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A avaliação das barreiras na actividade profissional da pessoa com deficiência visual em Portugal: validação e adaptação do WES (work experience survey)

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Academic year: 2021

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(2)

À minha mãe, Ilda, pela sua sabedoria e paciência de mãe, em reconfortar-me nos momentos de angústia.

À minha irmã, Helena, pela enorme paciência, disponibilidade e

carinho demonstrados ao longo desta caminhada. Ao Fi, por estar sempre ao meu lado.

(3)

AGRADECIMENTOS

Qualquer trabalho, qualquer que seja a sua essência, requer contributos de natureza diversa que não podem deixar de ser salientados. Tecer agradecimentos é dizer pouco da gratidão e reconhecimento que tenho para com todos os que, ao longo desta caminhada, fizeram parte do meu quotidiano académico e sem os quais não poderia ter chegado ao fim desta etapa da minha vida.

Estou especialmente agradecida ao Professor Doutor Carlos Januário por todos os conselhos dotados de sabedoria intrínseca e tranquilidade, veiculados pedagogicamente ao longo deste processo, e pela sua ajuda para além das suas obrigações profissionais.

À Professora Doutora Leonor Moniz Pereira, que sempre demonstrou disponibilidade e cooperação, com parecer dinâmico e científico sem par, conhecedora das matérias e temas abordados, cuja familiaridade com as necessidades e ideias do curso potencializaram o planeamento e execução deste estudo.

Ao Professor Doutor Richard Roessler pela sua disponibilidade, préstimo e cooperação.

À Dr.ª Graça Morgado pelos seus conselhos e ajuda.

Ao Dr. Serafim Queirós pelos seus conselhos e encaminhamento.

À ACAPO, dirigentes e funcionários, pela disponibilidade, apoio e ajuda manifestados.

Aos utentes da ACAPO pela gentileza em aceder a responder aos questionários.

Ao Júri Nacional de Exames pelo fornecimento de indicações preciosas.

Estou ainda em dívida para com muitas pessoas pela sua ajuda, apoio e paciência, dedicando-lhe um agradecimento análogo, inesquecível.

(4)

ÍNDICE GERAL Agradecimentos...i Índice geral...ii Índice de gráficos...v Índice de figuras...vii Resumo...viii Introdução...1

I.CARACTERIZAÇÃO DO TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO Formulação do problema...4

Objectivos do estudo...7

Objectivos específicos do estudo...8

Justificação do estudo...8

II.ENQUADRAMENTO TEÓRICO Acessibilidade...12

Conceito Europeu de Acessibilidade (ECA) e design universal...13

Acessibilidade ao meio físico...15

Acessibilidade ao local de trabalho...24

Acessibilidade no local de trabalho...26

Acessibilidade e tecnologias de apoio...29

Acessibilidade ao impresso por trabalhadores com DV...31

Acessibilidade ao impresso por trabalhadores com DV: pessoas com baixa visão...32

A importância da cor...33

Produzir um texto acessível para pessoas com baixa visão...35

Acessibilidade ao impresso por trabalhadores com DV: pessoas cegas...39

Acessibilidade aos conteúdos na internet e intranet...40

Políticas de emprego para a igualdade de oportunidades para as pessoas com deficiência: normativos europeus...43

Medidas de apoio à integração profissional das pessoas com deficiência em Portugal...43

(5)

O papel da ACAPO (Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal) na

promoção da integração socioprofissional da pessoa com DV...53

Serviços oferecidos pela ACAPO: Departamento De Apoio ao Emprego e Formação Profissional...54

Serviços oferecidos pela ACAPO: Acção Social...56

A importância das competências na integração profissional das pessoas com DV...57

Competências Básicas...59

Competências académicas...59

Competências cognitivas...62

Qualidades pessoais...63

Adaptações curriculares para alunos com DV...66

Oportunidades de trabalho...70

Integração profissional da Pessoa com Deficiência Visual...71

Barreiras ao emprego...74

Factores facilitadores no acesso e manutenção do emprego...85

III.MÉTODOS E PROCEDIMENTOS 1. Caracterização do estudo...102

2. Amostra...102

3. Métodos e procedimentos na construção dos questionários...104

3.1. Descrição do instrumento de base...104

3.2. Métodos e procedimentos na construção do questionário 1...107

3.3. Métodos e procedimentos na construção do questionário 2...108

3.3.1. Procedimentos de adaptação e validação...108

4. Procedimentos de aplicação dos questionários...118

5. Recolha e tratamento de dados...121

5.1. Categorização das respostas...121

5.1.1. Questionário para Selecção da Amostra...121

5.1.2. Questionário Work Experience Survey (WES), adaptado à População Deficiente Visual Portuguesa...123

5.1.2.1. Secção I...123

5.1.2.2. Secção II...127

(6)

5.1.2.4. Secção IV...128

5.1.2.5. Secção V...128

5.1.2.6. Secção VI...128

6. Limitações do estudo...128

IV.DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE DADOS 1. Questionário 1 para selecção da amostra...130

1.1. Caracterização da população...130

1.1.1. Perfil pessoal...130

1.1.2. Perfil profissional...133

2. Questionário 2 Work Experience Survey (WES), adaptado à População Deficiente Visual Portuguesa...135

2.1. Secção I – Perfil do inquirido...135

2.1.1. Caracterização da amostra...135

2.1.1.1. Perfil pessoal...135

2.1.1.2. Condições de deficiência...137

2.1.1.3. Caracterização da amostra: perfil e experiência profissional...141

2.2. Secção II – Acessibilidade...155

2.3. Secção III – Principais Funções de Trabalho...158

2.4. Secção IV – Proficiência laboral...163

2.5. Secção V – Satisfação...166

2.6. Secção VI – Plano de adaptações...169

V.CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES...176

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...184

ANEXOS

Anexo 1 – Questionário Work Experience Survey (WES)

Anexo 2 – Carta de autorização do autor do WES, Richard Roessler Anexo 3 – Questionário 1

Anexo 4 – Questionário 2 WES adaptado à população DV Portuguesa Anexo 5 – Guião de aplicação do questionário 2

(7)

ÍNDICE DE GRÁFICOS

QUESTIONÁRIO 1

Gráfico 1. Estado civil...130

Gráfico 2. Idade...131

Gráfico 3. Habilitações literárias...131

Gráfico 4. Grau de visão...131

Gráfico 5. Idade de aquisição da DV...132

Gráfico 6. Experiência profissional...133

Gráfico 7. Situação profissional...133

Gráfico 8. Forma de integração profissional...134

QUESTIONÁRIO 2 Gráfico 9. Idade...135

Gráfico 10. Género...135

Gráfico 11. Zonas de habitação...136

Gráfico 12. Estado civil...136

Gráfico 13. Nível de escolaridade...136

Gráfico 14. Grau de DV...138

Gráfico 15. Idade de aquisição da DV...138

Gráfico 16. Causa da DV...139

Gráfico 17. A DV no funcionamento diário dos inquiridos...140

Gráfico 18. A DV no funcionamento diário dos inquiridos: Maior problema....141

Gráfico 19. Categorias profissionais...141

Gráfico 20. Tempo de permanência no presente/último emprego/ experiência laboral, com correlação de horário de trabalho...154

Gráfico 21. Idade da primeira experiencia de trabalho...154

Gráfico 22. Principais barreiras à acessibilidade...155

Gráfico 23. Outras barreiras à acessibilidade...155

Gráfico 24. Formas de ultrapassar as barreiras à acessibilidade...156

Gráfico 25. Dificuldades nas principais funções de trabalho: Competências físicas...158

Gráfico 26. Dificuldades nas principais funções de trabalho: Competências cognitivas...158

(8)

Gráfico 27. Dificuldades nas principais funções de trabalho:

