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[Peribulbar block combined with general anesthesia in babies undergoing laser treatment for retinopathy of prematurity: a retrospective analysis]

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Academic year: 2021

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REVISTA

BRASILEIRA

DE

ANESTESIOLOGIA

Publicação Oficial da Sociedade Brasileira de Anestesiologia

www.sba.com.br

ARTIGO

CIENTÍFICO

Bloqueio

peribulbar

combinado

com

anestesia

geral

em

bebês

submetidos

a

tratamento

a

laser

para

retinopatia

da

prematuridade:

uma

análise

retrospectiva

Daniela

Filipa

Rodrigues

Pinho

,

Cátia

Real,

Leónia

Ferreira

e

Pedro

Pina

CentroHospitalardoPorto,TerapiaIntensivaeMedicinadeEmergência,DepartamentodeAnestesiologia,Porto,Portugal Recebidoem10deabrilde2017;aceitoem4dejaneirode2018

DisponívelnaInternetem12demarçode2018

PALAVRAS-CHAVE

Retinopatiada prematuridade; Bloqueionervoso; Doenc¸asretinianas; Recém-nascido; prematuro; Terapiaalaser

Resumo

Justificativaeobjetivos: Atéomomentonãoháumconsensosobreatécnicaanestésicamais

adequada para otratamento deretinopatia daprematuridade. Obloqueio peribulbarpode reduzir a incidênciade reflexooculocardíacoe apneiano pós-operatório.O objetivodeste estudofoirelatarosresultadosdobloqueioperibulbar,quandocombinadocomanestesiageral, paraotratamentoalaserderetinopatiadaprematuridadeembebêsprematuros.

Métodos: Umaanáliseretrospectivadosregistrosanestésicosdetodososbebêssubmetidosao

tratamentoalaserpararetinopatiadaprematuridadedejaneirode2008adezembrode2015 foirealizadaemumhospitalterciário.

Resultados: Durante esseperíodo,seis bebêsforamsubmetidos ao tratamentoalaser para

retinopatiadaprematuridade,todossobbloqueioperibulbarcombinadocomanestesiageral. Umainjec¸ãoinfratemporalúnicaderopivacaínaa1%ou0,75%(0,15mL.kg−1)foiadministrada porolho.Nofimdoprocedimento,todososbebêsretomaramaventilac¸ãoespontânea.Não foramrelatadascomplicac¸õesperioperatórias.

Conclusões: Obloqueioperibulbarfoiumatécnicaanestésicaseguraemnossaamostra

consi-derada.

©2018SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eum artigo OpenAccess sobumalicenc¸aCCBY-NC-ND( http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Autorparacorrespondência.

E-mail:daniepinho@gmail.com(D.F.Pinho). https://doi.org/10.1016/j.bjan.2018.01.004

0034-7094/©2018SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸a CCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

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KEYWORDS Retinopathyof prematurity; Nerveblock; Retinaldiseases; Infant,premature; Lasertherapy

Peribulbarblockcombinedwithgeneralanesthesiainbabiesundergoinglaser treatmentforretinopathyofprematurity:aretrospectiveanalysis

Abstract

Backgroundandobjectives: Currentlythereisnoagreementregardingwhichoneisthemost

adequate anesthetic techniquefor the treatment ofretinopathy ofprematurity. Peribulbar blockmayreducetheincidenceofoculocardiacreflexandpostoperativeapnea.Thegoalofthis studywastoreporttheoutcomesofperibulbarblock,whencombinedwithgeneralanesthesia, forthelasertreatmentforretinopathyofprematurity,inprematurebabies.

Methods:Aretrospectiveanalysisofanestheticrecordsofallbabieswhounderwentlaser

tre-atmentforretinopathyofprematurityfromJanuary2008throughDecember2015inatertiary hospitalwasperformed.

Results:Duringthatperiodatotalofsixbabieswassubmittedtolasertreatmentforretinopathy

ofprematurity,allunderperibulbarblockcombinedwithgeneralanesthesia.Asingle infratem-poralinjectionof0.15mL.kg−1pereyeropivacaine1%or0.75%wasperformed.Attheendof theprocedure, allbabies resumed spontaneous ventilation.No perioperativecomplications werereported.

Conclusions:Peribulbarblockwasasafeanesthetictechniqueinoursampleconsidered.

