongodos
últimosanos,aestratégiaprincipal(senãoaúnica)para
pre-veniraocorrênciadelesõesmusculoesqueléticasdacoluna
lombarligadasaotrabalho7,12–14.Aeficáciadestetipode
pro-gramasdeintervenc¸ãotemigualmentesidoquestionadaem
diversos estudos7,15,16 que, noessencial, apontama
neces-sidade de adotar abordagens sistémicas na prevenc¸ão das
LMELTnestegrupoprofissional17–19.
Na prática verifica-se que as situac¸ões de trabalho se
mantêminalteradase/ouimutáveis.Aslimitac¸ões
económi-cas continuam a ser referidas como o principal obstáculo
paraaimplementac¸ãodeestratégiasouprocedimentosque
impliquem,porumlado,aalterac¸ãodosrecursoshumanos
alocados,bemcomoaaquisic¸ãodenovosequipamentos,por
outro,areformulac¸ãoereorganizac¸ãodosespac¸osque
per-mitam arealizac¸ão corretadas técnicas demobilizac¸ão de
doentes.Nasunidadesdesaúdesórecentementesecomec¸ou
a evidenciar a necessidade de adequar a configurac¸ão do
local de trabalhoe osequipamentos àscaracterísticasdos
trabalhadores20. Nas unidades de saúde portuguesas, de
construc¸ãoantiga(nasuamaioria),éfrequenteos
profissi-onaisdesaúdeteremdedesempenharassuasfunc¸õesem
espac¸oslimitadoseinadaptadosqueobrigamàalterac¸ãodos
procedimentos mais adequadosde mobilizac¸ão dodoente,
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desvantagemmecânicanarealizac¸ãodassuastarefas,como
asdehigieneseastransferências,entreoutras.
Subsiste,assim,aconvicc¸ãodequeoreduzidonúmerode
profissionaisdesaúde,apressãoorganizacionalcom
eleva-dosobjetivosdeproduc¸ãoeasinadequadasdimensõesfísicas
dosespac¸oshospitalaresconstituemosprincipaiselementos
que,noessencial,contribuemparaarealizac¸ãodemás
práti-casquecolocamemriscoosprofissionaisdesaúdedurantea
prestac¸ãodecuidados,assimcomoosdoentes20.
Em síntese, nos contextos de trabalho prevalece a
implementac¸ãodeprogramasdeformac¸ãoprofissionalcomo
aúnicaformadecontribuirparaaprevenc¸ãodeLMELT.Tal
deve-se,porcerto,aserumamedidafácildeimplementar,
custo-efetivaetempoefetiva14(mascomresultadosdúbios),o
quelevaaquestionaroinvestimentonestetipodeprogramas,
assimcomonosseusresultados.
Metodologia
Oobjetivoprincipal desteestudofoi analisaro impactoda
formac¸ão e informac¸ão dos profissionais de saúde sobre
mobilizac¸ão de doentes, nomeadamente enfermeiros, na
perspetivadaprevenc¸ãodeLMELTaníveldacolunalombar.
Optou-seporumarevisãosistemáticadabibliografiapor
serummétodopreciso efiável,que permitesintetizar um
substantivo conjunto de informac¸ão com evidência
cientí-fica.Seguiu-seametodologiadoPrismastatement®,deacordo
comasinstruc¸õesdeelaborac¸ãoreferidasporLiberatietal.21.
Aperguntadeinvestigac¸ãofoielaboradacombasena
meto-dologiaPopulation,Intervention,Control,Outcomes,Studydesign
(PICOS),sendoaseguinte:Seráqueosefeitosdaformac¸ãosobre
amobilizac¸ãodedoentes,comousemprogramas demelhoriada capacidadefísica,previnemaincidênciadelesões musculoesqueléti-casligadasaotrabalhoaníveldacolunavertebralnosprofissionais desaúde,nomeadamentenosenfermeiros?
Aidentificac¸ãodabibliografiapertinentebaseou-senuma
pesquisa nasbasesde dados PubMed, Webof Science, B-On,
JSTOR, Science, Nature, Scielo e IndeX e também no Google
Académico. Os descritoresda pesquisa circunscreveram-se
às variáveis que decorrem da pergunta de investigac¸ão.
Utilizaram-se expressões como «profissionais de saúde»
(health personnel OR health care workers), «enfermeiros» ou
outrasexpressõesassociadasaenfermagem(nursesORnurs*),
bemcomo lesõesdacolunavertebral(lowbackpain OR
spi-nal/Spin*cordinjuries),movimentac¸ãodedoentes(movingand liftingpatientsORhandlingpatients),capacidadefísica(physical activityORphysicalfitness)eintervenc¸ãoeducacional (educati-onalinterventionORtrainingintervention).Iniciou-seapesquisa
nabasededadosPubMed porter aaplicac¸ãoThesaurus.Foi
posteriormenterepetida apesquisa, demodoidêntico, nas
restantesbasesdedados.Pesquisaram-seestudosrealizados
nosúltimos15anos(período1996-2011)emportuguês,inglês
efrancês.Aselec¸ãodosestudosfoifeitaem2etapas:triagem
eavaliac¸ãodaqualidadedosestudos.
Atriagemfoifeitapor2revisores,deformaindependente,
atravésdelistadeverificac¸ãodoscritériosdeelaborac¸ãoda
perguntadeinvestigac¸ão–Populac¸ão:profissionaisdesaúde;
Intervenc¸ão(exposic¸ão):formac¸ãosobremobilizac¸ãode
doen-tes,exclusivaounão,com ousemprogramasda melhoria
Tabela1–Listadeverificac¸ãodoscritérios deelegibilidade
Itemavaliado
Validadeinterna
Oobjetivoéclaroeapropriado?Oestudoestáclaramente definido?
Selec¸ãodosparticipantes(viésdeselec¸ão)
Estudoscaso-controlo:osgruposdecasosedecontrolos sãoextraídosdepopulac¸õescomparáveis?Grupose critériosdeinclusãoestãobemeclaramentedefinidos? Osparticipantessãoemnúmerosuficientepara minimizaroefeitodoacaso?
Estudosdecoorte:osfatoresdeexposic¸ãoestão claramentedefinidos?Osgruposexpostosenãoexpostos sãoextraídosdepopulac¸õescomparáveis?Os
participantessãoemnúmerosuficienteparaminimizaro efeitodoacaso?
Variáveisdeconfundimento
Asprincipaisvariáveisdeconfundimentoestão identificadasesãotidasemcontanodesenhodoestudo enaanálisedosdados(p.ex.usodastécnicas
dealeatorizac¸ão,restric¸ão,emparelhamento, estratificac¸ão)?
Resultados
Osresultadossãoprecisos(verificarintervalo deconfianc¸a,estimac¸ãodorisco)?
Validadeexterna
Osresultadosdoestudoaplicam-seapessoasquenão participamnele?
Fonte:Neves22.
da capacidade física; Controlo (grupo de): profissionais de
saúde que não participaram em programas de formac¸ão;
Outcomes (resultados):queixas,sintomas oulesões
musculo-esqueléticasaníveldacolunavertebral;Studydesign(tipode
estudo):estudosexploratórios,qualitativosouquantitativos,
observacionais, descritivos,ou experimentais, transversais,
longitudinais,retrospetivos,estudosdecaso-controlooude
coortes.
Foi utilizada a estatística Kappa com o intuito de
ava-liarograudeconcordânciaentreasavaliac¸õesdosrevisores
perante cada artigo. Os resultados revelaram que
relati-vamente à populac¸ão, intervenc¸ões, controlo e resultados
(outcomes) a concordância entre os revisores é moderada
(k=0,545;k=0,550;k=0,533;k=0,537,respetivamente).
Rela-tivamente ao tipo de estudo a concordânciaé substancial
(k=0,629)enoquerespeitaàselec¸ãoparaafaseseguinteé
igualmentemoderada(k=0,573).
Foirealizadareuniãoentreosrevisoresparaidentificac¸ão
dosmotivosda discordânciaem12artigos(quesuscitavam
dúvidas)edecisãosobreasuaintegrac¸ão(ounão)narevisão
sistemática,tendo-sechegadoaumconsensoem11artigos.
Opassoseguinteconsistiunaavaliac¸ãodaqualidadedos
estudos. Estafoi determinadaatravés da aplicac¸ãode lista
deverificac¸ãoquecontemplouoscritériosdeelegibilidade22,
nomeadamente, a validade interna, a selec¸ão dos
partici-pantes (viés de selec¸ão), as variáveis de confundimento,
a validade dos resultados (interna) e a validade externa.
