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UMA PROPOSTA DE RELAÇÃO ENTRE AS TEORIAS DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO COM A ORGANIZAÇÃO DE DOCUMENTOS SONOROS EM RÁDIOS WEB

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ORGANIZAÇÃO DE DOCUMENTOS SONOROS

NA WEB:

UMA PROPOSTA DE RELAÇÃO ENTRE AS TEORIAS

DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO COM A

ORGANIZAÇÃO DE DOCUMENTOS

SONOROS EM RÁDIOS WEB

(2)

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

CLARA BESSA DA COSTA

ORGANIZAÇÃO DE DOCUMENTOS SONOROS

NA WEB:

UMA PROPOSTA DE RELAÇÃO ENTRE AS TEORIAS

DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO COM A

ORGANIZAÇÃO DE DOCUMENTOS

SONOROS EM RÁDIOS WEB

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade de Brasília – UnB, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciência da Informação.

Orientador: Prof. Dr. André Porto Ancona Lopez Linha de Pesquisa: Gestão da Informação

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COSTA, Clara Bessa da.

Organização de documentos sonoros na web: uma proposta de relação entre as teorias da Ciência da Informação com a organização de documentos sonoros em rádios web / Clara Bessa da Costa – Brasília: [s.n.], 2012.

Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Faculdade de Ciência da Informação, Universidade de Brasília

Orientador: Prof. Dr. André Porto Ancona Lopez

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

Autora: COSTA, Clara Bessa da.

Título: Organização de documentos sonoros na web: uma proposta de relação entre as teorias da Ciência da Informação com a organização de documentos sonoros em rádios web.

Orientador: Prof. Dr. André Porto Ancona Lopez

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, da Faculdade de Ciência da Informação, da Universidade de Brasília – UnB, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciência da Informação.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. André Porto Ancona Lopez

Prof. Dra. Telma Campanha de Carvalho Madio

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RESUMO

COSTA, Clara Bessa da. Organização de documentos sonoros na web: uma proposta de relação entre as teorias da Ciência da Informação com a organização de documentos sonoros em rádios web. 2012. Dissertação (Mestrado em Gestão da Informação e do Conhecimento) – Faculdade de Ciência da Informação, Universidade de Brasília, UnB, Brasília.

Partindo de um cenário no qual a convergência das diversas mídias para o meio digital está gerando novos desafios para a organização da informação, realizou-se um levantamento acerca da forma como os documentos sonoros estão sendo tratados e disponibilizados na web. Para tanto, a pesquisa se focou nos sites das rádios web, analisando quatro rádios que ofereciam conteúdos on demand

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ABSTRACT

COSTA, Clara Bessa da. Organization of sound documents on web: a proposal for a relationship between the Information Science theories and the organization of sound documents on web radios. 2012. Dissertation (Masters in Information and Knowledge Management) – Faculty of Information Science, Brasilia University, UnB, Brasília.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Crescimento de vendas de música pela Internet ... 24

Figura 2 - Esquema da organização do conhecimento ... 43

Figura 3 – Orientações de acesso ... 67

Figura 4 - Página inicial – Rádio MEC ... 71

Figura 5 - Página inicial - Rádio UFSCar ... 72

Figura 6 - Página inicial - Rádio Educadora ... 73

Figura 7 - Padrão de organização dos programas ... 76

Figura 8 – Padrão de organização dos programas – Rádio Educadora ... 77

Figura 9 - Programa Eletroacústicas ... 86

Figura 10 - Programa Antenado ... 87

Figura 11 - Programa Especial das Seis ... 87

Figura 12– Entrevistas ... 88

Figura 13 - Entrevista com Damn Laser Vampires ... 88

Figura 14 - Entrevista com Lucas Santana ... 88

Figura 15 – Padrão de disponibilização ... 91

Figura 16 – Padrão de disponibilização ... 91

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Figura 18 – Padrão de disponibilização ... 92

Figura 19 – Informações sobre a equipe de produção ... 94

Figura 20 – Ordenação de resultado de busca ... 94

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TABELAS

Tabela 1 - Imperativos motivados pelas cinco leis: antes e agora ... 65

GRÁFICOS

Gráfico 1 - Rádio MEC FM ... 82

Gráfico 2 - Rádio MEC AM ... 82

Gráfico 3 - Rádio Educadora ... 83

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SIGLAS

AACR2 - Código de Catalogação Anglo-Americano, 2ª edição

ABPD - Associação Brasileira dos Produtores de Discos

ARPUB – Associação das Rádios Públicas do Brasil

BBC – British Broadcasting Corporation

IFLA – International Federation of Library Associations and Institutions

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GLOSSÁRIO

Etiquetamento

Uma das traduções utilizadas na literatura para o termo inglês labeling, que na Arquitetura da Informação refere-se a uma palavra ou pequena frase utilizada para identificar de forma eficiente um tópico ou ação no contexto de uma página web.

Home theater

Uso de tecnologias, principalmente de áudio, para criar o ambiente de uma sala de cinema em casa.

Live streaming

Distribuição de informações multimídia em tempo real de acordo com a capacidade da rede de transmissão de dados do usuário. (VER streaming)

Media Center

Área das bibliotecas reservada para o tratamento e guarda de materiais multimídias.

Navegador

Programa de computador utilizado para visualizar páginas web e se comunicar com um servidor web para receber e enviar informações.

On demand

Tecnologia que envia programas executáveis a partir de um computador servidor para um computador cliente quando solicitado.

Player

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Playstation

Videogame console produzido pela Sony (VER TAMBÉM XBOX)

Plug-in

Programa de computador utilizado para adicionar funções de outros programas maiores. Equivalente ao botão play dos aparelhos eletrônicos convencionais.

Podcast

(Pod = Personal On demand) Arquivo de áudio digital publicado através da Internet e atualizado via RSS.

Radio web

Serviço de transmissão de áudio via Internet com a tecnologia streaming, havendo possibilidade de disponibilizar a programação ao vivo ou gravada.

RSS

Formato baseado na linguagem XML utilizado para a distribuição de conteúdos, e que permite reunir em um único ambiente conteúdos produzidos por diversas fontes, sem a necessidade de acessar cada um dos sites responsáveis por eles.

Site

Conjunto de páginas web acessíveis por meio do protocolo HTTP na Internet.

Software

É um programa de computador composto por uma sequência de instruções que serão interpretadas e executadas por um processador ou máquina virtual.

Streaming

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Twitter

Rede social e servidor para microblogging, que permite aos usuários enviar e receber atualizações pessoais de outros contatos, em textos de até 140 caracteres

Web

Termo reduzido de World Wide Web, significa rede de alcance mundial. É um sistema de documentos hipermídia interligados e executados pela Internet.

Website VER site

XBOX

Videogame console produzido pela Microsoft. Sua principal característica é o processador central baseado no processador Intel Pentium III. (VER TAMBÉM Playstation)

YouTube

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 15

2 JUSTIFICATIVA ... 20

3 REFERENCIAL TEÓRICO ... 25

3.1 Gestão da informação ... 25

3.2 A convergência e o profissional da informação ... 26

3.3 Enfoques da organização da Informação ... 29

3.4 Documentos sonoros ... 45

3.5 As rádios... 49

4 METODOLOGIA ... 60

4.1 Delimitação do grupo de análise ... 60

4.2 Foco das análises ... 63

4.3 Análise dos resultados ... 96

5 CONCLUSÃO ... 100

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 102

(15)

1

INTRODUÇÃO

A aplicação dos processos e métodos de tratamento da informação exige que se definam previamente conjuntos de recursos eletrônicos a serem tratados, com os respectivos objetivos que primeiro determinaram a definição desses conjuntos. Enquanto muitos dos processos e instrumento desenvolvidos no contexto dos sistemas tradicionais podem e deverão ser aproveitados no contexto digital, especificidades deste último exigirão que novos processos e instrumentos venham a ser desenvolvidos.