Competências relacionadas com a tarefa...158

Gráfico 28. Dificuldades nas principais funções de trabalho: Competências sociais...160

Gráfico 29. Dificuldades nas principais funções de trabalho: Condições de trabalho...160

Gráfico 30. Dificuldades nas principais funções de trabalho: Políticas da empresa...161

Gráfico 31. Modificações úteis para o desempenho nas funções de trabalho...162

Gráfico 32. Para fazer o meu trabalho, tenho de...163

Gráfico 33. Para me adaptar ao trabalho, tenho de...164

Gráfico 34. Para aprender as regras de trabalho da empresa, tenho de...164

Gráfico 35. Para me dar bem com os outros, tenho de...164

Gráfico 36. Para planear o próximo passo da minha carreira, tenho de...165

Gráfico 37. Outros condicionalismos com impacto no sucesso profissional...166

Gráfico 38. Satisfação do inquirido com o emprego actual/ experiência laboral anterior...167

Gráfico 39. Formas de tornar o trabalho mais satisfatório...168

Gráfico 40. Tipos de barreiras...169

Gráfico 41. Barreiras ao meio físico...170

Gráfico 42. Soluções para ultrapassar as barreiras ao meio físico...170

Gráfico 43. Quem pode ajudar a ultrapassar as barreiras ao meio físico...170

Gráfico 44. Barreiras ao desempenho profissional...172

Gráfico 45. Soluções para as barreiras ao desempenho profissional...172

Gráfico 46. Quem pode ajudar nas barreiras ao desempenho profissional...172

Gráfico 47. Discriminação...174

Gráfico 48. Formas de ultrapassar a discriminação...174

(9)

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Cores escuras e cores claras...34

Figura 2 e Figura 3. Contraste...35

Figura 4. Tipo de cor...35

Figura 5. Tamanho...36

Figura 6. Espaçamento entre linhas...36

Figura 7. Tipo de fontes de letras...36

Figura 8. Estilo da fonte...37

Figura 9. Espaçamento entre as letras...37

Figura 10. Margens...38

(10)

Resumo

Este estudo tem como finalidade validar e adaptar o WES (Work Experience

Survey), de forma a avaliar e caracterizar a percepção que as pessoas DV

portuguesas possuem sobre as barreiras ao emprego e as suas formas de resolução e/ou minimização.

Da revisão da literatura, constatou-se a inexistência, a nível nacional, de estudos que versassem sobre as barreiras no acesso e manutenção de emprego e estratégias de superação. Este motivo foi o ponto a partir do qual se elaborou a adaptação e validação do questionário WES e a partir do qual alcançamos resultados e conclusões que nos remetem para evidências que a seguir se descrevem.

Os dados recolhidos demonstram que esta faixa da população:  tem baixos níveis de escolaridade;

 necessita de aperfeiçoar as suas competências para se tornar mais competitiva no mercado de trabalho;

 tem dificuldades na acessibilidade ao meio físico, devido às condições de acessibilidade oferecidas;

 enfrenta problemas no desempenho laboral, devido à falta de tecnologias de apoio e de meios de superação das barreiras no local de trabalho; e  sente-se discriminada no acesso e manutenção do emprego, e progressão

na carreira.

A exploração das razões do insucesso escolar e do perfil de competências adequado, exigíveis para o emprego; o desenvolvimento de planos de promoção da carreira; a divulgação das competências e capacidades dos trabalhadores DV e a averiguação na aplicação da legislação referente à acessibilidade são algumas sugestões apresentadas.

Palavras-chave: Pessoa com Deficiência Visual; Emprego; Acessibilidade; Formação Profissional; Legislação; Incentivos ao emprego; Funções de Trabalho; Proficiência Laboral; Competência; Barreiras; Factores facilitadores.

(11)

INTRODUÇÃO

Começar um trabalho com o tema da integração profissional da pessoa com deficiência visual1 em Portugal não foi tarefa fácil, se tivermos em consideração

todos os condicionalismos que tal acarreta.

Além de ser uma população reduzida é também uma população que se “fecha” sobre si mesmo, sobre os seus problemas. Talvez porque a sociedade os veja ainda como aqueles seres a quem denominam de “coitadinhos”. Esta palavra é utilizada vezes sem conta quando passam pela rua, dotados da sua bengala, ou simplesmente quando vão fazer compras, levados pela mão do filho ou da filha, que lhes proporciona a ajuda de um guia. Todos os dias, na rua, nos reconhecimentos de Orientação e Mobilidade, nos acompanhamentos diários de colegas cegos, verificava que existiam vários obstáculos, não só os físicos, mas também os imateriais, os piores, aliás.

Por isso, o facto de trabalhar junto desta população incentivou-me para esta problemática: a problemática da integração profissional. Após algumas auscultações e reflexões, chegámos à conclusão de que era importante averiguar quais eram os seus problemas, as formas de os ultrapassar, os seus medos, as suas dificuldades, as barreiras à acessibilidade, as barreiras no domínio do trabalho e as barreiras à própria integração.

Este trabalho não pretende ser inovador, pretende sim, dar um pequeno contributo. Por isso, avançámos com a validação e adaptação do questionário

Work Experience Survey (WES) da autoria do Professor Richard Roessler, com

o qual tivemos o prazer de poder trabalhar à distância e que nos prateou com as suas conclusões experientes a partir dos dados recolhidos pela aplicação do questionário WES, a quem agradecemos a atenção dispensada. O seu préstimo e cooperação inigualáveis representam como uma ajuda preciosa no entendimento e consolidação dos resultados obtidos.

1 “Qualquer grau de perda de visão que afecta a capacidade de um indivíduo executar as tarefas da vida diária, causada por uma malformação ou anomalia no sistema visual. Termo genérico usado para descrever um continuum de perda da função visual, cujas extremidades se situam na cegueira e a baixa visão” (Corn & Koenig,1996, cit. in, Santana, 2005).

(12)

A estrutura do trabalho compreende cinco momentos distintos, mas complementares.

Num primeiro momento, é caracterizado o trabalho de investigação, com apresentação da problemática, dos objectivos orientadores do estudo e justificação da sua elaboração.

Dando corpo aos alicerces deste trabalho, o enquadramento teórico apresenta quatro capítulos: o primeiro capítulo refere-se à acessibilidade, porque um dos grandes obstáculos que as pessoas com deficiência enfrentam no dia-a-dia é o da inacessibilidade ao meio físico e à informação. Apercebemo-nos que a sociedade aparece projectada sem ter em consideração as necessidades específicas das pessoas com deficiência. Ora, a acessibilidade está directamente relacionada com o exercício pleno dos direitos civis e políticos. Por isso, era um tema a explorar.

O segundo capítulo explora alguns incentivos do Estado português para a integração socioprofissional da pessoa com deficiência. Portanto, os factores facilitadores da integração profissional.

O terceiro capítulo refere-se às competências necessárias à integração profissional da pessoa com DV, de forma a poder entender melhor quais as áreas de competências que estas pessoas precisam de desenvolver para se integrar no mercado normal de trabalho.

Na parte final da fundamentação teórica, optámos por averiguar qual era o panorama de empregabilidade mundial e nacional desta população e quais eram, segundo estudos anteriores, as grandes barreiras e os factores de sucesso responsáveis pela integração profissional.

Findo o capítulo do enquadramento teórico, apresenta-se os métodos e procedimentos no que respeita o tipo de estudo que se oferece, a amostra, a construção dos questionários, a sua aplicação, a recolha de dados a partir da aplicação dos questionários, a categorização das respostas e as limitações deste estudo.

Na prossecução do objectivo de recolha de informação sobre os factores responsáveis, em Portugal, pela integração das pessoas com DV, percepcionados por esta população, decidimos elaborar dois questionários, com objectivos diferenciados.