Alistadeverificac¸ãodoscritériosdeelegibilidadedos
arti-gos (tabela1)foi construída com base emoutras listas de
92
rev port saúde pública.2014;32(1):89–105Artigos identificados através da pesquisa nas bases de dados PubMed,
Web of Science, B-On, JSTOR, Science, Nature, Scielo e IndeX,
(n = 76)
Artigos identificados através de outras fontes: google académico
(n = 22)
Triagem
Inclusão Elegibilidade
Identificação
Artigos após serem removidos os duplicados (n = 79)
Artigos triados (critério PICOS) (n = 18)
Artigos com texto completo para aplicação dos critérios
de elegibilidade (n = 12)
Estudos incluídos na síntese qualitativa
(n = 11)
Excluído 1 artigo por se tratar do mesmo estudo já
identificado através de outro11 Artigos excluídos
(n = 63)
Figura1–Diagramadoprocessoderevisãosistemática.
TheguidelinesmanualdoNationalInstituteforHealthand Clini-calExcellenceedoCriticalAppraisalSkillsProgrammedoPublic HealthResourceUnit.Foiposteriormentevalidadafacialmente
pelosrevisoresdoestudoantesdeseprocederàsuaaplicac¸ão.
Afigura1ilustraadinâmicadoprocessodeidentificac¸ãoe
selec¸ãodosartigosparaanálise.Arevisãosistemáticaincide
nosresultadosdos11 artigosconsideradoselegíveispara a
faseseguinte,nomeadamente,osestudosdeBlacketal.,
Day-nard et al., Hartvigsen et al., Hignett et al., Hodder et al.,
Limetal.,Nelsonetal.,Nussbaumetal.,Schibyeetal.,
War-mingetal.,Yassietal.eJohnssonetal.12,13,17,23–31.
Resultados
Constatou-sequeavariável«formac¸ão»assumediversas
for-mas de acordo com o contexto e orientac¸ão dos estudos,
havendonecessidadedeorganizarosresultadosem4grupos,
paramelhorsistematizac¸ão:
a) Estudos com programa de formac¸ão exclusiva sobre
mobilizac¸ãodedoentes(tabela2);
b) Estudoscomprogramadeformac¸ãosobremobilizac¸ãode
doenteseprogramadeexercíciofísico(tabela3);
c) Estudoscomprogramadeformac¸ãosobremobilizac¸ãode
doenteseintroduc¸ãodeequipamentomecânicodeapoio
àmobilizac¸ãodedoentes(tabela4);
d) Estudoscomprogramadeintervenc¸ãomultifatorial(tabela
5).
Osresultadosencontradosestãoevidenciadosnastabelas
2–5.
Discussão
dos
resultados
Amobilizac¸ãodosdoentesapresenta-secomoumafrequente
rotina diária dos profissionais de saúde, nomeadamente
dosenfermeiros, assistentes operacionaisefisioterapeutas.
A atividadeécomplexa comdiversas exigências eimplica,
habitualmente,umaelevadacargafísicacomrepercussõesno
sistemamusculoesquelético,que, tambémfrequentemente,
excedeascapacidadesindividuaisdosintervenientes,em
par-ticularbiomecânicas.
Optou-sepelaabordagemqualitativa,essencialmente
des-critiva e interpretativa dos diversos estudos que fizeram
parte da presenterevisãosistemática devido
fundamental-mente à sua heterogeneidade, que se observa a nível do
desenho de investigac¸ão (estudos observacionais,
transver-sais,longitudinais,comousemcomponentecomparativae
commedidasrepetidasnotempo),dosmétodosestatísticos
(qui-quadrado,Anova,entreoutros),dosgruposprofissionais
(maioritariamenteenfermeiros),instrumentosderecolhade
dados (questionários, instrumentac¸ão),e porconsequência
dasvariáveisestudadaseresultadosobtidos.
É ainda importante fazer uma pequena referência à
comparac¸ão entre os resultados obtidos com a estatística
Kappa no seguimento do estudo. Julga-se que a
mode-rada concordânciaobtidasedeveu àinfluênciadosartigos
que suscitaram dúvidas, mais uma vez devido à sua
ele-vada heterogeneidade no contexto da revisão sistemática
e respetivoscritérios de inclusão. Assim,como os
resulta-dos se encontravam mais próximos do limite superior do
intervalodaclassificac¸ão«concordânciamoderada»(k=
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93
Tabela2–Resultadosdosestudoscomprogramadeformac¸ãoexclusivasobremobilizac¸ãodedoentes
Ref.bibl. Populac¸ão Intervenc¸ão Grupodecontrolo Resultadoseconclusões(outcomes) Tipodeestudo Qualidade
(1-10) Hartvigsen etal.25 n=345 Enfermeirose assistentes operacionais
Durac¸ão:1hporsemanadurante2anos
Conteúdo:formac¸ão,treinoesupervisãodastécnicasde
levantesegundoosprincípiosdeBobathemecânica
corporal.Foiincluídaautilizac¸ãodeequipamentode
assistênciaatransferência
3hdeformac¸ãosobre
técnicasdemobilizac¸ão,
semrecursoaqualquer
equipamentode
assistênciaà
transferência
Melhoriadosdiassemdorlombar
OR(95%IC)0,98(0,52-1,85),
diminuic¸ãodon.◦episódiosdedor
lombar1,01(0,49-1,53)Procurade
tratamento1,14(0,69-1,89)
Formac¸ão(intensiva)emtécnicasde
transferênciascombinadasapenas
comequipamentodeassistênciaà
mobilizac¸ãodedoentes,istoé
intervenc¸ãosemcarátersistémico,
nãoprevineaincidênciadedor
lombarnosenfermeirosenos
assistentesoperacionais Observacional longitudinal 10 Hodder etal.27 n=22 12indivíduos inexperientes e10 enfermeiros
Grupodeintervenc¸ão:indivíduosinexperientes
Durac¸ão:3sessõesem2diasconsecutivos
Conteúdo:visualizac¸ãodeumvídeo,formac¸ãoteórica
sobremecânicacorporaletreinodastécnicasde
mobilizac¸ãodedoentes
Osenfermeiros
experientesreceberam
apenasumasessãode
formac¸ãoetreinodas
técnicasdemobilizac¸ão
dedoentes
Realizadasavaliac¸ões
eletromiográficasedinâmicada
colunavertebralem3grupos
Ogrupocomformac¸ãoobteve
menoresvaloresdecarganaregião
lombarederiscodelesãomasos
valoresobtidosapenas
demonstraramqueosparticipantes
aprenderamcomportamentos protetores Observacional comparativo 7,5 Nussbaum etal.13 n=24 Indivíduos inexperientes
Formac¸ãoI)visualizac¸ãodevídeode25minutos
Formac¸ãoII)1hdeleituraorientadapordocente
universitárioespecialistaemergonomiae1hdesessão
práticacomumfisioterapeutaexperiente
Nenhumaformac¸ão
ministradaaogrupode
controlo
Oefeitogeraldotreinofoioúnico
efeitoprotetorsignificativo(p
<0,001).Aformac¸ãoinfluenciou
apenasalgunsaspetosdos
comportamentosadotadosna
situac¸ãodetrabalho
Astarefasdelevantamentode
doentessãorealizadasemposic¸ões
maisverticalizadas,comodoente
maispróximodoprofissionalde
saúde.Asanálisesestáticas
apontamdiminuic¸ãodosvaloresde
compressãodiscaledemomentos
decorte.Oprogramadeformac¸ão
intensivanãopermitiualterac¸ão
significativanoscomportamentosa
curtoprazo
Observacional comparativo
94
r e v p o r t s a ú d e p ú b l i c a . 2 0 1 4; 3 2(1) :89–105 Tabela2(Continued)Ref.bibl. Populac¸ão Intervenc¸ão Grupodecontrolo Resultadoseconclusões(outcomes) Tipodeestudo Qualidade
(1-10) Schibye etal.28 n=9 Profissionais desaúdedo género feminino
Formac¸ãoministradaporfisioterapeutadurante6meses
(nãoháreferênciaaosconteúdosprogramáticosda
formac¸ão)
Avaliac¸ão:em2sessões.NasessãoIpodiamescolhera
técnicaautilizar.NasessãoIIapenaspodiamutilizara
técnicarecomendada
Avaliac¸ãoàtotalidade
dogrupoantesda
intervenc¸ão
Espera-sequeaimplementac¸ãode
umprogramadeformac¸ãointensiva
(semcaráctersistémico),quando
cumpridaatécnicarecomendada
paraamobilizac¸ãododoente
diminuaoriscodeLMELT
Acargamecânicaaníveldacoluna
lombarreduziuemcercade3.400N
emtodasastarefasavaliadas,coma
utilizac¸ãodatécnicarecomendada.