©2018SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Thisisan openaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense( http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Introduc

¸ão

Aretinopatiadaprematuridade (ROP)éumadoenc¸a

vaso-proliferativa que representa uma importante causa de

cegueira evitável em crianc¸as. Nas últimas décadas, os

avanc¸osnos tratamentosneonatais melhorarama taxade

sobrevivência dos recém-nascidos prematuros. A

incidên-ciade ROP também aumentou, bem como a necessidade

demanejo cirúrgico.1 A cirurgiaconsisteem laser

perifé-ricoseguidodevitrectomiaempacientesquedesenvolvem

descolamentodaretina. Noentanto,aindanãoexiste um

consensosobrequaléatécnicaanestésicamaisapropriada

paraotratamentodeROP.

Osbebêsprematurosapresentamdesafiosincomunspara

oanestesiologistadevidoàimaturidadedesuafisiologiae

anatomia.2 Muitosestudosrelataram que tantoos

recém--nascidos quanto os lactantes que nasceram com menos

de 60 semanas de idade pós-conceptual (IPC)

apresen-tamcomplicac¸õesrespiratórias com maisfrequênciaapós

aanestesiageraldoqueoutroslactentesnascidosatermo.

Tambémhápreocupac¸õesdequeosagentesanestésicose

sedativospossamterumefeitotóxicodiretonocérebroem

desenvolvimentomesmoapósonascimento.

Aanestesiaregionalpodeminimizarousodeopioidesno

períodoperioperatório;portanto,oseuusodeveser

consi-deradonessafaixaetária.2 Quantoao bloqueioperibulbar

embebêsprematurossubmetidosatratamentoparaROP,os

dadosquedescrevemoseuusosãoescassos.1,3

Oobjetivodesteestudofoirelatarosdesfechosdo

blo-queioperibulbar, quandocombinado com anestesia geral,

paraotratamentoalaserdeROPembebêsprematurosem

nossainstituic¸ão.

Métodos

Umarevisãoretrospectivadosregistrosanestésicosdetodos

ospacientessubmetidosaotratamentoalaserparaROPsob

bloqueioperibulbarcombinadocomanestesiageralfoifeita

dejaneirode2008adezembrode2015emnossainstituic¸ão.

Informac¸ões sobre sexo, idade gestacional ao

nasci-mento, IPC nomomento dacirurgia,peso ao nascere no

momento da cirurgia, comorbidades relevantes,

necessi-dade prévia de ventilac¸ão mecânica e suplementac¸ão de

oxigênio foramcoletadas.Osregistros deanestesiaforam

revisadosembuscadosdadosrelativosàtécnicadeinduc¸ão,

manejo das vias aéreas, medicamentos usados, execuc¸ão

debloqueioperibulbar,eventosadversosnointraoperatório

e necessidade de ventilac¸ão mecânica no fim do

pro-cedimento. As informac¸ões referentes ao pós-operatório,

inclusive a necessidade de analgésicos complementares,

apoioventilatórioousuplementac¸ãodeoxigênioe

ocorrên-cia de complicac¸ões, foram coletadas após a revisão dos

registros da unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal.

Todasasinformac¸õesforamcoletadasanonimamente.

Resultados

Duranteotempodestinadoàrevisão,seispacientes

rece-beram o tratamento a laser paraROP.Todos ospacientes

foramsubmetidosaoprocedimentosobbloqueioperibulbar

combinadocomanestesiageral.

Os dados demográficos e clínicos são apresentados na

tabela1.Amediana(intervalo)daidadegestacionalao

(3)

Tabela1 Característicasdapopulac¸ãodoestudo Idade gestacional ao nascimento (semanas) Pesoao nascimento (g) Pesoao tratamento (g) IPCao tratamento (semanas) Diasde apoioVI prévio Diasde apoioVNI prévio [Hb]antes dacirurgia (g.dL−1) Comorbidades relevantes Prematuro1 33 1.200 2.420 40 0 0 16,1 Não mencionado Prematuro2 24 650 1.810 34 29 67 11,7 DBP Prematuro3 25 665 1.980 45 140 25 11,1 DBP;FOP; PCA Prematuro4 28 650 1.800 37 0 8 12,1 DBP Prematuro5 29 1.310 3.000 38 0 28 13,8 DBP;FOP Prematuro6 25 660 1.576 47 43 41 10,9 DBP;FOP

