Universidade Federal da Bahia - UFBA
Instituto de Matem´
atica - IM
Programa de P´os-Graduac¸˜ao em Matem´atica - PGMAT Dissertac¸˜ao de Mestrado
O Teorema das Curvaturas Principais e Aplicac
¸ ˜
oes
Teles Ara´
ujo Fernandes
Salvador-Bahia
O Teorema das Curvaturas Principais e Aplicac
¸ ˜
oes
Teles Ara´
ujo Fernandes
Disserta¸c˜ao de Mestrado apresentada ao Colegiado da P´os-Gradua¸c˜ao em Matem´atica da Universidade Federal da Bahia como requisito parcial para obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Matem´atica.
Orientador: Prof. Dr. ´Ezio de Ara´ujo Costa.
Salvador-Bahia
Fernandes, Teles Ara´ujo.
O Teorema das Curvaturas Principais e Aplica¸c˜oes / Teles Ara´ujo Fernandes. – Salvador: UFBA, 2010.
35 f.
Orientador: Prof. Dr. ´Ezio de Ara´ujo Costa.
Disserta¸c˜ao (mestrado) – Universidade Federal da Bahia, Instituto de Matem´atica, Programa de P´os-gradua¸c˜ao em Matem´atica, 2010.
Referˆencias bibliogr´aficas.
1. Geometria diferencial. 2. Variedades (Matem´atica). 3. Variedades riemannianas. I. Costa, ´Ezio de Ara´ujo. II. Universidade Federal da Bahia, Instituto de Matem´atica. III. T´ıtulo.
O Teorema das Curvaturas Principais e Aplicac
¸ ˜
oes
Teles Ara´
ujo Fernandes
Disserta¸c˜ao de Mestrado apresentada ao Colegiado da P´os-Gradua¸c˜ao em Matem´atica da Universidade Federal da Bahia como requisito parcial para obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Matem´atica, aprovada em 05 de fevereiro de 2010.
Banca examinadora:
Prof. Dr. ´Ezio de Ara´ujo Costa (Orientador) UFBA
Prof. Dr. Jos´e Nelson Bastos Barbosa UFBA
Agradecimentos
Existe apenas um bem, o sa-ber, e apenas um mal, a ig-norˆancia.
Resumo
Neste trabalho demonstramos um teorema devido a Brian Smyth e Frederico Xavier, a saber: O Teorema das Curvaturas Principais. Entre aplica¸c˜oes desse teorema, provamos uma generaliza¸c˜ao de Efimov: N˜ao existe hipersuperf´ıcief :M3 −→
R4 completa e orient´avel com Ric ≤ −c tal que c > 0. De forma original, tamb´em provamos que, esse resultado ´e verdadeiro quando substituimos a curvatura de Ricci pelas curvaturas de Gauss-Kronecker e escalar.
Al´em disso, ainda como consequˆencia deste teorema provamos que, para n ≥ 4 n˜ao existe hipersuperf´ıcie f : Mn −→ Rn+1 completa e orient´avel com Ric ≤ −c tal que
c >0 e com as curvaturas seccionais n˜ao assumindo todos os valores reais.
Abstract
We demonstrated a theorem due to Brian Smyth and Frederico Xavier, namely: The Principal Curvature Theorem. Among applications of this theorem, we prove a generalization of Efimov: There are no complete and orientable hypersurfacesf :M3 −→
R4 with Ric ≤ −c such that c >0. In original form, also proved that this result is true when we substitute the curvature of Ricc for curvature and Gauss-Kronecker scalar.
Moreover, even as a consequence of this theorem we prove that, to n ≥ 4, there are no complete and orientable hypersurfaces f :Mn−→ Rn+1 with Ric≤ −c such that c >0 and the sectional curvatures not taking all real values.
Sum´
ario
Introdu¸c˜ao 1
1 Preliminares 2
1.1 Fatos B´asicos da Geometria Riemanniana . . . 2 1.2 Variedades Riemannianas Completas . . . 4 1.3 Hipersuperf´ıcies de Rn+1 . . . 6 2 Hipersuperf´ıcies Convexas de Rn+1 12
2.1 Propriedade da Envolt´oria Convexa da Hipersuperf´ıcie de Rn+1 . . . 12
3 O Teorema das Curvaturas Principais 21
4 Aplica¸c˜oes 27
Introdu¸
c˜
ao
´
E fato conhecido e provado por Nash [8] que toda variedade RiemannianaMnpode ser imersa isometricamente em algum espa¸co euclidianoRm. Entretanto, sem=n+1 pode
existir obstru¸c˜ao ´a existˆencia de tais imers˜oes (hipersuperf´ıcies). Por exemplo, o cl´assico Teorema de Hilbert [6] afirma que o plano hiperb´olico n˜ao pode ser imerso isometricamente no espa¸co euclidianoR3. Em 1968, Efimov [4] foi mais al´em e mostrou que uma superf´ıcie completa com curvatura gaussiana menor ou igual a uma constante negativa n˜ao pode ser imersa isometricamente em R3. Reilly [10] propos: Se uma n-variedade completa tem curvatura de Ricci menor ou igual a uma constante negativa ent˜ao essa variedade n˜ao pode ser imersa isometricamente no Rn+1. Smyth e Xavier [11] mostraram que este
resultado ´e verdadeiro para n = 3 e para n ≥ 4 com a hip´otese adicional das curvaturas seccionais n˜ao asumirem todos os valores reais.
A prova do resultado de Smyth e Xavier se baseia no Teorema das Curvaturas Principais que ´e nosso principal resultado. Em seguida damos aplica¸c˜oes do referido teo-rema. Em particular, provamos que o resultado de Smyth e Xavier ´e v´alido em dimens˜ao n= 3 e tamb´em quando substituimos a curvatura de Ricci pela curvatura escalar ou pela curvatura de Gauss-Kronecker.
Assim, o objetivo deste trabalho ´e demonstrar, com detalhes, o resultado em [11] e acrescentar que esses resultados tamb´em s˜ao v´alidos para as curvaturas de Guass-Kronecker e escalar. Para atingir nosso objetivo, dedicamos o primeiro cap´ıtulo as no¸c˜oes b´asicas da geometria Riemanniana que est˜ao relacionada com o proposto. No segundo cap´ıtulo, apresentamos os conceitos de hipersuperf´ıcies convexas deRn+1 e da propriedade
da envolt´oria convexa das variedades. No terceiro cap´ıtulo, demonstramos o Teorema das Curvaturas Principais e, para finalizar este trabalho, o cap´ıtulo quatro apresenta as aplica¸c˜oes desse teorema.
Cap´ıtulo 1
Preliminares
O objetivo deste cap´ıtulo ´e familiarizar o leitor com a linguagem b´asica e alguns resultados fundamentais da Geometria Riemanniana. Come¸camos com conceitos b´asicos: variedades diferenci´aveis, m´etrica Riemanniana, conex˜ao Riemanniana e curvatura. Em seguida ´e apresentada a segunda se¸c˜ao, onde definimos uma distˆancia em uma variedade, as curvas geod´esicas e a completude de variedades. Na terceira se¸c˜ao, abordamos o con-ceito e as principais equa¸c˜oes das hipersuperf´ıcies de Rn+1.
1.1
Fatos B´
asicos da Geometria Riemanniana
Uma variedade diferenci´avel de classe C∞ e de dimens˜aon, denotada por Mn, ´e
um conjunto conexo M e uma fam´ılia de aplica¸c˜oes biun´ıvocas xα : Uα ⊂ Rn −→ M de
abertos Uα de Rn em M tais que:
(i) [
α
xα(Uα) =M.
(ii) Para todo par α, β,com xα(Uα)∩xβ(Uβ) =W 6=∅, os conjuntosx−α1(W) ex−β1(W)
s˜ao abertos em Rn e as aplica¸c˜oes x−1
β ◦xα s˜ao diferenci´aveis.
(iii) A fam´ılia {(Uα, xα)}´e m´axima relativamente `as condi¸c˜oes (i) e (ii).
De agora em diante, quando indicarmos uma variedade diferenc´avel porM, esta-remos considerando que sua dimens˜ao ´en, salvo men¸c˜ao em contr´ario.
Dada uma variedade diferenci´avel M definimos uma m´etrica Riemanniana como uma fun¸c˜ao que associa cada p ∈ M um produto interno h,ip : TpM × TpM −→ R
satisfazendo a seguinte propriedade: Se U ´e um aberto em M e X, Y s˜ao campos de vetores diferenci´aveis emU, ent˜ao a fun¸c˜ao hX, Yi:U −→R dada por
3
´e diferenci´avel emU.
Uma variedade Riemanniana ´e uma variedade diferenci´avel com uma m´etrica Riemanniana.
Sejam χ(M) o conjunto dos campos de vetores de classeC∞ emMeC(M) o anel
das fun¸c˜oes reais de classeC∞ definidas emM. Uma conex˜ao afim ∇ em uma variedade
diferenci´avel M´e uma aplica¸c˜ao
∇: χ(M)×χ(M) −→ χ(M) (X, Y) 7−→ ∇XY
que satisfaz as propriedades:
(i) ∇f X+gYZ =f∇XZ +g∇yZ,
(ii) ∇X(Y +Z) =∇XY +∇XZ,
(iii) ∇X(f Y) =f∇XY +X(f)Y,
onde X, Y, Z ∈χ(M) e f, g∈ C(M).
Defini¸c˜ao 1.1.1. Seja M uma variedade diferenci´avel com uma conex˜ao afim ∇ e uma m´etrica Riemanniana h,i. A conex˜ao ´e dita compat´ıvel com a m´etrica h,i se
XhY, Zi=h∇XY, Zi+hY,∇XZi, X, Y, Z ∈χ(M).
Sejam X, Y campos diferenci´aveis de vetores em uma variedade diferenci´avel M. ´
E poss´ıvel provar que existe um ´unico campo vetorial Z tal que, para todo f ∈ C(M), Zf = (XY −Y X)f. O campo vetorial Z ´e chamado o colchete de X e Y e denotamos [X, Y] =XY −Y X.
