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Fatores de risco e proteção ao desenvolvimento de bebês de 6 a 12 meses de vida

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Academic year: 2020

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FATORES

DE

RISCO

E

PROTEÇÃO

AO

DESENVOLVIMENTO

DE

BEBÊS

DE

6

A

12

MESES

DE

VIDA

RISK AND PROTECTIVE FACTORS FOR BABY

DEVELOPMENT FROM 6–12 MONTHS OLD

FACTORES DE RIESGO Y PROTECCIÓN AL DESARROLLO

DE BEBÉS DE 6 HASTA LOS 12 MESES DE VIDA

Ana Caroline Rodrigues de Jesus1

Caroline Guisantes de Salvo Toni2

Resumo: A relação do bebê com os seus cuidadores influencia diretamente seu desenvolvimento. Assim, construiu-se uma cartilha informativa sobre desenvolvimento infantil, interação positiva e prevenção de maus tratos, direcionada para cuidadores de bebês de 6 a 12 meses e pautada em uma revisão de literatura. Utilizou-se estudos da última década, encontrados em bases de dados em português. Com a análise de 51 estudos identificou-se poucos trabalhos sobre sono e emoções, bem como predomínio de estudos de cunho exclusivamente teórico. A cartilha produzida foi distribuída para cuidadores em uma clínica-escola alçando a finalidade de informar sobre o desenvolvimento do bebê.

Palavras-chave: Promoção da saúde. Desenvolvimento infantil. Educação em Saúde. Relações Pais-Filho. Abstract:The caregiver-baby relationship directly influences the child development. In this context, the objective of this project was to construct an informative booklet on child development, positive interaction and prevention of abuse, aimed at caregivers of babies aged 6 to 12 month-old and based on a literature review. Studies from the last decade found in databases in Portuguese were considered. Out of 51 studies analysed, just a few ones on sleep and emotions were identified, most of them theoretical studies. The booklet developed was distributed to caregivers in a school-based clinic, accomplishing the goal of informing about the baby development.

Keywords: Health promotion. Child development. Health Education. Parent child relations.

Resumen: La relación del bebé con quien les cuida, influencia en directo su desarrollo. Neste contexto buscouse la construción de una cartilla informativa sobre lo desarrollo infantil, interacción positiva y prevención de males tratos, direccionada a quien cuida a los bebés de 6 hasta los 12 meses y pautada en una revisión de literatura. Utilizouse estudios de la última década, encontrados in bases de dados en la lengua portuguesa. A partir de la análisisd de 51 estudios identificouse pocos trabajos sobre el sueño y emociónes, bien como lo predominio del estudios de cuño exclusivamiente teórico. La cartilla producido fue distribuída a quien les cuida en una clínica escuela.

Palabras-clave: Promoción de la salud; Desarrollo infantil. Material Educativo. Relaciones padres-niños

Envio 11/07/2018 Revisão 13/07/2018 Aceite12/02/2019

1 Graduanda em Psicologia da Universidade Estadual do Centro-Oeste. ana.caroline1600@gmail.com.

2 Doutora em Psicologia Clínica. Psicóloga. Professora Adjunta do curso de Psicologia da Universidade Estadual

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Introdução

As ciências da saúde têm buscado construir ações preventivas, visto serem mais efetivas que tratamentos, e apresentarem menor custo financeiro (Peixoto; Giatti; Afradique; Lima-Costa, 2004; Costa; Andreia; Rodrigues; Barreto; Roberts, 2004). Além disso, as estratégias de prevenção podem ser realizadas em diversos espaços, como escolas, empresas, clínicas, etc. Contudo, para realizar a prevenção de forma eficiente é necessário o engajamento de várias áreas de conhecimento, inclusive a psicologia (Löhr; Melo; Salvo; Silvares, 2013).

Recentemente os teóricos da prevenção em saúde categorizaram um âmbito específico da prevenção primária, denominado como promoção da saúde. Segundo Costa (2015), a promoção da saúde foi conceituada pela primeira vez pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1984. Essa definição primordial consistia em um modelo amplo que englobava diversas áreas como a educação, o meio ambiente e o acesso a serviços básicos de saúde, através de ações coletivas e políticas públicas.