Nesse cenário, a tarefa da Ciência da Informação é colocar à disposição daqueles necessitados de organizar informação, o enorme corpus de conhecimento acumulado, desde que primeiro se começou a fazer esse tipo de organização, no contexto tradicional. Desde então, novos desafio vêm se sucedendo, aos quais a ciência da informação tem sabido responder com novos métodos, novas abordagens e novas soluções. (DIAS, 2006, p.74)

A citação dos parágrafos finais do capítulo desenvolvido por Eduardo Dias no livro “Organização da Informação: princípios e tendências” resume de forma geral os objetivos pretendidos por este trabalho.

A presente pesquisa buscou analisar, com foco em um conjunto específico de documentos, as formas de disponibilização da informação através do meio digital, e que elementos do corpus teórico da Ciência da Informação poderiam vir a contribuir para facilitar sua organização e disponibilização. O conjunto foi formado pelos documentos sonoros, e o contexto da análise foram os sites das rádios web.1.

1 Criada por Tim Berners-Lee em 1989, a World Wide Web, também conhecida com web,

(16)

O meio digital, em nossos dias, pode ser visto como o espaço sem precedentes para o registro e a recuperação de documentos textuais, sonoros e imagéticos, espaço que, ao ensejar uma enorme gama de possibilidades de armazenagem, memória e formatos, passou também a requerer novos elementos facilitadores de sua recuperação. (ALVARENGA, 2006, p.79)

Mas, apesar de todas as vantagens fornecidas pelo meio digital para a expansão do uso de documentos sonoros, algumas barreiras parecem ainda se impor. Percebeu-se que dos sites que trabalham com documentos sonoros, poucos são aqueles que não focam unicamente na transmissão e compartilhamento de músicas. Entre os que deixam margem para outros usos, pode-se citar como exemplo o site SoundCloud2, o qual permite ao usuário carregar ou gravar

conteúdos de som, para depois compartilhá-los.

Na falta de um enfoque mais amplo na disseminação de documentos sonoros, os usuários acabam por recorrer a outras plataformas, como é o caso do YouTube3. Neste site, elaborado para a transmissão de conteúdos audiovisuais, são

encontrados vídeos cujo conteúdo principal é o som. Neles as imagens cumprem um papel ilustrativo de pano de fundo, como em uma aula de introdução à filosofia de Karl Jaspers (KARL..., 2011) ou em uma entrevista com o autor J.R.R Tolkien (TOLKIEN..., 2011), na qual a única imagem transmitida é a de uma foto dos autores.

Assim, para identificar os meios pelos quais a Ciência da Informação poderia vir a colaborar nesse meio, buscou-se obter um panorama da organização dos documentos sonoros na web.

Os padrões originalmente desenvolvidos para a web apresentavam limitações para o uso de documentos de som e vídeo. Com a evolução das linguagens de programação, dos padrões de compressão de dados e do aumento na velocidade das conexões para transferência de dados, esses documentos se integraram de uma forma mais ampla ao contexto da web, expandindo sua presença

2<http://soundcloud.com/>

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a cada inovação tecnológica e conquistando rapidamente os usuários. (PRIESTMAN, 2002). Essa evolução veio a beneficiar um dos principais canais de produção e transmissão de conteúdos sonoros – as rádios.

A migração das rádios tradicionais para a web surge hoje como uma opção para o livre acesso em meio a canais de transmissão que estão se vendo obrigados a colocar algumas barreiras para seus usuários. E, por mais conservadoras que possam parecer, pelo fato de não permitirem (ainda) interferências diretas dos usuários em suas programações, elas atuam como ponto referencial na disseminação de conteúdos sonoros. Com a experiência de um modelo que começou a se consolidar na década de 30 do século passado, as rádios podem vir a ser aquelas que definirão o formato padrão para disponibilização gratuita de documentos sonoros

Para Cebrián (2009) o contexto das rádios que criaram um novo modelo de comunicação com seus usuários através da web se incorpora plenamente à Sociedade da Informação e do Conhecimento, ao permitir novas formas de lidar com os documentos sonoros produzidos por elas, ampliando as formas de interação ao fugir dos formatos lineares tradicionais de apresentação de seus conteúdos. O que levou ao questionamento da possibilidade de se estabelecer de forma clara essa relação, gerando o seguinte problema:

É possível, estabelecer uma relação entre os padrões e normas de organização de documentos consolidados pela Ciência da Informação, com a organização de documentos sonoros praticada por rádios web?

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inverso, a organização adotada pelas rádios web apontar quais teorias forneceriam subsídios à construção de um sistema mais estruturado?

Para orientar a busca por essas respostas, estabeleceu-se como objetivo geral da pesquisa:

Comparar a organização de documentos sonoros em rádios web com padrões e normas da Ciência da Informação, a fim de identificar pontos de convergência e divergência.

A partir dele foram estabelecidos quatro objetivos específicos:

• Identificar um grupo de rádios web com características comuns para análise;

• Identificar os tipos de conteúdos on demand disponibilizados pelas rádios web e suas características;

• Estabelecer relação entre os tipos de conteúdos disponibilizados pelas rádios web e padrões de organização de documentos similares da Ciência da Informação;

• Comparar a forma de disponibilização e descrição dos conteúdos pelas rádios web com as normas e padrões da Ciência da Informação.

Inicialmente, são enfocados o tema da pesquisa e sua justificativa dentro do contexto da web as referências teóricas que contextualizam a forma de abordagem do problema. Em um segundo momento, o universo de análise é delimitado, apresentando as rádios web analisadas, o que foi seguido da descrição da metodologia.

Com base nas propostas da Ciência da Informação para a organização da informação, buscou-se contribuições das áreas de comunicação e engenharia de

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examinar um pouco da história da radiodifusão e os tipos de conteúdos desenvolvidos pelas rádios. E da área da computação, foram estudados os padrões de construção de páginas web e a dinâmica da análise de requisitos, da engenharia de software4.

Procurou-se estabelecer uma relação entre a descrição dos documentos sonoros encontrada nas páginas das rádios web com os padrões de descrição da informação propostos pela Ciência da Informação. Ao final do trabalho, são relatadas as conclusões iniciais as quais já apontam algumas sugestões para trabalhos futuros que busquem estabelecer maior diálogo entre as áreas de comunicação e informação.

4 A engenharia de software é “uma disciplina da engenharia que se ocupa de todos os aspectos da

(20)

2

JUSTIFICATIVA

Temos clara a importância social do rádio pela sua presença marcante no cotidiano da maioria da população brasileira. É o meio de informação e entretenimento por excelência, especialmente para os que estão em trânsito nas grandes cidades e para os que vivem no interior, nas pequenas cidades, na zona rural e, em particular, em macrorregiões como a Amazônia. Integra o sistema de comunicação do país de forma expressiva. São mais de oito mil emissoras em funcionamento entre comerciais, educativas e comunitárias. As comerciais oferecem mais de 300 mil empregos diretos e indiretos, e faturam por ano R$1.673 milhões (pesquisa FGV e IBRE de 2007).