Defini¸c˜ao 1.1.2. Uma conex˜ao afim em uma variedade diferenci´avel M ´e dita sim´etrica
quando
∇XY − ∇YX = [X, Y]para todoX, Y ∈χ(M).
Um teorema de Levi-Civita mostra que dada uma variedade Riemanniana M, existe uma ´unica conex˜ao afim ∇emMtal que ∇´e sim´etrica e compat´ıvel com a m´etrica Riemanniana. Dizemos que essa conex˜ao ´e a conex˜ao Riemanniana deM.
A curvatura R de uma variedade Riemanniana M ´e uma correspondˆencia que associa a cada par X, Y ∈χ(M) uma aplica¸c˜ao R(X, Y) :χ(M)−→χ(M) dada por
4
onde ∇´e conex˜ao Riemanniana de M.
Intimamente relacionado com o operador curvatura est´a a curvatura seccional que definimos,
Defini¸c˜ao 1.1.3. (Curvatura seccional) Dado um ponto p ∈ Mn e um subespa¸co bi-dimensional σ ⊂ TpMn o n´umero real Kp(u, v) =Kp(σ) = hR(u, v)u, vi
|u∧v|2 onde u, v ´e uma
base qualquer de σ, ´e chamado curvatura seccional de σ em p.
Existem combina¸c˜oes importantes das curvatura seccionais, a saber:
Seja x = zn um vetor unit´ario em TpM, tomemos uma base ortonormal {z1, ..., zn = x}
do hiperplano de TpM ortogonal a x=zn.
A curvatura de Ricci, no ponto p, e na dire¸c˜ao x ´e Ricp(x) =
X
i6=n
hR(x, zi)x, zii.
A curvatura escalar, no ponto p´e a soma das curvaturas de Ricci, i.´e, τ(p) = X
i
Ricp(zi) =
X
ij
hR(zi, zj)zi, zji, j = 1, ..., n.
1.2
Variedades Riemannianas Completas
Dados dois pontos p e q em M, dizemos que a distˆancia de p a q, denotada por d(p, q), ´e o ´ınfimo dos comprimentos de todas as curvas diferenci´aveis por partes ligando p a q. Munido da m´etrica d, M ´e um espa¸co m´etrico completo e al´em disso, a topologia induzida pord em M coincide com a topologia inicial deM.
Dada uma curva parametrizada γ :I −→M, dizemos que γ ´e uma geod´esica se D dt dγ dy
= 0 para todo t ∈ I onde, D
dt ´e a derivada covariante. Note que, se γ ´e uma geod´esica, ent˜ao d dth dγ dt, dγ dti= 2h
D dt
dγ dt,
dγ dti= 0.
Portanto, o comprimento do vetor tangente dγ
dt ´e constante. O comprimento de arcosde γ, a partir de uma origem fixa, digamos t=t0, ´e dado por
s(t) = Z t
t0
kdγ
dtkdt =c(t−t0). Sec= 1, dizemos que a geod´esicaγ est´a normalizada.
5
Proposi¸c˜ao 1.2.1. Dado p ∈ M, existem uma vizinhan¸ca V de p em M, um n´umero real ε > 0 e uma aplica¸c˜ao C∞, γ(−a, a)× U −→ M tal que t 7−→ γ(t, q, w) ´e a ´unica
geod´esica de M que no instante t = 0 passa por q com velocidade w, para cada q ∈ V e cada w∈TqM. Onde U ={(q, w)∈TM;q∈V, w∈TqM,kwk< ε}.
Seja p ∈ U ⊂ TM como acima. Ent˜ao a aplica¸c˜ao exp : U −→ M dada por exp(q, v) = γ
kvk, q, v
kvk
´e chamada aplica¸c˜ao exponencial em U. Dizemos que M ´e geodesicamente completa se para todop∈M, a aplica¸c˜ao exponencialexpp, est´a definida
para todo v ∈ TpM, i.´e, se as geod´esicas que partem de p est˜ao definidas para todos os
valores det∈R.
Proposi¸c˜ao 1.2.2. Para cadap∈Mexistem uma vizinhan¸caW depe um n´umeroδ >0, tais que, para cadaq ∈W, expq´e um difeomorfismo em Bδ(0)⊂TqMe expq(Bδ(0)) ⊃W.
Dizemos que (W, δ) ´e uma vizinhan¸ca totalmente normal de p.
Agora, definiremos variedade completa e curva divergente. Em seguida temos um teorema, devido a Hopf e Rinow, que torna relevante o conceito de completeza. Na sequˆencia, apresentamos uma caracteriza¸c˜ao de variedade completa.
Defini¸c˜ao 1.2.3. (Variedade Riemanniana completa) Diremos que M ´e uma variedade
riemanniana completa seM ´e geodesicamente completa.
Defini¸c˜ao 1.2.4. (Curva divergente) Dizemos que uma curva α : [0,+∞) −→ M ´e divergente em M se para cada compacto K ⊂ M, ∃t0 ∈ [0,+∞) tal que α(t) 6∈ K, para
todot > t0. O comprimento de uma curva divergente ´e dado por l(α) = lim
s→∞
Z s
0 |
α′(t)|dt.
Agora, segue um teorema devido a Hopf, sua prova pode ser encontrada em [3] p´ag. 163. Este teorema possui um corol´ario seguinte que caracteriza as variedades completas em fun¸c˜ao das curvas divergentes.
Teorema 1.2.5. Seja M uma variedade Riemmaniana e seja p ∈ M. As afirma¸c˜oes seguintes s˜ao equivalentes:
(i) expp est´a definida em todo o TpM.
(ii) Os limitados e fechados de M s˜ao compactos.
(iii) M ´e completa como espa¸co m´etrico.
(iv) M ´e geodesicamente completa.
(v) Existe uma sucess˜ao de compactos Kn⊂ M, Kn ⊂intKn+1 e
[
n
Kn=M, tais que
6
Al´em disso, cada uma das afirma¸c˜oes acima implica que
(vi) Para todo q ∈M existe uma geod´esica γ ligando p a q com l(γ) =d(p, q).
Corol´ario 1.2.6. Uma variedade Riemanniana M ´e completa se, e somente se, o
com-primento de qualquer curva divergente ´e ilimitado.
Prova: Seja M uma variedade Riemanniana completa, pelo teorema 1.2.5 existe uma sucess˜ao de compactos Kn ⊂M, Kn ⊂intKn+1 e
[
n
Kn =M, tais que se qn ∈/ Kn ent˜ao
d(p, qn) −−−→
n→∞ ∞, para todo p∈ M. Seja α : [0,∞) −→M uma curva divergente tal que
α(tn) = qn. Da defini¸c˜ao de distˆancia d em M seque que d(p, qn) ≤
Z s
0 |
α′(t)|dt. Al´em disso,d(p, qn)−−−→
n→∞ ∞logo
Z s
0 |
α′(t)|dt−−−→s
→∞ ∞. Portanto o comprmento de uma curva
divergente qualquerα ´e ilimitado.
Reciprocamente, se M´e uma variedade Riemanniana n˜ao completa ent˜ao existe uma geod´esica normalizada,γ, que n˜ao est´a definida para todot ∈R, i.´e,γ n˜ao se estende. Vamos mostrar que γ se estende. Para isso, seja γ : [0, s0)−→M com γ(0) =p.
J´a que l(γ) = s0, ´e suficiente demonstrar que γ sai de qualquer compacto.
Com efeito, pois caso contr´ario ter´ıamos um compacto K tal que, para todo t0 e
algum t > t0, γ(t) ∈ K. Sendo assim, existiria uma sequˆencia {sn}n∈N convergindo a s0
comsn< s0 eγ(sn)∈K. Portanto existe subsequˆencia {γ(sk)}k∈N′⊂N de{γ(sn)}tal que
γ(sk)→q0 ∈K.
Seja (W, δ) uma vizinhan¸ca totalmente normal deq0. Da convergˆencia de{sn}n∈N
podemos escolher um ´ındicen0tal que, sen, m > n0ent˜aoksn−smk< δcomγ(sn), γ(sm)∈
W. Da proposi¸c˜ao 1.2.1, existe uma ´unica geod´esica η de comprimento menor que δ li-gandos(tn) as(tm). Portantoγ coincide comηondeγ est´a definida. Comoexpγ(sn)´e um difeomorfismo em Bδ(0) e expγ(sn)(Bδ(0)) ⊃W, η estende γ al´em deq0. Isso mostra que γ se estende o que ´e um absurdo pois estamos supondo que γ n˜ao se estende. Portanto
M´e completa.
1.3
Hipersuperf´ıcies de
R
n+1Iniciamos esta se¸c˜ao com alguns fatos gerais das imers˜oes isom´etricas. Em seguida exibimos os principais conceitos das hipersuperf´ıcies deRn+1.
Sejam Mn e
Mm variedades Riemannianas. Dizemos que f : Mn−→
Mm ´e uma imers˜ao se a diferencial dfx : TxM −→ TxM ´e injetiva para todo x ∈ M. O n´umero
7
variedades Riemannianas com m´etricas h;iM e h;iM, respectivamente, ´e chamada uma
imers˜ao isom´etrica se:
hX;YiM =hdfxX;dfxYiM
para todox∈M e todo X, Y ∈TxM.
Seja f : Mn −→ Mn+p uma imers˜ao isom´etrica. Em cada x ∈ M existe uma vizinhan¸ca U ⊂ M tal que a restri¸c˜ao de f a U ´e um mergulho em f(U). Portanto podemos identificarU com sua imagem porf, isto ´e,f ´e localmente uma inclus˜ao.