Conceitualmente, a promoção da saúde é uma capacitação dos sujeitos para que seja possível o enfrentamento de vulnerabilidades individuais e ambientais. Em nível mais geral, a prevenção consiste na tentativa de diminuir os riscos para que não surjam problemas ou transtornos (Leandro-França; Murta, 2014), assim como visa fortalecer os fatores de proteção (Murta; Santos 2015).

Sendo assim, programas de promoção e prevenção da saúde devem ser inicialmente efetuados visando a detecção de fatores de risco e possibilitando o contato com informações relevantes, ainda quando necessário deve orientar sobre o acesso a outros serviços de saúde (Murta; Santos 2015; Cavalcante; Alves; Barroso, 2008). Destaca-se que fatores de risco são aqueles aspectos pessoais ou ambientais que aumentam a vulnerabilidade e podem provocar desfechos negativos para o desenvolvimento (Leandro-França; Murta, 2014). Em contrapartida, os fatores de proteção, são aspectos que possibilitam a resiliência, agindo sobre as respostas pessoais em relação a determinados riscos de desadaptação, ou seja, são condições que possibilitam que o sujeito responda de forma positiva mesmo diante de riscos ambientais (Leandro-França; Murta, 2014; Papalia; Olds; Feldman, 2013).

Entendendo que a infância é um período crítico para o desenvolvimento de várias funções cognitivas e psicossociais, torna-se uma fase da vida muito propícia para promover

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saúde e prevenir doenças e transtornos. Cabe ressaltar que a infância é um momento específico em que determinados eventos ou a ausência dos mesmos terá um grande impacto sobre o desenvolvimento (Papalia; Olds; Feldman, 2013). Dessa forma, em cada idade do bebê haverá alguns fatores necessários para possibilitar que sejam desenvolvidas algumas estratégias que se enquadram como fatores de proteção.

Pode-se considerar que um dos principais fatores de proteção ao desenvolvimento infantil é o estabelecimento de vínculos entre o bebê e seus cuidadores (Caminha; Caminha, 2011). Sendo assim, as habilidades parentais podem ser o ponto de partida para a compreensão do desenvolvimento e a fundamentação de ações clínicas, educacionais e sociais (Costa, 2015). O ato de informar os cuidadores sobre os fatores de risco e proteção ao desenvolvimento do bebê em uma determinada faixa etária, consiste em uma estratégia de promoção da saúde que pode ser efetivada a partir da produção de materiais educativos (Moreira; Nóbrega; Silva, 2003).

Considerando que a primeira etapa de um programa de promoção de saúde é a identificação de fatores de risco e proteção, o presente artigo teve como objetivo realizar uma revisão narrativa da literatura, visando identificar os fatores que influenciam o desenvolvimento de bebês de 6 a 12 meses, dando atenção especial a interação cuidador-bebê. A partir dessa sistematização foi confeccionado um material informativo que abarcasse as questões investigadas e pudesse ser oferecido aos pais e cuidadores de crianças dessa faixa etária.

Método

Foi realizado um levantamento bibliográfico nos principais buscadores da psicologia (Pepsic, Scielo e Lilacs) utilizando os seguintes descritores: Primeira infância, Desenvolvimento psicomotor, psicoeducação, padrões de sono, alimentação, fatores de proteção, interação mãe-filho, apego e vínculo, amamentação, autonomia, segurança, emoções, brincar, limites, promoção de saúde, saúde mental, educação, material informativo e toque, sendo que os últimos 14 foram cruzados com o descritor desenvolvimento infantil. Além disso, foi utilizado o banco de teses da CAPES com os mesmos descritores, filtrando apenas a área de concentração específica da psicologia. Tais descritores foram escolhidos com base nos descritores de artigos clássicos e atuais da área de desenvolvimento humano, bem como a partir da literatura da área.

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Após a realização das buscas, os títulos e resumos de todos os artigos, teses e dissertações foram lidos e analisados. Na sequência foi possível selecionar aqueles que atendiam aos critérios de inclusão para serem lidos na íntegra.