Noentanto,nãoexistemconclusões
relativamenteàmudanc¸ade
comportamentoalongoprazo
Observacional longitudinal 6,5 Johnsson etal.31 n=51 Profissionais desaúde
Grupodeintervenc¸ãoadotouomodelodeensinoquality
circles
Durac¸ão:umavez/mêsdurante4-6meses(4diasde
formac¸ão)
Conteúdo:aformac¸ãoteveporbaseoStockholmTraining
Concept.Osparticipantesdeveriamaprenderummodelode
análise,queaplicariamacadasituac¸ãodemobilizac¸ãodo
doente,considerandoasuaprópriacapacidade,osrecursos
enecessidadesdodoenteeaspossibilidadeselimitac¸ões
doambiente.Deacordocomestaavaliac¸ãoescolheriama
técnicademobilizac¸ãododoentemaisadequada.Foram
treinadasastécnicasdemobilizac¸ão
Grupodecontrolo
adotouomodelode
ensinotraditionalgroups
Durac¸ão:4diasde
formac¸ãointensiva
Conteúdo:idênticoao
grupodeintervenc¸ão
Osresultadosrevelamuma
melhoriadatécnica(F-value5,27,p
<0,05)ediminuic¸ãododesconforto
(F-value6,20p<0,005)duranteas
transferências.Nãoseverificoua
diminuic¸ãosignificativadasqueixas
musculoesqueléticasdos
participantesquandocomparadas
antesedepoisdaformac¸ão(coluna
lombar:38e31%dequeixas,
respetivamente)
Observacional longitudinal
rev portsaúde pública.2014;32(1):89–105
95
Tabela3–Resultadosdosestudoscomprogramadeformac¸ãosobremobilizac¸ãodedoenteseexercíciofísico
Ref.bibl. Populac¸ão Intervenc¸ão Grupode controlo
Resultados(outcomes) Tipodeestudo Qualidade (1-10) Warming
etal.29
n=156 Enfermeiros
Programa1:formac¸ãoministrada porfisioterapeutaexperienteaum enfermeirodecadaservic¸o durante4dias.Em6semanasfoi feitaformac¸ãopelosparesem cadaenfermariaqueparticipouno estudo.Conteúdo:formac¸ão ministradasegundoomodeloThe knowledgeoftransferandmovement assistance.Nestemodelo utilizam-seosprincípios ergonómicosetem-seemcontaa capacidadedecolaborac¸ãodo doenteaquandodarealizac¸ãodas técnicasdemobilizac¸ão
Programa2:formac¸ãoidênticaao grupoanterioreprogramade exercíciofísico.Durac¸ão:de8 semanas,1h/2vezesporsemana. Planodetreino:exercíciosde aquecimento,detreinoaeróbico (corridanapassadeira,remoou bicicleta)edetreinodeforc¸a (direcionadosparaotroncoe glúteos).Local:nohospital, duranteashorasdetrabalho
Nãohouve qualquer intervenc¸ãono grupode controlo Aimplementac¸ãodo programadeformac¸ão sobretécnicasde mobilizac¸ãodedoentesem combinac¸ão(ounão)como programadeexercíciofísico nãodiminuiuonúmerode queixasdeLMELT
autorreferidaaofinaldeum ano(antes66%,depois77% nogrupodeintervenc¸ão emgeral)
Amelhoriadacapacidade físicafazdiminuirosníveis deincapacidadedecorrente dasLMELT(graude incapacidadenoPrograma 1foide5,92enoPrograma 2de2,78,p=0,004) Observacional longitudinal 10
revisoresparasepassaràetapaseguintedoestudo.Sendotal
umalimitac¸ão,provavelmenteoaumentodaequipaderevisão
seriaumaestratégiaquecontribuiriaparaaumentaronívelde
concordânciaentrerevisoresecriarmaiorassertividadeno
processo.
Paraauxiliaradiscussãodosresultadosrealizou-seuma
síntesecríticadosestudosàluzdoatualconhecimento
cien-tíficonestaárea.
a) Estudoscom programa de formac¸ãoexclusiva sobre mobilizac¸ãodedoentes
É reconhecido que as intervenc¸ões centradas no
indi-víduo se têm cingido essencialmente à formac¸ão e treino
das várias técnicas de posicionamento e transferência de
doentes.Osestudoscomprogramasdeformac¸ãoexclusiva
sobremobilizac¸ãodedoentes(tabela2)apresentam
resulta-dosfrancamentemodestosnosentidodeapoiarestainiciativa
eeste modelode intervenc¸ãocentrado no indivíduocomo
preventivosdeLMELTanívellombar.
Numaprimeiraabordagemsobreosresultados
destacam--seosestudosdeHartvigsenetal.25edeNussbaumetal.13,
quenãorevelamalterac¸õessignificativasnos
comportamen-tosadotadospelosprofissionaisdesaúdeapósumprograma
orientadoparaaformac¸ãoetreinonamobilizac¸ãodedoentes
eaindaconstatamqueaformac¸ão,porsisó,nãoprevineador
lombar(lombalgia).Estesresultadossãocompatíveiscomos
encontradosporoutrosestudos5,7,12,32,33.Emborabemaceite,
demodogeral,paraaprevenc¸ãodeLMELT,aformac¸ãosobre
mecânicacorporaletécnicasdemobilizac¸ãodedoentesnão
temconseguidoalcanc¸arresultadossustentáveisnaevidência
científicarelativamenteàdiminuic¸ãodossintomas esinais
de LMELT.Nelsonet al.12 referemquenosúltimos 30anos
oempenhodealgunsinvestigadoresemmostrarumabase
credíveldestetipodeestratégiatemfalhadoconstantemente,
quernosprofissionaisdosectordasaúdequernoutrasáreas.
Similarmente, a implementac¸ão de estratégias de
intervenc¸ão exclusivamente com informac¸ão/formac¸ão
dosprofissionaisdesaúdenasorganizac¸õesdesaúde
apre-sentaresultadosmuitoreduzidosecontraditórios,dadoque
é ministrada em ambiente laboratorial, controlado, muito
diferente darealidade34. Otrabalhorealapresentadiversos
fatores quenão são controlados,nomeadamenteas
carac-terísticasdecadadoenteasermobilizado,comoafaltade
equilíbrio,asuamassacorporal(frequentementeassimétrica
e rígida), a capacidade de colaborar efetivamente durante
a mobilizac¸ão, entreoutros. O ambientehospitalar émais
complexodoqueosimuladonessesprogramasdeformac¸ão
laboratoriais e na realidade, por vezes, as mobilizac¸ões
ocorrememcasasdebanhoouemespac¸osconfinadosque
obrigamos profissionais desaúdea adotarposturas
extre-mas,aaplicarforc¸amuitoacimadoslimitesrecomendados,
semprecomointuitodeajudarodoente,evitandosituac¸ões
que o coloquem emrisco34. Além domais, as técnicas de
mobilizac¸ão que são realizadas habitualmente no plano
horizontal(porexemplo,comodoentenacama)obrigamo
profissionaldesaúdeautilizaramusculaturadosbrac¸ose
ombros,emdetrimentodosmúsculosmaisfortesdos
mem-brosinferiores,oquefrequentementenãoécontempladonos
programasdeformac¸ão34.
Relativamente aos resultados dos estudos identificados
96
r e v p o r t s a ú d e p ú b l i c a . 2 0 1 4; 3 2(1) :89–105Tabela4–Resultadosdosestudoscomprogramadeformac¸ãosobremobilizac¸ãodedoenteseintroduc¸ãodeequipamentomecânicodeapoioàmobilizac¸ãodedoentes
Ref.bibl. Populac¸ão Intervenc¸ão Grupode
controlo Resultados (outcomes) Tipode estudo Qualidade (1-10) Yassietal.30 n=346 Enfermeirose assistentes operacionais
GrupoA:transferênciasmanuais,
segundoapráticacomum
GrupoB:tinhadisponívelum
elevadoreajudastécnicasparaa
mobilizac¸ão(cintosde
transferênciaemcadaquarto;6
placasdedeslizamento)
GrupoC:tinhadisponível
equipamentomecânicoque
incluíaelevadores,elevadorespara
colocarodoentenaposic¸ãode
sentadoeajudastécnicas(cintos
detransferênciaeplacasde
deslizamento).On.◦de
equipamentosfoideterminadona
avaliac¸ãodasituac¸ãodetrabalho
GruposBeCreceberam3h
intensivasdeformac¸ãoprática
tendoemcontaosprincípios
ergonómicos,avaliac¸ãododoente
etécnicasdemobilizac¸ãocom
recursoaoequipamento disponível GrupoA:não recebeu nenhuma formac¸ãoformal.