Dessa forma, podemos considerar o espa¸co tangente de M em x como um su-bespa¸co do espa¸co tangente aM em x, e escrever
TxM=TxM⊕TxM⊥,
ondeTxM⊥´e o complemento ortogonal deTxMemTxM. Com esta decomposi¸c˜ao obtemos
um fibrado de vetoresTM⊥ =Sx∈MTxM
⊥, chamado fibrado normal aM. Dessa maneira,
os vetores
TM|f(M) ={X ∈TM:π(X)∈f(M), onde π :TM−→M ´e a proje¸c˜ao}
´e uma soma direta do fibrado tangente TM com TM⊥, isto ´e, TM|f(M) =TM⊕W TM
⊥.
Com respeito a estas decomposi¸c˜oes temos as proje¸c˜oes ()T :T
M|f(M) −→TM
()⊥:TM|f(M) −→TM
⊥,
as quais s˜ao chamadas tangente e normal respectivamente.
Seja Mn+p uma variedade Riemanniana com a conex˜ao de Levi-Civita ∇, e seja f :Mn −→
Mn+p uma imers˜ao isom´etrica. Dados campos de vetores X, Y ∈TM, temos que
∇XY = (∇XY)T + (∇XY)⊥.
Com a unicidade da conex˜ao de Levi-Civita temos que∇T ´e a conex˜ao de Levi-Civita de
8
Portanto, obtemos a f´ormula de Gauss:
∇XY =∇XY +α(X, Y). (1.1)
A qual define uma fun¸c˜aoα:TM×TM−→TM⊥ chamada segunda forma fundamental
def. Pode-se concluir, com as propriedades das conec¸c˜oes de Levi-Civita ∇ e ∇, que α ´e sim´etrica e bilinear sobre o anel C∞(M) das fun¸c˜oes diferenci´aveis em M.
Em particular, para algum pontox∈M e campos de vetores X, Y ∈TM, a fun¸c˜ao αx : TxM×TxM −→ TxM⊥
(X, Y) 7−→ αx(X, Y) =α(X, Y)(x)
depende apenas dos valores deX e de Y em x.
Seja X campos de vetores em TM e ξ de TM⊥, denote por AξX a componente
tangencial de −∇ξX, i.´e.,
AξX =−(∇Xξ)T.
Portanto para cadaY ∈TMtemos
0 =Xhξ, Yi=h∇Xξ, Yi+hξ,∇XYi,
Da f´ormula de Gauss segue que
hAξX, Yi=hα(X, Y), ξi.
Em particular, a fun¸c˜ao
A: TM×TM⊥ −→ TM
(X, ξ) 7−→ A(X, ξ) =AξX
´e bilinear sobre C∞(
M). Portanto, a fun¸c˜ao Aξ : TM −→ TM ´e linear sobre C∞(M) e
sim´etrica, isto ´e, hAξX, Yi = hX, AξYi para todo X, Y ∈ TM. Por abuso de nota¸c˜ao
chamaremos a fun¸c˜aoAξ de segunda forma fundamental na dire¸c˜ao normal ξ.
A componente normal de ∇Xξ, denotada por ∇⊥Xξ, define uma conex˜ao
com-pat´ıvel no conjunto normal TM⊥. Dizemos que ∇⊥ ´e a conex˜ao normal de f, e obtemos
a f´ormula de Weingarten
∇Xξ =−AξX+∇⊥Xξ. (1.2)
Sejam X, Y, Z ∈TM, ent˜ao
∇X∇YZ =∇X∇YZ+∇Xα(Y, Z)
=∇X∇YZ+α(X,∇YZ)−Aα(Y,Z)X+∇⊥Xα(Y, Z),
9
onde a primeira equa¸c˜ao ´e dada por 1.1 e a ´ultima equa¸c˜ao segue de 1.1 e 1.2. De maneira similar,
∇Y∇XZ =∇Y∇XZ+α(Y,∇XZ)−Aα(X,Z)Y +∇⊥Yα(X, Z). (1.4)
Seguindo de 1.1 temos
∇[X,Y]Z =∇[X,Y]Z+α([X, Y], Z). (1.5)
Subtraindo 1.4 e 1.5 de 1.3, e tomando componentes tangenciais, obtemos a aqua¸c˜ao de Gauss
hR(X, Y)Z, Wi=hR(X, Y)Z, Wi+hα(X, W), α(Y, Z)i − hα(X, Z), α(Y, W)i,
onde R e R s˜ao os operadores curvaturas de M e M respectivamente. Em particular, se K(X, Y) = hR(X, Y)Y, Xi e K(X, Y) = hR(X, Y)Y, Xi s˜ao as curvaturas seccionais do plano gerado pelos vetores ortogonaisX, Y ∈TxM, a equa¸c˜ao de Gauss ´e
K(X, Y) =K(X, Y) +hα(X, X), α(Y, Y)i − kα(X, Y)k2. (1.6)
Dado uma imers˜ao isom´etrica f : Mn −→ Mm dizemos que f ´e uma hipersu-perf´ıcie se a codimens˜ao de f ´e igual a um.
Seja p ∈ M e ξ ∈ (TpM)⊥, |ξ| = 1. Como Aξ :TpM−→ TpM ´e sim´etrica, existe
uma base ortonormal de autovetores {e1, ..., en} de TpM com autovalores reais λ1, ..., λn,
i.´e, Aξ(ei) =λiei, 1≤i≥n. Se escolhemos uma orienta¸c˜ao paraM e M, ent˜ao o vetorξ
fica unicamente determinado se exigirmos que, sendo {e1, ..., en} uma base na orienta¸c˜ao
deM, {e1, ..., en, ξ} seja uma base na orienta¸c˜ao de M m
. Neste caso, denominamos os ei
dire¸c˜oes principais e osλi curvaturas principais def. Dizemos que Gp =λ1(p)· · ·λn(p)
´e a curvatura de Gauss-Kronecker de f e que Hp =
1
n(λ1(p) +...+λn(p)) ´e a curvatura m´edia de f.
Agora, seja f :Mn−→
Mm uma imers˜ao isom´etrica e x∈M. Podemos conside-rar, localmente, um campo diferenci´avel de vetores normal e unit´ario, i.´e, um campo de vetores diferenci´avelξ emTM⊥ definido num abertoU dextal que hξy, ξyi= 1 para todo
y∈U. Na verdade, existe apenas duas possibilidades de escolha paraξ. Dado X ∈TxM
eY ∈TM´e f´acil ver da f´orrmula de Gauss que
10
Por outro lado, j´a que ξ ´e um campo de vetor normal unit´ario, temos h∇Xξ, ξi = 0,
consequentemente ∇⊥
Xξ = 0 para todo X ∈ TM. Portanto, da f´ormula de Weingarten
temos
∇Xξ =−AξX. (1.8)
Quando Mm = Rn+1, Aξ tem uma interpreta¸c˜ao geom´etrica interessante. Para
ver isto, definimos a aplica¸c˜ao normal de Gauss.
Seja uma hipersuperf´ıcie orient´avel f : M −→ Rn+1, seja ξ um campo normal
global unit´ario de vetores emTM⊥. A aplica¸c˜ao normal de Gauss ´e definida por
φ : M −→ Sn
x 7−→ ξx
Onde Sn ⊂
Rn+1 ´e a esfera e ξx ∈ Sn denota a trasla¸c˜ao paralela do vetor ξx ∈ TxM⊥
para a origem doRn+1.
Proposi¸c˜ao 1.3.1. Seja f : Mn −→ Rn+1 uma hipersuperf´ıcie orient´avel com aplica¸c˜ao de Gaussφ :M−→Sn. Ent˜ao, para cada x
∈M temos
dφx =−Aξx.
Prova: Dado X ∈ TxM, seja γ : (−ε,+ε) −→ M uma curva diferenci´avel tal que
γ(0) =x eγ′(0) =X. Ent˜ao dφx(X) =
d
dt(φ◦γ)(t)|t=0 =∇Xξ=−AξxX.
onde a ´ultima igualdade ´e dada por 1.8. Portanto −Aξ ´e a derivada da aplica¸c˜ao normal
de Gauss.
A curvatura seccional das hipersuperf´ıcies admite uma express˜ao mais simples do que aquela apresentada em 1.1.3.
De fato, sejam f : Mn −→ Mn+1 uma hipersuperf´ıcie, p ∈ M e ξ ∈ (TpM)⊥, |ξ| = 1. Considere uma base ortonormal {e1, ..., en} de TpM que diagonaliza Aξ. Se
λ1, ..., λn s˜ao os autovalores de Aξ ent˜ao, de 1.1 e de 1.7 obtemos, hα(ei, ei), α(ej, ej)i=λiλj
Portanto a equa¸c˜ao 1.6 reduz-se a
11
Se Mm = Rn+1 ent˜ao K(X, Y) =λiλj. Consequentemente, a curvatura de Ricci
e a curvatura escalar s˜ao respectivamente, Ricp(x) =
X
i6=n
λiλj
τ(p) = X
i
X
i6=n
λiλj
Defini¸c˜ao 1.3.2. Dada uma fun¸c˜ao f :M−→R diferenci´avel, dizemos que p∈M ´e um ponto cr´ıtico se dfp n˜ao ´e sobrejetiva. A imagem de um ponto cr´ıtico ´e um valor cr´ıtico.
Se a imagem de um ponto p n˜ao ´e um valor cr´ıtico, dizemos que ´e um valor regular e em particular, segue do teorema da fun¸c˜ao impl´ıcita que a imagem inversa de um valor regular ´e uma hipersuperf´ıcie de M.
Cap´ıtulo 2
Hipersuperf´ıcies Convexas de
R
n
+1
Aqui, apresentaremos sem demonstra¸c˜oes, o teorema de H. Wu [12] e o teorema de Sacksteder-van Heijenoort [12]. O primeiro garante que uma hipersuperf´ıcie convexa e homeomorfa aoRn ´e o gr´afico de uma fun¸c˜ao convexa n˜ao negativa. O segundo mostra
basicamente que uma hipersuperf´ıcie completa de Rn+1, com curvatura seccional n˜ao negativa e n˜ao identicamente nula, ´e convexa. Antes de exibir esses resultados, veremos o conceito da envolt´oria convexa e o teorema de Robert Osserman.
