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Avaliação da percepção dos espaços públicos pelos moradores de Registro/SP

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AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS PELOS MORADORES

DE REGISTRO/SP

Evaluation of the perception of public spaces by Registro/SP residents

Evaluación de la percepción de los espacios públicos por los moradores de Registro/SP

Ednéia Alves de Eiroz

Estudante, IFSP, Brasil. edneiaeiroz@gmail.com

Jason Correa Cardoso

Estudante, IFSP, Brasil. jasoncorrea_1@hotmail.com

Douglas Gallo

Professor Mestre, IFSP, Brasil Doutorando em Urbanismo PROURB/FAU/UFRJ, Brasil douglas.luciano@yahoo.com.br

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RESUMO

Os espaços públicos são objetos de estudo de diferentes pesquisas onde geralmente avalia-se a influência destes espaços na vida dos frequentadores. São constituintes fundamentais das cidades, palco da vida social, de encontros, onde a cidade adquire vida, personalidade e onde a vida urbana se desenvolve. A forma como os cidadãos percebem esses espaços é fundamental para sua apropriação. O objetivo foi verificar junto aos moradores de Registro/SP, suas percepções acerca dos espaços públicos da cidade. Após conceituar o que é espaço público, este artigo buscou avaliar a percepção que os moradores de Registro/SP, têm dos espaços públicos existentes na cidade. Para tanto, se fez necessário caracterizar a população de estudo, identificando os espaços percebidos pelos mesmos como públicos de uso coletivo, e quais os usos que levam à sua apropriação. Foram entrevistados 159 moradores, amostra caracterizada através de questionários que identificavam o espaço mais percebido pelos mesmos como sendo público e de uso coletivo. Também foram levantados quais os usos que levam à sua apropriação. Para embasamento, foram analisadas pesquisas bibliográficas. As categorias estudadas foram: segurança, manutenção, acessibilidade, frequência de uso, motivações e atividades que desempenham no local, dentre outras características ambientais e paisagísticas. Dentre os resultados, encontra-se a percepção de insegurança do espaço público, que se mostra cada vez mais vazio de questões públicas e uma população cada vez mais indiferente a seus iguais. Este artigo poderá contribuir para a disseminação dos resultados e o desenvolvimento de futuras pesquisas sobre espaços públicos.

PALAVRAS-CHAVE: Percepção, espaços livres, espaços públicos. ABSTRACT

The public spaces are objects of study of different researches where the influence of these spaces in the life of the regulars is generally evaluated. They are fundamental constituents of cities, the stage of social life, of meetings, where the city acquires life, personality and where urban life develops. The way citizens perceive these spaces is fundamental to their appropriation. The aims was to check with the residents of Registro / SP, their perceptions about the public spaces of the city. After conceptualizing what is public space, this study sought to evaluate the perception that the residents of Registro / SP, have of the public spaces existing in the city. For that, it was necessary to characterize the study population, identifying the spaces perceived by them as publics of collective use, and which uses lead to their appropriation. We interviewed 159 residents, a sample characterized through questionnaires that identified the space most perceived by them as being public and of collective use. The uses that led to its appropriation were also raised. For background, we analyzed bibliographical researches. The categories studied were: safety, maintenance, accessibility, frequency of use, motivations and activities that they perform at the site, among other environmental and landscape characteristics. Among the results, there is the perception of insecurity in the public space, which is increasingly empty of public issues and a population increasingly indifferent to its equals. This article may contribute to the dissemination of results and the development of future research on public spaces. KEYWORDS: Perception, Open Spaces, Public Spaces

RESUMEN

Los espacios públicos son objetos de estudio de diferentes investigaciones donde generalmente se evalúa la influencia de estos espacios en la vida de los frecuentadores. Son constituyentes fundamentales de las ciudades, escenario de la vida social, de encuentros, donde la ciudad adquiere vida, personalidad y donde la vida urbana se desarrolla. La forma en que los ciudadanos perciben estos espacios es fundamental para su apropiación. El objetivo fue verificar junto a los residentes de Registro / SP, sus percepciones acerca de los espacios públicos de la ciudad. Después de conceptuar lo que es espacio público, este artículo buscó evaluar la percepción que los moradores de Registro / SP, tienen de los espacios públicos existentes en la ciudad. Para eso, se hizo necesario caracterizar a la población de estudio, identificando los espacios percibidos por los mismos como públicos de uso colectivo, y cuáles los usos que llevan a su apropiación. Se entrevistaron a 159 habitantes, muestra caracterizada a través de cuestionarios que identificaban el espacio más percibido por los mismos como siendo público y de uso colectivo. También se levantaron los usos que conduce a su apropiación. Para la fundamentación, se analizaron investigaciones bibliográficas. Las categorías estudiadas fueron: seguridad, mantenimiento, accesibilidad, frecuencia de uso, motivaciones y actividades que desempeñan en el local, entre otras características ambientales y paisajísticas. Entre los resultados, se encuentra la percepción de inseguridad del espacio público, que se muestra cada vez más vacío de cuestiones públicas y una población cada vez más indiferente a sus iguales. Este artículo puede contribuir a la diseminación de los resultados y el desarrollo de futuras investigaciones sobre espacios públicos.