(13)

A elaboração do questionário para selecção da amostra baseia-se na tradução e adaptação parcial dos nove primeiros itens da secção I do WES (Roessler, 1995). O questionário Work Experience Survey (WES), adaptado à População

Deficiente Visual portuguesa2, resulta de uma tradução, adaptação e validação do Work Experience Survey (Roessler, 1995).

Avançar com um inquérito tão longo poderia fornecer muita informação, mas também poderia fornecer dados preciosos. Além disso, as notas de campo e a aproximação a pessoas com DV são elementos que servem de contexto para a elaboração deste estudo e compreensão da problemática.

A última parte deste trabalho incide sobre a descrição e análise dos dados recolhidos, completada com a quinta, e última parte, das conclusões e recomendações.

2 Tradução e adaptação autorizadas por Roessler, R.T. (1995). The Work Experience Survey. A structured Interview for Identifiying Barriers to Career Maintenance. Arkansas Reasearch and Training Center. Arkansas: University of Arkansas.

(14)

I.CARACTERIZAÇÃO DO TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO

FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Quando nos reportamos aos últimos vinte anos, testemunhamos uma enorme mudança na natureza da relação de emprego, sobretudo no mundo Ocidental. Diminui a segurança do emprego, passando a haver toda uma série de contratos de emprego “flexível” que está a tornar-se cada vez mais bem aceite (Brewsler, 1998).

As empresas procuram reduzir custos e aumentar a produtividade para satisfazer as expectativas dos accionistas e para poder sobreviver num ambiente cada vez mais competitivo. As populações mais carenciadas e mais desfavorecidas, estão sempre sujeitas a um maior impacto deste tipo de políticas de emprego e de competitividade subjacente. Neste grupo estão incluídas as pessoas com deficiência visual (DV).

No nosso país, no ano de 2004, a média da taxa de desemprego rondava os 6,7%, apresentando um aumento gradual. No final do ano seguinte, a taxa de desemprego era de 8%. No terceiro trimestre do ano de 2008, a taxa total de desemprego (Homens e Mulheres) em Portugal era de 7,70%.

Tal como a população em geral, as pessoas com DV (pessoas cegas e com baixa visão3) enfrentam diversas dificuldades, ambientes com características próprias e a competitividade do mercado de trabalho do nosso século.

As taxas de empregabilidade das pessoas com DV são baixas e continuam a ser uma preocupação para o Mundo (Bruce, McKennell, & Walker, 1991; Chazal, 1999; Hagemoser, 1996; McNeill, 1993; Wolffe, Roessler, & Schriner, 1992, citado em Wolffe & Spungin, 2002) e para os investigadores como tema de interesse internacional.

Nos EUA as taxas de desemprego das pessoas com DV dos 21 aos 64 anos, e activamente à procura de emprego, rondava em finais do séc. XX valores que iam dos 66% aos 78%, dependendo da severidade da perda de visão, ao contrário da população em geral que atingia os 5.6% e os 17% (Leonard, 1999;

3 A definição global de baixa visão, elaborada pelo Conselho Internacional para a Educação dos Deficientes Visuais, sob a égide da OMS (Bangkok, Julho de 1992) descreve-a como uma situação em que a visão, após correcção óptica, está compreendida entre os 3/10 e a percepção de luz ou, cujo campo visual é inferior a 10º a partir do ponto de fixação, sendo o doente capaz de utilizar a visão para executar ou planear uma tarefa simples.

(15)

McNeil, 2000; Turpin, Sebesta, Yelin, & LePlante, 1997, citado em Butler et al., 2002). Estes dados demonstram que existe uma disparidade elevada entre a taxa de desemprego das pessoas com DV e a taxa de pessoas sem deficiência.

Muitas explicações aparecem na literatura referente aos EUA para a elevada taxa de desemprego das pessoas com DV. No seu estudo, Crudden (2002) aponta (a) as atitudes dos empregadores, (b) o transporte e a mobilidade, (c) o acesso (a acessibilidade) aos locais, (d) os equipamentos adaptados e (e) as adaptações do local de trabalho como as maiores barreiras à integração profissional.

Por sua vez, O’Day (1999) diferencia três tipos de barreiras ao emprego: (1) as

barreiras pessoais (inclui a própria deficiência; os défices nas competências ou

na educação; a falta de experiência de trabalho; as características individuais (Emen & Marion-Landais, 1995; Hill, 1989; Kirchner & Harkins, 1991; Mather, 1994; Sacks & Wolffe, 1992; Young, 1996, cit. in O’Day, 1999); (2) a falta de experiências de trabalho e de deficientes competências de negociação; e (3) as

barreiras sociais, que não são derrubadas com a perseverança, a aquisição de

competências ou com a experiência, e que incluem as atitudes negativas sobre a deficiência, o estigma social, a descriminação, a falta de acesso à tecnologia, a falta de transportes públicos (Fine & Asch, 1988; Hahn, 1985; Kirchner & Harkins, 1991; Zola, 1989, cit. in O’Day, 1999) e as barreiras dos serviços públicos (a segurança social e os apoios de saúde).

No que respeita as soluções para este problema aparece-nos Mondak (2000,

cit. in Butler, 2002) que acredita que a elevada taxa de desemprego de

pessoas com DV poderia ser reduzida com a redução das barreiras tecnológicas.

Noutro prisma da problemática da integração profissional da pessoa com DV, surgem investigações que focam os factores facilitadores no acesso e na retenção do emprego por pessoas com deficiência visual (DV).

Crudden et al. (1998) apresentam (a) a motivação pessoal, (b) o suporte da família (ou de outras pessoas significativas), (c) a educação e a formação, (d) as experiências em locais de trabalho, (e) as características pessoais (incluindo uma forte ética de trabalho) como factores de integração profissional.

(16)

Golub (2003) aponta outros factores: (a) a independência, (b) a realização pessoal, (c) a capacidade de fazer o outro sentir-se confortável com a deficiência, (d) as competências sociais e (d) o impacto do Americans with

Disabilities Act (ADA)4.

Em Portugal, Morgado (2002) focaliza os factores de sucesso na integração profissional dos DV, incidindo na zona centro de Portugal, com a aplicação de questionários (a) à população DV, (b) a instituições de colocação e enquadramento profissional (ICEP) e (c) a entidades laborais (EL).

Na opinião da população DV, os factores que mais contribuem para a integração profissional assentam sobretudo nas atitudes sociais (no sentido de darem mais oportunidades), seguindo-se das competências individuais (como a motivação); as atitudes da sociedade (e.g., a aceitação, maior consciência social); as competências individuais (como a assiduidade e a pontualidade), e a acessibilidade (eliminação de barreiras). Para tal, os recursos a utilizar seriam (a) tecnologias e equipamentos; (b) transportes adequados e (c) medidas políticas através da legislação no que diz respeito a leis mais claras.

No que respeita as competências de trabalho, os factores mais escolhidos por ordem de importância são (1) demonstrar hábitos de trabalho (assiduidade e pontualidade); (2) cumprir as regras de trabalho estabelecidas pela empresa; (3) ter conhecimento sobre a diversidade do trabalho e sobre o local de trabalho e trabalhar em equipa.

Segundo a população ICEP, os factores de integração das pessoas com DV no mercado de trabalho têm a ver com: (1) as competências individuais (motivação), (2) as atitudes sociais (maior consciência social, atitudes sociais de aceitação), (3) a acessibilidade a recursos (tecnologias e equipamentos) e (4) a eliminação de barreiras, que passam pelo estabelecimento de medidas políticas (legislação que contemple mais subsídios).