2.1
Propriedade da Envolt´
oria Convexa da
Hipersu-perf´ıcie de
R
n+1Nesta se¸c˜ao definiremos a propriedade da envolt´oria convexa da hipersuperf´ıcie de
Rn+1e demostraremos o teorema de Robert Osserman. Este teorema ´e uma caracteriza¸c˜ao das variedades com tal propriedade e tem grande relevˆancia na demonstra¸c˜ao do teorema das curvaturas principais.
Defini¸c˜ao 2.1.1. (Envolt´oria convexa) Dado E ⊂ Rn, a envolt´oria convexa de E, que ser´a denotada por Env(E), ´e a intersec¸c˜ao de todos os subespa¸cos convexos que cont´em
E.
Defini¸c˜ao 2.1.2. Dada uma hipersuperf´ıcie f : Mn −→ Rn+1, dizemos que f tem a propriedade da envolt´oria convexa se, para todo dom´ınioD em M, comf(D) limitado em
Rn+1, tivermos f(D)⊂Env(∂f(D)).
Observa¸c˜ao 2.1.3. Se, na defini¸c˜ao acima,D´e relativamente compacto ent˜ao os valores
de fronteira de f(D) conincidem com a imagem da fronteira, i.´e, ∂f(D) =f(∂D).
A seguir, provamos o teorema de Osserman, este d´a uma estimativa para as curvaturas principais em um determinado ponto. Para isto, apresentamos o lema que segue.
13
Lema 2.1.4. Seja f :M −→Rn+1 uma hipersuperf´ıcie com segunda forma fundamental
A na dire¸c˜ao ξ. Denote os autovalores de A por λ1 ≥ ... ≥ λn. Para cada R > 0 seja
BR(cR) a bola de raio R e centro em c=f(p) +Rξ.
(i) Se Vp ´e uma vizinhan¸ca de p em M e f(Vp)⊂BR(c) ent˜ao λn ≥
1 R.
(ii) Se λn>
1
R ent˜ao existe vizinhan¸ca de p em M tal que f(Vp)⊂BR(c).
Prova: Inicialmente vamos provar (i). Seja x:U ⊂Rn −→M uma parametriza¸c˜ao em p, com x(p) = 0.
Em TpM, seja {
∂ ∂u1
(p), ..., ∂ ∂un
(p)} uma base ortonormal que diagonaliza Ap.
Defina a aplica¸c˜ao
g :U ⊂Rn −→ R
u 7−→ ||f◦x(u)−c||2
Aplicando a f´ormula de Taylor ag, obtemos: g(u) = g(0) +dg(0)u+1
2d
2g(0)u2+
||u||2ρ(u) (2.1) Com lim
u→0ρ(u) = 0. Note que,
dg(0) = 2h ∂ ∂ui
f ◦x(u)|0;f◦x(u)i
= 2h ∂
∂ui
(p);−Rξ0i= 0
d2g(0) = ∂ ∂uj{
2h ∂ ∂ui
f◦x(u)|0;f ◦x(u)i}|0
= 2h ∂
2
∂ui∂uj
f ◦x(u);−Rξ0i|0 + 2h
∂ ∂ui
f ◦x(u); ∂ ∂uj
f ◦x(u)i|0
=−2Rλjδij + 2δij
= 2δij(1−Rλj)
14
g(u) = g(0) + 1 2
n
X
i,j=1
∂2g(0)
∂uiuj
uiuj +||u||2ρ(u)
= R2+
n
X
i,j=1
δij(1−Rλj)uiuj+||u||2ρ(u)
= R2+
n
X
j=1
(1−Rλj)ujuj +||u||2ρ(u)
= R2+
n
X
j=1
{1−Rλj+ρ(u)}u2j (2.2)
Suponha que existe vizinhan¸ca Vp depem M tal quef(Vp)⊂BR(c). Ent˜ao para
todou∈U segue de 2.2
0≥g(u)−R2 =
n
X
j=1
{1−Rλj+ρ(u)}u2j (2.3)
Em particular parau= (0, ..., t) obtemos,
0≥g(0, ..., t)−R2 = (1−Rλn+ρ(0, ..., t))t2
Como lim
u→0ρ(u) = 0 temos queλn ≥
1 R.
Para provar (ii) suponha que existe ε0 ≥0 tal que
λ1 ≥...≥λn=
1 R +
ε0
R
Donde temos
−ε0 +ρ(u) = 1−Rλn+ρ(u)≥...≥1−Rλ1+ρ(u)
E da equa¸c˜ao 2.3
g(u)−R2 ≤
n
X
j=1
{−ε0+ρ(u)}u2j
J´a que lim
u→0ρ(u) = 0, dado ε=ε0 existeδ ≥0 tal que||u|| ≤δ temosρ(u)≤ ||ρ(u)||< ε.
Portanto, para todou tal que ||u|| ≤δ temos
g(u)−R2 ≤
n
X
j=1
15
logo,
||f ◦x(u)−c||2−R2 ≤0
Isso mostra que existe vizinhan¸ca Vp = x(U) tal que f(Vp) ⊂ BR(c) concluindo a prova
de (ii).
Teorema 2.1.5. (Robert Osserman) Seja f : M −→ Rn+1 uma hipersuperf´ıcie, f tem a propriedade da envolt´oria convexa se, e somente se, para todo ponto de M, n˜ao existe dire¸c˜ao normalξ tal que a segunda forma fundamental de f, Aξ tem todos os autovalores
positivos.
Prova: Inicialmente, suponha que existe p ∈ M e um vetor normal unit´ario ξ0 em M,
no ponto p, tal que todas as curvaturas principais s˜ao positivas, ou equivalentemente, como no lema anterior, λn >0. Escolha R >0 tal que λn > R1. Por 2.1.4 (ii), existeVp
vizinhan¸ca depem M, tal que f(Vp)⊂BR(c). Sendo f uma imers˜ao, podemos restringir
Vp (se necess´ario) a uma vizinhan¸caV
′
p tal que f :V
′
p −→f(V
′
p) seja bijetora.
Note que, sendo Vp′ uma vizinhan¸ca de p ent˜ao p /∈ ∂Vp′ e como f|
Vp′
´e bijetora obtemos que f(p)∈/ f(∂Vp′).
Da continuidade def e da compacidade de∂Vp′ vem queE =f(∂V′p) ´e compacto
em BR−f(p).
Defina a fun¸c˜ao
h : ∂Vp′ −→R
x7−→ hf(x)−f(p);ξ0i
Note que h´e n˜ao negativa pois,
h(x) =hf(x)−f(p);ξ0i
=hf(x)−c+Rξ0;ξ0i
=hf(x)−c;ξ0i+R
=||f(x)−c||cos{f(x)−c;ξ0}+R
≥ −||f(x)−c||+R
e comof(p)∈/ f(∂Vp′) e f(V
′
16
Al´em disso,h(x)6= 0 caso contr´ario existiriax∈∂Vp′ tal quehf(x)−f(p);ξ0i= 0.
Reescrevendo esta igualdede temos,
hf(x)−c;ξ0i=hf(p)−c;ξ0i=−R
Portanto,
hf(x)−c;ξ0i=||f(x)−c||||ξ0||cos{f(x)−c;ξ0}=−R.
Obtemos ent˜ao cos{f(x)−c;ξ0}= −1 e ||f(x)−c|| =R e temos f(x)−c= ±Rξ0. Se
f(x)−c=−Rξ0ent˜aof(x)−c=f(p)−ce temosf(x) =f(p). Comof|
Vp′ ´e bijetora,x=p o que ´e um absurdo poisp /∈∂Vp′. Se f(x)−c=Rξ0 ent˜ao f(x)−c=−(f(p)−c) o que
implicaf(x)−f(p) =−2{f(p)−c}=−2Rξ0. Portantohf(x)−f(p);ξ0i=h−2Rξ0;ξ0i=
−2R 6= 0 que ´e um absurdo pois estamos supondo que h(x) = 0. Isto conclui que h n˜ao se anula.
Da continuidade de h e da compacidade da ∂Vp′ vem que h possui um m´ınimo
positivo emE, digamos ω. Portanto f(∂Vp′)⊂S ={x∈Rn+1 :hx−f(p);ξ
0i ≥ω >0}e
temos claramente quef(p)∈/ S. Logo existe um subespa¸co convexoS que cont´emf(∂Vp′) mas n˜ao cont´em f(Vp′). Segue que f(V
′
p) 6⊂ Env(f(∂V
′
p)). Como V
′
p ´e relativamente
compacto, da observa¸c˜ao 2.1.3 temos que f(Vp′) 6⊂Env(∂f(V
′
p)). Isto mostra que f n˜ao
tem a propriedade da envolt´oria convexa.
Reciprocamente, suponha que f n˜ao tem a propriedade da envolt´ooria convexa. Ent˜ao existe um dom´ınioD∈M, comf(D) limitado masf(D)6⊂Env(∂f(D)). Portanto, existe um subespa¸co convexo S = {x ∈ Rn+1 : hx, vi ≤ a,kvk = 1} com ∂f(D) ⊂ S e
f(D)6⊂S. Logo existe p0 ∈D tal que hf(p0), vi=b > a.
Afirma¸c˜ao 2.1.6. Existemp∈D,ξ dire¸c˜ao normal empeBR(cR)(comcR=f(p)+Rξ)
tal que f(D)⊂BR(cR).
Prova: Para a provar essa afirma¸c˜ao, considere os lemas que seguem:
Lema 2.1.7. Seja Br(cr)o fecho da bola de raio r e centro cr, onde hcr;vi=a e f(D)⊂
Br(cr) . Para cada t > r, se Bt(ct)´e o fecho da bola de raio t e centro ct =cr+v √
t2−r2
ent˜ao ∂f(D)⊂Bt(ct).