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INTRODUÇÃO

Registro, é um município do estado de São Paulo, situada no Vale do Ribeira, possui população de 54.261 habitantes, uma área de 722.201 km² e está inserido no bioma Mata atlântica (IBGE, 2014). Situado a 187 km da cidade de São Paulo (SP) e a 221 km de Curitiba (PR), pode ser acessado pela rodovia Régis Bittencourt (BR-1160), além de outra rodovia, a SP-139 (Registro/São Miguel Arcanjo/SP-127/Itapetininga), que faz a ligação com outras cidades do estado. A posição geográfica mostra-se, pois, bastante privilegiada, rota para as regiões Sul/Sudeste do Brasil e para o Mercado Comum do Cone Sul, o Mercosul. Sua importância em toda região rendeu-lhe o reconhecimento como "Capital" econômica, social e cultural do vale do Ribeira (SPCIDADES).

Registro tem o início da sua história com a colonização do Brasil e a notícia de que havia ouro no Vale do Ribeira de Iguape, que passou a receber aventureiros, piratas e expedições oficiais da coroa. Sentindo a necessidade de um controle para as atividades foi montado uma fiscalização onde todos eram obrigados a parar. Ali recolhia-se o quinto, ou seja, a parte do ouro que cabia à coroa de Portugal. Surgiu então o Porto de Registro de Ouro, com oficial mor mandado pela coroa no comando, e rapidamente um povoado foi se criando ao seu redor. Mas, já no século XVIII o ouro se escassa espantando os forasteiros para os lados das Minas Gerais sendo a casa do fisco fechada e o Porto de Registro, já conhecido como Registro, passando a ser apenas mais um povoado à margem do Rio Ribeira. Quando ainda pertencia a Iguape, em 1913, Registro começou a crescer com a chegada dos primeiros imigrantes japoneses. Nesse mesmo ano era criada em Tóquio a Kaigai Kogyo Kabushiki Kaisha (companhia ultramarina de Implementos S.A.) cuja sigla era “K.K.K.K", com a missão de apoiar os japoneses que partiam para o Vale do Ribeira. A K.K.K.K foi autorizada a funcionar no Brasil em dezembro de 1918. (O VALE DO RIBEIRA, 2012).

Em 1987, o prédio do KKKK foi tombado pelo Condephaat e em 1990 foi adquirido pela Prefeitura de Registro. Visando abrigar um centro de cultura e educação, foram criadas salas de aulas, espaço para exposições temporárias e áreas de estar e convivência, além de uma nova edificação destinada ao auditório reversível, que possibilita apresentações internas e externas. Anexo ao KKKK está o "Parque Prefeito José de Carvalho", mais conhecido como “Praça Beira Rio” (onde antes se situava o Porto de Registro), que possui ampla área de lazer, dentre elas uma ciclovia, pista de skate e área de recreação infantil. No centro da praça está o Monumento “Guaracuí”, uma tulipa de aço estilizada com sete metros de altura, escultura da artista nipo brasileira Tomie Otake, em homenagem aos imigrantes japoneses (PREFEITURA DE REGISTRO). Ao lado oposto ao KKKK se encontra o Mercado Municipal, reinaugurado em 2015 (PREFEITURA DE REGISTRO), e também o espaço conhecido como Praça Tik.

Dentre os pontos turísticos da cidade, além da Praça Beira Rio, o KKKK e o Mercado Municipal, também podemos citar a Praça dos Expedicionários, que antes abrigava a Rodoviária de Registro, a Igreja Matriz São Francisco Xavier, obra dos colonizadores japoneses que teve início

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em 1928, a Praça Nakatsugawa, construída com arquitetura japonesa para homenagear a cidade-irmã Nakatsugawa, no Japão, Praça da Integração Brasil-Japão, onde foi instalada uma das esculturas comemorativas do centenário da imigração japonesa no Brasil e também a Associação Cultural Nipo Brasileira (Bunkyo) que foi construída com arquitetura oriental, o Bosque Municipal Torazo Okamoto, localizado na Vila Ribeirópolis, que possui trilhas, arborização natural e palco para apresentações e o Templo Budista Honpa Hongwanji, localizado na Vila Nova Ribeira e que junto com outros espaços públicos são constituintes fundamentais da cidade, palco da vida social e de encontros, onde a vida urbana se desenvolve.

Estudar espaço público é estudar o dinamismo da cidade e a sua rotina, por onde as pessoas passam, onde as pessoas se reúnem, o que fazem, como se relacionam entre si e com a cidade. O presente trabalho adota o conceito de espaço público como sendo lugares de uso comum e posse coletiva onde são desenvolvidas atividades com convívio e trocas entre diferentes grupos que compõem a sociedade urbana e que com o crescente desenvolvimento urbano atual, ganham maior alcance e presença no cotidiano da população.