Estegrupotinha
disponível elevadoreajudas técnicasparaa mobilizac¸ãode doentes,sujeito arequisic¸ão
Verificou-sequeumprogramade
formac¸ãosobremobilizac¸ãode
doentescombinadocomum
programadeintroduc¸ãode
equipamentomecânicodeapoioà
mobilizac¸ão,diminuiocansac¸oda
equipaediminuiacargafísica.
Níveldeconfortoaumentouem
51,1%noGrupoCe47,9%noGrupo
B.NoGrupoCreduziu-seamédia
dasqueixasmusculoesqueléticasa
nívellombar-5,2/-3,3edos
ombros-4,9/-2,3aos6meseseum
ano,respetivamente Observacional Longitudinal (medidasmúltiplas) 10 Daynardetal.24
Nota:estudoque
decorredo anterior n=36 Profissionaisde saúde (12decada grupo)
Gruposdeintervenc¸ãodoestudo
anterior(GruposBeC)
Paraefeitosdoestudo
biomecânicoalémdaintervenc¸ão
descritaanteriormente,
realizaram-se5técnicasde
mobilizac¸ões,em2situac¸ões
diferentes:1)doentecolaborantee
levee2)doentenãocolaborantee
pesado.Osparticipantesdeveriam
avaliarasituac¸ão,determinara
técnicaadequadaeequipamentoa
utilizar,nãosubstituirodoente
naquiloqueeleconseguefazere
completaramobilizac¸ãocoma
ajudahumanaoutécnica
disponível Grupode controlodo estudoanterior (GrupoA) Aintroduc¸ãodeequipamentono
programadeintervenc¸ãolevoua
umamaiorconcordânciacoma
técnicarecomendada(p<0,01).
Verificou-seumareduc¸ãodacarga
nacolunavertebral
(p=0,001nogrupoBep<0,033nogrupoC).
Emalgunscasos,oequipamento
aumentouacargaanívelda
colunavertebraldevidoaomaior
temponaposic¸ãodeflexãodo
tronco.Nenhummétodode
intervenc¸ãoexclusivadeveser
recomendado.Cadamobilizac¸ão
deveseravaliadapersi,
determinandoassimomelhor
métododemobilizac¸ão
Observacional comparativo
r e v p o r t s a ú d e p ú b l i c a . 2 0 1 4; 3 2(1) :89–105
97
Tabela5–Resultadosdosestudoscomprogramadeintervenc¸ãomultifatorial(sistémico)
Ref.bibl. Populac¸ão Intervenc¸ão Grupodecontrolo Resultados(outcomes) Tipodeestudo Qualidade
(1-10) Nelson
etal.12
n=825
Enfermeiros
Foramimplementadasasseguintesmedidas:
(1)Protocolodeavaliac¸ãoergonómicadasituac¸ãode
trabalho;
(2)Algoritmodeavaliac¸ãoedecisãodatécnicade
mobilizac¸ãoautilizar;
(3)ExistênciadeumprofissionalperitoemSST;
(4)Equipamentomecânicoparamobilizac¸ãodedoentes
emnúmerodefinidoapósavaliac¸ãoergonómica;
(5)Aprendizagemcomoerro/incidentes(afteraction
reviews);
(6)Políticade«nãorealizarlevantemanual»
Foramavaliados osdados decorrentesda práticahabitual, anteriorà intervenc¸ão
TaxasdeLMELT:diminuiude24/100para16,9/100
trabalhadores
Diasdetrabalhocomrestric¸ões:desceude1.777para
539dias
Médiadediasdetrabalhoperdidos(absentismo):
desceude14,2diaspara10,5dias/LMELT.Apercec¸ãode
inseguranc¸anamobilizac¸ãodedoentesreduziucom
significânciaestatística(p=0,027)
Síntesecusto-benefício:numperíodode10anos
poupam-se204.599dólares/ano.Ocapitalinvestidoem
materiaiseformac¸ãodosrecursoshumanosé
recuperadoaofinalde3,75anos
Oprogramatevesucessoacurtotermo,masé
necessáriamaioravaliac¸ãonoimpactoalongotermo
Observacional Longitudinal, retrospetivoe prospetivo 9,5 Black etal.23 n=776 Profissionaisde saúde, prestadoresde cuidadosdiretos
Estudoem3hospitaisdediferentesdimensões
Foramimplementadasasseguintesmedidas:
(1)8hdeformac¸ãoteóricaemanatomia,LMELT,
mecânicacorporal,saúde,técnicasdemobilizac¸ãode
doentes,avaliac¸ãonormalizadadotipodedependência
dodoente,ealgoritmosdedecisãodatécnicade
mobilizac¸ãoautilizar;
(2)Formac¸ãopráticadastécnicasdemobilizac¸ão.
Obrigatóriomanter:1hdeformac¸ãoporanoou4hem
cada3anos
(3)Algoritmosdeapoioàmobilizac¸ãoafixadosnos
placardsdosservic¸osejuntoascamasdosdoentes
(5)Equipamentomecânicodeassistênciaàmobilizac¸ão
dedoentesapósavaliac¸ãodasituac¸ãodetrabalho
Trêshospitais semelhantesaos dogrupode intervenc¸ão Nãohouve qualquer intervenc¸ão
Houveumareduc¸ãosignificativadastaxasdeLMELTe
detempodetrabalhoperdidonogrupodeintervenc¸ão
(p=0,013).Amagnitudedereduc¸ãovariaconsoanteo
tipodehospital:asreduc¸õesmaisevidentes
verificam-senoshospitaismaispequenos(RR=0,69;
95%IC=0,6-0,8;p<0,0001)
Ocustoeosdiasdetrabalhoperdidosporlesão
diminuíramapósaintervenc¸ão.Houve41%dereduc¸ão
doscustosporLMELTapósaintervenc¸ãoeamédiade
diasdetrabalhoperdidosdiminuiude35,99para16,2
dias
Aimplementac¸ãodeumprogramamutifatorialde
prevenc¸ãodeLMELTdecarizsistémicoreduz
significativamenteosdiasdetrabalhoperdidosea
incapacidadeassociadaàslesõesprovocadaspela
mobilizac¸ãodedoentes
Observacional longitudinal
98
rev port saúde pública.2014;32(1):89–105 T abela 5 (Continued ) Ref. bib l. P opulac ¸ã o Interv enc ¸ã o Grupo de contr olo Resultados (outcomes) T ipo de estudo Qualidade (1-10) Hignett et al. 26 Não há referência ao n. ◦ total de participantes Participar am 16 servic ¸o s (cuidados de saúde primários e secundários) Os 16 servic ¸o s participantes formar am os seus tr a balhador es se gundo o man ual de competências das mobilizac ¸ões man uais do Ro y a l College of Nur sing , que lista 63 competências a 3 nív eis: supervisor es das mobilizac ¸ões, g estor de servic ¸o e membr os da equipa. Os temas que a b rang e são vários: (1) P olítica e estr atég ia or g anizacional; (2) Com unicac ¸ão; (3) F ormac ¸ã o e tr eino prático; (4) Desempenho físico e tempo de realizac ¸ã o da tar efa; (5) Supervisão; (6) Limitac ¸ões indi viduais Estes temas for am in v estig ados atr a vés de várias fontes: análise postur al dur ante a realizac ¸ã o das técnicas de mobilizac ¸ã o , análise documental e entr e vistas, de modo a a v eriguar a concor dância com as recomendac ¸ões Não houv e grupo de contr olo Os servic ¸o s com maior concor dância com as competências do man ual de mobilizac ¸ões do Ro y a l College of Nur sing têm técnicas de tr a balho mais se gur as par a as técnicas a v aliadas Po r v ezes as orientac ¸ões pr ofissionais não estão de acor do com a e vidência da in v estig ac ¸ã o Os pr ofissionais dos servic ¸o s com maior in v estimento na cultur a de se gur anc ¸a demonstr am ter maior capacidade de decisão relati v amente à mobilizac ¸ã o do doente e apr esentar am nív eis inferior es de e xposic ¸ã o aos fator es de risco relacionados com a ati vidade . A formac ¸ã o baseada em tr eino de competências par a a mobilizac ¸ã o de doentes influencia os comportamentos dos enfermeir os e fa v o rece a cultur a de se gur anc ¸a , o que se e videncia na reduc ¸ã o dos nív eis de risco de LML T com o método REB A nas difer entes situac ¸ões de mobilizac ¸ã o de doentes Observ acional long itudinal 7doentes, verifica-sena variável «intervenc¸ão»quetodos os
estudos ensinam e treinam astécnicas de mobilizac¸ão de
doentessegundoosprincípiosmaisadequadosnaperspetiva
daergonomia.Oquediferenosprogramasdeformac¸ãoéo
tempolecionadoeométododeensino.Emrelac¸ãoaotempo,
nosestudosdeHodderetal.27edeNussbaumetal.13
optou--sepelaformac¸ãointensiva,emdiasconsecutivos,enquanto
nosestudosSchibyeetal.28, Johnssonet al.31 eHartivigsen
etal.25operíodotemporalfoimaisalargado(6mesese2anos).