Prova: Para todo valor de fronteira x def(D),
kx−ctk2 =hx−cr+v √
t2−r2;x−c
r+v √
t2−r2i
=kx−crk2+ 2 √
t2−r2hx−c
r, vi+t2−r2
< r2+ 2√t2−r2hx−c
17
J´a que f(D)⊂Br(cr), hx, vi ≤a ehcr, vi=a, segue que
r2+ 2√t2−r2hx−c
r, vi+t2−r2 ≤t2.
Portanto,
kx−ctk2 ≤t2.
Lema 2.1.8. Se (2b−2a)√t2−r2 >2r2 ent˜ao f(p) n˜ao pertence a B
t(ct).
Prova:
kf(p)−ctk2 =hf(p)−cr+v √
t2−r2;f(p)−c
r+v √
t2−r2i
=hf(p)−cr, f(p)−cri+ 2hf(p)−cr, v √
t2−r2i+t2
−r2 > t2−2r2+ 2hf(p)−cr, v
√
t2−r2i
=t2−2r2+ 2hf(p)−c
r, vi √
t2−r2−2hr, vi√t2−r2
=t2−2r2+ (2b−2a)√t2−r2 > t2
Lema 2.1.9. Existe t = R tal que f(D) ⊂ BR(cR) e existe q = f(p) ∈ f(D) tal que
q∈∂BR(cR).
Prova: Considere o conjunto
Θ = {t≥r:f(D)⊂Bt(ct)}.
Para mostrar que, para algum valor de t => 0, f(D) ⊂ Bt(ct), ´e suficiente que Θ 6= ∅.
Isso ´e dado diretamente da defini¸c˜ao de Br(cr), pois f(D)⊂ Br(cr), consideremos ent˜ao
t=r=R. Agora mostremos que algum q =f(p) emf(D) est´a na fronteira de BR(cR).
Pela afirma¸c˜ao 2.1.8 Θ ´e limitado superiormente logo existe supΘ = t0. Seja
(tk)k∈N uma sequˆencia em Θ tal que tk −−−→
k→∞ t0. Para todo k e todo x ∈f(D) segue da
defini¸c˜ao de Θ que
kx−ctkk ≤tk
Da continuidade da norma temos kx−ct0k ≤ t0. Isto prova que f(D) ⊂ Bt0(ct0) logo
t0 ∈Θ.
Agora, suponha que n˜ao existe ponto de f(D) em∂Bt0(ct0). Ent˜ao, pela
compa-cidade def(D), existiria t′ > t0 com f(D)⊂Bt′(ct′) o que ´e uma contradi¸c˜ao j´a quet0 ´e
18
Seja (xk)k∈N uma sequˆencia em D tal que f(xk) −−−→
k→∞ y. ´E fato que, (xk)k∈N ´e
convergente pois se n˜ao fosseyestaria na fronteira def(D). Pela afirma¸c˜ao 2.1.7, ter´ıamos y ∈ Bt0(ct0) que ´e uma contradi¸c˜ao pois y ∈ ∂Bt0(ct0). Portanto (xk)k∈N ´e convergente,
digamos a x∈D. Assim,
y= lim
k→∞f(xk) = f(x)∈f(D)
Lema 2.1.10. Existe R >0 tal que ξ= cR−f(p)
R ´e uma dire¸c˜ao unit´aria e normal a f
em p.
Prova: Sejaα : (−ε, ε)−→f(D) uma curva diferenci´avel tal que α(0) =f(p).
Como f(p) ∈ ∂BR(cR) (lema 2.1.9) ent˜ao kα(s)−cRk2 assume o m´aximo em
s= 0 pois, α(s)⊂f(D)⊂f(D)⊂BR(cR) e R=kα(s)−cRk=kf(p)−cRk. Logo,
d
dt(kα(s)−cRk
2)
|0 = 0
ou seja,
hα′(0), α(0)−cRi= 0.
Seja agora ξ = α(0)−cR
R ent˜ao hα
′
(0), ξi = 0 e kξk = kα(0)−cRk
R = 1. Isto prova queξ ´e um vetor unit´ario e normal af em p.
Portanto, obtemos que existem p ∈ D, ξ dire¸c˜ao normal em p e BR(cR) (com
cR=f(p) +Rξ) tal que f(D)⊂BR(cR).
Agora ´e so aplicar o lema 2.1.4 (i) para concluir que os autovalores de Aξ s˜ao
λ1 ≥...≥λn≥
1
R >0.
Corol´ario 2.1.11. Seja f :M−→ Rn+1 uma hipersuperf´ıcie com segunda forma
funda-mental A na dire¸c˜ao ξ. Se f possui a propriedade da envolt´oria convexa ent˜ao M n˜ao ´e compacta.
Prova: Pelo teorema anterior Aξ possui autovalores positivo e negativo em cada ponto
deM. Pela proposi¸c˜ao 1.3 em [2] obtemos o desejado.
Agora, abordaremos o conceito das hipersuperf´ıcies convexas e os teoremas de Sacksteder-van Heijenoort e H. Wu. A demonstra¸c˜ao desses resultados podem ser vistas em [12].
Defini¸c˜ao 2.1.12. (hipersuperf´ıcie convexa) Uma hipersuperf´ıcie f : Mn −→ Rn+1, ´e dita convexa se f(M) = ∂C onde C ⊂Rn+1 ´e um conjunto convexo fechado com interior
19
Teorema 2.1.13. (Sacksteder-van Heijenoort) Sejaf :Mn−→Rn+1 uma hipersuperf´ıcie completa e orient´avel,A a segunda forma fundamental de f. Se a curvatura seccional de
M´e n˜ao negativa e n˜ao identicamente nula, ent˜ao temos:
(i) f ´e um mergulho e f ´e uma hipersuperf´ıcie convexa.
(ii) Ser=max{posto de Ap, p∈M}(necessariamente2≤r ≤n)ent˜aoRn+1 pode ser
decomposto em soma direta ortogonal Rn+1 = Rr+1⊕Rn−r tal que f(M) ∼= M1 ⊕
Rn−r. Mr1 ´e uma hipersuperf´ıcie convexa em Rr+1 com segunda forma fundamental
de posto r em algum ponto de M1.
Teorema 2.1.14. (H. Wu) Seja f : Mn −→ Rn+1 uma hipersuperf´ıcie e A a segunda
forma fundamental de f com respeito a ξ:Mn −→Sn−1. Temos:
(i) Se o interior de ξ(M), relativo a Sn−1, ´e n˜ao vazio e M n˜ao ´e compacta ent˜ao M´e
homeomorfa ao Rn.
(ii) Se f (com f(M) = ∂C) ´e convexa e M ´e homeomorfa ao Rn ent˜ao as coordenadas
podem ser escolhidas tal que H0 ={x= (x1, ..., xn+1)∈Rn+1 :xn+1 = 0} ´e o
hiper-plano suporte de C na origem.
Al´em disso,
(ii.1) Se Π : Rn+1 −→ H0 ´e a proje¸c˜ao ortogonal ent˜ao M ´e o gr´afico de uma fun¸c˜ao
convexa n˜ao negativa h:intΠ(C)−→R.
(ii.2) Para todo a na fronteira de Π(C) teremos que M∩Π−1(a) ´e um segmento de reta.
(ii.3) Se o interior deξ(M), relativo a Sn−1, ´e n˜ao vazio ent˜ao para cadac > 0, f(
M)∩Hc
´e difeomorfo a Sn, ondeH
c ={x= (x1, ..., xn+1)∈Rn+1 :xn+1 =c} .
Corol´ario 2.1.15. Seja f :M −→Rn+1 uma hipersuperf´ıcie convexa homeomorfa a Rn
satisfazendo (ii.1)e (ii.3) do teorema de Wu. Se Πn+1 :Rn+1 −→R ´e a ´ultima proje¸c˜ao
de Rn+1 ent˜ao Πn+1◦f(M) := (Πn+1)|f(M) :f(M)−→R ´e uma aplica¸c˜ao pr´opria.
Prova: Inicialmente, notemos que Π : Hc ∩ f(M) −→ Υ = Π(Hc ∩f(M)) ´e um
difeorfismo. Para todoc >0, Hc∩f(M) ´e difeomorfo a Sn logo Υ = Π(Hc∩f(M)) e Sn
s˜ao difeomorfos.
Como Πn+1 ◦f(M) ´e cont´ınua, resta mostrar que (Πn+1 ◦f)−1(K) ´e compacto
20
Como (Πn+1◦f)−1([0, c]) ´e fechado, resta mostar que (Πn+1◦f)−1([0, c]) ´e limitado em
f(M).
Suponha por absurdo que (Πn+1 ◦f)−1([0, c]) ´e ilimitado. Como 0 ≤ xn+1 ≤ c
para todo (x1, ..., xn, xn+1) =x∈(Πn+1◦f)−1([0, c]) ent˜ao existex∈(Πn+1◦f)−1([0, c]) tal
que Π(x) est´a na componente ilimitada de H0, i.´e, Π(x)∈ H0\Υ. Como 0, Π(x) ∈Π(C)
e Π(C) ´e convexo ent˜ao existe t0 ∈ (0,1) tal que t0Π(x) = z ∈ Υ. Al´em disso, f(M) ´e
gr´afico sobreint{Π(C)}, logo existe um ´unico (w1, ..., wn+1) =w0 ∈f(M), comwn+1 =c
tal que w0 = (z, h(z)).