De acordo com Mello (1995), os espaços públicos são valores culturais que influem, consciente ou inconscientemente, na interação da população com o seu entorno, nas suas ações e reações e mesmo na melhoria da sua qualidade de vida. Existem os espaços públicos que são totalmente livres e os que, mesmo públicos, possuem certa restrição. São exemplos de espaços públicos livres: espaços de circulação, espaços de lazer e recreação, espaços de contemplação, espaços de preservação e conservação e exemplos de espaço público restrito, os equipamentos públicos. São lugares caracterizados como ruas, avenidas, praças, parques, hospitais, bibliotecas, prédios públicos, etc.

Espaços públicos compreendem os lugares urbanos que, em conjunto com infraestruturas e equipamentos coletivos, dão suporte à vida em comum. Dentro disso está contido até mesmo aquele pequeno canteiro que tem a função de dividir as faixas de trânsito de veículos.

Enfim, os espaços públicos, como compreendidos pelos cientistas sociais, são lugares de convivência que expressam estilos de vida (GIDDENS, 1997), relações de poder (LOFLAND, 1985, HANSEN, 2002) e formas de apropriação por distintos grupos sociais.

Os usuários dos espaços públicos se apropriam dele de várias formas, estes espaços, por exemplo, podem ser a casa de alguém, ou a extensão da casa de alguém. Essas apropriações, as vezes indevidas, podem criar barreiras físicas ou informativas, que limitam ou muitas vezes impedem o acesso público a esses espaços. Barreiras informativas são elementos que impedem a compreensão do espaço como sendo público. Espaços que deveriam ser de todos e que são muitas vezes tomados apenas por um certo grupo.

É importante salientar que as apropriações, mesmo quando intuídas e adaptadas não implicam, necessariamente, em inadequação ou indícios de marginalidade. Podem, ao contrário, indicar criatividade, capacidade de melhor aproveitamento das infraestruturas públicas e fornecer subsídios que alimentem o projeto e a construção futura de ambientes desta natureza.

Santos e Vogel (1985), atribuem às apropriações dos espaços públicos a função de “mecanismos de defesa e superação da população aos modelos urbanísticos impostos pelos planejadores”.

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Aponta-se aqui, então, para um especial significado no âmbito da apropriação do espaço público, como fator propício à ampliação da compreensão dos desejos e das necessidades da população e respectivo vínculo ao ambiente urbano (MENDONÇA, 2007).

Cabe, no entanto, reconhecer a existência de outros aspectos que também contribuem de maneira desfavorável às reais apropriações dos espaços públicos, tais como a própria qualidade dos espaços públicos, e, portanto, as formas de planejamento e gestão sobre estes incidentes (MENDONÇA, 2007).

A forma como os moradores percebem a cidade é de extrema importância para sua apropriação. O objetivo do estudo foi verificar junto a moradores de Registro/SP a percepção que os mesmos têm dos espaços públicos que existem em sua cidade. Para tanto, foi necessário caracterizar a população de estudo, identificar os espaços percebidos pelos moradores como públicos e de uso coletivo, e quais os usos que levam à sua apropriação.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram selecionados, aleatoriamente, indivíduos que utilizam os espaços públicos ou que estavam em sua residência ou trabalho, formando uma amostra de 159 entrevistados, também foram feitas observações e análises dos espaços públicos existentes.

A participação foi voluntária, com aceite após a explicitação dos objetivos e aspectos éticos da pesquisa com consentimento livre e esclarecido. Os dados foram analisados por bairros, por faixa etária e por gênero. Bairros com menos de 10 entrevistados foram alocados com bairros próximos ou com alguma similaridade.

Os questionários foram aplicados pelos pesquisadores, ou auto aplicados, de acordo com a preferência do entrevistado. Após a aplicação dos questionários, os dados foram tabulados e processados. Sendo os resultados apresentados com auxílio de tabelas e gráficos.

Os resultados analisaram as qualidades ambientais percebidas pelos entrevistados, como eles reconhecem e se apropriam dos espaços, frequência de uso, motivações e atividades que desempenham no local, locais de encontro, dentre outras características ambientais e paisagísticas dos espaços públicos da cidade. Foram realizados levantamentos bibliográficos nas bases de dados: Scielo, Google Acadêmico, Biblioteca de Teses USP, dentre outras. Sendo selecionados e analisados livros, periódicos, artigos, anais de eventos científicos, monografias, dissertações, teses e feitas pesquisas secundárias em fontes como Google Maps, Prefeitura Municipal e Secretaria de Segurança Pública, além de observações no próprio local de estudo.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

O espaço público é de grande importância na construção das cidades. Partindo do princípio de que a história está presente em todos os lugares e em todos os momentos, observa-se que a realidade histórica de cada lugar e de seus habitantes, com o passar do tempo, adquirem e modificam suas funções e relações entre si. Movidas por transformações de diferentes ordens, é neste amplo e longo processo histórico que as populações locais constroem sua identidade social e cultural. A função do espaço público é garantir lazer e sociabilidade entre indivíduos de diferentes grupos sociais e necessidades especiais.