DBP,displasiabroncopulmonar;FOP,forameovalpatente;[Hb],concentrac¸ãoplasmáticadehemoglobina;IPC,idadepós-conceptual; PCA,persistênciadocanalarterial;VI,ventilac¸ãoinvasiva;VNI,ventilac¸ãonãoinvasiva.

da cirurgia foi de 39 (34---47) semanas. A mediana do peso ao nascimento e no momento do tratamento foi de 856g (650---1.200) e 2.098g(1.576---3.000), respectiva-mente.TodosospacientesforamclassificadoscomoASAIII emetadedospacienteseradosexofeminino.Nomomento emqueseapresentaramparaacirurgia,nenhumpaciente precisoudeventilac¸ãomecânicae apenasumdeles preci-soudesuplementac¸ãodeoxigênio,administradaviacânula nasal (Prematuro 6). A mediana (intervalo) do tempo de internac¸ão dos pacientes antesda cirurgia foi de 66 dias (1---93). Apenas umdos pacientes fora submetidoà cirur-giaanterior,queocorreusemcomplicac¸ões(Prematuro2 ---catetervenosocentralcolocadosobanestesiageral).

Todos os bebês foram submetidos a uma avaliac¸ão pré-anestésicadetalhadaeseguiram asdiretrizes da Soci-edadeAmericanadeAnestesiologistas(ASA)paraojejum. Amonitorac¸ãonointraoperatórioconsistiuem eletrocardi-ografiacontínua,oximetriadepulso,pressãosanguíneanão invasiva,dióxidodecarbononofimdaexpirac¸ão, tempera-turae glicemia.Alémde aquecera salade operac¸ão,um sistemade ar forc¸adoaquecido foi usadodurante todo o períodointraoperatório.Oacessointravenoso(IV)foi pre-viamenteobtidona UTIneonatal,deondeosbebêsforam transferidos.Umainduc¸ãodaanestesiainalatóriacom mis-tura desevoflurano, oxigênio e ar através de umsistema

Jackson-Reesfoifeitaem todosospacientes.Apósatingir umplanoanestésicoadequado,fentanilfoiadministradoIV. Alémdisso,quandoaintubac¸ãoendotraquealfoiexecutada, atracuriumfoiadministradoIV.Aanestesiafoientão man-tidacomsevofluranoeventilac¸ão controladacom circuito fechado.Medicamentos anticolinérgicosnãoforam usados em nenhum dos casosantesda induc¸ão.O bloqueio peri-bulbarfoifeitobilateralmenteemtodosospacientes,após induc¸ãodeanestesiageral,pormeiodeumaúnicainjec¸ão infratemporal deropivacaína a 1%(Prematuro 1a Prema-turo 5) ou a 0,75% (Prematuro 6), 0,15mL.kg---1 em cada

olho,comumaagulhade30,5G.Levou-seemconsiderac¸ão adosemáximadofármacode3mg.kg---1paradeterminaro

volumede ropivacaína por olho e ela foi convertida para o respectivo volumederopivacaína a1%. Esse volumefoi aindadivididoparaadministrac¸ãoemambososolhos. Fen-tanilsófoiadministradoantesdomanejodasviasaéreas.

Umadescric¸ãomaisdetalhadadomanejoanestésicoe cirúr-gico é apresentada na tabela 2. A média (intervalo) de

glicemia capilar durante a cirurgia foi de 114 (93---195)

mg.dL---1.Nofimdoprocedimento,obloqueio

neuromuscu-larfoirevertidocom50␮g.kg---1deneostigminae20␮g.kg---1

deatropina.Asmedianas(intervalos)dostemposde

aneste-siaecirurgiaforam204(186---307)e148(109---178)minutos,

respectivamente.Todos osbebês retomaram a ventilac¸ão

espontâneademodoeficaz.Posteriormente,osbebêsforam

imediatamentetransportadosparaaUTIneonatal,uma

con-dutahabitualdenossapráticaparaessetipodesituac¸ão.

OpacientereferidocomoPrematuro2precisoudeumcurto

período de ventilac¸ão não invasiva na UTI e também foi

oúnico que precisoudeum reforc¸o daanalgesia nas

pri-meiras24h, masapenas acetaminofeno foi administrado.