Como 0, x∈∂C eC´e conexo, ent˜aow=t0x∈int C. Portanto, temosw∈int C
e (z,0) ∈ Rn+1\int C. Logo o segmento que liga w a (z,0) intersecta ∂C = f(M) em algum ponto, digamos w. Note queb wb= (z,wbn+1) com wbn+1 < t0wn+1 < c. J´a que f(M)
´e gr´afico de h ent˜ao wb= (z, h(z)) = w0. Portanto, wbn+1 =wn+1 =c o que ´e um absurdo
Cap´ıtulo 3
O Teorema das Curvaturas
Principais
Dedicamos este cap´ıtulo a demonstra¸c˜ao do Teorema das Curvaturas Principais. Este teorema determina o comportamento das curvaturas principais das hipersuperf´ıcies euclidianas completas. A t´ecnica usada por Brian Smyth e Frederico Xavier, na demons-tra¸c˜ao desse teorema, foi criar uma perturba¸c˜ao adequada na hipersuperf´ıcie dada (com segunda forma fundamental A) obtendo uma hipersuperf´ıcie (com segunda forma funda-mentalA) com curvatura seccional n˜ao negativa. Dai, foi usado o teorema de Sacksteder-van Heijenoort garantindo que a hipersuperf´ıcie perturbada ´e uma hipersuperf´ıcie convexa. Al´em disso, o conjunto de autovalores deAcoincide com o deA. Para concluir a demons-tra¸c˜ao foi usado o teorema de Hung-Hsi Wu para hipersuperf´ıcie convexa. Interessantes consequˆencias saem do teorema das curvaturas principais, essas consequˆencias s˜ao tema do pr´oximo cap´ıtulo.
Inicialmente provamos o lema que segue: Lema 3.0.16. Sejam f : Mn −→
Rn+1 uma hipersuperf´ıcie completa e orient´avel e A a segunda forma fundamental def com respeito ao compo normal unit´arioξ :Mn−→Sn−1.
ConsidereΛ ⊂R o conjunto dos autovalores n˜ao nulos de A e Λ± = Λ∩R±. Se Λ+,Λ−
s˜ao ambos n˜ao vazios einfΛ+ 6= 0 ou supΛ+6= 0 ent˜ao, para cada ponto de M, A possui
autovalores positivo e negativo. Em particularf tem a propriedade da envolt´oria convexa.
Prova: Primeiro mostremos que, em cada ponto de M,A possui um autovalor positivo. Equivalentemente, se N ={p∈Mn:λ
i(p)>0 para algum i∈(1, ..., n)} ent˜ao Mn =N.
Com efeito, N 6= ∅ j´a que Λ+ 6= ∅, i.´e, existe p
1 ∈ Mn e existe i ∈ (1, ...n) tal
que λi(p1) > 0. Dado que uma inclus˜ao ´e ´obvia, provemos que Mn ⊂ N. Suponha que
M6⊂N, i.´e, existe p2 ∈ Mn tal que, para todo i∈ (1, ..., n) temos λi(p2)≤0. Considere
uma curvaC que ligap1 a p2.
22
Da conexidade de M e da continuidade de λi : Mn −→ R, obtemos que λi(C) ´e
um intervalo com extremos emλi(p2)≤0 eλi(p1)>0. Portanto existe sequˆencia (pk)k∈N
emCcomλi(pk)>0 tal queλi(pk)−−−→
k→∞ 0. Isto ´e uma contradi¸c˜ao pois estamos supondo
que infΛ+ > 0. Portanto Mn = N e A possui um autovalor positivo em cada ponto de
M.
Para concluir a prova do lema, suponha por absurdo que existe um pontop0 ∈Mn
tal que λi(p0) > 0 para todo i. Da hip´otese Λ− 6= ∅ e com os mesmos argumentos de
conexidade de M e continuidade de λi, obtemos sequˆencia (pk)k∈N tal que λi(pk) −−−→
k→∞ 0
contradizendo que infΛ+ 6= 0. Portanto para todo ponto p ∈
Mn existe i tal que λi(p)<0.
Concluimos ent˜ao que, para cada ponto de M, A possui autovalores positivo e negativo. Pelo teorema 2.1.5, f tem a propriedade da envolt´oria convexa.
A prova deste resultado segue de forma an´aloga se supormos que supΛ+ 6= 0.
Teorema 3.0.17. (Curvaturas Principais) Sejam f : Mn −→ Rn+1 uma hipersuperf´ıcie
e seja A a segunda forma fundamental de f com respeito a um campo normal unit´ario global ξ :Mn −→ Sn−1 . Considere Λ ⊂R o conjunto dos autovalores n˜ao nulos de A e
Λ±= Λ∩R±. Se Λ+ e Λ− s˜ao n˜ao vazios ent˜ao infΛ+=sup λ− = 0.
Demonstra¸c˜ao:
Suponha por absurdo que infΛ+ = 2c >0. Seja t
0 = 1/c e defina
f =f +toξ:Mn −→Rn+1
Afirma¸c˜ao 3.0.18. Seja h,i a m´etrica induzida por f. Ent˜ao a aplica¸c˜ao f ´e uma hipersuperf´ıcie com a m´etrica dada porhu;vi=h(I−t0A)2u;vi.
Prova: Para todo ponto p ∈ M, a aplica¸c˜ao dfp : TpM −→ Tf(p)M ´e injetiva. Caso
contr´ario existiriaq ∈M e TqM∋v 6= 0 tal que
0 =dfq(v) =dfq(v) +t0dξq(v) = dfq(v)−t0dfq(Aqv) = dfq(v−t0λqv).
Onde a terceira igualdade ´e dada por 1.3.1. Da injetividade dedfq vem quev−t0λpv = 0
donde temosλ(p) = 1t
0 =ce isto ´e um absurdo pois inf Λ
+ = 2c. Portanto v = 0 edf
p ´e
injetiva.
Al´em disso,
hu;vi=h(I−t0A)2u;vi
23
Por outro lado,
hdfpu;dfp(v)i=hdfp(u)−t0dfp(Au);dfp(v)−t0dfp(Av)i
=hdfp(u);dfp(v)i −2t0hλu, vif +t20hλu;λvi
=hdfp(u);dfp(v)i −2t0hAu, vi+t20hAu;Avi.
Usando queA ´e um opearador auto-adjunto, obtemos
hdfpu;dfp(v)i=hu;vi −2t0hAu;vi+t20hA2u, vi.
Portanto hu;vi=hdfp(u);dfp(v)i e f ´e uma isometria.
Note que, se bλ s˜ao os autovalores do operador I −t0A ent˜ao λb´e maior ou igual
a unidade em valor absoluto.
De fato, (I −t0A)v = bλv ⇔ v −t0λv = λvb ⇔ 1−t0λ = bλ. Se supormos que
|bλ| < 1 ent˜ao −2 < −t0λ < 0 e teriamos 0 < λ < t2
0 = 2c o que ´e um absurdo pois
inf Λ+ = 2c. Portanto |bλ|>1.
Afirma¸c˜ao 3.0.19. Munida da m´etrica hu;vi, M´e completa.
Prova: Seja α : [0,+∞) −→M uma curva divergente. De acordo com 1.2.6, se l(α) ´e o comprimento de α com respeito a m´etica h;i, basta mostrar que l(α) ´e ilimitado. Para cada t ∈ [0,+∞), seja {e1(t), ...en(t)} uma base ortonormal de Tα(t)M que diagonaliza o
operadorP =I−t0A e tem {λb1, ...,cλn} como autovalores associados. Podemos escrever
α′(t) =
n
X
i=1
αi(t)ei(t)
Assim, teremos
|α′
(t)|2 =hα′
(t);α′
(t)i =h(I−t0A)α
′
(t); (I−t0A)α
′
(t)i =hP α′(t);P α′(t)i
=h n
X
i=1
αi(t)P ei(t); n
X
i=1
αj(t)P ej(t)i
=
n
X
i=1
(αi(t))2(λbi)2 ≥
n
X
i=1
(αi(t))2 (pois|λbi| ≥1)
24
Portanto,
l(α) = lim
s→∞
Z s
0 |
α′
(t)|dt ≥l(α) = lim
s→∞
Z s
0 |
α′(t)|dt
SendoM, com a m´etrica h;i, uma variedade completa segue que l(α) ´e ilimitado.
Afirma¸c˜ao 3.0.20. A imers˜ao f possui segunda forma fundamental A = (I −t0A)−1A
com respeito ao mesmo campo de vetores normal unit´ario ξ. Al´em disso, se K ´e a cur-vatura seccional def(M) ent˜ao K >0.
Prova: Para mostrar que o campo global, normal e unit´ario com respeito a A ´e ξ, assumiremos queA= (I−t0A)−1A. Esta igualdade ser´a provada em seguida.
Se N ´e o campo global, normal e unit´ario com respeito a A ent˜ao, dN =−df(A)
=−(df+t0dξ)A
=−df(A) +t0df(AA)
=−df(A−t0AA)
=−df((I−t0A)A)
=−df(A) =dξ
portanto ξ=N.
Ademais, como a derivada covariante doRn+1, com respeito ao campo de vetores
X ´e ´unica, vem que
−df(AX) = DXξ =−df(AX)
=−(df(AX)−t0df(AAX))
=−df(AX−t0AAX)
=−df((I−t0A)AX)
Sendof uma imers˜ao, (I−t0A)AX =AX e portanto AX = (I−t0A)−1AX.
Provemos que K >0. Se λ´e um autovalor de A ent˜ao podemos escrever λ= λ
1−t0λ
= λc c−λ.
25
inf Λ+ = 2csegue quec−λ <0 logoλ≤0. Portanto a curvatura seccionalK =λ
iλj ≥0.
Do lema 3.0.16, A possui posto r ≥2 e como A tem o mesmo posto de A conclu´ı-se que
K n˜ao ´e identicamente nula.
Podemos aplicar o teorema 2.1.13 a f. Assim, f ´e uma hipersuperf´ıcie convexa em Rn+1 e podemos decompor M ef (veja [5] p´ag. 1) como segue:
M=Mr1×R
n−r
e f =f1×f2 Tal que,
f1 :Mr
1 −→Rr+1 e f2 :Rn−r −→Rn−r
Ondef2 ´e a aplica¸c˜ao identidade ef1 ´e uma hipersuperf´ıcie convexa em Rr+1. A segunda
forma fundamental A1 com respeito a f2 tem posto r em algum ponto de Mr1. Portanto
podemos escrever A=A1 ×A0 em que A0 ´e a segunda forma fundamental com respeito
af2. Segue que A0 = 0 e como o posto de A ´e igual ao posto de A, podemos supor que
r=n.
Afirma¸c˜ao 3.0.21. A imagem da aplica¸c˜ao de Gauss ξ : Mn −→ Sn com rela¸c˜ao a
imers˜ao f, tem interior n˜ao vazio.