Foram entrevistados 159 moradores (Figura 1), aproximadamente 60% dos entrevistados são do sexo feminino, sendo 39,50% delas com idade até 25 anos, 41,65% com idade entre 25 e 60 anos e 18,85% com idade acima de 60 anos. A porcentagem dos homens entrevistados é de aproximadamente 40%, sendo 42,85% com idade até 25 anos, 42,85% com idade entre 25 e sessenta anos e 14,30% com mais de 60 anos. Com escolaridade diferenciadas, os entrevistados são moradores residentes em mais de quinze bairros.

Figura 1- Faixa etária dos moradores entrevistados em Registro/SP

É de grande importância considerar e analisar os espaços públicos na cidade contemporânea, pois estes são muitas vezes os únicos locais de lazer e sociabilidade dos moradores, bem como contribuem para a melhor ambiência da cidade. Ao obter relatos dos moradores sobre sua percepção em relação aos espaços públicos e equipamentos comunitários na cidade, pode-se inferir sobre sua apropriação em relação aos mesmos e as necessidades percebidas por eles. Com a entrevista, foram identificados 21 espaços públicos diferentes entre os quais foram citados 15 equipamentos públicos e uma praça que já não mais existente (Tabela 1).

27 27

9

38 40

18

AT É 25 ANO S DE 25 A 60 ANO S MAI S DE 60 ANO S HOMENS MULHERES

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Tabela 1: Espaços públicos identificados pelos moradores

LOCAL Nº de vezes

mencionado LOCAL Nº de vezes mencionado

Praça Beira Rio 69 Bunkyo 7

Praça dos Expedicionários 39 Mercado Municipal 6

SESC 35 Hospitais 6

Bosque Municipal 28 Escolas 5

Praça Nakatsugawa 18 Posto de Saúde 5

Ginásio de Esportes Mário Covas 17 Igrejas 5

Conjunto K.K.K.K 17 EXPOVALE 5

Biblioteca Municipal 15 Ruas e Avenidas 4

Estádio Alberto Bertelli 10 SENAC 4

Academias ao Ar Livre 8 Praça Jóia 4

Centro de Convivência do Idoso 8

Locais com menos de quatro menções não foram tabelados.

Quando falamos de espaço público existe uma relação cultural e individual de nossa formação, herdada da família, um senso de pertencimento ao espaço, de pertencimento do coletivo. É possível que os locais mais mencionados sejam aqueles com os quais os moradores possuam mais afinidades. A Praça Beira Rio, o espaço público mais mencionado, é onde frequentemente são realizadas festividades que caracterizam o local e também é de onde a cidade se originou como mostram as Figuras 2 e 3.

Figura 2 - Porto de Registro (antiga) Figura 3 - Praça Beira Rio (atual)

Foto: Arquivo Prefeitura Registro Foto: Arquivo Prefeitura Registro

Para Andrade et al, espaços públicos são [...] “lugares representativos da vida e da história das cidades, lugares simbólicos, característica essa mais explícita nos espaços das áreas centrais” onde está situada a Praça Beira Rio.

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As figuras 4 e 5, referem-se à Praça dos Expedicionários, também ponto de encontro de diversas atividades físicas, educacionais e festivas. Citada 39 vezes pelos 159 entrevistados, não foram encontrados registros de sua fundação, mas é a mais antiga da cidade.

Figura 4 - Praça dos Expedicionários (antiga) Figura 5 - Praça Expedicionários (atual)

Foto: wordpress Foto: o Vale do Ribeira.

Situado no complexo K.K.K.K, inaugurado em 23 de julho de 2016, o Serviço Social do Comércio – Sesc – é uma entidade privada que tem como objetivo proporcionar o bem-estar e a qualidade de vida aos trabalhadores desse setor e sua família. Promove ações no campo da educação, saúde, cultura e lazer (SESC). Foi citado 35 vezes pelos moradores.

Interessante observar que o Sesc, apesar de estar na cidade há apenas 1 ano, foi bastante citado pelos moradores, e apesar de administrar e estar situado no Conjunto K.K.K.K, este foi citado separadamente por 17 pessoas.

O Bosque Municipal Torazo Okamoto, reinaugurado em 2015, hoje palco de estudos de biodiversidades, de realização de atividades esportivas e de contemplação, já foi mais interativo, sendo até mesmo classificado por muitos como inativo, mas não perdeu sua importância, sendo apontado por 28 dos 159 entrevistados. Um dos entrevistados chegou a falar que o Bosque estava ativo, e que as pessoas é que não o frequentam.

O espaço público é “o lugar por excelência da comunicação e de encontros multi-sociais, da democracia e do uso livre (HABERNAS, 1984)”, entretanto sofre o esquecimento de sua dimensão pública, que talvez possa ser associado a crise de laços sociais que se conhece atualmente.

Os espaços públicos mais citados foram aqueles em que mais se realizam eventos, seguidos por aqueles de maior importância histórica e cultural, porém nenhuma igreja em especial foi citada, como a Igreja Matriz São Francisco Xavier, assim também como as calçadas e a Praça Tik, mesmo estando situada ao lado da Praça Beira Rio, assim como nenhuma praça de bairro.