Emambososcasosnãoseencontraramdiferenc¸as
significa-tivasaoníveldosresultados.Assimsendo,presume-seque
oaumentodotempodeformac¸ãonãoconduzàmodificac¸ão
decomportamentosdosprofissionaisdesaúdenosentidodas
técnicasrecomendadasparaamobilizac¸ãodedoentes.
Relativamenteaométododeensinonos5estudos
identifi-cados,sobressaem3:formac¸ãotradicional(professor-aluno),
formac¸ãocomapoiodospareseQualityLearningCircles.Em
todos os estudos nãose verificaramigualmentealterac¸ões
significativas. Alguns autores como Trinkoff et al.35
refe-rem que a formac¸ão tradicional não tem conseguido ser
eficaznamanutenc¸ãodecomportamentosacurtoprazo.No
entanto,aindasegundoomesmoautor,seriaexpectávelque
aformac¸ãoapoiadapelosparesfossemelhoraceitepelos
pro-fissionaisdesaúdeumavezqueéministradaporumcolega
(influente)deequipa,conhecedordasrotinasedificuldades
diárias.Nosresultadosencontradosnapresenterevisão
siste-máticanãoseverificounenhumimpactodevidoàutilizac¸ão
destametodologiadeformac¸ão.
Relativamente aosestudos de Hodderet al.27 eSchibye
etal.28,tenta-sereforc¸aroefeitopositivodaformac¸ão
inten-siva. Refere-sequeaformac¸ãopermitereduzirasposturas
extremas e os desvios da coluna vertebral, assimcomo a
atividademuscular,diminuindoacarganaregiãolombare,
consequentemente,oriscodelesão.Essesresultadossão
rela-tivamenteexpectáveis,umavezqueaavaliac¸ãodoimpacto
da medida foirealizadanoimediato, quandoosconteúdos
daformac¸ãoaindaestãomuitopresentesnosparticipantes,
oquelevaaumamaiorconcordânciacomastécnicas
preco-nizadas.Osautoresreferemtambémque,quandoatécnica
recomendadademobilizac¸ãododoenteéaplicada,oriscode
lesõesmusculoesqueléticasdacolunalombardiminui,oque
reforc¸a a necessidade de pensar em estratégias eficazes
quelevemaqueosprofissionaisdesaúdecumpramos
proce-dimentosemovimentosrecomendados.
Os estudos identificados não conseguem comprovar a
mudanc¸a decomportamentosaolongodotempo.Além de
seremrealizadosemambientedelaboratório,comuma
amos-tra bastante pequena (n=22 e n=9, respetivamente), não
realizaramfollow-updosparticipantes,peloquenãoé
possí-velavaliaroimpactodaformac¸ãointensivanamudanc¸ade
comportamentos.
Osresultadossustentamqueaformac¸ãonãodeverásera
únicaintervenc¸ãodoprogramadeprevenc¸ãoe,em
concor-dânciacomoutrosautores36–38,verifica-sequeosprogramas
deformac¸ãointensivasobremobilizac¸ãodedoentesnão
pre-vinemasLMELTnosenfermeiros.
TambémosresultadosencontradosporJohnssonetal.31,
comumaamostrademaiordimensão,sãocongruentescom
os resultados anteriores. Nesse estudo concluiu-se que a
rev portsaúde pública.2014;32(1):89–105
99
colaborac¸ãoconduziramàmelhoriadatécnicautilizada.Após
aformac¸ão,osparticipantesmelhoraramatécnicade
trans-ferência de doentes e referiram maior conforto durante a
realizac¸ãodoprocedimento.Nesteestudoexistea
particulari-dadeda utilizac¸ãodeummodelode análisedas condic¸ões
em que se mobiliza o doente. De acordo com a sua
pró-pria capacidade, os recursos e necessidades do doente e
limitac¸õesdoambiente,oprofissionaldesaúdedeve
selecio-naratécnicamaisadequada.Aeficáciadestemétodotambém
nãofoidemonstrada,poisnãoseverificouadiminuic¸ãodo
número de queixasde LMELT pelosprofissionais de saúde
envolvidos.
Oconstanteinsucessodosprogramasdeformac¸ão
inten-siva dos profissionais de saúde acerca das técnicas de
mobilizac¸ãododoenteprende-secomofactodesefocalizar
nainformac¸ãoaotrabalhador,negligenciandoarelac¸ãoentre
opostodetrabalho,oambiente,aorganizac¸ãoeotrabalhador,
eaindacomofactodeosprogramasnãoserem
incorpora-dosanívelorganizacional5.Devidoaocaráctermultifatorial
inerenteàgénesedasLMELT,aoabordaraproblemáticada
prevenc¸ão das LMELT através de programas de formac¸ão
exclusivasobretécnicasdemobilizac¸ãodedoentes,significa
estruturara intervenc¸ãoaonívelda ponta doicebergdeste
problemaocupacional.
Segundoalgunsautores,de quesedestacaKjellberg5,o
conceitodebase«atécnicadetrabalho»aindanãofoi
suficien-tementeelucidado,motivopeloqualseinsistenestetipode
programas.Essatécnicadetrabalhoimplicaumadeterminada
metodologiaevariadetrabalhadorparatrabalhador.É
tam-béminfluenciadapelosfatoresligadosaotrabalho(atarefa
emsi,odesignecircuitosdolocaldetrabalho,aorganizac¸ão
dotrabalho,os recursoshumanosalocados,entreoutros) e
ligadosaoindivíduo(porexemplo,idade,sexo,características
antropométricas, capacidade física, motivac¸ão, capacidade
de resoluc¸ãode problemas, formac¸ãoetreino dométodo).
Pelofactodeserinfluenciadaporfatoresligadosaotrabalho
e ao trabalhador, a (re)aprendizagem dos gestos
profissio-nais com o intuito de reduzir a suscetibilidade individual
nãodevesubstituiraintervenc¸ãoprioritáriasobrea
melho-riadascondic¸ões de trabalho39 (nosentidomaisamplo do
termo).
Assim,devidoaocarizmultifatorialnaorigemdasLMELT,
subsisteanecessidadedemaisestudosnestaárea.
Emsíntese,osresultadosdapresenterevisãosistemática
nãosuportamosprogramasdeformac¸ãoexclusivados
pro-fissionaisdesaúdesobremobilizac¸ãodedoentesnocontexto
daprevenc¸ãodasLMELTanívellombar.
b)Estudoscomprogramadeformac¸ãosobremobilizac¸ão dedoentesecomprogramadeexercíciofísico
Tendoainda emcontaasestratégiascentradasno
indi-víduo, identificou-se um estudo que referia um benefício
adicional da prática de exercício físico com o intuito de
melhoraracapacidadefísicadoprofissionaldesaúde,
cumula-tivamentecomformac¸ãosobreastécnicasdemobilizac¸ãode
doentes.Apesardisso,oestudodeWarmingetal.29concluiu
queaimplementac¸ãodeumprogramadeformac¸ãosobre
téc-nicasde transferênciadeformaisoladaouemcombinac¸ão
comumprogramadeexercíciofísico,numaequipade
enfer-magemanívelhospitalar,quandocomparadacomumgrupo
decontrolo,nãoevidenciadiferenc¸asestatísticasanívelda
dorlombarautoreferida,doníveldedor,dasincapacidades
resultantesedosregistosdeabsentismopordoenc¸aapósum
anodefollow-up.
Seriaesperadoqueumindivíduocomumaboacapacidade
físicaestivessemelhorpreparadopararealizarumatarefa
fisi-camente maisexigente e tivesse, por isso,menor risco de
lesãomusculoesquelética.Noentanto,julga-sequedevidoà
exposic¸ãomultifatorialaosfatoresderiscorelacionadoscom
aatividade,organizacionais epsicossociaisnãofoipossível
obter inferências deste tipo, isto é,a intervenc¸ãocentrada
sobre o indivíduo revelou-seinsuficiente para a prevenc¸ão
nessecontexto.