As entidades laborais consideraram como factor mais importante para a integração profissional do DV as medidas políticas (p.e., legislação modificada com introdução de mais subsídios; melhoria da acessibilidade, com introdução de recursos e a eliminação de barreiras). As competências individuais (p.e.,

4 Este normativo apareceu nos EUA no sentido de favorecer a integração das pessoas com deficiência na sociedade de forma a participar activamente como cidadão. A partir da sua implementação tem vindo a verificar-se um aumento da aceitação destas pessoas promovendo a sua protecção e participação activa.

(17)

assiduidade e pontualidade), as atitudes sociais (p.e., maior consciência social) e a acessibilidade nos recursos de tecnologias e equipamentos são outros factores que favorecem a integração da população DV no mercado de trabalho português

No entanto, e segundo a investigadora, uma das limitações deste estudo prende-se com a pouca representatividade dos dados recolhidos junto à população DV.

Com efeito, esta amostra restringe-se à zona Centro de Portugal, não podendo obter representatividade significativa em termos de resultados.

OBJECTIVOS DO ESTUDO

O trabalho desempenha um dos papéis mais importantes para as pessoas ao longo da vida. A inclusão da pessoa com deficiência no mundo do trabalho é crucial para a sua integração social e independência económica. No entanto, as pessoas com deficiência têm menos emprego e menos rendimentos familiares do que aqueles que não têm deficiências (Burkhauser, Daly, Houtenville, & Nargis, 2002; Trupin, Sebesta, Yelin, & LaPlante, 1997, citado em Houtenville, 2003).

Embora inúmeros autores tivessem identificado barreiras ao emprego e proposto estratégias para remediar ou ultrapassar essas barreiras, as pessoas com DV continuam a experimentar elevadas taxas de desemprego (Crudden & McBroom, 1999; O’Day, 1999; Roy, Dimigen, & Taylor, 1998; Wolffe, 1998, 1999) e a não ter representação no mercado de trabalho competitivo.

Persistem preocupações relativamente à integração das pessoas com DV, tanto nos Estados Unidos, como em Portugal. É importante caracterizar as barreiras e os factores responsáveis no acesso e manutenção do emprego, que estão na origem da integração laboral desta população.

Dado a importância que o trabalho representa na integração pessoal e social de qualquer pessoa, a nossa pretensão vai no sentido de caracterizar as barreiras e os factores de sucesso que influenciam a integração profissional da pessoa com Deficiência Visual, em Portugal, respondendo à pergunta de partida: Quais são as barreiras e os factores facilitadores da integração

(18)

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS DO ESTUDO

Para além das barreiras identificadas, estudos revelaram que os DV tendem a ter falsos inícios de carreira, antes de poder ter uma carreira a longo termo (Tedder & McBroom, 1989). Desta forma, é também importante verificar:

(1) qual a situação profissional do portador de DV neste momento em Portugal;

(2) qual o perfil pessoal da população DV activa e não activa;

(3) que tipo de percurso profissional as pessoas com DV têm seguido ao longo destes anos;

(4) quais são as formas de integração da população DV; (5) quais são as maiores barreiras ao emprego;

(6) quais são factores que facilitam a entrada para o mercado de trabalho;

Da formulação da pergunta de partida surgem as seguintes hipóteses:

- O sucesso da integração profissional depende de factores externos à pessoa com DV;

- O sucesso para a integração sócio-profissional das pessoas com DV prende-se exclusivamente com factores pessoais, que passam pelas competências pessoais e sociais;

- A pessoa com DV só será integrada a nível sócio-profissional, se souber ultrapassar as diversas barreiras, que se colocam no acesso e manutenção do emprego.

JUSTIFICAÇÃO DO ESTUDO

A remoção de barreiras no acesso ao emprego e na performance dos empregados DV é importante, para fazer subir os níveis de domínio de trabalho, estando relacionados com o nível de satisfação do trabalho (Rumrill, Roessler et al., 1998).

Da análise dos factores responsáveis pela integração profissional das pessoas com DV surgem factores percepcionados como essenciais para a integração profissional, relacionados com (a) as competências individuais (por exemplo, a motivação), seguindo-se (b) das medidas políticas como a legislação (por exemplo, mais subsídios), (c) das atitudes sociais (por exemplo, maior

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consciência social e oportunidades), (d) da acessibilidade na deslocação (por exemplo, a eliminação de barreiras arquitectónicas) e (e) a acessibilidade nos recursos (por exemplo, as tecnologias de apoio e os equipamentos).

Em Portugal, os estudos sobre as barreiras no acesso e manutenção de emprego e as formas de as ultrapassar, não obteve, até ao momento, nenhum foco de atenção. Reside a dúvida sobre quais são as maiores barreiras enfrentadas por esta faixa da população e as formas de as ultrapassar.

Além disso, os Departamentos de Apoio ao Emprego e Formação Profissional (DAEFP)5 da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), a nível nacional, que se ocupam pela integração efectiva dos seus utentes, não apresenta, até ao momento, nenhum tipo de instrumento de análise e de avaliação das condições de trabalho, que passam por uma análise precisa da acessibilidade ao local de trabalho; do nível de performance de funções determinadas de trabalho (competências exigidas para desempenho de funções); da proficiência laboral (domínio do trabalho desempenhado) e da satisfação laboral.

O acesso da pessoa com DV ao emprego e a sua integração profissional, enquanto elemento activo de uma estrutura social definida é imprescindível para o desenvolvimento da sua autonomia. Assim, e dada as razões equacionadas, surge a necessidade de estudar, a nível nacional, a integração profissional dos indivíduos DV, partindo de dados recolhidos junto da respectiva população, integrada e não integrada, de forma a conhecer experiências e trajectórias de vida que nos permitam indagar sobre as barreiras e os factores de sucesso que estão na origem da integração profissional desta faixa populacional.

Após a recolha destes dados poder-se-á, numa perspectiva positiva, analisar as barreiras ao emprego e perspectivar formas de as ultrapassar.

5 “A ACAPO possui um Departamento de Apoio ao Emprego e Formação Profissional - DAEFP - que, oferecendo apoio especializado, leva em linha de conta as particularidades das pessoas com deficiência visual e contribui para a plena expressão das suas potencialidades. O objectivo deste Departamento é apoiar a integração socioprofissional dos deficientes visuais e contribuir para melhorar a daqueles que já estão empregados. Para tal, é oferecido apoio especializado, dando resposta às necessidades individuais, contribuindo assim para o pleno desenvolvimento das potencialidades/competências. As áreas de Intervenção situam-se ao nível da Informação, Avaliação e Orientação Profissional, em articulação com o IEFP. Esta actividade contempla a Avaliação das competências Socioprofissionais e encaminhamento para resposta mais adequada e aproximada ao Projecto de Vida do Candidato” (http://www.acapo.pt/services.asp?id=363 ).

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Para além disso, e no intuito de se construir um plano de trabalho que pudesse responder às várias questões e à pergunta de partida e de forma a fornecer um instrumento de avaliação necessário para facilitar a integração da pessoa com DV, optou-se por aplicar e validar um objecto de trabalho útil, que provou, em estudos anteriores, ser um criterioso questionário, cuja utilidade se adivinha no nosso país por não existir nenhum do tipo vocacionado à problemática da integração profissional das pessoas com DV. Esse instrumento é da autoria de Richard Roessler, investigador na área da integração da pessoa com deficiência, denominado Work Experience Survey (WES).

Com este estudo pretende-se largar a esfera de conhecimento sobre as dificuldades que existem no acesso e manutenção do emprego por parte da população DV e as soluções razoáveis que poderiam ser aplicadas para ultrapassá-las.

Ao obter essa informação estaremos a contribuir para o bem-estar destas pessoas. De facto, como já vimos, o trabalho é uma área importante na vida de qualquer cidadão. Se essa área não for preenchida, o que acontecerá é que continuaremos a ter uma população carenciada sem pleno usufruto da sua autonomia e mais ainda da sua cidadania.