Quando indagados a respeito de quais os espaços públicos existentes no bairro, de alguns, foram obtidas respostas surpreendentes. O Quadro 1 mostra os espaços públicos percebidos em cada bairro e o número de moradores que identificaram.

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Quadro 1: Espaços públicos do bairro apontados pelos moradores. Bairros Número de

entrevistados Espaço Público

nº de entrev. que indenti- ficaram o espaço público

Jardim Valeri 14 Escola 01

Vila Ribeirópolis 12 Bosque Municipal 08

Jardim Brasil 20 praça/rotatórias/escola calçadas 19 Jardim Paulistano e

Jd. São Paulo 13 escola/centro comunitário/igreja 06 Vila S. Francisco 16 praça/rua/fórum/posto saúde/igreja/salão comunitário 07

Vila Nova 10 praça/CEU/quadra 07

Centro 16 Mercado Municipal/Praça Jóia/SESC/ Beira Rio/

Bunkyo/Expedicionários/ 12

Jardim América 09 Inexistente 00

Vila Fátima 06 Biblioteca 01

Sítios 07 praça / estradas 02

Hatori/Caiçara 10 praça / pista motocross 02

Bloco B, D e outros 13

praças/quadra/posto de saúde

/centro comunitário 06

Jardim Xangrilá 06 praças/GPA/centro comunitário/campo de futebol/ 03

Vila Nova Ribeira 07 praças e ruas 03

TOTAL 159 77

Mais de 50% dos entrevistados afirmam que nos bairros onde moram não existem espaços públicos, diante disso, importante salientar aqui, de forma direta, que espaços públicos são caracterizados como: ruas, calçadas, equipamentos públicos, canteiros que dividem faixas de trânsito, praças, parques, bosques, etc, até mesmo um “campo de pelada”. Assim sendo, foram feitas observações mais criteriosas nos bairros.

Um dos bairros observados foi o Jardim Valeri, com uma área de aproximadamente 335.000m² (GOOGLE MAPS, 2017) possui, além de dois canteiros de divisória que foram apropriados por alguns moradores com plantações de bananeiras, diversos tipos de árvores e algumas hortaliças, duas escolas, sendo uma pública e outra filantrópica que se situa na divisa entre esse bairro e a Vila São Francisco.

A Vila São Francisco possui aproximadamente 575.000m² (GOOGLE MAPS, 2017) e faz divisa, além do Jardim Valeri, com o Jardim Ipê e a Vila Fátima. No encontro desses três bairros existe uma praça em frente a uma escola que pelas observações realizadas, parece ser pouco utilizada pelos moradores dos três bairros, sendo apenas mencionada por “1” dos moradores da Vila São Francisco, e por mais ninguém dos outros bairros.

Na Vila Fátima, uma das feiras mais tradicionais da cidade é a Feira do Produtor onde localiza-se uma praça e a Igreja de Nossa Senhora de Fátima, fundada em 15 de julho de 1960 (WORDPRESS, 2011). No decorrer das observações, constatou-se que a ocupação da praça

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praticamente ocorre nos dias em que há feira nesse local, moradores de outros bairros utilizam o espaço para brincar com suas crianças, adolescentes se reúnem com seus amigos ou simplesmente para apreciar um pastel.

Outro bairro que chama atenção é o Jardim América, com uma área de 178.500m², neste bairro, nenhum espaço público foi identificado pelos moradores. Observando o pequeno bairro, nota-se que além de ruas e calçadas, realmente não há outros espaços de uso público.

O Jardim São Paulo e o Jardim Paulistano, com área aproximada de 372.000m² e 725.000m² (GOOGLE MAPS, 2017), respectivamente, por serem bairros próximos e pela similaridade que possuem, foram alocados juntos. Em comum, possuem a identificação de apenas equipamentos públicos por 6 de seus 13 entrevistados. Observando os bairros separadamente, notou-se que o Jardim São Paulo possui uma considerável área verde ocupada em suas margens por plantações de hortaliças feitas por alguns dos moradores, além de um extenso canteiro que se situa na divisa do bairro e a rodovia.

É importante relembrar que essas apropriações não implicam, necessariamente, em inadequação ou indícios de marginalidade, podendo, pelo contrário, indicar criatividade, capacidade de melhor aproveitamento das infraestruturas públicas e fornecer subsídios que alimentem o projeto e a construção futura de ambientes desta natureza. Santos e Vogel (1985) atribuem às apropriações dos espaços públicos a função de “mecanismos de defesa e superação da população aos modelos urbanísticos impostos pelos planejadores”. Aponta-se aqui, então, para um especial significado no âmbito da apropriação do espaço público, como fator propício à ampliação da compreensão dos desejos e das necessidades da população e respectivo vínculo ao ambiente urbano (MENDONÇA, 2007).

O Jardim Paulistano possui uma grande área destinada a uma praça, mas que não recebeu nenhum incentivo público e também não foi apropriada por nenhum morador, tornando-se apenas um grande descampado. As calçadas do bairro não se encontram em situação diferente, as Figuras 6 e 7 mostram espaços públicos desqualificados, dificultando sua apropriação e sua percepção como sendo espaços públicos.