(ABRACO et al, 2010)

E todo esse mercado está migrando para o ambiente digital. As empresas de rádio descobriram na internet uma plataforma de expansão e um meio de ampliar sua audiência. Para Prado (2006, p. 157), “é notória a possibilidade que a digitalização proporciona na distribuição da programação radiofônica pela web”. Mas essa expansão só se faz possível mediante a construção de um ambiente que possibilite a interação dos usuários com o canal de comunicação.Devido aos múltiplos níveis de complexidade que os documentos apresentam nesse ambiente dinâmico, o estabelecimento de padrões de descrição e organização da informação passou a ter mais destaque. Na medida em que o usuário se torna o principal agente na busca pela informação, a forma como o conteúdo é descrito e apresentado torna-se uma das peças-chave para sua recuperação, já que a distribuição da informação está ligada ao modo como ela é formatada (DAVENPORT, 1998), e a “não otimização da concepção e exposição dos conteúdos pode levar ao acesso pouco eficiente e insatisfatório” (KAFURE, 2004, p. 7).

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O avanço das tecnologias de informação e comunicação e suas aplicações em diversas áreas [...] possibilitou uma relação direta e interativa dos usuários da informação, tornando-os mais autônomos em relação aos serviços mediados pelos bibliotecários.

Para tanto, é necessário haver instrumentos que auxiliem os gestores no momento de definir quais parâmetros irão guiar a disponibilização de seus documentos no ambiente web. O usuário precisa ter acesso a um conjunto de informações sobre o documento que lhe permitam identificar o que encontrou e decidir sobre a sua relevância. Dias (2006) corrobora essa visão ao afirmar que a atividade de descrição de um documento, tanto do ponto de vista físico quanto do ponto de vista temático

resulta na produção de representações documentais [...] que não apenas se constituem de unidades mais fáceis de manipular num sistema de recuperação da informação [...], como também representam sínteses que tornam mais fácil a avaliação do usuário quanto à relevância que o documento integral possa ter para as suas necessidades de informação. (DIAS, 2006, p. 67-68)

O próprio perfil da sociedade da informação, atualmente, demanda das instituições uma atuação dinâmica, colaborativa e comprometida com os usuários. As rádios, para enfrentarem os desafios advindos de sua migração para o ambiente

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Tapscott (1998) definiu essa geração que cresceu cercada pela tecnologia digital como “net generation”, a qual afirma possuir padrões muito elevados quanto ao desempenho tecnológico e apresentar exigências cada vez maiores em questões de qualidade do produto informacional e da facilidade de seu acesso. Para atender a esse público, as empresas que utilizam a web como vitrine internacional precisam preocupar-se com a definição de critérios que permitam a recuperação dos conteúdos disponibilizados e que facilitem a sua interação com os usuários em potencial.

A indústria percebeu essa tendência e investiu nesse mercado, gerando um modelo voltado principalmente para a indústria do entretenimento e levantando algumas questões ainda hoje controversas. Até poucos anos atrás, sites como Napster, PirateBay e Last FM disponibilizavam conteúdos de som gratuitamente para que qualquer interessado pudesse acessá-los. Esse modelo de negócio, porém, enfrentou fortes resistências da indústria do entretenimento. A Napster (KRAVETS, 2007) respondeu a processos milionários motivados por denúncias de violação de direitos autorais, tentou entrar em concordata mas foi obrigada a fechar por decisão da corte de falências americana (USATODAY, 2002), vendendo a imagem e marca para a empresa de software Roxio que abriu o site Napster 2.0 em formato similar mas de acesso pago (WATERS, 2005); o PirateBay (STEAL..., 2011) teve seu sistema fechado pela polícia e seus fundadores foram condenados (CNN TECH, 2009) judicialmente a pagar 3,6 milhões de dólares em danos também por questões de direitos autorais; por fim, a rádio Last FM, devido a uma resolução do

Copyright Royalty Board (COX, 2007) que aumentou as taxas pela transmissão de músicas, passou a cobrar uma assinatura mensal de seus usuários para poder manter-se no mercado.

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Existem diversos produtos disponíveis online sem custos, mas, como sua localização nem sempre é fácil, eles acabam por se perder em meio ao grande volume informacional disponibilizado na web.

Mas mesmo quando existe a cobrança pelo acesso, observa-se uma crescente demanda por documento sonoros.

O segmento de música digital no mundo teve um crescimento de 12% em 2009, de acordo com o ‘Digital Music Report’ divulgado pela Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI) em Janeiro deste ano [2010], movimentando 4.2 bilhões de dólares. No Brasil esse segmento movimentou, em 2009, 42.8 milhões de reais. Mundialmente, as plataformas digitais geraram em 2009 receitas que já representam 27% do total das vendas de música gravada no mundo. No Brasil, a participação do mercado digital no total das receitas com música gravada, passou de 8% em 2007, para 12% em 2008, se mantendo neste mesmo patamar em 2009. (ABPD, 2010, p. 3).

Demanda essa estimulada pelo formato do próprio ambiente web, que facilitou a disponibilização e o acesso desses documentos ao abrigar ferramentas multimídias em canais interativos.

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Figura 1 - Crescimento de vendas de música pela Internet

Fonte: ABPD (2010).

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3

REFERENCIAL TEÓRICO

A seguir serão apresentadas as principais linhas adotadas no desenvolvimento da pesquisa, as quais permitiram a construção das bases sobre as quais as rádios web seriam analisadas. Elas estão divididas desta forma: gestão da informação, a informação no ambiente web, documentos sonoros, a convergência e o profissional da informação e as rádios.

3.1 Gestão da informação

A maneira como a informação é armazenada reflete como a organização percebe e representa seu ambiente, inclusive a maneira como denomina suas entidades, especifica os relacionamentos, acompanha transações e avalia desempenhos. (CHOO, 2006, p.409)

Segundo Morville e Rosenfeld (2007), nos dias atuais, a maioria das pessoas possui uma noção da organização da informação devido a suas experiências com livros e bibliotecas. Essa noção, por mais superficial que se apresente, passa pelas etapas de agregação de valor de um item até a sua inclusão dentro de uma arquitetura que facilite a sua recuperação.

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bibliografias, catálogos, bases de dados e outros instrumentos, ou arquiteturas, de recuperação da informação, por trazem as informações referentes ao conteúdo e quem o gerou, sendo itens importantes durante o processo de recuperação da informação.

Segundo Morville e Rosenfeld (2007), os usuários estão assumindo o papel de gestores no controle de suas informações, mudando o enfoque dos debates sobre a melhor forma de organizá-la. Dessa forma, a avaliação do que sejam documentos “adequadamente organizados” deve passar a considerar também a percepção do usuário sobre o sistema. Se não houver um trabalho adequado de organização, por mais que se tenha ao alcance a mais avançada ferramenta tecnológica, a recuperação da informação será prejudicada.

Essa nova abordagem vem ligada às grandes transformações que estão ocorrendo no contexto da comunicação, com a convergência das mídias e o empoderamento dos usuários, que passaram a ser também criadores de conteúdos.

3.2 A convergência e o profissional da informação

As mudanças na área da informação não se concentram apenas na migração para o ambiente da Internet. Entrou-se em um novo patamar da tecnologia da comunicação, que Tanenbaum (2007) chamou de ‘quinta geração’, a geração dos computadores invisíveis, e a qual Weiser (2002 apud TANENBAUM, 2007) denominou de computação ubíqua ou pervasiva. Essa quinta geração é mais uma mudança de paradigma do que propriamente a aplicação de novas tecnologias e constitui-se numa realidade na qual “os computadores estarão por toda parte e embutidos em tudo – na verdade, invisíveis”. (TANENBAUM, 2007, p. 15)

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impressas, audiovisuais e digitais começaram a colaborar entre si para diminuir seus custos da produção. Hoje, a distribuição através de plataformas múltiplas é uma realidade composta por uma rede de canais que inclui podcasts, Twitter, RSS, e-mail, celulares.