Os critérios de inclusão utilizados foram: 1. artigos científicos, teses e dissertações; 2. estudos publicados entre 2005 e 2016, isto é, os últimos 10 anos anteriores ao início da presente pesquisa. 3. estudos com crianças com idade entre 6 e 12 meses; 4. textos publicados em português; 5. Estudos cujo foco do estudo seja o desenvolvimento típico e as relações cuidador-bebê. Enquanto que os critérios de exclusão foram: 1. estudos cujo objetivo seja o desenvolvimento de instrumentos de avaliação de comportamentos; 2. Estudos cujo objetivo seja a descrição de síndromes invasiva de desenvolvimento / desenvolvimento atípico; 3. Estudos cujo objetivo seja a descrição de variáveis fisiológicas e o desenvolvimento infantil.

Enfatiza-se que estudos que já haviam sido encontrados em um buscador, não eram considerados quando encontrados novamente em outra plataforma. Esse mesmo critério foi utilizado quando um artigo aparecia durante a busca de mais de um descritor. A partir da seleção dos estudos, seus resultados e apontamentos foram sistematizados. A análise dos artigos encontrados foi realizada com base na Análise temática de conteúdo, proposto por Minayo (2007). Após a leitura flutuante de todos os artigos selecionados e exploração dos materiais, estes foram catalogados e codificados em áreas temáticas comum, isto é, separados em categorias, com base nos temas que abordavam e / ou discutiam. Por fim, os resultados encontrados foram interpretados, buscando-se descrever pontos de congruência e incongruência expostos nas pesquisas. Ainda foram tabulados os anos das publicações dos artigos. Com base nos materiais analisados embasou-se a construção de uma cartilha informativa sobre o desenvolvimento e bem-estar do Bebê.

Resultados

Após a busca com os 19 descritores citados anteriormente foram encontrados 5202 estudos (artigos, teses, dissertações). Deste total, 623 foram encontrados no Scielo, 113 no Pepsic, 1995 na Lilacs e 2471 no banco de teses da Capes.

Após aplicar-se os critérios de inclusão e exclusão aos artigos encontrados, obteve-se uma seleção de 88 estudos, os quais foram lidos na íntegra para verificar se eram adequados aos objetivos desta pesquisa. Após essa etapa restaram 51 trabalhos que foram analisados. Deste

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número total, 31 eram provenientes da base de dados Lilacs, 12 da Scielo, 5 do banco de Teses da Capes e 3 da Pepsic. No quadro 1 apresenta-se as referências dos artigos que compõe o presente estudo.

ALVARENGA, P.; WEBER, L, N. D,; BOLSONI-SILVA, A. T. Cuidados parentais e desenvolvimento socioemocional na infância e na adolescência: uma perspectiva analítico-comportamental. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, v. 18, n. 1, p. 4-21. 2016.

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Quadro 1 - Lista de referências da revisão. (Produção das autoras).

A partir do Quadro 1 pode-se observar uma grande variedade de áreas do conhecimento que tratam sobre o desenvolvimento humanos, pois os artigos provém de revistas científicas de diferentes áreas, tais como medicina, psicologia, enfermagem, nutrição, entre outras. Sendo que grande parte delas correspondem a psicologia e/ou áreas afins dessa ciência.

Na figura 1 pode-se verificar o número de artigos encontrados com cada um dos descritores após a seleção completa:

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Fig. 1 - Número de artigos encontrados com cada descritor. (Produção das autoras).

A partir da Figura 1 percebe-se que não foram encontrados estudos sobre emoções e desenvolvimento infantil; padrões de sono; psicoeducação; material informativo; além de toque e desenvolvimento infantil. Estudos envolvendo “amamentação e desenvolvimento infantil” e “educação e desenvolvimento infantil” foram os que mais apresentaram resultados. No geral, a média que cada descritor apresentou foi 2,7 trabalhos.

Para melhor compreensão da frequência de realização de estudos no campo do desenvolvimento infantil — mais especificamente relacionados a bebês de 6 a 12 meses — procurou-se também agrupar as pesquisas de acordo com o ano de sua publicação (Figura 2).

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Fig. 2 - Número de trabalhos relacionados ao desenvolvimento infantil em função do ano de sua publicação. (Produção das autoras).

É possível visualizar na figura 2 a oscilação do número de publicações no decorrer dos anos. Destaca-se uma maior quantidade de publicações no ano de 2013, em especial, voltadas a alimentação, promoção de saúde, segurança e desenvolvimento psicomotor. Ressalta-se também a queda do número de publicações em 2016, sendo que a única publicação encontrada se referia ao desenvolvimento sociemocional relacionado com cuidados parentais.