Figura 6 - Praça do Jardim Paulistano Figura 7 - Calçadas Jardim Paulistano

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Quando indagados sobre com que frequência utilizam os espaços públicos da cidade, nota-se que a incidência mais comum é de pessoas entre 25 e 60 anos de idade. Interessante também observar a parcela de jovens até 25 anos dentro do espaço público. Os que não se encontram reclusos em lugares mais reservados das praças parecem se isolar dentro do conforto de suas casas, cercados por equipamentos eletrônicos que os ligam virtualmente a rostos que de fato nunca viram. A falta de interesse demonstrado pelos espaços públicos por esses jovens, segundo questionários aplicados, parece ser motivada por um grande sentimento de insegurança. A falta de idosos, porém, segundo questionários deve-se por questões de saúde e acessibilidade. O que nos remete a insatisfação dos moradores com os serviços de saúde pública e privado. O sistema de saúde obteve de 1 a 5, média 2, sendo considerada ruim na opinião dos moradores da cidade, juntamente com a questão de segurança. A Figura 8, mostra a frequência de pessoas no espaço público e sua faixa etária.

Figura 8 - Frequência dos moradores no espaço público

O fato de muitos moradores não frequentarem os espaços públicos da cidade, pode estar relacionado com a qualidade dos espaços existentes. Neste contexto, cabe também assinalar o aperfeiçoamento dos meios de transporte, ao inserir na atividade diária os deslocamentos metropolitanos, amplia as possibilidades e as abrangências de utilização dos equipamentos urbanos de um modo geral, incluindo os espaços públicos, permitindo até mesmo, sua utilização em âmbito regional (MENDONÇA, 2007).

Os moradores que frequentam os espaços públicos da cidade o fazem por diferentes razões: 57% o fazem por lazer, 15% frequenta o espaço público em busca de cultura, 7% por atividade

física, 3% em busca do comércio e 18% não responderam.

A importância desses espaços é reconhecida quando estes propiciam acesso a equipamentos que possam satisfazer as necessidades urbanas buscadas. A parte da população que não possui poder aquisitivo fica à mercê desses espaços públicos planejados que supram essa necessidade, mas 29% por cento dos entrevistados consideram os espaços públicos da cidade ruim ou péssimo, porém não existe uma recusa em se frequentar os espaços da cidade. Muitos

0 5 10 15 20 25 30 35

Nunca Raramente Algumas vezes Frequentemente Sempre até 25 anos de 25 a 60 anos acima de 60

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moradores alegam que frequentariam mais se houvesse maior segurança, um melhor desenho urbano com espaços cobertos, mais eventos culturais, arborização, etc.

A segurança, sempre muito mencionada, nos mostra duas percepções diferentes em relação a cidade e ao espaço público. Vinte e três por cento dos entrevistados afirmam que a segurança dos espaços deveria melhorar, entretanto 27% afirmam que uma das características positivas da cidade é a tranquilidade e a segurança, o que remete a uma pesquisa secundária junto a Secretaria de Segurança Pública como nos mostra a Figura 9.

Figura 9 - Ocorrências Policiais Registradas por Ano (Registro/SP) - Deinter Santos.

Natureza 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Vítimas em latrocínio 5 4 4 3 8 2 2 6 4 3

Lesão corporal dolosa 347 311 316 286 315 336 323 293 264 290

Estupro 1 2 6 32 21 32 21 30 18 33

Roubos e furtos 995 865 718 763 817 910 889 640 547 732

Roubo de veículo 15 17 19 23 66 48 60 63 51 77

Fonte: Secretaria de Segurança Pública.

Observa-se aqui um medo dos moradores, justificado pela Secretaria de Segurança Pública em relação à criminalidade. A insegurança vivida pelos moradores vem agindo como um inibidor restringindo a experiência necessária para a criação do vínculo com o espaço, esvaziando-os, entretanto, a cidade ainda é considerada tranquila se compararmos a outras cidades pertencentes ao Deinter de Santos, como: Praia Grande, Santos, Itanhaém - segundo dados da Secretaria de Segurança Pública.

Segundo Tuan (2005), “a cidade tem sido oprimida pela violência e pela ameaça constante do caos” e cresce progressivamente. Em todas as faixas etárias, homens e mulheres fazem constantemente apelo a mais segurança no espaço público, não apenas com mais iluminação, como também com sistema de monitoramento por câmeras.

Apesar da questão “segurança” estar sempre muito presente entre os frequentadores dos espaços públicos, outro aspecto negativo bastante observado é a falta de manutenção e limpeza que está presente em grande parte dos questionários aplicados. Contudo, o que mais parece inibir a presença de pessoas entre 25 a 60 anos é a falta de atrativos como arborização, espaços cobertos, falta de eventos culturais e de opções para as crianças. As pessoas nessa faixa etária preferem a companhia de família e amigos e se cercam deles na segurança de suas casas ou em lugares mais privados como bares e lanchonetes.