Além disso, e ao longo detodo o período perioperatório,

asmensurac¸õeshemodinâmicaserespiratórias

permanece-ramestáveisenãoforamrelatadascomplicac¸ões,inclusive

aquelasquepoderiamseratribuídasaobloqueioperibulbar.

Osoutrosbebêsnãoprecisaramdeanalgésicosderesgate.

A mediana do tempo de alta hospitalar foi de 5,5

(2,0---21,0)dias.

Discussão

Osseisbebêsrepresentamtodaacoortedepacientes

sub-metidos ao tratamento a laser para retinopatia em sete

anos. Nossa principal conclusão é que o bloqueio

peri-bulbarfoi seguro em nossa coorte de bebês prematuros,

quandoconsideramos nossapopulac¸ão. Aabordagemlivre

de opioides não foi escolhida devido à possível

instabili-dadehemodinâmicarelacionadaaomanejodasviasaéreas.

Emborao usode opioidespossaserumfator deconfusão

aoanalisaraestabilidadehemodinâmicaeanecessidadede

analgésicosadicionais,ameia-vidacurtadeumúnicobolus

defentanilnãopoderiaexplicarcompletamenteessas

variá-veisporqueadurac¸ãodoprocedimentovaimuitoalémdo

efeitoclínico domedicamento. Além disso, consideramos

queo manejode viasaéreas infantis é maissegurosob a

influênciadeopioidesparaevitar apossibilidadede

(4)

Tabela2 Detalhesdomanejoanestésicoecirúrgico Manejodasvias

aéreas

Analgesiaintraoperatória Durac¸ãoda

anestesia(min)

Durac¸ãoda cirurgia(min)

Prematuro1 TET Fentanil2␮g.kg−1 202 151

Acetaminofeno15mg.kg−1

Prematuro2 TET Fentanil2,2␮g.kg−1 187 109

Acetaminofeno15mg.kg−1

Prematuro3 TET Fentanil2␮g.kg−1 206 148

Prematuro4 ML(ProSeal®) Fentanil1,7␮g.kg−1 208 120

Acetaminofeno15mg.kg−1

Prematuro5 ML(Classic®

) Fentanil1,2␮g.kg−1 186 178

Acetaminofeno15mg.kg−1

Prematuro6 TET Fentanil1␮g.kg−1 307 148

Acetaminofeno15mg.kg−1

ML,máscaralaríngea;TET,tuboendotraqueal.

anestesiamaisprofundoe seuspossíveisefeitosadversos. Porém,nãofoipossívelchegaraconclusõesarespeitodeseu efeitosobreadosedeopioidesporquenãohouveumgrupo controleparatalcomparac¸ão.Duranteoperíodo intraope-ratório,opadrãohemodinâmicomanteve-seestávele não houvenecessidadedeadministrac¸ãosuplementarde opioi-des.Issopodeseratribuídoàanalgesiasuficientefornecida pelobloqueio.Alémdisso,todosospacientesrecuperaram aventilac¸ãoespontâneanofimdoprocedimentosem neces-sidadedeapoiomecânico.Excetoporumbebêqueprecisou deumcurtoperíododeventilac¸ãonãoinvasivanoperíodo pós-operatório,nãohouverelatosdeapneia,dessaturac¸ão oubradicardia.Essepaciente,referidocomoPrematuro2, tinhahistóriadedisplasiabroncopulmonareprecisoudeum longoperíododeventilac¸ão invasiva(29dias) enão inva-siva (67 dias), conforme descrito na tabela 2. O fato de

essepacienteprecisardeventilac¸ãonãoinvasivadeveser

interpretadocomoconsequênciadoseuestadoinicial.

Durante o período pós-operatório, as principais

preocupac¸õesreferentesabebêsprematurossubmetidosà

anestesiageralsãoascardiorrespiratórias,particularmente

apneia,bradicardiaedessaturac¸ãodeoxigênio.Aincidência

deapneianopós-operatórioéinversamenteproporcionalà

IPC;idade gestacional maisprecocee anemiasão fatores

deriscoadicionais.Váriosfatoresderiscoparaapneia no

pós-operatórioestavampresentesemnossapopulac¸ão,tais

como IPC inferior a 60 semanas nomomento dacirurgia,

anemia,patologiapulmonarecardíaca.