Pode-se considerar que, no geral, ocorreu um número grande de publicações relacionadas ao desenvolvimento infantil da faixa etária investigada na presente pesquisa. Destaca-se que as temáticas síndrome do bebê sacudido, choro, toque, interação, alimentação e locomoção foram as que apresentaram maior frequência, além de, a partir da análise temática, mostraram-se altamente relevantes ao desenvolvimento do bebê de 6 a 12 meses. A temática Sono, apesar de não ter apresentado ocorrência na pesquisa nas bases de dados, foi considerada fundamental para compor o material informativo, uma vez que a literatura sobre psicologia do desenvolvimento (Papalia; Olds; Feldman, 2013; Caminha; Caminha, 2011; Brazelton, 2013) descreve a importância desse aspecto para a saúde do bebê.

A partir dessas temáticas foi produzido um material informativo que foi e está sendo distribuído na Clínica-escola de Psicologia da UNICENTRO. A cartilha consiste em um

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pequeno material didático-instrucional que contém informações pontuais sobre um determinado tema (Fonseca et al, 2004). Sendo assim, seguindo as indicações feitas por Moreira et al (2003) sobre materiais educativos em saúde, buscou-se elaborar frases curtas que fornecessem orientações acerca dos cuidados com bebês de 6 a 12 meses. Para tornar a cartilha mais atrativa e possivelmente mais eficaz para a promoção de saúde foram acrescentadas pequenas ilustrações que remetem ao conteúdo descrito.

Imagem 1 - Cartilha sobre cuidados com bebês de 6 a 12 meses. (Produção das autoras).

Discussão

A presente pesquisa teve como objetivo revisar a literatura sobre o desenvolvimento de bebês de 6 a 12 meses de vida, enfatizando as práticas educativas, bem como fatores de risco e proteção para essa determinada faixa etária. A partir dos resultados encontrados buscou-se produzir uma cartilha sobre o desenvolvimento infantil e a interação do cuidador com o bebê dessa idade.

Entende-se como cartilha um material informativo impresso, no qual são apresentadas breves dicas sobre o desenvolvimento infantil da faixa etária analisada (Fonseca et al, 2014). Os temas para compor essa cartilha foram escolhidos com base na relevância que recebiam nos estudos encontrados durante a revisão sistemática. Por fim, as temáticas selecionadas foram: síndrome do bebê sacudido, choro, toque, interação, sono, alimentação e locomoção.

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Reconhecendo a importância que o acesso a educação e a informação tem sobre o bom desenvolvimento infantil, entende-se que a construção de ações que empoderem a família é fundamental. Portanto, devem ser realizadas atividades e políticas que promovam a capacidade dos cuidadores de proporcionar um bom desenvolvimento infantil (Silva, 2013). Atualmente, a comunicação está se tornando uma grande aliada da promoção da saúde, uma vez que através dela são possíveis a transmissão de informações e a conscientização sobre determinadas questões, problemas e soluções relacionadas a saúde (Moreira et al, 2003).

Existem diversas formas de veicular as informações para que estas sejam transmitidas ao público alvo, uma delas é, justamente, através do material informativo impresso:

Um material bem escrito ou uma informação de fácil entendimento melhora o conhecimento e a satisfação do paciente, desenvolve suas atitudes e habilidades, facilita-lhes a autonomia, promove sua adesão, torna-os capazes de entender como as próprias ações influenciam seu padrão de saúde, favorece sua tomada de decisão. É, portanto, uma forma de promover saúde. (Moreira et al, 2003, p. 185).

Segundo Moreira et al (2003), o material escrito tem três funções: acentuar as informações e discussões orais, servir como guia de orientações para casos de interrogações posteriores e colaborar nas tomadas de decisões. Ainda, segundo estes autores, para que a mensagem atinja seus objetivos é necessário que a sua produção seja realizada com planejamento, de uma forma precisa para que seu conteúdo seja relevante para a população e passível de ser entendido.