O cidadão cego ou com baixa visão tem direito à cidadania. Ora, sabemos que este trabalho não irá resolver todos os problemas que estes cidadãos enfrentam. Pois, seria uma pretensão surrealista que não cabe neste âmbito de acção. No entanto, existe o desejo da nossa parte de alertar os responsáveis sociais e o tecido empresarial para as dificuldades que eles enfrentam, mas mais que tudo, alertar para o facto desta faixa populacional, existir, trabalhar com competências diversas, e conseguir, em muitos casos, integrar-se na vida activa, não porque as portas da facilidade foram abertas, mas sim, porque o cidadão deficiente visual soube ultrapassar as barreiras.

Ao apresentarmos um inquérito em Português, já largamente difundido nos Estados Unidos da América, não queremos inovar, queremos apenas propor um material de apoio à comunidade.

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Ao avaliar as barreiras nas várias áreas de trabalho, o empregador poderá usufruir de uma avaliação e aperceber-se de algumas lacunas existentes. Com a atenuação dessas lacunas, poderá usufruir de um trabalhador mais competente, mais competitivo, obtendo dividendos positivos. Ao receber as propostas dos trabalhadores, poderá aperceber-se que essas barreiras têm soluções, que não são barreiras inultrapassáveis.

Por sua vez, o indivíduo deficiente visual irá incrementar o nível de produção, sentir-se mais útil na empresa onde trabalha e, finalmente, poderá aumentar os seus níveis de satisfação com o trabalho, com a vida, com a sua família, com a comunidade.

As instituições oficiais e/ou semi-oficiais poderão usufruir de uma ferramenta de trabalho e de uma avaliação, que julgamos ser útil, para poder fazer um balanço da situação profissional desta população. Com a avaliação e as propostas que irão decorrer deste estudo, poderão mais facilmente saber onde e como actuar.

Em jeito de síntese queremos consciencializar a população em geral (deficientes visuais, instituições, estudantes, professores, empregadores, futuros empresários, etc.) de que existem barreiras, mas também existem soluções.

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II.ENQUADRAMENTO TEÓRICO

ACESSIBILIDADE

Sempre que se alude à palavra acessibilidade, o termo igualdade aparece associado. A acessibilidade constitui o elemento básico e fundamental do direito à igualdade de participação de qualquer pessoa. Sempre que alguém não consegue aceder aos meios disponibilizados pela comunidade ou pela entidade patronal, assistimos a uma forma de exclusão e, consequentemente, de discriminação.

De forma a contextualizar os limites deste conceito, nos termos que o entendemos neste estudo, tomaremos como ponto de partida a Norma 5 sobre

a igualdade de Oportunidades das Pessoas com Deficiência – Resolução da Assembleia Geral 48/96, datada de 20 de Dezembro de 1993 – segundo a qual

o termo acessibilidade se refere conjuntamente “ao meio físico e aos serviços

de informação e comunicação” (cit. in SNRIPD, 2001, p. 6).

Segundo o SNRIPD6 (2001), esta norma fornece uma orientação útil no delinear de políticas e no aconselhamento. Além disso, permite às entidades empregadoras verificar se os locais de trabalho das respectivas empresas cumprem os requisitos básicos para uma melhor acessibilidade, conforto e segurança.

O Instituto Nacional para a Reabilitação (INR) refere que “as acessibilidades

constituem uma condição essencial para o pleno exercício dos direitos das

6 O SNRIPD tem por objectivo o planeamento, a coordenação, o desenvolvimento e a execução da política nacional de prevenção, reabilitação e inserção das pessoas com deficiência (Santana, 2005). Pelo Decreto-Lei nº 35/96, de 2 de Maio, o SNR foi extinto dando lugar ao Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência (SNRIPD), cuja orgânica foi publicada pelo Decreto Regulamentar nº 56/97, de 31 de Dezembro. O SNRIPD é um organismo dotado de autonomia administrativa e património próprio, sob tutela do Ministro da Solidariedade e Segurança Social. Pelo mesmo Decreto-Lei foi criado o Conselho Nacional para a Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência (CNRIPD), enquanto órgão de consulta do Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social para a definição e execução da política de reabilitação e integração das pessoas com deficiência. Na sequência das orientações definidas pelo Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE), e pela orgânica do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social (Decreto-Lei nº 211/2006, de 27 de Outubro), o SNRIPD foi reestruturado dando lugar ao Instituto Nacional para a Reabilitação (INR). De acordo com a orgânica aprovada pelo Decreto-Lei nº 217/2007, de 29 de Maio, o INR é um instituto público dotado de autonomia administrativa e património próprio, sob tutela e superintendência do Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, que tem por missão assegurar o planeamento, execução e coordenação das políticas nacionais destinadas a promover os direitos das pessoas com deficiência. Os Estatutos do INR foram aprovados pela Portaria nº 641/2007, de 30 de Maio, tendo sido publicados em anexo ao referido diploma (http://www.inr.pt/content/1/49/historial).

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pessoas com deficiência e de todas as outras pessoas que experimentam uma situação de limitação funcional ao longo das suas vidas. As acessibilidades abrangem um conjunto muito diverso de realidades que vão desde as ajudas técnicas ao acesso aos edifícios7”.

CONCEITO EUROPEU DE ACESSIBILIDADE (ECA) E DESIGN UNIVERSAL

O Conceito Europeu de Acessibilidade (1996) pugna pela igualdade de utilização dos diversos elementos disponibilizados para a população, em geral e em específico. “O termo igualdade está na essência do Design Universal.

Não basta que as pessoas possam utilizar as instalações (de um edifício) com independência, mas que ao fazê-lo não haja distinção entre as várias categorias de pessoas” (SNRIPD, 2001, p.7).

O termo acessibilidade engloba em si sub-conceitos nos quais o design universal/design para todos, adaptabilidade e ergonomia8 estão englobados. A noção de design universal está ligada à concepção de acessibilidade básica, remetendo-nos para a noção de que todos os elementos de uma comunidade devem poder utilizar o meio edificado de forma independente e igual.

A palavra adaptabilidade é utilizada quando a concepção de um lugar é de tal forma planeado, que pode ser adaptado às necessidades do utilizador, sempre que se torne necessário, não havendo distinção de pessoa relativamente à utilização de qualquer meio. Assim se percebe que, ligada à noção de desenho

universal, surja a de ergonomia.

Sem acessibilidade, as pessoas com deficiência não podem ser autónomas, nem utilizar os bens e serviços existentes na comunidade. É necessário recorrer ao desenho universal, que tende a ser naturalmente inclusivo, que favorece a diversidade humana e que contribuiu para a melhoria da qualidade de vida de todos. O desenho universal visa a concepção de objectos, de equipamentos e de estruturas do meio físico destinados a serem utilizados pela generalidade das pessoas, sem recurso a projectos adaptados ou especializados. O objectivo é simplificar a vida de todos, qualquer que seja a

7 http://www.inr.pt/content/1/1/bemvindo

8 Do Grego ergon, «trabalho» + nomos «uso, costume, norma», é definida como uma “disciplina científica cujo objectivo é estudar as características laborais, de forma a adequar o local de trabalho e o equipamento ao trabalhador, gerando mais conforto, segurança, eficiência e produtividade” (http://www.infopedia.pt/).

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idade, estatura ou capacidade, tornando os produtos, as estruturas, a comunicação/informação e o meio edificado utilizáveis pelo maior número de pessoas possível, a baixo custo ou sem custos extras, para que todas as pessoas (não só as que têm necessidades especiais) possam integrar-se totalmente numa sociedade inclusiva.