Não podemos falar de espaço público atualmente sem falar na influência do consumismo. O poder aquisitivo sugere, sutil ou ostensivamente, quem é bem-vindo ao local pelo tipo de comércio ali estabelecido. É o que mais pode ser relacionado com as tendências da mercantilização.

No entanto, o que mais enfraquece as relações sociais é a criminalidade e a sensação de insegurança, tendo como consequência direta a percepção da qualidade de vida, e assim os

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espaços se tornam alvo de disputa entre interesses sociais e particulares, onde se prioriza um em detrimento do outro.

Fatores sociais e econômicos tem igualmente um peso importante na forma como as pessoas vivem os espaços e deles se apropriam. A Praça Tik é um exemplo de espaço público influenciado pela especulação imobiliária, onde o uso tende a se submeter cada vez mais ao mercado, impedindo que seu espaço seja entendido como público. Constantemente tomada por mesas e cadeiras de estabelecimentos comerciais, poucos moradores reconheceram a praça como espaço público.

A falta de segurança nos espaços públicos faz com que seus frequentadores busquem cada vez mais por lugares monitorados e a gestão municipal permite que parte da rua pública acabe sendo apropriada por um pequeno grupo social. Essa forma de apropriação não acontece somente com a Praça Tik mas também em várias calçadas da cidade.

Poucos moradores percebem as calçadas como sendo espaços públicos. Outros, porém, fazem apropriação dela tornando-as extensões de suas casas ou de seus comércios, tomando para si o que é de todos (Figuras 10 e 11).

Figura 10 - Vila Ribeirópolis Figura 11 - Centro de Registro

As calçadas são os espaços públicos comuns em quase todos os lugares. Em bairros sem espaços de lazer é comum observar crianças brincando nelas ou jovens e adultos conversando. Quando questionados a respeito do que deveria mudar nas calçadas, 31% diz que deveria haver mais manutenção, 20% diz que é a acessibilidade, 14% a largura das calçadas, 9% a arborização e outros citaram padronização, ou disseram que estão satisfeitos, ou não responderam.

Como observado, alguns bairros não possuem calçadas qualificadas para o uso, nem relativo a manutenção, nem relativo a acessibilidade. O conceito de acessibilidade está relacionado aos conceitos de inclusão social e de cidadania (SANTOS, 1987). A ausência de acessibilidade nas calçadas ofende a Constituição no que concerne à liberdade individual de ir e vir das pessoas com mobilidade reduzida. Muitos bairros não oferecem nenhum conforto nas calçadas a portadores de necessidades especiais. Os espaços públicos deveriam garantir a inclusão dos usuários com restrições.

Outro fator, é a insatisfação com a largura das calçadas. Geralmente, nas disputas entre pessoas e automóveis, quem ganha é o automóvel. As ruas são priorizadas em detrimento das pessoas,

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que utilizam cada vez menos as calçadas como um ponto de sociabilização. Apenas 6% dos entrevistados citam as calçadas como ponto de encontro entre amigos, o que pode estar relacionado com a insatisfação com o espaço que segundo 9% dos moradores também não oferece uma arborização adequada. A arborização de ruas e avenidas, é um componente muito importante da arborização urbana, porém, pouco reconhecido. Do ponto de vista técnico devemos ver a arborização viária como um plano de desenvolvimento municipal essencial para melhoria da qualidade de vida (PIVETA, SILVA FILHO, 2002).

Os pontos de encontro preferidos dos moradores de Registro são as residências com 41% dos entrevistados optando por esse local e 40% os espaços monitorados como bares, lanchonetes, restaurantes, igrejas, etc. Somente 19% dos moradores ainda preferem as praças e as calçadas para se reunirem.

A má qualidade dos espaços públicos de lazer da cidade, observado pelos moradores, pode ser a causa da baixa frequência de sua utilização. Isso também ocorre no espaço público que os moradores consideram mais importante para a cidade, a Praça Beira Rio.

Entre os fatores mencionados por seus moradores que podem influenciar seu desuso, estão: a presença de dependentes químicos, a falta de manutenção, de segurança, limpeza, estrutura e de atrativos.

Muitos moradores dizem não frequentar certos lugares da praça por causa da presença de “pessoas indesejáveis”. O acesso ao espaço público a todos, diz respeito à inclusão social e à cidadania, possibilitando a convivência entre pessoas de maior e menor poder aquisitivo e com diferentes habilidades e culturas. Espaços públicos são lugares de convivência que expressam estilos de vida. (GIDDENS, 1997) e formas de apropriação por distintos grupos sociais. Segundo Bauman (2003), evitar o outro traz uma falsa sensação de segurança e conduz a uma “auto segregação”.

Apesar da insatisfação dos moradores com os espaços públicos da cidade, quando questionados o quanto estão satisfeitos em morar na cidade de 1 a 5, 38% deu nota 5 ao grau de satisfação, 22% deu nota 4, cerca de 27,67% deu nota 3. Segundo os moradores, a cidade ainda mostra vários pontos positivos: tranquilidade, segurança, cordialidade, fácil acesso, localidade, festividades, comércio e educação.