A convergência, porém, ainda é abordada por uma grande diversidade de pontos de vista, podendo se tornar confusa na hora de levá-la à prática (RAMOS, 2008). Em geral, a convergência pode ser associada a equipamentos e sistemas de acesso às redes digitais, a estruturas organizacionais, a diferentes níveis de processos de produção do conteúdo midiático, às política publicas de uso e acesso às TICs, aos modelos de negócios, em oposição a visões fragmentadas, entre muitas possibilidades.

Para Jenkins (2009, p. 29), a convergência não deve ser compreendida como um “processo tecnológico que une múltiplas funções dentro dos mesmos aparelhos”, com todos os conteúdos de mídia fluindo por “uma única caixa preta em nossa sala de estar”. A “falácia da caixa preta”, como ele chamou essa abordagem da convergência, é desmentida hoje pelo fato do número de aparelhos, ou ‘caixas pretas’, estar aumentando cada vez mais. São os aparelhos de DVD, XBOX, Playstation, TV a cabo e home theater que se acumulam nas salas. Ele defende, ao contrário, que

a convergência representa uma transformação cultural, à medida que consumidores são incentivados a procurar novas informações e fazer conexões em meio a conteúdos de mídia dispersos. (JENKINS, 2009, p. 29-30).

Se for considerado que os usuários estão buscando a autonomia na procura pela informação e que o novo contexto informacional está exigindo a capacidade de lidar com os diversos meios de disponibilização, caberá, então, ao profissional da informação identificar as formas mais eficazes de tornar acessível os diversos formatos de conteúdos para atender a esse novo padrão de usuário.

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atue na sua área, mas tendo a sua disposição diferentes tipos de ferramentas que o auxiliem a realizar melhor sua função.

O intercâmbio de conhecimentos entre as áreas da ciência permite que surjam novos debates sobre um determinado problema, colaborando para sua resolução. Os conhecimentos da ciência da informação e de biblioteconomia, por exemplo, provaram-se úteis para que Morville e Rosenfeld (2007) lidassem com a questão do relacionamento entre páginas web e outros elementos que compõem um

site.

Portanto, os profissionais que atuam na área da informação devem estar preparados para estabelecer canais de diálogo com os mais diversos tipos de profissionais, sabendo fazer valer sua expertise no tratamento e organização da informação em um contexto que se mostra cada vez mais interligado digitalmente.

3.2.1 Construção de requisitos

Na construção de um sistema ou software interferem diversos fatores, para bem ou mal. Por essa razão, o campo da engenharia de requisitos, dentro do contexto da engenharia de software, merece a atenção de quem se dedica a construir uma interface de interação com seus usuários.

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Para Pressman (2006) o ponto mais crítico na elaboração do requisitos que irão guiar a construção de um sistema é a comunicação entre o cliente e o desenvolvedor.

O cliente não sabe o que é necessário [...] É o pior pesadelo. Um cliente entra no seu escritório, senta-se, olha você direto nos olhos e diz: “Eu sei que você pensa que entende o que eu disse, mas o que você não entende é que, o que eu disse, não é o que eu queria dizer. (PRESSMAN, 2006, p.116)

O profissional da informação nesse contexto deve ser o principal responsável pela orientação do analista de requisitos, esclarecendo quanto às características intrínsecas do documento a ser disponibilizado, de modo a criar, por meio desse diálogo, as políticas para a construção de um sistema adequado ao tipo de conteúdo que ele pretende disponibilizar e que atenda às necessidades do usuário na recuperação da informação.

A participação de um profissional da informação na fase inicial da construção de um sistema é, portanto, crítica. Só assim ele conseguirá oferecer informações oportunas, exatas e relevantes aos seus usuários (LAUDON, J; LAUDON, K, 2006).

3.3

Enfoques da organização da Informação

(30)

Descrevem-se, a partir de agora, alguns desses padrões que foram considerados relevantes para a análise do universo abordado nesta pesquisa.

3.3.1 Catalogação

A catalogação, ou representação descritiva, pode ser identificada “como a construção de um meio de comunicação, de um instrumento de ligação entre o usuário e o documento” (SIQUEIRA, 2003, p. 31), que se constitui do conjunto de operações que pretendem descrever um documento (livro, revista, vídeo, disco etc.) de forma abreviada, segundo princípios normalizados com a finalidade de permitir a sua recuperação (JSCR, 2004).

O Código de Catalogação Anglo-Americano – AACR foi um padrão mundialmente aceito e de larga aplicação para a descrição bibliográfica, principalmente com a inclusão na sua segunda versão das proposições do ISBD (International Standard Bibliographic Description), em 1978.

De acordo com a AACR2 (JSCR, 2004), a descrição de um material, bibliográfico ou não, divide-se em sete áreas. Com base nessas áreas, foram estabelecidos três níveis de descrição para atender aos diferentes objetivos dos catálogos para o qual a entrada será elaborada, que vão das informações mais básicas às mais detalhadas. São eles:

Primeiro nível

− Título e indicação de responsabilidade; − Edição;

− Detalhes específicos do material; − Publicação, distribuição etc;

Segundo nível

− Título e indicação de responsabilidade; − Edição;

− Detalhes específicos do material; − Publicação, distribuição etc; − Descrição física;

− Notas;

(31)

Terceiro nível

− Título e indicação de responsabilidade; − Edição;

− Detalhes específicos do material; − Publicação, distribuição etc.; − Descrição física;

− Série; − Notas;

− Número normalizado e modalidade de aquisição.

Ao buscar na AACR2 orientações que pudessem ser aplicadas para a descrição dos documentos sonoros na web, observou-se que se classifica como “música” somente a sua representação escrita, partituras por exemplo, e como “gravações de som” os conteúdos sonoros em geral. Por essa razão, ele são apresentados em capítulos diferentes, como descrito a seguir:

Música

“5.0A1. As regras deste capítulo dizem respeito à descrição de música publicada. [...] Para descrição de música gravada, veja o capítulo 6. (que é o de gravações de som)”(JSCR, 2004, p. 5-2).

Gravações de som

“6.0A1. As regras desse capítulo dizem respeito à descrição de gravações de som em todos os meios, discos, fitas (bobinas abertas, cartuchos, cassetes), rolos de pianola (e outros rolos) e gravações de som em filmes” (JSCR, 2004, p. 6-2).

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Entrada principal: feita pelo nome do autor ou compositor, a entrada é feita por título quando não houver um performer principal ou mais de três performers principais.

Título uniforme: é utilizado para unir várias versões, edições e arranjos de uma obra.

Área de responsabilidade e título

Título e outras informações a respeito do título – informações mais detalhadas quanto ao tipo de composição, como sinfonia, sonata, concerto, performance são listadas como parte do título

Responsabilidade – pessoas ou entidades autoras de registros de som falados (spoken sound recordings), compositores, organizadores, e intérpretes. Aqueles que atuam somente como performers são listados no campo de notas.

Área de publicação e distribuição

Publicador, distribuidor (que também se poderia chamar de editor) - se houver a identificação do publicador e uma subdivisão com um nome distinto ou marca, descreva a marca (poder-se-iam aplicar a esse exemplo os grandes conglomerados formados pelas gravadoras.

Universal Music possui a gravadora britânica PolyGram. Nesse caso, seria identificada a PolyGram em vez da Universal Music.)

Data - se a data de publicação estiver indisponível, a seguinte ordem de seleção deve ser utilizada: data do fonograma, data do copyright,

data de impressão.

Área de descrição física

Extensão do item – listar o número de fitas, discos ou suportes.