Nas conclusões da sua revisão sistemática, Silverstein
etal.32 referemqueexisteevidênciamuitolimitadadeque
o exercício físico, entendido como fator de risco
indivi-dual, tenha algumefeito positivo na prevenc¸ão das LMELT
aníveldacolunalombar.Noentanto,temefeitos positivos
narecuperac¸ãodealgumaslesõesdosistema
musculoesque-lético.EstesresultadossãocongruentescomosdeWarming
etal.29,queevidenciamamelhoriada(in)capacidadedogrupo
que cumpriuum programade formac¸ãoede treino físico,
demonstrandoqueoexercíciofísicodeveráserumconceito
adicional nos programasde prevenc¸ão da dor lombar nos
enfermeiros.
Dawson et al.36, por seu lado, encontraram informac¸ão
contraditória:identificaramumestudobaseadonoexercício
físicorealizadoemcasa,notempodelazer,querevelanão
existirumareduc¸ãona sintomatologialombar,noentanto,
identificaram outro estudo que demonstrou que o
exercí-cio físico, quando orientado no local de trabalho por um
fisioterapeuta,reduzaintensidadeeaprevalênciadador
lom-bar.
Estudosposterioresa2008–anoemqueforam
publica-dososdadosdeWarmingetal.29–comoodeEwertetal.40
apenasconfirmaramosbenefíciosnarecuperac¸ãodelesões
musculoesqueléticas.BelleBurnett41verificaramqueexiste
substantivaevidênciadequeoexercíciofísicoreduza
inten-sidadedadorlombar.Noentanto,devidoàreduzidaqualidade
metodológicadosestudosedapresenc¸aderesultados
contra-ditórios,existereduzidaevidênciaeparticularmentelimitada
(insuficiente informac¸ão) de que o exercício físico
contri-buaefetivamente para areduc¸ão dador lombarnoslocais
de trabalho com exigências de mobilizac¸ão de cargas.
Tul-laret al.32, numarevisãosistemática,identificaramapenas
um estudo, pelo que se considera não existir informac¸ão
suficientequepermitageneralizarsejaoquefornesse
con-texto.
Segundoasdiretrizes europeiasparaprevenc¸ão da
lom-balgia, o exercício físico é recomendado na prevenc¸ão do
absentismolaboral,nadiminuic¸ãodasqueixasenaprevenc¸ão
defuturosepisódiosdelombalgias42.
Emsíntese,noessencial,nãoépossívelobterconclusões
sobreainfluênciadosprogramasdemelhoriadacapacidade
física combaseapenasnoresultado deWarming etal.29 e
sugere-searealizac¸ãodemaisestudosnestaárea.Reforc¸a-se
tambémaideiadequeainclusãodeprogramasde
melho-riadacapacidadefísicapoderáserumaetapaaintegrarem
100
rev port saúde pública.2014;32(1):89–105c)Estudoscomprogramadeformac¸ãosobremobilizac¸ão dedoenteseintroduc¸ãodeequipamentomecânicodeapoio àmobilizac¸ãodedoentes
Relativamenteàintervenc¸ãocombaseemprogramasde
formac¸ãoeprogramasdeintroduc¸ãoeutilizac¸ãode
equipa-mentosmecânicosdeapoioàmobilizac¸ãodedoentes,foram
identificados2estudos:Yassietal.30eDaynardetal.24,sendo
queosegundoderivadodelineamentodoprimeiro.
Yassi et al.30 verificamque um programade formac¸ão/
treinocombinadocomadisponibilidadeeutilizac¸ãode
equi-pamentosdeassistênciaàmobilizac¸ãodedoentesapresenta
melhoresresultadosnapromoc¸ãodoconfortodos
profissio-naisdesaúdeduranteastécnicasdemobilizac¸ão,diminuio
cansac¸odaequipaeacargafísicaexigida.Osresultadosdesse
estudosãoreconhecidosporoutrosautores17,36,43,44.
Kjellberg5,emconcordânciacomYassietal.30,refereque
acombinac¸ãodeprogramasdeformac¸ãoedeintroduc¸ãode
equipamentosdemobilizac¸ãodedoentesdemonstraníveis
mais elevados de bem-estar na equipa euma maior
con-cordância com os conteúdos do programa de formac¸ão,
comparadoscomosprogramasexclusivamentedeformac¸ão
ou centrados sobre o trabalhador. A mesma autora refere
que,emconsequênciadadisponibilidadedoequipamentode
transferênciaepequenasintervenc¸õesnaáreadetrabalho,se
observaumamenorprevalênciadesintomas
musculoesque-léticos,emoposic¸ãoaumprogramaexclusivodeformac¸ão.
Nessecontexto,aescolhadaestratégiadeintroduc¸ãode
equipamentos de apoio à mobilizac¸ão tem sido preferida
pormuitos investigadores, porqueé umaintervenc¸ãocom
alterac¸ões permanentes no procedimento de abordagem à
mobilizac¸ãododoentequereduzetendencialmenteelimina
orisconasuaorigem34.
Apesardisso,énecessáriaalgumaprudêncianaintroduc¸ão
denovoequipamento.Equiparosservic¸oscomnovos
disposi-tivosdeassistênciaàmobilizac¸ãodedoentesnãosignifica,
porsisó, que aequipa ospassará a utilizarno seu
dia-a--dia45. Por um lado, é necessária formac¸ão acerca da sua
corretautilizac¸ão/manuseamento,poisumamobilizac¸ãode
doentesrealizadaincorretamentecom equipamento
mecâ-nico pode provocar idêntico nível de carga no sistema
musculoesquelético que uma mobilizac¸ão realizadacom a
técnica manual33. Por outrolado, éigualmenteimportante
proceder-seaumacorretaavaliac¸ãodotrabalhoreal,
nomea-damenteaumaanálisedasposturasassumidas/observadas,
dasequênciademovimentos,dafrequênciadosmesmos,a
umaavaliac¸ãodosmomentosde aplicac¸ãode forc¸a,assim
como da componentecognitiva dotrabalho, em particular
dosprocessosdeanálisedadecisãoparaaac¸ãoerespetivo
controlo/regulac¸ão20.
A escolha do equipamento deve decorrer da avaliac¸ão
do trabalho real: além da escolha do equipamento
ade-quadoaoobjetivopretendido énecessárioter emcontaas
diferenc¸assubstantivasentreosdoenteseosdiversos
apa-relhosdisponíveisnomercado.Aaceitac¸ãodoequipamento
pelosprofissionais desaúde éum fatormuito importante,
sendo que uma correta avaliac¸ão é um facilitador à sua
utilizac¸ão34.OsresultadospositivosobtidosnoestudodeYassi
etal.30 derivaramdeumacorretaavaliac¸ãodotrabalhoreal
e da disponibilizac¸ão de equipamento adequado ao grupo
deintervenc¸ão(grupoC),emrelac¸ãoàfrequênciaeà
ativi-dadedesempenhada,queseenquadrounotrabalhodiárioda
equipa.
NoestudodeYassietal.30aavaliac¸ãocingiu-seaosfatores
deriscorelacionadoscomaatividade,havendopoucoenfoque
nosfatoresderiscoindividuais,sociaiseorganizacionais,o
quealongoprazopoderáconstituirumviésdevidoàorigem
multifatorialdasLMELT.
Aindanesseestudo,aintroduc¸ãodeequipamentos
mecâ-nicosdeapoioàmobilizac¸ãodedoentesoriginouumaumento
dostemposdetransferência.Naprática,avelocidadeda
trans-ferência continua a serreferida como um dos critérios de
suportepelaopc¸ãodatécnicamanual.Omanuseamentodo
equipamentoimplicaorecursoaposturas,porvezes,
extre-mas durante a colocac¸ão dodoente sobreo equipamento.
Daynardetal.24verificaramqueousodeequipamento
aumen-touacargaacumuladanacolunalombar,porvezessuperior
àreferidacomatécnicamanual.
Daynard et al.24 concluíram que a existência de novos
equipamentosnoprogramadeprevenc¸ãodeLMELTresultou
numamaioraceitac¸ãodastécnicasdemobilizac¸ão
recomen-dadas.Aintroduc¸ãodeequipamentonasáreasdetrabalhode
prestac¸ãodecuidadosadoentesdependentesreduzacarga
associadaàsuamovimentac¸ãoeéumamedidacomelevados
benefíciosumavezqueamaioriadaslesõesdosprofissionais
de saúde,nomeadamentedosenfermeiros, resultadeuma
elevadafrequênciaderealizac¸ãodeatividadesquetêm
exi-gências físicaseque dãoorigem àpresenc¸adesintomase
dor–aslesõesocorremeagravam-selentamenteaolongodo
tempodevidoàaplicac¸ãodeforc¸a,àrepetic¸ãodegestose/ou
posturasextremas34,39,46.