Para o INR (2009), “A realização de um projecto em Desenho Universal

obedece a 7 princípios básicos:

Utilização equitativa: Pode ser utilizado por qualquer grupo de utilizadores; Flexibilidade de utilização: Engloba uma gama extensa de preferências e capacidades individuais;

Utilização simples e intuitiva: Fácil de compreender, independentemente da experiência do utilizador, dos seus conhecimentos, aptidões linguísticas ou nível de concentração;

Informação perceptível: Fornece eficazmente ao utilizador a informação necessária, qualquer que sejam as condições ambientais/físicas existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador;

Tolerância ao erro: Minimiza riscos e consequências negativas decorrentes de acções acidentais ou involuntárias;

Esforço físico mínimo: Pode ser utilizado de forma eficaz e confortável com um mínimo de fadiga;

Dimensão e espaço de abordagem e de utilização: Espaço e dimensão adequada para a abordagem, manuseamento e utilização, independentemente da estatura, mobilidade ou postura do utilizador”9.

O desenho universal, ou desenho para todos, deve ser assumido como um elemento de privilégio na inclusão e promoção da inclusão da pessoa com deficiência nas várias áreas da sua vida, nomeadamente, a sócioprofissional. O INR (2009) refere que a sua importância está consignada na Resolução

ResAP (2001) 1, do Comité de Ministros do Conselho da Europa (Resolução de Tomar), que recomenda aos Estados membros, entre outras medidas, que

"tomem em consideração, na elaboração das políticas nacionais, os princípios

de desenho universal e as medidas visando melhorar a acessibilidade no sentido mais lato possível, relativamente aos programas de ensino e a outros

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aspectos da educação, da formação e da sensibilização que relevam directamente dos governos, de acordo com as responsabilidades de cada país"

(INR, 2009)10.

Na perspectiva adoptada pelo ECA, os Estados são responsabilizados a vários níveis no que respeita a promoção da acessibilidade. Nos seus programas de acção, os Estados deverão pugnar:

1. por medidas destinadas à adaptação dos locais e postos de trabalho, tornando-os acessíveis a pessoas com diferentes tipos de deficiência;

2. pelo apoio à utilização de novas tecnologias e ao desenvolvimento e produção de ajudas técnicas, ferramentas e equipamentos, bem como medidas que visem facilitar o acesso a tais meios técnicos, para que as pessoas com deficiência possam obter e manter o emprego e

3. pela formação adequada a serviços de colocação e apoio permanente, que se traduz no acompanhamento personalizado e na disponibilidade de serviço de intérpretes.

O Estado é visto como um elemento integrador do assalariado deficiente. Deve criar condições que favoreçam a presença de trabalhadores no sector público. Para lutar contra a discriminação poderá organizar campanhas de sensibilização destinadas a ultrapassar atitudes e preconceitos negativos face aos trabalhadores com deficiência.

ACESSIBILIDADE AO MEIO FÍSICO

A promoção da acessibilidade na via pública e nos edifícios constitui um elemento fundamental para a qualidade de vida de todos os cidadãos.

Uma boa acessibilidade tem vantagens para todos os cidadãos, para a comunidade e para o Estado, porque permite o pleno exercício da cidadania e participação nas diversas áreas da vida activa. Além disso, proporciona a igualdade de oportunidades; contribui para que os espaços interiores e exteriores ofereçam segurança, conforto e usabilidade, assegurando simultaneamente uma vida mais autónoma e independente.

10 O INR é o Centro Nacional de Contacto da Rede Europeia de Desenho para Todos e Acessibilidade Electrónica – EdeAN (European Design for All e-Accessibility Network) - e coordena a Rede Nacional dos Centros de Excelência em Desenho para Todos e Acessibilidade Electrónica (http://www.inr.pt/content/1/5/desenho-universal/).

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No prosseguimento das políticas integradoras o Decreto-Lei n.º 123/97, de 2 de Maio, divulgado pelo SNRIPD, no folheto n.º 18, “Normas Técnicas sobre

Acessibilidade”, aprova as normas técnicas destinadas a permitir a

acessibilidade das pessoas com mobilidade condicionada nos edifícios públicos, equipamentos colectivos e via pública. Portanto, promove a acessibilidade ao meio físico.

Decorrente de orientações de diversas organizações internacionais – Organização das Nações Unidas (ONU), do Conselho da Europa (CE) e União Europeia (UE) – pretende dar cumprimento ao n.º 2 do arº 71 da Constituição Portuguesa, o qual comete ao Estado a obrigação de tornar efectiva a realização dos direitos dos cidadãos com deficiência.

O artigo 2º (âmbito de aplicação) do DL 123/97, de 2 de Maio, reporta que “as

normas técnicas aprovadas aplicam-se a todos os projectos de instalações e respectivos espaços circundantes da administração pública central, regional e local, bem como dos institutos públicos que revistam a natureza de serviços personalizados ou de fundos públicos”.

Aplicam-se igualmente aos novos projectos de edifícios e estabelecimentos e equipamentos de utilização pública e via pública, nomeadamente, residências, centros de dia, centros de convívio, centros de emprego protegido, centros de actividades ocupacionais e outros equipamentos equivalentes; centros de saúde, centros de enfermagem, centros de diagnóstico, hospitais, maternidades, clínicas, postos médicos, farmácias; estabelecimentos de educação pré-escolar de ensino básico, secundário e superior; centros de formação, residenciais e cantinas; estabelecimentos de reinserção social; estações ferroviárias e de metropolitano, centrais de camionagem, gares marítimas e fluviais, aerogares de aeroportos e aeródromos, paragens de transportes colectivos na via pública; postos de abastecimento de combustível e áreas de serviço; passagens de peões desniveladas, aéreas ou subterrâneas, para travessia de vias-férreas, vias rápidas e auto-estradas; estações de correios, estabelecimentos de telecomunicações, bancos e respectivas caixas Multibanco, companhias de seguros e estabelecimentos similares; museus, teatros, cinemas, salas de congressos e conferências, bibliotecas públicas, bem como outros edifícios ou instalações destinados a actividades recreativas e socioculturais; recintos desportivos, designadamente

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estádios, pavilhões gimno-desportivos e piscinas; espaços de lazer (parques infantis, praias e discotecas); estabelecimentos comerciais; igrejas e outros edifícios destinados ao exercício de cultos religiosos e parques de estacionamento de veículos automóveis e instalações sanitárias de acesso público.

A crescente preocupação do Estado na melhoria da qualidade de vida do cidadão deficiente fez com que fosse promulgado o Decreto-Lei nº 163/2006, de 8 de Agosto, o qual procede à definição da acessibilidade a satisfazer nos projectos e na construção de espaços públicos e à revogação do Decreto-Lei supra citado.

A revogação do antigo diploma e a criação de um novo em sua substituição prendem-se com a constatação da insuficiência das soluções propostas e das sanções aplicadas às irregularidades.

São introduzidas medidas de melhoramento do documento anterior, no que respeita as insuficiências encontradas, com a melhoria dos mecanismos de fiscalização. O novo diploma abrange também os equipamentos colectivos e os edifícios colectivos tal como o DL nº 123/97, de 2 de Maio, mas, pela primeira vez, as normas técnicas de acessibilidades estendem-se aos edifícios habitacionais de forma a garantir a mobilidade condicionada (no acesso e interior).

Para um melhor entendimento do DL nº 163/2006, de 8 de Agosto, o SNRIPD edita, no âmbito do Plano de Acção para a Integração da Pessoa com Deficiência ou Incapacidade (PAIPDI), o guia Acessibilidade e Mobilidade para

Todos (SNRIPD, 2007).

Dividido em três partes, na primeira parte apresenta uma interpretação jurídica do novo diploma; na segunda, a descodificação das normas técnicas apresentadas pelo DL n.º 163/2006, dividida em dois capítulos (1-via pública e 2-edifícios e estabelecimentos em geral) e na terceira parte, os anexos, nomeadamente o Decreto-Lei nº 163/2006, de 8 de Agosto.