Outros detalhes físicos – identificar se digital ou analógico; velocidade; número de faixas de som; se é mono ou estéreo.

Opcional – listar características de gravação e reprodução.

Dimensões – tamanho do suporte em diâmetro para discos e inches

para fitas.

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Outras entradas – podem ser feitas para até três performers principais.

Referências – como obras musicais aparecem sob vários títulos, “ver” pode ser utilizado para títulos mais popularmente conhecidos, indicando o título uniforme utilizado na catalogação, principalmente quando este estiver em língua estrangeira.

3.3.2 Dublin Core

Uma vez que os documentos sonoros que serão analisados se encontram em meio digital, não se podem desconsiderar as especificidades inerentes desse contexto, mesmo no que se diz respeito à descrição de materiais.

Dublin Core pode ser definido como sendo um conjunto de elementos de metadados planejado para facilitar a descrição de recursos eletrônicos. Metadado significa dado sobre o dado. É a catalogação do dado ou descrição do recurso eletrônico (SOUZA et al., 2000, p. 93).

O conjunto de metadados Dublin Core é um vocabulário de quinze propriedades para a descrição de recursos. O nome "Dublin" deve-se a sua origem: em 1995, houve um workshop em Dublin, Ohio; e "core" porque seus elementos são amplos e genéricos, para atender na descrição de uma grande variedade de recursos. O Dublin Core é formalmente endossado pelos padrões ISO Standard 15836:20095 de fevereiro 2009; ANSI/NISO Standard Z39.85-20076 de maio de 2007; e IETF RFC 50137 de agosto de 2007.

Desde 1998, quando esses quinze elementos entraram em uma trilha da normalização, as noções de boas práticas na Web Semântica evoluíram para incluir a atribuição de domínios formais e definições em linguagem natural. Os domínios especificam quais recursos descritos estão associados a uma determinada propriedade. E expressam os significados implícitos nas definições de linguagem natural de forma explícita.

5<http://www.iso.org/iso/search.htm?qt=15836&searchSubmit=Search&sort=rel&type=simple&publish

ed=on>

6<http://www.niso.org/standards/z39-85-2007/>

(34)

Elementos do Dublin Core (DUBLIN CORE METADATA INITIATIVE, 2009, tradução nossa):

Título (Title) – É o nome dado ao recurso.

Criador (Creator) –A entidade responsável em primeira instância pela existência do recurso. Pode ser uma pessoa, uma organização ou até mesmo um serviço.

Assunto e palavras chave (Subject) – Tópicos do conteúdo do recurso. Geralmente é expresso por palavras-chaves ou códigos de classificação.

Descrição (Description) – Descreve o conteúdo do recurso. A descrição pode incluir um resumo, um índice, uma referência a uma representação gráfica ou uma descrição textual.

Editor (Publisher) – Indica a entidade responsável por tornar o recurso acessível.

Outro colaborador (Contributor) – Indica uma entidade responsável por qualquer contribuição para o conteúdo do recurso acessível.

Data (Date) – Indica uma data associada a um evento do ciclo de vida do recurso. Geralmente é associada à criação ou disponibilização do recurso.

Tipo (Type) – Indica a natureza ou o gênero do conteúdo do recurso, descrevendo categorias genéricas, funções ou gêneros.

Formato (Format) – Descreve a manifestação física ou digital do recurso. Incluir o meio do recurso ou suas dimensões (e.g. tamanho, duração) com o intuito de orientar aplicações ou equipamentos que venham reproduzir ou operar o recurso.

Identificador (Identifier) – É uma referência não ambígua ao recurso que é definida em um determinado contexto.

Fonte (Source) – Referência a um recurso do qual o presente recurso derivou.

Língua (Language) – A língua do conteúdo intelectual do recurso.

(35)

Cobertura (Coverage) – Descreve a extensão ou alcance do recurso. Geralmente inclui uma localização espacial, um período no tempo ou jurisdição.

Direitos (Rights) – Direitos relativos ao recurso. Contêm informações sobre a gestão de direitos do recurso ou uma referência a um serviço que disponibilize essa informação.

3.3.3 Influências da periodicidade na organização de coleções.

Periódico é o termo aplicado às publicações que são apresentadas em intervalos normalmente regulares de tempo, numeradas sequencialmente, sob um título comum. Sua importância deve-se à atualidade e variedade dos temas abordados. (DAVINSON, 1969)

Da mesma forma, os documentos sonoros produzidos pelas rádios possuem periodicidade e área de abrangência temática determinadas pelos programas pelos quais foram gerados. Essa similaridade de características, levou à comparação entre a forma de ordenação das coleções de periódicos e o padrão utilizado pelas rádios web.

Um dos fatores conflituosos nos debates sobre sua forma de organização de uma coleção de periódicos é o fato de se tratar de uma coleção em crescimento constantes, que exige formas de descrição que facilitem sua rápida disponibilização aos usuários. Além de apresentarem peculiaridades, quando comparadas a outros tipos de materiais. Elas constituem-se como elementos numa cadeia de publicações, quase sempre durando alguns anos, algumas vezes por séculos, mudando de título, de editor, local de publicação, de periodicidade e até de publicador no curso de sua vida, ao contrário das monográficas. Elas são publicados por uma variedade de agências, incluindo grupos empresariais.

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catalogação analítica. (DAVINSON, 1969). Ambas as abordagens são válidas, sendo que o principal motivador na adoção de qualquer uma delas é a necessidade dos usuários a que determinada coleção se destina. A descrição dos documentos irá subsidiar a construção de instrumentos que auxiliem os usuários na localização de informação relevantes em suas pesquisas. E um exemplo desses instrumentos são os catálogos.

3.3.4 Catálogos

Segundo Mey (1995, p. 9):

Catálogo é um canal de comunicação estruturado, que veicula mensagens contidas nos itens, sobre os itens, de um ou vários acervos, apresentado-as sob forma codificada e organizada, agrupadas por semelhanças, aos usuários desse(s) acervo(s).

A IFLA (International Federation of Library Associations and Institutions) consolidou em 2009 a “Declaração de Princípios Internacionais de Catalogação”, com a finalidade de substituir e ampliar:

o âmbito dos Princípios de Paris, incluindo, além das obras textuais, todos os tipos de materiais, e além da simples escolha e forma de entrada, todos os aspectos dos dados bibliográficos e de autoridade utilizados em catálogos de bibliotecas. (IFLA, 2009, p. 1)

Nesse documento, definem-se como os objetivos e funções de um catálogo:

a. encontrar recursos bibliográficos numa coleção como resultado de uma pesquisa, utilizando atributos e relações entre recursos;

(37)

c. selecionar um recurso bibliográfico que seja apropriado às necessidades do usuário, (ou seja, escolher um recurso que esteja de acordo com as necessidades do usuário, no que diz respeito ao conteúdo, suporte etc. ou rejeitar um recurso que seja inadequado às necessidades do usuário);

d. adquirir ou obter acesso a um item descrito (ou seja, fornecer informação que permitirá ao usuário adquirir um item por meio de compra, empréstimo etc. ou acessar eletronicamente a um item por meio de uma ligação em linha a uma fonte remota); ou acessar, adquirir ou obter dados bibliográficos ou de autoridade;

e. navegar num catálogo ou para além dele (quer dizer, através da organização lógica dos dados bibliográficos e de autoridade e da apresentação de formas claras de navegar, incluindo a apresentação de relações entre obras, expressões, manifestações, itens, pessoas, famílias, entidades, conceitos, objetos, eventos e lugares).