OsestudosdeYassietal.30eDaynardetal.24,emgeral,
revelam melhores resultados na combinac¸ão da formac¸ão
(medida centradanoindivíduo)com a introduc¸ãode
equi-pamentomecânicodeassistênciaàmobilizac¸ãodedoentes
(medida centrada no posto de trabalho), do que um
pro-gramadeformac¸ãointensivaapenascomrecursoatécnicas
demobilizac¸ãodedoentes.Alémdisso,reforc¸amaideiade
quenenhumprogramadeintervenc¸ãoexclusivadeveráser
recomendado.
Ficamaindaporanalisardiversasvariáveisque
condicio-namotrabalhoreal,nomeadamenteoambientedetrabalho,
as características psicológicas e sociais em que ocorre a
prestac¸ãodecuidadoseascondic¸õesorganizacionaisdo
tra-balho,oquepermitequestionarosucessodestacombinac¸ão
deprogramasereforc¸aanecessidadedeabordaroproblema
como umtodo, istoé,tendoemcontaainterac¸ãoentreas
condicionantesdotrabalho,aatividadedetrabalhoeos
resul-tados,querparaotrabalhadorquerparaosistemaprodutivo
eparaodoente.
d)Estudoscomprogramadeintervenc¸ãomultifatorial (sis-témicos)
Emoposic¸ãoaosprogramasdeformac¸ãoexclusivasobre
técnicas de mobilizac¸ão de doentes, a implementac¸ão de
programasmultifatoriaisdecarizsistémicodemonstrauma
evidência científicarobusta queo risco deLMELT nos
pro-fissionaisdesaúdediminuisignificativamente.Osresultados
encontradosporNelsonetal.12,Blacketal.23eHignettetal.26
rev portsaúde pública.2014;32(1):89–105
101
Nosestudosidentificadosaformac¸ão(geralmente
minis-trada através dos pares) é aliada a várias estratégias tais
como a (i) avaliac¸ão da situac¸ão de trabalho com a
con-sequenteintervenc¸ão ergonómica, (ii) aimplementac¸ão de
algoritmos de decisão de apoio à mobilizac¸ão de doentes,
(iii)aaprendizagemcomoerro/incidentes(afteractionreviews),
(iv)aintroduc¸ãodeequipamentosmecânicosdeassistência
àmobilizac¸ãoe(v)aadequac¸ãodaspolíticasorganizacionais,
emparticularanívelderecursoshumanos.
Defacto,nos3estudosidentificadosdestaca-sea
perspe-tivasistémicaeintegradoradaabordagemdassituac¸õesreais
detrabalho.Nessecontexto,éametodologiadaanálise
ergo-nómicadotrabalho,porprivilegiaraavaliac¸ãodasrelac¸ões
entreotrabalhadoreosistemacomointuitodegarantir,por
umladoasaúde,aseguranc¸aeoconfortodotrabalhador,e
poroutrolado,amelhoriadaprodutividadeemqualidadee
quantidade,queserevelamaisadequada.Estaperspetiva
per-mitenãosócompreenderotrabalho–comoéorganizadoe
comoserealizanoconcreto–comotambémproduzir
conheci-mentosobreaadequac¸ãodoenvolvimentofísico,tecnológico
eorganizacional,nomeadamenteàsexigênciasfísicase
cog-nitivas,àscapacidadeshumanas,permitindoaantecipac¸ão
dafuturaatividadedetrabalho,prevenindoasdesarmonias
entreoenvolvimentoeotrabalhador47.
A mobilizac¸ão de doentes realizada pelos profissionais
de saúde ocorre, na sua maioria, em unidades de saúde
que,atualmente,apresentamelevadacomplexidade
tecnoló-gica,instrumentalefísica,comconstantepressãotemporal
e tensão associadas à prestac¸ão de cuidados de saúde de
qualidade.Emparalelo,observa-seumagrandediversidade
de profissionais de saúde, cada vez mais envelhecidos e
maioritariamente do sexo feminino, enquanto o trabalho
se mantém fisicamente exigente e realizado por turnos,
incluindo o trabalho noturno. Estas particularidades
(fato-resde risco) podem seruma ameac¸a (risco)para a saúde
eseguranc¸adosprofissionaisde saúdenasituac¸ão realde
trabalho,enquantoseesforc¸amparaatingirodesempenho
esperadopelaorganizac¸ão47.
Frequentemente as organizac¸ões desvalorizam a
varia-bilidade individual e do sistema (consideram o trabalho
estável),e,emconsequência,assituac¸õesderisconãosão
antecipadas47. Faria et al.48 referem que as organizac¸ões
hospitalares portuguesas apenastêm valorizado, de forma
fragmentada,ascondic¸õesdetrabalho,emparticularos
aspe-tosdoambientefísico,desvalorizando,queroindivíduoquer
asuaatividaderealdetrabalho.
Autilizac¸ãodametodologiadaanáliseergonómicado
tra-balhoirápermitiràsorganizac¸õescompreendermelhoresse
trabalho, contribuindo para soluc¸ões que, através de uma
intervenc¸ãosobreosfatoresdeterminantesdotrabalho,
per-mitaaadaptac¸ãodosespac¸os,equipamentoseprocessosàs
características,capacidadeselimitac¸õesdostrabalhadores,
ecrieharmoniaentreohomemeo ambientedetrabalho.
Adiminuic¸ãodoabsentismoresultantedosacidentesedas
doenc¸asprofissionaiseoaumentodorendimentoeda
pro-dutividadeindividualecoletivaserãoosprincipaisbenefícios
paraasorganizac¸ões47,48.
OestudodeNelsonetal.12referequeaimplementac¸ãode
umprogramamultifatorialdecarizsistémico,numperíodode
10anos,permitiriapouparcercade205.000dólaresporanoàs
organizac¸õesenvolvidas.Estima,inclusive,recuperaro
capi-talinvestidoemmateriaiseformac¸ãodosrecursoshumanos
numperíodode3,75anos.OsresultadosdeBlacketal.23
tam-bémmostramresultadossemelhantes,com41%dereduc¸ão
doscustosporlesãoapósaintervenc¸ão,sendoqueamédia
dediasdetrabalhoperdidosdiminuiriamaisde50%,de35,99
diaspara16,2dias.
OsresultadosreferidosestãodeacordocomaOsha49,cujos
dadosde2009indicamapossibilidadedeumapoupanc¸ade
150.000dólaresnoscustosdecompensac¸ãodostrabalhadores
pordoenc¸anumperíodode5anos,umareduc¸ãode55%dos
diasdetrabalhoperdidospordoenc¸aeumareduc¸ãode45%
delesões associadasàmobilizac¸ão(incluindoolevante)de
doentesnos4anosseguintesàimplementac¸ãodoprograma
multifatorial(queincluiequipamentomecânicode
assistên-ciaàmobilizac¸ãodedoentes,políticade«nãorealizarlevante
manual», emcombinac¸ão com formac¸ãosobre técnicas de
mobilizac¸ãodedoentes)com6anosdedurac¸ão.
No estudo de Brophy50 a implementac¸ão de um
pro-grama multifatorial (com base na metodologia de
aná-lise e intervenc¸ão ergonómica no local de trabalho e
a disponibilizac¸ão de equipamento mecânico) com uma
durac¸ãode7anospermitiuumareduc¸ãodecustosnaordem
dos200.000dólaresparaos98.000dólares,relativamenteàs
lesõesaníveldacolunalombar.
Aintervenc¸ãosistémicaintegra,dessemodo,aelaborac¸ão
de soluc¸ões centradas nas condic¸ões de trabalho, na
organizac¸ãoenaadequac¸ãodosdispositivostécnicose
poste-riormentecentradasnotrabalhador,nomeadamenteatravés
da sua formac¸ão e informac¸ão47. Por outras palavras, as
intervenc¸ões devem privilegiara (i) adequac¸ão do
envolvi-mento (físico,tecnológico eorganizacional) à variabilidade
dascaracterísticas,capacidadeselimitac¸õeshumanas,(ii)
evi-taraexposic¸ãoafatoresderiscodolocaldetrabalhoacima
deníveisaceitáveis,odesgasteprematurodostrabalhadores,
bemcomoafadigafísicaementalquepossamcontribuirpara
ocorrênciadeacidentes,(iii)garantiramanutenc¸ãodoestado
desaúdedostrabalhadoresduranteasuavidaativae(iv)
apos-tarnamelhoriaenoaumentodaqualidadedeproduc¸ão47.