De reparar que neste diploma a responsabilização está mais direccionada. Na pág. 33 do guia é referenciada a responsabilidade que as Câmaras Municipais doravante têm no processo de indeferimento de pedidos de licenciamento ou autorização de loteamento, urbanizações, construção, reconstrução ou alteração de edificações, que não respeitem as condições de acessibilidade

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exigíveis, pois são as entidades responsáveis pelos licenciamentos e autorizações.

A responsabilização dos diversos agentes intervenientes no decurso das diversas operações urbanísticas (o projectista, o responsável técnico ou o dono da obra) é feita pela atribuição de coimas (para o agente violador das normas técnicas de acessibilidades) e de sanções acessórias.

Outra novidade deste documento reside na atribuição de um papel activo às organizações não governamentais, como sejam as associações de deficientes, na possibilidade de intentar acções, nos termos da lei da acção popular, visando garantir o cumprimento das normas técnicas do diploma.

Com a aprovação do presente diploma, aprova-se as normas técnicas de acessibilidade, mas também as normas técnicas tendentes à supressão de barreiras urbanísticas e arquitectónicas nos espaços públicos, equipamentos colectivos e edifícios públicos e habitacionais.

As normas aplicam-se aos seguintes edifícios, estabelecimentos e equipamentos de utilização pública e via pública:

(a) Passeios e outros percursos pedonais pavimentados;

(b) Espaços de estacionamento marginal à via pública ou em parques de estacionamento público;

(c) Equipamentos sociais de apoio a pessoas idosas ou com deficiência (lares, lares, residências, centros de dia, centros de convívio, centros de emprego protegido, centros de actividades ocupacionais e outros equipamentos equivalentes);

(d) Centros de saúde, centros de enfermagem, centros de diagnóstico, hospitais, maternidades, clínicas, postos médicos em geral, centros de reabilitação11, consultórios médicos, farmácias e estâncias termais;

(e) Estabelecimentos de educação pré-escolar e de ensino básico, secundário e superior, centros de formação, residenciais e cantinas;

(f) Estações ferroviárias e de metropolitano, centrais de camionagem, gares marítimas e fluviais, aerogares de aeroportos e aeródromos, paragens dos

11 “Estruturas vocacionadas para a resolução de casos mais graves, mas com potencial de recuperação e reabilitação, implicando a necessidade de tempos de intervenção mais prolongados (regime de internamento) e a intervenção de uma equipa de reabilitação multidisciplinar” (Min. Saúde, cit. in Santana, 2005).

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transportes colectivos na via pública, postos de abastecimento de combustível e áreas de serviço;

(g) Passagens de peões desniveladas, aéreas ou subterrâneas, para travessia de vias-férreas, vias rápidas e auto-estradas;

(h) Estações de correios, estabelecimentos de telecomunicações, bancos e respectivas caixas multibanco, companhias de seguros e estabelecimentos similares;

(i) Parques de estacionamento de veículos automóveis; (j) Instalações sanitárias de acesso público;

(k) Igrejas e outros edifícios destinados ao exercício de cultos religiosos;

(l) Museus, teatros, cinemas, salas de congressos e conferências e bibliotecas públicas, bem como outros edifícios ou instalações destinados a actividades recreativas e socioculturais;

(m)Estabelecimentos prisionais e de reinserção social;

(n) Instalações desportivas, designadamente estádios, campos de jogos e pistas de atletismo, pavilhões e salas de desporto, piscinas e centros de condição física, incluindo ginásios e clubes de saúde;

(o) Espaços de recreio e lazer, nomeadamente parques infantis, parques de diversões, jardins, praias e discotecas;

(p) Estabelecimentos comerciais cuja superfície de acesso ao público ultrapasse 150 m2, bem como hipermercados, grandes superfícies,

supermercados e centros comerciais;

(q) Estabelecimentos hoteleiros, meios complementares de alojamento turístico, à excepção das moradias turísticas e apartamentos turísticos dispersos, nos termos da alínea c) do nº 2 do artigo 38º do Decreto Regulamentar nº 34/97, de 17 de Setembro, conjuntos turísticos e ainda cafés e bares cuja superfície de acesso ao público ultrapasse 150 m2 de área útil;

(r) Edifícios e centros de escritórios (DL nº 163/2006, de 8 de Agosto).

Este guia oferece anotações úteis, na medida em que chama a atenção do leitor para vários aspectos, nomeadamente, para o facto da legislação do diploma apresentar uma flexibilidade de aplicação das normas técnicas: “O n.º

4 do art.º 2.º permite que as normas técnicas constantes do Anexo I deste diploma não sejam aplicadas sempre que para o caso concreto exista

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regulamentação própria mais exigente e que, por isso, proporcionem ainda melhores condições de acessibilidade às pessoas com mobilidade reduzida ou condicionada” (SNRIPD, 2007, p.38).

No âmbito da problemática da DV, procuraremos explorar alguns pontos mais significativos, no que respeita a acessibilidade ao meio físico por parte da pessoa com DV: (1) passeios e caminhos de peões; (2) passagens de peões de superfície (passadeiras), (3) escadarias na via pública, (4) escadarias em rampa na via pública e (5) corrimãos.

Antes de abordar as medidas necessárias à promoção da acessibilidade ao meio físico vislumbremos a noção de percurso acessível: esta noção envolve a preocupação do Estado para existência, nas áreas urbanas, de percursos pedonais, que devem ser acessíveis e que devem proporcionar uma utilização segura e confortável. “A rede de percursos pedonais acessíveis deve ser

contínua e coerente, abranger toda a área urbanizada e estar articulada com as actividades e funções urbanas realizadas tanto no solo público como no solo privado” (SNRIPD, 2007, p.72).

Na rede de percursos pedonais acessíveis estão incluídos:  Os passeios e caminhos de peões;

 As escadarias, escadarias em rampa e rampas;

 As passagens de peões, à superfície ou desniveladas;  Outros espaços de circulação e permanência de peões.

Passeios e caminhos de peões

Os passeios e caminhos de peões deverão ter uma largura livre não inferior a 1,5 m. É recomendado, “como boa prática” (SNRIPD, 2007), a colocação do mobiliário urbano e dos restantes elementos numa faixa, designada “faixa de

infra-estruturas” (idem, 2007), libertando-se a restante área de passeio de

obstáculos.

Esta medida é imprescindível para qualquer pessoa, seja ela portadora de DV ou não, porque permite que não deambule pelos passeios, estando constantemente a desviar-se de obstáculos. Pelo contrário, mantém um caminho em linha recta, com menos probabilidade de se perder (no caso da pessoa DV) devido a um desvio que a retira da sua “rota”.

Entende-se por “largura livre um canal de circulação contínuo e desimpedido

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pavimento, presente nos percursos pedonais. Inclui-se nas obstruções o mobiliário urbano, as árvores, as placas de sinalização, as bocas-de-incêndio, as caleiras sobrelevadas, as caixas de electricidade, as papeleiras ou outros elementos que bloqueiem ou prejudiquem a progressão das pessoas”(INR,

2007, p.170).

Passagens de peões de superfície (passadeiras)

“A altura do lancil em toda a largura das passagens de peões não deve ser

superior a 0,02 m. O pavimento do passeio na zona imediatamente adjacente à passagem de peões deve ser rampeado, com uma inclinação não superior a 8% na direcção da passagem de peões e não superior a 10% na direcção do lancil do passeio ou caminho de peões, quando este tiver uma orientação diversa da passagem de peões, de forma a estabelecer uma concordância entre o nível do pavimento do passeio e o nível do pavimento da faixa de rodagem”(INR, 2007, p.82). Esse rebaixamento do piso é uma forma da pessoa

com DV aperceber-se onde está o local para atravessar, porque tem uma informação adicional para a sua orientação.