3.3.5 As cinco leis da Biblioteconomia

Em 1931, o bibliotecário indiano Shiyali Ramamrita Ranganathan desenvolveu cinco princípios para guiar a organização e o desenvolvimento de bibliotecas. Esses princípios passaram a ser chamados de leis depois de comprovada a sua real eficácia em diversos padrões de bibliotecas.

Eis as cinco leis (RANGANATHAN, 2009, p. xi)

Os livros são para serem usados A cada leitor seu livro A cada livro seu leitor Poupe o tempo do leitor

(38)

A aplicação dessas leis permite que sejam identificados os princípios que estão regendo a organização das informações cujo foco seja o usuário. Elas garantem que a instituição não se feche na busca de seus próprios interesses, mas tenha sempre em perspectiva que ela existe em função de seus usuários, para atender ao meio onde se encontra.

Considerando essas mesmas leis sob a perspectiva dos documentos sonoros, pode-se afirmar o que segue:

Os documentos sonoros são para serem acessados – Uma vez que as rádios realizam um investimento para a disponibilização de seus programas na web, é de seu interesse que eles sejam acessados pelos usuários. Nisso influem, entre outras coisas, o formato do documento adotado (mp3, ogg, etc.) e a facilidade de acesso, por parte do usuário, ao software que irá “ler” o documento.

A cada usuário seu conteúdo – Essa lei apesar de parecer similar à seguinte possui um contexto diferente. Para Ranganathan (2009) “a questão a ser considerada é: quais, então, são os compromissos implícitos na tarefa de proporcionar a cada pessoa o seu livro?” Na legislação Brasileira, o Decreto-Lei nº 236, de 28 de fevereiro de 1967,

Art. 53. Constitui abuso, no exercício de liberdade da radiodifusão, o emprêgo dêsse meio de comunicação para a prática de crime ou contravenção previstos na legislação em vigor no país, inclusive: [...]

h) ofender a moral familiar pública, ou os bons costumes;

(BRASIL, 1967)

(39)

conteúdos. Um desses meios é a obrigatoriedade de realizar login nos

sites para se ter acesso a determinados tipos de conteúdo.

A cada conteúdo seu usuário – Mais relacionada com o primeiro enunciado, essa lei foca na importância dos documentos estarem acessíveis aos usuários, por meio de sua ordenação e publicidade.

Poupe o tempo do usuário – O arranjo do site deve facilitar a navegação do usuário, permitindo a rápida identificação dos conteúdos e colocando o documente acessível no menor número de cliques possíveis.

A web é um organismo em crescimento – As rádios produzem

constantemente novos conteúdos para os programas que possuem ou que irão lançar no futuro. A web abre às rádios a possibilidade de disponibilizar aos usuários tanto quanto seus programas mais recentes quanto os antigos que talvez já não façam parte da programação. De forma que, como a quantidade de documentos disponibilizados pode aumentar, a estrutura do site da rádio web deve prever se será do interesse da rádio manter os documentos antigos, e de que forma eles serão ordenados para que os usuários os localizem.

3.3.6 Os caminhos da informação

(40)

Em primeiro plano a organização faz uso da informação para alcançar uma percepção, criar significado às mudanças que ocorrem no ambiente externo. No segundo, a organização cria e organiza a informação convertendo-a em insumo para a construção de novos conhecimentos por meio do aprendizado interno. E no terceiro plano, faz um uso estratégico da informação ao processá-la para a tomada de decisão, gerando uma ação.

Quando existe conhecimento suficiente, a organização está preparada para a ação e escolhe seu curso racionalmente, de acordo com seus objetivos. A ação organizacional muda o ambiente e produz novas correntes de experiência, às quais a organização terá que se adaptar, gerando assim novo ciclo. (CHOO, 2006, p. 30).

Choo (2006) afirma que através de experiências passadas é decidido qual informação é importante no ambiente externo e como ela deve ser interpretada, citando Weick (1995): “Um fato perceptível é aquele que lembra algo que já aconteceu” (CHOO, 2006, p.32)

As experiências de interação com Internet, porém, ainda não possuem um lastro no qual possamos realizar consultas retrospectivas. Está-se vivendo um momento de transformação e definição de padrões. E a atuação das rádios pela web

é uma inovação. Como falar então em organizações do conhecimento, ou da informação, quando a inovação passa a ser sua principal ferramenta no ambiente no qual ela atua?

(41)

Para ser inovadora uma organização tem que ser capaz de provocar mudanças, e não depender somente de um processo de interpretação retrospectivo que “começa quando se nota alguma mudança ou discrepância no fluxo da experiência” (CHOO, 2006, p.132).

Entretanto, já se pode notar algumas mudanças no comportamento dos usuário em relação à informação no meio digital.

No momento em que são os próprios usuários, que ao utilizarem ferramentas cooperativas, organizam a informação de forma que possam recuperá-la através de uma busca por conexões e significados, em função da folksonomia, percebe-se a ocorrência de alteração dos padrões organizacionais dos dados na Rede. (AQUINO, 2007, p.4)

A nova dinâmica da comunicação da informação advinda com a popularização da internet, com os usuários sendo produtores e usuários da informação simultaneamente, destaca a idéia de que assim como uma empresa é influenciada pelo meio, o ambiente no qual ela está inserida também é influenciado por suas decisões. De modo que se considera válido propor também um caminho inverso no mesmo esquema proposto por Choo (2006).

(42)

A informação que passou pelos três planos dentro da organização – criação de significado, construção de conhecimento e tomada de decisão - não pode estar baseado unicamente na experiência interna da empresa. O ambiente inconstante e dinâmico da web torna vantajosa a troca de experiências, a participação em comunidades de prática, e o investimento em inovação, que não deve ser vista como sinônimo de improvisação.

(43)

Figura 2 - Esquema da organização do conhecimento

Fonte: adaptado de Choo (2006).

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Essa interpretação alternativa do esquema proposto por Choo (2006) também pretende chamar a atenção sobre a importância de monitorar o impacto que as decisões estratégicas de uma empresa têm no contexto no qual ela se encontra.

3.3.7 Informação no ambiente web

Para Morville e Rosenfeld (2007), a arquitetura de websites, ou simplesmente sites, reflete diretamente na interação do usuário com a informação disponibilizada. A arquitetura engloba a combinação de sistemas de organização, etiquetamento, navegação e busca.

A organização irá lidar com o agrupamento em categorias significativas e distintas entre si. O etiquetamento, com a definição de como chamar as categorias definidas na organização e quais links levarão a elas. A navegação, com os instrumentos que irão auxiliar o usuário a se localizar pelo site. E a busca corresponde às ferramentas de recuperação da informação por intermédio do uso de palavras-chave.

Na web, se um site é de difícil interação, a maioria das pessoas irá deixá-lo, porque o foco dos usuários está na tarefa, e não na estrutura. E justamente por essa razão, é importante que a estrutura do site colabore para a navegação. Porque, no fim, os usuários estão interessados no diferencial apresentado pelo conteúdo disponibilizado, “[in that] stuff that makes up your site” (aquela coisa que faz o seu

site – referindo-se à relevância do conteúdo que se pretende disponibilizar), como destacam Morville e Rosenfeld (2007).

O tipo de organização da informação adotado por um site pode ser fator determinante para seu sucesso.

(45)

Compreendendo melhor alguns requisitos inerentes a cada tipo de documento, os responsáveis pelas decisões de uma empresa podem avaliar melhor se um tipo de arquitetura web atende ou não às necessidades de seu negócio, definir as políticas que serão adotadas na disponibilização de seus conteúdos, os itens que irão descrevê-lo e os softwares que irão acessá-lo. Em outras palavras, devem preocupar-se com o impacto causado pelas suas decisões no meio em que atuam, em um caminho oposto ao inicialmente apresentado pelo esquema de organização do conhecimento de Choo (2006).