Prova: Do par´agrafo anterior, existe p ∈ M tal que Ap possui posto n, i.´e, λi(p) 6= 0
para todo i = 1, ..., n. Da continuidade de λi, existe vizinhan¸ca de p, Vi ⊂ M, tal que
λi(p)6= 0 ∀q∈Vi.
Se U =
n
\
i=1
Vi ent˜ao a aplica¸c˜ao de Gaussξ :U −→Sn ´e um difeomorfismo sobre
sua imagem.
De fato, dξp = dfp(−Ap) logo, se v ∈ TpM e dξp(v) = dfp(−Ap(v)) = 0 ent˜ao,
da injetividade dedfp temos que −Ap(v) = 0. Como o posto deA|U ´e igual an, obtemos quev = 0. Portantodξp ´e injetiva e do teorema da fun¸c˜ao inversaξ|U ´e um difeomorfismo sobre sua imagem. J´a que um difeomorfismo ´e uma aplica¸c˜ao aberta, ξ(M) tem interior
n˜ao vazio.
Do corol´ario 2.1.11 e do teorema 2.1.14,M´e homeomorfa aoRn. Podemos ent˜ao aplicar o corol´ario 2.1.15 a hipersuperf´ıcief e concluir que Πn+1◦f(M) ´e pr´opria.
Afirma¸c˜ao 3.0.22. Πn+1◦f := (Πn+1)|f(|M) :f(M)−→R ´e pr´opria.
Prova: Como Πn+1◦f ´e cont´ınua, ´e suficiente mostrar que (Πn+1◦f)−1(K) ´e compacto
emf(M), para qualquer compactoK ∈R. J´a que (Πn+1◦f)−1(K) est´a contido emRn+1,
26
Seja (xn)n∈N sequˆencia em (Πn+1◦f)−1(K). Sabemos que, para ξ = (ξ1, ...ξn+1)
Πn+1◦f(xn) = Πn+1◦f(xn) +t0ξn+1(xn).
Como Πn+1◦f(xn) ∈ K e kξn+1k ≤ 1 segue que Πn+1◦f(xn) pertence a um compacto
K′. Sendo assim, existe subsequˆencia (xnk) de (xn)n∈Ntal que Πn+1◦f(xnk) converge. Se Πn+1◦f ´e uma aplica¸c˜ao pr´opria ent˜ao (xnk) tamb´em ´e convergente, digamos a x.
Ademais, da continuidade de Πn+1 ◦ f obtemos que Πn+1 ◦f(xnk) converge a Πn+1◦f(x). Como Πn+1◦f(xnk)∈K temos Πn+1◦f(x)∈K logo x∈(Πn+1◦f)
−1(K)
provando que (Πn+1◦f)−1(K) ´e sequencialmente compacto.
Decorre do teorema de Sard [7] e do teorema da fun¸c˜ao impl´ıcita que, para quase todo valor regular a > 0 de Πn+1 ◦f : M −→ R, temos que (Πn+1 ◦ f)−1(a) ´e uma
hipersuperf´ıcie de M. Seja ent˜ao a > 0 um valor regular de Πn+1 ◦ f e seja M1 =
(Πn+1◦f)−1(a). J´a que Πn+1◦f ´e pr´opria, ent˜ao M1 ´e uma hipersuperf´ıcie compacta de
Mn que podemos assumir que ´e conexa (caso contr´ario, consideramos uma componente
conexa deM1).
Considere agora o homeomorfismo h : Mn −→ Rn e note que h(M1) ´e uma
hipersuperf´ıcie (topol´ogica) compacta de Rn. Uma generaliza¸c˜ao do teorema de Jordan nos permite afirmar que h(M1) decomp˜oe o Rn em dois abertos L1 e Rn\L1, onde L1 ´e
relativamente compacto eRn\L
1 ´e ilimitado.
Seja ent˜ao Ω =h−1(L
1). Observe que Ω ´e um aberto relativamente compacto em
Mn e que,
h(M1) =∂L1 =∂h(Ω) =h(∂Ω).
Portanto,
∂Ω = M1 = (Πn+1◦f)−1(a) = f−1(Π−n+11 (a)).
Assim, f(∂Ω) = Π−n+11 (a) = Ha. Em particular Envf(∂Ω) = Env(Ha) = Ha. Pelo
lema 3.0.16 f tem a propriedade da envolt´oria convexa. Segue que f(Ω)⊂ Env(f(∂Ω)). Portantof(Ω)⊂Ha (hiperplano) ef possui segunda forma fundamental nula em Ω. Isto
´e uma contradi¸c˜ao pois estamos supondo que infΛ+ 6= 0.
Para provar que supΛ− = 0, basta supor por absurdo que supΛ− = −2c < 0 e
proceder de forma an´aloga ao acima.
Cap´ıtulo 4
Aplica¸
c˜
oes
Aqui, usamos o Teorema das Curvaturas Principais para provar que: Se n = 3 e
Mn ´e uma variedade completa e orient´avel com curvatura de Ricci menor ou igual a uma
constante negativa ent˜ao, essa variedade n˜ao pode ser imersa isometricamente no R4. E
para n ≥ 4, isso tamb´em ´e v´alido se, a curvatura seccional n˜ao assume todos os valores reais. Isto pode ser enunciado de forma equivalente, a saber, se M ´e uma variedade completa e orient´avel, de dimens˜ao trˆes, com curvatura de Ricci n˜ao positiva ent˜ao, a curvatura de Ricci est´a pr´oxima de zero quanto se queira, i.´e, o ´ınfimo da curvatura de Ricci ´e igual a zero. E, se a dimens˜ao ´e maior ou igual a quatro, isso tamb´em ´e v´alido se a curvatura seccional n˜ao assume todos os valores reais.
Acrescentamos a este resultado, obtido por Smyth e Xavier [11], que isso ´e tamb´em v´alido para as curvaturas de Gaus-Kronecker e escalar.
Para demonstrar o proposto em dimens˜ao trˆes, necessitamos do pr´oximo teorema. Teorema 4.0.23. Seja f :Mn −→ Rn+1 uma hipersuperf´ıcie completa e orient´avel com
curvatura de Ricci n˜ao positiva e A a segunda forma fundamental de f. Suponha que A
possui assinatura, i.´e,A tem um autovalor positivo en−1 autovalores negativos, ou vice versa, para todo p∈M. Ent˜ao
inf
p∈MkApk:= infkAk= 0
inf p∈M
v∈TpM
kRicp(v)k:= infkRick= 0
Prova: Sejam λ1(p), λ2(p), ..., λn(p) os autovalores de Ap, escolhamos uma orienta¸c˜ao
paraMtal queAppossua um autovalor positivo en−1 autovalores negativos. Da hip´otese
sobre a curvatura de Ricci temos
Ricp(v)≤0⇔
X
i6=j
Kp(ei, ej)≤0.
28
Segue da equa¸c˜ao de Gauss que
Kp(ei, ej) =λi(p)λj(p),
donde temos que
X
i6=j
Kp(ei, ej)≤0⇒
X
i6=j
λi(p)λj(p)≤0⇒
λi(p)
X
i6=j
λj(p)≤0
Assim, obtemos que
λi(p) n
X
j=1
(λj(p)−λi(p))≤0.
Note que, para i= 2,
λ2(p)
n
X
j=1
(λj(p)−λ2(p))≤0⇒
λ2(p)λ1(p) +λ2(p)
n
X
j=3
λj(p)≤0⇒
λ1(p)≥ −
n
X
j=3
λj(p) = n
X
j=3
kλj(p)k.
Portanto,
λ1(p)≥ kλj(p)k para todo j 6= 2.
De forma an´aloga, para i= 3,
λ1(p)≥ kλj(p)k para todo j 6= 3.
Segue que
29
Do Teorema das Curvaturas Principais, inf Λ+ = inf
p∈Mλ1(p) = 0. Logo existe uma
sequˆencia (pk)k∈NemM, tal queλ1(pk)−−−→
k→∞ 0.Comoλ1(p)≥ kλj(p)kpara todoj ent˜ao,
ao longo dessa mesma sequˆenciaλj(pk)−−−→ k→∞ 0.
Ademais, para todo p∈M,
kApk2 = n
X
j=1
(λj(p))2.
Em particular parapk,
kApkk
2 =
n
X
j=1
(λj(pk))2 −−−→ k→∞ 0.
Portanto,
infkAk= 0. Al´em disso, sevk ´e uma sequˆencia em TpkM obtemos
Ricpk(vk) = X
ik6=jk
Kpk(eik, ejk) = X
ik6=jk
λik(pk)λjk(pk)−−−→
k→∞ 0.
Portanto,
infkRick= 0.
Com esse teorema vimos que, as hipersuperf´ıcies completas e orient´aveis com curvatura de Ricci n˜ao positiva, que possui segunda forma fundamental com assinatura, tem ´ınfimo da curvatura de Ricci igual a zero. Nessas condi¸c˜oes, as hipersuperf´ıcies de uma variedade de dimens˜ao trˆes tem automaticamente segunda forma fundamental com assinatura. Isso pode ser facilmente provado pelo lema que segue.
Lema 4.0.24. Seja f :M3 −→R4 uma hipersuperf´ıcie com curvatura de Ricci negativa e A a segunda forma fundamental de f. Ent˜ao A possui assinatura.
Prova: Sejam λ1(p), λ2(p) e λ3(p) os autovalores de Ap. Da hip´otese sobre a curvatura
de Ricci temos,
Ricp(v)<0⇒λi(p)
X
i6=j
λj(p)<0
.
Para i= 1, λ1(p)
X
i6=j
λj(p)<0 e supondo λ1(p)>0 teremos λ2(p) +λ3(p)<0 o
que nos d´aλ2(p)<0 ou λ3(p)<0.