A utilização de material escrito, se construído da forma correta, pode ser mais eficaz que a exibição de vídeos, uma vez que o indivíduo pode ler quantas vezes julgar necessário para o entendimento. Lopes (2013), por exemplo, verificou que a distribuição de panfletos sobre o Trauma Craniano Violento (TCV) é mais eficaz na conscientização da população do que a exibição de vídeos. Considerando que uma das falhas do material impresso é a dificuldade de leitura da população (Moreira et al, 2003), enfatiza-se que essa maior eficácia só ocorre quando um profissional realiza a leitura junto com o paciente (Lopes, 2013).

Na presente pesquisa, buscando atender os objetivos propostos inicialmente, foi construída uma cartilha que englobou os principais temas observados em estudos científicos

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que envolviam bebês de 6 a 12 meses, bem como os marcos do desenvolvimento nessa faixa etária.

Em geral, os estudos indicam que nessa fase é fundamental atentar-se para a necessidade de introduzir a alimentação complementar aliada ao aleitamento materno (Caetano et al, 2011; Silva et al, 2010) e a percepção do choro como meio de comunicação dos bebês (Nunes et al, 2014; Lopes, 2013). Além disso, as pesquisas indicam a importância do estilo de interação cuidador-bebê para a autonomia e socialização da criança (Martins, 2014; Borges et al, 2015), sendo enfatizado que orientar os pais em relação aos meios de educar seus filhos colabora para a efetivação de um desenvolvimento saudável (Costa, 2015). Com base nisso, foi possível elencar alguns fatores de risco e proteção ao desenvolvimento de bebês de 6 a 12 meses que, portanto, devem ser informados aos cuidadores de crianças dessa faixa etária.

Um dos temas que vem sendo citado recentemente na literatura é, justamente, o Trauma Craniano Violento mencionado anteriormente. Os casos de trauma ocorrem principalmente no primeiro ano de vida, dado que os bebês até essa idade precisam constantemente de cuidados, além de que podem ficar mais tempo sozinhos com o cuidador e não conseguem fornecer relatos sobre sua experiência (Frasier, 2008 apud Lopes, 2013). Entretanto, apesar de o trauma ocorrer na infância, suas consequências podem persistir por toda a vida, pois segundo Lopes (2013), a longo prazo a criança pode apresentar problemas de visão, deficiência física e auditiva, paralisia cerebral, convulsões, déficit cognitivo, problemas com a fala e, em casos mais graves, o TCV pode levar a morte.

Lourenço et al (2013) afirma que devido a existência do risco destas sequelas, é necessário desenvolver estratégias de prevenção primária voltadas para a população em geral, de modo que os pais sejam informados sobre os perigos de sacudir a criança. Como já dito, a utilização de panfletos é um dos métodos mais eficazes para informar os pais sobre a síndrome do bebê sacudido (Lopes, 2013), portanto considerou-se imprescindível que o TCV fosse um dos temas contidos na cartilha.

Segundo Moreira et al (2003), para atingir seus objetivos, um material informativo deve conter vocabulário adequado a população alvo e os termos técnicos devem ser evitados. Sendo assim, uma vez que a terminologia “síndrome do bebê sacudido” remete ao movimento necessário para causar o trauma, optou-se por sua utilização na produção da cartilha.

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Também, segundo Lourenço et al (2013), é necessário ensinar aos pais como lidar com o choro persistente. Isso justifica-se porque o choro é um dos principais fatores desencadeantes da sacudida, pois grande parte dos pais não sabe que o bebê pode chorar muito nos primeiros meses de vida (Lopes et al, 2013). Brazelton (2013) descreveu um padrão de choro dos bebês, em que, segundo ele, a média diária de choro aumenta nas primeiras semanas de vida, atinge o pico na 6º semana e na sequência começa a diminuir (apud Lopes, 2012).

Nunes e Aquino (2014) buscaram verificar como as mães entendem as habilidades de comunicação dos bebês. Pode-se perceber que até os nove meses o choro é a principal forma de comunicação da criança. Além disso, as mães acham que quando o bebê chora é porque precisa que suas necessidades sejam atendidas, sendo assim elas devem fazê-lo imediatamente. Nesse contexto, é comum que os pais se sintam frustrados quando não conseguem acalmar o bebê (Lopes, 2013).