“A zona de intercepção das passagens de peões com os separadores centrais

das rodovias deve ter, em toda a largura das passagens de peões, uma dimensão não inferior a 1,2 m e uma inclinação do piso e dos seus revestimentos não superior a 2%, medidas na direcção do atravessamento dos peões” (Idem, p.82). Esta zona de intercepção também está de acordo com as

necessidades da pessoa DV, porque permite que tenha noção, ao atravessar, onde começa e onde acaba a passagem para peões. Quanto maior for a distância a atravessar, maior é o risco de haver desorientação.

Caso as passadeiras estejam dotadas de semáforos para controlo da circulação devem satisfazer as seguintes condições:

 “Nos semáforos que sinalizam a travessia de peões de accionamento

manual, o dispositivo de accionamento deve estar localizado a uma altura do piso compreendida entre 0,8 m e 1,2 m;

 O sinal verde de travessia de peões deve estar aberto o tempo suficiente

para permitir a travessia, a uma velocidade de 0,4 m/s, de toda a largura da via ou até ao separador central, quando ele exista;

 Os semáforos que sinalizam a travessia de peões instalados em vias com

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com deficiência visual devem ser equipados com mecanismos complementares que emitam um sinal sonoro quando o sinal estiver verde para os peões.

Caso sejam realizadas obras de construção, reconstrução ou alteração, as passagens de peões devem:

 ter os limites assinalados no piso por alteração da textura ou pintura com

cor contrastante;

 ter o início e o fim assinalados no piso dos passeios por sinalização táctil” (INR, 2007, p. 84); A sua adopção nas texturas diferenciadas dos pavimentos é considerada uma boa prática. A cor recomendada pela ACAPO é a bordeaux, porque permite maior contraste no ambiente urbano.  “Ter os sumidouros implantados a montante das passagens de peões, de

modo a evitar o fluxo de águas pluviais nesta zona.

O INR (2007) recomenda que esta “alínea seja aplicada a todos os semáforos

que sinalizem a travessia de peões, de um modo geral, sendo que existem outros mecanismos, que não necessariamente os que emitem um sinal sonoro, destinados a complementar eficazmente a sinalização visual, e que poderão ser eventualmente propostos (botoneira vibratória, talking signs, etc.)”(Idem,

p.84).

Escadarias na via pública

As normas de construção de escadas são descritas no ponto 2.4 explicam que a largura dos lanços, patins e patamares das escadas não deve ser inferior a 1,2 m. “As escadas deverão possuir:

 Patamares superiores e inferiores com uma profundidade, medida no

sentido do movimento, não inferior a 1,2 m;

 Patins intermédios com uma profundidade, medida no sentido do

movimento, não inferior a 0,7 m, se os desníveis a vencer, medidos na vertical entre o pavimento imediatamente anterior ao primeiro degrau e o cobertor do degrau superior, forem superiores a 2,4 m.

Os degraus das escadas devem ter:

 uma profundidade (cobertor) não inferior a 0,28 m;  uma altura (espelho) não superior a 0,18 m;

(33)

 a aresta do focinho boleada com um raio de curvatura compreendido entre

0,005 m e 0,01 m;

 faixas antiderrapantes e de sinalização visual com uma largura não inferior

a 0,04 m e encastradas junto ao focinho dos degraus” (INR, 2007, p.98).

Além das condições de construção explicitadas no ponto 2.4 do guia, existem alguns requisitos adicionais necessários a ter em conta, constante da secção 1.3: as escadarias na via pública devem apresentar patamares superior e inferior, com faixa de aproximação, de material de revestimento com textura diferente e de cor contrastante. Tal permite tanto à pessoa cega como a qualquer pessoa localizar rapidamente pelo tacto o primeiro e último degraus sem ter que estar a andar à procura “tacteando” indiscriminadamente com o pé, onde começam e terminam as escadas. As pessoas com baixa visão terão uma informação dupla: poderão aperceber-se, pela visão residual e pelo tacto, onde começa e onde acaba a escadaria.

É recomendável que a faixa de aproximação a colocar em ambos os sentidos da escadaria, apresente uma largura não inferior a 0,6 m e que fique afastada do primeiro degrau cerca de meio metro.

Escadarias em rampa na via pública

As escadarias em rampa na via pública devem satisfazer o especificado nas secções 1.3 e 2.4 (vide anterior) e as seguintes condições complementares: “1) Os troços em rampa devem ter uma inclinação nominal não superior a 6% e

um desenvolvimento, medido entre o focinho de um degrau e a base do degrau seguinte, não inferior a 0,75 m ou múltiplos inteiros deste valor;

2) A projecção horizontal dos troços em rampa entre patins ou entre troços de nível não deve ser superior a 20 m”(INR, 2007, p.240). Chama-se a atenção

para o facto de a escadaria em rampa dever constituir uma solução de recurso devendo existir sempre uma rampa alternativa à mesma.

Relativamente aos desníveis das escadarias em rampa ou das escadarias se forem superiores a 0,4 m aconselha-se a existência de corrimãos de ambos os lados ou um duplo corrimão central. no que respeita a largura da escadaria, se for superior a 3 ou 6m deve ter corrimãos de ambos os lados, no primeiro caso e duplo corrimão central, no segundo.

É recomendável que não existam degraus isolados nem escadas constituídas por menos de três degraus, contados pelo número de espelhos. Quando não

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seja possível a observância desta regra, os degraus devem estar claramente assinalados com um material de revestimento de textura diferente e cor contrastante com o restante piso. Tal possibilita à pessoa cega ou com baixa visão uma maior autonomia na deslocação, sem receios.

As escadas que vencerem desníveis superiores a 0,4 m devem possuir corrimãos de ambos os lados.

Corrimãos

Os corrimãos das escadas devem satisfazer as seguintes condições:

“1) A altura dos corrimãos, medida verticalmente entre o focinho dos degraus e

o bordo superior do elemento perceptível e seguro, deve estar compreendida entre 0,85 m e 0,9 m;

2) No topo da escada os corrimãos devem prolongar-se pelo menos 0,3 m para além do último degrau do lanço, sendo esta extensão paralela ao piso;

3) Na base da escada os corrimãos devem prolongar-se para além do primeiro degrau do lanço numa extensão igual à dimensão do cobertor mantendo a inclinação da escada” (INR, 2007, p.244).

Este prolongamento do corrimão é bastante útil, porque quem tem DV apoia-se, muito frequentemente, à informação fornecida pelo corrimão. Quando este acaba, pensa que a escada também acabou. Se o corrimão acabar antes do final da escada o DV poderá pensar que terminou e cair. Com o prolongamento, a pessoa sente-se segura porque, apesar de já estar no patamar desejado tem a possibilidade de estar ancorado a um objecto que lhe oferece segurança e informação táctil para a sua orientação no espaço.

4) Os corrimãos devem ser contínuos ao longo dos vários lanços da escada. Estas são algumas medidas descritas no guia (SNRIPD, 2007), que pela sua natureza e descrição demonstram a acrescente preocupação do Estado Português na valorização da acessibilidade do Cidadão.

ACESSIBILIDADE AO LOCAL DE TRABALHO

Reportando-se à Directiva do Conselho 89/391/EEC, de 12 de Junho de 1989, sobre a introdução de medidas que incentivem a adopção de melhorias relativas à segurança e saúde dos trabalhadores no emprego, o SNRIPD (2001) foca o primeiro artigo, dando-nos conta dos objectivos da Directiva:

Imagem

Figura 1. Cores escuras e cores claras 17
Figura 10. Margens 26
Gráfico 1. Estado civil
Gráfico 2. Idade
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Referências

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