3.4 Documentos sonoros

O documento é toda base de conhecimento, fixada materialmente, suscetível de ser utilizada para consulta, estudo ou prova. (UFOD, 1935 apud FAYET-SCRIBE, 2001 apud ORTEGA; LARA, 2009, p. 124)

Seguindo a mesma terminologia proposta por Alvarenga (2006), o que se pretende classificar neste trabalho com a terminologia “documento sonoro” sob a ótica da Ciência da Informação são informações constituídas de ondas sonoras registradas em suporte específico o qual permita seu posterior acesso e comunicação.

(46)

Talvez por causa da grande tradição no tratamento da informação textual, Otlet (1996 apud ORTEGA; LARA, 2009) acreditava que a documentação gráfica seria a grande responsável por assegurar a preservação da memória humana. Entretanto, alguns autores como Meyriat tiveram uma visão mais abrangente dentro da área, afirmando que:

os escritos não são os únicos objetos que têm por função transmitir uma informação, do que decorre que a noção de documento é muito mais ampla que a noção de escrita. (MEYRIAT, 1981 apud ORTEGA; LARA, 2009, p. 127)

De acordo com Buckland (1997), Ranganathan curiosamente possuia uma visão mais estreita e pragmática a respeito da definição do que seria um “documento”, resistindo à inclusão de materiais audiovisuais produzidos pelas rádios e televisão “porque eles não são registrados em materiais adequados ao manuseio e preservação” (RANGANATHAN, 1963, p.41 apud BUCKLAND, 1997, p. 806-807, tradução nossa). Questão essa, que a própria evolução da tecnologia na gravação de sons acabou por apresentar soluções, não se debatendo mais se os documentos audiovisuais são ou não documentos, mas sim como preservá-los uma vez identificada sua importância.

3.4.1 O documento sonoro e algumas de suas aplicações

O tema da organização dos documentos sonoros não ganhou muito espaço dentro dos debates da Ciência da Informação, talvez porque, por um lado, ainda se tenha um enfoque mais textual no tratamento da informação e, por outro, porque o material audiovisual possui um forte apelo comercial. A ampla utilização dos audiovisuais pela indústria do entretenimento, de certa forma, eclipsou, por um tempo, a possibilidade de sua aplicação em estudos sérios. Fothergill e Butchart (1990) destacam a existência de uma forte crença de que o livro é um instrumento educacional, enquanto as outras mídias são vistas como meras novidades.

(47)

registro e análise dos sotaques e outras formas de expressão oral. Estudos realizados pela área da educação comprovaram o grande potencial informacional desse tipo de documento, ao descobrir que:

Quando o tempo de audição é comparado com o tempo de leitura no ensino do mesmo assunto, a audição é superior. Ela pode ser mais eficiente que a leitura na razão de 155 a 360 por cento. Se o estudante gastasse o mesmo tempo ouvindo certos assuntos que gastaria para lê-los, poderia aprender duas ou três vezes mais. (THOMPSON, 1973, p. 96)

A legislação brasileira em 2002, por meio do Decreto n.4.553 que trata da salvaguarda de dados, informações e materiais sigilosos de interesse da segurança da sociedade e do Estado, no âmbito da Administração Pública Federal, reconheceu a importância dos documentos sonoros ao estabelecer na Seção III:

Art. 23. Os meios de armazenamento de dados ou informações sigilosos serão marcados com a classificação devida em local adequado.

Parágrafo único. Consideram-se meios de armazenamento documentos tradicionais, discos e fitas sonoros, magnéticos ou ópticos e qualquer outro meio capaz de armazenar dados e informações.

(BRASIL, 2002)

(48)

3.4.2 Questões sobre o suporte

Na Ciência da Informação, encontram-se os documentos sonoros muitas vezes entre os nonbooks, ao lado de mapas, fotografias, vídeos e outros suportes informacionais que fogem do padrão “letra e papel”.

Da diferença da forma de apresentação do conteúdo, segue-se para as especificidades dos suportes nos quais os documentos sonoros são armazenados. Organizar a informação para torná-la acessível fisicamente requer não somente sua descrição, mas o suporte material e os mecanismos necessários para sua recuperação. (SVENONIUS, 2000)

Os suportes de documentos sonoros evoluíram do cilindro para o disco, para a fita, para o CD, para o mp3 player, em uma rápida descrição dessa evolução. Praticamente todos esses tipos de suporte necessitavam de cuidados especiais no seu armazenamento e uso, o que limitava a sua disponibilização para o público em geral. A formação desses acervos, por isso, considerava o cálculo [(acesso) : (fragilidade + custo)], isto é, acesso dividido pela fragilidade do material somado ao custo da sua aquisição.

Outro fator que impactava na manutenção de acervos sonoros era a necessidade de equipamentos especiais para acessá-los. Essas máquinas, vitrolas, toca-fitas e outras eram mantidas em ambientes separados do restante do acervo por questões meramente práticas. O barulho do som atrapalhava os usuários das salas de leitura, o uso era controlado e o material, manipulado pelos funcionários das bibliotecas.

Mas alguns defendiam outra abordagem, como Weihs (1989), que sugeria a criação de uma coleção integrada na qual todos os materiais circulantes destinados a empréstimo ou consulta local deveriam ser armazenados juntos, sendo que os nonbooks não deveriam ser relegados a salas separadas, ou mantidos em acervos fechados acessíveis apenas aos funcionários dos media centers

(49)

diretamente para os equipamentos dos próprios usuários, que poderão ouvi-los por seus fones em qualquer ambiente coletivo sem constrangimentos, ou ir para casa com o documento. Não há mais restrições de uso devido a arranhões no material ou quebra dos discos.

Na internet, as maiores barreiras de acesso aos documentos sonoros serão representadas pelo formato do documento e o software necessário para acessá-lo (considerando-se que ele não esteja protegido por direitos autorais). E esse fator não pode ser desprezado pelo gestor do sistema de informação. Medidas simples podem ser tomadas, como colocar o link para o download do software que irá acessar o documento, ou adotar um formato de documento mais difundido e, por isso, com mais chances de ser acessível por diferentes softwares. Ignorar esse aspecto, porém, poderá frustar os usuários, que, diante de um documento de seu interesse, não conseguirão chegar ao seu conteúdo.

Talvez por questões mais técnicas que acadêmicas, a linha de evolução das formas de registrar o som é apresentada na literatura separada da linha histórica das tecnologias de transmissão do som. Entretanto, com a internet, essas linhas parecem convergir para um ponto. Passa-se a utilizar uma mesma plataforma na disponibilização dos registros e para a transmissão, em um novo contexto, no qual o formato no qual o som é disponibilizado passa a influenciar diretamente na sua possibilidade de acesso.

3.5 As rádios

(50)

transcorridos mais de cinqüenta anos, em 21 de junho de 19538, é que a Suprema

Corte dos Estados Unidos reconheceu Tesla como o criador da tecnologia do rádio. Tal decisão hoje é contestada pelos descendentes da família do padre brasileiro Roberto Landell de Moura, que em 1893 já realizava transmissões de rádio do bairro de Medianeira até o Morro Santa Teresa.

De acordo com Priestman (2002), o modelo de negócio das empresas de rádios como é conhecido hoje foi consolidado entre os anos de 1930 e 1960. Dividindo-se em três modelos principais:

Modelo Europeu Inicial – que viu o rádio como um sistema estratégico e importante demais para ficar nas mãos de empresários, levando os governos a assumirem a manutenção do sistema tendo controle sobre sua programação.