Por ser uma cidade de pequeno porte, a cordialidade e a educação estão presente no trânsito e entre os moradores da cidade; o acesso a todos os pontos se dá de forma rápida e fácil e a localização geográfica entre duas grandes metrópoles facilita a ligação de outras necessidades. Registro é a capital da Região Administrativa e apresenta mais opções de comércio que outras cidades da Região; a arborização apesar de não ser muito presente nos espaços públicos, é percebida em seu bioma e as festividades ajudam a atenuar a segregação imposta pela insegurança do espaço público. Apesar do crescimento da criminalidade, que gera menos interações no espaço público, Registro, se comparada a outras cidades, ainda oferece tranquilidade e segurança, mas a busca pela segurança faz com que as pessoas procurem cada vez mais lugares controlados e privados e o espaço público passa por várias mudanças em sua concepção.

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E nessa crise de laços sociais, o espaço, carente de questões públicas, abre caminho para lugares cada vez mais voltados para o negócio e seus modos de uso tendem a se voltar sempre mais ao mercado especulativo.

CONCLUSÕES

O resultado da avaliação mostra que os moradores de Registro não apresentam satisfação com a qualidade dos espaços públicos, porém, a maior parte dos moradores não compreende seu verdadeiro significado, o que dificulta o sentimento de pertencimento do lugar e consequentemente a apropriação que gera cuidados e dá vida aos espaços.

Um lugar atrativo tende a atrair mais os indivíduos do que um lugar com pouca qualidade, pois as pessoas são capazes de reconhecer as diferenças existentes, estimando valores e decidindo pelos espaços mais vantajosos para si (CAMPOS, 1997). A elaboração de um projeto de paisagismo e com acessibilidade poderia induzir mais as pessoas idosas ou com deficiências a frequentar as praças. A participação pública é, portanto, o ingrediente essencial para criar espaços públicos de valor que proporcionem espaço para múltiplas finalidades e que continuem sustentáveis e duráveis para futuras gerações aproveitarem (DIXON, 2014).

Para que o espaço mantenha seu vínculo com os moradores, é necessário que este seja vivenciado por eles, estreitando suas relações e mantendo viva a história do lugar. Os moradores de Registro que frequentam seus espaços públicos buscam por lazer, atividades físicas, cultura, etc. Porém, o crescimento da criminalidade, leva os moradores a restringir suas relações, procurando por lugares mais iluminados e monitorados, onde se sintam seguros. Entretanto, uma cidade mais agradável e mais segura não tem a ver com lugares monitorados ou iluminados e sim com pessoas voltando aos espaços públicos.

Esse conjunto de situações caracterizados pela falta de segurança, de interesses públicos e de conscientização acerca do significado de espaço público, contribui para o afastamento das pessoas, enfraquecendo a integração da população com o meio. Viver apenas o espaço privado limita nossos relacionamentos e nos priva da troca de experiências com diferentes grupos sociais.

Somado a tudo isso, há também o fato de que vivemos uma era em que o desinteresse pelo espaço público vem se agravando pelo surgimento de novas tecnologias, fazendo com que as pessoas deixem de sair de suas casas, principalmente os mais jovens, e passem a dar mais importância a vida privada e valores materiais.

Com isso, concluímos que, com exceção da Praça Tik, que está constante tomada por atividades comerciais, a Praça Beira Rio, a Praça dos Expedicionários e a Praça do Jardim Brasil que ainda mantêm certa vitalidade, os espaços públicos da cidade se encontram abandonados, não somente pela administração pública, mas também pela maioria de seus moradores, sendo necessário, investimentos em projetos sociais que foquem com objetividade a questão.

Apesar de vários pontos negativos já citados, a população percebe a Praça Beira Rio, lugar de onde a cidade se originou, como sendo de grande importância para a cidade, nesse espaço onde

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a insegurança prevalece e “pessoas indesejáveis” são constantemente evitadas, existem grandes vazios onde os afastamentos são mais sociais que físicos.

Observar os espaços públicos é uma forma de tentar construir um espaço melhor que atraia para o convívio comum indivíduos de todas as idades e diferentes classes sociais.

Este trabalho propôs como objetivo geral, verificar a percepção que os moradores têm dos espaços públicos existentes na cidade, cumprindo seu objetivo caracterizando a população entrevistada, identificando quais desses espaços os moradores percebem como sendo públicos de uso coletivo; diagnosticando como os moradores o qualificam e averiguando os principais usos que a população desenvolve neles.

Com o produto desta investigação pretende-se apontar caminhos para o projeto arquitetônico e urbanístico como elemento de qualificação dos espaços urbanos e indique as aproximações necessárias deste com o processo de planejamento urbano nas cidades, incluindo parâmetros recentes da sustentabilidade urbana.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Instituto Federal de São Paulo, campus Registro pelo apoio mediante bolsa de iniciação científica (PIBIFSP).

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Figura 1- Faixa etária dos moradores entrevistados em Registro/SP
Tabela 1: Espaços públicos identificados pelos moradores
Figura 8 - Frequência dos moradores no espaço público
Figura 9 -  Ocorrências Policiais Registradas por Ano (Registro/SP) - Deinter Santos.

Referências

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