Considerando que essa frustração diante ao choro do bebê é um dos principais fatores desencadeantes da sacudida (Lopes et al, 2013), foi apontado no material informativo que o choro e a síndrome estivessem relacionados, além de orientar aos pais sobre algumas estratégias que podem utilizar para acalmar o bebê. Ainda, enfatizou-se a possibilidade dos pais se afastarem da criança e pedirem ajuda quando o choro persistir e eles não souberem mais como agir.

Mesmo que muitos pais afirmem que nos primeiros noves meses o choro é a principal forma de comunicação que o bebê possui, nessa idade já são encontradas outras habilidades pré-verbais (Nunes; Aquino, 2014). Sorrir, olhar para o cuidador e balbuciar também podem ser ações do bebê que podem promover comunicação e interação positiva entre pais e filho (Machado; Bello, 2015; Nunes; Aquino, 2014).

A qualidade da interação cuidador-bebê é essencial para o desenvolvimento do bebê e também possibilita a transmissão de normas e valores culturais que ajudarão a criança futuramente (Martins, 2014), além de que a figura dos cuidadores é essencial no desenvolvimento da linguagem. Mães que se comunicam bastante com as crianças estão constantemente estimulando seus filhos, o que aumenta a probabilidade deles falarem mais cedo e de terem um maior vocabulário (Becker, 2014). Crianças que possuem uma relação boa com as pessoas próximas a ela apresentam comportamentos mais exploratórios e positivos (Frota et al, 2010).

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Manter uma boa interação com os cuidadores proporciona uma sensação de segurança para o bebê (Alvarenga et al, 2015), pois sentir-se seguro é essencial na infância, visto que as crianças seguramente apegadas terão a possibilidade de um desenvolvimento emocional saudável e são mais confiantes para explorar o meio em que vivem (Bowlby apud Becker, 2014). Bowlby (2002) concebe o vínculo como uma adaptação primária fundamental na espécie humana, tão necessária quanto satisfazer a fome e a sede. Frente a tal relevância que o vínculo e a interação possuem para o desenvolvimento, foi essencial que esse tema estivesse presente na cartilha.

Além da interação verbal, para beneficiar a relação cuidador-bebê, também é essencial o toque, uma vez que a sensação tátil, assim como a visual, afeta diretamente o desenvolvimento infantil (Sillva et al, 2013). Winicott afirma a importância da estimulação motora do bebê para o desenvolvimento do tônus muscular e da coordenação motora, cócegas e massagens podem ser formas de estimular a criança (Becker, 2014). Esse toque muitas vezes é provocado justamente pelas habilidades de olhar, sorrir e balbuciar que o bebê apresenta (Machado; Bello, 2015).

Existem alguns momentos que são propícios para o toque como, por exemplo, a hora do banho e da amamentação. Durante o banho o cuidador pode oferecer carinho ao bebê, massageá-lo, brincar com ele, ou seja, estimular o seu desenvolvimento. (Frota et al, 2010). Enquanto alimenta o bebê, a mãe também pode aproveitar para tocar o bebê e conversar com ele.

A alimentação do bebê, além de ser importante na interação, obviamente é essencial no âmbito nutricional. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a amamentação exclusiva até os 6 meses de idade, logo após devem ser introduzidos outros alimentos, mas sem a interrupção do aleitamento materno, o qual deve estender-se até os dois anos ou mais (apud Caetano et al, 2010). Ainda, segundo a OMS, os alimentos que serão oferecidos para a criança após o sexto mês devem ser apropriados, seguros e nutricionalmente adequados (apud Lima et al, 2012).

Entretanto, segundo Santana et al (2013), mesmo que as mães conheçam um pouco sobre a importância do aleitamento materno exclusivo, é comum que suas práticas sejam influenciadas por mitos e tabus. A literatura aponta alguns fatores que contribuem para que

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ocorra a introdução de alimentos sólidos antes dos 6 meses, o aleitamento artificial e o desmame precoce.

Estão relacionados com a alimentação complementar precoce aspectos como a idade da mãe, o trabalho materno, o uso de chupeta e a falta de acesso de assistência à saúde (Caetano et al, 2010; Silva et al, 2010). Caetano et al (2010), aponta que essa prática pode aumentar os riscos de desenvolvimento de doenças crônicas e o desmame precoce muitas vezes é preditivo da necessidade de alimentação complementar.