Aabordagemsistémicadevecontemplarmedidascomo47:
• Aconcec¸ãodeespac¸osadequadosàatividade,sendoqueo
designdosservic¸oshospitalaresdevegarantiraflexibilidade
eadaptabilidadedosistema;
• Reorganizac¸ãotemporaldotrabalho;
• Selec¸ãodeequipamentosadequadosàfunc¸ãoeaos
utiliza-dores;
• Introduc¸ãodeajudastécnicas(hardwareesoftware)paraa
diminuic¸ãodaprobabilidadedeerro;
• Integrac¸ãodeprogramasdepromoc¸ãodasaúdeeseguranc¸a
dosprofissionaisdesaúde(nomeadamenteprogramasde
gestão do stresse, de promoc¸ão da atividade física,
deformac¸ão/informac¸ão,etc.);
• Análisedafiabilidadedossistemasdetrabalho.
A implementac¸ão de algoritmos de apoio à decisão na
mobilizac¸ãodedoentes,afixadosnosplacardsdosservic¸ose
juntoàscamasdosdoentes,sãoconsideradoscomo
ferramen-tas de ajuda (fundamentalmente cognitiva) que auxiliarão
102
rev port saúde pública.2014;32(1):89–105científicanaprática,diminuindoaatualdiversidadede
abor-dagensaodoenteduranteasuamobilizac¸ão12,23,26,35.
Anormalizac¸ãodeprocedimentoseprocessosque
redu-zemanecessidadedememóriaacurtoprazoegarantemque
semantenhamosníveisdeseguranc¸aefiabilidade,incluindo
aimplementac¸ãode algoritmosde decisão,permitirão
uni-formizaraabordagemaoutenteetornarsegurasasdecisões
acercadamobilizac¸ãodecadadoente35,47.
Aintroduc¸ãodeequipamentomecânicojátinha
evidenci-adoserumamais-valianosestudosdeYassietal.30eDaynard
etal.24,esurgenosprogramasmultifatoriaisdecarizsistémico
comoumaetapaindispensável.Osequipamentosdevemser
perspetivadosdeacordocomasuadisposic¸ão/configurac¸ão
(func¸ão,importância,frequênciaesequênciadeutilizac¸ão)e
comoseurelacionamentocomoscomponentesdasituac¸ão
de trabalho (comunicac¸ão,controlo emovimento). Éainda
importantequeexistaumafacilidadedeinterac¸ãoentreo
pro-fissionaldesaúdeeoequipamento,comsequênciaslógicas
deprocedimentosquefacilitemamemorizac¸ãoeaaceitac¸ão
peloutilizador.Casocontrário,asuautilizac¸ãoserá
compro-metidaeorecursoàmobilizac¸ãomanualdodoenteseráuma
constante47.
Aaprendizagemcomoerro/incidentes(afteractionreviews)
surgetambémcomoumaetapadoprogramamultifatorialdo
estudodeNelsonetal.12.Estetipodeestratégiaéconsiderada
para alguns autores como uma ferramenta extremamente
importante.Quandobemutilizada,conduzoprocesso ativo
deformac¸ãodasequipasdesaúde51.
Em simultâneo, a notificac¸ão dos eventos adversos
constitui, também, um novo desafio devido ao problema
da subnotificac¸ão das LMELT, todavia é crucial para a
implementac¸ãodestaestratégia52. Oobjetivodanotificac¸ão
deeventosadversosoupotenciaissituac¸õesderiscoé
apren-dercomoserros,difundirinformac¸ãoeintroduzirmudanc¸as
nossistemasounaspráticas,deformaaevitarqueos
mes-moserrosserepitamnofuturo20.Quandooconhecimentoé
partilhadonoslocaisdetrabalhopodetornar-setransferível
ouaplicávelnoutrassituac¸ões,contribuindoparaminimizar
aprobabilidadedeeventosadversos.Areflexãosobreos
acon-tecimentosproporcionanãoapenasummomentodeanálise
dosobjetivosaatingiredeavaliac¸ãodoserrosinerentesao
processoaserrefletido,comotambémummomento
facilita-dordacomunicac¸ãodaequipadesaúdequecontribuiparaa
saúdeeseguranc¸adeprofissionaisdesaúdeedoentes35,53.
Osestudoscomprogramasmultifatoriaisidentificadosna
presenterevisãosistemáticadestacam2medidasanível
orga-nizacional,nomeadamenteaimplementac¸ãoda políticade
«nãorealizarlevantemanual»eadefinic¸ão(por escrito)do
guiãodecompetênciasda mobilizac¸ãodedoentes(manual
oucom recurso a equipamento mecânico).Hignett et al.26
referemascompetências,designadamenteoconhecimento,
ascapacidadeseasatitudes quedevemseradotadospara
minimizarorisco.Oobjetivopassaporminimizaradistância
entreateoriaeaprática,conduzindoàmudanc¸adeatitudese
comportamentos.Nofundo,trata-se,comojáfoireferido
ante-riormente,denormalizarosprocedimentosdeacordocomo
conhecimentocientífico.
Nos programas multifatoriais de cariz sistémico a
formac¸ão/informac¸ão ao trabalhador surge no seguimento
(emparaleloouapós)seremimplementadasac¸õesnosistema.
Aformac¸ãosobreamobilizac¸ãodedoenteséimportantepara
arealizac¸ãodeumatécnicacorreta,queexponhao
profissio-naldesaúdeaummenorrisco(ouaceitável)aquandodasua
realizac¸ão.
Hignettetal.26referemqueaformac¸ãodeveincluira
super-visãodiárianapráticaedelinearestratégiasdefacilitac¸ãoda
resoluc¸ão deproblemas,referindo,talcomoBlack etal.23e
Nelsonetal.12,avantagemda utilizac¸ãodosalgoritmosde
decisão.Osresultadosencontradosparecemevidenciarque
aformac¸ão,quandoministradadeacordocomcompetências
organizacionaispré-definidas,favoreceaculturadeseguranc¸a
noquerespeitaàmobilizac¸ãodedoentes.
Outrasestratégiasorganizacionais,nomeadamenteasde
minimizac¸ãodafadigadosprofissionaisdesaúde,nãoforam
identificadasnestarevisãosistemática.Afadigaresultantede
longosperíodosconsecutivosdetrabalho,dotrabalhonoturno
eporturnosestánaorigemdeumelevadonúmerodeerros,
emgeral35,54.Julga-se,nessecontexto,igualmenteimportante
para aprevenc¸ão das LMELT o estudo das estratégias que
reduzemafadigaequepermitemalimitac¸ãodehoras
conse-cutivasdetrabalho,poisosníveisdedesempenhoeaatenc¸ão
durante anoite,ouapósmuitashorasconsecutivasde
tra-balho, nãosão possíveis demanter aumnível compatível
comodesempenhoexigidopelaseguranc¸adodoente52,53,55,56.
Emparticularaonívelda enfermagem,elevadasexigências
físicas, de cargas e de trabalho, aliadas, por um lado ao
aumentodassolicitac¸õeseàincorretadistribuic¸ãodos
enfer-meiros pelosservic¸os,eporoutroàreduc¸ãodepessoaleà
diminuic¸ãodotempodeinternamento,julga-seestaremna
basedoaumentodafadigaedaprobabilidadedeerrodurante
aprestac¸ãodecuidadosdesaúdeaosdoentes.
Destaca-se,ainda,oesperadoefeitodecorrenteda
inver-são da pirâmide etária, designadamente o envelhecimento
dapopulac¸ão,quesejulgairáprovocarumaumentoda
pro-curadecuidadosdesaúde.Tal,associadoàdiminuic¸ãodos
recursos humanos da saúde e também ao seu
envelheci-mento,eàsuautilizac¸ãocomosedeumtrabalhoindustrial
setratasse(linhadeproduc¸ão),reduzirá,consequentemente,
o tempo destinado a cada doentee aumentará o risco de
acidente edoenc¸as profissionais34,47,54.Éimportantereferir
que, segundo Markkanenet al.52, baseando-seem Goetch,
o sucessodeumprogramamultifatorial decariz sistémico
depende de5elementos:(i) tipodelideranc¸adoprograma,
(ii) política adotada (e sempre que possível colocada por
escrito),(iii)envolvimentodotrabalhador,(iv)monitorizac¸ão
contínuae(v)implementac¸ãodeajustamentosbaseadosnos
resultadosdamonitorizac¸ãocontínua.
Importareferirtambémqueapresenterevisãosistemática
comporta algumaslimitac¸ões, devidas sobretudoà
hetero-geneidade dosestudosanalisados,oquetornadifícil asua
comparac¸ão.
Conclusões
Os cuidados de saúde implicam mobilizac¸ão de doentes,
incluindoasuamovimentac¸ãoemsituac¸õesparticularmente
complexas que acarretam riscos para os profissionais de
saúde, nomeadamenteriscodelesão musculoesqueléticaa