Se λ2(p) < 0 e λ3(p) < 0 nada a fazer. Caso λ2(p) < 0 e λ3(p) > 0 mudamos a
30
Se λ1(p)<0 o resultado ´e an´alogo. Portanto Ap possue um autovalor positivo e
n−1 autovalores negativos.
Com esse lema podemos provar a generaliza¸c˜ao de Efimov [4] em dimens˜ao trˆes, a saber,
Teorema 4.0.25. Se f : M3 −→ R4 ´e uma hipersuperf´ıcie completa e orient´avel com curvatura de Ricci negativa ent˜ao infkRick= 0.
Prova: Sejaf :M3 −→Rn+1 uma hipersuperf´ıcie e A a segunda forma fundamental de
f. Pelo lema 4.0.24 A possui assinatura e pelo teorema 4.0.23 infkRick= 0.
N´os adicionamos ao trabalho de Smyth e Xavier [11] que este ´ultimo resultado tamb´em ´e v´alido para as curvaturas de Gauss-Kronecker e escalar. Como podemos ver nos dois pr´oximos teoremas.
Teorema 4.0.26. Seja f : M3 −→
R4 uma hipersuperf´ıcie completa e orient´avel com curvatura de Ricci n˜ao positiva ent˜ao inf
p∈M|Gp|= 0. Em particular se Gp =cte para todo
p∈M3, teremos G≡0.
Prova: Pela afirma¸c˜ao 4.0.24 A possui um autovalor positivo e dois autovalores nega-tivos ou vice-versa. Da demonstra¸c˜ao de 4.0.23 existe sequˆencia em M, (pk)k∈N, tal que
λi(pk)−−−→
k→∞ 0 para todo i∈ {1,2,3}.
Portanto,
lim
k→∞G(pk) = limk→∞
3
Y
i=1
λi(pk) = 0.
Logo,
inf
p∈M|Gp|= 0.
31
Teorema 4.0.27. Seja f : M3 −→ R4 uma hipersuperf´ıcie completa e orient´avel com curvatura de Ricci n˜ao positiva ent˜ao inf
p∈M|τ(p)| = 0. Em particular se τ(p) = cte para
todo p∈M3, teremos τ ≡0.
Prova: Do teorema 4.0.23, Ricpk(vk)−−−→
k→∞ 0. Ent˜ao ao longo desta mesma sequˆencia,
τ(pk) =
3
X
j
Ricpk(vj)−−−→
k→∞ 0.
Logo,
inf
p∈M|τ(p)|= 0.
Agora, apresentamos um teorema o qual mostra que uma hipersuperf´ıcie com-pleta e orient´avel, com curvatura de Ricci n˜ao positiva, pode ser um cilindro. Al´em disso, mostra uma rela¸c˜ao entre a curvatura m´edia e a curvatura de Ricci. Esta rela¸c˜ao ser´a usada para mostrar uma generaliza¸c˜ao de Efimov paran ≥4.
Teorema 4.0.28. Seja f : M3 −→Rn+1 uma hipersuperf´ıcie completa e orient´avel com
curvatura de Ricci n˜ao positiva e H a curvatura m´edia de M.
(i) Ou inf
p∈M|Hp|= infkHk:= 0 ou f(M)´e um cilindro sobre uma curva plana emR
n+1.
(ii) Se infH 6=−∞ ou supH 6= +∞ ent˜ao infkRick= 0.
Em particular, se H =constante6= 0 ent˜ao f(M)´e um cilindro.
Prova: Para a prova de (i), suponhamos inicialmente que Λ+ ou Λ−´e vazio. Se Λ+ =
Λ−=∅ ent˜ao M´e um hiperplano eH ≡0.
Caso Λ+ = ∅ e Λ− 6= ∅, da hip´otese sobre a curvatura de Ricci sabemos que
λi(p)
X
i6=j
λj(p)≤0. ent˜ao
X
i6=j
λj(p)≥0 o que nos d´a λj(p) = 0 para todo j 6=i.
Dessa forma, Kp(ei, ej) = λi(p)λj(p) = 0 para todo p ∈ M. Por
Hartman-Niremberg [2] pag. 72, f(M) ´e um cilindro sobre uma curva plana.
Supondo que nem Λ+ nem Λ− s˜ao vazios, assuma por absurdo que inf
p∈M|Hp| 6= 0.
SeHp ≥ε > 0, da condi¸c˜ao sobre a curvatura de Ricci λ(p)(nHp −λ(p))≤ 0 para todo
λ(p) ∈ Λ o que nos d´a n·Hp ≤ λ(p) para todo λ(p) ∈ Λ+. Do teorema das curvaturas
principais inf
p∈Mn·Hp ≤inf Λ
+ = 0. Isto ´e um absurdo pois estamos supondo inf
32
Caso Hp ≤ −ε < 0, teremos que n·Hp ≥ λ(p) para todo λ(p) ∈ Λ−.
Analoga-mente, usando o teorema das curvaturas principais chegamos a uma contradi¸c˜ao. Portanto infH = 0 e isto conclui a prova de (i).
Para provar (ii) suponha que existe c ∈ R tal que Ricp(v) ≤ −c2,
equivalente-mente, λ(p)(nHp−λ(p))≤ −c2 para todoλ(p)∈Λ. Disto segue quenHp ≤ −c
2
λ(p) +λ(p) para todoλ(p)∈Λ+.
Como inf Λ+ = 0 existe uma sequˆencia (p
k)k∈N em M tal que λ(pk) −−−→ k→∞ 0.
Portanto lim
k→∞(
−c2
λ(pk)
+λ(pk)) = −∞e ao longo dessa mesma sequˆencia H −−−→ k→∞ −∞.
Analogamente, usando que nHp ≥ −c
2
λ(p) + λ(p) para todo λ(p) ∈ Λ− e que
sup Λ− = 0, obtemos que supH = +∞.
Teorema 4.0.29. Seja f : Mn −→ Rn+1 (n ≥ 4) uma hipersuperf´ıcie completa e
ori-ent´avel com curvatura de Ricci negativa. Se a curvatura seccional deMn˜ao assume todos os valores reais ent˜ao inf
p∈MkRicpk= 0.
Prova: Inicialmente vamos provar que, nas condicoes do teorema, supK 6= +∞. Com efeito, suponha que infK = −∞. Da continuidade da fun¸c˜ao curvatura seccional e da hip´otese sobre sua imagem temos que supK 6= +∞.
Caso infK 6= −∞ suponha por absurdo que supK = +∞. Ent˜ao, existem sequˆencias (pk)k∈N e (vk, uk)k∈N em M eTpkMrespectivamente, onde lim
k→∞Kpk(eik, ejk) = +∞. Al´em
disso, existe c >0 tal que infK ≥ −c.
Da hip´otese sobre a curvatura de Ricci, X
ik6=jk
Kpk(eik, ejk)<0⇒ X
K>0
Kpk(eik, ejk) + X
K<0
Kpk(eik, ejk)<0.
E portanto,
X
K>0
Kpk(eik,ejk) <− X
K<0
Kpk(eik,ejk) ≤c. Isto ´e um absurdo pois estamos supondo que supK = +∞.
Provemos o teorema: se a segunda forma fundamental de M tem um autovalor positivo en−1 autovalores negativos o resultado segue do teorema 4.0.23.
Caso contr´ario A possui pelo menos dois autovalores positivos e dois autovalores negativos. Comoλ(p)(nHp−λp)<0 para todo λ∈Λ ent˜aonHp < λ(p) paraλ(p)>0.
33
Ent˜ao, paraHp >0
(
nHp < λi1(p)
nHp < λi2(p).
Portanto,
λi1(p)·λi2(p)≥n
2(H
p)2 ⇒Kp(ei1, ei2)≥n
2(H
p)2.
Logo,
+∞ 6= supK ≥supKp(ei1, ei2)≥supH.
Do teorema 4.0.28 (ii),
inf
p∈MkRicpk= 0.
Referˆ
encias
[1] ALEXANDER, S.; MALTZ, R. Isometric immersions of Riemannian products in Eu-clidean space, J. Differential Geometry, v.11, no. 1, p. 47-57, 1976.
[2] DAJCZER, M. et al. Submanifolds and Isometric Immersions, 1. ed. Rio de Janeiro: IMPA, 1990. (Mathematics Lecture Series)
[3] DO CARMO, M. P. Geometria Riemanniana, 4. ed. Rio de Janeiro: IMPA, 2008. (Projeto Euclides)
[4] EFIMOV, N. V. Hyperbolic problems in the theory of surfaces. In: PROCEEDINGS OF INTERNATIONAL CONGRESS OF MATHEMATICS, Moscow, 1966. Amer. Math. Soc. Transl., v. 70, no. 2, p. 26-38, 1968.
[5] HARTMAN, P. On the Sacksteder Decomposition of Complete W-Hypersurfaces of Nonnegative Sectional Curvature,Arch. Rational Mech. Anal., v.70, no. 1, p. 13-18, 1979.
[6] HILBERT, D. On surfaces of constant Gaussian curvature, Trans. Am. Mat. Soc., v. 2, no. 1, p. 87-99, 1901.
[7] LLOYD, N. G.Degree theory. Cambridge: University Press, 1978. (Cambridge Tracts in Mathematics, 73)
[8] NASH, J. The imbedding problem for Riemannian manifolds, Ann. of Math.. v. 63, no. 2, p. 20-63, 1956.
[9] OSSERMAN, R. The convex hull property of immersed manifolds, J. Differential Geometry, v.6, p. 267-261, 1971.
[10] REILLY, R. C. Applications of the Hessian operador in a Riemannian manifold,
Mich. Math. J., no. 26, p. 457-472, 1973.
[11] SMYTH B.; XAVIER, F. Efimov’s theorem in dimension greater than two, Invent. Math., v.90, no. 3, p. 443-450, 1987.
35
Universidade Federal da Bahia - UFBA
Instituto de Matem´atica / Colegiado da P´os-Gradua¸c˜ao em Matem´atica
Av. Adhemar de Barros, s/n, Campus Universit´ario de Ondina, Salvador - BA CEP: 40170 -110