Segundo Valezin et al (2008), a causa de grande parte das mães interromper o aleitamento materno exclusivo precocemente é a falta de orientação. Portanto, estes pesquisadores afirmam a necessidade de elaborar instrumentos educativos para informar as mães. Com base nisso, o tema “alimentação complementar” foi considerado essencial na confecção da cartilha.

Sobre o uso de leite artificial na mamadeira, a literatura aponta que fatores como a mãe trabalhar fora podem levar a essa prática (Buccini et al, 2012; Crestani et al, 2011). Considerando que esse último fator citado é comum no cotidiano de muitos cuidadores, atentou-se para que fossem acrescentadas na cartilha informações sobre a utilização da mamadeira.

Para Buccini et al (2012) alguns fatores como primiparidade, sexo do bebê, parto cesariana e baixo peso no nascimento influenciam o uso da chupeta, além da mamadeira. Por isso buscou-se incluir no material informativo algumas dicas sobre o hábito de usar chupeta. Outro marco que ocorre na vida dos bebês entre os 6 e 12 meses de vida é a capacidade de começar a se locomover sozinho, uma vez que, segundo Saccani et al (2010), do 2º ao 4º trimestre da vida do bebê ocorrem várias evoluções, principalmente, na postura corporal.

Com isso, é comum que os bebês queiram explorar visualmente e manualmente o meio em que estão inseridos (Oliveira, 2012). Reconhecendo que essa exploração pode causar acidentes domésticos como choques em tomadas e intoxicações (Xavier-Gomes, Rocha, Barbosa, Silva, 2013), foram acrescentadas na cartilha algumas dicas para auxiliar os cuidados com a segurança do bebê.

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Conclusões

Os resultados deste estudo possibilitaram uma síntese de vários aspectos que perpassam a relação entre o cuidador e o bebê, e que são fatores de risco ou proteção para o desenvolvimento infantil. A partir disso, também foi possível desenvolver um material educativo sucinto para o público alvo contemplado, isto é, os pais e demais cuidadores de crianças com 6 a 12 meses.

A presente pesquisa ocorreu simultaneamente com um projeto de extensão, no qual as cartilhas eram distribuídas para mães que participavam de um encontro com estudantes de psicologia. Considera-se que a distribuição da cartilha tornou possível a promoção de saúde, uma vez que os cuidadores podem consultá-la sempre que julgarem necessário e assim obter informações relevantes para os cuidados diários com o bebê.

Entretanto, compreende-se a limitação do presente estudo sobre a fidedignidade da promoção de saúde que tal estratégia alcançará. Para avaliação do alcance de tal objetivo seria necessário uma nova pesquisa que levantasse dados para verificar a eficácia do material informativo no conhecimento das mães.

Em relação aos estudos encontrados, percebeu-se que alguns temas ainda foram pouco explorados na literatura da língua portuguesa. Com isso, atenta-se para a necessidade da realização de mais estudos nas temáticas como o sono e as emoções dos bebês, além de continuar aprofundando os demais temas que foram apresentados. Levanta-se ainda a possibilidade de explorar o conteúdo em outros idiomas, visto que isso não foi possível na presente pesquisa.

Ainda, de forma geral, a maior parte dos estudos encontrados são de caráter teórico, sendo poucos os estudos que descrevem a implantação de práticas de prevenção e promoção de saúde. Apesar disso, verificou-se que a realização de estudos relacionados ao desenvolvimento infantil e/ou a promoção de saúde cresceu nos últimos anos.

Aponta-se a relevância do presente estudo, uma vez que pesquisas relacionadas a esses temas podem fundamentar programas de promoção de saúde. Com isso, pode-se realizar práticas de prevenção que são mais efetivas, com um menor custo financeiro e que possibilitem consequências positivas a curto, médio e longo prazo.

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Sendo assim, considera-se que o presente estudo pode contribuir para a área da psicologia e da saúde, uma vez que desenvolveu uma revisão que permitiu uma prática de promoção de saúde, através da distribuição da cartilha e consequente divulgação de informações relevantes para os cuidadores de bebês.

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Fig. 1 - Número de artigos encontrados com cada descritor. (Produção das autoras).
Fig. 2 - Número de trabalhos relacionados ao desenvolvimento infantil em função do ano de  sua publicação

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