Atualmente,sabe-sequeosbebêsprematurossão

capa-zesdesentirdore queumestímulodoloroso significativo

poderesultar em episódios bradicárdicos e apneicos que,

porsuavez,podemsetraduziremmorbidadesignificativa.

Emboraotratamentoalasernãosejanecessariamente

dolo-roso,oleveestímulodooftalmoscópioindireto,ainserc¸ão

deumespéculopalpebraleamanipulac¸ãodoglobopodem

induzir estresse e instabilidade sistêmica.4 Portanto,

for-necer analgesia adequada é de suma importância. Como

osbebêsprematurossãomuitosensíveisaoefeito

depres-sor respiratório dos opioides, o que pode levar a uma

recuperac¸ãotardia,ousodetécnicasanestésicasregionais

podeterumpapelimportantenessecontexto.

Osrelatossobreanestesiaregionaleanalgesiaembebês

prematuros e ex-prematurossãolimitados principalmente

à cirurgia de hérnia.5 Nesse cenário, algumas evidências

sugeremqueaadministrac¸ãodeanestesiaespinhalemvez

deanestesiageralsemadministrarsedativopodediminuir

o risco deapneia em até 47% nopós-operatório.5 Poucos

estudos avaliam o uso de anestesia regional em cirurgia

oftalmológica pediátrica. Nos procedimentos

oftalmológi-cos, a imobilidade do olho é fundamental para melhorar

as condic¸ões cirúrgicas.6 Os pacientespediátricos

subme-tidos à cirurgiavitreorretiniana sob bloqueioperibulbar e

anestesia geral apresentaram menos variabilidade

hemo-dinâmica, reflexo óculo-cardíaco, dor, náusea e vômito

nopós-operatório.7---9Tambémapresentarammenos

neces-sidade de concentrac¸ões de agentes voláteis inalatórios.

Duranteoprocedimento,ospacientesapresentarammelhor

imobilidadedoolhoe, apóso procedimento,conseguiram

retornarmaiscedoàalimentac¸ãonormalereceberamalta

mais precocemente.10 Stein et al., em uma atualizac¸ão

sobreaanestesiaregionalpediátrica,documentaramouso

dessa prática com uma abordagem infratemporal.11

Rela-taramo usoderopivacaínaa 0,375%(0,25mL.kg−1)oude

bupivacaínaa0,25%(3mg.kg−1,dosemáxima),masnemos

resultadosatuaisdesuapráticanemasvariáveis

demográfi-casdospacientespediátricosquereceberamessebloqueio

foramdescritos.

Relatou-seque a anestesiageral proporciona umcurso

intraoperatóriomaisestáveldoqueasedac¸ãoeaanestesia

tópicaparaotratamentoalaser.12

Sinhaet al. descreveramo uso do bloqueioperibulbar

em cirurgia vitreorretiniana para ROP como adjuvante da

anestesia geral em três casos com história dedificuldade

respiratória nos quais fentanil foi omitido. Esses

lacten-testiveramumcursopós-operatóriosemintercorrências.1

Esses mesmospacientes foramincluídos em umasérie de

casosquerelatou osefeitos dobloqueioperibulbarem 24

bebêsprematurosouex-prematurossubmetidos àcirurgia

vitreorretiniana para ROP, avaliaram-se os resultados no

pós-operatório e o uso deopioides nointraoperatório.3 O

bloqueio peribulbar foi considerado seguro pelos autores,

(5)

de analgesia.As medianas(intervalos) da idade

gestacio-nalaonascimentoedaIPCnomomentodacirurgiaforam

de28(26---40) semanase 52(39---76)semanas,

respectiva-mente;emnossoestudo,foramde27(24;33)semanase39

(34;47)semanas.Fentanilnãofoiadministradoenãohouve

relatosdeeventosadversosrespiratóriosnopós-operatório.