Modelo Americano – que considerou o rádio como um sistema muito importante para deixar sob o controle de governantes com tendências à autopromoção, gerando um modelo com enfoque comercial mantido pela venda de espaço para anúncios publicitários.

Modelo Alternativo ou do Terceiro Setor – que surgiu para atender à fragmentação crescente da audiência, mantida com o apoio de voluntários e investimento de instituições para se manterem no ar. Esse modelo inclui rádios universitárias, piratas, hospitalares, comunitárias e amadoras.

Os sucessos desses modelos representados pela qualidade de produção do modelo britânico e dos investimentos comerciais norte-americanos de certo modo desviaram a atenção dos demais países para as possibilidades do modelo alternativo, o qual possui este nome justamente por ser uma alternativa aos anteriores.

O modelo alternativo é usualmente composto por estações sem fim lucrativo, focando sua audiência em um grupo local específico e operada em pequena escala por entusiastas dos rádios. Podemos encontrar esses mesmos

(51)

elementos no início da carreira de um dos pioneiros do rádio no Brasil, o antropólogo Edgard Roquette-Pinto.

Tendo acompanhado as irradiações da Westinghouse Eletric no Morro do Corcovado, durante a Exposição do Centenário da Independência, Roquette-Pinto incorporou-se àqueles que se encantaram com o novo meio de difusão. Do encanto passou à prática, montando em 1922, com o cientista Henrique Morize, um pequeno transmissor experimental, com o qual pôs-se a irradiar, pela sua voz, notícias do dia e música erudita destacada de sua coleção de discos. (SAMPAIO, 1984 apud ORTRIWANO, 2003)

Roquette - Pinto foi o criador e apresentador do primeiro jornal de rádio brasileiro, o Jornal da Manhã. A programação da recém-fundada Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, porém, só foi consolidada anos mais tarde, em 1926, composta por quatro programas jornalísticos, de manhã, ao meio dia, a tarde e a noite, sendo os outros horários preenchidos com músicas e matérias instrutivas.

No Brasil a visão sobre o modelo de negócio a ser adotado para as rádios variou conforme o sistema foi se expandindo. O Decreto nº 16.657, de 15.11.1924, demonstra a preocupação do Governo em controlar a propagação da utilização dos rádios ao exigir o registro dos aparelhos receptores e o pagamento de taxa anual reservava ao Governo o espaço de anúncios comerciais. Porém, em pouco menos de dez anos, por meio do Decreto nº 21.111, de 01.03.1932, o Governo muda de posição ao definir que os serviços de radiofusão estavam destinados a serem recebidos livremente pelo público, e determinando as regras para a veiculação de propagandas comerciais, as quais deveriam corresponder ao máximo de dez por cento do total do tempo de transmissão e ter duração máxima de trinta segundos. O impacto do uso das propagandas foi tão forte, que em 1934 o Governo lançou o Decreto nº 24.655, que aumentou o espaço para vinte por cento e o tempo para sessenta segundos. (CALABRE, 2003).

(52)

O Ministério estabelece as seguintes regras para a outorga (BRASIL, 2011):

Serviço comercial - A outorga depende de procedimento de licitação, com base na Lei n° 8.666/93, como está indicado no art. 1 ° do Regulamento do Serviço, aprovado pelo Decreto n° 52.795/93, com a red ação do Decreto n° 2.108/96. São competentes para a execução de serviços de radiodifusão comercial: a) a União; b) os Estados, Territórios e Municípios; c) as Universidades brasileiras; d) as Fundações constituídas no Brasil cujos estatutos não contrariem o Código Brasileiro de Telecomunicações; e) as sociedades nacionais por ações nominativas ou por cotas de responsabilidade limitada, desde que subscritas, as ações ou cotas, por brasileiros natos, observadas as disposições da Lei nº 10.610, de 2002.

Serviço educativo - Não há procedimento específico estabelecido na legislação, sendo observada a precedência do pedido, ou seja, a ordem de sua entrada no Protocolo no Ministério das Comunicações. Pedem executar o serviço educativo: a) â União; b) os Estados, Territórios e Municípios; c) as Universidades brasileiras e d) as Fundações constituídas no Brasil cujos estatutos não contrariem o Código Brasileiro de Telecomunicações. Na forma da lei, o serviço de radiodifusão educativa

não tem caráter comercial, sendo vedada a transmissão de qualquer propaganda, direta ou indiretamente, bem como o patrocínio dos programas transmitidos, mesmo que nenhuma propaganda seja feita através dos mesmos.(BRASIL, 1967).

A Radiodifusão Comunitária - São competentes para executar o serviço de RadCom: a) as fundações e b) as associações comunitárias sem fins lucrativos, sediadas na área da comunidade a ser servida pela estação e cujos dirigentes sejam brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 anos

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3.5.1 Rádios públicas

As emissoras públicas são aquelas mantidas com recursos de governo (Federais, estaduais e municipais), identificadas como educativas, culturais e universitárias . São rádios de sinal aberto que atingem uma cidade, uma região metropolitana, ou um estado, algumas estão com seu sinal no satélite, e trabalham com um corpo de colaboradores profissionais jornalistas, radialistas e administrativos. (ARPUB, 2010a)

A história das rádios públicas no Brasil está marcada de fatos que demonstram o interesse das instituições em criar um ambiente integrado e sustentável. Zuculoto (2011) resgatou essa história por meio de uma linha do tempo, da qual destacamos alguns eventos.

O ano de 1936 merece destaque devido a três fatos importantes para a história das rádios públicas. A pioneira Rádio Sociedade do Rio de Janeiro foi doada ao Ministério da Educação por Edgard Roquette-Pinto, com a exigência de que sempre mantivesse a missão educativo-cultural. Entra no ar a Rádio Inconfidência de Minas Gerais, que apesar de estar vinculada ao governo do estado segue um modelo comercial. E é Fundada a Rádio Nacional do Rio de Janeiro. (ZUCULOTO, 2011), que quatro anos mais tarde, em 1940, acaba sendo estatizada pelo governo do então presidente Getúlio Vargas

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Em 1957 é inaugurada a primeira rádio universitária do país, a Rádio da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), também conhecida como Rádio da Universidade, focando em temas educacionais e do dia-a-dia da instituição.

O Governo Militar cria, em 1964, o Projeto Minerva para educação formal e não formal pelas ondas do rádio. E a rádio MEC RJ, por estar ligada ao Serviço de Radiodifusão Educativa, torna-se a principal geradora de programas para todo o país.

Em 1978 entra em operação a Educadora FM, a rádio do IRDEB – Instituto de Radiodifusão da Bahia. Apesar buscar um enfoque de ensino, desde o início sua programação já se constituía em grande parte de programas musicais.

O Sistema Nacional de Rádio Educativo (SINRED) é instituído em 1983, buscando reunir as rádios e televisões educativas em um único sistema, e permitindo que todas as emissoras veiculassem uma programação constituída por programas produzidos por todas as integrantes. Essa foi uma das diversas iniciativas para que houvesse maior integração entre as rádios públicas, também podendo ser citadas o Encontro Nacional de Rádios Educativas e Universitárias, promovido pela Rádio MEC RJ em 1994, e a tentativa da Rádio UFRGS de articular as rádios universitárias para que estas criassem uma estrutura independente do governo, em 2000.

Imagem

Figura 1 - Crescimento de vendas de música pela Internet  Fonte: ABPD (2010).
Figura 2 - Esquema da organização do conhecimento  Fonte: adaptado de Choo (2006).
Tabela 1 - Imperativos motivados pelas cinco leis: antes e agora
Figura 4 - Página inicial – Rádio MEC  Fonte: EBC Rádios (2011).
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Referências

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