Emnossapopulac¸ão,umaúnicadose defentanilfoi

admi-nistradaantes domanejo dasvias aéreas, mas,de forma

semelhante,todososbebêsretomaramaventilac¸ão

espon-tâneanofimdoprocedimento,apenasumbebêprecisoude

apoiomecâniconãoinvasivonopós-operatório(Prematuro

2). Em relac¸ão à execuc¸ão do bloqueioperibulbar, a

téc-nicausada foia mesmade nossaamostra;porém, o tipo,

volume e a concentrac¸ão do anestésico local foram

dife-rentes. Os autores descreveram o uso de lidocaína a 1%

ebupivacaínaa0,25%, combinadaouisoladamentecomo

volumemediano(intervalo)de1(0,5---2,0)mL.Nossoestudo

é o primeiro a descrever o uso da ropivacaína para esse

propósitosobumprotocolopadronizado.Ropivacaína a1%

foiusadaem cincobebês,enquantoaropivacaína a0,75%

foi usada em apenas um(Prematuro 6),mas sempre com

omesmovolume(0,15mL.kg---1paracadaolho).Defato,a

concentrac¸ãoderopivacaínausadaemnossohospital,nesse

cenário,foiextrapoladadaquelausadaemadultos.Embora

ousodeumaconcentrac¸ãomenorderopivacaínatenhasido

descritoemapenasumpaciente,essaconcentrac¸ãoparece

assegurarmedidashemodinâmicaserespiratóriastão

está-veiscomoasdosdemaisbebês.

Ropivacaínaéumanestésicolocaldogrupoaminoamida,

com menos toxicidades neurológicas e

cardiovascula-res, mais seletivo sensorialmente em comparac¸ão com

bupivacaína.13 Os bebês são propensos a desenvolver

toxicidade neurológica com bupivacaína.13 De fato, sua

concentrac¸ãoisoladaparainduzirtoxicidadeneurológicaé

deaproximadamente50%daqueladeropivacaínaisolada.14

Emlactentes,asdisritmiaseoalargamentodoQRSdevido

àdiminuic¸ãodaconduc¸ãointraventricularporanestésicos

locaisde ac¸ão prolongadapodemaparecer antesde

qual-quer manifestac¸ão neurológica.15 Devido ao aumento da

frequência cardíaca, os neonatos e lactentes apresentam

maior intensidade do bloqueio (bloqueio dependente do

uso),sãomaispropensosaosefeitostóxicosdebupivacaína,

levobupivacaínae ropivacaínadoque osadultos.

Hipoter-mia,pHbaixo,hipoxemiaedistúrbioseletrolíticosreduzem

olimiardetoxicidadecardíaca.16

Até o momento, ropivacaína tem sido bem tolerada

emcrianc¸as,independentementedaviadeadministrac¸ão.

Ropivacaínafoiavaliada emcrianc¸as,principalmente para

anestesiadebloqueiocaudal.Emalgunsestudos,ela

propor-cionouinícioedurac¸ãosemelhantesdeac¸ãoemcomparac¸ão

combupivacaína,mascommenosbloqueiomotor.17---20

Em idade pediátrica, um maiorrisco de perfurac¸ão do

globo,que aonascimentoocupaaproximadamente50%do

volumeorbital(emoposic¸ãoa22%nosadultos),foidescrito

aoexecutarbloqueioperibulbar.6,21

Emnossapopulac¸ão,nãohouverelatosdecomplicac¸ões

associadasàsuaexecuc¸ão.Noentanto,essaspreocupac¸ões

podem suscitar questões sobre sua aplicac¸ão nesse

cená-rio;portanto,consideramosqueobloqueioperibulbarseja

executadoapenasporanestesiologistasexperientes.

Aslimitac¸õesdopresenteestudoincluemasuanatureza

retrospectivaeopequenotamanhodaamostra.Aidadedo

pacienteacrescentaproblemaséticosquedevemser

abor-dadosaoconsiderardiferentesprojetosdeestudosclínicos.

Concluímos que o bloqueio peribulbar foi uma técnica

anestésica segura em nossa amostra. Estudos

prospecti-vosadicionaisprecisamserfeitosparamelhorestabelecer

o papel do bloqueio peribulbar no resultado

perioperató-rio de bebês prematuros submetidos a tratamento para

ROP.Os estudos também devem ter como foco central a

determinac¸ão do volume e concentrac¸ão ideais do

anes-tésico local usado, de modo a proporcionar uma ótima

analgesiaeevitarpossíveisefeitossistêmicostóxicos.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

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Tabela 1 Características da populac ¸ão do estudo Idade gestacional ao nascimento (semanas) Peso ao nascimento(g) Peso ao tratamento(g) IPC ao tratamento(semanas) Dias deapoio VIprévio Dias deapoio VNIprévio [Hb] antesda cirurgia(g.dL−1) Comorbidadesreleva
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